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I.
TEMPESTIVIDADE DA DEFESA
Inicialmente, há que se registrar que o Auto de Infração nº 1.301.730 foi lavrado no dia 26 de abril de
2022, tendo a Autuada sido no mesmo dia
Portanto, nos termos do art. 174, da Lei Municipal nº 8.915/2015 e art. 171, I, do Decreto Municipal nº
29.921/2018, o prazo para a apresentação de Defesa escrita é de 20 (vinte) dias, contados do recebimento
do Auto de Infração. Indiscutível a tempestividade da presente defesa.
II.
BREVE SÍNTESE DO AUTO DE INFRAÇÃO
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lavrou o Auto de Infração em tela “por implantar e operar abastecimento de GNV sem Licença de
Alteração.
III.
Preliminar. Litispendência
O artigo 15, do Código de Processo Civil, prevê a aplicação supletiva e subsidiária das normas deste
Código, em face da ausência de normas que regulem o processo administrativo. Nesta toada, conforme a
inteligência do artigo 337, parágrafos 1º e 2º, do mesmo Código,
...omissis...
A comparação dos Autos de Infração legitima a conclusão de que, em ambos, ocorrem hipótese de
identidade do sujeito passivo, das ocorrências apontadas e do período alcançado pela fiscalização.
O princípio do ne bis in idem prega que ninguém pode ser julgado duas vezes pelo mesmo fato delituoso,
aproveitando-se do conceito aplicável ao direito penal. ANDRÉ ESTEFAM trata o princípio do ne bis in
idem como uma vedação da dupla incriminação do réu, de modo que ninguém pode ser processado ou
condenado mais de uma vez pelo mesmo fato.
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O referido autor refere que, na instauração de um processo por um delito idêntico a um fato anterior, há a
caracterização do instituto da litispendência. [ESTEFAM, André. Direito Penal, volume 1. São Paulo:
Editora Saraiva, 2010.].
Trazendo o conceito para o campo específico, direito administrativo, assim como no Penal, o non bis in
idem se refere à proibição de que um órgão administrativo faça a aplicação de mais de uma penalidade
(sanção) por um mesmo ato praticado. É dizer: um determinado órgão pertencente à Administração
Pública não pode aplicar mais de uma sanção dentro do mesmo processo administrativo, referente a um
mesmo fato.
Saboya complementa que o princípio do ne bis in idem, sobretudo, a partir do século XX, sob uma
dúplice vertente: de um lado, um princípio de natureza processual, proibitivo de renovação de processos
ou julgamentos pelos mesmos fatos; por outro lado, um princípio de direito material, segundo o qual
ninguém deve ser apenado mais de uma vez pelos mesmos fatos. [SABOYA, Keity Mara Ferreira de
Souza e. Ne bis in idem, história, teorias e perspectivas. Natal: Lumen Iuris, 2015. Sítios da internet:
http://www.stf.jus.br/portal/principal/principal.asp].
E antes que se venha falar em uma espécie de acumulação material das infrações, “cumpre repisar que,
reforçando a ideia de inaplicabilidade do ne bis in idem, inexiste silêncio legislativo, eis que a Lei previu
expressamente a possibilidade de cumulação de sanções administrativas. Assim sendo, dúvida não nos
ocorre de que as sanções previstas em leis diferentes, com base em uma mesma conduta, podem ser
cumuladas, não se ignorando, claro, no exercício do poder sancionador administrativo, o vetor
constitucional da proporcionalidade.”1
Portanto, que o princípio invocado tem aderência à infração acima apontada, rogando seja acolhida a
presente preliminar para a extinção do auto de infração, sem apreciação do mérito.
IV.
Do mérito da defesa contra o auto de infração
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https://flaviogsena.jusbrasil.com.br/artigos/499230839/o-concurso-formal-de-infracoes-administrativas-e-a-
cumulatividade-sancionatoria-na-lei-anticorrupcao
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Trata-se de auto de infração cujo objeto é a imposição de penalidade à EUROPOSTO COMÉRCIO DE
COMBUSTÍVEIS E DERIVADOS DE PETRÓLEO LTDA, doravante chamada de Autuada ou
Defendente, tela “por implantar e operar abastecimento de GNV sem Licença de Alteração.
Pois bem, conforme documentos anexos, a Defendente requereu e lhe foi concedida licença de reforma
e/ou ampliação, por meio do Alvará nº xxxxxxxxxxxx.
Deveras, é de saber meridiano que o Alvará de Licença para ampliação e/ou reforma é um serviço
prestado pela prefeitura, por meio desta mesma douta Secretaria, certificando que uma obra está dentro
das normas e parâmetros do município, ex vi da Lei nº 9.281/2017.
A sua formalística pode ser verificada no site desta Secretaria, onde se verifica, entre outras exigências,
que “Os responsáveis técnicos por projeto, obra ou serviço devem cumprir a legislação federal, estadual
e municipal pertinente às Normas Técnicas Brasileiras, quando da ausência de normas instituídas, bem
como as especificações técnicas das concessionárias de serviços públicos. As peças gráficas devem
atender às Normas Técnicas da ABNT para desenho técnico e devem ser georreferenciadas em SIRGAS
2.000”
Neste diapasão, em simples interpretação gramatical do item 5, do capítulo III, do Anexo I, da Lei nº
8.915/2015, vê-se que a infração se tipifica se houver uma das ações (construir, reformar, ampliar, etc...),
sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes.
É de se pontuar, com efeito, que o controle administrativo das edificações urbanas é um instrumento de
tutela preventiva de direitos difusos, sociais e individuais indisponíveis por meio do qual se verifica se há
observância às regras de ordenação de uso e ocupação do solo, editadas para traduzir o interesse público
quanto à melhor destinação dos espaços, levando em conta as condicionantes físico-ambientais, as
características socioeconômicas locais e as aspirações de desenvolvimento do Município.
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Como se pode ver, com as devidas vênias, a licença ocorreu e oriunda da douta Secretaria competente.
V.
Das penalidades e infrações administrativas – Aplicação de advertência por escrito em substituição
à multa
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Consoante se verifica no auto de infração, foi discriminado infração formal grave, sujeita à multa, sem
especificação do quantum.
Nesta toada, seja pela ausência de escrutínio probatório, seja pela ausência de dano propriamente dito, é,
no máximo, e ad argumentandum tantum claramente erro de mera conduta.
Não se pode, todavia, negar que infração cometida nessas circunstâncias, não tem a gravidade de outra em
que haja efetivo prejuízo material para o meio ambiente.
Neste passo para aplicação da penalidade, socorre-se a Autuada no artigo 146, inciso VI, para a gradação
e aplicação da penalidade, onde aqui se busca a advertência por escrito.
Neste diapasão, dois pontos são de imediata verificação, o inciso I, que fala de circunstâncias atenuantes,
logo abaixo articuladas, e o inciso VII, justamente que diferencia a gradação quanto à infração formal ou
material.
Quanto aos antecedentes, podemos observar, conforme consta no referido auto de infração, que não foi
possível verificar se o Autuado é reincidente ou não, sendo assim, motivo esse que, caso ainda for
aplicada multa, essa deverá ser fixada no valor mínimo da respectiva faixa.
Também já se apela para o inciso II, uma vez que não houve consequencias para o meio ambiente, como
se verifica até mesmo da ausência de indicações nesse sentido no auto de infração.
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Já quanto às circunstâncias atenuantes, vejamos:
Os itens destacados autorizam a aplicação das atenuantes previstas no artigo 147, além da alegada
insignificância tratada ao norte desta defesa.
Quanto ao inciso III, como dito acima, demonstra que a autuada não cometeu infração ambiental anterior.
Vale dizer, esta é a função precípua deste Nobre Órgão, fiscalizar buscando educar e conscientizar.
Desse modo, acredita na aplicação de advertência, uma vez que resta comprovado o cumprimento de
todas as condicionantes exigidas na Licença Ambiental e das obrigações adjacentes ao exercício da
Defendente.
No entanto, se eventualmente lhe for aplicada alguma penalidade, que esta seja avaliada em consonância
com os princípios que regem a Administração Pública, aos critérios de proporcionalidade e razoabilidade,
norteadores do nosso ordenamento e reiteradamente cotejados por nossos Tribunais bem como a
primariedade do autuado e a gravidade do ato.
IV.
Dos pedidos
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A) seja o auto de infração julgado insubsistente;
B) Caso Vossa Senhoria entenda pela subsistência do auto de infração em todo os seus elementos,
seja convertida a multa imposta ao Autuado em advertência por escrito, de acordo com o artigo
149, da Lei Municipal nº 8.915/2015;
C) Caso vossa Senhoria, entenda em não converter a presente multa do auto de infração em
advertência por escrito, requer seja reduzido o valor da multa administrativa ao valor mínimo da
respectiva faixa de acordo com o Anexo IV, capítulo 5, item 8, do Decreto nº 29.921/2018, por
todos os motivos acima alegados.
Sobretudo, contamos com o alto discernimento jurídico e o elevado senso de justiça que certamente
norteiam as decisões de Vossa Senhoria.
Nestes termos,
Pede deferimento.