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ILUSTRÍSSIMO (A) SENHOR (A) DIRETOR PRESIDENTE DA SECRETARIA DE


ESTADO DE PROTEÇÃO DA ORDEM URBANÍSTICA DO DISTRITO FEDERAL –
DF LEGAL.

Auto de Infração n. D – 0264 – 163335384 - FLP


Impte: BLT Comércio Varejista de Alimentos
Impdo: Superintendência de Fiscalização de Atividades Ambientais e Urbanas
– SUFAU

BLT COMÉRCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS , pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 26.959.616/0001-88,
estabelecida na QI 07, Lote 780, Setor de Indústria do Gama/DF, CEP
72.445-070, neste ato representado por seu advogado in fine assinado
(ut instrumento procuratório anexo e endereço no rodapé da presente),
vem à ilustre presença de Vossa Senhoria, com fundamento no art. 5°,
incisos XXXV, LIV e LV da Constituição Federal de 1988 c/c art. 21 da
Lei nº 4.457, de 23 de Dezembro de 2009, bem como, com a Resolução n.
414/2010, apresentar sua

DEFESA – IMPUGNAÇÃO

Em face do Auto de Infração de Irregularidade em epígrafe


lavrado pela SECRETARIA DE ESTADO DE PROTEÇÃO DA ORDEM
URBANÍSTICA DO DISTRITO FEDERAL – DF LEGAL, sediada nesta
cidade de Brasília/DF, Fone: 3448-9409, apresentando para tanto as
seguintes razões, o que faz com base nos seguintes fatos e
fundamentos jurídicos que passa a expor e, ao final, requerer:

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I – DA TEMPESTIVIDADE

O Auto de Infração foi Lavrado no dia 09/10/2019, tendo sido a


Impugnante intimada das irregularidades apontadas e descritas no
Inciso I, do Artigo 1º, da Lei nº 972/95, que trás como embasamento
legal o Inciso I, Artigo 5º, do Decreto Lei 17.156/96, alterado pelo
Decreto 18.369/1997 c/c incisos XVII e XXVI do artigo nº 10, da Lei
4.464/2010, bem como de que dispunha do prazo de 05 (cinco) dias
para apresentar recurso voluntário ou apresentar impugnação,
resultando entender que o dies ad quem incidirá em 15/10/2021.

Apresentado na presente data, tem-se que a presente


Defesa/Impugnação é cabível e tempestiva, razão porque requer seja
processada, admitida e acolhida para julgar o AI improcedente,
afastando qualquer tipo de penalidade.

II – DOS FATOS – FUNDAMENTOS

O Impugnante recebeu Auto de Infração em virtude de a


fiscalização – AGEFIS – ter entendido que supostamente o mesmo teria
instalado faixa de propaganda em área pública “Fica o responsável
autuado por instalar faixa de propaganda em área pública. 01 (uma)
faixa de propaganda afixada em canteiro central, sem o devido
licenciamento, em área pública, que cause danos a Limpeza e
Manutenção da Limpeza Urbana”, sem, no entanto, indicar ou
demonstrar como e onde estaria essa suposta faixa de propaganda .

Conforme descrito no Auto de Infração epigrafado, tendo sido


alegado que houve violação do Inciso III, Artigo 46º, da Lei
3036/2002, bem como, do Inciso I e II, do Artigo 47 e artigo 56, Lei
3.036/2002, regulamentada pelo Decreto 29.413/2008 , e tendo como
Embasamento Legal: Artigo 76, Inciso II, Artigo 81, Inciso I e Artigo 82,
Inciso II, da Lei 3036/2002. Inciso XVII do Artigo 10 da Lei n.
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4.464/2010. Artigo 5º do Ato Declaratório n. 03 de 28 de dezembro de


2020, acarretando na lavratura do Auto de Infração destacado, em que
pedimos vênia para transcrevê-los – verbis:

Lei 3.036/2002

Art. 46. Fica proibido afixar o meio de propaganda:

I – acima das edificações, nas caixas d’água ou acima dos pavimentos


superiores;

II – no solo, com altura superior a 12m (doze metros);

III – em canteiros centrais;

Art. 47. Fica proibida a instalação de faixas em área pública:

I – nos locais mencionados nos arts. 45 e 46;

II – nas faixas de domínio do Sistema Rodoviário do Distrito Federal;

Parágrafo único. O disposto nesta artigo não se aplica aos eventos a


que se refere a Seção XIV, do Capítulo IV desta Lei, nem a instalação
de faixas para campanhas de relevante interesse público.

Seção III
Do Licenciamento

Art. 56. Os meios de propaganda em área pública, de que trata esta Lei,

só podem ser instalados após a obtenção de licenciamento no órgão

competente, salvo disposição expressa em contrário contida nesta Lei.

Regulamentado pelo

DECRETO Nº 29.413, DE 20 DE AGOSTO 2008 DODF de 21.08.2008


Regulamenta a Lei nº 3.036, de 18 de julho de 2002, e dá outras
providências.

Seção II – Das Penalidades

Art. 76. Os responsáveis por infrações decorrentes da inobservância


aos preceitos desta Lei e sua regulamentação serão punidos, de forma
isolada ou cumulativa, sem prejuízo das sanções civis e penais
cabíveis, com as seguintes penalidades:
II - multa;

Subseção II – Das Multas


Art. 81. A multa será aplicada, mediante auto de infração, emitido pelo
responsável pela fiscalização nos seguintes casos:

I - por descumprir o disposto nesta Lei e sua regulamentação;


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Art. 82. As multas referentes ao descumprimento do disposto nesta Lei


e sua regulamentação serão aplicadas obedecendo à seguinte
graduação:
II - R$ 400,00 (quatrocentos reais) se infringidos o disposto no Capítulo
IV, Seção VI; art. 43, incisos III e IV; art. 45, incisos III, IV, VII e IX; art.
46, incisos II, III, IV, V, VIII, IX, X, XI, XII e XIV;

Lei 4.464/2010
CAPÍTULO V - DAS ATRIBUIÇÕES

Art. 10. Compete privativamente aos integrantes da carreira de


Fiscalização de Atividades de Limpeza Urbana do Distrito Federal,
doravante denominados Fiscal de Atividades de Limpeza Urbana, no
âmbito de sua área de atuação:
XVII – lavrar auto de infração à vista da legislação em vigor;

Ato Declaratório DF-LEGAL Nº 3 DE 28/12/2020

Art. 5º Atualizações dos valores das multas de que trata o artigo 82,
incisos I, II e III, da Lei nº 3.036, de 18 de julho de 2002, são: R$ R$
623,46; R$ 1.247,01 e R$ 1.870,57; respectivamente.

Verifica–se que o AI lavrado pela Fiscal de Atividades


Econômicas, Sra. RITA GEOVANI FERREIRA, matrícula nº. 426318, ao
aplicar a referida multa, incorre em erro de autoria, eis que, na
realidade dos fatos, tal infração não deveria ter sido emitida em
desfavor do Impugnante, senão, vejamos nas razões de mérito.

III – DO MÉRITO – ARGUMENTAÇÕES

A Impugnante rechaça com veemência os termos do Auto de


Infração n. D – 0264 – 163335384 FLP, negando que tenha cometido
referida conduta, eis que ausentes as exigências não sanadas contidas
nos seguintes dispositivos legais: Inciso III, Artigo 46º, da Lei
3036/2002, bem como, do Inciso I e II, do Artigo 47 e artigo 56, Lei
3.036/2002, regulamentada pelo Decreto 29.413/2008, bem como, em
razão de não ter deixado fixado faixas de propaganda, em área pública,
de forma irregular, posto que, sabedor, era das regras de postura da
cidade, logo essa responsabilidade jamais pertencia a empresa BLT
Comércio Varejista de Alimentos Ltda.

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Destaque-se que o Auto de Infração descreve que a Impugnante


estaria infringindo as normas acima descritas, em razão da infração
retro mencionada, segundo entendimento da nobre fiscal, a empresa
defendente teria sido autuada em razão de supostamente ter afixado
placa de propaganda em via pública, o que não condiz com a realidade
dos fatos.

Sustenta o DF Legal que a Impugnante instalou faixa de


propaganda, no canteiro central, na entrada da cidade do Gama/DF
próximo a Padaria SAYONARA, sem a devida licença e em desacordo
com a Lei, conforme descrito no Auto de Infração epigrafado, tendo
sido alegado que houve violação do Inciso III, Artigo 46º, da Lei
3036/2002, bem como, do Inciso I e II, do Artigo 47 e artigo 56, Lei
3.036/2002, regulamentada pelo Decreto 29.413/2008, cujos teores
pede vênia para transcrevê-los – verbis:

Lei 3.036/2002

Art. 46. Fica proibido afixar o meio de propaganda:

I – acima das edificações, nas caixas d’água ou acima dos pavimentos


superiores;

II – no solo, com altura superior a 12m (doze metros);

III – em canteiros centrais;

Art. 47. Fica proibida a instalação de faixas em área pública:

I – nos locais mencionados nos arts. 45 e 46;

II – nas faixas de domínio do Sistema Rodoviário do Distrito Federal;

Parágrafo único. O disposto nesta artigo não se aplica aos eventos a


que se refere a Seção XIV, do Capítulo IV desta Lei, nem a instalação
de faixas para campanhas de relevante interesse público.

Seção III
Do Licenciamento

Art. 56. Os meios de propaganda em área pública, de que trata esta Lei,

só podem ser instalados após a obtenção de licenciamento no órgão

competente, salvo disposição expressa em contrário contida nesta Lei.

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Regulamentado pelo

DECRETO Nº 29.413, DE 20 DE AGOSTO 2008 DODF de 21.08.2008


Regulamenta a Lei nº 3.036, de 18 de julho de 2002, e dá outras
providências.

Verifica–se que o AI lavrado pela Auditora Fiscal, RITA GEOVANI


FERREIRA, matrícula nº. 426318, não merece prosperar, eis que há no
caso vertente patente imperfeição, bem como manifesta ausência de
justificativa para a autuação, além do que cerceia o direito de defesa
da Impugnante, estando eivado de imprecisão e clareza, senão,
vejamos nas razões de mérito.

Antes de atribuir infração á Impugnante, cabe ao agente fiscal,


indicar corretamente a infração aplicada, as provas que levaram o d.
fiscal a imputar penalidade, de modo específico e legalmente descrito
em lei, eis que referido auto de infração é nulo por violação a preceitos
materiais e formais.

Note-se que no Auto de Infração em questão, foi lançada infração


genérica, tendo em vista que os artigos da Lei nº. 3.036/02,
supostamente infringidos pela Impugnante, possuem vários incisos,
ficando difícil a identificação da real infração cometida pela
Impugnante.

Destaque-se que o Auto de Infração descreve que a Impugnante


instalou faixa de propaganda em via pública, no canteiro central, sem a
devida licença, em desacordo com a legislação vigente, segundo
entendimento da AGEFIS, mas, em nenhum momento fora afixado
faixa de propaganda no local indicado pela fiscalização, eis que, o
que ocorreu de fato foram os funcionários da empresa estarem
segurando faixa de anúncio de produtos ao invés de fixa-las no
canteiro central, como faz crer a d. fiscalização da DF-LEGAL, bem
como, não foi requerida e/ou solicitado comprimento de alguma
exigência, no sentido de que fosse retirada a referida faixa de
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anúncio, até porque a mesma estava sendo segurada pelos


colaboradores da empresa e não fixando-a como deu entender a
fiscalização da DF-LEGAL, daí a improcedência da autuação.

Percebe-se que a nobre Fiscal não demonstrou e/ou apresentou


quais seriam as exigências a serem sanadas, sequer identificou quem
seria a proprietária/beneficiária, das placas, posto que a Impugnante
tem atividade exclusiva no ramo varejista, jamais placas e outdoors,
ficando a mesma impossibilidade de exercer o seu direito de defesa,
pois, a fiscal não soube tipificar ao certo a conduta da Impugnante.

Com essa conduta negligente da Fiscal é possível afirmar com


segurança que houve direta violação do princípio da legalidade do art.
5º, inciso II e XXXIX c/c art. 1º do Decreto-Lei n. 2.848, de 07.12.1940,
bem como ficou prejudicado o direito de resposta da Impugnante,
proporcional ao agravo, garantido na Constituição Federal, no seu art.
5º, V, e, ainda, a empresa ficou impedida de cumprir exigências nunca
solicitadas, mesmo porque as placas de anúncios que estavam sendo
segurados por pessoas, ao invés de instalados, como disse a nobre
fiscal, não estão afixadas e tampouco causam prejuízos a terceiros ou
a cidade, pois, não há como se defender de uma alegação que não seja
especifica. Vejamos o que diz a lei:

Decreto-Lei n. 2.848/1940
“Art. 1º. Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.”

Constituição Federal de 1988


“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à Liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei.

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V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;
XXXIX – não há crime sem anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal.”

É evidente que a Impugnante não infringiu todos os incisos


constantes nos artigos mencionados no Auto de Infração epigrafado,
mas para que se possa fazer uma defesa são extremamente
necessários que sejam informados ao certo, quais foram as infrações
cometidas, tipificadas de acordo com o artigo e seu inciso, bem como
sejam indicadas as exigências a serem sanadas, o que a Impugnada
não fez, mesmo porque a empresa não tem qualquer placa ou
outdoor instalado no local, como quer a fiscalização.

Ademais, o auto de infração sequer indica os campos de “Área


Pública utilizada”, “Área Pública descoberta utilizada”, “Área pública
Total utilizada” e “Área privada”, resultando em mais elementos a
caracterizar o descumprimento formal para lavratura do AI, e
impossibilidade de aplicação de multa, faltando informações
necessárias para a correta lavratura da infração, tornando-o nulo de
pleno direito.

Nota-se que o auto de infração, não atendeu aos ditames da lei e


por isso é nulo, em especial, pela falta de fundamentação da infração
cometida e pela não descrição do fato gerador do tributo, pois, ainda
que assim não fosse, não houve a caracterização das exigências a
serem sanadas pela Impugnante.

Frise-se ainda que o Auto de Infração D-0264 9 não apresentou o


critério utilizado para identificação do proprietário das placas, nem o
responsável pela infração, muito menos para aplicação de injusta
multa, pois, sem critérios objetivos o que permite à autoridade fiscal o
poder de graduar o valor da multa sem observância da legalidade
formal.
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Não bastassem todas essas informações, a simples aplicação dos


princípios do Estado Democrático de Direito ao caso vertente não
deixaria dúvidas da possibilidade de ampla defesa que deveria ser
concedida ao administrado antes da aplicação da sanção,
especialmente quando a empresa ficou impedida de cumprir
exigências nunca solicitadas, mesmo porque as placas de anúncios que
estavam sendo segurados por pessoas, ao invés de instalados, como
menciona a nobre fiscal no AI, não estão afixadas e tampouco causam
prejuízos a terceiros ou a cidade, pois, não há como se defender de
uma alegação que não seja especifica.

Não há nos autos qualquer prova, ato ou fato que possa


indicar que a Impugnante teria se utilizado de algum meio de
propaganda de modo a desrespeitar os parâmetros definidos nesta Lei,
decorrente da inobservância aos preceitos desta Lei e sua
regulamentação, razão porque não há como punir a Impugnante, ainda
que de forma isolada ou cumulativa, muito menos há margem para
sanções civis e penais cabíveis.

Uma vez mais, com escusas do subscritor da presente pela


insistente alegação de falta de preenchimento formal para lavratura do
auto de infração, vale citar os ensinamento do mestre e professor Celso
Antonio Bandeira de Mello (ob. cit. p. 753): " Princípio do devido
processo legal – O texto constitucional estabelece no art. 5º, LV, que:

LV: "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e


aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".

Aliás, o inciso anterior dispõe que "ninguém será privado da


liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Por força do
primeiro dos incisos toda sanção administrativa terá que ser, sob pena
de nulidade, precedida do devido processo legal, e também por força
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do segundo, nos casos em que a sanção seja a apreensão ou


destruição de bens.

Também, a conduta infratora deve ser específica, tipificada e


detidamente detalhada, especialmente neste caso vertente em que o
agente da DF LEGAL aponta violação do art. 46, III, e art. 47, incisos I
e II, ambos da Lei n. 3.036/02, sem indicar quais seriam as
exigências a serem sanadas, o que torna o AI nulo de pleno direito.

Importante deixar registrado que a Impugnante não afixa faixa


publicitária em nenhum local público ou privado, mas, sim, contrata
pessoas para segurar as faixas em horário comercial, com períodos de
descanso e horário para almoço, conforme fotografias a seguir – in
verbis:

Por qualquer ângulo que se analise a questão, portanto, resta


absolutamente indene de dúvidas que não houve CLAREZA,
PRECISÃO, e apontamento a real TIPIFICAÇÃO da infração cometida

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pela Impugnante, cerceando totalmente a oportunidade de defesa e, via


de conseqüência, não se observando o devido processo legal na
lavratura da multa aplicada, restando patente o vício insanável que
torna a sanção aplicada nula de pleno direito.

Outro princípio basilar, decorrente do Estado Democrático de


Direito (art. 1º da Constituição Federal), a presidir rigidamente a
atuação do aparelho estatal na punição e sanção de eventuais
infrações administrativas é o princípio da proporcionalidade, vale dizer,
da correspondência entre a conduta infratora e a sanção aplicada.

Referido princípio é unanimemente acolhido na doutrina e na


jurisprudência e decorre da própria finalidade das sanções
administrativas. Significa que sanções desproporcionais implicam em
desvio de finalidade, comportamento vedado pela Constituição Federal.
Vejamos o magistério do Prof. Celso Antonio Bandeira de Mello sobre o
tema (ob. cit. pp. 744/745):

"Evidentemente, a razão pela qual a lei qualifica certos


comportamentos como infrações administrativas, e prevê
sanções para quem nelas incorra, é a de desestimular a
prática daquelas condutas censuradas ou constranger ao
cumprimento das obrigatórias. Assim, o objetivo da
composição das figuras infracionais e da correlata penalização
é intimidar eventuais infratores, para que não pratiquem os
comportamentos proibidos ou para induzir os administrados a
atuarem na conformidade de regra que lhes demanda
comportamento positivo. Logo, quando uma sanção é aplicada,
o que se pretende com isto é tanto despertar em quem a
sofreu um estímulo para que não reincida, quanto cumprir uma
função exemplar para a sociedade.

Não se trata, portanto, de causar uma aflição, um "mal",


objetivando castigar o sujeito, levá-lo à expiação pela
nocividade de sua conduta. O direito tem como finalidade
unicamente a disciplina da vida social, a conveniente
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organização dela, para o bom convívio de todos e bom


sucesso do todo social, nisto se esgotando seu objeto. Donde,
não entram em pauta intentos de "represália", de castigo, de
purgação moral a quem agiu indevidamente. É claro que
também não se trata, quando em pauta sanções pecuniárias –
caso das multas -, de captar proveitos econômicos para o
Poder Público, questão radicalmente estranha à natureza das
infrações e, conseqüentemente, das sanções administrativas."

Há que ser sopesado também que as circunstancias da presunção


de veracidade das afirmações do agente público com a inversão do
ônus probatório representa um dever praticamente insuportável ao
cidadão, esmagando suas garantias fundamentais diante de um Estado
onipotente.

Outrossim, a teoria da distribuição dinâmica do ônus da


prova, acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça, transfere o ônus para
a parte que melhores condições tenha de demonstrar os fatos e
esclarecer o juízo sobre as circunstâncias da causa, sendo certo que a
Administração cada vez mais se serve de sofisticados aparatos
tecnológicos para fiscalizar os administrados. (Vide STJ, 4ª Turma,
Resp. nº 11.468/RS, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. em
07.04.92, LEXSTJ 35/177)

Do quanto tido nestas razões de impugnação fica patente e


manifesta a impossibilidade da Impugnante exercitar seu direito de
defesa sobre as alegações do auto de Infração em questão, mesmo
porque quando da intimação da autuação, sequer há caracterização
das exigências a serem supridas , restando em anular referido auto de
infração na forma das razões acima argumentadas.

IV – DOS PEDIDOS:

Ex positis, requer a Vossa Senhoria se digne:

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1º) Declarar a nulidade do referido Auto de Infração D - 0264, por


violação do due process of law, eis que o Auto de Infração não
proporcionou á defendente elementos necessários à elaboração de
defesa clara e consistente

2º) Se digne julgar improcedente o Auto de Infração epigrafado, com o


conseqüente indeferimento de eventual multa aplicada no importe de
R$ 1.247,01 e; alternativamente,

3º) requer se digne desconstituir o referido Auto de Infração por


manifesta inexistência de tipificação (omissão nas medidas a serem
adotadas na infração) na forma argumentada e fundamentada na
presente impugnação; requer ainda,

4º) por critério de direito e justiça que o auto de infração, em


prevalecendo, seja imputado apenas com a penalidade de
advertência, sendo que a empresa se compromete desde já, a seguir
à risca as determinações dessa Ilustre Secretaria.

Termos em que,
Pede deferimento.
Brasília-DF, 15 de outubro de 2021.

BLT COMÉRCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS


CNPJ sob o nº 26.959.616/0001-88

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