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SÉRGIO TATI
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ENSAIO AO
PROCESSO EXECUTIVO
LUANDA/2021
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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J.SÉRGIO TATI
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ENSAIO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL J.SÉRGIO TATI
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ÍNDICE
NOTA DE ADVERTÊNCIA ................................................................................................... 7
I PARTE ................................................................................................................................... 8
TEORIA GERAL DA ACÇÃO EXECUTIVA ...................................................................... 8
1- NOÇÕES INTRODUTÓRIAS .......................................................................................... 8
1.2- Finalidade e Estrutura da acção executiva ......................................................... 10
1.3- Regulamentação ......................................................................................................... 11
1.5- Legislação aplicável .................................................................................................. 11
2- IMPORTÂNCIA DA ACÇÃO EXECUTIVA ................................................................. 11
2.1- Importância teórica .................................................................................................... 11
2.2- Importância prática .................................................................................................... 12
3- ELEMENTOS ESSENCIAIS DO CONCEITO DE ACÇÃO EXECUTIVA .............. 13
3.1- Conceito, autonomia e natureza jurídica do direito de execução ................. 14
a)- Conceito de direito de execução.............................................................................. 14
b)- Autonomia da acção executiva em relação ao direito subjectivo .................. 15
d)- Natureza jurídica .......................................................................................................... 17
3.2- Características do processo executivo ................................................................ 18
3.2.1-Enfraquecimento ou mitigação do princípio do contraditório ..................... 18
3.2.2-A acção executiva está na quase total disponibilidade do exequente ...... 18
3.2.3-Na acção executiva verifica-se inúmeros despachos discricionários do
juiz .......................................................................................................................................... 19
3.2.4-O regime de nulidade dos actos processuais é menos rígido .................... 19
4- PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DO PROCESSO EXECUTIVO .......................... 19
Princípio do dispositivo............................................................................................ 20
Princípio da estabilidade da instância .................................................................. 20
Princípio da tutela provisória da aparência ........................................................ 20
Princípio do contraditório ........................................................................................ 21
Princípio do inquisitório ........................................................................................... 21
Princípio da igualdade das partes ......................................................................... 22
Princípio da judicialidade ......................................................................................... 22
Princípio da auto-responsabilidade do exequente............................................ 22
Princípio da patrimonialidade ................................................................................. 22
Princípio da coisificação .......................................................................................... 22
Princípio da proporcionalidade .............................................................................. 23
Princípio do seguimento .......................................................................................... 23
Princípio da prioridade cronológica...................................................................... 24
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NOTA DE ADVERTÊNCIA
Os presentes sumários constituem a súmula (trechos) das matérias que temos
vindo a leccionar na cadeira de direito processual civil II- acção executiva, aos
estudantes do 4º ano do curso de Direito da UnIA.
Elaborado por,
João Sérgio Tati
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I PARTE
TEORIA GERAL DA ACÇÃO EXECUTIVA
1- NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
O processo executivo é um processo cível. A palavra processo transmite-nos a
ideia de um determinado percurso, da realização contínua e prolongada de
uma actividade. Como afirma Pais de AMARAL1 o processo civil, traduz uma
sequência de actos ou operações que apresentam uma certa unidade. O
processo é pois em sentido jurídico uma sequência de actos destinados à justa
composição, por um órgão imparcial de autoridade (o tribunal), de um litígio, ou
seja, de um conflito de interesses. É um conjunto de peças apresentadas por
uma e outra parte para servir à instrução e julgamento de uma questão. O
resultado para que tende a actividade processual constitui a decisão.
As pessoas nas suas relações com os seus pares3 entram muitas vezes,
voluntaria ou involuntariamente em rota de colisão com os demais. As relações
humanas são constituídas por recurso ao direito substantivo (relações
conjugais, obrigacionais, reais, sucessórias, comerciais, etc.). Mas o recurso ao
direito substantivo não se mostra muitas vezes capaz e eficiente por si só de
dirimir conflitos, pelo que deverá fazer recurso ao direito adjectivo para a
sanação do problema existente. Aliás, é através do direito adjectivo que se
concretiza o direito substantivo. Pode-se mesmo dizer que o adjectivo é o
caminho para se alcançar o substantivo. Como afirma Evaristo SOLANO4, o
direito adjectivo está para o direito substantivo, tanto quanto a linha férrea está
para a locomotiva; tão importante quanto a meta é o odos.
1
Direito Processual Civil, 12ª Edição, Editora Almedina, 2015, pág. 11
2
Jorge Augusto Pais de Amaral, ob cit, pág. 11.
3
Entenda-se relações de paridade, aquelas que envolvem quer pessoas singulares como
pessoas colectivas e vice-versa.
4
Processo Executivo Angolano (Noções fundamentais), Edição do Autor, 2011, pág. 15.
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5
Direito Processual Civil, 12ª Edição, Editora Almedina, 2015, pág. 32
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b)-Estrutura:
1.3- Regulamentação
A regulamentação específica da acção executiva, encontra-se dispersa pelo
Código de Processo Civil e em legislação avulsa. Assim a guisade exemplo
temos:
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quem propõe uma acção ou por quem tem interesse em opor-se a mesma
acção.
Ora, verdade incontestável é que o homem é pela sua natureza um ser não
codificado que se caracteriza pela sua natural dispersão, indeterminação e
mutabilidade e como tal a ordem jurídica existe para regular essa
indeterminação. A ordem jurídica existe pois para evitar o caos social, razão
pela qual também a justiça continua a ser monopólio do Estado.
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a)- Execução Especifica: o credor obtém o benefício que lhe traria se o devedor
cumprisse voluntariamente com a sua prestação. Ex: numa execução para
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entrega coisa certa, o que o credor pretende é que lhe seja entregue a coisa,
isto é, o carro, o barco, etc.Vide artigo 827º do C.C.
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É reconhecida ao autor do cumprimento da obrigação recusar de efectuar a prestação,
enquanto, o credor não lhe der quitação, bem como pode exigir a quitação depois do
cumprimento - vide nº 2, do artigo 787º do C.C.
Luanda, em….
O Declarante
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Mesmo nos casos em que a coisa não pode ser entregue ao credor, este
poderá obter em dinheiro o valor equivalente, fazendo actuar os meios sub-
rogatórios sobre o património do devedor (convolação ou conversão da acção
executiva- artigo 931º do C.P.C), o emprego de tais meios sub-rogatórios
incidente ou não sobre o património do devedor, traduz o cumprimento de uma
obrigação assumida pelo Estado, no exercício da sua função jurisdicional e não
o cumprimento por parte do devedor voluntário e incoercível.
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Nos despachos discricionários, a lei confere ao julgador duas ou mais possibilidades de
decidir sobre uma situação, podendo o juiz escolher, dentro dos limites estabelecidos.
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Os princípios que agora expomos têm como pano de fundo o Manual do Prof.
Dr. Evaristo Solano, intitulado- O processo Executivo angolano (noções
fundamentais), 2011, págs. 23 -26.
Princípio do dispositivo
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Princípio do contraditório
Princípio do inquisitório
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Pretende-se com este princípio que o juiz seja imparcial no tratamento das
partes. Ou seja, ao longo do processo devem as partes, exequente e
executado, serem substancialmente tratados de forma igual.
Princípio da judicialidade
Princípio da patrimonialidade
Refere que a penhora dos bens para a execução, deve recair sobre o
património, isto é, sobre as relações jurídicas susceptíveis de avaliação
pecuniária. Todavia, devemos considerar que nas acções de execução para
prestação de facto, a penhora poderá recair sobre coisas não avaliáveis em
dinheiro, pelo que de certo modo, poderíamos estar aqui perante um desvio.
Princípio da coisificação
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Neto da Costa - Princípios de Direito Processual Civil, Lições policopiadas, FDUAN -
LUANDA-2004.
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Podemos por isso dizer, que além das coisas, objectos físicos, a penhora pode
recair sobre direito (artigo 856º do C.P.Civil).
Princípio da proporcionalidade
De acordo com o mesmo, o valor dos bens penhorados, não deve estar aquém
ou além do valor das custas e da dívida. Quer isto dizer que, só se deve
penhorar o que for necessário para garantir o cumprimento da obrigação ou o
pagamento da dívida – artigo 833º C.P.Civil
Todavia, este princípio não é linear. Uma excepção a este princípio tem a ver
com a situação em que o bem (património) penhorado seja o único do
executado.
Mas se por outro lado A,tiver um património constituído por apenas uma casa
no valor 1.000.000, 00 USD. (um milhões de dólares), será esta penhorada
para pagar a divida no valor de 200.000 dólares, independentemente do valor
da dívida ser quase cinco vezes menos que o valor do bem a penhorar.
Princípio do seguimento
Funciona como a sequela nos direitos reais, ou seja, os credores que gozam
de garantia real sobre os bens penhorados, têm a possibilidade de seguir a
coisa e serem pagos após a venda. Recai sobre o juiz, a obrigação de dar a
conhecer aos credores sobre a apreensão desses bens e convoca-los para
confirmar, alterar ou negar o crédito- artigo 864º nºs 2 e 3 do C.P.Civil.
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Invocação do contrato de namoro, instituto previsto no direito do civil brasileiro, ou a
invocação da lei do apadrinhamento civil, instituto existente no direito da família português.
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Existem, porém, outros tipos de títulos executivos que não provêm da acção
declarativa, ou seja, que não provêm do tribunal, os chamados títulos
executivos extrajudiciais, como por exemplo um contrato de compra e venda,
um documento autêntico assinado por ambas as partes, ou uma condenação
de um tribunal adhoc (tribunais arbitrais). Contra esses o devedor pode
contestar (vide artigos 814º e 815º ambos do C.P.C), mas muito raramente.
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Dito isto, é necessario que exista algum risco muito urgente para se o fazer, ou
nos casos em que o processo executivo é interrompido em detrimento de
quaisquer situações que impeçam o seu avanço, por exemplo a declaracão de
falsidade de um titulo executivo extra-judicial dá origem a um outro processo
para se provar a autenticidade ou não autenticidade do mesmo, nesses casos
a lei admite que na pendência desse processo se intente um procedimento
cautelar para assegurar determinados direitos do credor-exequente.
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Dá-se o arresto quando o credor que tenha justo receio de perder a garantia patrimonial do
seu credito, requer apreensão dos bens do devedor - artigo 402º e ss C.P.C. É uma
providência cautelar de caracter preventivo a fim de assegurar a respectiva execução. Ele pode
ser dependente duma acção declarativa cujo objectivo seja a condenação no cumprimento de
certa obrigação ou de uma acção executiva destinada ao cumprimento coercivo da obrigação
imposta por sentença ou derivada de qualquer titulo executivo. Aliás uma das fases da
penhora é a decisão do juiz sobre a penhora dos bens ou sobre a conversão do arresto em
penhora.
11
Dispõe o artigo 421º do C.P.C que “tendo justo receio de extravio, ocultação ou dissipação
de bens moveis ou imóveis, ou de documentos pode requerer-se o arrolamento deles. É
aceitável que o devedor, sabendo que está a decorrer contra si um processo executivo e logo
que for citado para pagar ou nomear bens a penhora tente desfazer-se deles ou alguns deles.
Por isso, o credor pode requerer essa providencia, para no caso de documentos evitar o
desaparecimento da prova que deles possa emanar; ou no caso de bens imóveis que estejam
susceptíveis a extravio, por exemplo os descritos no artigo 204º do C.Civil.
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f)- Execução por dívidas fiscais ----------- C.E.F- aprovado pela lei nº 20/14, de
22 de Outubro
Tramitação
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A aceitação do mandato de despejo como uma forma de processo executivo especial é
discutível, porém, a autora que assim o consideram com bastante clareza. Tal é o caso do
Profº Evaristo Solano - Processo Executivo Angolano (Noções Fundamentais) pág. 18
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Tal como nos processos executivos comuns, também aqui para que haja um
processo executivo, é condição sine qua nom que se verifiquem os
pressupostos específicos da acção executiva, ou seja, existência do título, e
que a obrigação seja certa, exigível e líquida.
A execução fiscal incide sobre bens que possuem ônus ou encargos a favor do
Estado. Para os devidos efeitos os bens classificar-se-ão de seguinte modo:
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b)- Imóveis: constituído pelas coisas que não podem ser removidas de um
lugar para outro sem destruição, denominados bens de raiz.
c)- Divisíveis: aqueles que podem ser repartidos, sendo que após essa
fragmentação será possível apenas ter a parte económica do todo. Ex: um
terreno, barra de ouro, etc.
d)- Indivisíveis: são aqueles que não podem ser repartidos, caso contrário o
bem perderá o seu valor económico. Ex: barco, relógio, etc.
b)-Motivação da penhora
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d)-Bens Impenhoráveis
- Os túmulos
- Bens imobiliários
- Bens imóveis.
e)-Efectivação da penhora
f)-Modalidades da venda
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- Pagamento da dívida
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Dispõe o artigo 4º nº 3 do C.P.C. que “dizem-se executivas aquelas acções em que o autor
requer as providências adequadas à reparação efectiva do direito violado”
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Entende-se por parte principal, todo aquele cuja posição é independente da de outros
particulares (demandante e demandado). Denomina-se exequente a pessoa que propõe a
acção e executado é a pessoa contra quem a acção é proposta.
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A Fazenda Nacional, no âmbito da nova organização da administração fiscal angolana, pode
ser considerada como a agência geral tributária -AGT, tutelada pelo Ministério das Finanças.
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principal com poderes reduzidos, possui algum direito sobre o bem penhorado
é feita a sua citação. Do contrário, não há necessidade de citá-los.
Para além das partes principais existem ainda as partes auxiliares que são: o
fiel depositário, Policia nacional, estabelecimento de leilão e outros órgãos da
administração pública.
16
As partes acessórias, são todas as pessoas com interesses conexos aos interessados em
causa num processo e que a lei admite a intervir numa posição subordinada à da parte
principal. Exemplo: Cfr. O artigo 335º do C.P.C.
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8- OBJECTO DA EXECUÇÃO
Nas acções declarativas o objecto é delimitado pelo pedido17 e pela causa de
pedir18.Nas acções executivas o objecto é delimitado pelo título executivo, que
tem que reportar a uma obrigação19. Assim o limite da acção executiva é
determinado pelo fim da execução que só pode obedecer três formas, previstas
nos termos do artigo 45º nº 2, do C.P.C.
17
Pedido; é o efeito jurídico pretendido normalmente pelo autor. - Artigo 498º nº 3 do C.P.C.
Nos casos de reconvenção o réu pode também formular pedidos.- Artigo 501º do C.P.C.
18
Causa de pedir será, portanto, o conjunto de factos jurídicos que servem de base ao pedido.-
Artigo 498º nº 4, do C.P.C.
19
Dispõe o artigo 45º nº 1 do C.P.C, que “ toda a execução tem por base um título, pelo qual
se determinam o fim e os limites da acção executiva”.
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c)- Na execução para prestação de facto; será a penhora de bens para obter
liquidez.
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Assinala, o Prof. Alberto dos REIS, com o seguinte exemplo: uma sociedade
comercial em Nome Colectivo, condenada ao pagamento de certa quantia que
depois se transformou por acordo dos credores em Sociedade por quotas, está
é parte legitima como sucessora daquela para ser executada- (Código de
Processo Civil Anotada, vol. I, pág. 182, ano de 2004).
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Ora, não é de se aceitar tal posição, primeiro porque a morte é um facto natural
e imprevisível, não podendo as partes na altura da celebração do negócio
prever, quando irão falecer. Ademais, permite a lei que no requerimento inicial
o exequente deverá deduzir os factos constitutivos da sucessão. Outrossim,
havendo morte de uma das partes, levanta-se o incidente de habilitação nos
termos do artigo 371º do C.P.C.
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António e Maria intentam acção de execução contra João e Pedro, pedindo que lhes seja
entregue uma quantia em dívida no valor de Kz. 800.000,00.
21
António e Maria intentam acção de execução contra João e Pedro, pedindo que lhes seja
entregue a quantia em divida no valor de Kz. 800.000,00 e, ainda um automóvel da marca
Hyundai i10.
22
O litisconsórcio é voluntário inicial; quando a acção executiva for intentada desde logo por
vários credores ou contra vários credores que figuram no título independentemente da acção
ser conjunta ou solidária.
23
O litisconsórcio é voluntário sucessivo; quando o exequente demanda inicialmente um
terceiro possuidor de bens onerados pela garantia real e posteriormente pode prosseguir a
acção contra o devedor, dado a insuficiência daqueles bens.
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- Quando haja recurso- artigo 32º, aplicável por força do artigo 801º do C.P.C.
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Com a entrada em vigor dos tribunais da Relação, os recursos passam a ser julgados pela
Relação enquanto tribunal de recurso por excelência. De acordo com a lei nº 5-A/2021, de 05
de Março, sobre a actualização e alteração das alçadas, o valor da alçada do tribunal da
Relação é de Kz. 6.160.000,00 e a alçada do tribunal de Comarca é de Kz. 3.080.000,00
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Requisitos cumulativos.
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b)- A parte contrária requererá para que o tribunal fixe prazo para a sua
constituição
c)- Findo o prazo estabelecido, e a parte não constituir, sendo o autor, o réu
será absolvido da instância. Se a parte que não constituiu for o réu ficará sem
efeito a defesa
d)- Havendo recurso, fica sem seguimento por parte daquele que não constitui
o advogado.
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A competência consiste no fraccionamento do poder jurisdicional que cabe a cada tribunal-
Jorge A. P de Amaral- ob. cit, pág. 144.
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- Se a execução for por divida com garantia real, será competente o tribunal do
lugar da situação dos bens onerados
a) Competência absoluta
O tribunal tem competência absoluta quando julga em razão da matéria,
nacionalidade e hierarquia.
b) Competência relativa
O tribunal tem competência relativa, quando julga em razão do valor e do
território.
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E se a acção for movida sem o título quid júris? Em resposta a esta questão a
doutrina é divergente:
a) Condição necessária; porque não pode haver acção executiva sem que
haja um título executivo.
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DESPACHO DO JUIZ. Exemplo: F… veio intentar a presente execução para pagamento da
quantia de… Sucede que não apresentou qualquer título donde conste a dita obrigação
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pecuniária. Ora, nos termos do artigo 45º nº 1 do C.P.C, toda a execução tem por base um
título pelo qual se determina o fim e os limites da acção executiva e nos termos do artigo 55º do
C.P.C, pelo qual se determine quem é credor e o devedor, isto é, quem tem legitimidade para
promover a execução e contra quem deve ser movida. Assim, é evidente que a pretensão do
exequente não pode proceder, nos termos do artigo 474º nº 1 c) do C.P.C. Consequentemente,
indefiro liminarmente a presente execução. Custas pelo Exequente. Notifique.
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DESPACHO DO JUIZ. Exemplo: F… veio intentar a presente execução para pagamento de
quantia certa de…Sucede que não apresentou qualquer título executivo donde conste a dita
obrigação pecuniária. Dele faz, no entanto, menção no requerimento inicial. Assim, convido o
exequente a apresentar o título executivo no prazo de 5 dias, sob pena de indeferimento
liminar. Notifique.
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em que o devedor deve entregar um carro (X), mas o credor pede uma casa
(Y).
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Há desconformidade objectiva absoluta, quando o pedido do exequente é manifestante
contrário ou diferente ao que consta do título executivo. O fim da execução não está em
conformidade com o título.
30
Há desconformidade objectiva relativa, quando aquilo que o exequente pede é manifestante
superior ao que consta do título executivo. Os limites da execução não estão em conformidade
com o título.
31
Para o Desembargador JORGE SANTOS - juiz jubilado do tribunal da Relação de Lisboa
(Portugal), o título executivo é o acto constante de documento escrito, constitutivo ou
meramente declarativo de um direito a uma prestação, isto é, de uma obrigação. Acrescenta
que em face a lei angolana, o título executivo é sempre um acto jurídico, negocial ou
administrativo vertido em documento escrito. Exemplos: artigos 1143º e 219º do C.C.
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A TESE DE LIEBMAN:
Para este autor o título executivo é o próprio acto contido no documento. O que
importa não é o formalismo observado no negócio mas sim o conteúdo do
documento. O título tem eficácia constitutiva e releva o aspecto interno.
32
Documento é todo e qualquer objecto elaborado pelo homem, para representar coisa ou
facto. – Artigo 362º do C.Civil. Numa noção restrita, significa todo o escrito que corporiza uma
declaração de vontade ou de ciência, ou mera declaração de vontade.
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Essa evolução continuou, até haver uma aproximação dos dois sistemas, por
um lado, o reforço do interesse do credor e o aparecimento dos títulos
executivos judiciais e extrajudiciais.
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- Sentenças homologatórias,
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Como se vê, o nosso legislador adoptou uma solução de compromisso-necessidade de
apresentação e um título executivo, considerado como pressuposto processual específico da
acção executiva. A acção executiva pode ser instaurada sem necessidade de uma declaração
jurisdicional prévia da existência do direito do credor. Mas terá de apresentar algum dos
documentos enumerados, no artigo 46º do C.P.C, taxativamente e que demonstrem a
probabilidade séria da existência do direito de crédito cuja realização efectiva se solicita.
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- Outros títulos que por disposição especial sejam atribuídos força executiva
(títulos executivos administrativos: notas passadas pelas alfândegas,
documentos exarados pela administração estadual, etc.)
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Obrigação- ver artigo 397º do C.Civil.
35
Vide artigo 802º do C.P.C.
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Mário Júlio de Almeida Costa, Direito das Obrigações, 11ª edição revista e actualizada,
Almedina 2008.
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Exemplo: Num contrato de arrendamento, em que se estipula que o arrendatário só se obriga
ao pagamento das rendas referentes aos meses de Outubro à Dezembro de 2019, se o credor,
instalar na residência o sistema de segurança e água canalizada. Portanto, o arrendatário só
se constitui em mora, se o senhorio instalar o sistema de segurança e agua canalizada, está é
condição suspensiva.
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a)- Liquidação por mero cálculo aritmético (artigo 805º nº1, do C.P.C.)
Nos casos de liquidação por simples cálculo aritmético e pelo tribunal, ela deve
ser dada a conhecer ao executado, para querendo, contestardentro do prazo
fixado pelos embargos, isto é, no prazo de dez (10) dias, conforme reza o
artigo 816º do C.P.C.
Nas situações em que a obrigação for em parte ilíquida e parte líquida, pode-se
executar imediatamente a parte líquida, tal como reza o artigo 810º do C.P.C.
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II PARTE
A TRAMITAÇÃO DO PROCESSO EXECUTIVO
1- REQUERIMENTO INICIAL
É óbvio que em termos processuais, rigorosamente falando, o requerimento
inicial não é uma fase, mas sim o primeiro acto da fase dos articulados. O
requerimento inicial deve estar sempre acompanhado com o título executivo,
em anexo.
- Indeferimento liminar: artigos 474º e 193º, por força do artigo 801ºdo C.P.C
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Se a execução for provida por dívida com garantia real (v.g. Hipoteca), deverá
esta promover-se a citação dos credores, nos termos do artigo 864º, nº 3 do
C.P.C39.
38
Exemplo: Cite o executado para em 10 dias pagar a quantia exequenda ou nomear bens à
penhora, sob pena de se devolver ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora, e
ainda para em igual prazo deduzir oposição à execução por embargos e/ou por recurso de
agravo, nos termos dos artigos 811º nº 1, 836º nº 1 e 812º todos do C.P.C.
39
Tenha-se especial atenção para a validade da citação, evitando-se a nulidade de todo o
processo e para que não ocorra o caso previsto no artigo 921º do C.P.C.
40
Veja a este propósito o regime dos registos automóveis, aprovado pelo Decreto-Lei nº47.952,
de 27 de Setembro de 1967. Alterado e tornado extensivo a Angola pela Portaria nº23.089, de
26.12.1967.
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Se os bens a serem penhorados tiverem sido dados como garantia real, para o
cumprimento da dívida, não careceram de nomeação e a penhora começara
sobre estes, e só poderá penhorar-se outros, quando se reconhecer que os
dados como garantia são insuficientes para se conseguir o fim da execução-
(Cfr., artigo 835º do C.P.C).
Recebida a petição do embargo o juiz pode tomar uma das seguintes atitudes:
41
Exemplo sobre despacho de rejeição da penhora: Dado que os presentes embargos de
executado foram deduzidos fora de prazo, isto é, para além dos 10 dias a contar da citação,
rejeito-os liminarmente. Custas pelo embargante. Notifique.
Exemplo 2: Dado que o fundamento invocado pelo embargante não se enquadra em qualquer
dos fundamentos taxativos enumerados nos artigos 813º a 815º do C.P.C, rejeito-os
liminarmente. Custas pelo embargante. Notifique.
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Nota: Em qualquer dos casos, nunca se pode admitir nem deixar prosseguir
execução sobre questões de direitos indisponíveis-artigo 820º do C.P.C.
Outros casos de nomeação dos bens pelo exequente constam do artigo 836º/1
do C.P.C., e são os seguintes:
42
Exemplo: Face ao fundamento invocado, pagamento da quantia exequenda, que se
enquadra no artigo 813º al. h) do C.P.C., recebo os presentes embargos. Notifique o
exequente/embargado, para em 10 dias, querendo contestar os embargos.
43
Exemplo de Decisão havendo procedência dos embargos: Tendo transitado a sentença que
julgou procedentes os embargos de executado apenas declaro extinta a execução que F…
moveu contra F… consequentemente, ordeno o levantamento da penhora feita a fls…., ordeno
o cancelamento do registo da penhora o imóvel descrito na conservatória do registo predial de
…., com o nº …., feita pelo averbamento…dou sem efeito a venda do bem penhorado feita a
fls… e ordeno a restituição ao arrematante o preço da venda depositada a fls… Custas pelo
exequente. Registe e notifique.
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2- A PENHORA
Conceito44
Consiste na apreensão judicial dos bens do executado ou de terceiro, para
satisfazer o direito material violado do credor. Trata-se de um acto judicial que
tem de ser confirmado pelo juiz.
O artigo 821º do C.P.C, dispõe que “ estão sujeitos á execução todos os bens
que nos temos da lei substantiva, respondem pela divida, quer pertençam ao
devedor, quer a terceiro”. Podemos então concluir que:
c)- A execução pode incidir sobre o património de terceiros, quando este tenha
dado como garantia para o cumprimento da obrigação- artigo 818º do C.Civil.
Natureza Jurídica:
A penhora tem natureza de garantia real, de tipo judicial decretada pelo
tribunal. Sem ela não se consegue satisfazer o direito material violado do
credor/exequente, pois sem essa garantia, o executado pode desfazer-se dos
bens que tem.
44
Para o professor Castro Mendes, citado por Evaristo Solano, ob. cit, pág. 60, a penhora é um
acto de desapossamento de bens do devedor que ficam na posse do tribunal a fim de este os
usar para realização dos fins da acção executiva.
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LIMITES DA PENHORABILIDADE45
Os limites da penhorabilidade podem ser de natureza substantiva ou de
natureza processual.
1- IMPENHORABILIDADE SUBSTANTIVA
a)- Absoluta: artigo 602º, 603º, 833º, 1488º do C.Civil.(uso e habitação),
servidão, artigo 259º do C.F. (direito à alimentos).
b)- Subsidiária: artigos 638º, 639º do C.Civil., os bens da meação, artigo 63º
do C.F (os bens próprios de cada um dos cônjuges quando a divida é comum).
2- IMPENHORABILIDADE PROCESSUAL
a)- Absoluta: artigo 822º do C.P.C, bens inalienáveis (direitos de
personalidade)
Funções da penhora:
- Concentrar e determinar o objecto imediato da execução
45
A impenhorabilidade consiste naquilo que não pode ser apreendido pelo tribunal, no
processo de execução, para satisfazer uma dívida a que está vinculado o seu proprietário- por
razões de ordem pública, de humanidade, de ordem moral etc.
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Efeitos da penhora:
- Confere ao exequente o direito de preferência no pagamento do seu crédito
(em relação aos credores com garantia real posterior) - artigo 822º C. Civil -
Excepção aos processos de falência (artigo 1235º nº 3 do C.P.C)
Fases da Penhora:
São apontadas a penhora as seguintes fases: Escolha ou nomeação de bens,
Decisão do juiz sobre a penhora, Efectivação da penhora e Publicidade da
penhora.
46
Exemplo: F…proprietário de um imóvel equivalente a Kz. 1.000.000,00, pode constituir
Hipoteca a favor de X… no valor de Kz.600.000,00 e a favor de Y… no valor de Kz.
400.000,00.
47
F…, está a ser executado para pagamento de quantia no valor de Kz. 750.000,00, mas este
consegue vender o bem embora penhorado ao valor de Kz. 900.0000,00, podendo assim,
satisfazer a obrigação exequenda.
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A nomeação de bens pelo executado é feito por termo e pelo exequente é feita
por requerimento- artigo 837º do C.P.C.
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- Desistência da penhora,
A lei não fixa prazo para o exequente nomear bens a penhora, ao contrário do
executado que tem dez dias para o fazer. Porém, a penhora ser levantada nos
casos em que por culpa do exequente a execução esteja parada por mais de
seis meses(conforme reza artigo 847º do C.P.C).
48
Exemplo de D: Penhore-se o bem indiviso nomeado a fls… Para o efeito, notifique a …., de
que a quota/quinhão/meação, pertença do executado, fica penhorada e á ordem deste tribunal
(artigo 862º do C.P.C). Deste despacho notifique o executado e os restantes
sócios/herdeiros/condóminos.
49
Evaristo Solano, ob cit, págs. 69, entende que a penhora em caso de compropriedade não
incide sobre o bem (móvel ou imóvel), mas sim sobre a quota ideal do bem indiviso pertencente
ao executado. Os outros comproprietários não terão a sua posição comprometida por força da
penhora. Estar-se-á a penhorar um direito e não uma coisa.
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Embargos de terceiros50
Trata-se de um meio de oposição a execução, conferido ao terceiro que vê os
seus bens a serem executados- vide artigo 1307º do C.P.C.
Ora, incidindo a penhora sobre bens de terceiros que não tenha dado como
garantia para o cumprimento da obrigação, como pode este defender-se?
50
Considera-se terceiro, aquele que não tenha intervindo no processo ou no acto jurídico de
que emana a diligência judicial, nem represente quem foi condenado no processo ou quem no
acto se obrigou.
51
O cônjuge pode sem autorização do obrigado, defender por meio de embargo a sua posse,
quanto aos seus bens próprios e quanto aos bens comuns. Dispõe a lei que o reconhecimento
da união de facto produz os mesmos efeitos da celebração do casamento, tal como reza o
artigo 119º do C.F. Assim, é de estender a faculdade de requerer o embargo de terceiros aos
companheiros de união facto reconhecida.
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3- CONCURSO DE CREDORES
O Código de Processo Civilregula a matéria sobre o concurso de credores nos
artigos 864º- 871º.
a)- Ser um credor que goze de garantia real sobre os bens penhorados;
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Com o efeito decorrente da citação dos credores é que as garantias caiem com
o exercício do direito dos credores e só assim podemos atrair os compradores
para estes bens, a não ser que o comprador ainda assim compraria o bem com
os encargos existentes- artigo 824º do C.Civil
53
Se por falta de citação, o credor com garantia real não participar da execução e lhe ser
causado prejuízos, é o executado obrigado a indemnizar o credor, pois o processo executivo
como se sabe está na quase total disponibilidade do exequente - princípio da auto
responsabilidade do exequente.
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4- PAGAMENTO
Regulado no artigo 872º a 911º do C.P.C., esta fase vem depois da graduação
de créditos- última fase do concurso de credores. Porém, se por exemplo o
executado efectuar o pagamento logo depois de citado-artigo 811º do CP.C. a
execução é logo extinta, não sendo necessária a penhora ou o concurso de
credores.
Formas de pagamento:
As formas de pagamento na acção executiva está disposto no artigo 872º do
C.P.C, e pode consistir em:
1- Entrega de dinheiro:
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Modalidades de venda:
a)- Venda antecipada54: artigo 851º do C.P.C
Anulação da venda
Sobre a anulação da venda, Cfr. Artigos908º, 909º nº 3.
4- Consignação de rendimentos:
É legítimo ao exequente requerer que o seu crédito possa ser pago mediante
rendimentos periódicos de determinado bem pertencente ao executado, desde
54
Dá-se venda antecipada, quando os bens penhorados estiverem sujeitos à deteorização,
depreciação ou quando haja manifesta vantagem na antecipação da venda.
55
Penhorado um diamante, pertencente ao executado, a modalidade de venda extrajudicial
será a do artigo 883º nº 2 alínea b), porquanto, a venda só pode ser feita a empresa Sodiam.
E.P, por ser a única entidade a quem compete comprar os diamantes, por força do Decreto nº
7-B/00, de 11 de Fevereiro.
No entendimento do Professor Evaristo Solano - ob cit, nota nº 45, pág. 84, a venda forçada a
SODIAM, só se opera no caso de o diamante ser bruto, pois se, se tratar de diamante lapidado,
a comercialização cai no âmbito do regime geral e assim a venda será feita noutra modalidade.
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que o pedido seja feito antes da fase da venda e os bens sejam: bens imóveis
ou móveis penhorados e sujeitos a registoe que o executado tenha
consentido.Os requisitos apontados são cumulativos.
O direito de remição pode ser exercido, nos termos do artigo 913º do C.P.C., e
a preferência entre os titulares do direito é resolvido pelo artigo 915º do C.P.C.
5- EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO
Percorridas todas as fases, chega-se portanto a fase da extinção da execução,
regulado no artigo 916º ess do C.P.C.
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6- RENOVAÇÃO DA EXECUÇÃO
A lei prevê que a execução já extinta possa ser renovada, tal como reza o
artigo 920º do C.P.C. A legitimidade para a renovação da execuçãocabe:
a)- Ao exequente:
- Quando o valor dos bens penhorados não sejam suficientes para garantir o
cumprimento total da obrigação exequenda.
b)-Ao credor:
- Quando o credor que tenha um crédito vencido e que tenha sido graduado
(concurso de credores), para ser pago pelo produto de bens penhorados que
não chegaram a ser adjudicados ou vendidos, pode este requer que a
execução se renove, desde que seja antes do trânsito em julgado da sentença-
artigo 920º nº 2 do C.P.C.
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b)-as execuções por custas que são promovidas pelo Ministério Público.- Artigo
927º do C.P.C.
56
Nos processos de execução sumaríssima, ao se conferir legitimidade activa ao Ministério
Publico para promover a acção executiva por custas constitui um desvio ao princípio da
legitimidade formal, previsto no artigo 55º nº 1 do C.P.C. Como se sabe, a legitimidade na
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Outras especificidades:
acção executiva determina-se pelo título executivo. Dispõe o artigo já citado que “a acção deve
ser proposta por aquele que no título figure como credor, contra aquele que no título conste
como devedor”, isto é, o princípio da legitimidade formal.
57
Exemplo de despacho: penhore e notifique o executado do auto de penhora e para em cinco
dias, querendo embargar a execução- artigo 927º nº 3 do C.P.C.
58
Atendendo ao valor da execução, não é admissível o recurso de agravo.
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GENERALIDADES:
Dispõe o artigo 827º do C.C que “se a prestação consistir na entrega de coisa
determinada, o credor tem a faculdade de requerer, em execução, que a
entrega lhe seja feita judicialmente”. A execução para entrega de coisa certa,
corresponde na verdade a chamada execução específica prevista no direito
substantivo.
Finalidade
Tramitação
59
Chama-se obrigação fungível, aquela em que o devedor pode fazer-se substituir por outra
pessoa no respectivo cumprimento. Ex: na falta de feijão preto, pode substituir-se o feijão
manteiga. A fungibilidade também determina-se pelo seu género, quantidade e qualidade, e
que podem ser substituídas indiferentemente umas pelas outras.
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A conversão é feita por liquidação do valor da coisa que devia ser entregue, e
ao exequente cabe logo nomear bens a penhora, seguindo-se os termos do
processo executivo para o pagamento de quantia certa, sob a forma de
processo ordinário, sumário ou sumaríssimo, consoante o valor da coisa ou a
forma de processo fixada na acção declarativa.
60
Entende-se por benfeitorias as despesas feitas para a conservação ou melhoramento de
uma coisa.- Ana Prata, Dicionário Jurídico, Vol. I, 5ª edição, Editora Almedina, 2006, pág. 209.
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Especificidades:
GENERALIDADES
O regime da execução para prestação de facto, vem consagrado no artigo 933º
à 943º do C.P.C. Na verdade esta execução destina-se a dar efectivação ao
disposto nos artigos 827º, 828º e 829º ambos do C.C.
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O exequente pode apenas exigir uma indemnização pelos danos sofridos pelo
incumprimento da obrigação, porque se trata de uma prestação infungível. Ex.
Contratar um músico para uma apresentação (show).
4-Quando a obrigação for fungível e o devedor não cumpriu- artigo 828º do C.C
e artigo 933º nº 1 do C.P.C.
Tramitação
Existe tramitação específica nos casos em não haja prazo fixado, e ainda nas
situações em que a prestação é infungível os quais, não faremos aqui
referência.
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Aqui o credor tem direito a exigir do devedor: demolição da obra, reposição dos
danos sofridos e indemnização.
Tramitação
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a)- Imagine que um dos executados vem, entretanto, indicar uma conta
bancária domiciliado no Banco Independente, SA, também pertencente aos
dois executados, cujo saldo é susceptível para garantir a quantia exequenda. A
tem receio de aceitar o pedido do executado e de posteriormente constatar que
a conta foi movimentada e que já não tem saldo. O receio de A justifica-se?
b)- Imagine que E vem embargar a penhora de A e que os embargos são
recebidos. Poderá A indicar a penhora outro bem?
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g)- Imagine que o exequente chamado a nomear bens a penhora, não o faz,
passados nove meses?
15- Em 20 de Abril de 2015, A foi citado pelo tribunal de XXL, para responder a
uma execução que lhe movia B, seu compadre e conhecido no bairro como
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“Man Confusas”, em que este pretendia que A, lhe entregasse um terreno sito
no bairro paraíso, resultado de um acordo firmado por ambos em que A
incumpria.
Surpreso com a situação, A procura-o e pretende saber o seguinte:
a)- Por quê motivo resolveu o Tribunal cita-lo, logo ele que nunca fez mal a
uma mosca se quer?
b)- Diante da situação e porque nunca foi a um tribunal, A receia o risco de ser
preso.
c)- Admita que A, opôs-se a acção, alegando que o acordo firmado com B, era
verbal e consistia em ajuda-lo a localizar um terreno para compra nas
imediações do bairro paraíso, porquanto, queria que seu compadre
continuasse seu vizinho. Poderá o tribunal executar A?
d)- Considera que passado um ano, desde a propositura da acção B, não
impulsionou o andamento do processo e também, veio a saber-se que
efectivamente B, tentou ludibriar o tribunal. Quid juris (que atitudes pode o
executado e o tribunal tomar)?
OBS: cingindo-se aos princípios norteadores do processo civil estudados,
responda as preocupações colocadas por A.
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BIBLIOGRAFIA
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Almedina, 2015
- BAPTISTA, José João - A Acção Executiva, Lisboa, 1993
- COSTA, Mário Júlio de Almeida- Direito das Obrigações, 11ª edição revista e
actualizada, Almedina 2008
- FREITAS, José Lebre - Acção Executiva, 6ª edição, Coimbra Editora, 2014.
-MARQUES, J.P. Remédio-Curso de processo executivo comum, à face do
Código revisto, Coimbra, Almedina, 2000.
- PRATA, Ana- Dicionário Jurídico, Vol. I (Direito civil, direito processual civil e
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- REIS, Alberto dos- Código de Processo Civil Anotado, Vol. I (Clássicos
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- SANTOS, Jorge - Lições policopiadas de Acção executiva, Instituto Nacional
de Estudos Judiciários (INEJ), 2011.
- SANTOS, José Luís – Noções Fundamentais de Direito Processual Civil
Declarativo, 2ª Edição, Coimbra Editora, 1982.
- SOLANO, Evaristo - Processo Executivo Angolano (Noções fundamentais),
edição do autor, 2011.
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