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RETA FINAL
DPE-RJ PÓS-EDITAL
RESUMO DE
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS
www.rumoadefensoria.com
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
SUMÁRIO
PARTE I ............................................................................................................................................................................4
PARTE II ......................................................................................................................................................................... 31
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DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
PARTE IV ........................................................................................................................................................................ 67
PARTE V ......................................................................................................................................................................... 77
PARTE VI ........................................................................................................................................................................ 85
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Olá, pessoal. Começaremos nosso resumo tratando desse ponto expresso em nosso edital, que é o estudo
sobre a gratuidade de justiça, justiça gratuita e assistência jurídica gratuita.
Agora vamos à parte história (que inclusive caiu na DPE-SP, como veremos).
No Brasil, a gratuidade de justiça e a assistência jurídica gratuita têm suas origens mais remotas fincadas
nas Ordenações Filipinas, sancionadas em 1595.
Sobre o tema, importantes são as lições dos mestres Diogo Esteves e Franklyn Roger:
(...) No Brasil, a gratuidade de justiça e a assistência jurídica gratuita têm suas origens
mais remotas fincadas nas Ordenações Filipinas, sancionadas em 1595 durante o domínio
castelhano de Filipe P. A matéria era regulada de forma secundária e assumia a condição
de beneplácito régio dirigido aos miseráveis e às vítimas de pobreza extrema, como
decorrência da influência vertida pelas tradições canônicas. Embora não tratasse da
questão da gratuidade de justiça de maneira sistemática, as ordenações previam o direito
à isenção de custas para a impetração de aggravo (Livro III, Título LXXXIV, Parágrafo 10)3
e livravam os presos pobres do pagamento dos feitos em que fossem condenados (Livro I,
Título XXIV, Parágrafo 43).1
Os professores apontam que de Portugal e com as mesmas Ordenações Filipinas, "veio também a praxe do
advogado patrocinar gratuitamente os miseráveis e os indefesos que procurassem o juízo tanto nas causas cíveis
quanto nas criminais"2.
A prova discursiva da DPE-SP, em 2019 (banca FCC), cobrou que o candidato dissertasse sobre o histórico
da assistência jurídica nas Constituições brasileiras. A resposta esperada pela banca, surpreendentemente, iniciava
com as Ordenações Filipinas até a Constituição de 1988. O espelho veio da seguinte forma:
1 Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense,
2018, p. 51.
2 ROCHA, Jorge Luís. História da Defensoria Pública e da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
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a. A previsão de que o agravante pobre que jure não ter bens móveis, nem raiz, e desde
que na audiência reze pela alma do rei Dom Diniz, teria o agravo considerado pago. Trata-
se de fundamental precedente de isenção de custas e emolumentos às pessoas mais
pobres.
Agora vamos diferenciar gratuidade de justiça, assistência judiciária gratuita e assistência jurídica gratuita.
3 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 47.
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CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A assistência jurídica do Estado aos que não tenham condições financeiras abrange
as fases pré-processual, endoprocessual e pós-processual.”4
No Brasil, a assistência judiciária só veio de maneira expressa a partir da Constituição de 1934. No entanto,
foi retirada da Constituição de 1937, reaparecendo na Constituição de 1946, 1967 e EC nº 1/69.
CAIU NA DPE-MA-FCC-2018: “A Constituição de 1934 foi um marco na positivação da matéria ao não somente
prever em seu texto a assistência judiciária, como também preconizar a criação de órgãos especiais para esse fim” 5.
Por outro lado, percebam que até então estamos falando de assistência judiciária. Foi apenas em 1988,
com a Constituição da República, que foi surgiu no ordenamento a assistência jurídica integral e gratuita, muito
mais abrangente que a assistência judiciária, como vimos.
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A assistência jurídica integral e gratuita pelo Estado aos que comprovem insuficiência
de recursos está expressamente prevista e regulamentada no Brasil desde a promulgação da Constituição Federal
de 1967”.6
CAIU NA DPE-MA-FCC-2018- “Em que pese já se encontrasse previsão da prestação da assistência judiciária aos
necessitados nas Constituições de 1934 e 1937, a Carta de 1967 foi a primeira a expressamente prever a
assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados”.7
É possível conceder assistência jurídica parcial? E gratuidade judiciária, pode ser parcial?
Prevalece que não é possível prestar assistência jurídica gratuita de maneira parcial (embora haja tese afirmando o
contrário). Isso porque a assistência jurídica, segundo a Constituição, é integral e gratuita. No entanto, a gratuidade
de justiça (ou justiça gratuita) segundo o NCPC, pode ser concedida de maneira parcial, vejam §5º do art. 98:
§5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou consistir na redução
percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento.
Como em nosso edital há o ponto “Gratuidade de justiça e Defensoria Pública. A gratuidade no Código de
Processo Civil e na legislação estadual.”, aprofundaremos sobre a temática.
4 CERTO.
5 CERTO.
6 ERRADO.
7 ERRADO.
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• Assistência judiciária: é a atuação dentro do processo, em favor da pessoa que não possui condições de
arcar com as custas e honorários sem prejuízo do próprio sustento. É a atuação da Defensoria Pública e dos
dativos designados para um ou vários atos processuais.
• A gratuidade de justiça, por sua vez, é a isenção das custas e emolumentos processuais, para aquelas
pessoas que afirmam não ter condições de com elas arcar. Nesses casos, pede-se ao juiz o deferimento da
justiça gratuita, a quem compete decidir. Pergunta-se: Quem tem advogado particular constituído nos
autos, terá direito à justiça gratuita? Sim. Se o juiz entender que a pessoa comprovou a sua
hipossuficiência, poderá deferi-la independentemente de quem seja seu patrono.
Toda pessoa que esteja sendo assistida pela Defensoria, tem direito à justiça gratuita? Nem sempre. A
presença da Defensoria Pública nos autos como representante da parte não confere o direito automático à isenção
de custas, sendo apenas um indicativo que pode ser levado em consideração pelo juiz no momento de deferir ou
não o benefício. Outra coisa importante: a parte que tiver sido beneficiada com a justiça gratuita pode vir a ser
condenada ao pagamento das verbas sucumbenciais, isto é, aquelas que decorrem da sucumbência do vencido no
processo. Contudo, como veremos abaixo, o NCPC prevê que o pagamento poderá ficar suspenso por 5 anos.
• Assistência jurídica: é a assistência dentro e fora do processo, prestada pela Defensoria Pública àqueles
que necessitarem, segundo critérios da Instituição. Não depende de decisão judicial, cabendo
exclusivamente ao Defensor Público a prerrogativa de decidir pela atuação defensorial ou não. Inclui tanto
os atos processuais, ou seja, dentro do processo (ir à audiência, manifestar nos autos, apresentar recursos
etc) como os atos extraprocessuais, que incluem a possibilidade de tentar prévia conciliação, atendimento
na Defensoria, informações sobre o processo, esclarecimentos sobre direitos, etc. A assistência jurídica
pode englobar a assistência judiciária e a gratuidade de justiça. Por isso, diz-se que é mais ampla.
Como vimos, o art. 98, § 3º do NCPC estabelece condição suspensiva para o pagamento das verbas
decorrentes da sucumbência do hipossuficiente que foi beneficiado com a justiça gratuita durante o processo (o
prazo é de 5 anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou), vejam:
Art. 12. A parte beneficiada pela isenção do pagamento das custas ficará obrigada a pagá-
las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento próprio ou da família, se dentro de
cinco anos, a contar da sentença final, o assistido não puder satisfazer tal pagamento, a
obrigação ficará prescrita. (Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015)
Como se pode notar, o NCPC de 2015 revogou o art.12 acima. Contudo, o STF entendeu que, embora
revogado, o art. 12 da Lei nº 1.060/50 foi recepcionado pela CF/88, e que o CPC 2015 previu regra semelhante no §
3º do art. 98:§ 3º.
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Para a Suprema Corte, o art. 12 da Lei nº 1.060/50 foi recepcionado quanto às custas processuais em
sentido estrito, porquanto se mostra razoável interpretar que em relação às custas não submetidas ao regime
tributário, ao “isentar” o jurisdicionado beneficiário da justiça gratuita, o que ocorre é o estabelecimento, por força
de lei, de uma condição suspensiva de exigibilidade. Em relação à taxa judiciária, firma-se convicção no sentido da
recepção material e formal do artigo 12 da Lei nº 1.060/50, porquanto o Poder Legislativo em sua relativa
liberdade de conformação normativa apenas explicitou uma correlação fundamental entre as imunidades e o
princípio da capacidade contributiva no Sistema Tributário brasileiro, visto que a finalidade da tributação é
justamente a realização da igualdade.
Já o art. 98, § 1º, IX do NCPC estabelece a abrangência dos emolumentos devidos a notários ou
registradores em decorrência da prática de registro quando do deferimento da gratuidade.
Art. 98.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
I - as taxas ou as custas judiciais;
II - os selos postais;
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em
outros meios;
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do
empregador salário integral, como se em serviço estivesse;
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames
considerados essenciais;
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do tradutor
nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido em língua
estrangeira;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para instauração
da execução;
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VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de ação
e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa e do
contraditório;
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de
registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão
judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido concedido.
Ademais, antes mesmo da vigência do NCPC já havia julgado do STJ sobre o tema:
É bom lembrar que segundo o NCPC, contra o deferimento da gratuidade de justiça não é cabível recurso,
mas impugnação à justiça gratuita em preliminar de contestação, nos termos do art. 100:
Parágrafo único. Revogado o benefício, a parte arcará com as despesas processuais que
tiver deixado de adiantar e pagará, em caso de má-fé, até o décuplo de seu valor a título
de multa, que será revertida em benefício da Fazenda Pública estadual ou federal e
poderá ser inscrita em dívida ativa.
Contudo, contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá,
sim, agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação, nos
termos do art. 101 do NCPC:
Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.
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Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem
sobre:
(...)
Indo além, o STJ entendeu que será cabível agravo de instrumento contra o provimento jurisdicional que,
após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação à gratuidade de justiça
instaurado, em autos apartados, na vigência do regramento anterior. STJ. 3ª Turma. REsp 1.666.321-RS, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 07/11/2017 (Info 615).
Lembrem-se que antes do CPC/15, a Lei 1.060/50 previa que a impugnação ao deferimento da gratuidade
de justiça se dava por meio da instauração de incidente processual, em autos apartados. Atualmente, como vimos,
a regra é que poderá ser impugnado em preliminar de contestação.
Sobre a possibilidade de concessão da gratuidade sem pedido expresso da parte, 1ª Turma do STJ veda sua
a concessão “ex officio” pelo magistrado. Assim, é indispensável que haja pedido expresso da parte (STJ. 1ª Turma.
AgInt no REsp 1740075/RJ, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 18/09/2018).
Por outro lado, em fases mais avançadas, pode-se trazer o posicionamento institucional (minoritário)
encabeçado pelo professor Franklyn Roger de que o direito à gratuidade de justiça deve ser reconhecido ainda que
inexista requerimento do interessado.
Sendo assim, a exigência formal de alegação da insuficiência de recursos não deve ser
vista como uma condição prévia e inafastável ao reconhecimento do direito à gratuidade
8Oliveira, Rafael Alexandria de. Aspectos Procedimentais do Benefício da Justiça Gratuita, in Sousa, José Augusto Garcia de (coord.). Coleção
Repercussões do Novo CPC – Defensoria Pública, Salvador: Juspodivm, 2015, pág. 65.
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Desse modo, não se mostra necessária a formulação de pedido expresso para que seja
reconhecido o direito à gratuidade de justiça; se as circunstâncias da causa ou os
elementos probatórios trazidos aos autos evidenciarem a incapacidade econômica da
parte de arcar com o pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios,
poderá o juiz reconhecer de ofício o direito à gratuidade, dispensando o recolhimento
antecipado das custas lato sensu.”9
Outro ponto importante sobre o tema é saber que é proibida a edição de medida provisória sobre
Defensoria Pública (pois é matéria reservada à Lei Complementar). Detalhe importantíssimo é que embora a
Constituição Federal reserve ao Presidente da República a iniciativa de leis que disponham sobre a organização da
Defensoria Pública da União e normas gerais para a organização da Defensoria dos Estados e do Distrito Federal,
não exclui a iniciativa privativa dos defensores públicos-gerais para leis que disponham sobre a organização,
atribuições e estatuto correspondente. Esse tema é de grande relevância e está expresso em nosso edital da DPE-
RJ: A Defensoria Pública e a repartição constitucional de competências legislativas.
A título de aprofundamento, é bom lembrar que segundo Frankyln Roger e Diogo Esteves, “a Defensoria
Pública recebeu do constituinte originário o qualificativo de "função essencial à justiça" (Título IV, Capítulo IV),
sendo considerada "instituição permanente”, essencial à função jurisdicional do Estado" (art. 134 da CRFB, com
redação dada pela Emenda Constitucional no 80/2014)”. 10
É exatamente por isso que parte da doutrina entende que a Defensoria Pública constitui parte integrante
da identidade ética, política e jurídica da CF/88, cuja existência e características devem ser preservadas da ação do
poder constituinte derivado reformador (poder legislativo).
Assim, doutrinadores de peso, a exemplo de Felipe Caldas Menezes, sustentam que a Defensoria seria, de
fato, uma cláusula pétrea exatamente por instrumentalizar a garantia constitucional da assistência jurídica integral
e gratuita, tendo sido esse posicionamento encampado pelo art. 1º da LC nº 80/1994. Nesse sentido o autor:
9 Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense,
2018, p. 230.
10 Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense,
2018, p. 115.
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Ainda, precisamos falar sobre os modelos de prestação de assistência jurídica no Brasil e no mundo.
Segundo Diogo Esteves e Franklyn Roger Alves Silva12:
3.1 PRO BONO Advogados particulares atuam sem receber qualquer pagamento, a título caritativo.
3.2 JUDICARE Advogados particulares atuam e recebem do Estado. Ex: dativos.
Como vimos, a nossa Constituição adota o Salaried Staff Model, também chamado de modelo público.
11 MENEZES, Felipe Caldas. A reforma da Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública: disposições gerais e especificas relativas à organização
da Defensoria Pública da União. In: SOUSA, José Augusto Garcia de. Uma nova Defensoria Pública pede passagem. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2011, pág. 137/138.
12Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2018 P.7/14.
13 Idem.
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Vejam:
“No Brasil, o legislador constituinte realizou a adoção expressa do salaried staff model,
incumbindo a Defensoria Pública de realizar a assistência jurídica integral e gratuita dos
necessitados (art. 134 da CRFB). Com isso, formalizou-se a opção pela criação de
organismo estatal destinado à prestação direta dos serviços jurídico-assistenciais, com
profissionais concursados, titulares de cargos públicos efetivos e remunerados de
maneira fixa diretamente pelo Estado, sob regime de dedicação exclusiva (art. 134, § 1º,
da CRFB). Embora custeada por recursos públicos, a Defensoria Pública encontra-se
desvinculada dos Poderes Estatais, podendo livremente exercer os serviços de assistência
jurídica gratuita aos necessitados, "inclusive contra as Pessoas Jurídicas de Direito
Público" (art. 4º, § 2º, da LC nº 80/1994). Com isso, resta assegurada a independência
funcional do Defensor Público na tomada de decisões polêmicas e protegida a Instituição
de ataques políticos nos casos mais controversos.” 14
SE LIGA, ALUN@ RDP: como vimos acima, a Defensoria Pública é mantida com recursos públicos, mas se encontra
desvinculada das funções de Poder da República; ademais, sua atuação pode ser, inclusive, contra os interesses de
órgãos e entidades da Administração direta ou indireta.
Nessa esteira, devemos ter em mente que a Defensoria se caracteriza como órgão DE Estado, haja vista sua
natureza jurídica de direito público interno. Não pode, no entanto, ser considerada como órgão DO Estado, já que,
como dito, não pertence nem está vinculada a nenhum outro órgão ou entidade pública (essa diferenciação já
apareceu em prova).
Ademais, devemos criticar duramente o enunciado nº 421 da Súmula do STJ, que diz: “Os honorários advocatícios
não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.”
Isso porque o enunciado parte de uma concepção incorreta, haja vista que, como dito, não há pertencimento da
Defensoria a nenhuma outra pessoa jurídica de direito público. Mais à frente aprofundaremos as discussões em
relação a esse ponto.
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “O modelo de assistência judiciária gratuita adotado pela Constituição Federal vigente
no país denomina-se judicare”.15
A nível de aprofundamento (porque DPE-RJ a gente nunca se sabe), é bom anotar que segundo a doutrina
de Franklyn Roger e Diogo Esteves (201816), o salaried staff model se desdobra em três submodalidades:
"o próprio poder público opta pela criação de organismos estatais destinados à prestação
direta dos serviços de assistência judiciária (e eventualmente também de assistência
jurídica extrajudicial), contratando para tanto advogados que, neste caso, manterão
14 Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2018, p.13
15 ERRADO.
16 Esteves, Diogo. Silva, Franklyn Roger Alves. Princípios Institucionais da Defensoria Pública - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2018.
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vínculo funcional com o próprio ente público". Como exemplo, os autores citam a
Defensoria Pública brasileira e o “Ministério Público de la Defensa argentino”.
No salaried staff model indireto, por outro lado, os autores estabelecem que:
“os serviços podem ser prestados por entidades não estatais, via de regra sem fins
lucrativos, que recebem subsídios dos cofres públicos para custeio de suas despesas,
inclusive para o pagamento dos advogados contratados cujo vínculo empregatício será
estabelecido com essas respectivas entidades e não com o Estado”. Diogo e Roger
também apontam como exemplo os Neighborhood Law Offices, implementados nos
Estados Unidos na década de 1960.
Por fim, no salaried staff model universitário, “a assistência jurídica é prestada por advogados vinculados a
universidades públicas, que supervisionam o trabalho dos estudantes nos escritórios modelos. Não obstante o
serviço jurídico-assistencial seja prestado de forma gratuita à população, o advogado supervisor recebe
remuneração fixa proveniente dos cofres públicos, pelo exercício da atividade de docência universitária. Como
exemplo, podemos citar o Escritório Modelo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro”. (ROGER E ESTEVES,
2018).
De fato, no salaried staff model universitário, a prestação da assistência é feita por advogados vinculados a
universidades públicas, como o Escritório Modelo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Com relação ao acesso à justiça, não tenho dúvidas de que você já ouviu falar em Mauro Cappelletti e
Garth. Esses dois caras fizeram uma obra célebre chamada “Acesso à justiça”, e esse livro é fundamental para o
nosso concurso (calma, não precisa ler, rs).
Mas eu preciso que você entenda que eles dividiram o acesso à justiça em três ondas renovatórias, embora
atualmente a já existam na doutrina moderna outras duas novas ondas.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 14
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A dimensão ética e política do direito. Kim Economides ensina que o acesso à justiça exige
4.4 QUARTA ONDA
que o Direito seja exercido por todos os seus atores com base na ética e probidade.
A internacionalização da proteção dos direitos humanos perante os órgãos dos sistemas
4.5 QUINTA ONDA
internacionais de direitos humanos, como a Corte IDH e a CIDH.
Sobre as modernas ondas renovatórias (4ª e 5ª ondas), Diogo Esteves e Franklyn Roger Alves Silva17:
Ao longo da segunda metade do século XX, o Direito Internacional dos Direitos Humanos
atravessou importante processo de restauração, estimulado especialmente pelas duras
experiências legadas pelos dois conflitos mundiais. A tutela de direitos humanos ganhou
significativa atenção após a Segunda Guerra Mundial mediante a criação da Organização
das Nações Unidas e dos instrumentos normativos protetivos, com especial atenção para
a Carta de São Francisco, a Declaração Universal de Direitos Humanos, o Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos e o Pacto de Internacional de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, todos integrantes da chamada Carta Internacional de
Direitos Humanos. O processo de generalização da proteção internacional dos Direitos
Humanos desencadeou o surgimento de um novo movimento de acesso à justiça, que
conforma o desenvolvimento de uma nova onda renovatória, dedicada à efetividade da
proteção jurídica do indivíduo em face do próprio Estado que deveria protegê-lo.”19
Nesse contexto, é importante trazermos à colação, diante do cenário da crise ocasionada pela Covid-19,
temas afetos à tecnologização da Defensoria Pública, que faz trazer ao debate uma nova onda de acesso à justiça: a
6º onda. Em artigo publicado recentemente, Eduardo Mesquita Gibrail, que é Defensor Público no Estado do Rio de
Janeiro, assim estabelece20:
17 Idem.
18 Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2018, p.44.
19 Idem. P.46.
20 Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-jul-07/tribuna-defensoria-crise-covid-19-tecnologizacao-defensoria-publica#author.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 15
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Todavia, ainda não se tinha visto – antes da pandemia mundial ora vivenciada – a efetiva
tecnologização da assistência jurídica, de forma integral e substitutiva ao atendimento
presencial.
Dados divulgados no site oficial da Defensoria Fluminense dão conta de que, no período
compreendido entre a implementação do funcionamento remoto e o dia 17 de junho de
2020, foram registrados 144 mil atendimentos.”
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 16
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Conclui o autor que “a forçada mudança de paradigma, do “analógico” para o “digital”, que já era
fomentada no texto das "Regras de Brasília sobre Acesso à Justiça das Pessoas em Condições de Vulnerabilidade"
(100 Regras de Brasília),21 pode deixar, como herança, um serviço público jurídico-assistencial mais moderno e,
portanto, mais eficaz. Novas perspectivas, antes inexploradas, agora vieram à tona, e o futuro se incumbirá de
trazer outras, de modo que não há outra conclusão senão compreender, em definitivo, que não há mais como voltar
atrás.”
Vocês já ouviram falar em Visual Law? Se nunca ouviram falar, com certeza conhecem o famoso QR-CODE.
Pois bem. Visual Law nada mais é que uma área que utiliza elementos visuais para tornar o Direito mais claro e
compreensível. A utilização de QR-Codes em petições iniciais, contestações e recursos, por exemplo, é uma
frequente materialização prática do visual law.
Também é importante sabermos sobe as funções típicas e atípicas desempenhadas pela Defensoria
Pública. Segundo Franklyn Roger Alves e Diogo Esteves23, há a classificação clássica em típica e atípica, que vamos
entender agora.
Como função típica, pode-se entender como sendo “aquelas exercidas com o objetivo de tutelar direitos de
indivíduos hipossuficientes econômicos nas esferas judiciais e extrajudiciais”.
Já a função atípica seria “toda aquela que não se relacionar com a deficitária condição econômica do
sujeito, sendo desempenhadas pela Defensoria Pública independentemente da verificação da hipossuficiência do
destinatário. Nesses casos o fator econômico é irrelevante”. É o caso, por exemplo, do exercício da curadoria
especial no processo civil. Imagine o caso em que Sílvio Santos, dono do SBT, é revel em um processo que foi citado
por edital. Neste caso, a Defensoria Pública poderá atuar na qualidade de curador especial, tendo em vista que não
há a verificação de fator econômico. Trata-se, nesse caso, de uma hipossuficiência processual, momentânea e
pontual, que merece atuação da DP.
CAIU NA DPE-AL-2017-CESPE: “As funções atípicas da Defensoria Pública prescindem da insuficiência de recursos
financeiros e abarcam os organizacionalmente vulneráveis”. 24
21 Capítulo IV, Seção 5, Regra 95: "Procurar-se-á o aproveitamento das possibilidades que o progresso técnico possa oferecer para melhorar
as condições de acesso à justiça das pessoas em condição de vulnerabilidade".
22 Disponível em: https://anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=45197. Acesso em: 27/01/2021.
23 Silva, Franklyn Roger Alves; Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública Editora Forense. Edição do Kindle. 2017
24 CORRETO. Lembre-se que “prescindir” é sinônimo de dispensar. O CESPE ama!
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 17
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A classificação em “típica e atípica” vem sendo menos utilizada, havendo uma nova doutrina. Para o
professor José Augusto Garcia25, há, em vez de “típica e atípica”, funções tradicionais (ou tendencialmente
individualistas) e aquelas não tradicionais (ou tendencialmente solidaristas).
As “funções tradicionais” seriam aquelas “ligadas à atividade básica (ou mínima) da Defensoria Pública,
classicamente associadas à carência econômica do indivíduo”. É, em síntese, equivalente à função “típica” que
vimos acima.
Já a função não tradicional decorre do solidarismo jurídico, dentre as quais se destacam as atribuições que
tencionam a proteção concomitante de pessoas carentes e não carentes (ex.: ação civil pública relativa a direitos
difusos), as atribuições que repercutem em favor de pessoas carentes e também beneficiam de forma nominal
pessoas não necessariamente hipossuficientes (ex.: representação judicial de um casal abastado que visa à adoção
de uma criança internada), etc. Assim, vejam a tabela abaixo para ficar mais claro.
Ex.: ação de indenização ajuizada por um Ex.: atuação da DPE como custos vulnerabilis na
hipossuficiente econômico representado pela execução penal.
Defensoria Pública.
Desse modo, a DP foi o primeiro, dentre os atores processuais, a incorporar, por meio de alteração
legislativa, a ideia de tratamento adequado de conflitos, voltada não apenas a resolvê-los, mas também,
administrá-los. Desse modo, é possível divergir da doutrina majoritária, que atribui a primazia do tratamento
adequado de conflitos à Resolução 125 do CNJ, pois esta somente foi editada em 2010, ou seja, 1 ano depois.
Não se discute a relevância normativa da Resolução 125, do CNJ, porque ela foi a primeira norma de
âmbito federal que institui uma política judiciária nacional de tratamento adequado de conflitos relativa ao Poder
Judiciário. Todavia, uma noção mais contemporânea de acesso à justiça não se confunde com o acesso ao
25Esse autor é examinador da DPERJ. Para entender melhor as funções tradicionais e não tradicionais, recomendamos uma rápida leitura do
seu artigo “O Destino de Gaia e as Funções Constitucionais da Defensoria Pública".
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Judiciário, de modo que não podemos ignorar que a LC 80/94 foi a primeira lei federal que estabeleceu uma
cláusula geral e aberta para o tratamento adequado do conflito, utilizando-se a técnica que se mostrasse mais
adequada ao caso concreto.
Devemos considerar, ainda, a reconfiguração que o Processo Civil, através das mudanças de fase
metodológica, sofreu, de modo que o CPC de 2015 não pode ser interpretado com o mesmo olhar do CPC de 1973.
Isso porque este se encontrava plenamente adaptado à doutrina do instrumentalismo, a qual conferia à jurisdição
o papel central na resolução do conflito, devendo o Magistrado adequar o processo ao direito material (o que se
critica por conferir um protagonismo excessivo ao juiz, sem a participação das partes).
No instrumentalismo, o processo é visto como um instrumento, que deve ser conformado pelos juízes às
exigências do direito material. Por outro lado, o formalismo valorativo afasta a jurisdição do vértice do sistema,
para atribuir ao processo a posição central da teoria (a forma processual serve como garantia, e não amarra da
justiça).
O processo é visto como valorativo, pois ele serve à construção do direito posto pelo jurisdicionado e uma
proteção quanto ao arbítrio judicial, configurando-se, portanto, como verdadeiro direito fundamental.
Por essa razão, doutrinadores, como Hermes Zanetti Jr., defendem uma relação circular entre o direito
processual e o direito material, na qual o processo serve ao direito material, mas, para que assim o faça, é
necessário que seja servido para aquele, o que resulta na construção de um direito material novo pelo processo.
Isso é relevante, pois, assim, o processo passa a admitir outras soluções, para além da sentença adjudicada. O que
se observa é que o CPC de 2015 adotou um sistema de múltiplas portas de acesso à justiça, onde há várias formas
de se iniciar o processo, devendo ser asseguradas, também, várias “portas” para se sair dele. 26
Neste sentido, o caput do art. 3º, do CPC consagra o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.
Mas, no § 1º, autoriza a arbitragem, na forma da lei. No § 2º afirma que o Estado promoverá, sempre que possível,
a solução consensual dos conflitos, e, por fim, no § 3º, estabelece que a conciliação, a mediação e outros métodos
consensuais de solução de conflitos (consagra-se, mais uma vez, uma cláusula geral de tratamento de conflitos, a
qual dialoga com a cláusula geral prevista no art. 4º, II, da LC 80/94) deverão ser estimulados por juízes, advogados,
defensores públicos e membros do MP, inclusive no curso do processo judicial.
A realidade é que o CPC de 2015 tem uma aplicação diferente daquela que observamos, quando
estudamos outros microssistemas. Por exemplo, no microssistema de tutela coletiva devemos buscar uma solução,
primeiro, no próprio microssistema e, após, no CPC, em caráter subsidiário. No microssistema de autocomposição,
entretanto, o CPC não possui aplicação subsidiária, pois ele se comunica diretamente com as normas do
microssistema, possuindo grande importância a cláusula geral de atipicidade de tratamento de conflitos.
Trata-se de “uma instituição pública (criada normalmente pela Constituição e regulada por lei do
Parlamento) dotada de autonomia, cuja finalidade principal é proteger os direitos humanos dos cidadãos frente à
Administração Pública do país respectivo." (PARECER "Dimensões Constitucionais da Defensoria Pública da União",
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 19
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de autoria do Professor Daniel Sarmento a ANADEF27). Nesse parecer, o professor Daniel Sarmento responde a
alguns questionamentos, entre eles, o seguinte: “As Emendas Constitucionais 74/2013 e 80/2014 permitem que os
Defensores Públicos Federais exerçam a função de Ombudsman?”
CAIU NA DPE-AL-CESPE-2017: “No que diz respeito às funções típicas e atípicas da Defensoria Pública, é correto
afirmar que a função de ombudsman exercida pela Defensoria Pública brasileira em defesa dos direitos humanos
consiste em atribuição típica”.28
Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) Nº 4636, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), em que discutia a obrigatoriedade do Defensor Público ser inscrito na OAB, o ministro
relator Gilmar Mendes defendeu a não obrigatoriedade de inscrição na OAB para postular em juízo pelos
Defensores, e ainda fez uma observação muito importante sobre a atuação da instituição enquanto ombudsman,
vejam:
“Conclui-se que a Defensoria Pública, agente de transformação social, tem por tarefa
assistir aqueles que, de alguma forma, encontram barreiras para exercitar seus direitos.
Naturalmente sua atribuição precípua é o resguardo dos interesses dos carentes vistos
sob o prisma financeiro. Todavia, ressalto, não é a única. Ora, as desigualdades
responsáveis pela intensa instabilidade social não são apenas de ordem econômica.
o Recurso Especial nº 1.710.155 – CE no STJ, cuja tese fixada foi a de que os defensores não precisam estar inscritos na OAB para postularem
em juízo (disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/acordao-stj-defensores-publicos-nao.pdf. Acesso em: 27/01/2021).
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(...)
Em seu voto, o Ministro Gilmar Mendes deixou claro que “tanto a expressão “insuficiência de recursos”,
quanto “necessitados” podem aplicar-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas jurídicas”.
Transcrevo abaixo, para fins de aprofundamento para fases discursivas e orais, o voto do Relator:
(...) Lembro que não há, em princípio, impedimento insuperável a que pessoas jurídicas
venham, também, a ser consideradas titulares de direitos fundamentais, não obstante
estes, originalmente, terem por referência a pessoa física. Acha-se superada a doutrina
de que os direitos fundamentais se dirigem apenas às pessoas humanas.
Os direitos fundamentais suscetíveis, por sua natureza, de serem exercidos por pessoas
jurídicas podem tê-las por titular. Assim, não haveria por recusar às pessoas jurídicas as
consequências do princípio da igualdade, nem o direito de resposta, o direito de
propriedade, o sigilo de correspondência, a inviolabilidade de domicílio, as garantias do
direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada. Os direitos fundamentais à
honra e à imagem, ensejando pretensão de reparação pecuniária, também podem ser
titularizados pela pessoa jurídica.
(...) Podemos concluir, assim, que as pessoas jurídicas são titulares do direito à
inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV) e dos direitos do tipo procedimental, como o
direito a ser ouvido em juízo e o direito ao juiz predeterminado por lei, o direito à
igualdade de armas e o direito à ampla defesa (HC 70.514, DJ 27.6.1997).
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Por esta razão, a pretensão aventada pela requerente, quando pleiteia a declaração de
inconstitucionalidade da expressão “e jurídicas”, constante do inciso V do artigo 4º da Lei
Complementar 80/94, com o objetivo de restringir a assistência da Defensoria Pública
apenas as pessoas físicas, não encontra guarita na Constituição Federal.”
Como bem lembra Pedro Lenza (Manual de Direito Constitucional Esquematizado, 2020), o Estado do Rio
de Janeiro foi o primeiro na implementação da Defensoria Pública no Brasil, servindo de modelo para edição da LC
80/1994, inclusive.
Nesse sentido, abro parênteses para mencionar um recente julgado do STF que declarou inconstitucional
um artigo do ADCT da Constituição do Estado de Sergipe. Vamos entender melhor, e logo depois voltamos para o
assunto custos vulnerabilis.
É que antes da CF/88, alguns Estados possuíam Defensoria Pública por força de leis estaduais (ex.: DPE-RJ).
Outros estados, embora não tivessem a Defensoria Púbica com esse nome, tinham advogados contratados pelo
Estado para exercerem uma função muito parecida com a que conhecemos hoje na Defensoria Pública.
Art. 22. É assegurado aos defensores públicos investidos na função até a data de
instalação da Assembleia Nacional Constituinte o direito de opção pela carreira, com a
observância das garantias e vedações previstas no art. 134, parágrafo único, da
Constituição.
Ou seja, o art. 22 do ADCT da CF/88 previu que as pessoas que estivessem exercendo a função de Defensor
Público até 01/02/1987 (data de instalação da Assembleia Nacional Constituinte) pudessem optar pela carreira de
Defensor Público.
De forma semelhante, o art. 15 do ADCT da Constituição do Estado de Sergipe passou a prever o seguinte:
Art. 15. É assegurado aos defensores públicos investidos da função até a data da
instalação da Assembleia Estadual Constituinte o direito de opção pela carreira, com a
observância das garantias e vedações previstas no art. 123, parágrafo único, da
Constituição Estadual.
Contudo, a data da instalação da Assembleia Estadual Constituinte do Estado do Sergipe foi posterior à
data de instalação da Assembleia Nacional Constituinte (CF/88). Assim, houve simplesmente a ampliação do prazo
do art. 22 do ADCT da CF/88, concordam?
O STF, ao analisar a ADI 5011 em 08/06/2020, entendeu que o art. 15 do ADCT da CE/SE ampliou o limite
temporal de excepcionalidade previsto pelo art. 22 do ADCT da CF/88 e, por essa razão, feriu a regra do concurso
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 22
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público (art. 37, II, da Constituição Federal). O art. 22 do ADCT criou, de modo excepcional, uma forma derivada de
investidura em cargo público. Trata-se de uma exceção à regra geral do concurso público e, portanto, não pode ser
ampliada pelo constituinte estadual. STF. Plenário. ADI 5011, Rel. Edson Fachin, julgado em 08/06/2020 (Info
984).30
Agora voltamos ao ponto anterior, em que estávamos tratando sobre a gênese da DPE-RJ.
Pois bem!
Foi no Distrito Federal (então cidade do Rio de Janeiro, posterior Estado da Guanabara) assim como no
antigo Estado do Rio de Janeiro (este abrangia todo o Estado do Rio, exceto a cidade Rio de Janeiro, capital), que a
Defensoria Pública estava inserida dentro da carreira do Ministério Público, como bem assevera Diogo Esteves e
Franklyn Roger em sua obra sobre Princípios Institucionais. Assim, a assistência aos necessitados era prestada por
integrantes da carreira do MP.
Por mais estranho que possa parecer, a Defensoria Pública surge atrelada à carreira do MP. A lei do antigo
Distrito Federal trazia a carreira do Ministério Público com os seguintes cargos: Defensor Público, Promotor
Substituto, Promotor Público e Curador. O primeiro cargo (Defensor) era provido por concurso público, e os demais
por promoção (ascensão funcional).
Em outras palavras, o candidato aprovado entraria na carreira do Ministério Público como Defensor, e ia
sendo promovido até chegar a ser Promotor.
Maurílio Casas Maia sustenta que essa ideia de colocar o cargo de Defensor antes do de Promotor, na
mesma carreira, demonstra que a intenção do legislador era de que, antes de acusar, seria necessário ter passado
pelas mazelas da defesa, isto é, ter conhecido na pele as dificuldades inerentes à defesa.
É importante dizer que, a partir do termo “necessitados”, hoje em ampla construção, começaram a ser
desenvolvidos os modelos de atuação da Defensoria Pública.
Pedro Lenza (2020) lembra que Bheron Rocha (Defensor Público do Estado do Ceará e escritor de várias
obras sobre Defensoria) identifica três grandes modelos de atuação:
30Contudo, conforme estabelece Márcio do Dizer o Direito no Inf. 984 comentado, tendo em vista que já se passaram muitos anos d esde a
edição da CE/SE, o STF entendeu que, em homenagem à segurança jurídica, deveriam ser preservadas as aposentadorias e pensões dos
Defensores nomeados pelos atos derivados da norma inconstitucional (modulação dos efeitos). Assim, o STF julgou procedente o pedido da
ADI para declarar a inconstitucionalidade do art. 15 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias do Estado de Sergipe, ressalvando,
nos termos do art. 27 da Lei nº 9.868/99, os servidores que já estejam aposentados (ou seus dependentes estejam em gozo de pensão por
morte) ou que, até a data do julgamento, tenham preenchido os requisitos para a aposentadoria. Para ler mais:
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2020/08/info-984-stf.pdf. Acesso em: 27/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 23
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10.2 LEGITIMADO A Defensoria atua em nome próprio, na defesa de direitos alheios. É o caso do
EXTRAORDINÁRIO ajuizamento de ação civil pública para defesa de vulneráveis (idosos, por
(AMICUS COMMUNITAS) exemplo).
10.3 GUARDIÃO DAS A Defensoria, neste caso, atua em nome próprio em razão de missão
VULNERABILIDADES institucional de promoção dos Direitos Humanos. O direito envolvido pode ser
(CUSTOS VULNERABILIS) individual ou coletivo.
Nesse sentido, gostaria de tratar especificamente sobre a atuação da Defensoria como “custos
vulnerabilis”, terceiro modelo visto nesse quadrinho.
“A expressão 'custos vulnerabilis', cujo emprego vem sendo defendido pela própria
Defensoria Pública, é pertinente para descrever o entendimento aqui robustecido. Seu
emprego e difusão têm a especial vantagem de colocar lado a lado – como deve ser em
se tratando de funções essenciais à administração da justiça – esta modalidade
interventiva a cargo da Defensoria Pública e a tradicional do Ministério Público. O 'fiscal
dos vulneráveis', para empregar a locução no vernáculo, ou, o que parece ser mais
correto diante do que corretamente vem sendo compreendido sobre a legitimidade ativa
da Defensoria Pública no âmbito do 'direito processual coletivo', o 'fiscal dos direitos
vulneráveis', deve atuar, destarte, sempre que os direitos e/ou interesses dos processos
(ainda que individuais) justifiquem a oitiva (e a correlata consideração) do
posicionamento institucional da Defensoria Pública, inclusive, mas não apenas, nos
processos formadores ou modificadores dos indexadores jurisprudenciais, tão
enaltecidos pelo Código de Processo Civil. Trata-se de fator de legitimação decisória
indispensável e que não pode ser negada a qualquer título.” (Curso sistematizado de
direito processual civil, vol. 1: teoria geral do direito processual civil: parte geral do
código de processo civil. 9ª edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 219).
Para alguns, é no art. art. 554, § 1º do NCPC onde está positivado o embrião do custos vulnerabilis.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação
pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda,
a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria
Pública.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 24
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A decisão, que é simplesmente brilhante, ainda esclarece que o Ministério Público atua como uma espécie
de fiscal da democracia (custos democratiae) e a Defensoria Pública uma amiga da democracia (amicus
democratiae).31
Nesse sentido:
Conforme noticiado em 20 de setembro de 202032, “ao conceder Habeas Corpus a um acusado de tráfico
por excesso de prazo na citação, o desembargador Mario Parente Teófilo Neto, do Tribunal de Justiça do Ceará,
reconheceu que a Defensoria Pública atua como um instrumento da democracia e protetora dos direitos humanos.
Para o relator, membro da 1ª Câmara Criminal do TJ cearense, a defensoria se constitui em amicus democratiae e
guardiã dos direitos humanos dos cidadãos”. Para ler a decisão completa clique na nota de rodapé abaixo.33
Por fim, o Superior Tribunal de Justiça, em 27/09/2019, também admitiu a intervenção da Defensoria
Pública na qualidade de custos vulnerabilis, em decisão inédita tomada no REsp 1.712.163, admitindo que a DPU
intervenha no feito na qualidade de “guardião da vulnerabilidade”, em procedimento cível.
Nesse sentido:
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 25
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“Ao meu sentir, e sem esgotar o tema, acredito que, neste caso, a DPU pode, sim, atuar
como custos vulnerabilis, razão pela qual submeto o tema a esta eg. Segunda Seção,
pelos seguintes fundamentos. O art. 1.038, I, do NCPC, estabelece que o relator poderá
solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades com interesse na
controvérsia, considerando a relevância da matéria e consoante dispuser o regimento
interno. LUIZ GUILHERME MARINONI, acerca do mencionado dispositivo, esclarece que,
na verdade, a admissão da participação de terceiros, na hipótese, além de ter relação
com a relevância da matéria, vincula-se também à circunstância de se estar resolvendo os
casos de muitos em recurso de um ou de alguns poucos (Novo curso de processo civil:
tutela dos direitos mediante procedimento comum, volume II/Luiz Guilherme Marinoni,
Sérgio Cruz Arenhart, Daniel Mitidiero. 2a ed. rev., atual. e ampl. São Paulo, Editora
Revista dos Tribunais, 2016, pág. 613).
Nesse sentido, indo além, em 2020, o STJ admitiu a DPU como custos vulnerabilis no processo penal
(Habeas Corpus nº 568.693 – ES):
(...) Sendo assim, depreende-se do exposto acima que é cabível a admissão da Defensoria
Pública da União como custos vulnerabilis nos casos em que há formação de precedentes
em favor dos vulneráveis e dos direitos humanos. In casu, como já ressaltado, trata-se da
defesa de presos - que praticaram atos de menor gravidade - que não possuem
condições financeiras de saldar o valor estipulado a título de fiança e por isso
permanecem presos (ainda que em período reconhecido como de pandemia). Ora, a
vulnerabilidade econômica do grupo social que aqui se avulta é patente, mas, além dela,
trata-se, também, de pessoas em vulnerabilidade social. No mais, também não há dúvida
de que ao tratar de prisão de pessoas em vulnerabilidade econômica e social em
presídios com superlotação e insalubridade em tempos de COVID-19, estamos tratando
de direitos humanos, vez que se defende, aqui, a liberdade como direito civil e também a
liberdade real advinda dos direitos sociais. Assim, defiro o pedido da Defensoria Pública
da União para atuar no feito como custos vulnerabilis.”
Apesar de nosso concurso ser para a DPE-RJ, é bom saber que a Lei Complementar nº 135/2021 do Estado
do Pará, que alterou a Lei Orgânica da DPE-PA, passou a constar expressamente a intervenção custos vulnerabilis,
ao estabelecer o seguinte:
§ 11. Nas ações em que figure em quaisquer dos polos processuais grande número de
litigantes em situação de vulnerabilidade, a Defensoria Pública poderá requerer sua
intervenção para acompanhar o feito. 34
Por fim, mas antes de concluir, vamos conversar sobre outro ponto interessante!
Bem.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 26
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Vocês já perceberam que o Ministério Público atua como fiscal da ordem jurídica em primeiro e segundo
grau, não é? Pois bem. Isso quer dizer que caso o MP recorra de uma sentença ou elabore contrarrazões ao
recurso da defesa, o relator, em segundo grau, remeterá os autos do processo para o Procurador-Geral de Justiça
(na justiça estadual).
Ou seja, há um MP como órgão acusador, e há também o MP como fiscal da ordem jurídica (custos iuris),
que sempre irá velar pelas teses institucionais, que em sua maioria são contrárias à defesa e em prejuízo do réu.
Perceba que não há nenhuma paridade de armas entre acusação e defesa. Isso porque a defesa tem, em
tese, apenas uma única oportunidade de se manifestar, enquanto o MP se manifesta duas vezes: a primeira como
recorrente, ou, se assim não recorra, em contrarrazões do recurso da defesa; e a segunda através de manifestação
ministerial em segundo grau (como fiscal da ordem jurídica), o que com certeza influencia na hora do julgamento.
Isso acontece tanto nos Tribunais de segundo grau, como também no Tribunais Superiores (no STJ com os
subprocuradores da república e no STF com a Procuradoria Geral da República).
Sustenta-se que o Defensor Geral, representando a instituição Defensoria Pública, também viesse a atuar
como “custos vulnerabilis” em segundo grau e em situações de vulnerabilidade, assim como atua o MP como fiscal
da ordem jurídica (custos iuris). Assim, por exemplo, havendo qualquer espécie de vulnerabilidade no recurso, o
relator enviaria os autos também à Defensoria Pública do Estado para atuação do DPG.
Informo que isso é uma crítica doutrinária bem trabalhada por Maurílio Casas Maia e outros professores, e
que poderá ser argumentada em prova abertas, sobretudo oral.
Há inclusive caso amazonense que em sede de revisão criminal, determinou-se a intimação do Defensor
Público-Geral para que este fosse ouvido em segundo grau, face à paridade de armas. Em resumo, a teoria dos
poderes implícitos justificaria a representação da DPE como custos vulnerabilis.
Agora abro parênteses para acrescentar que o professor Franklyn Roger Alves Silva apresenta críticas a
alguns pontos no que tange ao estudo do custos vulnerabilis, a fim de evitar confusão entre custos vulnerabilis e
curadoria especial, por exemplo. Entre outras, o professor faz as seguintes provocações: qual a natureza jurídica do
custos vulnerabilis? Custos vulnerabilis é legitimidade extraordinária ou intervenção de terceiro anômala?
Nesse quesito, muitos estudos ainda estão por vir. Mas segundo a doutrina específica, custos vulnerabilis é
uma intervenção constitucional, porque vem de um mandamento constitucional, e não apenas do processo civil ou
do processo penal.
Por exemplo, a Defensoria atua como órgão da execução penal, segundo a LEP. Neste caso, poderia atuar a
Defensoria mesmo quando o apenado tem advogado particular? Sim, inclusive há caso na Defensoria Pública do
Estado do Amapá, em que a Defensoria Pública atuou em um Júri mesmo tendo o assistido contratado advogado
particular, considerando tratar-se de caso em que existia grande vulnerabilidade, razão pela qual o magistrado
permitiu o ingresso da DPE na qualidade de custos vulnerabilis35. Neste caso, a Defensoria está exercendo uma
missão constitucional, e as pessoas presas são, sem dúvidas, vulneráveis, tendo em vista sobretudo o estado de
coisas inconstitucional que vive o sistema penitenciário brasileiro. Assim, poderá a Defensoria atuar como “custos
vulnerabilis” no âmbito da execução penal, mesmo que o direito envolvido seja exclusivamente individual.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 27
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Apenas a título de aprofundamento, precisamos conhecer alguns detalhes sobre investigação defensiva e
poderes implícitos, tendo em vista que esses temas são prováveis questões de prova, seja em Princípios
Institucionais ou em Processo Penal.
O Ministério Público possui um maior aparato para a realização de investigações, seja porque possui
melhores meios investigatórios, seja através de seu poder requisitório para pessoas físicas e jurídicas, públicas e
privadas, sem contar com inúmeras possibilidades em conjunto com a polícia.
Portanto, face à teoria dos poderes implícitos, a autoridade policial não poderia negar de maneira
discricionária as provas requisitadas pela Defensoria Pública. Ademais, a investigação criminal defensiva não
precisa necessariamente ser conduzida dentro de inquérito ou de ação penal, isso porque, ao que se propõe, a
atuação investigatória realizada pela Defensoria goza de absoluta autonomia, cuja condução é feita pelo Defensor
Público e alimentada pelos elementos de prova colhidos diretamente por ele ou pelas informações requisitadas.37
A realidade é que não se mostra suficiente a simples abertura de vista para que a Defensoria Pública, no
exíguo prazo legal, ofereça a resposta arrolando suas testemunhas e indicando as provas que pretende produzir.
“Para tanto, não se mostra suficiente a simples abertura de vista para que a Defensoria
Pública, no exíguo prazo de 10 dias, ofereça resposta arrolando suas testemunhas e
indicando as provas que pretende produzir (art. 396 e art. 396-A, § 2°, do CPP). Afinal, as
provas não caem do céu e as testemunhas defensivas não surgem por simples passe de
mágica; a descoberta de evidências favoráveis ao imputado demanda tempo e recursos,
seja para a localização de testemunhas, seja para a realização de diligências objetivando a
colheita de outros elementos probatórios.”
36 Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense,
2018, p.527.
37 Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense,
2018, p.529.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 28
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Por fim, encerrando essa matéria por hoje, indispensável conhecer os enunciados aprovados no I Colóquio
Amazonense da Advocacia e Defensoria Pública, realizado em dezembro de 2019, sendo 14 enunciados aprovados
sobre a intervenção no processo como custos vulnerabilis.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 29
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ENUNCIADO 13 — Respeitadas as autonomias institucionais, OAB e Defensoria Pública poderão propor ações
coletivas conjuntamente, em litisconsórcio ativo, nas causas em que compartilharem interesses institucionais.
ENUNCIADO 14 — Nas ações coletivas propostas pela Defensoria Pública envolvendo direitos individuais
homogêneos – potencialmente ensejadoras de sentenças condenatórias genéricas seguidas de liquidações e
execuções individuais –, é recomendável que o órgão defensorial comunique por ofício a propositura da ação
coletiva e a prolação da sentença a fim de ampliar a publicidade da abertura da fase individual do processo
coletivo, facilitando assim a atuação advocatícia em favor dos beneficiários individuais não hipossuficientes
econômicos na fase individual, com consequente abertura ao mercado advocatício, viabilizando também à
Defensoria Pública a mais atenta atuação em prol dos necessitados econômicos na fase individual do processo.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 30
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Sobre esse ponto, primeiro saibam que a ANADEP (Associação Nacional dos Defensores Públicos) publicou
em seu site um texto com o título “OEA aprova nova resolução para a autonomia e fortalecimento da Defensoria
Pública”, em que escreveu38:
“A Organização dos Estados Americanos (OEA) deu mais um importante passo em prol do
fortalecimento da Defensoria Pública. Durante o 44º Período Ordinário de Sessões da
Assembleia Geral da OEA, que ocorreu no Paraguai, de 3 a 5 de junho, foi aprovada a
Resolução AG/RES. 2821 (XLIV-O/14). O documento intitulado “Rumo à autonomia e ao
fortalecimento da Defensoria Pública Oficial para garantir o acesso à justiça” visa
aprofundar o compromisso dos Estados-membros e também normatizar o trabalho dos
defensores na proteção dos direitos humanos.”
Sobre essas duas resoluções, trago abaixo apenas o que você precisa saber39:
a) Para a OEA, o acesso à justiça, tão fundamental, é também o meio que possibilita
restabelecer o exercício dos direitos que tenham sido ignorados ou violados, e salienta
que o acesso à justiça não se esgota com o ingresso das pessoas na instância judicial, mas
que se estende ao longo de todo o processo, o qual deve ser instruído segundo os
princípios que fundamentam o Estado de Direito;
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 31
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No que se refere à Resolução nº 2.656 (XLI-0/11) da OEA e a importância dos defensores públicos oficiais,
claras são as palavras de Valério de Oliveira Mazzuoli em seu Curso de Direitos Humanos (2018):
“No mesmo compasso, deve-se lembrar que a Organização dos Estados Americanos
(OEA) tem recomendado aos Estados que as suas Defensorias Públicas sejam autônomas
e independentes. Assim, na Resolução 2.656 (XLI-0/11), de 7 de julho de 2011, a OEA,
além de reconhecer que o acesso à justiça é um direito humano fundamental, e que
somente por meio dele se pode restabelecer o exercício dos direitos que tenham sido
ignorados ou violados, veio expressamente apoiar “o trabalho que vêm desenvolvendo os
defensores públicos oficiais dos Estados do Hemisfério, que constitui um aspecto
essencial para o fortalecimento do acesso à justiça e à consolidação da democracia” (art.
2º). Na mesma Resolução também se recomendou “aos Estados-membros que já
disponham do serviço de assistência jurídica gratuita que adotem medidas que garantam
que os defensores públicos oficiais gozem de independência e autonomia funcional” (art.
4º). Relativamente aos Estados que ainda não têm Defensoria Pública, a Resolução
recomenda “que considerem a possibilidade de criá-la em seus ordenamentos jurídicos”
(art. 5º).14 Como decorrência dessa recomendação da OEA, o Congresso Nacional
brasileiro finalmente inseriu (por meio da Proposta de Emenda à Constituição nº 4/2014)
um §4.º ao art. 134 da Constituição, consagrando expressamente como princípios básicos
da Defensoria Pública “a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional”. Trata-
se de uma conquista de todos os defensores públicos brasileiros, proveniente do sistema
regional interamericano, que fortalece a instituição e qualifica os defensores como
agentes de transformação social. Tal está a demonstrar que os instrumentos de soft law –
esse é o caso da Resolução 2.656 (XLI-0/11) da OEA – comportam certa eficácia nas
ordens internas dos Estados, fazendo operar até mesmo alterações legislativas (inclusive
de índole constitucional) no plano doméstico. Como mínimo eficacial, porém, destaque-
se que tais normativas hão de servir de baliza às ações dos Estados para o fim de que
estejam adequadas aos padrões básicos reconhecidos pelo direito internacional.”40
CAIU NA DPE-RO-VUNESP-2017: “Considerando que o acesso à Justiça é um direito humano fundamental, apoiar o
trabalho dos defensores públicos, como reconhecido pela OEA – Organização dos Estados Americanos, constitui
um aspecto essencial para a consolidação da democracia”. 41
Além disso, há também as resoluções nº 2.887/2016 e 2.928/2018, que veremos agora. Inicialmente, sobre
a Resolução nº 2.887/2016, apesar de ter sido aprovada em espanhol42, o site da ANADEP43 pontuou que:
“A Organização dos Estados Americanos (OEA) deu mais um importante passo em prol do
fortalecimento da Defensoria Pública. Durante o 46º Período Ordinário de Sessões da
Assembleia Geral da OEA, que ocorreu em Santo Domingo (República Dominicana), de 13
a 15 de junho, foi aprovada a Resolução AG/RES nº 2.887/2016. O documento intitulado
“Promoção e proteção dos direitos humanos” tem por objetivo aprofundar o
compromisso dos Estados-membros da Associação Interamericana de Defensorias
Públicas (AIDEF) e também normatizar o trabalho dos defensores na proteção dos direitos
40 Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos (pp. 485-486). 2019. Método. Edição do Kindle.
41 CERTO.
42 Disponível em: https://www.anadep.org.br/wtksite/grm/envio/2119/AG_Res_2887_(_mnibus).pdf. Acesso em: 02/12/2020.
43 Disponível em: https://www.anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=28460. Acesso em: 02/12/2020.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 32
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
(...) O documento intitulado tem por objetivo aprofundar o compromisso dos Estados-
membros da OEA e ressaltar o papel da Instituição como instrumento eficaz na garantia
do acesso à Justiça das pessoas em situações de vulnerabilidades. A Resolução aponta
também que é imprescindível o respeito à independência das defensoras e defensores
públicos no exercício de suas funções.
Direitos Humanos: (...) Defensor Interamericano. Regras de Brasília. Caso Ruano Torres
vs. El Salvador.
A Defensoria Pública Interamericana surgiu em 2009 após a celebração de um convênio entre a Corte IDH
(sistema americano) e a AIDEF (Associação Interamericana de Defensorias Públicas). Perceba, portanto, que este
convênio foi realizado entre a Corte e a AIDEF. A comissão, em tese, não fazia parte do convênio.
No entanto, em 2013 houve uma ampliação deste convênio, a fim de possibilitar a atuação dos Defensores
Públicos Interamericanos também na Comissão Interamericana.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 33
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
A previsão normativa do Defensor Público Interamericano está somente no regulamento da Corte (art. 2.11
do Regulamento da Corte).
CUIDADO: não há previsão convencional do Defensor Público Interamericano. A previsão está no regulamento da
Corte IDH.
Segundo o regulamento da Corte, a expressão “Defensor Interamericano” significa a pessoa que a Corte
designe para assumir a representação legal de uma suposta vítima que não tenha designado um defensor por si
mesma. Segundo o art. 37, em casos de supostas vítimas sem representação legal devidamente credenciada, O
TRIBUNAL poderá designar um Defensor Interamericano de ofício que as represente durante a tramitação do caso.
CAIU NA DPE-AP-2018-FCC: “Sobre a figura do Defensor Interamericano, é correto afirmar que em casos de
supostas vítimas sem representação legal devidamente credenciada, a Corte Interamericana de Direitos Humanos
poderá designar um Defensor Interamericano de ofício que as represente durante a tramitação do caso” 46.
Isso quer dizer que perante a Corte não há necessidade de a vítima comprovar hipossuficiência financeira,
vez que, haverá a designação de um DPI para atuar no caso, se esta carecer de recursos econômicos OU não
possuir representação legal (requisitos alternativos). Ou seja, trata-se de um conceito mais amplo de necessitado,
que abrange uma vulnerabilidade além da meramente financeira.
No entanto, compete a AIDEF aceitar ou não o caso apresentado pela Corte ou Comissão, oportunidade em
que deverá escolher dentre Defensoras e Defensores presentes em uma lista formada mediante a indicação de 2
Defensores por cada um dos países que compõe a AIDEF, sendo 2 titulares e 1 suplente.
CAIU NA DPU-2017-CESPE-2017: “Em razão do princípio da autonomia institucional da DP, a Corte IDH não tem
ingerência na designação de DP interamericano para assistir suposta vítima, sem representação legal, em processo
que tramite naquele órgão judicante”.47
CRITÉRIOS b) que os demais defensores públicos interamericanos (os outros dois) pertençam ao Estado
OBJETIVOS denunciado, salvo se, por disposições internas, não estiverem autorizados para demandar contra
seu próprio Estado, ou que não exista dentro da lista de defensores públicos interamericanos um
nacional do Estado denunciado;
a) a índole dos direitos violados;
b) as circunstâncias do caso;
CRITÉRIOS
c) a formação curricular e acadêmica do defensor público interamericano; e
SUBJETIVOS
d) a experiência do defensor público interamericano em intervenções ou litígios que guardem
relação com a índole dos direitos violados e as circunstâncias do caso.
Há previsão no Regulamento Unificado que os defensores públicos são eleitos para um período de três
anos, podendo ser reeleitos para somente um período consecutivo (art. 6.5). E de acordo com o Regulamento
Unificado, os defensores públicos interamericanos somente devem ser afastados ou licenciados de suas atividades
46 CORRETO.
47 ERRADO, porque quem designa é o Tribunal.
48 Há o Regulamento em Espanhol em:
http://www.mpd.gov.ar/users/uploads/1400261907Regl%20Unif%20AIDEF%20ante%20la%20CIDH%20-%20CorteIDH.pdf. Acesso em:
02/12/2020.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 34
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
na respectiva Defensoria Pública nacional de origem para atuarem nos casos para os quais forem designados, não
sofrendo, nesse período, nenhuma diminuição nem perda de sua remuneração (art. 8.1).
CAIU NA DPE-SP-2012-FCC: “Os Defensores Públicos Interamericanos atuam por designação da Corte
Interamericana de Direitos Humanos para que assumam a representação legal de vítimas que não tenham
designado defensor próprio”.49
49CORRETO.
50ERRADO. Veja o que Caio Paiva escreveu em seu Blog: “(...) 18. É cabível a atuação concorrente de defensor público interamericano nos
processos em que a representação legal da vítima estiver a cargo de defensor público nacional? Entendo que não, e isso porque os
regulamentos que tratam do defensor público interamericano são muito claros ao condicionar sua atuação à ausência de representação
legal da vítima.”
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 35
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
escassez de recursos do sistema interamericano, bem assim com o pouco caso que fazem
muitos de seus Estados de origem quanto à importância de suas atribuições”.51
Franklyn Roger e Diogo Esteves (2018) estabelecem que “há uma tendência em se reconhecer um maior
papel de atuação da Defensoria Pública no sistema interamericano, não só na Comissão como também na própria
Corte, ficando o Defensor Interamericano com o encargo de acompanhar as vítimas desassistidas. O ativismo das
Defensorias Públicas latinas também contribuiu para a iniciativa de denúncias oferecidas por Defensores Públicos
na defesa de vítimas, em atenção ao art. 23 do Regulamento da Comissão Interamericana, além da implementação
da figura do Defensor Interamericano, destinado a atuar em favor de partes que não tenham representação
adequada perante o sistema protetivo interamericano”.52
(...) Do relevante papel que tem desempenhado a Defensoria Pública na proteção e defesa
do meio ambiente, tal como preconiza o art. 4.º, X, da Lei Complementar nº 80/1994,
segundo o qual são funções institucionais da Defensoria Pública, entre outras, “promover
a mais ampla defesa dos direitos fundamentais dos necessitados, abrangendo seus
direitos individuais, coletivos, sociais, econômicos, culturais e ambientais, sendo
admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva
tutela”. Em suma, o papel da Defensoria Pública na promoção e defesa dos direitos
humanos lato sensu é altamente relevante, especialmente em face dos desafios dos
chamados “novos direitos” e das questões difusas e coletivas que constantemente se
apresentam, v.ġ., a proteção do meio ambiente. Também, uma atuação preventiva ou
precaucional (orientações, recomendações, acordos etc.) e iniciativas de cunho repressivo
fazem parte do cotidiano da Defensoria Pública, com a utilização dos instrumentos de
tutela, em especial as ações civis públicas, para assegurar a concretização dos direitos
inerentes à dignidade da pessoa humana. 53
O caso Furlan vs Argentina foi o primeiro caso envolvendo a atuação da Defensoria Pública Interamericana.
Neste caso, a doutrina resume que “em 1988, Sebastián Furlan, criança pequena de apenas 14 anos de idade,
adentrou em um prédio próximo à sua residência com o intuito de se divertir. Ocorre que o prédio era na verdade
um circuito de treinamento militar abandonado, de propriedade do exército argentino. Não havia qualquer tipo de
proteção, cerca ou obstáculo que impedisse o ingresso das crianças no local, que era considerado o ponto de
encontro dos jovens para a prática de esportes e brincadeiras. Naquele dia, o jovem Furlan se pendurou em uma
viga pertencente às instalações militares do Exército Argentino e a peça, de cerca de 50 kg, caiu sobre sua cabeça,
deixando-o inconsciente. Após diversas intervenções cirurgias e longo tempo de internação, o menino Furlan saiu
do hospital com dificuldades na fala e para exercer o movimento dos membros superiores e inferiores.” 54
A Corte IDH, em resumo, condenou o Estado da Argentina pela violação do direito do menino Furlan e sua
família ao julgamento do processo em prazo razoável, entre outros.
O Caso Mohamed vs Argentina foi o segundo processo julgado na Corte IDH em que houve a atuação da
Defensoria Pública Interamericana, tendo em vista que o advogado do senhor Mohamed faleceu durante o
processamento da causa perante a Comissão Interamericana.
51 Mazzuoli, Valerio de Oliveira. Curso de Direitos Humanos (pp. 484-485). 2019. Método. Edição do Kindle.
52 Esteves, Diogo. Silva, Franklyn Roger Alves. Princípios Institucionais da Defensoria Pública - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2018, p. 47.
53 Mazzuoli, Valério de Oliveira. Curso de Direitos Humanos (pp. 486-487). 2019. Método. Edição do Kindle.
54 Paiva, CAIO. HEEMANN, Thimotie Aragon. Jurisprudência Internacional dos Direitos Humanos, 2020, p. 230/231.
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DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
O primeiro caso que contou com a atuação de um DPI brasileiro foi o Caso Pacheco Tíneo e família vs.
Bolívia, em que o Defensor Público de Mato Grosso, Roberto Tadeu Vaz Curvo, atuou em prol das vítimas de
violação de direitos humanos em contexto de refúgio.
O Caso Ruano Torres vs El Salvador, previsto expressamente no ponto do Edital, tratou da condenação do
Estado de El Salvador por violação, dentre outros, do direito de Ruano Torres a uma atuação responsável,
adequada e eficiente por parte da Defensoria Pública, comprometida com a defesa daqueles que necessitam de
seus serviços. Compete à Defensoria Pública fazer uma defesa empenhada, mediante a alegação de todas as teses
defensivas, interposição de recursos e adoção de todas as medidas processuais cabíveis para assegurar os direitos
do individuo, dentre outros. Concluiu a Corte IDH que o Estado poderá ser responsabilizado por uma atuação
deficiente da Defensoria Pública.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 37
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Vocês precisam saber que foi com a Emenda Constitucional nº 80/2014 que esse artigo sofreu uma grande
modificação. Primeiro, a Defensoria saiu da seção relativa à advocacia e ganhou uma seção própria. Segundo,
passou a prever, em sua redação, que Defensoria Pública, como expressão e instrumento do regime democrático,
fundamentalmente, tem incumbência constitucional de promoção dos direitos humanos.
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS
Para a doutrina, “no âmbito da Defensoria Pública, os princípios institucionais espelham os postulados
básicos e os valores fundamentais da Instituição, formando o núcleo essencial de sua sistemática normativa. Em
virtude de sua natureza normogenética, os princípios institucionais atuam como diretrizes que informam as
atividades produtiva, interpretativa e aplicativa das regras que, de algum modo, guardam relação com a Defensoria
Pública”. (Roger e Esteves, 2018, p. 355).
Além disso, não é demais reforçar que estes princípios, por sua natureza constitucional, são recobertos de
três modalidades primordiais de eficácia jurídica, como ensinam Roger e Esteves (2018, p. 356):
(i) eficácia negativa, que autoriza sejam declaradas inválidas todas as normas ou atos
aplicativos concretos que contravenham os efeitos pretendidos pelo art. 134, § 4º, da
CRFB;
(ii) eficácia positiva (ou simétrica), que assegura a exigibilidade dos efeitos pretendidos
pelos princípios institucionais; e
(iii) eficácia interpretativa, que subordina a aplicação das normas pertinentes aos valores
contidos nos princípios institucionais da Defensoria Pública.
55 Percebam o reforço no sentido de que a orientação não é apenas no âmbito do Poder Judiciário (o que se subsumiria à orientação
judicial), indo muito além.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 38
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
a) unidade;
b) indivisibilidade e
c) independência funcional.
PRINCÍPIOS
INSTITUCIONAIS
Vamos entender cada um, aprofundando em cada detalhe na medida certa para sua prova.
PRINCÍPIO DA UNIDADE
Para Roger e Esteves, o princípio da unidade (art. 134, § 4º, da CRFB e art. 3º da LC nº 80/1994) “indica que
a Defensoria Pública deve ser vista como instituição única, compondo seus membros um mesmo todo unitário.
Apesar de agir por intermédio de múltiplos braços, a Defensoria Pública consolida corpo único e encontra-se sob o
comando singular do Defensor Público-Geral”.
Ainda sobre o seu conceito, extensão e características, colaciono a seguinte citação dos mesmos autores:
Concluem os autores que “na verdade, funcionalmente os diversos ramos da Defensoria Pública se
encontram separados unicamente em virtude da distribuição constitucional de atribuições, criada para que a
Instituição possa melhor proteger aos interesses dos necessitados. (...) Justamente em virtude dessa unidade se
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 39
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
mostra possível a atuação conjunta e complementar das Defensorias Públicas nas hipóteses de deslocamento de
competência vertical e horizontal”.56
Assim sendo, atentem-se que, quando se fala no princípio da UNIDADE, deve-se considerar, no sentido
orgânico, a estrutura administrativa da Defensoria daquele estado respectivo (ou a estrutura em âmbito nacional,
quando se fala em DPU); por exemplo, a Defensoria do Rio de Janeiro, organicamente, tem unidade em relação à
sua estrutura interna espalhada pelo estado. Porém não terá unidade orgânica em relação à Defensoria do
Maranhão, pois esta tem outra estrutura administrativa e se sujeita à chefia de outro DPGE.
Diferente é a unidade funcional, pois a missão de todas as Defensorias é única, havendo unidade ideológica
no que tange o desenvolvimento de suas atividades. Porém, por exemplo, um Defensor do estado de Sergipe não
pode atuar como tal no estado de Santa Catarina, como regra. Em que pese haver essa unidade funcional, há toda
uma divisão de atribuições, com esteio na CRFB e na legislação infraconstitucional, que deve ser observada pelos
membros.57
Parte da doutrina, como é o caso de Caio Paiva e Tiago Fensterseifer, entende que o princípio da unidade
assume um caráter tríplice na estruturação da Defensoria: 1) unidade hierárquico-administrativa, 2) unidade
funcional e 3) unidade normativa.
Unidade hierárquico-
administrativa
Caráter tríplice
Princípio da Unidade Unidade funcional
Unidade normativa
56 Idem, p. 357/358.
57 Nesse aspecto, há similaridade com a questão da jurisdição; sabemos que, a rigor, a jurisdição é una e indivisível. Porém, cada magistrado
possui sua respectiva competência, de maneira que o exercício da jurisdição por esse membro fica limitado aos ditames constitucionais e
legais.
58 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 122.
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DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para
sua organização nos Estados (...)", sendo que extraímos desse dispositivo a conclusão de
que tanto a organização da DPU quanto as normas gerais prescritas para as Defensorias
dos Estados e do Distrito Federal devem observar uma singularidade normativa. A LC 80
contém gravíssima incongruência ao organizar a DPU e a DPDF de uma forma e, logo em
seguida, prescrever normas gerais diversas para a organização das Defensorias dos
Estados, o que se afigura com o decorrência de que, quando das alterações promovidas
pela LC 132/2009, somente as Defensorias dos Estados dispunham da autonomia
concedida pela EC 45, enquanto a DPU e a DPDF permaneciam vinculadas ao Poder
Executivo, cenário que foi alterado, respectivamente, em 2013 (EC 74) e em 2012 (EC
69). Desse modo, entendemos como derrogados os arts. 7, 12, 55 e 60 da LC 80, na parte
em que atribuem ao Presidente da República a competência para nomear o Subdefensor
Público-Geral e o Corregedor-Geral da DPU e da DPDF, enquanto, no âmbito das
Defensorias dos Estados, a LC 80 acertadamente confere tal competência ao Defensor
Público-Geral (arts. 99, § 1“, 104, caput). Outras violações da LC 80 ao princípio da
unidade normativa podem ser ressaltadas, a exemplo: 1) da atribuição ao Defensor
Público-Geral Federal de voto de qualidade, exceto em matéria de remoção e promoção
(art. 9“, § 1º), ao passo que o DPG das Defensorias do Distrito Federal e dos Estados tem
voto de qualidade, exceto em matéria disciplinar (arts. 57, § 1º, e 101, § 1º); 2) da
previsão legal da Ouvidoria-Geral somente para a Defensoria Pública dos Estados (art.
105-A); 3) da previsão legal, exclusiva para as DPI s, da investidura compulsória para o
cargo de DPG o defensor mais votado na lista tríplice caso o Chefe do Executivo não
efetive a nomeação nos quinze dias que se seguirem ao recebimento daquela lista (art.
99, § 4º), nada dispondo nesse sentido para a DPU ou para a DPDF; 4) da previsão de
prerrogativa exclusiva para os membros da DPDF de acesso a banco de dados de caráter
público e a locais que guardem pertinência com as suas atribuições (art. 89, XVI), entre
outras.
Em resumo:
PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE
O princípio da indivisibilidade constitui corolário do princípio da unidade, formando com ele verdadeira
relação de logicidade e dependência.
Nesse sentido, o escólio dos Defensores do Rio de Janeiro Franklyn Roger e Diogo Esteves:
59 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 122.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 41
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Primeiro: o cidadão tem o direito de escolha sobre "qual" defensor público irá acompanhar o seu caso?
(...) A doutrina institucional, com a qual nesse ponto estamos de acordo, responde à
pergunta apresentada de forma categórica: não há um direito de escolha do cidadão
sobre "qual" defensor público irá acompanhar o seu caso e prestar-lhe a assistência
jurídica gratuita, e isso porque a indivisibilidade da Defensoria Pública inibe a
pessoalização do atendimento, o qual decorre do exercício de uma função pública, não
havendo, portanto, diversamente do que ocorre com a advocacia, a exigência da
consensualidade como requisito condicionante da prestação do serviço. (PAIVA e
FENSTERSEIFER 2019, p. 124) 61
Neste caso, diferentemente da resposta anterior, Caio Paiva e Tiago Fensterseifer entendem que sim.
A doutrina lembra que a indivisibilidade tem aplicação intrainstitucional, que autoriza a substituição dos
seus membros na atuação processual, desde que respeitadas as regras objetivas previamente estabelecidas. Além
disso, a indivisibilidade pode ter aplicação interinstitucional, isto é, Defensores pertencentes a Defensorias Públicas
diversas poderem substituírem-se e eventualmente atuarem perante órgão jurisdicional ao qual não estão
funcionalmente vinculados? 63
60 Esteves, Diogo. Silva, Franklyn Roger Alves. Princípios Institucionais da Defensoria Pública - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2018, p.
360/361.
61 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 122.
62 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 122.
63 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 126.
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DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Parte da doutrina entende que não é possível. Nesse sentido o escólio de Soares dos Reis, Zveibil e
Junqueira.
Princípio da indivisibilidade
Aplicação intrainstitucional Aplicação interinstitucional
No âmbito da respectiva Defensoria Pública. Entre diversas Defensorias Públicas. Não é aceita pela
doutrina.
Ex: membro da DPE-RN que substitui membro da
mesma instituição quando de suas férias. Ex: membro da DPE-RN que substitui membro da DPU
quando de suas férias.
Por fim, temos a independência funcional (art. 134, § 4º, da CRFB e art. 3º da LC no 80/1994), que na visão
de Franklyn Roger e Diogo Esteves “garante ao Defensor Público a necessária autonomia de convicção no exercício
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 43
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
de suas funções institucionais, evitando que interferências políticas ou fatores exógenos estranhos ao mérito da
causa interfiram na adequada defesa da ordem jurídico democrática do país”.
A doutrina especializada estabelece que “como garantia dos membros da Defensoria Pública, a
independência funcional, conforme a redação prevista na LC 80, se relaciona apenas com o "desempenho de suas
atribuições", ou seja, para o exercício da atividade-fim ou funcional: a prestação de assistência jurídica integral e
gratuita. Logo, não há que se confundir independência funcional com independência administrativa. Os defensores
públicos estão vinculados a uma estrutura hierárquica administrativa, sujeitos, portanto, à uma divisão de tarefas,
fixação de atribuições, expedientes organizacionais internos, dever de prestar informações aos órgãos de
administração superior da instituição etc.” 67
No entanto, por óbvio, a independência funcional jamais será um escudo para que o Defensor Público
deixe de exercer adequadamente suas atribuições. Assim, diversos mecanismos existem para evitar que os
membros da DP pratiquem abusos no exercício da função. Por exemplo, a necessidade de remessa de cópia à
Corregedoria-Geral dos recursos interpostos ou das Revisões Criminais ajuizadas, conforme art. 45, inciso VII, LC
80/94; a necessidade de comunicar ao DPG toda vez que o membro entender que o caso trazido pelo pretenso
assistido não comporta patrocínio pela Defensoria (art. 44, inciso XII, LC 80/94), dentre outras situações.
Isso quer dizer que a independência funcional não ostenta uma natureza absoluta, sendo perigosas
afirmações como “o Defensor tem independência, devendo satisfação somente à lei, à sua consciência e a Deus”.
66 Esteves, Diogo. Silva, Franklyn Roger Alves. Princípios Institucionais da Defensoria Pública - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2018, p.
261/362.
67 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 127.
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DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Isso porque para a doutrina, “esta concepção irrestrita da independência funcional acaba por colocar o
defensor público acima da Defensoria Pública, prestigiando atributos individuais como o da obediência à
consciência ou à convicção pessoal em detrimento de valores institucional”. 68
Pois bem!
Primeiro, saiba que a doutrina (Caio Paiva e Tiago F.) distingue esses enunciados em dois grupos: (a) de um
lado, os enunciados de atuação ou de não atuação, (b) e de outro, os enunciados meritórios.
(...) Para o primeiro grupo de enunciados, que dizem respeito a hipóteses de atuação ou
não atuação da Defensoria Pública, entendemos que a vinculação do defensor público é
absoluta quando o enunciado veicular uma obrigação de atuação, e que a vinculação será
relativa quando o enunciado veicular uma dispensa de atuação. Temos aqui o que Diogo
Esteves e Franklyn Roger denominam de "eficácia positiva do enunciado", de modo que a
tese institucional deverá ser observada pelo defensor público sempre que imponha uma
hipótese de atuação, ressalvando a possibilidade de o defensor público superar o
enunciado quando este, por alguma razão, dispense a atuação no caso hipotético.69
No entanto, como o tema é interessante para nossas fases mais avançadas, a exemplo de discursivas e
orais, saibam que no que diz respeito aos enunciados MERITÓRIOS a doutrina entende que a regra é que sejam
vinculantes, havendo, contudo, exceções:
O ART. 98 DO ADCT
Também é importante que saibamos outro artigo importantíssimo trazido pela EC nº 80/2014 que alterou
o ADCT; vejam:
68 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 131.
69 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 139.
70 Enunciados meritórios são aqueles que estabelecem que o defensor público deverá adotar determinada tese institucional em favor do
assistido
71 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 139.
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DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Agora que você sabe quais são os princípios institucionais, você saberia dizer, em uma prova discursiva, a
diferença entre independência funcional e autonomia funcional?
A independência funcional diz respeito à atuação do membro da Defensoria, de maneira que ele tem a
capacidade de agir sem ser pautado por interesses políticos ou determinações da Administração Superior da
instituição, ao menos em regra, como vimos. A Doutrina assevera que a independência funcional tem uma
expressão INTERNA à instituição.
Por outro lado, a autonomia funcional possui uma expressão EXTERNA, dizendo respeito ao fato de que a
instituição Defensoria Pública é autônoma em relação a todos os Poderes da República, bem como em relação aos
demais órgãos da Administração Pública. Em outras palavras, a Defensoria não está ligada à estrutura
administrativa de nenhum Poder ou nenhum outro Órgão, tendo uma existência autônoma no ordenamento
jurídico (assim como o Ministério Público).
Assim, conclui-se que a independência funcional é relacionada ao MEMBRO da Defensoria, ao passo que a
autonomia funcional está ligada à Instituição.
Além dos princípios institucionais, há as garantias. Mas o que são essas “garantias”?
Para Guilherme Pena De Moraes, “são providências necessárias para assegurar que os Defensores Públicos
sejam libertos, de direito e de fato, de indesejáveis pressões ou influências exteriores, ante a natureza peculiar das
funções institucionais que lhes são afetas, de molde a que a atuação dos mesmos expresse, unicamente, o exercício
pleno e independente das suas atribuições”.72
72 MORAES, Guilherme Pena de. Instituições da Defensoria Pública. São Paulo: Malheiros, 1999, pág. 269.
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São, em suma:
GARANTIAS
Vamos ver, em apertada síntese, cada uma delas, tendo em vista estarem expressas em nosso edital!
INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL
Segundo Franklyn Roger e Diego Esteves, “em virtude dessa garantia, o membro da Defensoria Pública se
encontra blindado contra toda e qualquer ingerência externa, podendo atuar com altivez na defesa dos interesses
dos juridicamente necessitados. Independentemente da hipótese ou da causa objeto de litígio, a atividade funcional
do Defensor Público estará sempre imunizada contra eventuais influências advindas dos poderes públicos ou das
grandes empresas privadas. Além disso, o Defensor Público resta protegido de eventuais pressões internas,
provenientes do escalão superior da Defensoria Pública. Dessa forma, se entender que deve recorrer de
determinada decisão ou que se revela necessário o ajuizamento de determinada demanda coletiva, deverá o
Defensor Público fazê-lo independentemente da concordância ou do assentimento dos integrantes da
administração superior. A bússola de atuação do Defensor Público deve ser guiada unicamente pela lei, por sua
consciência e pelos interesses de seus assistidos”.74
Tenham atenção, pessoal. Pois se vocês observarem bem, a independência funcional, além de uma
garantia prevista na LC80/94, também é um princípio constitucional estabelecido no art.134, §4º, lembrem-se:
73 P.636/636.
74 Idem, p.636.
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Portanto, cuidado com perguntas do tipo “o que é o caráter dúplice da independência funcional?”, pois já
foi objeto de prova oral, certo? O caráter dúplice é exatamente isso: ora princípio, ora garantia.
INAMOVIBILIDADE
A inamovibilidade é a impossibilidade de o Defensor Público ser retirado tanto do local em que exerce suas
atribuições funcionais como de sua atual atribuição, ficando protegido, assim, por eventuais pressões políticas que
poderiam afastar o Defensor, por exemplo, da comarca onde atua.
Outra coisa muito importante sobre a inamovibilidade, é que ela não se restringe apenas à retirada do
defensor do seu local de atuação. Por exemplo, se você é Defensor Público lotado no núcleo cível, você não pode,
sem qualquer justificativa, ser remanejado para o núcleo criminal, ainda que na mesma comarca, pois a noção de
inamovibilidade não é apenas geográfica. O objetivo, em suma, é evitar o esvaziamento das atribuições do membro
da DP, mesmo que, fisicamente, ele continue trabalhando no mesmo local.
Ponto que deve ser observado para a nossa prova da DPE-RJ: discute-se a possibilidade de o Defensor Público
submetido à remoção compulsória, sendo uma exceção à garantia da inamovibilidade. Algumas leis estaduais
preveem a remoção compulsória como uma das sanções disciplinares, contudo, devemos saber que a LC 6/77 da
DPE-RJ NÃO CONTEMPLA tal possibilidade.
75 Idem, p.668.
76 Idem, p. 639.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 48
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Essa outra garantia consiste na impossibilidade de redução dos vencimentos, quando na verdade deveria
ser “subsídios”. Esse princípio tem origem constitucional e se aplica a todos os servidores públicos, mas há previsão
expressa para os membros da Defensoria Pública. Atentem-se, porém, que a garantia diz respeito ao valor nominal
do subsídio, não se referindo à manutenção do poder de compra oriundo desse subsídio.
O STF, inclusive, tem entendimento pacífico de que a simples condição de destinatário da garantia
constitucional não assegura ao beneficiário o direito ao reajuste automático dos vencimentos, como simples
decorrência da desvalorização da moeda provocada pela inflação.
77 Idem, p. 657.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 49
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
É importante lembrar que a Defensoria Pública goza de autonomia funcional e administrativa, bem como
da prerrogativa de formular a sua proposta orçamentária (art. 134, § 2º, da CF/88). O repasse de recursos
correspondentes, destinados à Defensoria Pública, ao Judiciário, ao Legislativo e ao Ministério Público, sob a forma
de duodécimos, é imposição constitucional, devendo ser efetuada até o dia 20 de cada mês, conforme previsto no
art. 168 da CF/8878:
O STF chegou a decidir, em maio de 2016, que o Governador do Estado é obrigado a efetuar o repasse, sob
a forma de duodécimos e até o dia 20 de cada mês, da integralidade dos recursos orçamentários destinados, pela
lei orçamentária, à Defensoria Pública estadual. STF. Plenário. ADPF 339/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
18/5/2016 (Info 826).
De igual maneira, em agosto de 2020, por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
julgou procedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 384 e reconheceu a
obrigatoriedade do repasse de duodécimos referentes à dotação orçamentária da Defensoria Pública do Estado de
Minas Gerais. Prevaleceu o entendimento de que a autonomia funcional e administrativas das Defensorias Públicas
impede a retenção indevida de duodécimos pelo Poder Executivo e configura violação a preceitos fundamentais da
Constituição Federal. A ADPF foi ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep). 79
ESTABILIDADE
Por fim, temos a garantia da estabilidade. Muito cuidado com afirmações de que os defensores públicos
possuem a vitaliciedade. Os membros da Defensoria Pública possuem, após aprovação no estágio probatório, assim
como os demais servidores públicos, a estabilidade.
A vitaliciedade, que é atingida no primeiro grau após 2 anos, é prevista para membros da magistratura e
membros do ministério público (promotores, procuradores de justiça, procuradores da república, etc.). Essas
pessoas, após a vitaliciedade, só podem perder os cargos após decisão judicial transitada em julgado.
Na estabilidade não. Adquirida a estabilidade (após 3 anos), é possível que o Defensor Público seja
penalizado, através de um processo administrativo disciplinar, assegurado o contraditório e a ampla defesa, com a
perda do cargo.
Sobre o tema, indispensável o comentário dos professores Diogo Esteves e Franklyn Roger (2018):
78 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Dever do Poder Executivo de efetuar os repasses de duodécimo na forma do art. 168 da CF/88.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/077e29b11be80ab57e1a2ecabb7da330. Acesso em: 02/12/2020.
79 Disponível em: http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=449138&ori=1. Acesso em: 02/12/2020.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 50
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Essas são, portanto, as garantias dos membros da Defensoria Pública. Não se esqueçam: todas com
previsão constitucional!
FUNÇÕES INSTITUCIONAIS
A parte teórica sobre funções institucionais (típicas, atípicas, tradicionais, não tradicionais, etc) já
comentamos. Agora preciso que você leia o art. 4º da LC 80/1994:
VII – promover ação civil pública e todas as espécies de ações capazes de propiciar a
adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos quando o
resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes; (Redação
dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
VIII – exercer a defesa dos direitos e interesses individuais, difusos, coletivos e individuais
homogêneos e dos direitos do consumidor, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da
Constituição Federal; (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
80 Idem, p.658.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 51
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
XVI – exercer a curadoria especial nos casos previstos em lei; (Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).
XIX – atuar nos Juizados Especiais; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
XXII – convocar audiências públicas para discutir matérias relacionadas às suas funções
institucionais. (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
§ 1º (VETADO).
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 52
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Sobre foro por prerrogativa de função, chamo atenção para uma importantíssima decisão tomada pelo STF
em 15/05/2019, na ADI 2.553, e recentemente, em 10.02.2021, na ADI 6.512/GO.
Na ADI 2.553, o Partido dos Trabalhadores questionava o inciso IV do artigo 81 da Constituição do Estado
do Maranhão, introduzido por meio da Emenda Constitucional nº 34/2001.
Esse inciso IV do art. 81 da Constituição Estadual do Maranhão prevê que algumas autoridades, a exemplo
de Defensores Públicos, Procuradores do Estado e Delegados de Polícia, seriam julgados pelo Tribunal de Justiça
local, quando da prática de infrações penais.
Por 7 x 2, o colegiado entendeu que o foro por prerrogativa de função é exceção e não pode ser ampliado
por estados, razão pela qual o art. 81, inciso IV da Constituição do Maranhão é inconstitucional.
Assim sendo, tomando como base esse precedente, podemos dizer que NÃO HÁ foro por prerrogativa de
função em relação ao membro da Defensoria Pública.
Na recente ADI 6.512/GO, já em 2021, o STF também entendeu que a extensão do alcance do foro por
prerrogativa de função a cargos que não foram contemplados na Constituição Federal contraria normas
convencionais que asseguram o duplo grau de jurisdição em matéria penal. Para a Corte, no exercício do poder que
lhe outorga o art. 125 , § 1o, da CRFB, os Estados só podem conferir foro por prerrogativa de função para
autoridades cujos similares na esfera federal também o detenham, em respeito ao princípio da simetria:
CURADORIA ESPECIAL
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 53
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
concretamente configurada a hipótese interventiva abstratamente prevista em lei para que seja desencadeada a
atuação funcional da Defensoria Pública.81
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto
não for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da
lei.
Nessas situações, considerando a existência de uma função não tradicional, não se faz análise de
hipossuficiência financeira. A pergunta é: nesse caso não é possível cobrar honorários?
Pessoal, com relação aos honorários referentes ao exercício da curatela, entende-se que NÃO É POSSÍVEL A
COBRANÇA. Portanto, ainda que no caso concreto, a pessoa curatelada envolvida no processo tenha condições
financeiras, como, por exemplo, uma adolescente atriz da Rede Globo, a Defensoria mesmo assim não poderá
cobrar honorários pelo exercício da curatela especial desenvolvida, pois é um múnus da instituição.
Por outro lado, nada impede a fixação a título de honorários sucumbenciais, a ser suportado pela parte
vencida.
Nesse meio termo, é importante dizer que os defensores públicos não recebem qualquer espécie de
honorários, pois estes são revertidos para o fundo de aparelhamento da Defensoria Pública. Então cuidado com
questões que digam que o defensor tem direito a honorários, porque apenas a instituição tem direito a eles. Em
peças processuais de segunda fase do concurso, inclusive, deve-se, nos pedidos, requerer que a parte contrária
seja condenada em honorários (caso o procedimento comporte esse tipo de pedido) EM FAVOR DO FUNDO DE
APARELHAMENTO DA INSTITUIÇÃO, conforme art. 4º, inciso XXI, LC 80/94.
Importante lembrar que, na visão do STJ, tendo em vista os princípios do contraditório e da ampla defesa,
o recurso interposto pela Defensoria Pública, na qualidade de curadora especial, está dispensado do pagamento de
preparo. STJ. Corte Especial. EAREsp 978895-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 18/12/2018
(Info 641).
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 54
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando
ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.
Isso porque o STJ entende haver “confusão”82, já que a Defensoria seria um órgão do próprio Estado.
A questão é que a EC 45/2004 incluiu o § 2º ao art. 134 conferindo autonomia para as Defensorias Públicas
Estaduais.
Nesse sentido, a autonomia conferida às Defensorias já foi reconhecida pelo STF por diversas vezes:
O STF, em 2017, entendeu que após as ECs 45/2004, 74/2013 e 80/2014, passou a ser permitida a
condenação do ente federativo em honorários advocatícios em demandas patrocinadas pela Defensoria Pública
justamente por estar-se diante a autonomia funcional, administrativa e orçamentária da Defensoria Pública, não
podendo interpretar que a Defensoria se trata de mero órgão pertencente ao ente (no caso em tela à União, tendo
em vista que a ação era da DPU). Nesse sentido:
Resumindo: Em caso de ação patrocinada pela Defensoria Pública contra o respectivo ente (ex: ação
patrocinada pela DPU contra a União), caso o Poder Público seja sucumbente, ele deverá pagar honorários
advocatícios83 em favor da Instituição?
82Art. 381, CC/02. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.
83 Em provas abertas, como discursivas e orais, evitar escrever ou falar “honorários ADVOCATÍCIOS”, restringindo-se apenas a “honorários”,
já que a EC 80/2014 separou constitucionalmente a advocacia da Defensoria Pública. De toda sorte, trata-se de mero formalismo. O
examinador certamente não vai tirar ponto por isso, mas não custa deixar sua prova mais técnica (será um diferencial).
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 55
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Indo além, salutar recordar que o STJ tem entendimento de que o Defensor Público não faz jus ao
recebimento de honorários pelo exercício da curatela especial por estar no exercício das suas funções
institucionais, para o que já é remunerado mediante o subsídio em parcela única. STJ. Corte Especial. REsp
1201674-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 6/6/2012 (Info 499).
E já que estamos falando de curatela especial, é possível extrair a necessidade do exercício da curatela
especial pela Defensoria no Processo Penal em diversas situações (e não apenas no processo civil), você sabia? :D
Vamos lá!
Uma das situações previstas no CPP é quando do incidente de insanidade mental do acusado. Nesse
sentido o escólio de Diogo Esteves e Franklyn Roger:
[...] O Código de Processo Penal, nos arts. 149, § 2°, 151, 759 e 775, V e VI, trata da
nomeação de curador quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado ou
do condenado, instaurando o cabível incidente de insanidade mental, seja na fase de
inquérito policial, no curso da ação penal ou já na fase da execução da condenação.
Assim, a nomeação de curador deve seguir a regra do art. 1.775 do CC/2002, conferindo-
se esta representação ao cônjuge, companheiro, pai ou mãe e, em último caso, aos
descendentes ou outra pessoa de livre indicação do juiz. Na ausência de representantes
civis para atuarem como curador, caberá ao juiz a intimação da Defensoria Pública para
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 56
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
D’outra banda, o art. 33 do CPP estabelece outra curadoria nas ações penas privadas:
Com isso, a doutrina entende que é possível constatar que o art. 33 do Código de Processo Penal prevê
hipótese de atuação da curadoria especial análoga àquela constante do art. 72, I, do CPC/2015:
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os
daquele, enquanto durar a incapacidade;
Sobre a curadoria especial, e aprofundando ainda mais, interessante saber a quem compete “nomear” o
curador especial.
Segundo os autores Franklyn Roger e Diogo Esteves (2018, Princípios Institucionais da Defensoria Pública, p.
546/547), torna-se imprescindível observar que a atuação da Defensoria como curadora especial não decorre da
nomeação realizada pelo Poder Judiciário, mas de expressa determinação legal. Por isso, em síntese, pertence ao
membro da Defensoria a atribuição exclusiva para aferir a existência de hipótese legal de atuação institucional da
curadoria especial.
Segundo os autores,
Assim, caso o Defensor entenda inexistir hipótese de atuação da curadoria especial, deverá dar imediata
ciência do fato ao Defensor Público-Geral, que decidirá a controvérsia, indicando, se for o caso, outro Defensor
Público para atuar (art. 4º, § 8º da LC nº 80/1994).
85Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense,
2018, p. 591.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 57
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
A pergunta parece simples, pessoal, mas não é. Por exemplo, imagine que um grande empresário brasileiro
esteja sendo processado, mas não ofereceu resposta à acusação. Nesse caso, todos nós sabemos que o processo
não pode continuar sem a presença de uma defesa escrita. Assim, os autos são remetidos para a Defensoria
Pública pelo magistrado natural. E aí, o que deve fazer o Defensor? Caso ele apresente a defesa, pode haver uma
cobrança por isso? Nesse caso, adota-se o conceito de vulnerável amplo, ou apenas financeiro?
Vamos lá.
Pessoal, segundo o Professor Caio Paiva, há pelo menos três teorias sobre quem pode ser assistido pela
Defensoria Púbica no processo penal, quais sejam:
Em síntese, para esta teoria, somente quem comprovar a hipossuficiência econômica pode ser assistido
pela Defensoria Pública no processo penal. A gente sabe que no processo penal a resposta à acusação (ou defesa
preliminar, defesa escrita, resposta escrita, contestação, como bem entender) deve ser apresentada sob qualquer
hipótese. Não há possibilidade de não ser apresentada. Sua ausência é causa de nulidade absoluta do processo
(Enunciado de Súmula 523 do STF).
Então, como fica se alguém que condições financeiras de arcar com honorários advocatícios for processado
e não constituir advogado?
Para esta teoria, o juízo nomearia um advogado dativo, e a parte que está sendo processada deverá arcar
com os honorários (que serão arbitrados judicialmente).
Próxima.
Para esta teoria, se o acusado tem condições financeiras para constituir advogado, mas mesmo assim se
mantém inerte, deve o juiz nomear advogado dativo? Não. A Constituição brasileira adota o modelo público de
assistência jurídica, ou como dizem os americanos, salaried staff model (eu prefiro modelo público porque não sei
falar inglês, rs). Assim, a Defensoria Pública seria a responsável pela realização da defesa, e ao final, os honorários
seriam fixados em favor da Defensoria Pública.
Cuidado, o Defensor não receberá os honorários. Estes são devidos ao fundo de aparelhamento da
instituição.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 58
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Por fim, e não menos importante (sempre quis usar essa frase), a teoria da imprescindibilidade da defesa
técnica. Em resumo, para esta teoria, toda e qualquer pessoa, independentemente de sua condição financeira,
poderia ser assistida pela Defensoria Pública no processo penal, não havendo a possibilidade de cobrança de
honorários pela Defensoria, como bem aponta o professor Caio Paiva em sua obra “Prática Penal para Defensoria
Pública”.
Ou seja: a Defensoria seria responsável pela defesa de todas as pessoas que não constituíssem advogados,
e também não poderia cobrar honorários (para a instituição, mais uma vez repito). É minoritária no Brasil, embora
a doutrina de Caio Paiva e Tiago Fensterseifer acolham essa última teoria: 86
Caio Paiva e Tiago Fensterseifer resumem todas as teorias no seguinte quadro sinótico:87
Teorias para definição de quem pode ser assistido pela Defensoria Pública no processo penal
Somente quem comprovar a insuficiência de recursos pode ser assistido pela
Teoria do acesso restritivo: O Defensoria Pública no processo penal. Tendo o acusado condições financeiras e
hipossuficiente econômico não constituído advogado, a defesa técnica deverá ser prestada por um advogado
nomeado pelo juízo, incumbindo ao acusado o ônus de arcar com os honorários
arbitrados judicialmente. Trata-se da teoria aceita pela doutrina majoritária.
Teoria do acesso Se o acusado possuir condições financeiras para constituir advogado, assim não
intermediário: o procedendo, a Defensoria Pública que irá defendê-lo, cobrando honorários ao
hipossuficiente jurídico final do processo, verba que deverá ser destinada ao fundo de aparelhamento da
instituição. Trata-se da teoria adotada majoritariamente pelas Defensorias
Públicas.
Teoria do acesso universal: a Todo e qualquer cidadão, independentemente da condição financeira, pode ser
imprescindibilidade da assistido pela Defensoria Pública no processo penal, não havendo a possibilidade
defesa técnica de cobrança de honorários ao final. Trata-se de teoria francamente minoritária,
que encontra correspondência normativa na CADH.
86 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 225.
87 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 225.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 59
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
O nosso edital prevê expressamente a Deliberação CS/DPGE Nº 124 DE 20 DE DEZEMBRO DE 2017, que
trata da análise da assistência jurídica gratuita pela Defensoria Pública, conforme o preenchimento de alguns
requisitos.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 60
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
serviço de assistência jurídica integral e gratuita for pessoa natural com renda
mensal líquida de até 10 (dez) salários mínimos.
§3° - A renda mensal líquida de que trata o inciso I será considerada familiar ou
individual, conforme haja ou não o dever jurídico de mútua contribuição para as
despesas comuns e coincidência de interesses, observadas as diretrizes deste
artigo.
Percebam que, em qualquer caso no processo penal, a DP irá atuar em favor do acusado que não tiver
advogado constituído nos autos. Contudo, não se tratando de pessoa hipossuficiente, caberá ao DP requerer a
fixação de honorários a serem pagos pelo assistido em favor do Fundo da DP. Exceção: tratando-se de réu preso,
não haverá condenação em honorários para a Defensoria, ainda que se trata de pessoa que não seja pobre.
O STJ entendeu que as tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da
OAB não vinculam o magistrado no momento de arbitrar o valor da remuneração a que faz jus o defensor dativo
que atua no processo penal; servem como referência para o estabelecimento de valor que seja justo e que reflita o
labor despendido pelo advogado. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por
unanimidade, julgado em 23/10/2019, DJe 04/11/2019 (Tema 984).
Por outro lado, entendeu que são vinculativas, quanto aos valores estabelecidos para os atos praticados
por defensor dativo, as tabelas produzidas mediante acordo entre o Poder Público, a Defensoria Pública e a
seccional da OAB. REsp 1.656.322-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, por unanimidade, julgado em
23/10/2019, DJe 04/11/2019 (Tema 984).
Em suma:
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 61
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Pessoal, no que tange a questão dos advogados dativos, cabe uma crítica institucional em relação à
continuidade da existência dessa figura no ordenamento jurídico. Isso porque pertence à DEFENSORIA PÚBLICA a
atribuição de exercer a orientação e assistência jurídica de quem necessite desse tipo de serviço. Como vimos, a CF
1988 estabeleceu a Defensoria Pública como a instituição encarregava de prestar a assistência jurídica gratuita aos
vulneráveis, adotando o modelo público.
Em que pese a necessidade de haver Defensoria estruturada em todas as comarcas do país, mormente a
determinação do ADCT nesse sentido, é realidade que ainda não há essa estruturação e os advogados dativos
suprem essa necessidade (na quase totalidade de vezes com grande qualidade técnica, aliás). No entanto, devemos
sempre lembrar que a Defensoria Pública é instituição de importância ímpar no país, de maneira que a existência
da advocacia dativa JAMAIS poderá ser argumento para atrasos na instalação e interiorização da Defensoria Pública
na União, nos estados e no DF.
Também fiquem atentos à decisão do STJ (2019) muitíssimo importante para nossa prova, já que envolve a
autonomia da Defensoria Pública.
A decisão foi tomada no Recurso em Mandado de Segurança nº 59.413, em que a 5ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça anulou a decisão de um juiz auditor do Conselho de Justiça Militar do Distrito Federal que
designou defensor público para atuar em ações penais na Justiça Militar. E pior, a decisão designou o Defensor
para atuar no caso, “sob pena de encaminhamento dos autos ao Ministério Público para a adoção das providências
sancionatórias cabíveis.”. A impressão que se tem é de que o Ministério Público exerce(ria) controle sob o órgão
Defensorial, o que é completamente equivocado.
Assim, a Defensoria do Distrito Federal impetrou mandado de segurança em defesa de sua autonomia. O
TJ-DF, no entanto, denegou a segurança. Então foi aí que a DP-DF precisou interpor recurso ao STJ.
Com muitíssima razão, a 5ª Turma do STJ reconheceu a nulidade da referida determinação do magistrado,
tendo em vista que o art. 98 do ADCT, §§ 1 e 2, reforça que a lotação dos defensores públicos ocorrerá,
prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento populacional. Além
disso, a decisão impugnada viola a autonomia da Defensoria Pública do Distrito Federal (Emenda Constitucional n.
69/2012).
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 62
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Lá em 2016 o STJ também decidiu que não configura o crime de desobediência (art. 330 do CP) a conduta
de Defensor Público-Geral que deixa de atender à requisição judicial de nomeação de defensor público para atuar
em determinada ação penal. STJ. 6ª Turma. HC 310.901-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 16/6/2016 (Info
586).
Agora veremos sobre os deveres, proibições, impedimentos e responsabilidade funcional dos membros da
Defensoria Pública. Esses temas, em nossas provas objetivas, costumam aparecer na literalidade da lei, razão pela
qual traremos exatamente o que você precisa saber.
DOS DEVERES
Segundo o art. 129 da LC/80 de 1994, são deveres dos membros da Defensoria Pública dos Estados:
I - residir na localidade onde exercem suas funções, na forma do que dispuser a lei
estadual;
II - desempenhar com zelo e presteza, dentro dos prazos, os serviços a seu cargo e os
que, na forma da lei, lhes sejam atribuídos pelo Defensor Público-Geral;
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 63
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
V - atender ao expediente forense e participar dos atos judiciais, quando for obrigatória a
sua presença;
VII - interpor os recursos cabíveis para qualquer instância ou Tribunal e promover revisão
criminal, sempre que encontrar fundamentos na lei, jurisprudência ou prova dos autos,
remetendo cópia à Corregedoria-Geral.
Fazendo um comparativo com a nossa lei da DPE-RJ, pode-se afirmar que o rol de deveres na lei estadual é
mais extenso que o rol da LC 80/94. Portanto, atenção redobrada!
DAS PROIBIÇÕES
O art. 130 informa que além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos membros da
Defensoria Pública dos Estados é vedado:
II - requerer, advogar, ou praticar em Juízo ou fora dele, atos que de qualquer forma
colidam com as funções inerentes ao seu cargo, ou com os preceitos éticos de sua
profissão;
O rol de proibições da lei da DPE-RJ também é mais extenso que o rol da LC 80. Além disso, a atividade
político-partidária só pode ser exercida se o membro se afasta das funções, por exemplo.
DOS IMPEDIMENTOS
É proibido ao membro da Defensoria Pública do Estado exercer suas funções em processo ou procedimento:
88 O dever de prestar informações NÃO VIOLA a independência funcional do membro da DP; isso porque a Administração Superior não se
imiscui no mérito da atuação do membro, mas apenas solicita informações para fins de controle administrativo e disciplinar (em poucas
palavras, verifica se o membro está efetivamente exercendo suas atribuições funcionais).
89 Vejam que enquanto ao magistrado é vedada a atuação político-partidária em qualquer circunstância, ao membro da DP é vedada essa
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 64
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
II - em que haja atuado como representante da parte, perito, Juiz, membro do Ministério
Público, Autoridade Policial, Escrivão de Polícia, Auxiliar de Justiça ou prestado
depoimento como testemunha;
V - em que qualquer das pessoas mencionadas no inciso III funcione ou haja funcionado
como Magistrado, membro do Ministério Público, Autoridade Policial, Escrivão de Polícia
ou Auxiliar de Justiça;
VI - em que houver dado à parte contrária parecer verbal ou escrito sobre o objeto da
demanda;
Ressalte-se que os membros da Defensoria Pública do Estado não podem participar de comissão, banca de
concurso, ou de qualquer decisão, quando o julgamento ou votação disser respeito a seu cônjuge ou companheiro,
ou parente consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
Art. 133 – Não poderão servir no mesmo órgão de atuação de Defensoria Pública
os cônjuges e parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o 3º
(terceiro) grau.
Art. 134 – O membro da Defensoria Pública não poderá servir em órgão de atuação
junto a Juízo do qual seja titular qualquer das pessoas
mencionadas no artigo anterior.
Além disso, a lei do RJ traz as hipóteses de suspeição do Defensor, o que não ocorre na LC 80/94.
No caso concreto, um Defensor Público do Estado de São Paulo abandonou um Júri, em razão de pedido
de adiamento da sessão, pelo não comparecimento de testemunha. A juíza indeferiu o pedido de oitiva de
testemunha referida, o que levou o Defensor a abandonar o plenário.
Com isso, a juíza aplicou multa de dez salários-mínimos ao defensor por abandono de causa, com base no
artigo 265 do Código de Processo Penal. Percebam, portanto, que não fora aplicada a multa à instituição, mas ao
próprio Defensor.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 65
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
A discussão chegou ao STJ, que direcionou a Defensoria Pública de São Paulo (portanto, à instituição) a
multa aplicada ao Defensor, pois este atua em nome da instituição. Assim, as sanções aplicadas aos seus membros
devem ser suportadas pela instituição, sem prejuízo de eventual ação regressiva.
“A multa por abandono do plenário do júri por defensor público, com base no art. 265 do
CPP, deve ser suportada pela Defensoria Pública, sem prejuízo de eventual ação
regressiva. RMS 54.183-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, Quinta Turma, por maioria, julgado em 13/08/2019, DJe 02/09/2019”.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 66
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Neste ponto, trabalharemos a estrutura da Defensoria Pública na LC 80/1994. Não esqueça de estudar o
Vadinho 06, em que abordamos a Lei Complementar Estadual da DPE-RJ, pois há vários pontos diferentes da LC
80/1994 e que precisam ser comparados.
Vamos lá!
Inicialmente, vocês precisam saber quais são os órgãos que integram a Defensoria (órgãos da
administração superior; órgãos de atuação; órgãos de execução e auxiliares).
A Defensoria Pública do Estado tem por chefe o Defensor Público-Geral, nomeado pelo Governador do
Estado, dentre membros estáveis da carreira e maiores de 35 (trinta e cinco) anos, escolhidos em lista tríplice
formada pelo voto direto, secreto, plurinominal e obrigatório de seus membros, para mandato de 2 (dois) anos,
permitida UMA recondução.
Defensor Público-Geral
Na Lei Estadual Na Lei Complementar
do RJ Federal
Art. 7º - A Chefia da Defensoria Pública é Art. 99. A Defensoria Pública do Estado tem por chefe o
exercida pelo Defensor Público Geral do Estado, Defensor Público-Geral, nomeado pelo Governador do Estado,
dentre os integrantes da classe final e da classe dentre membros estáveis da carreira e maiores de 35 (trinta e
intermediária da carreira, maiores de 35 e com + cinco) anos, escolhidos em lista tríplice formada pelo voto
03 anos de carreira indicados em lista tríplice, direto, secreto, plurinominal e obrigatório de seus membros,
para mandato de 04 anos, coincidente com o para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma recondução.
mandato do Governador do Estado.
90Na Lei Complementar Estadual que rege a DPE-RJ (LCE 6/1977), o art. 25 assim estabelece: Art. 25. Os órgãos de atuação da
Defensoria Pública identificam-se da seguinte forma: I – Defensorias Públicas no 2º Grau de Jurisdição; II – Defensorias
Públicas, Curadorias Especiais e Núcleos da Comarca da Capital; III – Defensorias Públicas e Núcleos das Comarcas de 1ª e 2ª
Entrâncias; IV – Defensorias Públicas Regionais com função de auxílio ou substituição, discriminadas por ato do Defensor
Público Geral.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 67
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Prestem atenção. Uma dica ótima que usava em provas objetivas era a seguinte: tudo que tiver GERAL ou
SUPERIOR integra a administração superior. Ops!! Mas e o ouvidor-geral? Gente, é a única exceção.
Vejam:
Tá vendo?
Cuidado com algumas previsões em leis estaduais afirmando que o subdefensor é indicado pelo
Governador. Isso viola a autonomia da Defensoria Pública, estando tais disposições com eficácia suspensa. Por
exemplo, a LC da Defensoria do Amapá tem previsão nesse sentido. A ANADEP ajuizou uma ADIN e o STF declarou
inconstitucional, certo? Há diversas previsões na Lei Complementar Estadual do RJ nº 6/1977, que regulamenta a
DPERJ, também nesse sentido, fique atento. Em nosso Vadinho nº 06 trabalhamos com detalhes essa lei, que é
bem importante para nossa prova.
Vamos lá!
Sim.
Inclusive, na DPERJ há dois. Veja o que diz a LC nº 06/77 do Estado do Rio de Janeiro:
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 68
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Subdefensor-Público-Geral
Na Lei Estadual Na Lei Complementar Federal
do RJ
Há o 1º e o 2º Subdefensor-Público Geral, porque a LC Art. 99, § 1º O Defensor Público-Geral será substituído
80/1994 estabelece em seu art. 99, § 2º, que os em suas faltas, licenças, férias e impedimentos pelo
Estados, segundo suas necessidades, poderão ter + de Subdefensor Público-Geral, por ele nomeado dentre
um Subdefensor Publico-Geral. integrantes estáveis da Carreira, na forma da legislação
estadual.
Amig@s, e caso o governador não efetive a nomeação do DPG nos 15 dias que se seguirem ao recebimento
da lista tríplice? O que acontece? Vejam:
§ 4º Caso o Chefe do Poder Executivo não efetive a nomeação do Defensor Público-Geral nos 15 (quinze) dias que
se seguirem ao recebimento da lista tríplice, será investido automaticamente no cargo o Defensor Público mais
votado para exercício do mandato.
CONSELHO SUPERIOR
Um prato cheio para questões objetiva, não é? Até mesmo porque a LC 80/94 por diversas vezes deixa a
cargo das Leis Complementares dos Estados a definição de alguns quantitativos, como neste caso (o número dos
membros do Conselho Superior).
CAIU NA DPE-BA-FCC-2016: “A composição do Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado deve conter
exclusiva e obrigatoriamente o Defensor Público-Geral, o Corregedor-Geral, Ouvidor-Geral e o Defensor Público
mais antigo na carreira”.91
Conselho Superior
Na Lei Estadual Na Lei Complementar Federal
do RJ
Art. 10. (...) É integrado pelo Defensor Público Geral do Art. 101. A composição do Conselho Superior da
Estado, que o presidirá, pelos Subdefensores Públicos Defensoria Pública do Estado deve incluir
Gerais, pelo Corregedor-Geral e por 4 membros da obrigatoriamente o Defensor Público-Geral, o
Defensoria Pública, eleitos por voto obrigatório, por Subdefensor Público-Geral, o Corregedor-Geral e o
todos os integrantes da Instituição, dentre Defensores Ouvidor-Geral, como membros natos, e, em sua maioria,
Públicos no 2º Grau de Jurisdição e Defensores representantes estáveis da Carreira, eleitos pelo voto
Públicos de 1ª categoria. direto, plurinominal, obrigatório e secreto de seus
membros, em número e forma a serem fixados em lei
estadual.
91ERRADO. Cuidado. O art. 101 da LC/80 prevê que a composição do Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado deve incluir
obrigatoriamente o Defensor Público-Geral, o Subdefensor Público-Geral, o Corregedor-Geral e o Ouvidor-Geral, como membros natos, e,
em sua maioria, representantes estáveis da Carreira, eleitos pelo voto direto, plurinominal, obrigatório e secreto de seus membros, em
número e forma a serem fixados em lei estadual
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 69
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
§ 1º O Conselho Superior é presidido pelo Defensor Público-Geral, que terá voto de qualidade, exceto em matéria
disciplinar. (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
CAIU NA DPE-AP-2018-FCC: “Em relação ao Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado, prevê a Lei
Complementar nº 80/1994 que o Presidente terá voto de qualidade em sede de matéria disciplinar. 92
Mas o mandato dos membros do Conselho Superior é de quanto tempo? Admite reeleição?
§ 3º Os membros do Conselho Superior são eleitos para mandato de 2 (dois) anos, permitida uma
reeleição. (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
§ 4º São elegíveis os membros estáveis da Defensoria Pública que não estejam afastados da Carreira. (Incluído pela
Lei Complementar nº 132, de 2009).
CAIU NA DPE-AP-2018-FCC: “Em relação ao Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado, prevê a Lei
Complementar nº 80/1994 que são elegíveis os membros que contarem com mais de cinco anos de serviço público
na Instituição”.93
Certo. Agora uma dúvida: o presidente de entidade de classe de maior representatividade dos membros da
DPE terá direito a voz e assento nas reuniões do Conselho Superior? A resposta é positiva. Só tomem cuidado
porque ele NÃO TEM DIREITO A VOTO, só a voz e assento.
92 ERRADO. Art. 57. § 1º O Conselho Superior é presidido pelo Defensor Público-Geral, que terá voto de qualidade, exceto em matéria
disciplinar.
93 ERRADO. Art. 57. § 4º São elegíveis os Defensores Públicos do Distrito Federal e dos Territórios que não estejam afastados da carreira.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 70
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Nomeação do Corregedor-Geral
Na Lei Estadual Na Lei Complementar Federal
do RJ
Será feita pelo Governador do Estado Pelo Defensor Público-Geral.
(inconstitucional por violar a autonomia da
instituição)
Seção III Art. 104. A Corregedoria-Geral é exercida pelo
Da Corregedoria-Geral da Defensoria Pública Corregedor-Geral indicado dentre os integrantes da
Art. 17 – A Corregedoria-Geral da Defensoria Pública, classe mais elevada da Carreira, em lista tríplice
diretamente subordinada ao Defensor Público Geral, formada pelo Conselho Superior, e nomeado pelo
será exercida por Defensor Público no 2º Grau de Defensor Público-Geral para mandato de 2 (dois)
Jurisdição ou Defensor Público da 1ª Categoria, anos, permitida 1 (uma) recondução.
indicado pelo Defensor Público Geral, e nomeado
pelo Governador do estado.
Veja que na LC 80/1994 o Corregedor é indicado dentre os integrantes da classe MAIS elevada da carreira.
E a lista tríplice é formada pelo Conselho Superior, e ele é nomeado pelo DPG.
Outra dúvida: é possível destituir o corregedor? Sim, olhem o que diz a LC 80/1994 94:
Percebam que quem propõe a destituição é o DPG, mas quem decide sobre a destituição antes do término
do mandato é o Conselho Superior, pelo voto de 2/3.
Esse órgão é um dos que mais cai em provas objetivas. Sabem por quê? É que ele tem alguns detalhes
diferentes dos demais.
94 Gente, todos esses artigos que estou me referindo são da LC nº 80/1994, a Lei Orgânica da Defensoria Pública.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 71
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
VAMOS COMEÇAR?
Primeiro de tudo, saibam, nos termos da LC 80/1994, a Ouvidoria-Geral é órgão auxiliar da Defensoria
Pública do Estado, de promoção da qualidade dos serviços prestados pela Instituição.
(...)
Contudo, na Lei Complementar Estadual nº 6/1977 do Rio de Janeiro, a Ouvidoria ainda está como órgão
da administração superior:
Por outro lado, o art. 20-A estabelece que a Ouvidoria Geral é órgão auxiliar da Defensoria Pública do
Estado, de promoção da qualidade dos serviços prestados pela Instituição.
Art. 105-B. O Ouvidor-Geral será escolhido pelo Conselho Superior, dentre cidadãos de
reputação ilibada, NÃO integrante da Carreira, indicados em lista tríplice formada pela
sociedade civil, para mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 (uma)
recondução. (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
CAIU NA DPE-AM-2018: “Segundo a Lei Complementar nº 80/1994, que prescreve normas gerais para a
organização nos Estados, a Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado é órgão auxiliar, com Ouvidor-Geral
escolhido dentre integrantes de lista tríplice formada pela sociedade civil”.95
O ouvidor-geral NÃO pode ser integrante da carreira. What? Isso mesmo! Não pode. É o que o artigo diz.
São indicados em lista tríplice formada pela sociedade civil. Tudo bem?
Quando a Lei estabelece "não integrante da carreira", pode-se concluir que o Defensor Público aposentado
poderia habilitar-se no processo eletivo de escolha do cargo de Ouvidor-Geral? Ou o fato dele ser “Defensor-
aposentado” estaria ainda integrando a Carreira?
95 CORRETO.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 72
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Segundo o escólio dos professores Diogo Esteves e Franklyn Roger não há qualquer óbice legal que impeça:
(...) Ao contrário dos membros da magistratura (art. 95, I, da CRFB), do Ministério Público
(art. 128, § 5°, I, a, da CRFB) e do Tribunal de Contas (art. 73, § 3°, da CRFB), não possuem
os Defensores Públicos a garantia da vitaliciedade (perpetuidade no cargo)62, dispondo
apenas de estabilidade (aderência e integração ao serviço público)63, em conformidade
com os arts. 43, IV, 88, IV e 1 27, IV da LC no 80/1 994 c/c o art. 41 da CRFB. Com isso, a
aposentadoria do membro da Defensoria Pública gera o desprovimento com a ruptura do
vínculo funcional, tendo como consequência a vacância do cargo desocupado. Logo, o
Defensor Público aposentado não pode ser tecnicamente considerado como "integrante
da carreira'. Consequentemente, podemos concluir que não subsiste qualquer óbice legal
que impeça o Defensor Público aposentado de concorrer ao cargo de Ouvidor-Geral.96
Uma pergunta: o ouvidor-geral pode ser ouvidor e ter outro cargo público ou exercer outra atividade? Não
pode.
CAIU NA DPE-AM-2018: “Segundo a Lei Complementar nº 80/1994, que prescreve normas gerais para a
organização nos Estados, a Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado é órgão da administração superior,
mas sem necessidade de o cargo de Ouvidor-Geral ser exercido em regime de dedicação exclusiva. 97
CAIU NA DPE-PE-CESPE-2018: “A Lei Complementar nº 80/1994 considera órgão auxiliar de promoção da qualidade
dos serviços prestados pelas defensorias públicas estaduais Sub-Defensoria Pública -Geral.”98
Apesar da Lei Complementar 80/1994 dispor sobre a organização da Defensoria Pública da União, Distrito
Federal e estabelecer as normas gerais para a organização das Defensorias Públicas dos Estados, tal lei apenas
formalizou a instituição da Ouvidoria-Geral no âmbito estadual (arts. 105-A, 105-B e 105-C da LC nº 80/ 1994), de
forma que não há previsão expressa, na LC 80/1994, da Ouvidoria-Geral na DPU.
Sobre o tema, de grande valia o escólio dos mestres Franklyn Roger e Diogo Esteves:
(...) Não existe no ordenamento jurídico ou na realidade institucional qualquer razão que
justifique a distinção realizada pela Lei Complementar nº 132/2009; afinal, os diversos
ramos da Defensoria Pública se encontram separados unicamente em virtude da
distribuição constitucional de atribuições.
96 Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro: Forense,
2018, p. 963.
97 ERRADO.
98 ERRADO. O órgão auxiliar, neste caso, é a ouvidoria geral, por isso a questão está errada.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 73
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Como se vê dos estudos acima, a Defensoria Pública da União criou a Ouvidoria-Geral (através da
Resolução CSDPU no 59/2012) e a Defensoria Pública do Distrito Federal (no art. 33 da LC/ DF nº 828/2010),
mesmo diante da ausência de expressa previsão normativa na Lei Complementar no 80/1994.
Por fim, é bom lembrar que parcela da doutrina sustenta que inconstitucionalidade material na criação da
Ouvidoria-Geral apenas para os Estados, tendo em vista nítida violação ao princípio da isonomia.
Por isso, atualmente encontra-se pendente de julgamento no Supremo Tribunal Federal a ADI no 4.608/DF,
que analisa a constitucionalidade dos arts. 105-A, 105-B e 105-C da LC no 80/1994.
Sobre esse ponto, sem muitos detalhes, apenas a leitura do art.106 e 106-A da LC 80/1994:
Art. 106. A Defensoria Pública do Estado prestará assistência jurídica aos necessitados,
em todos os graus de jurisdição e instâncias administrativas do Estado.
Parágrafo único. À Defensoria Pública do Estado caberá interpor recursos aos Tribunais
Superiores, quando cabíveis.
Art. 107. A Defensoria Pública do Estado poderá atuar por intermédio de núcleos ou
núcleos especializados, dando-se prioridade, de todo modo, às regiões com maiores
índices de exclusão social e adensamento populacional. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).
Aqui também não há muitos detalhes, sendo suficiente a leitura do art. 108:
Art. 108. Aos membros da Defensoria Pública do Estado incumbe, sem prejuízo de outras
atribuições estabelecidas pelas Constituições Federal e Estadual, pela Lei Orgânica e por
demais diplomas legais, a orientação jurídica e a defesa dos seus assistidos, no âmbito
judicial, extrajudicial e administrativo. (Redação dada pela Lei Complementar nº 132, de
2009).
Parágrafo único. São, ainda, atribuições dos Defensores Públicos Estaduais: (Incluído
pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 74
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
II – participar, com direito a voz e voto, dos Conselhos Penitenciários; (Incluído pela Lei
Complementar nº 132, de 2009).
CORREGEDORIA GERAL
CONSELHO SUPERIOR
ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR
SUBDEFENSORIA GERAL
NÚCLEOS DA DPE
ÓRGÃOS DE ATUAÇÃO
DEFENSORIAS DO ESTADO
CAIU NA DPE-ES-2016-FCC: De acordo com a Lei Complementar nº 80/1994, são órgãos que integram a
Administração Superior da Defensoria Pública do Estado:
I. Corregedoria-Geral da Defensoria Pública do Estado.
II. Escola da Defensoria Pública do Estado.
III. Conselho Superior da Defensoria Pública do Estado.
IV. Ouvidoria-Geral da Defensoria Pública do Estado.99
Por fim, é de absoluta importância que vocês conheçam a recente decisão do STF na ADO n. 02-DF.
Segundo Diogo Esteves e Franklyn Roger:
“A referida demanda foi ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos
Federais e tinha por objeto a omissão do Presidente da República na implantação efetiva
99Está correto o que se afirma APENAS em I e III. CORRETO. Lembre-se da nossa dica: apareceu "GERAL" ou "SUPERIOR" é órgão da
administração superior, exceto OUVIDORIA-GERAL, que é um órgão auxiliar. E a “Escola da Defensoria” não é órgão da administração
superior.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 75
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 76
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Inicialmente não podemos cometer o erro de achar que acesso à justiça é o mesmo que “acesso ao
judiciário”, porque não o é, sobretudo com as ideias de justiça multiportas101.
Um assistido da Defensoria, por exemplo, pode procurar a instituição e realizar um acordo extrajudicial
com outra pessoa, referendado pelo Defensor Público, e isso quer dizer houve o acesso à justiça. Houve o acesso
ao judiciário? Não, pois o acordo referendado pelo Defensor dispensa homologação pelo Poder Judiciário. Assim,
lembre-se que acesso à justiça é muito mais amplo que acesso ao Judiciário.
Na sua célebre obra “Acesso à Justiça”, os autores Mauro Cappelleti e Bryant Garth explicam que nas atuais
sociedades a palavra acesso à justiça serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico: “primeiro
o sistema deve ser justo e igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que sejam
individuais e socialmente justos”.102
É preciso lembrar, contudo, que “a assistência jurídica prestada pela Defensoria Pública vai muito além da
judicialização de ações. A atuação tem como objetivo também a educação em direitos, resolução extrajudicial de
conflitos, promoção dos direitos humanos, proporcionar a igualdade de armas no deslinde processual e a busca por
decisões justas, fundamentadas e livres de preconceitos. Devemos por em destaque o ensinamento do mais
conhecido estimulador do acesso à justiça no mundo, Mauro Cappelletti, para quem a expressão “acesso à Justiça”
é reconhecidamente de difícil definição, mas serve para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico – o
sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado.
Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que sejam
individual e socialmente justos.”103
101 A justiça multiportas é uma nomenclatura que remete o acesso à “justiça” por outras formas que não apenas por uma sentença judicial. A
mediação, conciliação, a celebração de um TAC que é devidamente cumprido etc. Tudo isso e muito mais se caracteriza como uma forma de
trazer “justiça” para a sociedade.
102 Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/27396/as-dificuldades-do-acesso-a-justica. Acesso em:
12/02/2021.
103 Citado do artigo escrito por Paula Sant’Anna Machado de Souza, denominado "O acesso à justiça e as mulheres em situação de violência".
Cadernos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. São Paulo, n.3, p. 43-49, jul 2017. 45. Acesso em 18/06/2020.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 77
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Além disso, nas palavras de Jorge de Oliveira, “o acesso à Justiça tanto pode ser formal como material (ou
efetivo). É meramente formal aquele que simplesmente possibilita a entrada em juízo do pedido formulado pela
parte. Isto não basta. É importante garantir o início e o fim do processo, em tempo satisfatório, razoável, de tal
maneira que a demora não sufoque o direito ou a expectativa do direito. O acesso à justiça tem que ser efetivo. Por
efetivo entenda-se aquele que é eficaz.”104
Em resumo:
A LC 80/94 traz como função institucional da Defensoria Pública promover ação civil pública e todas as
espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos
quando o resultado da demanda puder beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes.
Em 2007 a lei da ação civil pública foi alterada para incluir a Defensoria Pública como legitimada. No
entanto, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP) ajuizou Ação Direta de
Inconstitucionalidade contestando a constitucionalidade da Lei nº 11.448/2007, que acrescentou no art. 5º da Lei
nº 7.347/85 o inciso que legitima a Defensoria Pública a propor ACP.
Em 2015 o STF declarou a CONSTITUCIONALIDADE do inciso que legitima a Defensoria Pública a propor
ACP, considerando diversos motivos. Um deles seria a legitimidade concorrente e disjuntiva.
Vejam:
“É constitucional a Lei nº 11.448/2007, que alterou a Lei nº 7.347/85, prevendo a Defensoria Pública como um dos
legitimados para propor ação civil pública. Vale ressaltar que, segundo o STF, a Defensoria Pública pode propor
ação civil pública na defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos STF. Plenário. ADI 3943/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 6 e 7/5/2015 (Info 784).”
Além disso, é necessário que saibamos que a defensoria tem papel muitíssimo importante na defesa
extrajudicial dos conflitos, como por exemplo na elaboração de Termos de Ajustamento de Conduta, poder
requisitório, elaboração de audiências públicas, educação em direitos etc.
Veremos agora sobre o poder requisitório, muitíssimo importante para nossas provas.
PODER REQUISITÓRIO
O poder requisitório, ou poder de requisição, é a prerrogativa que tem o Defensor Público, estadual ou
federal, de requisitar, de autoridade pública ou de seus agentes, exames, certidões, perícias, vistorias, diligências,
processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias ao exercício de suas atribuições.
104VARGAS, Jorge de Oliveira – Responsabilidade Civil do Estado pela demora na prestação da tutela jurisdicional – 1ª ed., 5ª tiragem,
Curitiba, Editora Juruá, 2009, pág. 12.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 78
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
Trata-se de uma das principais prerrogativas de atuação extrajudicial do Defensor Público, possuindo natureza
jurídica de ordem e não de solicitação.
Art. 128. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública do Estado, dentre outras
que a lei local estabelecer:
Percebam que o poder requisitório não abrange “entidades privadas”, mas apenas públicas. Por outro lado,
a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público prevê em seu art.26 que os membros do MP poderão requisitar
informações e documentos a entidades privadas, para instruir procedimentos ou processo em que oficie.
Vejam:
Vejam o que diz Marcelo Novelino sobre a teoria dos poderes implícitos, para que nos recordemos:
“[...] de acordo com a teoria dos poderes implícitos, quando a Constituição outorga
competências explícitas para a realização de determinados fins, faz-se necessário
reconhecer que implicitamente foram concedidos os meios para a sua adequada
realização”.
Certo.
Então, para a teoria dos poderes implícitos, em síntese, quando a Constituição outorga competências
explícitas para a realização de determinados fins, faz-se necessário reconhecer que implicitamente foram
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 79
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
concedidos os meios para a sua adequada realização. Isso porque, vejam, não faria sentido atribuir o fim se não
fossem outorgadas em paralelo todos os meios necessários para atingi-lo.
Então, seguindo esse mesmo raciocínio, a teoria dos poderes implícitos DEVE fundamentar a existência do
poder requisitório do Defensor, tanto a órgãos públicos como a entidades privadas? Acreditamos que sim, até
porque a Defensoria tem legitimidade para ajuizar ações coletivas, por exemplo, e uma ação civil pública precisa
de muita prova, principalmente prova pré-constituída.
Isso porque na ADI 230/RJ, que tramitou no STF, o poder requisitório sofreu uma absurda limitação.
Analisando a Constituição do Estado do Rio de Janeiro, o STF reconheceu a inconstitucionalidade do art. 178, IV,
alínea a, que estabelecia aos membros da Defensoria Pública do Rio o poder de requisição em face de autoridades
públicas e de entidades privadas.
Perceba que a LC 80/94 (art. 128, inciso X) não traz o poder requisitório diante de entidades privadas,
apenas de autoridades públicas.
O Voto da Ministra Cármen Lúcia (relatora) entendeu que o poder requisitório conferido à Defensoria, seja
em relação a entidades públicas ou privadas, seria “uma exacerbação das prerrogativas asseguradas aos demais
advogados".
No entanto, para Caio Paiva e Tiago, “a premissa de que se valeu o STF para julgar procedente a ADI 230 e
assentar a inconstitucionalidade da prerrogativa do poder de requisição inserida na Constituição carioca foi
basicamente a de que o defensor público não pode usufruir de instrumentos processuais não acessíveis aos
advogados, sob pena de a ordem jurídica contemplar passivamente uma espécie de "SUPERADVOGADO". O
equívoco do Supremo reside, portanto, justamente nesta ideia equivocada de que defensor público e advogado
são iguais, desconsiderando que o papel institucional desempenhado pela Defensoria Pública não corresponde
nem se confunde com o exercício da advocacia, indo muito mais além, abrangendo a promoção dos direitos
humanos, o exercício da tutela coletiva, a educação em direitos, a resolução extrajudicial dos conflitos como
prioridade etc.” 105
Como o julgamento foi antes da EC 80/2014, que distinguiu bem a Defensoria da Advocacia, parte da
doutrina aponta que houve uma superação de tal julgado, o que deve ser sustentado em nossas provas abertas.
Ademais, é bom lembrar que no REsp 1.710.155-CE, em 2018, o STJ decidiu que os Defensores Públicos
NÃO precisam de inscrição na OAB para exerceram suas atribuições.
Na ADI 4.636, em 2020, o STF, através do voto do ministro Gilmar Mendes, também estabeleceu a nítida
distinção entre a advocacia e a Defensoria Pública: "O defensor público tem assistido, e não cliente. A ele é
vinculado pelas normas de Direito Público, e não por contrato. Sendo assim, a função dos membros da Defensoria
Pública é, evidentemente, marcada pela impessoalidade, porquanto o assistido não escolhe seu defensor,
tampouco o remunera diretamente. Ao contrário do cliente, que gratifica o trabalho feito com honorários, tendo
poder de escolha sobre o profissional de sua preferência, trazendo à função do advogado feição personalíssima”.
105 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019, p. 380/381.
@CURSOEBLOGRDP #DPERJ 80
DPE-RJ P. INSTITUCIONAIS
O STJ publicou um acórdão (REsp 1.710.155-2018) muito importante, em que faz nítida distinção entre as
duas funções essenciais à justiça: Advocacia e Defensoria, vejam:
“A Constituição não previu a inscrição na OAB como exigência para exercício do Defensor
Público. Ao revés, impôs outras restrições, como a vedação à advocacia privada”.
O STF, na ADI 4.636, em 19.06.2020, cujo relator é o ministro Gilmar Mendes, seguiu a mesma linha do STJ,
no sentido de que “A atuação de defensor público sem registro na OAB não fere a Constituição”. 107 Portanto, hoje,
encerrada a discussão: a capacidade postulatória do Defensor Público decorre da sua nomeação e posse (Art. 3º, §
6º da LC 80/94), tendo sua constitucionalidade reafirmada pelo Supremo.
“(...) Partindo-se do raciocínio do autor da ação, forçoso concluir que, com a alteração
constitucional de 2014, que alterou a disposição do Capítulo IV da Constituição Federal,
não resta mais dúvidas, portanto, em relação à natureza da atividade dos membros da
106 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Defensor Público não precisa de inscrição na OAB para exercer suas funções. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em: https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7e1cacfb27da22fb243ff2debf4443a0. Acesso
em: 12/02/2021.
107 Voto disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/atuacao-defensor-registro-oab.pdf. Acesso em: 12/02/2021.
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É bom lembrar que o STF concluiu o julgamento da ADI nº 5296, proposta pela ex Presidente da República
Dilma Rousseff, que questionava a autonomia dada pela EC 74/2013 à Defensoria Pública da União. O STF, e
síntese, concluiu pela constitucionalidade da autonomia funcional e administrativa da DPU.
Futur@s defensor@s, agora vamos a um ponto atual e que tem grandes chances de cair em sua prova, pois
até agora não foi cobrado e está no seu edital: Caso Ruano Torrres vs El Salvador. Nós já fizemos um breve resumo
desse caso em ponto anterior do material, mas vamos falar dele mais detalhadamente.
Sobre o tema, é muito importante citar um artigo escrito pelas maiores autoridades de Direito Institucional
da Defensoria Pública do país, os professores Franklyn Roger Alves Silva e Diogo Esteves. Os professores
comentaram dois casos que chegaram até a Corte IDH, sendo o caso Ruano Torres e outros Vs. El Salvador o mais
atual (2015), em que um homem foi condenado em um processo penal, quando era assistido pela Defensoria
Pública, havendo várias negligências cometidas pelo Defensor.
Nas palavras dos autores Franklyn Roger Alves Silva e Diogo Esteves108:
“Efetuada a prisão de Ruano Torres, com evidente excesso e maus tratos na condução da
diligência, deu-se início à persecução penal com a ocorrência de várias nulidades
verificadas no procedimento perante a corte. Um dos temais centrais da denúncia era
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exatamente o fato de que os vícios não teriam sido alegados pela defesa técnica,
acarretando a condenação do acusado.
Diante de todos os elementos do caso, a Corte IDH reconheceu a violação aos direitos
previstos na convenção, especialmente a garantia da não tortura, a inobservância da
presunção de inocência, o direito ao recurso, a garantia da liberdade pessoal e o direito à
defesa, este último com relação direta à atuação dos defensores. De início, a Corte IDH
rememorou a importância da defesa técnica no processo penal e a necessidade de haver
uma política pública de organização do serviço de assistência jurídica gratuita prestada
pelo Estado, de modo que a defesa no processo penal prestada em favor de quem não
pode custear um advogado seja eficaz.
A adequação do serviço de Defensoria Pública, na ótica da Corte IDH, também passa pela
necessária implementação de processos adequados de seleção dos membros da
instituição, além do desenvolvimento de filtros de controle sobre sua atuação e a
permanente capacitação.
Definidas estas premissas, para a Corte IDH não é possível atribuir uma responsabilidade
objetiva ao Estado pela falha da atuação da Defensoria Pública, diante de sua autonomia
funcional, sendo necessário avaliar se a intervenção institucional constituiu uma
negligência inescusável ou uma falha manifesta no exercício da defesa.
Assim, só se torna possível avaliar a responsabilidade do Estado por ato praticado pela
Defensoria Pública quando for verificada que em sua atuação a instituição e seus
membros: (1) Não desenvolvem atividade probatória mínima; (2) Deixam de apresentar
argumentos em favor dos interesses do acusado; (3) Apresentam falta de conhecimento
técnico e jurídico do processo penal; (4) Deixam de interpor recursos para a tutela de
direitos do acusado; (5) Apresentam fundamentação inadequada aos recursos
interpostos; (6) Abandonam a defesa.”
Ou seja, segundo a Corte IDH, só se torna possível avaliar a responsabilidade do Estado por ato praticado
pela Defensoria Pública quando for verificada que em sua atuação a instituição e seus membros:
Neste caso, a Corte IDH concluiu que “a instituição Defensoria Pública, através de oferecimento de serviços
públicos e gratuitos de assistência jurídica, permite, sem dúvida, compensar adequadamente a desigualdade
processual em que se encontrem as pessoas que enfrentam o poder punitivo do Estado, assim como a situação de
vulnerabilidade das pessoas privadas de liberdade e garanti-lhes um acesso efetivo à justiça em termos
igualitários”.
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André de Carvalho Ramos lembra que “a Corte entendeu que houve violação do direito à presunção da
inocência, em razão da falta de investigações efetivas para determinar a autoria do crime, bem como da
fundamentação da sentença única e exclusivamente na declaração de um corréu, sem outros elementos de
comprovação. Diante dos fatos do caso, houve ainda ausência de defesa técnica materialmente efetiva que
incorporasse as garantias mínimas legais previstas no art. 8.2. da CADH. Neste caso, como reparação, determinou
que a Defensoria Pública de El Salvador coloque uma placa em sua unidade para lembrar a importância de garantir
a defesa técnica efetiva e estimular a consciência institucional”.109
Caio Paiva e Thimotie Aragon lembram que no julgamento do Caso Ruano Torres a Corte IDH estabeleceu
que a defesa técnica prestada pela Defensoria Pública não deve ser concebida apenas como formalidade
processual, exigindo-se, ao contrário, que o Defensor Público atue de forma diligente com o fim de proteger as
garantias processuais do acusado e evite que seus direitos sejam violados. 110
Vitor Fonseca (Processo Civil e Direitos Humanos, São Paulo: RT, 2018, p. 32), entende que o precedente
firmado no julgamento do Caso Ruano Torres, embora construído no contexto de um processo criminal, deve se
estender ao processo civil, razão pela qual sustenta-se a inconvencionalidade parcial do art. 341, parágrafo único
do NCPC, segundo o qual “o ônus da impugnação específica dos fatos não se aplica ao defensor público, ao
advogado dativo e ao curador especial”, compreendendo que o ônus da impugnação específica somente não se
aplica ao curador especial, sem excluir, portanto, o defensor público e o advogado dativo, sob pena de
consentirmos com uma defesa técnica material ineficaz111.
109 Ramos, André de Carvalho Curso de Direitos Humanos / André de Carvalho Ramos. – 7. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2020, p. 310.
110 PAIVA, Caio. HEEMANN, Thimotie Aragon. Jurisprudência internacional de Direitos Humanos. 3º Ed. Belo Horizonte: CEI, 2020, p.283/284.
111 Citado na obra: PAIVA, Caio. HEEMANN, Thimotie Aragon. Jurisprudência internacional de Direitos Humanos. 3º Ed. Belo Horizonte: CEI,
2020, p.283/284.
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CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “Emenda constitucional que amplie a atuação da Defensoria Pública será considerada
inconstitucional: a Defensoria integra o núcleo essencial à função jurisdicional do Estado, sendo vedada qualquer
alteração nas suas atribuições”.112
Inicialmente, como bem esclarecem os professores Franklyn Roger e Diogo Esteves (2018), “embora a
autonomia funcional, administrativa e financeira da Defensoria Pública decorra diretamente da posição topográfica
por ela ocupada na Constituição Federal, o reconhecimento explícito desse elemento de manumissão apenas
ocorreu com a edição das Emendas Constitucionais 45/04, 69/2012, e EC 74/2013”.
Compreendam que o legislador poderia ter editado apenas uma emenda para dar autonomia à Defensoria
Pública (seja DPU, DPE ou DP-DF). No entanto, não foi assim que foi feito.
Primeiro foi editada a EC 45/2004, cujo art. 134, § 2º da Constituição Federal passou a assegurar
expressamente autonomia funcional e administrativa às Defensorias Estaduais, vejam:
Art. 134. § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa
de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação
ao disposto no art. 99, § 2º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45, a Constituição Federal passou a
prever a autonomia funcional, administrativa e a iniciativa de proposta orçamentária dentro dos limites
estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias apenas para as Defensorias Públicas Estaduais”.113
Você, estudante do RDP, deve estar se perguntando: certo, professor, eu entendo que deu autonomia às
Defensorias Estaduais, mas e à DPU e à DP-DF?
Pois é.
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45, a Constituição Federal passou a
prever a autonomia funcional, administrativa e a iniciativa de proposta orçamentária dentro dos limites
112 ERRADO. Justificativa da Banca: Emenda constitucional pode ampliar a atuação da Defensoria Pública. O que não pode ocorrer é a sua
supressão ou redução pelo Poder Constituinte de Reforma.
113 CORRETO.
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estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias para as Defensorias Públicas Estaduais, do Distrito Federal e da
União”. 114
Essa emenda determinou que fossem aplicados à Defensoria Pública do Distrito Federal os mesmos
princípios e regras que, nos termos da Constituição Federal, eram previstos para as Defensorias Públicas dos
Estados.
É importante lembrar que a Emenda Constitucional nº 69/2012 transferiu a competência para organizar e
manter a Defensoria Pública do Distrito Federal da União para o próprio Distrito Federal.
No ano seguinte (2013, no caso), foi editada mais uma Emenda, a EC 74/2013, que realizou a inclusão do §
3º ao art. 134 da Constituição Federal, ao prever que o disposto no §2º do art. 134 também seria aplicável às
Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.
É bom lembrar que o STF concluiu o julgamento da ADI nº 5296, proposta pela ex-Presidente da República
Dilma Rousseff, que questionava a autonomia dada pela EC 73/2013 à Defensoria Pública da União. O STF, e
síntese, concluiu pela constitucionalidade da autonomia funcional e administrativa da DPU.
Por fim, anote também em seu caderno que talvez a Emenda mais importante tenha sido a EC 80/2014.
De início, até a EC 80/2014, a Defensoria Pública era alocada na mesma Seção dedicada à advocacia. A
partir de então passou a ter previsão em Seção própria, totalmente desvinculada das demais funções essenciais à
justiça, que passaram a ser quatro, não mais somente três.
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “A Defensoria Pública passou a contar com Seção própria na Constituição Federal a
partir da Emenda Constitucional nº 80/2014”. 115
CAIU NA DPE-ES-2016-FCC: “A Emenda Constitucional nº 45/2004 − Reforma do Poder Judiciário, entre outros
aspectos inovadores incorporados ao regime constitucional da Defensoria Pública, tratou de separar a Advocacia e
a Defensoria Pública em seções distintas no Capítulo IV − Das Funções Essenciais à Justiça”.116
Foi com a EC 80/2014 que o art. 134 ganhou uma nova redação, tendo agora a mesma redação do previsto
na LC/80, em que a Defensoria Pública é uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica,
a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição
Federal.
A EC nº 80/2014 também acrescentou o § 4º, no artigo 134 da Constituição, determinando que são
princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.
114 ERRADO.
115 CORRETO.
116 Errado porque, como vimos, foi a EC nº 80/2014 que realizou tal separação.
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CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A garantia de autonomia administrativa das Defensorias Públicas está estabelecida
desde a promulgação da Constituição Federal de 1988”. 118
CUIDADO COM ESSE DETALHE: a EC nº 80/2014 incluiu o art. 98 no Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias. Este dispositivo estabeleceu que “o número de defensores públicos na unidade jurisdicional será
proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria e à União, os Estados e o Distrito Federal contem com
defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais”. Durante esse prazo, a lotação dos defensores públicos
ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento
populacional, respectiva população.
Anote-se que a Emenda estabeleceu o PRAZO DE 8 (OITO) ANOS (DECOREM ESSE PRAZO POR FAVOR, DE VERDADE,
VAI CAIR NA PROVA DE NOVO, TODA HORA CAI) para que a União, os Estados e o Distrito Federal contem com
defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais. Durante esse prazo, a lotação dos defensores públicos
ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento
populacional (guardem essa informação também).
CAIU NA DPE-ES-2016-FCC: “A Emenda Constitucional nº 80/2014 fixou o prazo de dez anos para o Estado
brasileiro assegurar a presença de Defensores Públicos em todas as unidades jurisdicionais, em número
proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva população.”119
CAIU NA DPE-MA-2018-FCC- “A lotação de Defensores Públicos, de forma proporcional para atender a efetiva
demanda, ocorrerá prioritariamente atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e de
adensamento populacional, por previsão contida na Emenda Constitucional nº 80/2014”. 120
Por fim, recomendo a leitura do artigo “Omissão constitucional e expansão da Defensoria Pública da
União”, escrito pelos professores Franklyn Roger e Diogo Esteves sobre a recente decisão do STF na Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão nº 02-DF, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais e
que tinha por objeto a omissão do Presidente da República na implantação efetiva da Defensoria Pública da União.
Link no rodapé!121
117 Errado, pois a independência funcional da Defensoria Pública é norma de eficácia plena e deriva da própria Constituição.
118 Errado, pois como vimos, a autonomia administrativa e financeira das Defensorias Públicas Estaduais foi inserida na EC 45/2004.
119 ERRADO. A Emenda estabeleceu o prazo de 8 (oito) anos (e não 10) para que a União, os Estados e o Distrito Federal contem com
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