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t
INTENSIVO
DEFENSORIAS
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CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
SUMÁRIO
CRIMINOLOGIA ........................................................................................................................................... 4
1. ESCOLA CLÁSSICA ............................................................................................................................................. 4
2. ESCOLA POSITIVISTA (POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO) ................................................................................... 6
2.1 CESARE LOMBROSO ....................................................................................................................................... 7
2.2 ENRICO FERRI ................................................................................................................................................. 9
2.3 RAFAELLE GARÓFALO................................................................................................................................... 10
2.4 O POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO NO BRASIL .............................................................................................. 11
2.4.1 NINA RODRIGUES ...................................................................................................................................... 11
3. SOCIOLOGIA CRIMINAL .................................................................................................................................. 13
3.1 MODELOS SOCIOLÓGICOS DE CONSENSO E DE CONFLITO.......................................................................... 13
3.1.1 DE CUNHO FUNCIONALISTA ..................................................................................................................... 14
3.1.2 DE CUNHO ARGUMENTATIVO .................................................................................................................. 14
3.2 ESCOLAS DE CONSENSO............................................................................................................................... 15
3.2.1 ESCOLA DE CHICAGO – TEORIA ECOLÓGICA OU DA DESORGANIZAÇÃO SOCIAL...................................... 15
3.2.2 ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL ....................................................................................................................... 22
3.2.3 TEORIA DA ANOMIA (MERTON E DURKHEIM) .......................................................................................... 24
3.2.3.1 ANOMIA PARA DURKHEIM..................................................................................................................... 24
3.2.3.2 ANOMIA PARA ROBERT. KING MERTON ................................................................................................ 24
3.2.4 TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE .................................................................................................. 27
3.3 ESCOLAS DO CONFLITO ................................................................................................................................ 29
3.3.1 LABELLING APPROACH (INTERACIONISMO SIMBÓLICO, ETIQUETAMENTO, ROTULAÇÃO OU REAÇÃO
SOCIAL) .............................................................................................................................................................. 30
3.3.2 CRIMINOLOGIA CRÍTICA OU RADICAL ....................................................................................................... 34
3.4 PRISIONIZAÇÃO ............................................................................................................................................ 37
3.5 REALISMO CRIMINOLÓGICO DE ESQUERDA ................................................................................................ 39
3.6 MINIMALISMO E GARANTISMO PENAL........................................................................................................ 40
3.6.1: GARANTISMO PENAL INTEGRAL .............................................................................................................. 41
3.6.2 GARANTISMO POSITIVO ............................................................................................................................ 42
3.6.3 GARANTISMO NEGATIVO .......................................................................................................................... 42
3.6.4: GARANTISMO HIPERBÓLICO MONOCULAR: ............................................................................................ 43
3.6.5 MINIMALISMO PENAL OU ABOLICIONISMO MODERADO ........................................................................ 45
3.6.6 ABOLICIONISMO PENAL (RADICAL) ........................................................................................................... 45
3.7 ABOLICIONISMO PENAL E SUAS VERTENTES ............................................................................................... 45
2.7.1 ABOLICIONISMO PARA LOUK HULSMAN .................................................................................................. 46
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CRIMINOLOGIA
Ponto, sem dúvidas, dos mais relevantes para provas objetivas dentro dessa matéria. Vamos
estudar inicialmente a escola clássica e também as escolas positivistas. Em nossa área do aluno há
quatro videoaulas sobre o período pré-científico e científico que poderão ser assistidas por você até
o fim do curso. Depois de estudar esses pdfs, caso tenha tempo (são curtas), assistam!
1. ESCOLA CLÁSSICA
Para a doutrina, não existiu propriamente uma Escola Clássica, que foi assim denominada em
tom pejorativo pelos positivistas (sobretudo Ferri). No entanto, há nítida influência do iluminismo na
redação da obra “Dos Delitos e Das Penas”, de Cesare Beccaria, com a proposta de humanização das
ciências penais. Além de Beccaria, a Escola Clássica tem como expoentes Francesco Carrara e
Giovanni Carmingnani, por exemplo.
Para a Escola Clássica, o homem é um ser livre e racional e, por isso, a pena deve ter caráter
retributivo. É importante que vocês saibam que os clássicos não advogavam a possibilidade de
aplicação de penas cruéis, muito pelo contrário, eles pregavam a humanização das penas. No
entanto, lembrem-se que a pena deveria ter nítido caráter retributivo.
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Em provas objetivas, caso caia algo sobre a Escola clássica, lembrem-se de quatro princípios
fundamentais:
a) livre arbítrio;
b) penas humanizadas;
c) penas como retribuição ao mal causado; e
d) método e raciocínio lógico-dedutivo.
Assevera o professor Nestor Sampaio1 que “para a Escola Clássica, o criminoso era um ser que
pecou, que optou pelo mal, embora pudesse e devesse escolher o bem. O apogeu do valor do estudo
do criminoso ocorreu durante o período do positivismo penal, com destaque para a antropologia
criminal, a sociologia criminal, a biologia criminal, etc. Por outro lado, sustenta o autor, que a Escola
Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua deformação patológica (às vezes
nascia criminoso). Outra dimensão do delinquente foi confeccionada pela Escola Correcionalista (de
grande influência na América espanhola), para a qual o criminoso era um ser inferior e incapaz de se
1NESTOR SAMPAIO PENTEADO FILHO. MANUAL ESQUEMÁTICO DE CRIMINOLOGIA (Locais do Kindle 313-320). Saraiva.
Edição do Kindle.
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governar por si próprio, merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. Registre-se, por
oportuno, a visão do marxismo, que entendia o criminoso como vítima inocente das estruturas
econômicas.”
Visto isso, podemos passar para o positivismo criminológico, que veio em superação à Escola
Clássica.
A Escola Positiva, como bem assevera Nestor Sampaio, deita suas raízes no início do século
XIX na Europa. Pode-se afirmar que o positivismo criminológico teve três fases: antropológica
(Lombroso), sociológica (Ferri) e jurídica (Garófalo).
Em resumo:
FASES DO
POSITIVISMO
2 CORRETO.
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Para decorar o nome dos três principais positivistas, use o macete “LFG”, iniciais de cada um:
Lombroso, Ferri e Garófalo.
Alunos, atentem-se para o fato de que, embora todos esses três autores fossem positivistas,
cada um tinha uma percepção diferente e isso você precisa saber.
Na verdade, Lombroso não criou uma teoria moderna, mas sistematizou uma série de
conhecimentos esparsos e os reuniu de forma articulada e inteligível. Foi considerado o pai da
antropologia criminal, tirando algumas ideias dos fisionomistas para traçar um perfil de criminosos. 3
Por isso que acabou por examinar com profundidade as características fisionômicas,
comparando com dados estatísticos da criminalidade. Lembra Nestor Sampaio que “para ele
(Lombroso), não havia delito que não deixasse raiz em múltiplas causas, incluindo-se aí variáveis
ambientais e sociais, por exemplo, o clima, o abuso no álcool, a educação, o trabalho, etc.”.
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É salutar lembrar que Lombroso afirmou que o crime não é entidade jurídica, mas sim um
fenômeno biológico, e suas pesquisas foram feitas, em maioria, em manicômios e prisões, concluindo
que o criminoso é um ser atávico, isto é, um ser que regride ao primitivismo, que nasce criminoso,
cuja degeneração, como bem afirma Nestor Sampaio, é causada pela epilepsia, que ataca seus
centros nervosos.
Haveria, ainda, um determinismo biológico, pois embora Lombroso não tenha afastado os
fatores exógenos da gênese criminal, entendia que eram aspectos motivadores dos fatores
endógenos. Assim, o clima, a vida social, etc., apenas desencadeariam a propulsão interna para o
delito, pois o criminoso nasce criminoso.4
Frisa-se que em provas de Defensoria é importante, sempre que for possível, que o candidato
associe os conhecimentos teóricos com a realidade que o circunda. As pesquisas de Lombroso
caminhavam para a confecção de um perfil de criminoso que reforçava estereótipos da época, reflexo
dos preconceitos existentes. Não é preciso muito esforço para perceber que até hoje existe a figura
do “delinquente” na sociedade que, assim como na época de Lombroso, reflete todos os
preconceitos das classes dominantes. Assim, o “L’Uomo delinquente” é visto como sendo o negro,
favelado, muitas vezes analfabeto ou analfabeto funcional.
Cada vez mais, vozes se levantam em prol de penas mais rígidas, do encarceramento de
massa, como se o Direito Penal fosse, efetivamente, a “salvação” para a sociedade. Sob uma
perspectiva lombrosiana essa seria a atitude correta, pois se estamos a tratar de pessoas que são
“criminosas natas”, então não haveria outra solução senão o afastamento de tais pessoas do convívio
social (ideia que deve ser ferrenhamente combatida pelos membros da Defensoria Pública). Nessa
seara, conforme VIANA5:
4 NESTOR SAMPAIO PENTEADO FILHO. MANUAL ESQUEMÁTICO DE CRIMINOLOGIA. (Saraiva. Edição do Kindle).
5 VIANA, Eduardo. CRIMINOLOGIA. Editora Juspodivm, 6ª ed., Salvador: 2018, pag. 64.
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META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
contra o criminoso nato, incorrigível, não caberiam sanções morais, mas sim
preventivas devendo a sociedade se proteger com aplicação da pena de
prisão perpétua ou de morte. Sendo o autor do fato reconhecido como
criminoso nato, qualquer violação seria suficiente para a aplicação de tais
medidas.”
Enrico Ferri (fase sociológica) foi discípulo de Lombroso, e também conhecido por
inaugurar a fase da sociologia criminal. Para Ferri, o crime tem razões tanto
antropológicas como físicas e culturais. Atentem-se também para o fato de que Ferri
negou a ideia de livre-arbítrio (mera ficção). Ele acreditava que a prevenção geral era
muito mais eficaz que a repressão.
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META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO
LOMBROSO ENRICO FERRI RAFAELLE GARÓFALO
Fase antropológica. Fase sociológica. Fase jurídica.
Publicou uma obra chamada O Fundou a noção de
Foi discípulo de Lombroso.
homem delinquente. temibilidade e periculosidade.
Para ele o criminoso era
“nato”, razão pela qual seus Para Ferri o crime tem razões Teorizou que o crime estava no
estudos sobre o atavismo tanto antropológicas como homem e que se revelava
ganharam força no mundo físicas e culturais como degeneração deste.
científico.
Peso, cabelo, tamanho do
crânio, tamanho das pernas, Fundamentou o direito de
Negou a ideia de livre-arbítrio
eram determinantes para punir sobre a teoria da Defesa
(mera ficção).
saber se o agente tinha ou não Social.
determinismo para o crime.
6 Idem.
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CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “De acordo com a teoria positivista, o criminoso é um ser inferior,
incapaz de guiar livremente a sua conduta por haver debilidade em sua vontade: a intervenção estatal
se faz necessária para correção da direção de sua vontade”.7
7 ERRADO. Justificativa da banca: “A escola correcionalista, e não a positivista, afirma que o criminoso é um ser inferior,
incapaz de guiar livremente a sua conduta, por haver debilidade em sua vontade, de modo a merecer intervenção estatal
para corrigi-la. Para a escola correcionalista, o criminoso não é um ser forte e embrutecido, como diziam os positivistas,
mas sim um débil, cujo ato precisa ser compreendido e cuja vontade necessita ser direcionada. A escola positivista afirma
que o criminoso é um prisioneiro de sua própria patologia (determinismo biológico) ou de processos causais alheios
(determinismo social). Não aceitaram a tese da Escola clássica do livre-arbítrio, mas sim a ideia do criminoso nato
(determinismo biológico de Lombroso) e do determinismo social de Ferri e Garófalo”.
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Importante lembrar que embora Nina Rodrigues seja reconhecido como o fundador da
criminologia brasileira moderna, suas obras trazem fortes conteúdos racistas, o que termina por
ofuscar sua produção científica. O autor afirmava que a população negra e “mulata” possuía
capacidade mental incompleta, de forma que deveriam ser aplicadas regras diversas a estes
indivíduos.
“Nina Rodrigues ficou conhecido como um autor maldito por ter utilizado seu
conhecimento para fortalecer a tese da inferioridade racial. Em realidade, um
dos temas principais desse autor fazia referência à nossa definição como
povo e a do Brasil na qualidade de nação. Para isso, necessitava pautar a
questão racial tanto do ponto de vista teórico e acadêmico quanto político.
Vale ressaltar que, nesse período, diversos teóricos discutiam a questão racial
do país e formas de viabilizar o desenvolvimento da nação por meio, entre
algumas alternativas, da eugenia. Sylvio Romero (1851– 1914), por exemplo,
tratou de desenvolver uma tese sobre o branqueamento da população
brasileira, ou seja, o tema da miscigenação racial no Brasil era prioridade e
ocupava as páginas de jornais e as pautas de congressos e discussões no final
do século XX. Nina Rodrigues, que ainda é acusado de preconceituoso,
oferece, por meio do estudo da sua obra, a possibilidade de ampliar os
conhecimentos sobre uma época tão rica na produção intelectual brasileira”.
(GRIFOS NOSSOS).
Esse ponto sobre Nina Rodrigues já foi objeto de questão objetiva feita pela FCC em prova de
Defensoria. Ademais, para fins de aprofundamento sobre o tema, recomenda-se a leitura da obra
8Criminologia no Brasil: histórica e aplicações clínicas e sociológicas/Alvino Augusto de Sá, Davi de Paiva Costa Tangerino
e Sérgio Salomão Schecaira (Coordenadores). Rio de Janeiro, Elsevier, 2011.
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“As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil”, de autoria do próprio Nina Rodrigues. A
obra já se encontra em domínio público, razão pela qual é de fácil obtenção. 9
CAIU NA DPE-ES-2016-FCC: “Sobre a escola positivista da criminologia, é correto afirmar que sua
recepção no Brasil recebeu contornos racistas, notadamente no trabalho antropológico de Nina
Rodrigues”. 10
3. SOCIOLOGIA CRIMINAL
Vimos a Escola Clássica e a Escola Positivista. No entanto, como lembra Nestor Sampaio, “o
próprio Lombroso, no fim de seus dias, formulou o pensamento no sentido de que não só o crime
surgia das degenerações, mas também certas transformações sociais afetavam os indivíduos,
desajustando-os. No entanto, a moderna sociologia partiu para uma divisão bipartida, analisando as
chamadas teorias macrossociológicas, sob enfoques consensuais ou de conflito”. Em provas de
Defensoria Pública, sem dúvidas, as vertentes do conflito e do consenso são importantíssimas, razão
pela qual analisaremos agora.
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Por sua vez, as teorias de conflito argumentam que a harmonia social decorre
da força e da coerção, em que há uma relação entre dominantes e
dominados. Nesse caso, não existe voluntariedade entre os personagens para
a pacificação social, mas esta é decorrente da imposição ou coerção. Os
postulados das teorias de conflito são: as sociedades são sujeitas a mudanças
13 Você pode ter percebido que utilizei a expressão “do consenso” e também “de consenso”. Na verdade, alguns autores
utilizam “de” e outros “do”. Em provas, como aconteceu na DPE-PR, o examinador utilizou “do conflito”. Os dois termos,
portanto, estão corretos.
14 NESTOR SAMPAIO PENTEADO FILHO. MANUAL ESQUEMÁTICO DE CRIMINOLOGIA (Locais do Kindle 1261-1268).
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contínuas, sendo ubíquas, de modo que todo elemento coopera para sua
dissolução. Haveria sempre uma luta de classes ou de ideologias a informar a
sociedade moderna (Marx). Os sociólogos contemporâneos afastam a luta de
classes, argumentando que a violação da ordem deriva mais da ação de
indivíduos, grupos ou bandos do que de um substrato ideológico e político”.
15NESTOR SAMPAIO PENTEADO FILHO. MANUAL ESQUEMÁTICO DE CRIMINOLOGIA (Locais do Kindle 1282-1302).
Saraiva. Edição do Kindle.
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Reforça Nestor Sampaio (2019) que “o crescimento desordenado das cidades faz desaparecer
o controle social informal; as pessoas vão se tornando anônimas, de modo que a família, a igreja, o
trabalho, os clubes de serviço social, etc. não dão mais conta de impedir os atos antissociais. Assim,
no mesmo sentido, a ausência completa do Estado (não há delegacias, escolas, hospitais, creches,
etc.) cria uma sensação de anomia e insegurança, potencializando o surgimento de bandos armados,
matadores de aluguel que se intitulam mantenedores da ordem”.
A principal crítica feita à Escola de Chicago se dá pelo fato de não levar em consideração, nos
seus estudos, a criminalidade das classes abastadas da sociedade (crimes de colarinho branco, como
16 CORRETO.
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falamos acima). Se por um lado rompe com o positivismo, por outro traz um forte determinismo na
análise da criminalidade com base em cada uma das zonas da cidade.
Apesar das críticas, a Escola de Chicago teve por mérito abrir um novo campo para a
criminologia, que até então se preocupava com a pessoa do criminoso, rompendo, com o positivismo
criminológico. Até à Escola de Chicago, a solução proposta para o combate da criminalidade era
centrada na pena. Aqui, por outro lado, já se verificam ideias de planejamento urbano, com políticas
públicas de integração dos indivíduos marginalizados à sociedade.
Veja como o tema foi objeto de prova oral da DPE-PE, em 2018, realizada pela prova
CESPE/CEBRASPE.
17 CORRETO.
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Segundo a doutrina (Sérgio Salomão Shecaira), são dois os conceitos básicos para
compreensão da teoria ecológica aplicável ao seu efeito criminógeno. O primeiro é a definição de
“desorganização social”, e o segundo é a identificação de “áreas de delinquência”, que obedecem a
uma “gradiente tendency”.
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Para o autor:
No mais central desses anéis estava a zona comercial com seus grandes bancos, lojas, fábricas,
etc.
Shecaira aponta que como zona intersticial, está sujeita à invasão do crescimento da zona
anterior, e por isso, é objeto de degradação constante, estando também sujeita a zona degradada
pelo barulho, agitação, mau cheiro das indústrias, etc.
Em resumo, saiba que são dois os conceitos básicos para compreensão da teoria ecológica
aplicável ao seu efeito criminógeno. O primeiro é a definição de “desorganização social”, e o segundo
é a identificação de “áreas de delinquência”.
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Em outra meta específica, veremos sobre a teoria das janelas quebradas, lei e ordem e política
da tolerância zero, que também tem ligação com a Escola de Chicago.
Lembra Nestor Sampaio (2019) que a teoria da associação diferencial apregoa que o
comportamento do criminoso é aprendido, nunca herdado, criado ou desenvolvido pelo sujeito ativo.
Sutherland não propõe a associação entre criminosos e não criminosos, mas sim entre definições
favoráveis ou desfavoráveis ao delito. Nesse contexto, a associação diferencial é um processo de
apreensão de comportamentos desviantes, que requer conhecimento e habilidade para se locupletar
das ações desviantes. Isso é aprendido e promovido por gangues urbanas, grupos empresariais,
aquelas despertadas para a prática de furtos e arruaças, e estes, para a prática de sonegações e
fraudes comerciais.18
18Manual esquemático de criminologia/Nestor Sampaio Penteado Filho. – 8. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p.
59.
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Em relação à teoria da associação diferencial, pode-se dizer que Sutherland foi um precursor
no estudo dos chamados crimes de colarinho branco. Por intermédio da explicação da teoria, verifica-
se que não são seres “atávicos” que delinquem, mas sim pessoas “normais” em inúmeras
circunstâncias e pelas mais variadas razões, demonstrando-se que o estudo da ciência criminal vai
muito além de fórmulas simplistas.
19 SUTHERLAND. Edwin Hardin. WHITE COLLAR-CRIMINALITY. In American Sociological Review. Vol. 5. Number 1.
February, 1940. A versão traduzida do texto cuja leitura é recomendada encontra-se em:
https://seer.ufrgs.br/redppc/article/view/56251/33980. Acesso em: 26/01/2021.
20 Tradução livre: “A criminalidade de colarinho branco nos negócios é expressa com mais frequência na forma de
deturpação nas demonstrações financeiras das empresas, manipulação na Bolsa de Valores, suborno comercial, suborno
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Apesar de ser vista também como teoria de consenso, há nuances marxistas. Afasta-se dos
estudos clínicos do delito porque não o compreende como anomalia. De plano, convém citar que
essa teoria se insere no plano das correntes funcionalistas, desenvolvidas por Robert King Merton,
com apoio na doutrina de E. Durkheim (O suicídio). (NESTOR SAMPAIO, p. 60).
3.2.3.1 ANOMIA PARA DURKHEIM 3.2.3.2 ANOMIA PARA ROBERT. KING MERTON
Anomia representa a ausência ou desintegração Anomia se dava em razão de, no plano
das normas sociais, fazendo com que haja a sociológico, existir um sintoma de dissociação
produção de uma situação de pouca coesão entre as aspirações socioculturais e os meios
social causado por uma ruptura. desenvolvidos para alcançar tais aspirações.
de funcionários públicos direta ou indiretamente, a fim de garantir contratos e legislação favoráveis (...) Estes e muitos
outros são encontrados em abundância no mundo dos negócios”.
21 Idem, p. 60.
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Para Émile Durkheim, anomia representa a ausência ou desintegração das normas sociais,
fazendo com que haja a produção de uma situação de pouca coesão social causado por uma ruptura.
Por exemplo, se os meios formais de controle não punem os homicídios, a sociedade passará a
enxergar como fatos “normais”, causando a ideia de anomia. Lembrem-se que anomia significa, na
visão de Durkheim, uma situação de fato em que faltam coesão e ordem, sobretudo no que diz
respeito a normas e valores.
22CERTO. JUSTIFICATIVA DA BANCA: A sociologia criminal divide-se em uma análise europeia e em uma norte-americana.
Sob o enfoque europeu, Durkheim foi o responsável pela criação da teoria da anomia, que afirma que, em razão da
complexidade social, o crime é normal, necessário e útil para o equilíbrio e desenvolvimento sociocultural.
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Diferente é a ideia de anomia para Merton. Para este, em linhas gerais, a anomia se dava em
razão de, no plano sociológico, existir um sintoma de dissociação entre as aspirações socioculturais
e os meios desenvolvidos para alcançar tais aspirações. Para ficar mais fácil, imagine que ter um
celular hoje seja algo imposto pela sociedade. No entanto, há pessoas que ainda não possuem poder
aquisitivo para tê-lo. Nesse caso, furtar seria uma “saída” para alcançar os objetivos culturais
impostos pela própria sociedade.
Nestor Sampaio Penteado Filho, em seu Manual Esquemático de Criminologia (8ª Ed, 2018,
página 61), explica:
“A anomia vista como um tipo de conflito cultural ou de normas sugere a existência de um segmento
de dada cultura, cujo sistema de valores esteja em antítese e em conflito com outro segmento.
Então, o conceito de anomia de Merton atinge dois pontos conflitantes: as metas culturais (status,
poder, riqueza, etc.) e os meios institucionalizados (escola, trabalho, etc.).
Nessa linha de raciocínio, Merton elabora um esquema no qual explica o modo de adaptação dos
indivíduos em face das metas culturais e meios disponíveis, assinalando com um sinal positivo quando
o homem aceita o meio institucionalizado e a meta cultural, e com um sinal negativo quando os
reprova.
A conformidade ou comportamento modal (conformista), num ambiente social estável, é o tipo mais
comum, pois os indivíduos aceitam os meios institucionalizados para alcançar as metas socioculturais.
Existe adesão total e não ocorre comportamento desviante desses aderentes.
No modo de inovação os indivíduos acatam as metas culturais, mas não aceitam os meios
institucionalizados. Quando se apercebem de que nem todos os meios estão a sua disposição, eles
rompem com o sistema e, pela conduta desviante, tentam alçar as metas culturais. Nesse aspecto o
delinquente corta caminho para chegar às metas culturais.
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Outro modo referido por Merton é o ritualismo, por meio do qual os indivíduos fogem das metas
culturais, que, por uma razão ou outra, acreditam que jamais atingirão. Renunciam às metas culturais
por entender que são incapazes de alcançá-las.
Na evasão ou retraimento os indivíduos renunciam tanto às metas culturais quanto aos meios
institucionalizados. Aqui se acham os bêbados, drogados, mendigos e, párias, que são derrotistas
sociais.
Por derradeiro, cita-se a rebelião, caracterizada pelo inconformismo e revolta, em que os indivíduos
rejeitam as metas e meios, lutando pelo estabelecimento de novos paradigmas, de uma nova ordem
social. São individualmente os “rebeldes sem causa”, ou ainda, coletivamente, as revoluções sociais.”
Assim, teríamos o seguinte (GRAVEM esses aspectos dos modos de adaptação pois podem
ser cobrados em qualquer fase do concurso, mormente as fases discursivas e orais):
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ordem social, ofertada pela criminologia tradicional. Identificam-se como exemplos as gangues de
jovens delinquentes, em que o garoto passa a aceitar os valores daquele grupo, admitindo-os para si
mesmo, mais que os valores sociais dominantes. (Nestor Sampaio, p. 62).
Segundo Cohen, a subcultura delinquente se caracteriza por três fatores: não utilitarismo da
ação; malícia da conduta e negativismo. Abaixo faço um quadro comparativo baseado nos
ensinamentos de Nestor Sampaio23:
Em resumo:
23 Idem, p. 62.
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SE LIGA, ALUN@ RDP: não só nos livros é possível ver explicações e alusões às teorias criminológicas
em comento. O videoclipe da música “Beat it” de Michael Jackson faz referência clara à teoria da
subcultura delinquente, haja vista haver diversas cenas em que Michael dança com membros de
gangues em uma cidade retratada como sombria e caótica. Inclusive o diretor do videoclipe teria
contratado membros de gangues reais para participarem da produção24.
Nestor Sampaio (2018) afirma que as teorias de conflito argumentam que a harmonia social
decorre da força e da coerção, em que há uma relação entre dominantes e dominados. Nesse caso,
não existe voluntariedade entre os personagens para a pacificação social, mas esta é decorrente da
imposição ou coerção.
TEORIAS DO CONFLITO
LABELLING APPROACH Para esta teoria, a sociedade define o que entende por “conduta
(Também conhecida como desviante”, isto é, todo comportamento considerado perigoso,
interacionismo simbólico, constrangedor, impondo sanções àqueles que se comportarem
etiquetamento, rotulação dessa forma, criando rótulos e escolhendo sobre quem o direito
ou reação social).
24Michael Jackson com gangues reais em Beat It. Disponível em: https://mjbeats.com.br/michael-jackson-com-gangues-
reais-em-beat-it-d8390bbc8e7f. Acesso em: 26/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 29
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
25 ERRADO.
26 ERRADO. Teoria da anomia, como vimos, é outra coisa e não nada a ver com a teoria do labelling approach.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 30
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Uma das mais importantes teorias de conflito surgiu nos anos 1960 nos Estados Unidos e seus
principais expoentes foram Erving Goffman e Howard Becker.
A teoria do etiquetamento social (ou labelling approach) se baseia no fato de que os agentes
que praticaram condutas desviantes (classificadas como criminosas) são submetidos a uma resposta
ritualizada e estigmatizante (a prisão), o que provoca o distanciamento social e a redução de
oportunidades (estigmatização), fazendo com que surja uma subcultura delinquente com reflexos na
autoimagem. Mesmo após a saída do cárcere o agente sofre o estigma decorrente da
institucionalização (criminalização terciária) e inicie sua carreira criminal, o que gera a reincidência.
(...) Por meio dessa teoria ou enfoque, a criminalidade não é uma qualidade
da conduta humana, mas a consequência de um processo em que se atribui
tal “qualidade” (estigmatização). Assim, o criminoso apenas se diferencia do
homem comum em razão do estigma que sofre e do rótulo que recebe. Por
isso, o tema central desse enfoque é o processo de interação em que o
indivíduo é chamado de criminoso. A sociedade define o que entende por
“conduta desviante”, isto é, todo comportamento considerado perigoso,
constrangedor, impondo sanções àqueles que se comportarem dessa forma.
Destarte, condutas desviantes são aquelas que as pessoas de uma sociedade
rotulam às outras que as praticam. A teoria da rotulação de criminosos cria
um processo de estigma para os condenados, funcionando a pena como
geradora de desigualdades. O sujeito acaba sofrendo reação da família,
27 ERRADO.
28 Idem, p. 63/64.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 31
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 32
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Vejamos!
O professor Shecaira (2018, p. 262/263) 30 lembra que a preocupação com o papel das
cerimônias degradantes atinge a própria discussão do devido processo legal. Em sua obra, lembra
das consequências advindas da irresponsável cobertura de um episódio jornalístico ocorrido há
algum tempo em SP, em que os donos de uma escola infantil foram crucificados pela imprensa de
todo o país por uma acusação que não tinha qualquer base material. Foram presos, a escola
depredada, suas honras violadas, fotos publicadas nas capas dos jornais com manchetes desairosas.
No fim das contas, sequer houve denúncia, e mais de cinco anos depois, a revista Folha de São Paulo
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 33
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
publicou uma matéria: “os seis acusados de abuso sexual contra crianças, no episódio que ficou
conhecido como Escola Base, ainda não conseguiram reconstruir suas vidas, arrasadas pela
irresponsabilidade da polícia e da imprensa. Ninguém recebeu qualquer tipo de indenização...”
Essa é uma importante teoria do conflito, já tendo sido objeto de questionamento em provas
objetivas e orais. Segundo a doutrina (Shecaira, 2018), a teoria crítica (ou radical) é assim denominada
por fazer a mais aguda crítica ao pensamento criminológico tradicional, bem como às instâncias de
controle punitivas. Ao longo dos anos, ela dividiu-se em três grandes correntes: o neorrealismo de
esquerda, a teoria do direito penal mínimo e o pensamento abolicionista.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 34
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Lembra o autor que “entre as contribuições da teoria crítica está o fato de que o fundamento
mais geral do ato desviado deve ser investigado junto às bases estruturais econômicas e sociais que
caracterizam a sociedade na qual vive o autor do delito. Em síntese, a proposta desta teoria para o
processo criminalizador objetiva reduzir as desigualdades de classes e sociais”.
Eduardo Viana34 lembra que “a criminologia crítico radical (nova Criminologia, Criminologia
radical ou Criminologia moderna), surgiu nos anos setenta do século passado. Tem como premissa o
redimensionamento do objeto da Criminologia a partir de uma nova visão do fenômeno criminal.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 35
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Nesse novo cenário, o papel desempenhado pelas estruturas de poder é conhecido como relevante,
ingressando na atmosfera de análise científica como vetor produtor da criminalidade”.
Em sua obra “Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal”, Alessandro Barata postula
elaborar uma sociologia jurídico-penal transladando a crítica criminológica da desigualdade das
sociedades capitalistas para o Direito Penal. Tenta articular uma ideia de mínima intervenção penal,
um modelo de substituição das formas de controle, sem, contudo, abdicar das garantias. Como ele
sintetizou: superação do sistema penal tradicional em direção a um sistema de defesa e garantia dos
direitos humanos (Eduardo Viana, Criminologia, p. 340).
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 36
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Por fim, vale lembrar que a criminologia crítica não é imune a críticas, tendo em vista que
também é criticada por apontar problemas nos Estados capitalistas, não analisando o crime nos
países socialistas. Destacam-se as correntes do neorrealismo de esquerda; do direito penal mínimo
e do abolicionismo penal, que, no fundo, apregoam a reestruturação da sociedade, extinguindo o
sistema de exploração econômica.35
3.4 PRISIONIZAÇÃO
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: Trata-se da assunção das atitudes, dos modelos de comportamento, dos
valores característicos da subcultura carcerária. Estes aspectos da subcultura carcerária, cuja
interiorização é inversamente proporcional às chances de reinserção na sociedade livre, têm sido
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 37
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
examinados sob o aspecto das relações sociais e de poder, das normas, dos valores, das atitudes que
presidem estas relações, como também sob o ponto de vista das relações entre os detidos e o staff
da instituição penal. (BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. 3. ed. Rio
de Janeiro: Revan, 2002, p. 184-185). O fenômeno retratado pelo trecho acima é chamado de36:
A - criminalização da pobreza.
B - prisionização.
C - direito penal do inimigo.
D - criminologia crítica.
E - encarceramento em massa.
É importante deixar claro que a prisionização também traz efeitos a outras pessoas, além das
submetidas aos cárceres, como é o caso dos agentes de polícia penal (outrora chamados de agentes
penitenciários), vejam:
36GABARITO: B.
37 Disponível em: https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/612530285/os-efeitos-da-prisionizacao-nos-
agentes-penitenciarios. Acesso em: 26/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 38
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
“foi e é uma corrente da criminologia crítica surgida nos anos 80. Desde os
seus primórdios, almejava engajar-se no debate público sobre o crime e,
consequentemente, disputar o campo político-criminal em contra da
crescente força de criminólogos conservadores. Porém, desde o falecimento
de Jock Young em 2013, permanecia uma latente lacuna teórica realista que
desse conta dos novos acontecimentos na criminologia em geral. Nesse
sentido, Roger Matthews reinaugura um processo de introdução da
criminologia crítica realista para uma nova geração de leitores. Se por si
mesmo “Realist Criminology” já é motivo de controvérsia no mundo
anglófono, é provável que o lançamento da tradução em espanhol de
“Criminología Realista” abra algumas reflexões e, quem sabe, novos
panoramas críticos para a criminologia latino-americana. Se, conforme o
prefácio, com esta obra o objetivo de Roger Matthews é não só reestabelecer
a criminologia realista, mas também contribuir para o desenvolvimento de
uma abordagem mais crítica e progressista ao desenvolvimento do crime e
da punição; o objetivo da presente resenha é delimitar a extensão em que
“Criminologia Realista” alcança essa meta e, nesse processo, apontar os
limites para uma crítica criminológica contemporânea (VITOR STEGEMANN
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 39
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Alerta o autor, entretanto, que uma das maiores contribuições talvez seja a crítica a correntes
atuais da criminologia crítica, inclusive criminólogos radicais e abolicionistas. Estas criminologias
liberais de esquerda, diz Roger Matthews, afoitas por criticar a ação punitiva estatal, erram
grosseiramente ao não contemplar a verdadeira extensão dos processos de vitimização criminal.
Consequentemente, a falta de foco nas dimensões reais do crime, nomeadamente em relação às
populações vulneráveis, cria uma indisposição por reformar o sistema de justiça criminal (nothing
works).
O movimento minimalista nasce a partir das propostas de alguns autores (entre eles podemos
citar Baratta). Em síntese, para os minimalistas, o direito penal tem que intervir o mínimo possível
(daí a expressão minimalista), de modo que tenha aplicação subsidiária a outras formas de controle
social.
38 Revista Brasileira de Ciências Criminais, vol. 123, ano 24, p. 409-418. São Paulo: Ed. RT, set. 2016.
39 CORRETO.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 40
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Já o garantismo penal, que não se confunde com o minimalismo, encontra guarida a partir
dos estudos de Ferrajoli, em que foram elaborados, inclusive, os 10 axiomas.41
3.6.1: GARANTISMO PENAL INTEGRAL: Segundo a doutrina, partindo de dois parâmetros do princípio
da proporcionalidade, a saber, a proibição do excesso e a vedação da proteção deficiente, e das
premissas teóricas do neoconstitucionalismo, os defensores do garantismo penal integral
apresentam modelo no qual todas as gerações de direitos fundamentais deveriam ser protegidas, o
que não só melhoraria a proteção dos direitos individuais contra as arbitrariedades do poder punitivo,
como também permitiria o resguardo eficaz dos “anseios da sociedade”. Dessa forma, sob o viés da
vedação do excesso, existiria o denominado garantismo negativo, com raízes na função liberal-
iluminista do Direito Penal e responsável pela garantia das liberdades individuais contra os excessos
punitivos estatais. Sob a ótica da proibição da proteção deficiente, seria vislumbrado o garantismo
40 ERRADO. Como vimos, o minimalismo penal não propõe a eliminação total da pena de prisão como mecanismo de
controle social, mas a intervenção mínima do direito penal, de modo que tenha aplicação subsidiária a outras formas de
controle social.
41 Axiomas: A1) Nulla poena sine crimine (Não há pena sem crime). Princípio da retributividade ou da consequencialidade
da pena em relação ao delito. A2) Nullum crimen sine lege (Não há crime sem lei). Princípio da legalidade, no sentido lato
ou no sentido estrito. A3) Nulla lex (poenalis) sine necessitate (Não há lei penal sem necessidade) Princípio da necessidade
ou da economia do direito penal. A4) Nulla necessitas sine injustia (Não há necessidade sem ofensa a bem jurídico).
Princípio da lesividade ou ofensividade do evento. A5) Nulla injuria sine actione (Não há ofensa ao bem jurídico sem ação).
Princípio da materialidade ou da exterioridade da ação. A6) Nulla actio sine culpa (Não há ação sem culpa) Princípio da
culpabilidade ou da responsabilidade pessoal. A7) Nulla culpa sine judicio (Não há culpa sem processo); Princípio da
jurisdicionalidade no sentido lato ou estrito. A8) Nulla judicium sine accustone (Não há processo sem acusação) Princípio
acusatório ou da separação ente o juiz e a acusação. A9) Nulla accusatio sine probatione (Não há acusação sem prova)
Princípio do ônus da prova ou da verificação. A10) Nulla probatio sine defensione Princípio do contraditório ou da defesa
ou da falseabilidade.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 41
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
positivo, cuja função seria a de assegurar os direitos de prestação por parte do Estado e não apenas
aqueles “que podem ser denominados de direitos de prestação de proteção, em particular, contra
agressões provenientes de comportamentos delitivos de determinadas pessoas”.42
Contudo, vale salientar que o modelo de garantismo penal proposto por Luigi Ferrajoli não é
aquele que exclui o Direito Penal, mas que orienta que as investigações, o processo penal e a
aplicação da sanção em estrita obediência a um rito normativo, com um rigoroso respeito aos limites
legais e às garantias fundamentais, de forma a reduzir ao máximo toda e qualquer lacuna que
possibilite uma atuação discricionária, arbitrária e com subjetivismo, haja vista que “o juízo penal –
como ademais toda atividade judicial – é um “saber-poder”, quer dizer, uma combinação de
conhecimento (veritas) e de decisão (auctoritas). Em tal entrelaçamento, quanto maior é o poder
tanto menor será o saber, e vice-versa” (FERRAJOLI, 2002, p. 38). 44
42 RAMOS, Beatriz Vargas. CHAVES, Álvaro Guilherme de Oliveira. Artigo com o título: "O GARANTISMO PENAL INTEGRAL
E SUAS CONTRADIÇÕES COM O GARANTISMO PENAL DE LUIGI FERRAJOLI". Direito.UnB | Janeiro – Abril, 2020, V. 04, N.
1 | ISSN 2357-8009
43 SILVA, Alexandre Assunção e. Garantismo “positivo” é garantismo? Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina,
ano 17, n. 3213, 18 abr. 2012. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/21541. Acesso em: 26/01/2021.
44 Beltramin, Sara Maria. O Jogo Processual Penal e a Ausência de Equilíbrio na Aplicabilidade da Teoria do Garantismo
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 42
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
3.6.4: GARANTISMO HIPERBÓLICO MONOCULAR: você já ouviu falar nisso? Sabemos que o
garantismo penal foi uma doutrina criada por Luigi Ferrajoli, no sentido de que o direito penal deve
assegurar a garantia dos direitos mínimos. Foi por isso que o próprio Ferrajoli criou os famosos “10
axiomas do garantismo penal” vistos acima. No entanto, o que seria o garantismo hiperbólico
monocular? Vamos entender. Para parte da doutrina, a leitura do garantismo penal de Ferrajoli foi
feita de maneira equivocada no Brasil, de forma que o garantismo passou ser visto como uma teoria
criada apenas para beneficiar o réu. Surge, assim, o termo “garantismo hiperbólico monocular”
cunhada pelo Procurador da República Douglas Fischer. A expressão “hiperbólico” foi dada no sentido
de que o garantismo seria aplicado de forma “ampliada”, ou seja, “muito garantista”. E “monocular”
porque só “enxerga” um lado do processo, isto é, apenas os direitos e garantias do RÉU. Em resumo,
o garantismo hiperbólico monocular é o contrário do garantismo penal integral, pois este visa
assegurar os direitos não apenas do réu, mas também os das vítimas.
• Modelo normativo
• Teoria Jurídica
• Filosofia Política.
45FERRAJOLI, LUIGI. Direito e razão: teoria do garantismo penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 683 e
seguintes.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 43
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 44
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Lembra Cleber Masson que o movimento abolicionista encontra sua origem na Holanda, nos
estudos de Louk Hulsman (visto acima), e na Noruega, nos pensamentos de Nils Christie e Thomas
Mathiesen. Portanto, esses três são os principais pensadores sobre o tema.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 45
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
No entanto, é importante ressaltar que, apesar de haver três principais autores sobre o tema,
o abolicionismo penal possui variantes entre seus partidários.
Em resumo:
46 Idem, p. 656.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 46
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: O abolicionismo penal de Louk Hulsman defende o fim da pena de prisão
e um direito penal baseado em penas restritivas de direito e multa. 47
O Professor André Estefam (2018) aponta que a Criminologia Socialista (Engels e Marx)
considerava que as causas do crime se prendiam à miséria, à cobiça, e à ambição, bases do sistema
capitalista. Com o combate ao capitalismo, se chegaria ao fim das tragédias sociais e ao crime.
Segundo a doutrina, o termo “criminologia verde” foi originalmente criado por Lynch em 1990
e é atualmente utilizado para descrever trabalhos em criminologia que focam especificamente em
47 ERRADA. Como vimos, Louk Hulsman sustenta a sua abolição total do direito penal (abolicionismo radical), por tratar-
se de um sistema que causa sofrimentos desnecessários, e, mais ainda, acarreta uma distribuição de “justiça” socialmente
injusta, pois produz inúmeros efeitos negativos nas pessoas a ele submetidas, apresentando completa ausência de
controle por parte do Estado.
48 Idem, p. 656.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 47
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
questões referentes a danos, transgressões e crimes que provocam prejuízos ao ambiente natural, à
diversidade de espécies (humana e não humanas) e ao planeta. Esta escolha fez-se necessária para a
diferenciação de outro ramo da criminologia que também é referido como “criminologia ambiental”
(WHITE, 2008; SOUTH, 1998).49
Neste caso, as empresas acabam sendo as maiores violadoras do meio ambiente, embora tal
prática seja de forma velada, tendo em vista que geralmente dão aparência lícita às atividades
desenvolvidas por elas (o chamado greenwashing) sobretudo através de campanhas publicitárias.
A Corte IDH já constatou esse tipo de violação ao meio ambiente, como por exemplo no “Caso
do Povo Saramaka vs. Suriname”.50
49 RIBEIRO, Renata Esteves. Dissertação de mestrado: “Criminologia verde: crimes ambientais no Distrito Federal.
Universidade de Brasília”. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/31906. Acesso em: 26/01/2021.
50 Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2016/04/cc1a1e511769096f84fb5effe768fe8c.pdf.
Acesso em: 26/01/2021.
51 Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaceaju/article/view/38240/30537. Acesso em:
26/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 48
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Em sua obra “Antimanual de criminologia”, Salo de Carvalho lembra que “às criminologias
feministas coube o papel de dar visibilidade e trazer ao debate o modelo patriarcal que estrutura a
sociedade ocidental, com objetivo de desconstruir os discursos sexistas que culpabilizam, punibilizam
ou vitimizam as mulheres, seja na qualidade de autoras ou vítimas de crimes”.52
A criminologia cultural também é trabalhada pelo professor Salo de Carvalho em sua obra
“Antimanual de Criminologia”. Apesar de não muito comum, a “criminologia cultural” é ponto
expresso em alguns editais da Defensoria Pública, como ocorre na DPERJ.
Salo de Carvalho lembra que “no emaranhado de questões que envolvem transgressão, crime,
violência e sistema punitivo, Keith Hayward e Jock Young indagam sobre o significado e o alcance
teórico da perspectiva criminológica intitulada cultural (cultural criminology) e, ao traçar as principais
hipóteses da concepção emergente, ressaltam que procura, “acima de tudo, situar o crime e o seu
controle no âmbito da cultura, isto é, perceber o crime e as agências de controle como produtos
culturais.”53 (GRIFOS NOSSOS).
52 Carvalho, Salo de. Antimanual de criminologia. – 6. ed. rev. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 2015, p.65.
53 Op.cit, p. 71.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 49
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Segundo a doutrina, o marco dos estudos sobre criminologia cultural é a pesquisa de Jeff
Ferrell, em 1996 (atenção em provas abertas), na qual o autor analisa a cultura desviante do grafite
e a sua inserção social na paisagem urbana e na arquitetura da cidade.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 50
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Salo de Carvalho, em artigo publicado pela IBCRIM54, intitulado “TRÊS HIPÓTESES E UMA
PROVOCAÇÃO SOBRE HOMOFOBIA E CIÊNCIAS CRIMINAIS: QUEER(ING) CRIMINOLOGY” aponta que
é possível afirmar “(...) que a cultura ocidental é regida por uma espécie de ideal do macho ou
vontade de masculino que institui como regra a masculinidade heterossexual e que provoca, como
consequência direta, a opressão da mulher e a anulação das masculinidades não-hegemônicas
(diversidade sexual). A instrumentalização desta hipermasculinidade no cotidiano ocorre mediante
formas conhecidas de violência: violência de gênero e homofobia”.
No mesmo estudo, lembra o autor que apenas em 1990 a Organização Mundial da Saúde
(OMS) excluiu a homossexualidade do catálogo das doenças mentais (Classificação Internacional de
Doenças – CID) – o homossexualismo era considerado um desvio ou transtorno sexual análogo à
bestialidade, à pedofilia, ao transvestismo, ao exibicionismo, ao transexualismo, à frigidez, à
impotência, ao fetichismo, ao masoquismo e ao sadismo (CID-09, códigos 302).
Por fim, Salo de Carvalho (2012) identifica três níveis de manifestação da violência
heterossexista ou homofóbica:
54 Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/334899559_Tres_hipoteses_e_uma_provocacao_sobre_homofobia_e_cien
cias_criminais_quering_criminology. Acesso em: 26/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 51
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 52
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Para a Escola Clássica, o homem é um ser livre e racional e, por isso, a pena deve ter caráter
retributivo. São princípios que fundamentam a referida escola: a) livre arbítrio; b) penas
humanizadas; c) penas como retribuição ao mal causado; e d) método e raciocínio lógico-dedutivo.
CERTO ERRADO
Questão 02
CERTO ERRADO
Questão 03
Cesare Lombroso defendia que o crime tinha razões tanto antropológicas como físicas e culturais.
CERTO ERRADO
Questão 04
Dentre as teorias criminológicas contemporâneas destacam-se as teorias de consenso, das quais são
exemplos a teoria do labelling approach e a teoria crítica ou radical.
CERTO ERRADO
Questão 05
CERTO ERRADO
Questão 06
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 53
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
CERTO ERRADO
Questão 07
Para a teoria do labelling approach, a sociedade define o que entende por “conduta desviante”, isto
é, todo comportamento considerado perigoso, constrangedor, impondo sanções àqueles que se
comportarem dessa forma, criando rótulos e escolhendo sobre quem o direito penal irá recair.
CERTO ERRADO
Questão 08
A prisionização pode ser conceituada como a assunção das atitudes, dos modelos de comportamento
e dos valores característicos da subcultura carcerária, por parte daqueles que estão detidos.
CERTO ERRADO
Questão 09
O movimento minimalista defende que o direito penal tem que intervir o mínimo possível, de modo
que seja garantido que tenha aplicação subsidiária a outras formas de controle social.
CERTO ERRADO
Questão 10
Para Louk Hulsman, que defende a teoria abolicionista (radical), o sistema penal precisa de uma
radical transformação, em que deve ser abandonada a ideia de cárcere, e também de todos os
sistemas de controle formais.
CERTO ERRADO
GABARITO
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 54
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Para a Escola Clássica, o homem é um ser livre e racional e, por isso, a pena deve ter caráter
retributivo. São princípios que fundamentam a referida escola: a) livre arbítrio; b) penas
humanizadas; c) penas como retribuição ao mal causado; e d) método e raciocínio lógico-dedutivo.
GAB: C. Para a Escola Clássica a pena deveria ter nítido caráter retributivo, baseando-se nos princípios
supracitados.
Questão 02
GAB: E. A escola positivista da criminologia teve três fases, a antropológica (Lombroso), a sociológica
(Ferri) e a jurídica (Garófalo).
Questão 03
Cesare Lombroso defendia que o crime tinha razões tanto antropológicas como físicas e culturais.
GAB: E. Enrico Ferri foi o responsável por defender que o crime tinha tanto razões antropológicas,
físicas e culturais. Ele é o responsável pela fase sociológica da escola positivista.
Questão 04
Dentre as teorias criminológicas contemporâneas destacam-se as teorias de consenso, das quais são
exemplos a teoria do labelling approach e a teoria crítica ou radical.
Questão 05
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 55
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Questão 06
GAB: E. Esta é a tese defendida pela teoria da associação diferencial, e não pela Escola de Chicago.
Questão 07
Para a teoria do labelling approach, a sociedade define o que entende por “conduta desviante”, isto
é, todo comportamento considerado perigoso, constrangedor, impondo sanções àqueles que se
comportarem dessa forma, criando rótulos e escolhendo sobre quem o direito penal irá recair.
GAB: C. Lembrar que essa teoria também é chamada de teoria do etiquetamento, justamente por
preconizar que a sociedade é que define o que seria conduta desviante, criando rótulos, que recaem
quase sempre sobre as minorias.
Questão 08
A prisionização pode ser conceituada como a assunção das atitudes, dos modelos de comportamento
e dos valores característicos da subcultura carcerária, por parte daqueles que estão detidos.
Questão 09
O movimento minimalista defende que o direito penal tem que intervir o mínimo possível, de modo
que seja garantido que tenha aplicação subsidiária a outras formas de controle social.
Questão 10
Para Louk Hulsman, que defende a teoria abolicionista (radical), o sistema penal precisa de uma
radical transformação, em que deve ser abandonada a ideia de cárcere, e também de todos os
sistemas de controle formais.
GAB: C. De fato, o abolicionismo objetiva uma mudança radical no sistema penal, assim como
proposto por Louk Hulsman.
55 Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932006000400006. Acesso em:
26/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 56
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
DIREITO PENAL
Teoria da pena
E nada melhor do que iniciar falando sobre TEORIA DA PENA, um assunto que despenca tanto
em Direito Penal como em Criminologia.
Em síntese, saibam que a pena é uma espécie de sanção penal – ao lado de medidas de
segurança. No entanto, as penas têm caráter retributivo, trabalhando com a ideia de culpabilidade.
Em resumo, sanção penal é um gênero, e pena é uma espécie de sanção penal, ao lado das
medidas de segurança, essas ligadas à noção de periculosidade.
SANÇÃO PENAL
PENA Culpabilidade.
MEDIDAS DE SEGURANÇA Periculosidade.
Agora vamos entender as principais teorias da pena, cobradas várias vezes em provas de
Defensoria Pública.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 57
CURSO RDP
META 2, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1
Para Kant: a justificação da pena é de ordem ética, com base no valor moral
da lei pena infringida.
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Prevenção geral positiva: faz com que as pessoas (sociedade em geral) saiba
da existência e da força da lei penal.
58 Segundo Ferrajoli, “inobstante livres da confusão substancialista entre direito e moral, as doutrinas da prevenção geral
negativa são também idôneas a fundar modelos de direito penal máximo, pelo menos nos termos em que normalmente
se fundam. Tal assertiva vale, seguramente, para a primeira das duas versões acerca da prevenção geral, ou seja, aquela
baseada na eficácia deterrente do exemplo fornecido com a aplicação da pena, (...) que verifica-se em Grócio, Hobbes,
Locke, Pufendorf, Thomasius, Beccaria, Bentham, Filangieri e, em geral, nos pensadores jusnaturalistas dos séculos XVII
e XVIII. Mais do que qualquer outra doutrina utilitarista, esta ideia da função exemplar da execução da pena dá margem,
com efeito, à objeção kantiana segundo a qual nenhuma pessoa pode ser utilizada como meio para fins a ela estranhos,
ainda que sociais e elogiáveis. E, em se condividindo tal princípio moral, referida justificação do direito penal é
expressamente imoral. Ademais, tal concepção da finalidade da pena legitima intervenções punitivas orientadas para a
máxima severidade, privadas de qualquer certeza e garantia, tais como a pena "exemplar", e, até mesmo, a "punição do
inocente", desvinculada da culpabilidade e da própria verificação da existência do crime, exatamente como acontece no
extermínio e na represália. Ferrajoli, Luigi Direito e razão: teoria do garantismo penal - São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2002, p. 223.
59 CORRETO.
60 CORRETO.
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61 CORRETO.
62 ERRADO. A saída temporária é um exemplo de prevenção especial positiva.
63 CERTO.
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1.3 TEORIA MISTA EM RESUMO: as teorias mistas conjugam as duas primeiras, sustentando o
OU ECLÉTICA caráter retributivo da pena, mas acrescentam a este os fins de reeducação do
(ADOTADA) criminoso e intimidação. A penologia é a disciplina integrante da criminologia
que cuida do conhecimento geral das penas (sanções) e castigos impostos
pelo Estado aos violadores da lei. (NESTOR SAMPAIO, MANUAL
ESQUEMÁTICO, P. 90).
Pessoal, essas são as teorias legitimadoras, porque buscam, como vimos, “justificar” a pena.
64Santos, Juarez Cirino dos Direito Penal – Parte Geral/Juarez Cirino dos Santos - 5.ed. - Florianópolis: Conceito Editorial,
2012.
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65Santos, Juarez Cirino dos Direito Penal – Parte Geral/Juarez Cirino dos Santos - 5.ed. - Florianópolis: Conceito Editorial,
2012, p 457.
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Há, ainda, a chamada teoria materialista/dialética, bem trabalhada no Brasil pelo próprio
Juarez Cirino dos Santos, sendo a pena como retribuição equivalente do crime.
66 Idem, p. 460.
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TEORIAS DESLEGITIMADORAS
A teoria agnóstica também foi cobrada na prova oral da DPU (CESPE)
de 2017 e na prova oral da DPE-MA (FCC) de 2015.
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O fundador da Escola de Recife, Tobias Barreto, concebe a pena como um ato eminentemente
político. Para o autor, a pena é um ato de guerra.
Considerando a insuficiência das teorias absolutas, relativas e mistas, disparou que todas elas
cometem a falta de procurar o fundamento racional da pena, abstratamente considerada, sem se
atentar ao desenvolvimento histórico de seu correlato, isto é, o crime. Para ele, o fundamento da
imposição de pena varia conforme a natureza do crime, de modo que a justificativa de punição do
homicídio ou do roubo não é a mesma de outros crimes como rebelião e conspiração. Assim, a pena
não teria um conceito JURÍDICO, mas sim POLÍTICO. (Eduardo Viana, 2018, p. 364/366). 68
O professor Eduardo Viana69 lembra que ao enquadrar a pena como ato de guerra, bem se
percebe a antecipação das ideias de Tobias Barreto que, hoje, passado mais de um século, aparecem
com nova roupagem.
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Esse autor defende uma teoria essencialmente prevencionista, seja no viés geral (prevenção
geral) ou no viés especial (prevenção especial).
Para ele, aponta Eduardo Viana (2018, p. 370), o significado objetivo-geral da pena é a luta
contra a criminalidade. Quando uma pena é aplicada, confirma-se a vigência da norma, circunstância
que gera um efeito preventivo e sociopedagógico, à medida que inibe potenciais autores de crimes.
Assim, o efeito da pena, quando aplicada, é o reforço da consciência COLETIVA e a confirmação de
vigência da norma.70
PENAS
o Reclusão
RESTRITIVA DE LIBERDADE o Detenção
o Prisão simples
o Interdição temporária de direitos
o Perda de bens e valores
PENA RESTRITIVAS DE
o Limitação de fim de semana
DIREITOS
o Prestação de serviços à comunidade
o Prestação pecuniária
MULTA o Valor a ser revertido para o Fundo Penitenciário Nacional.
Em sua obra “Misérias do Processo Penal”, Francesco Carnelutti apresenta duras críticas à
função da pena e as atuais penitenciárias71, cujas palavras valem à pena trazer à colação:
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Questão 01
A teoria absoluta da pena, trabalhada por Kant e Hegel, pressupõe tão somente a retribuição ao mau
causado.
CERTO ERRADO
Questão 02
A prevenção geral positiva objetiva intimidar possíveis criminosos presentes na sociedade para que
não venham cometer delitos.
CERTO ERRADO
GABARITO
1.C 2.E
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A teoria absoluta da pena, trabalhada por Kant e Hegel, pressupõe tão somente a retribuição ao mau
causado.
GAB: C. É exatamente o que preconiza a teoria absoluta abordada por Kant e Hegel.
Questão 02
A prevenção geral positiva objetiva intimidar possíveis criminosos presentes na sociedade, para que
não venham cometer delitos.
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