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INTENSIVO
DEFENSORIAS
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META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
SUMÁRIO
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DIREITO INSTITUCIONAL
Olá, minha amiga e meu amigo. Hoje vamos estudar Direito Institucional. Uma matéria
bastante #SANGUEVERDE.
De fato, no Brasil, a gratuidade de justiça e a assistência jurídica gratuita têm suas origens
mais remotas fincadas Ordenações Filipinas, sancionadas em 1595.
Sobre o tema, importantes são as lições dos mestres Diogo Esteves e Franklyn Roger:
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Na prova discursiva da DPE-SP, em 2019 (banca FCC), como dito, caiu para que o candidato
dissertasse sobre o histórico da assistência jurídica nas Constituições. A resposta esperada pela
banca, surpreendentemente, iniciava com as Ordenações Filipinas até a Constituição de 1988. O
espelho veio da seguinte forma:
a. A previsão de que o agravante pobre que jure não ter bens móveis, nem
raiz, e desde que na audiência reze pela alma do rei Dom Diniz, teria o agravo
considerado pago. Trata-se de fundamental precedente de isenção de custas
e emolumentos às pessoas mais pobres.
1 Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio
de Janeiro: Forense, 2018, p. 51.
2 ROCHA, Jorge Luís. História da Defensoria Pública e da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro.
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3 PAIVA, Caio. FENSTERSEIFER, Tiago. Comentários á Lei Nacional da Defensoria Pública. Belo Horizonte: Editora CEI, 2019,
p. 47.
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GRATUIDADE DE
Isenção de custas e emolumentos para hipossuficientes. Dentro do
JUSTIÇA OU JUSTIÇA processo e deferido pelo magistrado.
GRATUITA
Possibilidade de representação endoprocessual de pessoas
ASSISTÊNCIA hipossuficientes. Prestada por Defensora ou Defensor Público dentro do
JUDICIÁRIA GRATUITA processo.
Possibilidade de representação endo e extraprocessual de pessoas
ASSISTÊNCIA JURÍDICA hipossuficientes. É bem mais ampla que as duas primeiras. É prestada
GRATUITA por Defensora ou Defensor Público dentro e fora do processo.
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CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A assistência jurídica do Estado aos que não tenham condições
financeiras abrange as fases pré-processual, endoprocessual e pós-processual.”4
Por outro lado, percebam que até então estamos falando de assistência judiciária. Foi apenas
em 1988, com a Constituição da República, que foi expresso o direito à assistência jurídica integral e
gratuita, muito mais abrangente que a assistência judiciária, como podemos notar.
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A assistência jurídica integral e gratuita pelo Estado aos que
comprovem insuficiência de recursos está expressamente prevista e regulamentada no Brasil desde
a promulgação da Constituição Federal de 1967”. 6
É possível conceder assistência jurídica parcial? E gratuidade judiciária, pode ser parcial?
Prevalece que não é possível prestar assistência jurídica gratuita de maneira parcial (embora haja
tese afirmando o contrário). Isso porque a assistência jurídica, segundo a Constituição, é integral e
4 CERTO.
5 CERTO.
6 ERRADO.
7 ERRADO.
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gratuita. No entanto, a gratuidade de justiça (ou justiça gratuita) segundo o NCPC, pode ser concedida
de maneira parcial, vejam §5º do art. 98:
§5º A gratuidade poderá ser concedida em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou
consistir na redução percentual de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso
do procedimento.
É bom lembrar o que art.98, § 3º do NCPC estabelece condição suspensiva para o pagamento
das custas nos casos de concessão da gratuidade (o prazo é de 5 anos subsequentes ao trânsito em
julgado da decisão que as certificou), vejam:
Art. 12. A parte beneficiada pela isenção do pagamento das custas ficará
obrigada a pagá-las, desde que possa fazê-lo, sem prejuízo do sustento
próprio ou da família, se dentro de cinco anos, a contar da sentença final, o
assistido não puder satisfazer tal pagamento, a obrigação ficará prescrita.
(Revogado pela Lei n º 13.105, de 2015)
Como se pode notar, o NCPC de 2015 revogou o art.12 acima. Contudo, o STF entendeu que,
embora revogado, o art. 12 da Lei nº 1.060/50 foi recepcionado pela CF/88, e que o CPC 2015 previu
regra semelhante no § 3º do art. 98:§ 3º.
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Para a Suprema Corte, o art. 12 da Lei nº 1.060/50 foi recepcionado quanto às custas
processuais em sentido estrito, porquanto se mostra razoável interpretar que em relação às custas
não submetidas ao regime tributário, ao “isentar” o jurisdicionado beneficiário da justiça gratuita, o
que ocorre é o estabelecimento, por força de lei, de uma condição suspensiva de exigibilidade. Em
relação à taxa judiciária, firma-se convicção no sentido da recepção material e formal do artigo 12 da
Lei nº 1.060/50, porquanto o Poder Legislativo em sua relativa liberdade de conformação normativa
apenas explicitou uma correlação fundamental entre as imunidades e o princípio da capacidade
contributiva no Sistema Tributário brasileiro, visto que a finalidade da tributação é justamente a
realização da igualdade.
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Já o art. 98, § 1º, IX do NCPC estabelece a abrangência dos emolumentos devidos a notários
ou registradores em decorrência da prática de registro quando do deferimento da gratuidade.
Art. 98.
§ 1º A gratuidade da justiça compreende:
I - as taxas ou as custas judiciais;
II - os selos postais;
III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a
publicação em outros meios;
IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do
empregador salário integral, como se em serviço estivesse;
V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de
outros exames considerados essenciais;
VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou
do tradutor nomeado para apresentação de versão em português de
documento redigido em língua estrangeira;
VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para
instauração da execução;
VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para
propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao
exercício da ampla defesa e do contraditório;
IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da
prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à
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Ademais, antes mesmo da vigência do NCPC já havia julgado do STJ sobre o tema:
É bom lembrar que segundo o NCPC, contra o deferimento da gratuidade de justiça não é
cabível recurso, mas impugnação à justiça gratuita (em preliminar de contestação) nos termos do art.
100:
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Contudo, contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá, sim, agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença,
contra a qual caberá apelação, nos termos do art. 101 do NCPC:
Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido
de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão
for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação.
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Indo além, o STJ entendeu que será cabível agravo de instrumento contra o provimento
jurisdicional que, após a entrada em vigor do CPC/2015, acolhe ou rejeita incidente de impugnação
à gratuidade de justiça instaurado, em autos apartados, na vigência do regramento anterior. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.666.321-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/11/2017 (Info 615).
Por outro lado, em fases mais avançadas, pode-se trazer o posicionamento institucional
(minoritário) encabeçado pelo professor Franklyn Roger de que o direito à gratuidade de justiça deve
ser reconhecido ainda que inexista requerimento do interessado.
8Oliveira, Rafael Alexandria de. Aspectos Procedimentais do Benefício da Justiça Gratuita, in Sousa, José Augusto Garcia
de (coord.). Coleção Repercussões do Novo CPC – Defensoria Pública, Salvador: Juspodivm, 2015, pág. 65.
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Amigos e amigas, em 19 de maio de 2020 (Dia da Defensoria Pública), o STJ divulgou a Edição
nº 148 da Jurisprudência em Teses sobre o tema Gratuidade de Justiça, que poderá ser lido abaixo
através do QR CODE.
9Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio
de Janeiro: Forense, 2018, p. 230.
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Outro ponto importante sobre o tema é saber que é proibida a edição de medida provisória
sobre Defensoria Pública (pois é matéria reservada à Lei Complementar). Detalhe importantíssimo é
que embora a Constituição Federal reserve ao Presidente da República a iniciativa de leis que
disponham sobre a organização da Defensoria Pública da União e normas gerais para a organização
da Defensoria dos estados e do Distrito Federal, não exclui a iniciativa privativa dos defensores
públicos gerais para leis que disponham sobre organização, atribuição e estatuto correspondente.
A título de aprofundamento, é bom lembrar que segundo Frankyln Roger e Diogo Esteves, “a
Defensoria Pública recebeu do constituinte originário o qualificativo de "função essencial à justiça"
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(Título IV, Capítulo IV), sendo considerada "instituição permanente”, essencial à função jurisdicional
do Estado" (art. 134 da CRFB, com redação dada pela Emenda Constitucional no 80/2014)”. 10
É exatamente por isso que parte da doutrina entende que a Defensoria Pública constitui parte
integrante da identidade ética, política e jurídica da CF/88, cuja existência e características devem ser
preservadas da ação do poder constituinte derivado reformador (poder legislativo).
10Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio
de Janeiro: Forense, 2018, p. 115.
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11 MENEZES, Felipe Caldas. A reforma da Lei Orgânica Nacional da Defensoria Pública: disposições gerais e especificas
relativas à organização da Defensoria Pública da União. In: SOUSA, José Augusto Garcia de. Uma nova Defensoria Pública
pede passagem. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, pág. 137/138.
12Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro:
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Como vimos, a nossa Constituição adota o Salaried Staff Model, também chamado de modelo
público.
Vejam:
13 Idem.
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“No Brasil, o legislador constituinte realizou a adoção expressa do salaried staff model, incumbindo
a Defensoria Pública de realizar a assistência jurídica integral e gratuita dos necessitados (art. 134 da
CRFB). Com isso, formalizou-se a opção pela criação de organismo estatal destinado à prestação
direta dos serviços jurídico-assistenciais, com profissionais concursados, titulares de cargos públicos
efetivos e remunerados de maneira fixa diretamente pelo Estado, sob regime de dedicação exclusiva
(art. 134, § 1º, da CRFB). Embora custeada por recursos públicos, a Defensoria Pública encontra-se
desvinculada dos Poderes Estatais, podendo livremente exercer os serviços de assistência jurídica
gratuita aos necessitados, "inclusive contra as Pessoas Jurídicas de Direito Público" (art. 4º, § 2º, da
LC nº 80/1994). Com isso, resta assegurada a independência funcional do Defensor Público na
tomada de decisões polêmicas e protegida a Instituição de ataques políticos nos casos mais
controversos.” 14
SE LIGA, ALUN@ RDP: como vimos acima, a Defensoria Pública é mantida com recursos públicos,
mas se encontra desvinculada das funções de Poder da República; ademais, sua atuação pode ser,
inclusive, contra os interesses de órgãos e entidades da Administração direta ou indireta.
Nessa esteira, devemos ter em mente que a Defensoria se caracteriza como órgão DE Estado, haja
vista sua natureza jurídica de direito público interno. Não pode, portanto, ser considerada como
órgão DO Estado, já que, como dito, não pertence ou está vinculada a nenhum outro órgão ou
entidade pública (essa diferenciação já apareceu em prova).
Ademais, devemos criticar duramente o enunciado nº 421 da Súmula do STJ, que diz: “Os
honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa
jurídica de direito público à qual pertença.”
14Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro:
Forense, 2018, p.13
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Isso porque o enunciado parte de uma concepção incorreta, haja vista que, como dito, não há
pertencimento da Defensoria a nenhuma outra pessoa jurídica de direito público. Mais à frente
aprofundaremos as discussões em relação a esse ponto.
A nível de aprofundamento, é bom anotar que segundo a doutrina de Franklyn Roger e Diogo
Esteves (201816), o salaried staff model se desdobra em três submodalidades:
"o próprio poder público opta pela criação de organismos estatais destinados
à prestação direta dos serviços de assistência judiciária (e eventualmente
também de assistência jurídica extrajudicial), contratando para tanto
advogados que, neste caso, manterão vínculo funcional com o próprio ente
público". como exemplo, os autores citam a Defensoria Pública brasileira e o
“Ministério Público de la Defensa argentino”.
No salaried staff model indireto, por outro lado os autores estabelecem que:
“os serviços podem ser prestados por entidades não estatais, via de regra sem
fins lucrativos, que recebem subsídios dos cofres públicos para custeio de suas
15ERRADO.
16Esteves, Diogo. Silva, Franklyn Roger Alves. Princípios Institucionais da Defensoria Pública - 3. ed. - Rio de Janeiro:
Forense, 2018.
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Por fim, no salaried staff model universitário, “a assistência jurídica é prestada por advogados
vinculados a universidades públicas, que supervisionam o trabalho dos estudantes nos escritórios
modelos. Não obstante o serviço jurídico-assistencial seja prestado de forma gratuita à população, o
advogado supervisor recebe remuneração fixa proveniente dos cofres públicos, pelo exercício da
atividade de docência universitária. Como exemplo, podemos citar o Escritório Modelo da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro”. (ROGER E ESTEVES, 2018).
De fato, no salaried staff model universitário, a prestação da assistência é feita por advogados
vinculados a universidades públicas, como o Escritório Modelo da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro.
Com relação ao acesso à justiça, não tenho dúvidas de que você já ouviu falar em Mauro
Cappelletti e Garth. Esses dois caras fizeram uma obra célebre chamada “Acesso à justiça”, e esse
livro é fundamental para o nosso concurso (calma, não precisa ler, rs).
Mas eu preciso que você entenda que eles dividiram o acesso à justiça em três ondas
renovatórias, embora atualmente a doutrina tem sustentado outras novas duas ondas.
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“Mauro Cappelletti e Bryant Garth, na célebre obra “Acesso à justiça”, dividiram em três ondas os
principais movimentos renovatórios do acesso à justiça.
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A primeira onda diz respeito à assistência judiciária aos pobres e está relacionada ao obstáculo
econômico do acesso à justiça. A segunda onda refere-se à representação dos interesses difusos em
juízo e visa contornar o obstáculo organizacional do acesso à justiça. A terceira onda, denominada
de “o enfoque do acesso à justiça”, detém a concepção mais ampla de acesso à justiça e tem como
escopo instituir técnicas processuais adequadas e melhor preparar estudantes e aplicadores do
direito.
No Brasil, a primeira onda renovatória do acesso à justiça ganhou consistência jurídica com a entrada
em vigor da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950 e, mais de quarenta anos após, com a instituição
da Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios, por meio da Lei Complementar
80, de 12 de janeiro de 1994. Hoje, com a Constituição Federal de 1988, a assistência jurídica integral
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos está inserida no catálogo dos direitos e
garantias fundamentais, mais precisamente no inciso LXXIV do artigo 5º. A Defensoria Pública foi
consagrada no artigo 134 da Constituição como “instituição essencial à função jurisdicional do
Estado” e, por ser uma garantia institucional, não pode ser suprimida do ordenamento jurídico”.
É preciso aprofundar sobre as duas outras ondas renovatórias trabalhadas por Diogo Esteves
e Franklyn Roger Alves Silva18 (a quarta e a quinta) como vimos acima:
18Idem.
19Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio de Janeiro:
Forense, 2018, p.44.
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20Idem. P.46.
21Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-jul-07/tribuna-defensoria-crise-covid-19-tecnologizacao-defensoria-
publica#author. Acesso em: 27/01/2021.
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Todavia, ainda não se tinha visto – antes da pandemia mundial ora vivenciada
– a efetiva tecnologização da assistência jurídica, de forma integral e
substitutiva ao atendimento presencial.
Conclui o autor que “a forçada mudança de paradigma, do “analógico” para o “digital”, que
já era fomentada no texto das "Regras de Brasília sobre Acesso à Justiça das Pessoas em Condições
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de Vulnerabilidade" (100 Regras de Brasília)22” pode deixar, como herança, um serviço público
jurídico-assistencial mais moderno e, portanto, mais eficaz. Novas perspectivas, antes inexploradas,
agora vieram à tona, e o futuro se incumbirá de trazer outras, de modo que não há outra conclusão
senão compreender, em definitivo, que não há mais como voltar atrás.”
Vocês já ouviram falar em Visual Law? Se nunca ouviram falar, com certeza conhecem o
famoso QR-CODE. Pois bem. Visual Law nada mais é que uma área que utiliza elementos visuais para
tornar o Direito mais claro e compreensível. A utilização de QR-Codes em petições iniciais,
contestações e recursos, por exemplo, é uma frequente materialização prática do visual law.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro, conforme notícia no site da ANADEP em 24/07/2020 23,
recentemente, conseguiu suspender uma decisão liminar que havia determinado uma desocupação
coletiva de famílias carentes. Para reforçar os argumentos jurídicos, o defensor público Diogo Esteves
anexou ao agravo de instrumento, além de fotos da comunidade, um breve vídeo com depoimentos
e imagens, feito pelos próprios moradores e enviado para o WhatsApp do atendimento remoto da
Defensoria Pública. O material foi publicado no YouTube em modo privado, e o acesso dos
desembargadores possível por link e por QR Code inserido no corpo da peça processual. — O uso de
Visual Law nas petições pode tornar o Direito e as provas mais claras e compreensíveis. Esse debate
sobre a tecnologia e o acesso à justiça tem despertado ideias sobre uma sexta onda renovatória de
acesso à justiça.
Por fim, caso vocês não tenham lido o Mapa da Defensoria Pública no Brasil, peço que pelo
menos deem uma olhada, já que comumente vem expresso nos editais, como nesse ponto
“panorama da Defensoria Pública no Brasil”.24
22 Capítulo IV, Seção 5, Regra 95: "Procurar-se-á o aproveitamento das possibilidades que o progresso técnico possa
oferecer para melhorar as condições de acesso à justiça das pessoas em condição de vulnerabilidade".
23 Disponível em: https://anadep.org.br/wtk/pagina/materia?id=45197. Acesso em: 27/01/2021.
24 Disponível: http://www.ipea.gov.br/sites/images/downloads/mapa_defensoria_publica_no_brasil_19_03.pdf. Acesso
em: 27/01/2021.
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CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “São dados e constatações que surgem no panorama consolidado pelo
Mapa da Defensoria Pública do Brasil, de 2013, quando se analisam todas as instituições já instaladas
pelo País, elevado número de cargos vagos e atuação extrajudicial de relevância”. 25
Como função típica, pode-se entender como sendo “aquelas exercidas com o objetivo de
tutelar direitos titularizados por hipossuficientes econômicos exercidas nas esferas judiciais e
extrajudiciais”.
Já a função atípica seria “toda aquela que não se relacionar com a deficitária condição
econômica do sujeito, sendo desempenhadas pela Defensoria Pública independentemente da
verificação da hipossuficiência do destinatário. Nesses casos o fator econômico é irrelevante”. É o
caso, por exemplo, do exercício da curadoria especial no processo civil. Imagine o caso em que Sílvio
Santos, dono do SBT, é revel em um processo que foi citado por edital. Neste caso, a Defensoria
Pública poderá atuar na qualidade de curador especial, tendo em vista que não há a verificação de
fator econômico.
25 CERTO.
26 Silva, Franklyn Roger Alves; Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública Editora Forense. Edição do
Kindle. 2017
27 CORRETO. Lembre-se que “prescindir” é sinônimo de dispensar. O CESPE ama!
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A classificação em “típica e atípica” vem sendo menos utilizada atualmente, havendo uma
nova teoria. Para o professor José Augusto Garcia28, há, em vez de “típica e atípica”, as funções
tradicionais (ou tendencialmente individualistas) e aquelas não tradicionais (ou tendencialmente
solidaristas).
Já na função não tradicional, por outro lado, “decorre do solidarismo jurídico dentre as quais
se destacam as atribuições que tencionam a proteção concomitante de pessoas carentes e não
carentes (ex.: ação civil pública relativa a direitos difusos), - as atribuições que repercutem em favor
de pessoas carentes e também beneficiam de forma nominal pessoas não necessariamente
hipossuficientes (ex.: representação judicial de um casal abastado que visa à adoção de uma criança
internada), etc. Assim, vejam a tabela abaixo para ficar mais claro.
Ex.: ação de indenização ajuizada por um Ex.: atuação da DPE como custos vulnerabilis na
hipossuficiente econômico representado pela execução penal.
Defensoria Pública.
28Esse autor é examinador da DPERJ. Para entender melhor as funções tradicionais e não tradicionais, recomendamos
uma rápida leitura do seu artigo “O Destino de Gaia e as Funções Constitucionais da Defensoria Pública".
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META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Desse modo, a DP foi o primeiro, dentre os atores processuais, a incorporar, por meio de
alteração legislativa, a ideia de tratamento adequado de conflitos, voltada não apenas a resolvê-los,
mas também, administrá-los. Desse modo, é possível divergir da doutrina majoritária, que atribui a
primazia do tratamento adequado de conflitos à Resolução 125 do CNJ, pois esta somente foi editada
em 2010, ou seja, 1 ano depois.
Não se discute a relevância normativa da Resolução 125, do CNJ, porque ela foi a primeira
norma de âmbito federal que institui uma política judiciária nacional de tratamento adequado de
conflitos relativa ao Poder Judiciário. Todavia, uma noção mais contemporânea de acesso à justiça
não se confunde com o acesso ao Judiciário, de modo que não podemos ignorar que a LC 80/94 foi a
primeira lei federal que estabeleceu uma cláusula geral e aberta para o tratamento adequado do
conflito, utilizando-se a técnica que se mostrasse mais adequada ao caso concreto.
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Devemos considerar, ainda, a reconfiguração que o Processo Civil, através das mudanças de
fase metodológica, sofreu, de modo que o CPC de 2015 não pode ser interpretado com o mesmo
olhar do CPC de 1973. Isso porque este se encontrava plenamente adaptado à doutrina do
instrumentalismo, a qual conferia à jurisdição o papel central na resolução do conflito, devendo o
Magistrado adequar o processo ao direito material (o que se critica por conferir um protagonismo
excessivo ao juiz, sem a participação das partes).
O processo é visto como valorativo, pois ele serve à construção do direito posto pelo
jurisdicionado e uma proteção quanto ao arbítrio judicial, configurando-se, portanto, como
verdadeiro direito fundamental.
Por essa razão, doutrinadores, como Hermes Zanetti Jr., defendem uma relação circular entre
o direito processual e o direito material, na qual o processo serve ao direito material, mas, para que
assim o faça, é necessário que seja servido para aquela, o que resulta na construção de um direito
material novo pelo processo. Isso é relevante, pois, assim, o processo passa a admitir outras soluções,
para além da sentença adjudicada. O que se observa é que o CPC de 2015 adotou um sistema de
múltiplas portas de acesso à justiça, onde há várias formas de se iniciar o processo, devendo ser
asseguradas, também, várias “portas” para se sair dele.29
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Neste sentido, o caput do art. 3º, do CPC consagra o princípio da inafastabilidade do controle
jurisdicional. Mas, no § 1º, autoriza a arbitragem, na forma da lei. No § 2º afirma que o Estado
promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos, e, por fim, no § 3º, estabelece
que a conciliação, a mediação e outros métodos consensuais de solução de conflitos (consagra-se,
mais uma vez, uma cláusula geral de tratamento de conflitos, a qual dialoga com a cláusula geral
prevista no art. 4º, II, da LC 80/94) deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores
públicos e membros do MP, inclusive no curso do processo judicial.
A realidade é que o CPC de 2015 tem uma aplicação diferente daquela que observamos,
quando estudamos outros microssistemas. Por exemplo, no microssistema de tutela coletiva
devemos buscar uma solução, primeiro, no próprio microssistema e, após, no CPC, em caráter
subsidiário. No microssistema de autocomposição, entretanto, o CPC não possui aplicação
subsidiária, pois ele se comunica diretamente com as normas do microssistema, possuindo grande
importância a cláusula geral de atipicidade de tratamento de conflitos.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 33 33
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
regra, é apenas a ponta do iceberg do conflito, daí a incapacidade, muitas vezes, da sentença
adjudicada pelo juiz não possuir a capacidade de externar a pacificação. Elementos internos ao
próprio indivíduo e a visão parcial do objeto em jogo podem vir a refletir no comportamento
manifestado.
Cumpre ressaltar que a autocomposição não é algo novo no processo brasileiro e nem a
panaceia para a resolução de todos os problemas, mas não podemos ignorar todo o potencial que
ela apresenta a partir da evolução das fases metodológicas do processo, do movimento de nova
sistematização do direito, os quais importam num novo papel para os sujeitos envolvidos na ralação
conflituosa. Trata-se de um modelo flexível, que tem se mostrado mais adequado para suprir as
expectativas sociais com o resultado do processo. Devemos reconhecer o potencial protagonismo
que a DP pode exercer como instrumento.
Por fim, é importante que você saiba sobre a atuação da Defensoria Pública como
“Ombudsman”. Você já ouviu falar? Vamos entender.
Trata-se de “uma instituição pública (criada normalmente pela Constituição e regulada por lei
do Parlamento) dotada de autonomia, cuja finalidade principal é proteger os direitos humanos dos
cidadãos frente à Administração Pública do país respectivo." (PARECER "Dimensões Constitucionais
da Defensoria Pública da União", de autoria do Professor Daniel Sarmento a ANADEF30). Nesse
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 34 34
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
parecer, o professor Daniel Sarmento responde a alguns questionamentos, entre eles, o seguinte:
“As Emendas Constitucionais 74/2013 e 80/2014 permitem que os Defensores Públicos Federais
exerçam a função de Ombudsman?”
“A plena autonomia da DPU, como destacado na resposta ao quesito anterior, foi expressamente
reconhecida pela EC nº 74/2013. Os membros da Defensoria Pública da União, em simetria com o
regime constitucional do Ministério Público e da Magistratura, possuem independência funcional e
inamovibilidade (CF, art. 134, §§1º e 4º), e estão sujeitos a uma série de deveres voltados à garantia
do bom exercício das suas funções, como a necessidade de residirem na localidade onde estiverem
lotados (art. 45, I, LC nº 80/94) e a proibição do exercício de atividade político-partidária enquanto
atuarem perante a Justiça Eleitoral (art. 46, V, LC nº 80/94). A EC nº 80/2014, por sua vez, conferiu
explícito reconhecimento constitucional a atribuições institucionais que já tinham sido conferidas à
Defensoria Pública da União, pela Lei Complementar nº 80/94, especialmente após as modificações
introduzidas pela Lei Complementar nº 132/2009, (veja-se, e.g., os arts. 3º-A e 4º da LC nº 80/94).
De todo modo, o desempenho da função de Ombudsman pela Defensoria Pública da União está
delimitado pelo escopo das suas finalidades institucionais, que, conforme o disposto no art. 134 da
CF, se ligam especialmente à defesa de indivíduos e grupos hipossuficientes e vulneráveis”. GRIFOS
NOSSOS.
CAIU NA DPE-AL-CESPE-2017: “No que diz respeito às funções típicas e atípicas da Defensoria Pública,
é correto afirmar que a função de ombudsman exercida pela Defensoria Pública brasileira em defesa
dos direitos humanos consiste em atribuição típica”.31
31 ERRADO. Trata-se de função atípica (ou não tradicional). Isso porque esta não afeta à condição econômica.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 35 35
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
OAB para postular em juízo pelos Defensorxs, e ainda fez uma observação muito importante sobre a
atuação da instituição enquanto ombudsman, vejam:
32Em provas mais avançadas (discursiva e oral), mostre ao examinador que detém conhecimento sobre esse julgado do
STF e também sobre o Recurso Especial nº 1.710.155 – CE no STJ, cuja tese fixada foi a de que os defensores não precisam
estar inscritos na OAB para postularem em juízo (disponível em: https://www.conjur.com.br/dl/acordao-stj-defensores-
publicos-nao.pdf. Acesso em: 27/01/2021).
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 36 36
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Em seu voto, o Ministro Gilmar Mendes deixou claro que “tanto a expressão “insuficiência de
recursos, quanto “necessitados” podem aplicar-se tanto às pessoas físicas quanto às pessoas
jurídicas”.
Transcrevo abaixo, para fins de aprofundamento para fases discursivas e orais, o voto do
relator:
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 37 37
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
(...) Podemos concluir, assim, que as pessoas jurídicas são titulares do direito
à inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV) e dos direitos do tipo
procedimental, como o direito a ser ouvido em juízo e o direito ao juiz
predeterminado por lei, o direito à igualdade de armas e o direito à ampla
defesa (HC 70.514, DJ 27.6.1997).
Ainda dentro de Direito Institucional, reservei um ponto EXCLUSIVO para tratar sobre o
instituto do custos vulnerabilis.
Como bem lembra Pedro Lenza (Manual de Direito Constitucional Esquematizado, 2020), o
Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro na implementação da Defensoria Pública no Brasil, servindo
de modelo para edição da LC 80/1994, inclusive.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 38 38
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Nesse sentido, abro parênteses para mencionar um recente julgado do STF que declarou
inconstitucional um artigo do ADC da Constituição do Estado de Sergipe. Vamos entender melhor, e
logo depois voltamos para o assunto custos vulnerabilis.
É que antes da CF/88, alguns Estados possuíam Defensoria Pública por força de leis estaduais
(ex.: DPE-RJ). Outros estados, embora não tivessem a Defensoria Púbica com esse nome, tinham
advogados contratados pelo Estado para exercerem uma função muito parecida com a que
conhecemos hoje na Defensoria Pública.
Art. 22. É assegurado aos defensores públicos investidos na função até a data
de instalação da Assembleia Nacional Constituinte o direito de opção pela
carreira, com a observância das garantias e vedações previstas no art. 134,
parágrafo único, da Constituição.
Ou seja, o art. 22 do ADCT da CF/88 previu que as pessoas que estivessem exercendo a função
de Defensor Público até 01/02/1987 (data de instalação da Assembleia Nacional Constituinte)
pudessem optar pela carreira de Defensor Público.
Art. 15. É assegurado aos defensores públicos investidos da função até a data
da instalação da Assembleia Estadual Constituinte o direito de opção pela
carreira, com a observância das garantias e vedações previstas no art. 123,
parágrafo único, da Constituição Estadual.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 39 39
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
O STF, ao analisar a ADI 5011 em 08/06/2020, entendeu que O art. 15 do ADCT da CE/SE
ampliou o limite temporal de excepcionalidade previsto pelo art. 22 do ADCT da CF/88 e, por essa
razão, feriu a regra do concurso público (art. 37, II, da Constituição Federal). O art. 22 do ADCT criou,
de modo excepcional, uma forma derivada de investidura em cargo público. Trata-se de uma exceção
à regra geral do concurso público e, portanto, não pode ser ampliada pelo constituinte estadual. STF.
Plenário. ADI 5011, Rel. Edson Fachin, julgado em 08/06/2020 (Info 984).33
Agora voltamos ao ponto anterior, em que estávamos tratando sobre a gênese da DPERJ.
Pois bem!
Foi no Distrito Federal (posterior Estado da Guanabara) assim como no antigo Estado do Rio
de Janeiro (este abrangia todo o Estado do Rio, exceto a cidade Rio de Janeiro, capital), que a
Defensoria Pública estava inserida dentro da carreira do Ministério Público, como bem assevera
Diogo Esteves e Franklyn Roger em sua obra sobre Direito Institucional. Assim, a assistência aos
necessitados era prestada por integrantes da carreira do MP.
33Contudo, conforme estabelece Márcio do Dizer o Direito no Inf. 984 comentado, tendo em vista que já se passaram
muitos anos desde a edição da CE/SE, o STF entendeu que, em homenagem à segurança jurídica, deveriam ser
preservadas as aposentadorias e pensões dos Defensores nomeados pelos atos derivados da norma inconstitucional
(modulação dos efeitos). Assim, o STF julgou procedente o pedido da ADI para declarar a inconstitucionalidade do art. 15
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias do Estado de Sergipe, ressalvando, nos termos do art. 27 da Lei nº
9.868/99, os servidores que já estejam aposentados (ou seus dependentes estejam em gozo de pensão por morte) ou
que, até a data do julgamento, tenham preenchido os requisitos para a aposentadoria. Para ler mais:
https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2020/08/info-984-stf.pdf. Acesso em: 27/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 40 40
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Por mais estranho que possa parecer, a Defensoria Pública surge atrelada à carreira do MP. A
lei do antigo Distrito Federal trazia a carreira do Ministério Público com os seguintes cargos: Defensor
Público, Promotor Substituto, Promotor Público e Curador. O primeiro cargo (Defensor) era provido
por concurso público, e os demais por promoção (ascensão funcional).
Maurílio Casas Maia sustenta que essa ideia de colocar o cargo de Defensor antes do de
Promotor, na mesma carreira, demonstra que a ideia do legislador era de que antes de acusar, seria
necessário ter passado pelas mazelas da defesa, isto é, ter conhecido na pele as dificuldades
inerentes à defesa.
Pedro Lenza (2020) afirma que Bheron Rocha (Defensor Público do Estado do Ceará e escritor
de várias obras sobre Defensoria) identifica três grandes modelos de atuação:
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 41 41
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
10.3 GUARDIÃO DAS A Defensoria, neste caso, atua em nome próprio em razão de missão
VULNERABILIDADES institucional de promoção dos Direitos Humanos. O direito envolvido
(CUSTOS VULNERABILIS) pode ser individual ou coletivo.
Para alguns, é no art. art. 554, § 1º do NCPC onde está positivado o embrião do custos
vulnerabilis.
§ 1º No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão
feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos
demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em
situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 42 42
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
A decisão, que é simplesmente brilhante, ainda esclarece que o Ministério Público seria como
se fosse uma espécie de fiscal da democracia (custos democratiae) e a Defensoria Pública uma amiga
da democracia (“amicus democratiae”)34
Nesse sentido:
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 43 43
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Nesse sentido:
“Ao meu sentir, e sem esgotar o tema, acredito que, neste caso, a DPU pode,
sim, atuar como custos vulnerabilis, razão pela qual submeto o tema a esta
eg. Segunda Seção, pelos seguintes fundamentos. O art. 1.038, I, do NCPC,
estabelece que o relator poderá solicitar ou admitir manifestação de pessoas,
órgãos ou entidades com interesse na controvérsia, considerando a
relevância da matéria e consoante dispuser o regimento interno. LUIZ
GUILHERME MARINONI, acerca do mencionado dispositivo, esclarece que, na
verdade, a admissão da participação de terceiros, na hipótese, além de ter
relação com a relevância da matéria, vincula-se também à circunstância de
se estar resolvendo os casos de muitos em recurso de um ou de alguns
poucos (Novo curso de processo civil: tutela dos direitos mediante
procedimento comum, volume II/Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz
27/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 44 44
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Arenhart, Daniel Mitidiero. 2a ed. rev., atual. e ampl. São Paulo, Editora
Revista dos Tribunais, 2016, pág. 613).
Nesse sentido, indo além, em 2020 o STJ admitiu a DPU como custos vulnerabilis no processo
penal (Habeas Corpus nº 568.693 – ES):
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 45 45
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Decisão completa
A Lei Complementar nº 135/2021 do Estado do Pará, que alterou a Lei Orgânica da Defensoria
Pública do Pará, passou a constar expressamente a intervenção custos vulnerabilis, ao estabelecer o
seguinte:
§ 11. Nas ações em que figure em quaisquer dos polos processuais grande
número de litigantes em situação de vulnerabilidade, a Defensoria Pública
poderá requerer sua intervenção para acompanhar o feito. 37
Por fim, mas antes de concluir, vamos conversar sobre outro ponto bem legal.
Bem.
Vocês já perceberam que o Ministério Público atua como fiscal da ordem jurídica em primeiro
e segundo grau, não é? Pois bem. Isso quer dizer que caso o MP recorra de uma sentença ou elabore
contrarrazões ao recurso da defesa, o relator, em segundo grau, remeterá os autos do processo para
o Procurador-Geral de Justiça (na justiça estadual).
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 46 46
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Perceba que não há nenhuma paridade de armas entre acusação e defesa. Isso porque a
defesa tem, em tese, apenas uma única oportunidade de se manifestar, enquanto o MP se manifesta
duas vezes: a primeira como recorrente, ou, se assim não recorra, em contrarrazões do recurso da
defesa; e a segunda através de manifestação ministerial em segundo grau (como fiscal da ordem
jurídica), o que com certeza influencia na hora do julgamento.
Isso acontece tanto nos Tribunais de segundo grau, como também no Tribunais Superiores
(no STJ com os subprocuradores da república e no STF com a Procuradoria Geral da República).
Informo que isso é uma crítica doutrinária bem trabalhada pelo Maurílio Casas Maia e outros
professores, e que poderá ser argumentada em prova abertas, sobretudo oral.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 47 47
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Agora abro parênteses para acrescentar que o professor Franklyn Roger Alves Silva apresenta
críticas em alguns pontos no que tange ao estudo do custos vulnerabilis, a fim de evitar confusão
entre custos vulnerabilis e curadoria especial, por exemplo. Entre outras, o professor faz as seguintes
provocações: qual a natureza jurídica do custos vulnerabilis? Custos vulnerabilis é legitimidade
extraordinária ou intervenção de terceiro anômala?
Nesse quesito, muitos estudos ainda estão por vir. Mas segundo a doutrina específica, custos
vulnerabilis é uma intervenção constitucional, porque vem de um mandamento constitucional, e não
apenas do processo civil ou do processo penal.
Por exemplo, a Defensoria atua como órgão da execução penal, segundo a LEP. Neste caso,
poderia atuar a Defensoria mesmo quando o apenado tem advogado particular? Sim, inclusive há
caso na Defensoria Pública do Estado do Amapá, em que a Defensoria Pública atuou em um Júri
mesmo tendo o assistido contratado advogado particular, considerando tratar-se de caso em que
existia grande vulnerabilidade, razão pela qual o magistrado permitiu o ingresso da DPE na qualidade
de custos vulnerabilis38. Neste caso, a Defensoria está exercendo uma missão constitucional, e as
pessoas presas são, sem dúvidas, vulneráveis, tendo em vista sobretudo o estado de coisas
inconstitucional que vivemos no sistema penitenciário Brasileiro. Assim, poderia a Defensoria atuar
como “custos vulnerabilis” no âmbito da execução penal, mesmo que o direito envolvido seja
exclusivamente individual.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 48 48
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
O Ministério Público possui um maior aparato para a realização de investigações, seja porque
possui melhores meios investigatórios, seja através de seu poder requisitório para pessoas físicas e
jurídicas, públicas e privadas, sem contar com inúmeras possibilidades em conjunto com a polícia.
Portanto, face à teoria dos poderes implícitos, a autoridade policial não poderia negar de
maneira discricionária as provas requisitadas pela Defensoria Pública. Ademais, a investigação
criminal defensiva não precisa necessariamente ser conduzida dentro de inquérito ou de ação penal,
isso porque, ao que se propõe, a atuação investigatória realizada pela Defensoria goza de absoluta
39Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio
de Janeiro: Forense, 2018, p.527.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 49 49
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
autonomia, cuja condução é feita pelo Defensor Público e alimentada pelos elementos de prova
colhidos diretamente por ele ou pelas informações requisitadas.40
A realidade é que não se mostra suficiente a simples abertura de vista para que a Defensoria
Pública, no exíguo prazo legal, ofereça a resposta arrolando suas testemunhas e indicando as provas
que pretende produzir.
“Para tanto, não se mostra suficiente a simples abertura de vista para que a
Defensoria Pública, no exíguo prazo de 10 dias, ofereça resposta arrolando
suas testemunhas e indicando as provas que pretende produzir (art. 396 e
art. 396-A, § 2°, do CPP). Afinal, as provas não caem do céu e as testemunhas
defensivas não surgem por simples passe de mágica; a descoberta de
evidências favoráveis ao imputado demanda tempo e recursos, seja para a
localização de testemunhas, seja para a realização de diligências objetivando
a colheita de outros elementos probatórios.”
Por fim, encerrando essa matéria por hoje, indispensável conhecer os enunciados aprovados
no I Colóquio Amazonense da Advocacia e Defensoria Pública, realizado em dezembro de 2019,
sendo 14 enunciados aprovados sobre a intervenção no processo como custos vulnerabilis.
40Esteves, Diogo. Princípios Institucionais da Defensoria Pública I Diogo Esteves, Franklyn Roger Alves Silva. - 3. ed. - Rio
de Janeiro: Forense, 2018, p.529.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 50 50
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
ENUNCIADO 2 — A intimação da Defensoria Pública como custos vulnerabilis não supre e nem
convalida a ausência de intimação da parte por seu advogado constituído.
ENUNCIADO 3 — O requerimento fundamentado do advogado do vulnerável pela oitiva da
Defensoria Pública como custos vulnerabilis não prejudica e nem desprestigia sua atividade de
representante postulatório, devendo ser vista como instrumento de advocacia estratégica.
ENUNCIADO 4 — O advogado constituído da parte vulnerável pode requerer a oitiva da Defensoria
Pública quando entender presente interesse institucional da Defensoria Pública como custos
vulnerabilis, a partir da legitimidade constitucional e legal do Estado Defensor, em especial da LC
nº 80/1994, art. 4º, XI.
ENUNCIADO 5 — Nas causas perante juízos ou tribunais, o advogado do vulnerável poderá postular
a intervenção da Defensoria Pública fundamentado na existência de vulnerabilidade concreta ou
na violação de direitos humanos lesiva ao seu cliente, bem como indicando a possível repercussão
negativa do caso sobre os interesses público-institucionais primários da Defensoria Pública ou na
formação de precedentes no órgão monocrático ou colegiado.
ENUNCIADO 6 — No Direito Processual Penal, como mecanismo de reequilíbrio da relação Estado-
cidadão, a Defensoria Pública custos vulnerabilis realiza intervenção pró-defesa, como Estado
Defensor, sob pena de nulidade das manifestações lesivas à ampla defesa, recomendando-se a
abstenção em caso de impossibilidade de contribuição com a defesa do vulnerável.
ENUNCIADO 7 — No Direito Processual Penal, a intervenção custos vulnerabilis não se presta ao
apoio à acusação, devendo eventuais atuações em favor da vítima necessitada ocorrerem pelos
mecanismos existentes, tais como representação postulatória da vítima na assistência de acusação
ou ação penal privada subsidiária da pública, bem como amicus curiae ou a excepcional legitimação
extraordinária de amiga da comunidade – amicus communitatis (CDC, art. 80 c/c art. 82, III).
ENUNCIADO 8 — O advogado constituído que compreender estar diante de grave violação de
direitos humanos, arbitrariedades lesivas à ampla defesa ou que seu cliente esteja abarcado por
outras formas de vulnerabilidade ocasionadoras do interesse institucional da Defensoria Pública
poderá se dirigir, por escrito ou oralmente, diretamente ao defensor público natural da causa a fim
de expor seus fundamentos, aplicando-se, por analogia, o inciso VIII e inciso XI do art. 7º do
Estatuto da Advocacia.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 51 51
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 52 52
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
CERTO ERRADO
Questão 02
CERTO ERRADO
Questão 03
Segundo o Código de Processo Civil, a gratuidade de justiça pode ser concedida de maneira parcial.
CERTO ERRADO
Questão 04
CERTO ERRADO
Questão 05
A terceira onda renovatória de acesso à justiça refere-se à representação dos interesses difusos em
juízo e visa contornar o obstáculo organizacional do acesso à justiça.
CERTO ERRADO
Questão 06
Segundo a doutrina majoritária, as funções típicas da Defensoria podem ser entendidas como aquelas
exercidas com o objetivo de tutelar direitos titularizados por hipossuficientes econômicos exercidas
nas esferas judiciais e extrajudiciais.
CERTO ERRADO
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 53 53
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Questão 07
CERTO ERRADO
Questão 08
A Defensoria Pública é considerada verdadeiro ombudsman, já que sendo uma entidade autônoma,
dotada de status constitucional, possui o dever de zelar pelo estado democrático de direito,
promoção de direitos humanos e defesa dos necessitados.
CERTO ERRADO
Questão 09
A atuação da Defensoria em ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas em situação de hipossuficiência (art. 554, §1º, NCPC) é considerada exemplo de atuação da
instituição como custos vulnerabilis.
CERTO ERRADO
Questão 10
De acordo com o art. 4º, inciso II, da LC 80/94, é função institucional da DP a promoção prioritária da
solução extrajudicial dos litígios, visando à composição entre as pessoas e conflitos de interesses, por
meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e administração de
conflitos
CERTO ERRADO
GABARITO
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 54 54
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Questão 02
Questão 03
Segundo o Código de Processo Civil a gratuidade de justiça pode ser concedida de maneira parcial.
Questão 04
Questão 05
A terceira onda renovatória de acesso à justiça refere-se à representação dos interesses difusos em
juízo e visa contornar o obstáculo organizacional do acesso à justiça.
Questão 06
Segundo a doutrina majoritária, as funções típicas da Defensoria podem ser entendidas como aquelas
exercidas com o objetivo de tutelar direitos titularizados por hipossuficientes econômicos exercidas
nas esferas judiciais e extrajudiciais.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 55 55
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
GAB: C. Este é o conceito de funções típicas da Defensoria defendido por Franklyn Roger e Diogo
Esteves.
Questão 07
GAB: E. A Defensoria atua em prol de sujeitos que possuam insuficiência de recursos, sendo que a
expressão necessitados pode ser aplicada tanto a pessoas físicas quanto jurídicas (Art. 4º, V, da LC
80/94). O STF já reforçou essa tese.
Questão 08
A Defensoria Pública é considerada verdadeiro ombudsman, já que sendo uma entidade autônoma,
dotada de status constitucional, possui o dever de zelar pelo estado democrático de direito,
promoção de direitos humanos e defesa dos necessitados.
GAB: C. Tal denominação conferida à Defensoria Pública é legitimada pelo art. 134 da CF.
Questão 09
A atuação da Defensoria em ação possessória em que figure no polo passivo grande número de
pessoas em situação de hipossuficiência (art. 554, §1º, NCPC) é considerada exemplo de atuação da
instituição como custos vulnerabilis.
GAB: C. Conforme a maioria da doutrina este é um exemplo da atuação da Defensoria como custos
vulnerabilis. Como vimos, a DPE-PA ganhou, em 2021, em sua LC Estadual, redação semelhante.
Questão 10
De acordo com o art. 4º, inciso II, da LC 80/94, é função institucional da DP a promoção prioritária da
solução extrajudicial dos litígios, visando à composição entre as pessoas e conflitos de interesses, por
meio de mediação, conciliação, arbitragem e demais técnicas de composição e administração de
conflitos
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 56 56
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
DIREITO CIVIL
O último estudo desta meta diz respeito ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, isto é, a Lei
nº 13.146/2015. Adianto que, assim como todos os materiais do RDP, seremos objetivos com o que
importa para a prova. Primeiro, saiba que o Estatuto da Pessoa com Deficiência não é pequeno. Há
mais de 120 artigos. Trataremos aqui de maneira bem aprofundada, mas claro, sempre com a
linguagem compreensível e objetiva.
Vamos começar.
1. DISPOSIÇÕES GERAIS
Bem. O art. 1º institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício
dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social
e cidadania.
O Estatuto da Pessoa com Deficiência foi elaborado com base na Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência (Convenção de Nova York, 2007) e seu Protocolo Facultativo41,
ratificados pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008,
em conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da República
Federativa do Brasil (integra, portanto, o Bloco de Constitucionalidade).
41O Protocolo Facultativo, para quem não lembra, reconhece a competência do Comitê sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência (“Comitê”) para receber e considerar comunicações submetidas por pessoas ou grupos de pessoas, ou
em nome deles, sujeitos à sua jurisdição, alegando serem vítimas de violação das disposições da Convenção pelo referido
Estado Parte.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 57 57
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de
2008, em conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º da
Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor para o Brasil, no
plano jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo
Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, data de início de sua vigência no
plano interno.
Um detalhe muito bem lembrado por André de Carvalho Ramos (2018, p. 297/298)42 é que:
42 Curso de direitos humanos/André́ de Carvalho Ramos. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 58 58
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Gente, vocês sabiam que o Decreto nº 3.298/1999 dispõe sobre a Política Nacional para a
Integração da Pessoa “Portadora” de Deficiência, e regulamenta a Lei nº 7.853/1989 43?
Antes de tudo, a palavra “portadora” está entre aspas porque, como sabemos, a expressão
utilizada pela Organização das Nações Unidas é “pessoas com deficiência” – persons with disabilities
- conforme consta da Standard Rules e da Convenção da ONU de 2006.
Nesse sentido salienta o grandíssimo André de Carvalho Ramos (2018, p. 297/298) 44:
Mas como eu estava falando... A Lei nº 7.853/1989, que trata(va) sobre pessoas com
deficiência, de fato foi revogada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência de 2015 ou não?
43 A Lei nº 7.853/1989 dispõe sobre o apoio às pessoas “portadoras de deficiência” (ela também usa a expressão
“portadora”), sua integração social, e sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa “Portadora” de
Deficiência.
44 Curso de direitos humanos/André de Carvalho Ramos. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 59 59
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
A resposta é negativa. Nesse sentido Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha e
Ronaldo Batista Pinto45:
Segundo o art. 2º do Estatuto da Pessoa com Deficiência, considera-se pessoa com deficiência
aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o
45Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 23.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 60 60
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
Artigo 1
Propósito
(...) Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.
Tudo bem. Mas você pode estar se perguntando: o que seria uma avaliação
BIOPSICOSSOCIAL?
A avaliação biopsicossocial nada mais é que “aquela que considera aspectos sociais que
circundam o deficiente, além, por óbvio, de dados médicos capazes de demonstrar sua incapacidade.
Na avaliação biopsicossocial há, portanto, a junção desses dois aspectos na abordagem do deficiente,
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 61 61
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
3. CONCEITOS LEGAIS
Gente, o art. 3º do Estatuto traz MUITOS conceitos importantes, e que já caíram várias vezes
em provas. Tanto em provas objetivas como em provas orais. Portanto, vamos tentar entender (e
não apenas decorar) esses conceitos, beleza? Respirem fundo e vamos nós! =)
3.1 Acessibilidade
Acessibilidade, para fins legais, é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com
segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes,
informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana
como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Mas professor, pessoa com deficiência não é a mesma coisa que pessoa com mobilidade
reduzida, não? É não! Se liga na tabela.
46Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 23.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 62 62
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Agora veremos o conceito bem a cara da prova, que é o famoso “desenho universal”.
Nada mais é que a concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados
por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos
de tecnologia assistiva.
3.4 Barreiras
Você sabia que a própria lei traz o que significa “barreiras”? Pois é.
Para o Estatuto, barreira é qualquer entrave, obstáculo, atitude (guarde isso, pois atitudes
humanas também são barreiras) ou comportamento que limite ou impeça a participação social da
pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação
com segurança, entre outros.
Tem como fundamento o art. 227, § 1º, inc. II da CF, que prevê:
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 63 63
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Segundo o art. 3º, inciso IV do Estatuto, barreira é um gênero que possui espécies, sendo elas
a) barreiras urbanísticas; b) barreiras arquitetônicas; c) barreiras nos transportes; d) barreiras nas
comunicações e na informação; e) barreiras atitudinais; e f) barreiras tecnológicas, vejam:
Urbanísticas
Arquitetônicas
Nos transportes
Na informação
Atitudinais
Tecnológicas
47 A Constituição Federal ainda usa a expressão “portadora”, mas devemos nos ater à expressão da Convenção da ONU,
isto é: “pessoa COM deficiência”.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 64 64
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
3.5 Comunicação
Comunicação é a forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as
línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de
sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como
a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos,
meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da
informação e das comunicações.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 65 65
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
São adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus
desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com
deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais
pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais;
Conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados
aos elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não
provoque alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e
similares, terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos,
marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 66 66
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Trata-se de pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou
presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas atividades diárias,
excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 67 67
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Segundo o art.4º do Estatuto, toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de
oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. O que seria,
no entanto, considerado discriminação em razão da deficiência? A resposta está no art. 4º, § 1º do
Estatuto, vejam:
Além disso, é importante que saibamos que a pessoa com deficiência não está obrigada à
fruição de benefícios decorrentes de ações afirmativas.
§ 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação
afirmativa.
Você lembra, no entanto, o que são ações afirmativas? Para a doutrina, “ações afirmativas
são medidas privadas ou políticas públicas objetivando beneficiar determinados segmentos da
sociedade, sob o fundamento de lhes falecerem as mesmas condições de competição em virtude de
terem sofrido discriminações ou injustiças históricas".48
48Princípio da igualdade e ações afirmativas. SERGE ATHABAHIAN. São Paulo: RCS Editora, 2004. p. 18)
49Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 37.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 68 68
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
André de Carvalho Ramos (2018, p. 679) lembra, contudo, que há duas dimensões da
igualdade.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 69 69
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
O art. 6º traz, sem o mínimo medo de errar, um dos temas mais cruciais para nossa prova: a
questão da capacidade civil.
Com a entrada em vigor do Estatuto da Pessoa com Deficiência, tivemos uma reviravolta no
estudo da incapacidade. Isso porque o art. 3º do Código Civil, que trazia um rol de pessoas
consideradas absolutamente incapazes, foi substancialmente alterado, permanecendo como incapaz
de maneira absoluta apenas os menores de 16 anos e só, sendo todos os incisos revogados.
Vejam:
O art. 6º do Estatuto prevê que a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa para
diversos atos, a exemplo de a) casar-se e constituir união estável; b) exercer direitos sexuais e
reprodutivos; c) exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar; d) conservar sua fertilidade, sendo vedada a
esterilização compulsória; e) exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e f)
exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade
de oportunidades com as demais pessoas.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 70 70
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
A pessoa com deficiência pode casar-se ou manter-se em uma união estável. Veremos mais à
frente que a curatela, que ainda existe em nosso ordenamento jurídico, afetará tão somente os atos
relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. Assim, a pessoa submetida à curatela
poderá casar ou manter união estável sem problemas.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de
natureza patrimonial e negocial.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 71 71
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
A pessoa com deficiência tem total direito de exercer o direito de decidir sobre o número de
filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre reprodução e planejamento familiar.
O inciso IV do art. 6º estabelece que a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa,
inclusive para conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória.
O inciso citado tem fundamento na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(Nova York, março de 2007):
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 72 72
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
CAIU NA DPE-ES-2016-FCC: A Lei nº 13.146/2015 − Estatuto da Pessoa com Deficiência, bem como
as alterações por ela produzidas na legislação esparsa vigente, prevê que a deficiência não afeta, em
regra, a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para exercer o direito à fertilidade, orientando a
esterilização compulsória somente para casos devidamente fundamentados de síndromes
genéticas.50
É direito da pessoa com deficiência exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção,
como adotante ou adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 73 73
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
6. DO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO
51Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p.46.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 74 74
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Importante ainda é a previsão do art. 9º, §1º, que prevê a extensão dessas prioridades ao
acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal. No entanto, essa é a regra.
Precisamos saber da exceção, pois são elas que os examinadores amam!
Gente, o próprio §1º informa que esses direitos previstos no art. 9º são extensivos ao
acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto ao disposto
nos incisos VI e VII.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 75 75
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
No que diz respeito à prioridade processual, essa também tem previsão na Lei nº 10.741/2003
(Estatuto do Idoso):
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 76 76
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
“(...) Por vezes, o estado de uma pessoa que não se encaixe nesse conceito é
grave a ponto de merecer imediato atendimento em detrimento do
deficiente que deverá aguardar. Um jovem vítima de acidente de trânsito,
que apresente lesões sérias, decerto que será atendido antes de um
deficiente que suporta singela dor de cabeça. O critério a ser observado,
portanto, deve se orientar, segundo o médico, pela urgência no atendimento,
a exigir a tomada de medidas imediatas e não pela condição pessoal do
indivíduo. Agora, estando todos em igualdade de condições, terá então
prioridade o deficiente.”
No que diz respeito à observância dos direitos fundamentais, o art. 11 do Estatuto é bem
importante. Segundo ele, a pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a
intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização forçada.
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obrigada a se submeter a
intervenção clínica ou cirúrgica, a tratamento ou a institucionalização
forçada.
A doutrina estabelece que “deve ficar claro que nem sempre a condição de deficiente retira
da pessoa sua capacidade de entendimento e orientação. Aliás, na maioria dos casos essa capacidade
52Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p.56.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 77 77
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
é preservada, a despeito do déficit físico. De tal sorte que, por exemplo, uma pessoa atingida por
paraplegia, que determina a perda dos movimentos de membros inferiores, não se encontra, em
absoluto, privada de seu pleno raciocínio e, como tal, deve manifestar livremente sua vontade,
exprimindo, inclusive, seu consentimento no que se refere a intervenções clínicas, tratamento
médicos, utilização de terapias, etc.”.53
Detalhe especial para o parágrafo único do art. 11 que prevê o suprimento do consentimento
da pessoa com deficiência em situação de curatela:
Neste caso, “quando necessária uma atuação médica em pessoa com deficiência, com
curatela já estabelecida judicialmente, não sendo obtido o seu regular consentimento, permite-se o
suprimento judicial através de um procedimento de jurisdição voluntária (CPC, art. 721 e seguintes).
A competência é do juízo da vara de família, por se tratar de ação que versa sobre o estado da pessoa.
A legitimidade recai sobre qualquer interessado, como, por exemplo, o cônjuge, ou companheiro, e os
familiares, além, por óbvio, do próprio curador.” 54
O art. 12, que trata sobre o tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa científica
com a pessoa com deficiência, pontua que o consentimento deve ser prévio, livre e esclarecido. Em
caso de pessoa com deficiência em situação de curatela, deve ser assegurada sua participação, no
maior grau possível, para a obtenção de consentimento.
Além disso, a pesquisa científica envolvendo pessoa com deficiência em situação de tutela ou
de curatela deve ser realizada, em caráter excepcional, apenas quando houver indícios de benefício
53 Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 64.
54 Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 64.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 78 78
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
direto para sua saúde ou para a saúde de outras pessoas com deficiência e desde que não haja outra
opção de pesquisa de eficácia comparável com participantes não tutelados ou curatelados.
Por fim, a pessoa com deficiência somente será atendida sem seu consentimento prévio, livre
e esclarecido em casos de risco de morte e de emergência em saúde, resguardado seu superior
interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis, nos termos do art. 13.
Art. 13. A pessoa com deficiência somente será atendida sem seu
consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de morte e de
emergência em saúde, resguardado seu superior interesse e adotadas as
salvaguardas legais cabíveis.
55Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p.71/72.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 79 79
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 80 80
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Segundo o art. 18, § 4º, as ações e os serviços de saúde pública destinados à pessoa com
deficiência devem assegurar:
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 81 81
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Deixei órteses e próteses destacadas não por acaso. Você sabe a diferença entre um e outro?
Detalhe importante é o previsto no art. 10, inc. II, da Lei nº 9.656/199857, que dispõe sobre
os planos e seguros privados de assistência à saúde, isenta as operadoras de arcarem com os custos
derivados da implantação de órteses e próteses para fins estéticos.
56 Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p.86.
57 Essa lei dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 82 82
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Sobre o direito à educação, acho indispensável a leitura atenta do art. 28 do Estatuto, por
isso trarei agora:
58Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p.101.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 83 83
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
(...) Como sugere o próprio nome, portanto, a educação inclusiva visa incluir
o aluno com deficiência no sistema de educação, de tal forma que, ao invés
de segregá-lo juntamente com outros que apresentem o mesmo déficit,
criando, por exemplo, classes específicas para alunos deficientes, busca-se
integrá-lo aos demais, frequentando todos a mesma classe, submetendo-o
ao mesmo currículo escolar, enfim, vivenciando a escola em sua plenitude,
com todos os demais. Claro que será necessário, em muitos casos, de uma
rede de apoio que propicie ao deficiente o pleno acompanhamento do
ensino, em condições de aprendizagem semelhante aos outros alunos.”
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 84 84
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 85 85
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 86 86
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
No entanto, o STF já decidiu que são constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº
13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que determinam que as escolas privadas
ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem que
possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e
matrículas para cumprimento dessa obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).
59 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Ensino privado e acesso a pessoas com deficiência. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/a49e9411d64ff53eccfdd09ad10a15b3. Acesso em:
27/01/2021.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 87 87
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Segundo o art. 31, a pessoa com deficiência tem direito à moradia digna, no seio da família
natural ou substituta, com seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou em moradia para a
vida independente da pessoa com deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva.
Nesse sentido:
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à moradia digna, no seio da
família natural ou substituta, com seu cônjuge ou companheiro ou
desacompanhada, ou em moradia para a vida independente da pessoa com
deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 88 88
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Fundamento constitucional - Art. 6º da CF: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer; a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.
Fundamento na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), art. 25: “Toda pessoa tem direito
a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação,
vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis”.
Fundamento na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Nova York março de
2007), art. 28, item 1: “Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência a um
padrão adequado de vida para si e para suas famílias, inclusive alimentação, vestuário e moradia
adequados, bem como à melhoria continua de suas condições de vida, e tomarão as providências
necessárias para salvaguardar e promover a realização desse direito sem discriminação baseada na
deficiência [...] d) assegurar o acesso de pessoas com deficiência a programas habitacionais públicos”
Agora atenção com o art. 32. Segundo ele, nos programas habitacionais, públicos ou
subsidiados com recursos públicos, a pessoa com deficiência ou o seu responsável goza de prioridade
na aquisição de imóvel para moradia própria, observado o seguinte:
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para
pessoa com deficiência;60
II - (VETADO);
III - em caso de edificação multifamiliar, garantia de acessibilidade nas áreas
de uso comum e nas unidades habitacionais no piso térreo e de acessibilidade
ou de adaptação razoável nos demais pisos;
IV - disponibilização de equipamentos urbanos comunitários acessíveis;
60 Caso não haja pessoa com deficiência interessada nas unidades habitacionais reservadas por força do disposto no inciso
I do caput deste artigo, as unidades não utilizadas serão disponibilizadas às demais pessoas.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 89 89
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
CUIDADO: O direito à prioridade será reconhecido à pessoa com deficiência beneficiária apenas uma
vez. Além disso, nos programas habitacionais públicos, os critérios de financiamento devem ser
compatíveis com os rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua família.
O art. 33, II, lembra que ao poder público compete divulgar, para os agentes interessados e
beneficiários, a política habitacional prevista nas legislações federal, estaduais, distrital e municipais,
com ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade.
A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha e aceitação, em
ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 90 90
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Importante lembrar que o art. 2º, inciso I, "d" da Lei nº 8.472/93 (Lei Orgânica de Assistência
Social), que indica os objetivos da assistência social, assegura “a habilitação e reabilitação das
pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária”: bem como “a garantia
de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família”: nos termos
do art. 2º, inc. I, “e”, do mencionado diploma legal.
Nesse sentido:
Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para
prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua família o benefício
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 91 91
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja
renda mensal per capita seja: I - inferior a um quarto do salário mínimo;
Então, em tese, para ter direito ao benefício (Benefício da Prestação Continuada - BPC-LOAS),
a renda per capita, ou seja, por pessoa, precisa ser inferior a ¼ de um salário-mínimo. No entanto,
isso é mesmo rígido assim? Cuidado. Tanto o STF como o STJ já entenderam que esse requisito do §3º
(requisito da miserabilidade) não é absolutamente rígido (em homenagem à isonomia material, pois
nem sempre quem tem renda per capita familiar maior de ¼ do salário-mínimo terá condições de
sobreviver sem o BPC). Vejam:
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 92 92
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
I - o grau da deficiência;
II - a dependência de terceiros para o desempenho de atividades básicas da
vida diária;
III - as circunstâncias pessoais e ambientais e os fatores socioeconômicos e
familiares que podem reduzir a funcionalidade e a plena participação social
da pessoa com deficiência candidata ou do idoso;
IV - o comprometimento do orçamento do núcleo familiar de que trata o § 3º
do art. 20 exclusivamente com gastos com tratamentos de saúde, médicos,
fraldas, alimentos especiais e medicamentos do idoso ou da pessoa com
deficiência não disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 93 93
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
(SUS), ou com serviços não prestados pelo Serviço Único de Assistência Social
(Suas), desde que comprovadamente necessários à preservação da saúde e
da vida.
Além disso, a Lei nº 13.982/2020 também trouxe dois novos parágrafos ao art. 20 da Lei nº
8.742/1993, o § 14 e o §15, vejam:
§ 15. O benefício de prestação continuada será devido a mais de um membro da mesma família
enquanto atendidos os requisitos exigidos nesta Lei.” (NR)
@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 94 94
CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Segundo o art. 41, a pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) tem direito à aposentadoria nos termos da Lei Complementar nº 142/2013.
É importante anotar que o Estatuto da Pessoa com Deficiência traz, em seu art. 84, o benefício
denominado “auxílio-inclusão”, um benefício de cunho previdenciário (isto é, para pessoas que
contribuem para a previdência social).
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da lei, a pessoa com
deficiência moderada ou grave que:
Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que não possua meios para
prover sua subsistência nem de tê-la provida por sua família o benefício
mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei nº 8.742, de 7 de
dezembro de 1993.
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META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Certo.
Acontece que o art. 21-A da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social) estabelece
que o benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com
deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual,
vejam:
61Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 266.
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CURSO RDP
META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
A pessoa com deficiência tem direito à cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade
de oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe garantido o acesso:
62Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 266.
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META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
No entanto, é importante saber que no caso de não haver comprovada procura pelos
assentos reservados, esses podem, excepcionalmente, ser ocupados por pessoas sem deficiência ou
que não tenham mobilidade reduzida, observado o disposto em regulamento.
Segundo o § 3º do mesmo art. 44, os espaços e assentos a que se refere este artigo devem
situar-se em locais que garantam a acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da pessoa
com deficiência ou com mobilidade reduzida, resguardado o direito de se acomodar proximamente
a grupo familiar e comunitário.
Nesses locais, deve haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de emergência acessíveis,
conforme padrões das normas de acessibilidade, a fim de permitir a saída segura da pessoa com
deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de emergência.
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META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Sobre o tema, atenção à recente Lei nº 19.009/2020, que altera o art. 125 do Estatuto da
Pessoa com Deficiência para dispor sobre a acessibilidade para pessoas com deficiência nas salas de
cinema.
É que o art. 44, § 6º do Estatuto estabelece, como vimos acima, que as salas de cinema devem
oferecer, em todas as sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com deficiência.
O art. 125, inciso II, do referido Estatuto, então, fixou o prazo de 60 meses para o
cumprimento do art. 44, § 6º, cuja redação foi dada pela MP nº 917/2019. A Medida Provisória, no
entanto, foi convertida na atual Lei nº 19.009/2020.
Em suma, analise como ficou a redação final do art. 125, II do Estatuto da Pessoa com
Deficiência.
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META 2, ETAPA 3 INTENSIVO 2021.1
Em outras palavras, com a Lei nº 19.009/2020 permanece o mesmo prazo de 60 meses para
que as salas de cinema ofereçam, em todas as sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com
deficiência.
Dando continuidade, no que diz respeito a hotéis, pousadas e similares, esses devem ser
construídos observando-se os princípios do desenho universal, além de adotar todos os meios de
acessibilidade (art. 45).
Um ponto importante e que aparece em provas objetivas é o previsto no art. 45, §, que assim
estabelece:
Sobre o direito ao transporte e mobilidade, o Estatuto traz, em seu art. 46, informações
importantes, vejam:
§2º São sujeitas ao cumprimento das disposições desta Lei, sempre que
houver interação com a matéria nela regulada, a outorga, a concessão, a
permissão, a autorização, a renovação ou a habilitação de linhas e de serviços
de transporte coletivo.
Nesse sentido, importante considerar que o Estatuto da Pessoa com Deficiência modificou,
com seu art. 117 (quase sempre esquecido), o direito da pessoa com deficiência visual ser
acompanhada de cão-guia e ingressar e/ou permanecer com o animal em todos os meios de
transporte e em estabelecimentos abertos ao público, de uso público e privados de uso coletivo,
alterando o art. 1º da Lei nº 11.126/2005 (Lei que dispõe sobre o direito do portador de deficiência
visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia).
Neste caso, as vagas devem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garantida, no mínimo, 1
(uma) vaga devidamente sinalizada e com as especificações de desenho e traçado de acordo com as
normas técnicas vigentes de acessibilidade.
Ainda, os veículos estacionados nas vagas reservadas devem exibir, em local de ampla
visibilidade, a credencial de beneficiário, a ser confeccionada e fornecida pelos órgãos de trânsito,
que disciplinarão suas características e condições de uso. A utilização indevida das vagas de que trata
este artigo sujeita os infratores às sanções previstas no inciso XX do art. 181 do Código de Trânsito
Brasileiro, vejam:
No que tange às frotas de táxi, o art. 51 estabelece que estas devem reservar 10% (dez por
cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com deficiência. Fica proibida a cobrança diferenciada de
tarifas ou de valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à pessoa com deficiência.
Vamos fazer um resumão de todas as porcentagens e números que vimos até agora, para
que você não se perca.63
8. DA ACESSIBILIDADE
Segundo o art. 53, a acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com
mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de
participação social.
63 Ao final deste material há tabela completa com todos esses valores e percentuais.
Nos termos do art. 55, a concepção e a implantação de projetos que tratem do meio físico,
de transporte, de informação e comunicação, inclusive de sistemas e tecnologias da informação e
comunicação, e de outros serviços, equipamentos e instalações abertos ao público, de uso público
ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, devem atender aos princípios do
desenho universal, tendo como referência as normas de acessibilidade. Vimos lá atrás o significado
de desenho universal, mas traremos novamente:
DESENHO UNIVERSAL: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por
todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de
tecnologia assistiva;
Lembre-se que o desenho universal será sempre tomado como regra de caráter geral. Além
disso, nas hipóteses em que comprovadamente o desenho universal não possa ser empreendido,
deve ser adotada adaptação razoável.
Nos termos do art. 57, as edificações públicas e privadas de uso coletivo já existentes devem
garantir acessibilidade à pessoa com deficiência em todas as suas dependências e serviços, tendo
como referência as normas de acessibilidade vigentes.
Por fim, encerrando o tópico, saibam que é assegurado à pessoa com deficiência, mediante
solicitação, o recebimento de contas, boletos, recibos, extratos e cobranças de tributos em formato
acessível.
Sobre o acesso à informação, é importante para nossa prova a previsão do art. 63, §3º do
Estatuto, que trata sobre o percentual mínimo de computadores com recursos de acessibilidade para
pessoa com deficiência visual em lan houses (apesar de não ser algo mais comum como antes, as lan
houses ainda existem).
O art. 75 traz o plano específico de medidas a ser desenvolvido pelo poder público, e renovado
a cada período de 4 (quatro) anos. No entanto, cuidado, pois os procedimentos constantes no
específico de medidas deverão ser avaliados, pelo menos, a cada 2 (dois) anos, a fim de fazer valer
Em resumo:
Importante saber que à pessoa com deficiência será assegurado o direito de votar e de ser
votada, inclusive por meio das seguintes ações (art. 76):
De acordo com o art. 79, § 1º, a fim de garantir a atuação da pessoa com deficiência em todo
o processo judicial, o poder público deve capacitar os membros e os servidores que atuam no Poder
Judiciário, no Ministério Público, na Defensoria Pública, nos órgãos de segurança pública e no sistema
penitenciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência.
Devem ser assegurados à pessoa com deficiência submetida a medida restritiva de liberdade
todos os direitos e garantias a que fazem jus os apenados sem deficiência, garantida a acessibilidade.
13.1 DA CURATELA
Nesse ponto estudaremos alguns aspectos sobre a curatela. Inicialmente, cuidado para não
confundir com a tutela.
TUTELA64 CURATELA
Instrumento jurídico para proteger a criança ou Instrumento jurídico voltado para a proteção de
adolescente que não goza da proteção do poder uma pessoa que, apesar de ser maior de 18
familiar em virtude da morte, ausência ou anos, necessita da assistência de outra para a
destituição de seus pais.
64Tabela disponível em: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O rol de legitimados para propor a ação de levantamento de
curatela, previsto no art. 756, § 1º do CPC/2015, não é taxativo. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/958ad0d05d3259750be0b041d10adbb1. Acesso
em: 27/01/2021.
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua
capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela,
conforme a lei.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de
natureza patrimonial e negocial.
O art. 751 do NCPC traz a chamada “entrevista”, e não mais “interrogatório” (CPC de 1.973).
Em algumas situações o (a) curatelando (a) não poderá dirigir-se até o fórum, como por
exemplo, um idoso que esteja impossibilitado de locomover-se.
Neste caso, o § 1º do art. 751 aponta que o juiz ouvirá no local em que o interditando estiver:
§ 1º Não podendo o interditando deslocar-se, o juiz o ouvirá no local onde
estiver.
O art. 755, § 3º do NCPC traz um detalhe especial sobre a sentença no processo de interdição:
66 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Nulidade do processo de interdição pela não realização do interrogatório
(entrevista). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/5ad742cd15633b26fdce1b80f7b39f7c. Acesso em:
27/01/2021.
Por fim, o art. 756 do NCPC traz o levantamento da curatela, que nada mais é que a sua
revogação quando cessa a causa que a determinou.
67Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha,
Ronaldo Batista Pinto. 2. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2016, p. 333.
Já o art. 747 do NCPC traz o rol de pessoas que podem promover a ação de interdição.
A pergunta é: há preferência entre esses legitimados do art. 757? Segundo o STJ, não. Vejam:
Uma situação jurisprudencial interessante é a seguinte: a ação de divórcio pode ser ajuizada
por curador provisório? Vamos entender.
68 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A ordem de legitimados para o ajuizamento de ação de interdição NÃO é
preferencial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d8ad9beba48de682e6accacba8cdbe2d. Acesso
em: 27/01/2021.
69 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A ação de divórcio não pode, em regra, ser ajuizada por curador provisório.
Além de curatela, o Estatuto da Pessoa com Deficiência acrescentou um novo artigo ao Código
Civil tratando sobre a chamada tomada de decisão apoiada. Sua definição encontra-se no art. 1.883-
A do Código Civil, redação dada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência:
É importante perceber a expressão “pelo menos” duas pessoas. Alguns alunos acabam caindo
em pegadinhas com isso. Se são “pelo menos” duas, pela lógica podem ser mais de duas, mas não
menos de duas. Cuidado com isso. E detalhe, quem elege não é o juiz, mas sim a própria pessoa com
deficiência.
70
Manual de direito civil: volume único/Flávio Tartuce. – 8. ed. rev, atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2018.
a prever o seu art. 404 que a pessoa que, por efeito de uma enfermidade ou
de um prejuízo físico ou psíquico, encontrar-se na impossibilidade, mesmo
parcial ou temporária, de prover os próprios interesses pode ser assistida por
um administrador de sustento, nomeado pelo juiz do lugar de sua residência
ou domicílio. Como exemplifica a doutrina italiana, citando julgados daquele
país, a categoria pode ser utilizada em benefício do doente terminal, do cego
e do portador do mal de Alzheimer”.
Por fim, colaciono todos os artigos referentes à tomada de decisão apoiada, tendo em vista a
relevância do tema para sua prova:
Art. 1.783-A, CC. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa
com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais
mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na
tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua capacidade.
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento a curto ou longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas.
CERTO ERRADO
Questão 02
CERTO ERRADO
Questão 03
Segundo o art. 3º, inciso IV do Estatuto, barreira é um gênero que possui espécies, sendo elas a)
barreiras urbanísticas; b) barreiras arquitetônicas; c) barreiras nos transportes; d) barreiras nas
comunicações e na informação; e) barreiras atitudinais; e f) barreiras tecnológicas.
CERTO ERRADO
Questão 04
A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
CERTO ERRADO
Questão 05
A pessoa com deficiência possui plena capacidade civil para exercer seus direitos sexuais e
reprodutivos e exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
CERTO ERRADO
Questão 06
A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade
de recebimento de restituição de imposto de renda, estendendo-se tal benefício ao seu
acompanhante ou ao seu atendente pessoal.
CERTO ERRADO
Questão 07
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a pessoa com deficiência somente será atendida sem
seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de morte e de emergência em saúde,
resguardado seu superior interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis.
CERTO ERRADO
Questão 08
É possível a cobrança, por parte de instituições privadas, de valores adicionais de qualquer natureza
em suas mensalidades, anuidades e matrículas para pessoas com deficiência, no intuito de cumprir
as determinações do art. 28 do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
CERTO ERRADO
Questão 09
Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com
deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria,
observada a reserva de, no mínimo, 5% (cinco por cento) das unidades habitacionais para pessoa
com deficiência.
CERTO ERRADO
Questão 10
É vedada a recusa de oferta de obra intelectual em formato acessível à pessoa com deficiência, sob
qualquer argumento, inclusive sob a alegação de proteção dos direitos de propriedade intelectual.
CERTO ERRADO
Questão 11
As frotas de táxi devem reservar 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com
deficiência, sendo possível a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores adicionais pelo serviço de
táxi prestado à pessoa com deficiência.
CERTO ERRADO
Questão 12
CERTO ERRADO
Questão 13
A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial,
bem como o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à
saúde, ao trabalho e ao voto.
CERTO ERRADO
Questão 14
A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2
(duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-
lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações
necessários para que possa exercer sua capacidade.
CERTO ERRADO
GABARITO
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, considera-se pessoa com deficiência aquela que tem
impedimento a curto ou longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas.
GAB: E. Conforme o Estatuto da Pessoa com Deficiência (art. 2º), o impedimento é de longo prazo de
natureza física, mental, intelectual ou sensorial.
Questão 02
GAB: E. Conforme o Estatuto da Pessoa com Deficiência (art. 3º, VI), trata-se do conceito de
adaptações razoáveis.
Questão 03
Segundo o art. 3º, inciso IV do Estatuto, barreira é um gênero que possui espécies, sendo elas a)
barreiras urbanísticas; b) barreiras arquitetônicas; c) barreiras nos transportes; d) barreiras nas
comunicações e na informação; e) barreiras atitudinais; e f) barreiras tecnológicas.
GAB: C. É a exata previsão do art. 3º, inciso IV do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Questão 04
A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
GAB: C. A pessoa com deficiência não está obrigada à fruição dos referidos benefícios (Art. 4º, §2º,
do Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Questão 05
A pessoa com deficiência possui plena capacidade civil para exercer seus direitos sexuais e
reprodutivos e exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas
GAB: C. Previsão do art. 6º, incisos II e VI, do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Atenção: Artigo
muito importante para as provas.
Questão 06
A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade
de recebimento de restituição de imposto de renda, estendendo-se tal benefício ao seu
acompanhante ou ao seu atendente pessoal.
GAB: E. Conforme o art. 9º, §1º os benefícios previstos no art. 9º do Estatuto são extensíveis ao
acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto ao
recebimento de imposto de renda e quanto à tramitação processual e procedimentos judiciais e
administrativos.
Questão 07
Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, a pessoa com deficiência somente será atendida sem
seu consentimento prévio, livre e esclarecido em casos de risco de morte e de emergência em saúde,
resguardado seu superior interesse e adotadas as salvaguardas legais cabíveis
Questão 08
É possível a cobrança, por parte de instituições privadas, de valores adicionais de qualquer natureza
em suas mensalidades, anuidades e matrículas para pessoas com deficiência, no intuito de cumprir
as determinações do art. 28 do Estatuto da Pessoa com Deficiência.
GAB: E. O §1º do art. 28 do Estatuto da Pessoa com Deficiência veda essas cobranças adicionais.
Inclusive o STF entendeu que “são constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015,
que determinam que as escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às
pessoas com deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas
mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação”. STF. Plenário. ADI 5357
MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).”
Questão 09
Nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, a pessoa com
deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria,
observada a reserva de, no mínimo, 5% (cinco por cento) das unidades habitacionais para pessoa
com deficiência.
GAB: E. A reserva será de, no mínimo, 3% (três por cento) das unidades habitacionais para a pessoa
com deficiência.
Questão 10
É vedada a recusa de oferta de obra intelectual em formato acessível à pessoa com deficiência, sob
qualquer argumento, inclusive sob a alegação de proteção dos direitos de propriedade intelectual.
Questão 11
As frotas de táxi devem reservar 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa com
deficiência, sendo possível a cobrança diferenciada de tarifas ou de valores adicionais pelo serviço de
táxi prestado à pessoa com deficiência.
Questão 12
Questão 13
A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial,
bem como o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à
saúde, ao trabalho e ao voto.
GAB: E. Segundo o §1º do art. 85 do Estatuto da Pessoa com Deficiência a definição da curatela não
alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde,
ao trabalho e ao voto.
Questão 14
A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2
(duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-
lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações
necessários para que possa exercer sua capacidade.