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Curso RDP

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t

INTENSIVO
DEFENSORIAS

Meta 01, etapa 02

www.rumoadefensoria.com
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

SUMÁRIO

DIREITO CIVIL ...............................................................................................................................................................5


1. CAPACIDADE DE DIREITO VS CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO .............................................................................. 5

2. TEORIAS DA PERSONALIDADE .............................................................................................................................................. 5

2.1 TEORIA NATALISTA ............................................................................................................................................................. 6

2.2 TEORIA CONCEPCIONISTA.................................................................................................................................................. 6

2.3 TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL ...................................................................................................................... 7

3. CONCEITOS BÁSICOS .......................................................................................................................................................... 10

3.1 NASCITURO ...................................................................................................................................................................... 10

3.2 CONCEPTURO .................................................................................................................................................................. 10

3.3 EMBRIÃO .......................................................................................................................................................................... 10

3.4 EMBRIÃO EXCENDENTÁRIO ............................................................................................................................................. 10

3.5 REPRODUÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA ....................................................................................................................... 10

3.6 FECUNDAÇÃO HOMÓLOGA E HETERÓLOGA ................................................................................................................... 11

4. CASO ARTAVIA MURILLO E OUTROS VS COSTA RICA ......................................................................................................... 13

5. TEORIA DA INCAPACIDADE ................................................................................................................................................ 14

6. EMANCIPAÇÃO................................................................................................................................................................... 15

7. O FIM DA PERSONALIDADE ................................................................................................................................................ 20

7.1 MORTE REAL .................................................................................................................................................................... 20

7.2 MORTE PRESUMIDA ......................................................................................................................................................... 20

7.3 PRESUNÇÃO DE MORTE SEM DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA ............................................................................................. 21

7.4 COMORIÊNCIA ................................................................................................................................................................. 21

8. DIREITOS DA PERSONALIDADE ........................................................................................................................................... 21

8.1 CONCEITO DE DIREITO DA PERSONALIDADE ................................................................................................................... 22

8.2 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................................................................................... 23

9. DIREITO AO NOME E FORMAS DE ALTERAÇÃO .................................................................................................................. 26

10. JURISPRUDÊNCIA EM TESES - EDIÇÃO Nº 137: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE – I .................................................. 27

11. JURISPRUDÊNCIA EM TESES - EDIÇÃO Nº 138: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE – II ................................................. 29

12. ENUNCIADOS DAS JORNADAS DE DIREITO CIVIL.............................................................................................................. 30

13. O PROCESSO DE AUSÊNCIA .............................................................................................................................................. 35

14. REGISTRO E AVERBAÇÃO ................................................................................................................................................. 38

15. INTERNAÇÕES E A LEI ANTIMANICOMIAL ........................................................................................................................ 38

16. INFORMATIVOS SOBRE DIREITOS DA PERSONALIDADE ................................................................................................... 39

DIREITO EMPRESARIAL ................................................................................................................................................ 53


1. TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO ............................................................................................................................ 53

2. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES...................................................................................................................................... 55

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2.1 SOCIEDADE EMPRESÁRIA ................................................................................................................................................. 55

2.2 SOCIEDADE SIMPLES ........................................................................................................................................................ 55

2.3 SOCIEDADES CONTRATUAIS ............................................................................................................................................. 55

2.4 SOCIEDADES INSTITUCIONAIS .......................................................................................................................................... 55

2.5 SOCIEDADE DE RESPONSABILIDADE LIMITADA................................................................................................................ 55

2.6 SOCEIDADE DE RESPONSABILIDADE ILIMITADA............................................................................................................... 56

2.7 SOCEIDADE DE RESPONSABILIDADE MISTA ..................................................................................................................... 56

2.8 SOCIEDADE DE PESSOAS (INTUITU PERSONAE) ............................................................................................................... 57

2.9 SOCEIDADE DE CAPITAL (INTUITU PECUNIAE) ................................................................................................................. 57

3. TIPOS SOCIETÁRIOS............................................................................................................................................................ 57

4. A AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA PELAS SOCIEDADES ..................................................................................... 60

5. SOCIEDADES NACIONAIS, ESTRANGEIRAS E AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAMENTO ...................................................... 60

6. CONSTITUIÇÃO DE SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES ............................................................................................................ 61

7. DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS ..................................................................................................................................... 61

8. TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO ...................................................................................................... 61

9. SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS .................................................................................................................................. 62

9.1 SOCIEDADE EM COMUM ................................................................................................................................................. 62

9.2 SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO ...................................................................................................................... 63

10. SOCIEDADES PERSONIFICADAS ........................................................................................................................................ 64

10.1 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO .................................................................................................................................. 64

10.2 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES .......................................................................................................................... 65

10.3 SOCIEDADE LIMITADA .................................................................................................................................................... 65

DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................................................................... 73


1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................................... 73

2. RECEITAS ............................................................................................................................................................................ 73

3. FINALIDADES DOS TRIBUTOS ............................................................................................................................................. 74

3.1 FISCALIDADE .................................................................................................................................................................... 74

3.2 EXTRAFISCALIDADE .......................................................................................................................................................... 74

3.3 PARAFISCALIDADE ............................................................................................................................................................ 74

4. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO ............................................................................................ 74

5. CONCEITO DE TRIBUTO ...................................................................................................................................................... 75

6. ESPÉCIES DE TRIBUTOS E TEORIA ADOTADA ..................................................................................................................... 77

6.1 IMPOSTOS ........................................................................................................................................................................ 78

6.2 ICMS (IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERMUNICIAL E INTERESTADUAL)
............................................................................................................................................................................................... 80

6.3 IPTU (IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA) ................................................................... 84

6.4 IMPOSTO DE RENDA ........................................................................................................................................................ 87

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6.5 TAXAS ............................................................................................................................................................................... 91

6.6 EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS ...................................................................................................................................... 95

6.7. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA ...................................................................................................................................... 96

6.8 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS .............................................................................................................................................. 98

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DIREITO CIVIL

Pessoa natural. Aquisição e extinção da personalidade. Direitos da personalidade. Nascituro.


Embrião excedentário. Nome. Estado. Registro das pessoas naturais. Pessoa natural: capacidade e
emancipação. Incapacidade. Suprimento da incapacidade. Internação psiquiátrica involuntária.
Ausência.

Fala, gente.

Estamos de volta com Direito Civil.

Talvez, um dos pontos mais importantes para o estudo de direito civil para Defensoria, pois
cai bastante em todas as provas. Você precisa ler o CC/02 do art. 1º ao 39, mas a gente vai tratar
aqui dos principais pontos para sua prova.

Vamos iniciar.

1. CAPACIDADE DE DIREITO VS CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO

CAPACIDADE DE DIREITO CAPACIDADE DE FATO OU DE EXERCÍCIO


Qualquer ser humano, independentemente de É a capacidade de exercer, por si só, os atos
qualquer outro atributo, tem total possibilidade de da vida civil. Em regra, a capacidade civil
adquirir direito e contrair obrigações. inicia-se aos 18 anos (maioridade civil).

A questão é: a partir de qual momento passa-se a ter personalidade?

2. TEORIAS DA PERSONALIDADE

No tocante ao início da personalidade, surgiram algumas teorias para explicar o momento


exato desse início. A maioria da doutrina aponta existir três teorias sobre o início da personalidade:
a) concepcionista; b) natalista; e c) personalidade condicional. Segundo os autores Cristiano Chaves
de Farias, obra escrita com Felipe Braga Netto e Nelson Rosenvald, “a diferenciação entre as teorias
concepcionistas e natalistas não traduz – em linha de princípio – maior relevância pragmática,
sendo, no entanto rica em perspectiva acadêmica (e sobretudo espiritual e filosófica)”.

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A pessoa natural adquire direitos a partir do momento em que nasce.

Para Tartuce (2018, p. 87/88), “a teoria natalista prevalecia entre os


autores modernos ou clássicos do Direito Civil Brasileiro, para quem o
nascituro não poderia ser considerado pessoa, pois o Código Civil exigia e
ainda exige, para a personalidade civil, o nascimento com vida. Assim
2.1 TEORIA sendo, o nascituro não teria direitos, mas mera expectativa de direitos.
NATALISTA
Como adeptos dessa corrente, da doutrina tradicional, podem ser citados
Sílvio Rodrigues, Caio Mário da Silva Pereira e San Tiago Dantas. Na
doutrina contemporânea, filia-se a essa corrente Sílvio de Salvo Venosa.
Partem esses autores de uma interpretação literal e simplificada da lei, que
dispõe que a personalidade jurídica começa com o nascimento com vida, o
que traz a conclusão de que o nascituro não é pessoa.”1
A personalidade Civil inicia-se desde a concepção.

Adotada pelo STJ, pelos tratados internacionais e grande parte da doutrina


(Pontes de Miranda e Teixeira de Freitas).

Para Flávio Tartuce (2018, p.88), a teoria concepcionista é aquela que


sustenta que o nascituro é pessoa humana, tendo direitos resguardados
2.2 TEORIA pela lei. Esse é o entendimento defendido por Silmara Juny Chinellato (a
CONCEPCIONISTA
principal precursora da tese no Brasil), Pontes de Miranda, Rubens Limongi
França, Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, Pablo Stolze Gagliano e
Rodolfo Pamplona Filho, Roberto Senise Lisboa, José Fernando Simão,
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, Francisco Amaral,
Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Antonio Junqueira de Azevedo,
Gustavo Rene Nicolau, Renan Lotufo e Maria Helena Diniz.

1Manual de direito civil: volume único/Flávio Tartuce. – 8. ed. ver., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2018.

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Enunciado nº 1, do Conselho da Justiça Federal (CJF), aprovado na I


Jornada de Direito Civil: “A proteção que o Código defere ao nascituro
alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais
como nome, imagem e sepultura”.
Embora para esta teoria a personalidade comece desde a concepção, esta
2.3 TEORIA DA fica sujeita a condição suspensiva, qual seja, o nascimento com vida.
PERSONALIDADE
CONDICIONAL
Minoritária no Brasil.

JURISPRUDÊNCIA: No REsp 1.693.718-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado
em 26/03/2019, o STJ entendeu que NÃO há exigência de formalidade específica acerca da
manifestação de última vontade do indivíduo sobre a destinação de seu corpo após a morte, sendo
possível a submissão do cadáver ao procedimento de criogenia em atenção à vontade manifestada
em vida.2

Relembro a vocês que para os autores que perfilham da teoria concepcionista, o marco
inicial da personificação do ser humano é a concepção, como o próprio nome aponta, antes mesmo
do nascimento com vida. Essa posição tem ganhado muita força na doutrina, inclusive sendo

2 “Preliminarmente, é conveniente frisar que os direitos de personalidade, e entre eles o direito ao cadáver, se
orientam pela lógica do Direito Privado, primando pela autonomia dos indivíduos, sempre que esta não violar o
ordenamento jurídico. Nesse contexto, a escolha feita pelo particular de submeter seu cadáver ao procedimento da
criogenia encontra proteção jurídica, na medida em que sua autonomia é protegida pela lei e não há vedação à escolha
por esse procedimento. Ademais, verifica-se que as razões de decidir do tribunal de origem estão embasadas na
ausência de manifestação expressa de vontade do genitor das litigantes acerca da submissão de seu corpo ao
procedimento de criogenia após a morte. Ocorre que, analisando as regras correlatas dispostas no or denamento
jurídico - que disciplinam diferentes formas de disposição do corpo humano após a morte -, em razão da necessidade
de extração da norma jurídica a ser aplicada ao caso concreto, considerando a existência de lacuna normativa, verifica -
se que não há exigência de formalidade específica acerca da manifestação de última vontade do indivíduo. Da análise
do § 2º do art. 77 da Lei nº 6.015/1973 (Lei de Registros Públicos), extrai-se que, com exceção da hipótese de "morte
violenta" - que necessita também de autorização judicial -, os requisitos para a realização da cremação do cadáver são:
i) a existência de atestado de óbito assinado por 2 (dois) médicos ou por 1 (um) médico legista; e ii) a anterior
manifestação de vontade do indivíduo de ser incinerado após a morte. Dessa maneira, não exigindo a Lei de Registros
Públicos forma especial para a manifestação em vida em relação à cremação, será possível aferir a vontade do
indivíduo, após o seu falecimento, por outros meios de prova legalmente admitidos. É de se ressaltar que, em casos
envolvendo a tutela de direitos da personalidade do indivíduo post mortem (direito ao cadáver), o ordenamento
jurídico legitima os familiares mais próximos a atuarem em favor dos interesses deixados pelo de cujus. Logo, na falta
de manifestação expressa deixada pelo indivíduo em vida acerca da destinação de seu corpo após a morte, presume -se
que sua vontade seja aquela apresentada por seus familiares mais próximos. REsp 1.693.718-RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado em 26/03/2019, DJe 04/04/2019”.

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adotada em tratados internacionais. Pontes de Miranda e Teixeira de Freitas, por exemplo,


defendem que a partir da concepção já temos uma pessoa.

Por outro lado, para os que defendem a teoria natalista, o marco inicial da personificação
não seria a concepção, mas apenas o nascimento com vida. Segundo Cristiano Chaves de Farias,
Felipe Braga Netto e Nelson Rosenvald (2019), o Código Civil, se interpretado literalmente, parece
preferir esta teoria. No entanto, chamo à atenção de vocês em um detalhe: apesar de, para alguns
autores, o Código Civil ter adotado literalmente a teoria natalista, a teoria mais atual e mais segura
é a concepcionista.

Maria Helena Diniz (citado por Flávio Tartuce, 2018, p. 89) classifica a personalidade jurídica
em formal e material:

PERSONALIDADE JURÍDICA FORMAL PERSONALIDADE JURÍDICA MATERIAL


É aquela relacionada com os direitos da Mantém relação com os direitos patrimoniais, e o
personalidade, o que o nascituro já tem desde nascituro só a adquire com o nascimento com
a concepção. vida, segundo a doutrinadora.

É importante lembrar que para os autores Cristiano Chaves de Farias, Felipe Braga Netto e
Nelson Rosenvald (2019),

“o Código Civil não diz que estão resguardados os direitos do embrião, mas
do nascituro. No Brasil, o descarte do embrião pré-implatado não perfaz
crime. É crime, contudo, a clonagem humana. O STF (....), ao julgar a ADI nº
3.510, entendeu válida a norma que permite, para fins de terapia e
pesquisa, a utilização de células-tronco embrionárias produzidas por
fertilização in vitro.” (GRIFOS NOSSOS)

Por fim, reforçam os autores:

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“Seja como for, verdade é que a natureza jurídica do embrião antes da implantação no útero
materno ainda está para ser definida pelos juristas (e não só por eles).”

Além disso, o conceito atual de personalidade não é puramente formal. Nesse sentido,
salientam os professores acima:

“O conceito atual de personalidade não é puramente formal. Não basta dizer que pessoa é aquele
que pode ser sujeito de direito. Continua sendo isso, mas não é só isso. Essencial às notas
contemporâneas do conceito é a noção de dignidade humana. A exigência da racionalidade não faz
parte do conceito atual de personalidade. Bem longe disso. Mesmo crianças que ainda não falam,
por exemplo, são pessoas, ninguém ousaria negar.”

Em uma obra excelente (Algumas notas sobre a dimensão ecológica da dignidade da pessoa
humana e sobre a dignidade da vida em geral – 2014), que inclusive recomendo MUITO para vocês,
escrita por Ingo Wolfgang Sarlet e Tiago Feinsterseifer, os autores reforçam que o conceito de
dignidade da pessoa humana está cada vez mais em evolução, já que é possível o reconhecimento
do valor dignidade como inerente a outras formas de vida não humanas, como é o caso dos
animais.

“Se a dignidade consiste em um valor próprio e distintivo que nós atribuímos a determinada
manifestação existencial – no caso da dignidade da pessoa humana, a nós mesmos -, é possível o
reconhecimento do valor dignidade como inerente a outras formas de vida não humanas.”

O que eu preciso que vocês saibam é que o conceito de dignidade tal como estudamos na
faculdade está em evolução. Hoje a dignidade não é apenas humana, mas também sob uma
perspectiva ecológica3. Guardem isso, pois é de fundamental importância para nossa prova.

Nesse mesmo ponto, precisamos saber alguns conceitos básicos.

3 Além da questão de a dignidade também dizer respeito às outras formas de vida, a própria dignidade da pessoa
humana perpassa por uma análise ecológica do ambiente em que ele vive. Dessa forma, o direito a um meio ambiente
equilibrado também está inserido na análise da referida dignidade (sobre se ela está presente ou não).

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3. CONCEITOS BÁSICOS

O ser humano que já foi concebido e encontra-se no ventre materno,


3.1 NASCITURO ainda em gestação. Ou seja, o nascituro é o ser que já foi concebido e
ainda não nasceu.
Esse conceito não é muito familiar, mas caiu na prova oral da DPE-BA!
3.2 CONCEPTURO

O concepturo é aquele que ainda não foi concebido, embora haja a


CUIDADO!
esperança de que venha a ser.4
Surge da junção dos gametas masculino e feminino. Para o STF, o
3.3 EMBRIÃO embrião in vitro não é pessoa (ADI 3510-DF), mas um bem a ser
protegido.
Esse conceito também foi cobrado na prova oral da DPE-BA e é ponto
3.4 EMBRIÃO expresso nos editais das FCC.
EXCENDENTÁRIO
Embrião excedentário é aquele que não foi implantado no útero
JÁ CAIU! materno, razão pela qual constitui o embrião que sobrou no processo
de fertilização artificial (excedentário).
A reprodução medicamente assistida, também chamada procriação
medicamente assistida, contempla o uso de diferentes técnicas
médicas para auxiliar a reprodução humana.
3.5 REPRODUÇÃO
MEDICAMENTE ASSISTIDA
As duas principais formas de reprodução assistida são: (1) inseminação
artificial e (2) fertilização in vitro.
IMPORTANTÍSSIMO!

Vou comentar sobre essas duas, pois precisamos de um


aprofundamento.

4 Inclusive a figura do concepturo possui previsão na sucessão testamentária, conforme se depreende do art. 1.799 do
CC: Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: I - os filhos, ainda não concebidos, de
pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;

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Em resumo, a inseminação artificial é uma técnica em que médicos capacitam o material


genético masculino e colocam dentro do útero materno, aumentando as chances de êxito da
concepção.

É diferente da reprodução in vitro.

Como o próprio nome diz, a reprodução in vitro é realizada FORA do útero materno.

“A fertilização in vitro (FIV) é um dos tratamentos que compõem o grupo de tecnologias de


reprodução assistida. Ela consiste em fecundar o óvulo fora do corpo, para somente depois que o
embrião começar a se formar inseri-lo no útero, a fim de implantar-se e acontecer a gravidez.
Trata-se do tratamento mais completo em reprodução assistida, e que oferece boas chances de
sucesso, sendo em média de 45%. Porém, esse número varia de acordo com a idade da mulher.”

3.6 FECUNDAÇÃO HOMÓLOGA E HETERÓLOGA

Reforço, ainda, que a reprodução assistida pode se HOMÓLOGA, quando só há material


genético dos pais biológicos, ou HETERÓLOGA, quando há doação de material genético por um
terceiro anônimo.

FECUNDAÇÃO HOMÓLOGA FECUNDAÇÃO HETERÓLOGA


“A fecundação artificial homóloga é aquela em A reprodução assistida heteróloga se dá quando
que é usado somente o material biológico dos há a doação por terceiro anônimo de material
pais - pacientes das técnicas de reprodução biológico ou há a doação de embrião por casal
assistida. Não há a doação por terceiro anônimo anônimo (Resolução CFM, art. IV e art. V, inciso
de material biológico (espermatozoide, óvulo ou 3). Perceba que a reprodução humana
embrião).” heteróloga pode ser unilateral (material
genético de um doador) ou bilateral (material
genético de dois doadores ou doação de
embrião). A reprodução assistida heteróloga é

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espécie de filiação socioafetiva (art. 1593 do


CC).”5

SE LIGA NA JURIS: no REsp 1823077, por unanimidade, a Quarta Turma do Superior Tribunal de
Justiça (STJ) decidiu que não é abusiva a negativa de cobertura, pelo plano de saúde, de tratamento
de fertilização in vitro. Para o colegiado, determinar cobertura obrigatória da fertilização in vitro
pode trazer indesejável repercussão no equilíbrio econômico-financeiro dos planos, o que
prejudicaria os segurados e a própria higidez do sistema de suplementação privada de assistência à
saúde. "A fertilização in vitro não possui cobertura obrigatória, de modo que, na hipótese de
ausência de previsão contratual expressa, é impositivo o afastamento do dever de custeio do
mencionado tratamento pela operadora do plano de saúde", afirmou o relator, ministro Marco
Buzzi.6

É importante saber que com relação à reprodução assistida heteróloga, em que há a doação
de material genético de um terceiro, o art.17, § 3º do Provimento 63 do CNJ deixa claro que o
conhecimento da ascendência biológica não importará no reconhecimento do vínculo de
parentesco e dos respectivos efeitos jurídicos entre o doador ou a doadora e o filho gerado por
meio da reprodução assistida.

Esse mesmo ato normativo (Provimento 63 do CNJ) também afirma, em seu art. 16, § 2º,
que no caso de filhos de casais homoafetivos, o assento de nascimento deverá ser adequado para
que constem os nomes dos ascendentes, sem referência a distinção quanto à ascendência paterna
ou materna.

5 Disponível em: https://professorclebercouto.jusbrasil.com.br/artigos/211560163/reproducao-humana-assistida-


homologa-e-heterologa-monoparentalidade-programada-e-coparentalidade. Acesso em: 11/01/2021.
6 Disponível em: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Quarta-Turma-afasta-cobertura-de-

fertilizacao-in-vitro-com-exclusao-expressa-no-plano-de-saude.aspx. Acesso em: 11/01/2021.

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4. CASO ARTAVIA MURILLO E OUTROS VS COSTA RICA

No caso Artavia Murillo e outros VS Costa Rica, a Corte IDH entendeu que a fertilização in
vitro não viola o direito à vida, previsto no artigo 4.1 da Convenção Americana de Direitos
Humanos.

Segundo relatório elaborado pelo STF7, para entender o caso, é preciso recordar que em 15
de março de 2000, a Suprema Corte da Costa Rica declarou que a prática de fertilização in vitro
(FIV) violava o direito à vida, considerando o embrião humano como pessoa desde o momento da
concepção e que a técnica implicava uma elevada perda de embriões. Assim, declarou a
inconstitucionalidade do Decreto Executivo que regulamentava o procedimento, proibindo-o no
país. Em oposição a esse ato, em julho de 2011, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
solicitou a responsabilização internacional do Estado da Costa Rica pela violação dos artigos 11.24,
17.25 e 246 da Convenção Americana de Direitos Humanos. Entre outros aspectos, alegou que essa
proibição absoluta constituía interferência arbitrária nos direitos à vida privada e na formação da
família. A vedação violava ainda o direito à igualdade, porquanto o Estado havia negado o acesso ao
tratamento que permitiria que famílias gerassem seus filhos biológicos. Além disso, esse
impedimento teve grave impacto psicológico nas vítimas, sobretudo nas mulheres. II. Em 2012, a
Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) deferiu o pedido e condenou o Estado da
Costa Rica por proibir a fertilização in vitro no seu território. Inicialmente, a Corte discorreu sobre o
alcance dos direitos à integridade pessoal, à liberdade, à vida privada. O artigo 11 da Convenção
protege os indivíduos contra as ações arbitrárias das instituições do Estado que lhes afetem a vida
privada e familiar.

A decisão de ser ou não mãe ou pai é parte do direito à vida privada e inclui, nesse caso, a
decisão de ser progenitor no sentido genético ou biológico. Ao mesmo tempo, o artigo 17 da
Convenção reconhece o papel central da família e da vida familiar na existência de uma pessoa e a
possibilidade de procriar é parte do direito de formar uma família. Ademais, o respeito à vida

7 Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaBoletim/anexo/BJI3_ABORTO.pdf. Acesso em:


11/01/2021.

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privada relaciona-se com a autonomia reprodutiva e o acesso aos serviços de saúde reprodutiva,
que inclui o direito de acesso à tecnologia médica necessária para exercer esse direito.

A decisão de ter filhos biológicos por meio do acesso a técnicas de reprodução assistida e de
planejamento familiar integra os direitos à integridade, à liberdade, à privacidade e à vida familiar.
Além disso, a maneira pela qual essa decisão é construída faz parte da autonomia e da identidade
da pessoa tanto em sua dimensão individual quanto em casal. Vedar o acesso a esse procedimento,
usualmente praticado como último recurso para que casais superem graves dificuldades de
procriação, afeta diretamente os planos de vida e a integridade psicológica dos indivíduos, por
negar-lhes a utilização de um procedimento que possibilitaria o exercício da liberdade reprodutiva
desejada.

Com base nesses fundamentos, o Estado da Costa Rica foi sentenciado a adotar, o mais
rapidamente possível, as medidas adequadas para tornar ineficaz a proibição da FIV e para que as
pessoas que pretendessem utilizar a técnica pudessem fazer sem obstáculos ao exercício de seus
direitos. No que se refere às violações e aos danos sofridos pelas vítimas diretas, a Corte
estabeleceu a obrigação de o Estado proporcionar-lhes gratuitamente, de imediato, por até quatro
anos, o tratamento psicológico de que necessitam, além de indenizá-las pelas despesas
comprovadamente efetuadas, sobretudo aos casais que foram para o exterior para realizar o
tratamento.

5. TEORIA DA INCAPACIDADE

Entraremos agora nas teorias da incapacidade, assunto extremamente cobrado em nossas


provas.

De 2015 para cá, muitas coisas aconteceram; portanto, devemos ter essa cautelar de
estudar direitinho!

Quem são considerados incapazes?

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Temos duas listas: uma com os absolutamente incapazes e outra com os relativamente
incapazes. Com o Estatuto da Pessoa com Deficiência essa lista sofreu uma mudança significativa.

ABSOLUTAMENTE INCAPAZES RELATIVAMENTE INCAPAZES


São absolutamente incapazes de exercer 1. Os maiores de dezesseis e menores de
pessoalmente os atos da vida civil os menores dezoito anos;
de 16 (dezesseis) anos. Apenas eles.
2. Os ébrios habituais e os viciados em
tóxico;

3. Aqueles que, por causa transitória ou


permanente, não puderem exprimir sua
vontade; e

4. Os pródigos.

OBS.: A capacidade dos indígenas8 será


regulada por legislação especial.

Precisamos falar sobre emancipação.

6. EMANCIPAÇÃO

O que é emancipação?

É a aquisição da capacidade civil antes da maioridade, embora o adolescente ainda


continue, do ponto de vista biológico, menor de idade.

Há três espécies de emancipação: a) voluntária; b) judicial; e c) legal.

8Lembrando sempre que as expressões “índio” ou “silvícola” possuem cunho pejorativo e devem ter seu uso evitado
nas provas.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 15 15
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro,


VOLUNTÁRIA mediante instrumento público, independentemente de
homologação judicial.
Requerida judicialmente quando o adolescente está sujeito à
JUDICIAL
tutela, por exemplo, desde que tenha 16 anos pelo menos.
II - pelo casamento;
ESPÉCIES DE
EMANCIPAÇÃO III - pelo exercício de emprego público efetivo;

LEGAL IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência


de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor
com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Nessa oportunidade gostaria de abrir um parêntese para comentar uma “novidade


legislativa” muito importante. A Lei nº 13.811/2019, publicada dia 13 de março de 2019, trouxe
uma impactante alteração sobre idade núbil e casamento, por isso já quero adiantar aqui para
vocês.

Vamos lá.

Para começar, o que é idade núbil?

Amig@s, a idade núbil é a idade em que se é permitido se casar. Simples!

Qual é, portanto, a idade núbil no Brasil? 16 (dezesseis) anos.

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 16 16
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Coloquei a expressão “homem e mulher” destacada porque sabemos que esse artigo deve
ser interpretado à luz da Constituição, cuja interpretação dada pelo STF e STJ é no sentido de não
haver diferenciação entre união entre pessoas do mesmo sexo e pessoas de sexos diferentes,
inclusive tendo sido editada a Resolução 175 no CNJ, que trouxe a seguinte previsão em seu art.1º.

Art. 1º. É vedada às autoridades competentes a recusa de habilitação, celebração de casamento
civil ou de conversão de união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.

Até aqui tudo bem?

Vamos prosseguir.

Agora suponha que haja divergência entre os pais dos adolescentes. Um ascendente não
concorda, mas o outro concorda. E agora, como resolver?

O art. 1.517, parágrafo único, reforça que em caso de divergência, aplica-se o disposto no
parágrafo único do art. 1.631.

Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art.
1.631.

Mas e o que traz o parágrafo único do art. 1.631, gente?

Simples, o suprimento judicial, que é um pedido que o (s) pai(s) faz(em) ao Juiz a fim de que
este solucione a divergência.

Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer
deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.

Tudo bem, vamos avançar.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 17 17
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Professor, você falou que apenas pessoas com pelo menos 16 anos poderiam casar-se, não
foi isso?

Foi, falei. Mas eu esqueci (de propósito) de te falar que há(via) exceções. Isto é, mesmo com
menos de 16 anos (portanto, sem a idade núbil), seria possível o casamento em determinadas
situações.

É que o art. 1.520 do Código Civil indicava (até dia 13 de março de 2019) duas possíveis
exceções ao requisito mínimo de 16 anos.

IDADE NÚBIL ANTES DA LEI EXCEÇÕES À IDADE NÚBIL ANTES DA LEI


Nº 13.811/2019 Nº 13.811/2019
Estavam no art. 1.5.20 do Código Civil:
a) para evitar imposição ou cumprimento
16 anos. de pena criminal ou

b) em caso de gravidez.

Portanto, antes havia, pelo menos formalmente, duas exceções: 1) para evitar imposição ou
cumprimento de pena criminal ou 2) em caso de gravidez.

A primeira era a extinção da punibilidade pelo casamento com a vítima (Art. 107, VII, CP),
que já havia sido revogada pela Lei nº 11.106/2005.

A segunda permitia o casamento entre pessoas que não havia atingido a idade núbil em
casos de gravidez.

No entanto, com a nova redação dada ao art. 1.520, você precisa atualizar o seu Vade
Mecum, pois não existe mais NENHUMA exceção à idade núbil.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 18 18
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

IDADE NÚBIL EXCECÕES À IDADE NÚBIL APÓS A LEI Nº


APÓS A LEI Nº 13.811/2019 13.811/2019
16 ANOS. Não há exceções.

Vejam como ficou a nova redação dada ao art.1.520:

Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil,
observado o disposto no art. 1.517 deste Código.

Em resumo: não há mais qualquer situação, nos termos do art. 1.520 do Código Civil, que
permita o casamento entre pessoas que não atingiram a idade núbil.

Por fim, ressalte-se que essa alteração está de acordo com o Direito Internacional dos
Direitos Humanos, e segundo o Professor Caio Paiva 9, “cumpre com recomendação dos Comitês
sobre os Direitos da Criança e sobre Eliminação de Discriminação contra a Mulher, além de constar
na RPU-BR (Revisão Periódica Universal sobre o Brasil)”.

Uma provocação interessante foi feita por Raphael Carneiro Arnaud Neto, ao indagar se a
Lei que proíbe casamento de menores de 16 anos vale para união estável.

Para o autor10, “se as uniões precoces têm majoritariamente natureza informal, não é de
casamento que estamos tratando, mas, sim, de união estável. Ato-fato jurídico que não se submete
ao plano da validade da escada ponteana nem necessita de ato solene para operar seus efeitos. A
pergunta que queda, portanto, é: a alteração do artigo 1.520 é hábil a impedir também as uniões
estáveis para quem não atingiu a idade núbil? Se a resposta for “não”, ao que parece, a lei
combateu o “inimigo” errado e muito pouco ou nada mudará na realidade das pessoas que visava
proteger”.

9Publicação em suas Redes Sociais (Twitter).


10Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-abr-05/raphael-arnaud-lei-veda-casamento-menor-16-anos. Acesso
em: 11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 19 19
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Raphael lembra que, “se, de outro lado, a resposta for “sim”, a consequência pode ser ainda
mais danosa, uma vez que extirpará justamente da pessoa hipossuficiente por excelência, nestes
casos, direitos e garantias que o reconhecimento de uma união possui, como, por exemplo, o
direito a receber assistência financeira do outro companheiro, direitos previdenciários e até mesmo
sucessórios”. Por fim, anota que “essa e outras dúvidas, como, por exemplo, se o impedimento
trazido pela nova redação da Lei nº 13.811/2019 gera nulidade ou anulabilidade do ato
perfectibilizado à sua revelia, movimentarão os tribunais nos próximos tempos. É aguardar e torcer
por dias de mais segurança jurídica no Direito das Famílias”. Para aprofundamentos, interessante
ler o texto do autor.

Uma última observação sobre o tema: caso seja questionado em sua prova sobre o que vem
a ser o chamado casamento infantil, basta lembrar que se trata do casamento por quem ainda não
atingiu a idade núbil e que, com a alteração legislativa tratada, é proibido no Brasil.

Agora veremos detalhes sobre o fim da personalidade.

7. O FIM DA PERSONALIDADE

Segundo o Código Civil, a existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se
esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Vamos fazer uma tabela sobre as espécies de morte presentes em nosso ordenamento
jurídico.

7.1 MORTE REAL Se configura com a morte encefálica (Lei de Transplante de Órgãos).
Há casos em que não se permitirá aferir se a morte foi real, razão pela qual a
lei traz hipóteses de presunção da morte COM ou SEM declaração de
ausência.
7.2 MORTE
PRESUMIDA
É possível decretar a ausência, a fim de que o tempo passe e o sujeito
reapareça. Ou pode decretar a morte presumida sem a declaração de

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 20 20
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

ausência, em situações mais extremas.

Presume-se a morte, nos casos de ausência, após aberta a sucessão


definitiva.
I- se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for


7.3 PRESUNÇÃO DE
encontrado até dois anos após o término da guerra.
MORTE SEM
DECRETAÇÃO DE
AUSÊNCIA
OBS.: A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença
fixar a data provável do falecimento.
É a morte simultânea entre duas ou mais pessoas que, quando não é possível
saber quem morreu primeiro. Isso é importante porque, a depender de
quem tenha morrido primeiro, a sucessão poderá ser distinta.

7.4 COMORIÊNCIA
Para esses casos em que não se sabe quem morreu primeiro, o Código Civil
aduz que “se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros,
presumir-se-ão simultaneamente mortos.

8. DIREITOS DA PERSONALIDADE

Carlos Roberto Gonçalves (2017, p. 200), ensina que:

“certas prerrogativas individuais, inerentes à pessoa humana, aos poucos


foram reconhecidas pela doutrina e pelo ordenamento jurídico, bem como
protegidas pela jurisprudência. São direitos inalienáveis, que se encontram
fora do comércio, e que merecem a proteção legal. A concepção dos
direitos da personalidade apoia-se na ideia de que, a par dos direitos
economicamente apreciáveis, destacáveis da pessoa de seu titular, como a

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 21 21
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

propriedade ou o crédito contra um devedor, outros há, não menos valiosos


e merecedores da proteção da ordem jurídica, inerentes à pessoa humana e
a ela ligados de maneira perpétua e permanente. São os direitos da
personalidade, cuja existência tem sido proclamada pelo direito natural,
destacando-se, dentre outros, o direito à vida, à liberdade, ao nome, ao
próprio corpo, à imagem e à honra.”

8.1 CONCEITO DE DIREITO DA PERSONALIDADE

O professor Flávio Tartuce11, em sua obra “Manual de Civil Volume Único”, 2018, p.
106/107, traz o conceito de “direitos da personalidade” na visão de diversos doutrinadores,
vejamos:

Rubens Limongi França – “Direitos da personalidade dizem-se as faculdades jurídicas cujo


objeto são os diversos aspectos da própria pessoa do sujeito, bem assim da sua projeção essencial
no mundo exterior”.

Maria Helena Diniz – “São direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, ou
seja, a sua integridade física (vida, alimentos, próprio corpo vivo ou morto, corpo alheio, vivo ou
morto, partes separadas do corpo vivo ou morto); a sua integridade intelectual (liberdade de
pensamento, autoria científica, artística e literária) e sua integridade moral (honra, recato, segredo
pessoal, profissional e doméstico, imagem, identidade pessoal, familiar e social)”.

Francisco Amaral – “Direitos da personalidade são direitos subjetivos que têm por objeto os
bens e valores essenciais da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual”.

Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald – “Consideram-se, assim, direitos da


personalidade aqueles direitos subjetivos reconhecidos à pessoa, tomada em si mesma e em suas
necessárias projeções sociais. Enfim, são direitos essenciais ao desenvolvimento da pessoa humana,

11Tartuce, Flávio Manual de direito civil: volume único/Flávio Tartuce. – 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 22 22
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

em que se convertem as projeções físicas, psíquicas e intelectuais do seu titular, individualizando-o


de modo a lhe emprestar segura e avançada tutela jurídica”.

Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho – “aqueles que têm por objeto os atributos
físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais.”

8.2 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Veremos, em síntese, as principais características dos direitos da personalidade segundo


Carlos Roberto Gonçalves (2017, p. 203).

Essas características, mencionadas expressamente no dispositivo


legal supratranscrito, acarretam a indisponibilidade dos direitos da
8.2.1 personalidade. Não podem os seus titulares deles dispor,
INTRANSMISSIBILIDADE E transmitindo-os a terceiros, renunciando ao seu uso ou
IRRENUNCIABILIDADE abandonando-os, pois nascem e se extinguem com eles, dos quais
são inseparáveis. Evidentemente, ninguém pode desfrutar em nome
de outrem bens como a vida, a honra, a liberdade, etc.
O caráter absoluto dos direitos da personalidade é consequência de
sua oponibilidade erga omnes. São tão relevantes e necessários que
8.2.2 ABSOLUTISMO
impõem a todos um dever de abstenção, de respeito. Sob outro
ângulo, têm caráter geral, porque inerentes a toda pessoa humana.
É ilimitado o número de direitos da personalidade, malgrado o
Código Civil, nos arts. 11 a 21, tenha se referido expressamente
8.2.3 NÃO LIMITAÇÃO apenas a alguns. Reputa-se tal rol meramente exemplificativo, pois
não esgota o seu elenco, visto ser impossível imaginar-se um
numerus clausus nesse campo.
Essa característica é mencionada pela doutrina em geral pelo fato de
os direitos da personalidade não se extinguirem pelo uso e pelo
8.2.4 IMPRESCRITIBILIDADE
decurso do tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-los.
Embora o dano moral consista na lesão a um interesse que visa a

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 23 23
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

satisfação de um bem jurídico extrapatrimonial contido nos direitos


da personalidade, como a vida, a honra, o decoro, a intimidade, a
imagem, etc., a pretensão à sua reparação está sujeita aos prazos
prescricionais estabelecidos em lei, por ter caráter patrimonial.
Os direitos da personalidade inatos não são suscetíveis de
8.2.5 NÃO SUJEIÇÃO A desapropriação, por se ligarem à pessoa humana de modo
DESAPROPRIAÇÃO indestacável. Não podem dela ser retirados contra a sua vontade,
nem o seu exercício sofrer limitação voluntária (CC, art. 11).
Os direitos da personalidade inatos são adquiridos no instante da
concepção e acompanham a pessoa até sua morte. Por isso, são
8.2.6 VITALICIEDADE vitalícios. Mesmo após a morte, todavia, alguns desses direitos são
resguardados, como o respeito ao morto, à sua honra ou memória e
ao seu direito moral de autor, por exemplo.

Gente, os direitos da personalidade podem sofrer limitação voluntária?

Vejam que o art. 11 do Código Civil prevê o seguinte:

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Nesse sentido, é importante ressaltar que foi aprovado o Enunciado número 139, na III
Jornada de Direito Civil, pelo qual “os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que
não especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu
titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes”.

Além disso, prevê o Enunciado nº 4 do CJF/STJ, aprovado na I Jornada de Direito Civil, que “o
exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral”.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 24 24
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

ATENÇÃO: Recentemente, o STJ decidiu que na exposição pornográfica não consentida, o fato de o
rosto da vítima não estar evidenciado de maneira flagrante é irrelevante para a configuração dos
danos morais. REsp 1.735.712-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 19/05/2020, DJe 27/05/2020. (Inf.672)

Para Flávio Tartuce12,

“Pelo teor desses dois enunciados doutrinários, a limitação voluntária


constante do art. 11 do CC seria somente aquela não permanente e que não
constituísse abuso de direito, nos termos da redação do art. 187 da mesma
codificação material, que ainda utiliza as expressões boa-fé e bons
costumes. A título de exemplo, podem ser citados os casos relativos à
cessão onerosa dos direitos patrimoniais decorrentes da imagem, que não
pode ser permanente. Assim, pode-se dizer que um atleta profissional tem a
liberdade de celebrar um contrato com uma empresa de material esportivo,
visando à exploração patrimonial de sua imagem, como é comum.
Entretanto, esse contrato não pode ser vitalício, como ocorre algumas vezes
na prática, principalmente em casos de contratos celebrados entre
jogadores de futebol brasileiros e empresas multinacionais. Esses contratos,
geralmente, são celebrados no estrangeiro, mas se fossem celebrados no
Brasil seriam nulos, por ilicitude de seu objeto, pois a cessão de uso dos
direitos da personalidade é permanente (art. 166, II, do CC e Enunciado nº 4
do CJF/STJ).”

Ainda sobre o tema, estabelece Tartuce (2018, p. 116) que a mesma tese vale para os
contratos assinados pelos participantes de programas de realidade (reality shows), caso do
programa Big Brother Brasil, veiculado pela TV Globo. Em programas dessa natureza, é comum a
celebração de um contrato em que o participante renuncia ao direito a qualquer indenização a título
de dano moral, em decorrência da edição de imagens. Neste caso específico, por exemplo, é
inverossímil crer que bastaria a assinatura de um contrato para que a outra parte da avença

12 Idem, p. 115.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 25 25
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

pudesse ter verdadeira “carta branca” na edição de imagens dos participantes; se houver abuso de
direito (lembrem do Enunciado número 139, na III Jornada de Direito Civil13) é cabível, sim,
indenização.

O art. 12 do Código Civil informa que se pode exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito
da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. O
parágrafo único traz relevante informação: Em se tratando de morto, terá legitimação para
requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta,
ou colateral até o quarto grau.

Sobre esse tema, importante lembrar da V Jornada de Direito Civil - Enunciado 398: As
medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser invocadas por qualquer
uma das pessoas ali mencionadas de forma concorrente e autônoma.

9. DIREITO AO NOME E FORMAS DE ALTERAÇÃO

O nome é um elemento identificador dos indivíduos no seio social, gozando de proteção


jurídica e integrando o rol dos direitos da personalidade. Em regra, o nome não poderá ser
alterado, tendo em vista o princípio da imutabilidade do nome, previsto no art. 58 da Lei de
Registros Públicos (Lei nº 6.015/73). No entanto, há situações em que o nome poderá ser alterado,
seja através de substituição, ou de retificação.

O art. 56 da Lei de Registros Públicos permite a alteração do nome após o primeiro ano da
maioridade civil, por exemplo. Outra hipótese legal de alteração do nome é através da adoção,
forma de colocação em família substituta. Essa forma de alteração do nome está prevista no art.
47, § 5º, do ECA. É que, com a adoção, é concedido ao adotado o sobrenome do adotante, sendo
facultativa, a rogo do adotante ou do adotado, a modificação do seu prenome, se criança ou
adolescente.

13 Enunciado 139: Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas em
lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons
costumes.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 26 26
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

A Lei de Registros Públicos também traz, em seu art. 110, uma permissão legal de
retificação do nome no próprio cartório, em casos de erro gráfico, inclusive sem autorização
judicial, desde que os erros não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de
necessidade de sua correção.

Nessa mesma linha, o parágrafo único do art. 58 da Lei dos Registros Públicos permite que
vítimas e testemunhas possam alterar o nome, estabelecendo que é possível a substituição do
prenome em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de
crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvindo o Ministério Público.

Para além dos meios legais, o STF julgou procedente a ADI 4275 para dar interpretação
conforme a Constituição e o Pacto de São José da Costa Rica ao art. 58 da Lei nº 6.015/73, de modo
a reconhecer aos transgêneros que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de
transgenitalização, ou da realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, o direito à
substituição de prenome e sexo diretamente no registro civil, entendimento reafirmando no RE
670422, e REsp 1.626.739-RS, em consonância com a Opinião Consultiva nº 24 e os Princípios de
Yogyakarta, resultando na edição, inclusive, do Provimento 73/2018 do CNJ.

10. JURISPRUDÊNCIA EM TESES - EDIÇÃO Nº 137: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE – I

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 18/10/2019

1) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral. (Enunciado nº 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF).

2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível 14.

3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística reconhecida constitucionalmente


à imprensa não é um direito absoluto, encontrando limitações, tais como a preservação dos direitos
da personalidade.

14 Atente, porém, para o fato de que a pretensão de buscar a reparação pecuniária por tal ofensa é PRESCRITÍVEL.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 27 27
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a
mesma extensão daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade,
restará configurado o abuso do direito de uso da imagem quando se constatar a vulneração da
intimidade ou da vida privada.

5) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de


pessoa com fins econômicos ou comerciais. (Súmula nº 403/STJ)

6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para ilustrar matéria acerca de


manifestação popular de cunho político-ideológico ocorrida em local público não tem intuito
econômico ou comercial, mas tão-somente informativo, ainda que se trate de sociedade
empresária, não sendo o caso de aplicação da Súmula nº 403/STJ.

7) A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda
que sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da
personalidade. (Enunciado nº 278 da IV Jornada de Direito Civil do CJF).

8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada


isoladamente em local público, em meio a cenário destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou
vexaminosa, configuram dano moral decorrente de violação do direito à imagem por ausência de
autorização do titular.

9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano moral in re ipsa.

10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao


esquecimento, ou seja, o direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no
tocante a fatos desabonadores à honra. (Vide Enunciado nº 531 da IV Jornada de Direito Civil do
CJF).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 28 28
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o
afastamento de sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento15.

11. JURISPRUDÊNCIA EM TESES - EDIÇÃO Nº 138: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE – II

Os entendimentos foram extraídos de julgados publicados até 31/10/2019

1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade


como realidade massificada, não sendo necessária a demonstração da dor, da repulsa, da
indignação, tal qual fosse um indivíduo isolado.

2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno exercício de suas funções não possui caráter
absoluto, devendo observar os parâmetros da legalidade e da razoabilidade, não abarcando
violações de direitos da personalidade, notadamente da honra e da imagem de outras partes ou de
profissionais que atuem no processo.

3) A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como direito autônomo ou
como parte integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal.

4) O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,


assentado no princípio da dignidade da pessoa humana.

5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome, um direito da personalidade que


designa o indivíduo e o identifica perante a sociedade, cuja modificação revela-se possível, no
entanto, nas hipóteses previstas em lei, bem como em determinados casos admitidos pela
jurisprudência.

6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua


classificação de gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de

15Atenção para esse entendimento pois pode ser usado como tese defensiva nos casos em que, mesmo não se
podendo enquadrar o acusado no processo penal como sendo reincidente (por já ter transcorrido o período depurador
de 5 anos), ele é tido como possuidor de maus antecedentes.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 29 29
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

vontade do indivíduo, em respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana,


inerentes à personalidade.

7) É possível a modificação do nome civil em decorrência do direito à dupla cidadania, de forma a


unificar os registros à luz dos princípios da verdade real e da simetria.

8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados


pela legislação civil, afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando-se à identidade
civil da pessoa e identificando-a em seu entorno social e familiar.

9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da personalidade, torna possível o


restabelecimento do nome de solteiro após a dissolução do vínculo conjugal em decorrência da
morte.

10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com intuito comercial, o dano moral é in re ipsa.

11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação (actual malice), para ensejar a
indenização pela ofensa ao nome ou à imagem de alguém.

12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza ofensiva a direitos da personalidade das


páginas de internet, seja por meio de notificação do particular ou de ordem judicial, dependem da
localização inequívoca da publicação (Universal Resource Locator - URL), correspondente ao
material que se pretende remover.

12. ENUNCIADOS DAS JORNADAS DE DIREITO CIVIL

Galera, vocês sabem o que são as Jornadas de Direito Civil? Não? Vamos entender.

As Jornadas de Direito Civil são uma grande prestação de serviço social que a Justiça Federal
faz à sociedade brasileira, na medida em que permitem o aperfeiçoamento da ordem jurídica.
Promovidas desde 2002 pelo CEJ/CJF, as jornadas de Direito Civil promovem a discussão sobre

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 30 30
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

proposições interpretativas a respeito de dispositivos do Código Civil, resultando em enunciados


que auxiliam os operadores do Direito em seus trabalhos doutrinários ou jurisdicionais. Os
enunciados resultantes das Jornadas representam uma importante orientação para o debate sobre
pontos controvertidos do Código Civil, embora não sejam vinculantes. Esses enunciados costumam
ser cobrados em provas (seja em fase objetiva, subjetiva ou oral). Portanto, vamos estudar os
principais sobre os temas de hoje!

Vamos lá!

I Jornada de Direito Civil - Enunciado 1: A proteção que o Código defere ao


nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da
personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.

I Jornada de Direito Civil - Enunciado 4: O exercício dos direitos da


personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral.

I Jornada de Direito Civil - Enunciado 6: A expressão "exigência médica"


contida no art. 13 refere-se tanto ao bem-estar físico quanto ao bem-estar
psíquico do disponente.

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 274: Os direitos da personalidade,


regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da
cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da
Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão
entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a
técnica da ponderação.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 31 31
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 275: O rol dos legitimados de que


tratam os arts. 12, parágrafo único, e 20, parágrafo único, do Código Civil
também compreende o companheiro (interpretação extensiva16).

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 276: O art. 13 do Código Civil, ao


permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as
cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos
estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente
alteração do prenome e do sexo no Registro Civil.

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 277: O art. 14 do Código Civil, ao


afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo
científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a
manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a
vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei nº 9.434/97
ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador.

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 278: A publicidade que divulgar, sem


autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que sem
mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a
direito da personalidade.

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 279: A proteção à imagem deve ser


ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados,
especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da
liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a
notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade
destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa,

16 Observação nossa.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 32 32
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de


informações.

V Jornada de Direito Civil - Enunciado 400: Os parágrafos únicos dos arts. 12


e 20 asseguram legitimidade, por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou
companheiro para a tutela contra lesão perpetrada post mortem.

V Jornada de Direito Civil - Enunciado 401: Não contraria os bons costumes


a cessão gratuita de direitos de uso de material biológico para fins de
pesquisa científica, desde que a manifestação de vontade tenha sido livre,
esclarecida e puder ser revogada a qualquer tempo, conforme as normas
éticas que regem a pesquisa científica e o respeito aos direitos
fundamentais.

V Jornada de Direito Civil - Enunciado 402: O art. 14, parágrafo único, do


Código Civil, fundado no consentimento informado, não dispensa o
consentimento dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista
no art. 9º, § 6º, da Lei nº 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, §
2º (alterado pela Lei nº 12.010/2009), e 45, § 2º, do ECA.

V Jornada de Direito Civil - Enunciado 403: O Direito à inviolabilidade de


consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal,
aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive
transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento
ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade
civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b)
manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que
diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.

V Jornada de Direito Civil - Enunciado 404: A tutela da privacidade da pessoa


humana compreende os controles espacial, contextual e temporal dos

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 33 33
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

próprios dados, sendo necessário seu expresso consentimento para


tratamento de informações que versem especialmente o estado de saúde, a
condição sexual, a origem racial ou étnica, as convicções religiosas,
filosóficas e políticas.

V Jornada de Direito Civil - Enunciado 405: As informações genéticas são


parte da vida privada e não podem ser utilizadas para fins diversos daqueles
que motivaram seu armazenamento, registro ou uso, salvo com autorização
do titular.

VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 531: A tutela da dignidade da pessoa


humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento.

VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 532: É permitida a disposição gratuita


do próprio corpo com objetivos exclusivamente científicos, nos termos dos
arts. 11 e 13 do Código Civil.

VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 533: O paciente plenamente capaz


poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento
médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo
as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos
cirúrgicos que não possam ser interrompidos.

VII Jornada de Direito Civil - Enunciado 576: O direito ao esquecimento pode


ser assegurado por tutela judicial inibitória.

VIII Jornada de Direito Civil - Enunciado 613: A liberdade de expressão não


goza de posição preferencial em relação aos direitos da personalidade no
ordenamento jurídico brasileiro.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 34 34
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

13. O PROCESSO DE AUSÊNCIA

Vamos entender o processo de ausência, que é bem chatinho e complexo, mas cai. E se cai,
o que fazemos? #ESTUDAMOS!

Vamos começar com uma mega tabela!

É aquele que desaparece do seu domicílio sem dele haver notícia, se


não houver deixado representante ou procurador a quem caiba
administrar-lhe os bens.
QUEM É O AUSENTE? O juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério
QUANTAS FASES TEM O Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
PROCESSO DE AUSÊNCIA? O processo de ausência tem 3 fases:
1. Curadoria dos bens do ausente.
2. Sucessão provisória.
3. Sucessão definitiva.

Vejamos suas fases:

FASE DA CURADORIA DOS BENS


E SE O AUSENTE DEIXAR Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o
UM PROCURADOR, MAS ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou
ESTE NÃO QUER OU NÃO continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
PODE CONTINUAR A
EXERCER O MANDATO?
APLICAÇÃO DAS NORMAS O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações,
DA TUTELA E CURATELA AO conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o
CURADOR NOMEADO disposto a respeito dos tutores e curadores.
O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado
EM REGRA, O CÔNJUGE
judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração
SERÁ O CURADOR
da ausência, será o seu legítimo curador.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 35 35
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos


pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento
NÃO HAVENDO CÔNJUGE,
que os iniba de exercer o cargo.
OS PAIS DO AUSENTE
SERÃO OS CURADORES
ATENÇÃO: Entre os descendentes, os mais próximos precedem os
NÃO HAVENDO PAIS, OS
mais remotos.
DESCEDENTES (FILHOS,
NETOS)
Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do
curador.

SUCESSÃO PROVISÓRIA
Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou
INÍCIO DA SUCESSÃO
representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os
PROVISÓRIA (1 OU
interessados requerer que se declare a ausência e se abra
TRÊS ANOS)
provisoriamente a sucessão.
I - o cônjuge não separado judicialmente;

QUEM PODE II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;


REQUERER A
SUCESSÃO III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua
PROVISÓRIA? morte;

IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.


A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá
efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo
SENTENÇA que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se
houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse
falecido.
IMISSÃO NA POSSE Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão
PELOS HERDEIROS E garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas
GARANTIA DA equivalentes aos quinhões respectivos.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 36 36
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

RESTITUIÇÃO
OBS1.: Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a
sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia,
entrar na posse dos bens do ausente.

CUIDADO: Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder
prestar a garantia exigida, será excluído, mantendo-se os bens que lhe
deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro
designado pelo juiz, e que preste essa garantia.

SUCESSÃO DEFINITIVA
Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
PEDIDO DE SUCESSÃO
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a
DEFINITIVA
sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
SE O AUSENTE TEM 80 Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o
ANOS E ESTÁ AUSENTE ausente conta oitenta anos de idade e que de cinco datam as últimas
HÁ 5 notícias dele.
Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão
REGRESSO DO definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou
AUSENTE 10 ANOS estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os
APÓS A SUCESSÃO sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais
DEFINITIVA interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele
tempo.
Se, nos dez anos o ausente não regressar, e nenhum interessado
promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio
HERANÇA
do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas
JACENTE/VACANTE
circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados
em território federal.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 37 37
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

14. REGISTRO E AVERBAÇÃO

Pessoal, precisamos saber também a respeito da diferença entre o que deve ser
REGISTRADO do que deve ser AVERBADO em registro público. Esse rol sempre cai, e está no art. 9 e
10 do Código Civil, então vamos decorar.

REGISTRADO EM REGISTRO PÚBLICO AVERBADO EM REGISTRO PÚBLICO


I - os nascimentos, casamentos e óbitos; I - as sentenças que decretarem a nulidade ou
anulação do casamento, o divórcio, a separação
judicial e o restabelecimento da sociedade
conjugal;
II - a emancipação por outorga dos pais ou
por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou II - os atos judiciais ou extrajudiciais que
relativa; declararem ou reconhecerem a filiação.
IV - a sentença declaratória de ausência e de
morte presumida.

Por fim, este ponto de hoje traz a internação psiquiátrica involuntária.

Não custa revisar, não é?

15. INTERNAÇÕES E A LEI ANTIMANICOMIAL

A Lei nº 10.216/01 (Lei Antimanicomial) traz em seu bojo a diferenciação de internação


voluntária, involuntária e compulsória, bem como a necessidade de laudo médico e participação do
Ministério Público. Isso despenca em nossas provas!

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 38 38
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

VOLUNTÁRIA INVOLUNTÁRIA COMPULSÓRIA


aquela que se dá com o aquela que se dá sem o aquela determinada
INTERNAÇÕES
consentimento do usuário. consentimento do pela Justiça.
PSIQUIÁTRICAS
usuário e a pedido de
terceiro.

A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico


AUTORIZAÇÃO
devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado
POR MÉDICO
onde se localize o estabelecimento.
A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas,
COMUNICAÇÃO
ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do
AO MP EM 72
estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento
HORAS
ser adotado quando da respectiva alta.

16. INFORMATIVOS SOBRE DIREITOS DA PERSONALIDADE

É possível a retificação do registro civil para acréscimo do segundo patronímico do marido ao nome
da mulher durante a convivência matrimonial
O cônjuge pode acrescentar sobrenome do outro (§ 1º do art. 1.565, do Código Civil). Em regra, o
sobrenome do marido/esposa é acrescido no momento do matrimônio, sendo essa providência
requerida no processo de habilitação do casamento. A despeito disso, não existe uma vedação legal
expressa para que, posteriormente, no curso do relacionamento, um dos cônjuges requeira o
acréscimo do outro patronímico do seu cônjuge por meio de ação de retificação de registro civil,
especialmente se o cônjuge apresenta uma justificativa. Vale ressaltar que o art. 1.565, §1º do CC
não estabelece prazo para que o cônjuge adote o apelido de família do outro, em se tratando, no
caso, de mera complementação, e não alteração do nome. Assim, é possível a retificação do
registro civil para acréscimo do segundo patronímico do marido ao nome da mulher durante a
convivência matrimonial. STJ. 3ª Turma. REsp 1648858-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 20/08/2019 (Info 655). Ver julgado.17

17CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É possível a retificação do registro civil para acréscimo do segundo patronímico
do marido ao nome da mulher durante a convivência matrimonial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Dis ponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1a9dcba2349fef2bb823c39e45dd6c96. Acesso em:
11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 39 39
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Não se exige que o indivíduo tenha deixado um documento escrito dizendo que desejava ser
submetido à criogenia, podendo essa vontade ser provada por outros meios, como a declaração do
familiar mais próximo.
Não há exigência de formalidade específica acerca da manifestação de última vontade do indivíduo
sobre a destinação de seu corpo após a morte, sendo possível a submissão do cadáver ao
procedimento de criogenia em atenção à vontade manifestada em vida. A criogenia (ou
criopreservação) é a técnica de congelamento do corpo humano após a morte, em baixíssima
temperatura, a fim de conservá-lo, com o intuito de reanimação futura da pessoa caso sobrevenha
alguma importante descoberta científica que possibilite o seu retorno à vida. Em outras palavras, a
criogenia consiste no congelamento de cadáveres a baixas temperaturas, com a finalidade de que,
com os possíveis avanços da ciência, sejam, um dia, ressuscitados. STJ. 3ª Turma. REsp 1693718-RJ,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/03/2019 (Info 645). 18

Inexistência do direito à indenização em razão da divulgação, no jornal, de imagem do cadáver


morto em via pública.
Jornal divulgou a foto do cadáver de um indivíduo morto em tiroteio ocorrido em via pública. Os
familiares do morto ajuizaram ação de indenização por danos morais contra o jornal alegando que
houve violação aos direitos de imagem. O STF julgou a ação improcedente argumentando que
condenar o jornal seria uma forma de censura, o que afronta a liberdade de informação jornalística.
STF. 2ª Turma. ARE 892127 AgR/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 23/10/2018 (Info 921). 19

Lucro da intervenção e caso Giovanna Antonelli


Determinada “farmácia de manipulação” utilizou o nome e a imagem da atriz Giovanna Antonelli,
sem a sua autorização, em propagandas de um remédio para emagrecer. O STJ afirmou que, além

18 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não se exige que o indivíduo tenha deixado um documento escrito dizendo que
desejava ser submetido à criogenia, podendo essa vontade ser provada por outros meios, como a declaração do
familiar mais próximo. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/022e0ee5162c13d9a7bb3bd00fb032ce Acesso
em: 11/01/2021.
19 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Inexistência do direito à indenização em razão da divulgação, no jornal, de

imagem do cadáver morto em via pública. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/940392f5f32a7ade1cc201767cf83e31 Acesso em:
11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 40 40
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

da indenização por danos morais e materiais, a atriz também tinha direito à restituição de todos os
benefícios econômicos que a ré obteve na venda de seus produtos (restituição do “lucro da
intervenção”). Lucro da intervenção é uma vantagem patrimonial obtida indevidamente com base
na exploração ou aproveitamento, de forma não autorizada, de um direito alheio. Dever de
restituição do lucro da intervenção é o dever que o indivíduo possui de pagar aquilo que foi
auferido mediante indevida interferência nos direitos ou bens jurídicos de outra pessoa. A
obrigação de restituir o lucro da intervenção é baseada na vedação do enriquecimento sem causa
(art. 884 do CC). A ação de enriquecimento sem causa é subsidiária. Apesar disso, nada impede que
a pessoa prejudicada ingresse com ação cumulando os pedidos de reparação dos danos
(responsabilidade civil) e de restituição do indevidamente auferido (lucro da intervenção). Para a
configuração do enriquecimento sem causa por intervenção, não se faz imprescindível a existência
de deslocamento patrimonial, com o empobrecimento do titular do direito violado, bastando a
demonstração de que houve enriquecimento do interventor. O critério mais adequado para se
fazer a quantificação do lucro da intervenção é o do enriquecimento patrimonial (lucro
patrimonial). A quantificação do lucro da intervenção deverá ser feita por meio de perícia realizada
na fase de liquidação de sentença, devendo o perito observar os seguintes critérios: a) apuração do
quantum debeatur com base no denominado lucro patrimonial; b) delimitação do cálculo ao
período no qual se verificou a indevida intervenção no direito de imagem da autora; c) aferição do
grau de contribuição de cada uma das partes e d) distribuição do lucro obtido com a intervenção
proporcionalmente à contribuição de cada partícipe da relação jurídica. STJ. 3ª Turma. REsp
1698701-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 02/10/2018 (Info 634). 20

Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem fazer cirurgia de
transgenitalização e mesmo sem autorização judicial
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação
de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do
indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via
administrativa. Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a

20 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Lucro da intervenção e caso Giovanna Antonelli. Buscador Dizer o Direito,
Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b72a5a099433a2099fc3d92f6ad3accf Acesso em:
11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 41 41
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

inclusão do termo “transgênero”. Nas certidões do registro não constará nenhuma observação
sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do
próprio interessado ou por determinação judicial. Efetuando-se o procedimento pela via judicial,
caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de
mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados
pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF. Plenário. RE
670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911). Os
transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da
realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome
e do gênero (sexo) diretamente no registro civil. O direito à igualdade sem discriminações abrange
a identidade ou expressão de gênero. A identidade de gênero é manifestação da própria
personalidade da pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la,
nunca de constituí-la. A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante
daquela que lhe foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta
sua vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à alteração do prenome e da classificação de
gênero no registro civil pela via administrativa ou judicial, independentemente de procedimento
cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema relativo ao direito fundamental ao livre
desenvolvimento da personalidade. STF. Plenário. ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28/2 e 1º/3/2018 (Info 892). 21

O mero desejo pessoal não é motivo justificável para a alteração do prenome


A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome (art. 58 da Lei nº 6.015/73).
Todavia, sendo o nome civil um direito da personalidade, por se tratar de elemento que designa o
indivíduo e o identifica perante a sociedade, revela-se possível, nas hipóteses previstas em lei, bem
como em determinados casos admitidos pela jurisprudência, a modificação do prenome. Para que
haja, contudo, a retificação de registro civil é necessária que exista uma circunstância excepcional
apta a justificar a alteração do prenome. Ex.: nome que gere constrangimento. Caso concreto:
mulher ingressou com ação pedindo para trocar seu nome de Tatiane para Tatiana, sob a alegação

21 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Transgênero pode alterar seu prenome e gênero no registro civil mesmo sem
fazer cirurgia de transgenitalização e mesmo sem autorização judicial. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8ae1da0fe37c98412768453f82490da2 Acesso em:
11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 42 42
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

de que é “popularmente” conhecida como Tatiana. O STJ não aceitou e disse que isso não é
suficiente para afastar o princípio da imutabilidade do prenome, sob pena de se transformar a
exceção em regra. STJ. 3ª Turma. REsp 1728039/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
12/06/2018. 22

Homologação de acordo extrajudicial de retificação de registro civil


É inadmissível a homologação de acordo extrajudicial de retificação de registro civil de menor em
juízo sem a observância dos requisitos e procedimento legalmente instituído para essa finalidade.
Ex.: Sandro namorava Letícia, que ficou grávida. Ao nascer a criança, Sandro a registrou como sua
filha. Alguns anos depois, por meio de um exame de DNA feito em uma clínica particular, descobre-
se que o pai biológico da menor é, na verdade, João. Diante disso, o pai registral, o pai biológico e a
criança, representada por sua mãe, celebraram um acordo extrajudicial de anulação de assento
civil. Por intermédio deste instrumento, as referidas partes acordaram que haveria a retificação do
registro civil da menor para que houvesse a substituição do nome de seu pai registral pelo pai
biológico. As partes ingressam com pedido para que o juiz homologasse esse acordo. O pedido
deverá ser negado. STJ. 3ª Turma. REsp 1698717-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
23
05/06/2018 (Info 627).

Possibilidade de voltar o nome de solteira após a morte do marido


É admissível o restabelecimento do nome de solteiro na hipótese de dissolução do vínculo conjugal
pelo falecimento do cônjuge. Ex.: Maria Pimentel da Costa casou-se com João Ferreira. Com o
casamento, ela incorporou o patronímico do marido e passou a chamar-se Maria da Costa Ferreira.
Alguns anos mais tarde, João faleceu. Maria poderá voltar a usar o nome de solteira (Maria
Pimentel da Costa), excluindo o patronímico do falecido marido? Sim. Vale ressaltar que não há
previsão legal para a retomada do nome de solteira em caso de morte do marido. A lei somente
prevê a possibilidade de o homem ou a mulher voltarem a usar o nome de solteiro (a) em caso de

22 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. O mero desejo pessoal não é motivo justificável para a alteração do prenome.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/89abe98de6071178edb1b28901a8f459 Acesso
em: 11/01/2021.
23 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Homologação de acordo extrajudicial de retificação de registro civil. Buscador

Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:


https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f41ff84e7cbd129397c11f8c5d20c0f4 Acesso em:
11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 43 43
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

divórcio (art. 1.571, § 2º, do CC). Apesar disso, o STJ entende que isso deve ser permitido. A viuvez
e o divórcio são hipóteses muito parecidas e envolvem uma mesma razão de ser: a dissolução do
vínculo conjugal. Logo, não há justificativa plausível para que se trate de modo diferenciado as
referidas situações. STJ. 3ª Turma. REsp 1724718-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
22/05/2018 (Info 627). 24

Excepcionalmente, é possível que o Judiciário determine o rompimento do vínculo estabelecido por


sites de busca entre o nome da pessoa, utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia
desabonadora apontada nos resultados.
Determinada pessoa se envolveu em uma suspeita de fraude há muitos anos, tendo sido
inocentada das acusações. Ocorre que todas as vezes que digita seu nome completo no Google e
demais provedores de busca, os primeiros resultados que aparecem até hoje são de páginas na
internet que trazem reportagens sobre seu suposto envolvimento com a fraude. Diante disso, ela
ingressou com ação de obrigação de fazer contra o Google pedindo a desindexação, nos resultados
das aplicações de busca mantida pela empresa, de notícias relacionadas às suspeitas de fraude no
referido concurso. Invocou, como fundamento, o direito ao esquecimento. O STJ afirmou o
seguinte: em regra, os provedores de busca da internet (ex.: Google) não têm responsabilidade
pelos resultados de busca apresentados. Em outras palavras, não se pode atribuir a eles a função de
censor, obrigando que eles filtrem os resultados das buscas, considerado que eles apenas espelham
o conteúdo que existe na internet. A pessoa prejudicada deverá direcionar sua pretensão contra os
provedores de conteúdo (ex.: sites de notícia), responsáveis pela disponibilização do conteúdo
indevido na internet. Há, todavia, circunstâncias excepcionalíssimas em que é necessária a
intervenção pontual do Poder Judiciário para fazer cessar o vínculo criado, nos bancos de dados dos
provedores de busca, entre dados pessoais e resultados da busca, que não guardam relevância para
interesse público à informação, seja pelo conteúdo eminentemente privado, seja pelo decurso do
tempo. Nessas situações excepcionais, o direito à intimidade e ao esquecimento, bem como a
proteção aos dados pessoais deverá preponderar, a fim de permitir que as pessoas envolvidas
sigam suas vidas com razoável anonimato, não sendo o fato desabonador corriqueiramente

24CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Possibilidade de voltar o nome de solteira após a morte do marido. Buscador
Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f9322b146574d9da9ad32ad879ad373b Acesso
em: 11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 44 44
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

rememorado e perenizado por sistemas automatizados de busca. No caso concreto, o STJ


determinou que deveria haver a desvinculação da pesquisa com base no nome completo da autora
com resultados que levassem às notícias sobre a fraude. Em outras palavras, o STJ afirmou o
seguinte: o Google não precisa retirar de seus resultados as notícias da autora relacionadas com a
suposta fraude no concurso. Mas para que esses resultados apareçam será necessário que o
usuário faça uma pesquisa específica com palavras-chaves que remetam à fraude. Por outro lado,
se a pessoa digitar unicamente o nome completo da autora, sem qualquer outro termo de pesquisa
que remete à suspeita de fraude, não se deve mais aparecer os resultados relacionados com este
fato desabonador. Assim, podemos dizer que é possível determinar o rompimento do vínculo
estabelecido por provedores de aplicação de busca na internet entre o nome de prejudicado,
utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia apontada nos resultados. O rompimento do
referido vínculo sem a exclusão da notícia compatibiliza também os interesses individual do titular
dos dados pessoais e coletivo de acesso à informação, na medida em que viabiliza a localização das
notícias àqueles que direcionem sua pesquisa fornecendo argumentos de pesquisa relacionados ao
fato noticiado, mas não àqueles que buscam exclusivamente pelos dados pessoais do indivíduo
protegido. STJ. 3ª Turma. REsp 1660168-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 08/05/2018 (Info 628). 25

A Súmula 403 do STJ é inaplicável para representação da imagem de pessoa como coadjuvante em
documentário que tem por objeto a história profissional de terceiro
Ação de indenização proposta por ex-goleiro do Santos em virtude da veiculação indireta de sua
imagem (por ator profissional contratado), sem prévia autorização, em cenas do documentário
“Pelé Eterno”. O autor alegou que a simples utilização não autorizada de sua imagem, ainda que de
forma indireta, geraria direito a indenização por danos morais, independentemente de efetivo
prejuízo. O STJ não concordou. A representação cênica de episódio histórico em obra audiovisual
biográfica não depende da concessão de prévia autorização de terceiros ali representados como
coadjuvantes. O STF, no julgamento da ADI 4.815/DF, afirmou que é inexigível a autorização de
pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais bem como

25 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Excepcionalmente, é possível que o Judiciário determine o rompimento do
vínculo estabelecido por sites de busca entre o nome da pessoa, utilizado como critério exclusivo de busca, e a notícia
desabonadora apontada nos resultados. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6d96718a701f5bfba283bbdc71dfa5c4 Acesso em:
11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 45 45
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

desnecessária a autorização de pessoas nelas retratadas como coadjuvantes. A Súmula 403/STJ é


inaplicável às hipóteses de representação da imagem de pessoa como coadjuvante em obra
biográfica audiovisual que tem por objeto a história profissional de terceiro. STJ. 3ª Turma. REsp
1454016-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
12/12/2017 (Info 621). 26

Ensino privado e acesso a pessoas com deficiência


São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei nº 13.146/2015, que determinam que as escolas
privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com deficiência sem
que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e
matrículas para cumprimento dessa obrigação. STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 9/6/2016 (Info 829).

Morte do interditando não acarreta, por si só, a extinção da ação de exigir contas ajuizada por ele
A morte do interditando no curso de ação de interdição não implica, por si só, a extinção do
processo sem resolução de mérito da ação de exigir contas por ele ajuizada mediante seu curador
provisório, tendo o espólio legitimidade para prosseguir com a ação de exigir de contas. STJ. 3ª
Turma. REsp 1444677-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 3/5/2016 (Info 583).

Biografias: autorização prévia e liberdade de expressão


Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária a autorização prévia do indivíduo
biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria
uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88.
As exatas palavras do STF foram as seguintes: “É inexigível o consentimento de pessoa biografada
relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a
autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas
falecidas ou ausentes”. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda
que seus direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá ser feita não

26CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A Súmula 403 do STJ é inaplicável para representação da imagem de pessoa como
coadjuvante em documentário que tem por objeto a história profissional de terceiro. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/033daef61ea8721921fbbeebb6f87313 Acesso em:
11/01/2021.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 46 46
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a
publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta, etc. STF. Plenário. ADI
4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/6/2015 (Info 789).

Exclusão dos sobrenomes paternos em razão do abandono pelo genitor


Imagine que determinado indivíduo foi abandonado pelo pai quando era ainda criança, tendo sido
criado apenas pela mãe. Quando completou 18 anos, esse rapaz decidiu que desejava que fosse
excluído o nome de seu pai de seu assento de nascimento e que o patronímico de seu pai fosse
retirado de seu nome, incluindo-se o outro sobrenome da mãe. O STJ decidiu que esse pedido pode
ser deferido e que pode ser excluído completamente do nome civil do interessado os sobrenomes
de seu pai, que o abandonou em tenra idade. A jurisprudência tem adotado posicionamento mais
flexível acerca da imutabilidade ou definitividade do nome civil. O princípio da imutabilidade do
nome não é absoluto no sistema jurídico brasileiro. Além disso, a referida flexibilização se justifica
pelo próprio papel que o nome desempenha na formação e consolidação da personalidade de uma
pessoa. Desse modo, o direito da pessoa de portar um nome que não lhe remeta às angústias
decorrentes do abandono paterno e, especialmente, corresponda à sua realidade familiar,
sobrepõe-se ao interesse público de imutabilidade do nome, já excepcionado pela própria Lei de
Registros Públicos. Sendo assim, nos moldes preconizados pelo STJ, considerando que o nome é
elemento da personalidade, identificador e individualizador da pessoa na sociedade e no âmbito
familiar, conclui-se que o abandono pelo genitor caracteriza o justo motivo de o interessado
requerer a alteração de seu nome civil, com a respectiva exclusão completa dos sobrenomes
paternos. STJ. 3ª Turma. REsp 1304718-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
18/12/2014 (Info 555).

Uso não autorizado de imagem (ainda que sem finalidade lucrativa ou comercial)
O uso não autorizado da imagem de atleta em cartaz de propaganda de evento esportivo, ainda
que sem finalidade lucrativa ou comercial, enseja reparação por danos morais, independentemente
da comprovação de prejuízo. A obrigação da reparação pelo uso não autorizado de imagem decorre
da própria utilização indevida do direito personalíssimo. Assim, a análise da existência de finalidade
comercial ou econômica no uso é irrelevante. O dano, por sua vez, conforme a jurisprudência do
STJ, apresenta-se in re ipsa, sendo desnecessária, portanto, a demonstração de prejuízo para a sua

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 47 47
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

aferição. STJ. 3ª Turma. REsp 299832-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/2/2013
(Info 516).

Exclusão do patronímico do ex-padrasto


É possível alterar o registro de nascimento para nele fazer constar o nome de solteira da genitora,
excluindo o patronímico do ex-padrasto. STJ. 4ª Turma. REsp 1072402-MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 4/12/2012.

Existe ofensa mesmo que a veiculação não tenha caráter vexatório


A ofensa ao direito à imagem materializa-se com a mera utilização da imagem sem autorização,
ainda que não tenha caráter vexatório ou que não viole a honra ou a intimidade da pessoa, e desde
que o conteúdo exibido seja capaz de individualizar o ofendido. A obrigação de reparação decorre
do próprio uso indevido do direito personalíssimo, não sendo devido exigir-se a prova da existência
de prejuízo ou dano. O dano é a própria utilização indevida da imagem. STJ. REsp 794586/RJ, Rel.
Min. Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 15/03/2012.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 48 48
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

QUESTÕES PARA FIXAR


Questão 01

A capacidade de direito é a capacidade de exercer, por si só, os atos da vida civil.

CERTO ERRADO

Questão 02

O concepturo é aquele que ainda não foi concebido, embora haja a esperança de que venha a ser.

CERTO ERRADO

Questão 03

Na reprodução assistida heteróloga o conhecimento da ascendência biológica não importará no


reconhecimento do vínculo de parentesco e dos respectivos efeitos jurídicos entre o doador ou a
doadora e o filho gerado por meio da reprodução assistida.

CERTO ERRADO

Questão 04

São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, os maiores de dezesseis e


menores de dezoito anos, os ébrios eventuais e os viciados em tóxico, e aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e os pródigos.

CERTO ERRADO

Questão 05

A emancipação voluntária pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, será realizada
mediante instrumento público, homologado judicialmente.

CERTO ERRADO

Questão 06

Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, se alguém desaparecido em
campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até três anos após o término da guerra.

CERTO ERRADO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 49 49
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Questão 07

A comoriência é a morte simultânea entre duas ou mais pessoas, quando não é possível saber
quem morreu primeiro.

CERTO ERRADO

Questão 08

Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária, como regra.

CERTO ERRADO

Questão 09

Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito
da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o terceiro grau.

CERTO ERRADO

Questão 10

O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação
de gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do
indivíduo, em respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à
personalidade.

CERTO ERRADO

GABARITO
1.E 2.C 3.C 4.E 5.E
6.E 7.C 8.C 9.E 10.C

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 50 50
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

QUESTÕES PARA FIXAR - COMENTÁRIOS


Questão 01

A capacidade de direito é a capacidade de exercer, por si só, os atos da vida civil.

GAB: E. Trata-se do conceito de capacidade de fato.

Questão 02

O concepturo é aquele que ainda não foi concebido, embora haja a esperança de que venha a ser.

GAB:C. É o exato conceito de concepturo.

Questão 03

Na reprodução assistida heteróloga o conhecimento da ascendência biológica não importará no


reconhecimento do vínculo de parentesco e dos respectivos efeitos jurídicos entre o doador ou a
doadora e o filho gerado por meio da reprodução assistida.

GAB: C. É a previsão do o art.17, § 3º do Provimento 63 do CNJ.

Questão 04

São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer, os maiores de dezesseis e


menores de dezoito anos, os ébrios eventuais e os viciados em tóxico, e aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e os pródigos.

GAB: E. Conforme o art. 4º do CC, são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os
exercer os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, os ébrios habituais e os viciados em
tóxico, aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade e os
pródigos.

Questão 05

A emancipação voluntária pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, será realizada
mediante instrumento público, homologado judicialmente.

GAB: E. Não há necessidade de homologação judicial, conforme o art. 5º, parágrafo único, inciso I,
do Código Civil.

Questão 06

Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência se alguém, desaparecido em
campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até três anos após o término da guerra.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 51 51
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

GAB: E. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência se alguém,
desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término
da guerra. (Art. 7º, II, do CC).

Questão 07

A comoriência é a morte simultânea entre duas ou mais pessoas, quando não é possível saber
quem morreu primeiro.

GAB: C. Previsão do art. 8º do Código Civil.

Questão 08

Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

GAB: C. Não podem sofrer limitação voluntária, como regra. (Art. 11 do CC).

Questão 09

Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito
da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o terceiro grau.

GAB: E. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer as medidas previstas no


enunciado, o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto
grau (Art. 12, parágrafo único, do CC)

Questão 10

O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação
de gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do
indivíduo, em respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à
personalidade.

GAB: C. Consta da jurisprudência em tese do STJ (Edição nº 138).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 52 52
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

DIREITO EMPRESARIAL

Direito Societário.

1. TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO

Gente, agora entraremos em Direito Empresarial.

Informo, de antemão, que não seguiremos a ordem dos manuais e sinopses. Todos os
manuais começam com teoria da empresa, princípios, atos do comércio, etc. Nós não.

Vocês já estão acostumados a estudar as partes iniciais e dificilmente chegam às partes mais
importantes, que nem sempre são as iniciais.

É como Direito Constitucional. O aluno começa a ler o art. 5º da Constituição, se depara com
intermináveis 78 incisos e desiste. Quando que ele chega no ADCT (quase sempre não cega), que
inclusive tem artigos importantíssimos para a Defensoria (quilombolas, emenda constitucional
80/2014, etc.), a absorção do conteúdo não está mais tão ativa quanto era no início das leituras.

É por isso que em algumas disciplinas a gente vai trazer os pontos mais importantes, mas
sem seguir a ordem dos códigos. Você vai se acostumar rapidinho, e aposto que vai amar!

Vamos lá!

Inicialmente é necessário saber que uma sociedade é caracterizada por uma união de
PESSOAS (universitas personarum), com finalidade lucrativa e econômica. Diversamente ocorre nas
universitas bonorum (ex.: fundação), que se centralizam na figura de um patrimônio, com
destinação certa.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 53 53
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Segundo o art. 981 do Código Civil, com o contrato de sociedade, pessoas27 se obrigam
reciprocamente a contribuir, por meio de bens ou serviços, para o exercício de atividade
econômica, partilhando entre os mesmos os resultados 28 dessa atividade.

#FICALIGADO #VAIAPRENDEREMPRESARIALSIM: São dois os tipos societários que não admitem a


contribuição dos sócios por meio de serviços: a) sociedade limitada; e b) sociedade anônima.

Em regra, para que haja uma sociedade é necessário que haja dois ou mais sócios, no
entanto existem agora três exceções à pluralidade de sócios em uma pessoa jurídica: a) a sociedade
unipessoal de advocacia b) a sociedade subsidiária integral e c) a sociedade limitada unipessoal.

ATUALIZAÇÃO LEGISLATIVA!
Pessoal, antes em nosso ordenamento jurídico somente existiam duas hipóteses de sociedade
unipessoal, que estão retratadas nas letras “a” e “b” acima descritas. Ocorre que a Lei nº 13.874/19
(a chamada Lei da Liberdade Econômica) alterou esse paradigma em nosso ordenamento, trazendo
a figura da sociedade limitada unipessoal.

Veja a atual redação do art. 1.052 do Código Civil:

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas
quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº
13.874, de 2019)

§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as


disposições sobre o contrato social. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

27Pessoal, podemos ter uma pessoa jurídica como integrante de uma sociedade, são as famosas holdings.
28Veja que quando eu falo resultado, estou englobando tanto lucro quanto eventuais prejuízos. Cuidado com as
pegadinhas de prova!

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 54 54
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Um dos objetivos do legislador foi tentar acabar com a figura do sócio que era simplesmente
“figurativo” na sociedade. Isso porque como as Limitadas exigiam dois sócios, pelo menos, era
muito comum que um sócio tivesse quase que a totalidade das cotas sociais e o outro sócio tivesse
participação mínima, apenas para cumprir com o requisito legal de pluralidade de sócios.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

QUANTO AO OBJETO SOCIAL


Calcado no conceito do art. 966 do Código Civil, a sociedade empresária é
2.1 SOCIEDADE aquela que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a
EMPRESÁRIA produção ou a circulação de bens ou serviços. É registrada perante a Junta
Comercial. Ex.: Sociedade Anônima.
O parágrafo único do art. 966 do Código Civil também explica o conceito de
sociedade simples quando diz que não se considera sociedade empresária o
2.2 SOCIEDADE
exercício de profissão intelectual, de natureza literária, científica ou artística,
SIMPLES
mesmo que com o concurso de auxiliares. É registrada perante o cartório.
Ex.: Cooperativas29.

QUANTO À CONSTITUIÇÃO E DISSOLUÇÃO

Como o nome sugere, são criadas por contrato social e aplicam-se as regras
2.3 SOCIEDADES
CONTRATUAIS expressas no Código Civil quando da sua dissolução.

2.4 SOCIEDADES São criados por estatuto social, e aplicam-se as normas previstas na Lei 6.404
INSTITUCIONAIS (Lei que trata das Sociedades por Ações) para a sua dissolução.

QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

2.5 SOCIEDADE DE Os sócios respondem até o limite do valor do capital que


RESPONSABILIDADE integralizou. Ex.: sociedade anônima.

29#LEISECAÉVIDA Segundo o parágrafo único do art. 982 do Código Civil: “Independentemente do objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações e, simples, a cooperativa”.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 55 55
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

LIMITADA

2.6 SOCEIDADE DE
Os sócios respondem pessoalmente (com seus patrimônios) pelas
RESPONSABILIDADE
dívidas da sociedade. Ex.: sociedade em comum.
ILIMITADA
Há sócios que respondem limitadamente e outros que respondem
2.7 SOCEIDADE DE
ilimitadamente. Ex.: sociedade em comandita (seja simples ou por
RESPONSABILIDADE MISTA
ações).

CAIU NA DP-DF2019-CESPE: “Três amigos — Domingos, Gustavo e Pedro — formaram uma


sociedade para exercer atividade empresarial de floricultura. Redigiram um contrato social, mas não
providenciaram a inscrição no registro próprio. A atividade não foi bem e vários clientes, sentindo-se
prejudicados, procuraram a Defensoria Pública, pretendendo ser ressarcidos de valores que
pagaram antecipadamente por contratos inadimplidos. Conforme relato dos clientes, os contratos
eram firmados pelo sócio Domingos, em nome da floricultura. A defensoria ajuizou as ações
cabíveis. Com relação a essa situação hipotética, julgue o item a seguir. Todos os sócios respondem
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais e, na situação apresentada, não há que se falar
em patrimônio em comum dos sócios”.30

CAIU NA DPE-AP-2018-FCC: “Cleber e Maurício estabelecem uma sociedade, mas os atos


constitutivos dessa sociedade, embora elaborados e subscritos pelos interessados, não foram
levados a registro. Maurício realizou contrato com terceiro em nome da sociedade, sem que Cleber
tenha participado da negociação. Nesta situação, ambos os sócios respondem solidária e
ilimitadamente pelas obrigações contraídas, mas somente Maurício está excluído do benefício de
ordem”.31

30 ERRADO. Justificativa da banca: “Existe patrimônio especial em comum dos sócios, caracterizado pelos bens afetados
ao exercício da atividade e pelas dívidas dela decorrentes, conforme art. 988 do Código Civil e o Enunciado 210 do CEJ,
a seguir. “Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em
comum.” “Enunciado 210 CEJ – Art. 988: O patrimônio especial a que se refere o art. 988 é aquele afetado ao exercício
da atividade, garantidor de terceiro, e de titularidade dos sócios em comum, em face da ausência de personalidade
jurídica.”
31 CORRETO. Cuidado, pois o art. 990 do CC/02 prevê que todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas

obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. O art.
1.024, nesse sentido, prevê o benefício de ordem nos seguintes termos: “Os bens particulares dos sócios não podem
ser executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 56 56
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

QUANTO À COMPOSIÇÃO

2.8 SOCIEDADE DE Nesses casos há o chamado affectio societatis, ou seja, dá-se importância
PESSOAS (INTUITU aos atributos pessoais de cada sócio. Por isso é necessário autorização
PERSONAE) dos demais sócios para a entrada de um novo no quadro social.

2.9 SOCIEDADE DE Os atributos pessoais dos sócios são irrelevantes, por isso qualquer um
CAPITAL (INTUITU pode compor o quadro social, independentemente de anuência dos
PECUNIAE) demais.

3. TIPOS SOCIETÁRIOS

Deve-se destacar e relembrar, conforme foi dito anteriormente, que a classificação em


SOCIEDADE EMPRESÁRIA E SOCIEDADE SIMPLES não se trata de uma classificação com base nos
tipos societários, e sim conforme o objeto social da pessoa jurídica. Temos, assim, a seguinte
classificação:

SOCIEDADE EMPRESÁRIA SOCIEDADE SIMPLES


Na sociedade empresária, o objeto é o exercício Na sociedade simples, por outro lado, o objeto é
de empresa (atividade econômica organizada p/ o exercício de atividade não empresarial, como
produção ou circulação de bens/serviços). por exemplo a atividade intelectual exercida
pelos sócios.
Nos termos do art. 983, há 5 (cinco) tipos Adota-se a ideia de “atipicidade”, contudo,
societários: pode-se optar por qualquer dos cinco tipos
legais.
(1) sociedade em nome coletivo,

(2) sociedade em comandita simples,

(3) sociedade em comandita por ações

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 57 57
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

(4) sociedade LTDA e

(5) Sociedade Anônima


Registro deve ser feito na Junta Comercial. Registro deve ser feito no Cartório.

As sociedades também se classificam em personificadas e não personificadas.

Simples

Em nome coletivo

Em comandita
simples
Personificadas
Limitada

Em comandita por
ações
Sociedades
Anônima

Em comum
Não
personificadas
Em conta de
participação

CAIU NA DPE-AM-2018-FCC: “No tocante às disposições gerais das sociedades e à sociedade em
comum, é correto afirmar que a sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de
empresário rural e seja constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade
empresária, pode, observadas as formalidades legais, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará equiparada, para todos os
efeitos, à sociedade empresária”.32

32CORRETA. Art. 984. A sociedade que tenha por objeto o exercício de atividade própria de empresário rural e seja
constituída, ou transformada, de acordo com um dos tipos de sociedade empresária, pode, com as formalidades do art.
968, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da sua sede, caso em que, depois de inscrita, ficará
equiparada, para todos os efeitos, à sociedade empresária.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 58 58
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

As sociedades anônimas não costumam aparecer em nossas provas, no entanto, tivemos


uma recente alteração - em 28 de julho de 2020, que talvez possa ser cobrada apenas por ser
novidade. Estou me referindo à Lei nº 14.030/2020, que dispõe sobre as assembleias e as reuniões
de sociedades anônimas, de sociedades limitadas, de sociedades cooperativas e de entidades de
representação do cooperativismo durante o exercício de 2020; altera as Leis nº 5.764, de 16 de
dezembro de 1971, 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil); e dá outras providências (link no rodapé).33

Segundo o art. 4º da referida Lei nº 14.030/2020, a sociedade limitada cujo exercício social
tenha sido encerrado entre 31 de dezembro de 2019 e 31 de março de 2020 poderá,
excepcionalmente, realizar a assembleia de sócios a que se refere o art. 1.078 da Lei nº 10.406, de
10 de janeiro de 2002 (Código Civil), no prazo de 7 (sete) meses, contado do término do seu
exercício social.

Art. 4º A sociedade limitada cujo exercício social tenha sido encerrado entre
31 de dezembro de 2019 e 31 de março de 2020 poderá, excepcionalmente,
realizar a assembleia de sócios a que se refere o art. 1.078 da Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), no prazo de 7 (sete) meses, contado
do término do seu exercício social.

Com essa mesma Lei nº 14.030/2020, também foi inserido o art. 1.080-A do Código Civil,
que permite que o sócio possa participar e votar a distância em reunião ou em assembleia,
notadamente em razão do distanciamento social causada pela Pandemia do novo coronavírus.

“Art. 1.080-A. O sócio poderá participar e votar a distância em reunião ou


em assembleia, nos termos do regulamento do órgão competente do Poder
Executivo federal.
Parágrafo único. A reunião ou a assembleia poderá ser realizada de forma
digital, respeitados os direitos legalmente previstos de participação e de
manifestação dos sócios e os demais requisitos regulamentares.”

33 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Lei/L14030.htm. Acesso em: 11/01/2021.

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META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

4. A AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA PELAS SOCIEDADES

Gente, essa conversinha já é velha e todo mundo sabe, mas não custa nada repetir que a
existência da personalidade jurídica das pessoas jurídicas se dá com o registro no órgão
competente. No caso das sociedades empresárias, como foi dito anteriormente, o registro se dará
na Junta Comercial, já no caso das sociedades simples o mesmo será feito no Cartório.

5. SOCIEDADES NACIONAIS, ESTRANGEIRAS E AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAMENTO

É preciso saber que para uma sociedade ser considerada como nacional, faz-se necessário
apenas que seja criada de acordo com as leis brasileiras, além de possuir sede no Brasil. Por outro
lado, acaba sendo óbvio afirmar que aquela que não observar os requisitos expostos, será
considerada como uma sociedade estrangeira. Nesses casos, vale salientar que para o
funcionamento destas é necessário, antes de realizar o registro na Junta Comercial, uma
autorização do Poder Executivo (art. 1.134 do CC). Além disso, o diploma civilista exige (art. 1.138)
que a sociedade estrangeira tenha um representante permanente no Brasil (é necessário a
averbação do instrumento que o nomeou junto ao ato constitutivo da sociedade), com poderes
para resolver quaisquer questões, além de receber citação judicial pela sociedade.

Por fim, deve-se destacar que mesmo se tratando de sociedade nacional, em alguns casos a
lei exige que haja a autorização do Poder Executivo Federal para o funcionamento de uma
sociedade. Diz o art. 1.124 do CC que após dada a autorização, a mesma caducará se a sociedade
não der início ao seu funcionamento nos doze meses (salvo quando for estipulado prazo distinto)
seguintes à publicação do ato autorizativo. Além disso, é possível que haja a cassação da
autorização dada quando a sociedade infringir disposição de ordem pública ou praticar atos
contrários aos fins declarados no seu estatuto, como preconiza o art. 1.125 do CC.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 60 60
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META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

6. CONSTITUIÇÃO DE SOCIEDADE ENTRE CÔNJUGES

O Código Civil admite a constituição de sociedade (seja ela empresária ou simples) que
tenha como sócios cônjuges (apenas entre estes ou também com terceiros), desde que não sejam
casados no regime de separação obrigatória de bens34, nem no da comunhão universal (art. 977).
Vale destacar que não se aplica a referida vedação aos casos de sociedades constituídas antes da
vigência do Código Civil de 2002.

7. DAS SOCIEDADES COOPERATIVAS

Sobre o assunto corre lá no vadinho e leia os arts. 982, 1.094, 1.095 e 1.096 do CC (a maior
parte das questões sobre o assunto são resolvidas com as informações contidas neles).

8. TRANSFORMAÇÃO, INCORPORAÇÃO, FUSÃO E CISÃO

Antes de explicar cada um dos institutos, destacamos que a presente matéria (operações
societárias) é tratada tanto no Código Civil quanto na lei que trata das Sociedades Anônimas. Sendo
assim, devemos saber que quando houver participação de uma sociedade anônima em alguma das
operações societárias mencionadas, aplicar-se-á as disposições contidas na lei das SA’s, enquanto,
que se não houver a participação de uma, o Código Civil será o aplicado, entendido?

A sociedade empresária muda de um tipo para outro. Em regra, exige votação


unânime, exceto se houver disposição em contrário no contrato social ou no
TRANSFORMAÇÃO
estatuto. O sócio dissidente poderá retirar-se da sociedade. Ex.: O caso de
uma sociedade limitada que se transforma em uma sociedade anônima.
Há a absorção de uma ou mais sociedades por outra. A sociedade que
incorpora a(s) outra(a) irá suceder-lhe em todos os direitos e obrigações,
INCORPORAÇÃO
devendo ser aprovada por todos, na forma estabelecida para os respectivos
tipos societários. A sociedade incorporada é extinta, mas não surge uma nova

34 Lembrem-se que o regime de separação obrigatória de bens é imposto em casos como: a) quando houver
necessidade de suprimento judicial para casar; b) quando um dos cônjuges tiver mais de 70 anos de idade; e c) nas
hipóteses do art. 1.523 do CC (corre lá e leia as causas suspensivas do casamento!!).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 61 61
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META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

sociedade, permanece apenas a incorporadora.


Na fusão há a união de duas ou mais sociedades, que se extinguem, para
FUSÃO formar uma sociedade nova. Há a sucessão dos direitos e obrigações das
sociedades fundidas, pela nova sociedade criada.
A cisão se caracteriza pela transferência de patrimônio para um ou mais
sociedades, constituída ou não para esse fim. Poderá haver a cisão parcial,
CISÃO
que ocorre quando há a transferência apenas de parte do patrimônio, e a
cisão total, quando há a transferência de todos os bens.

9. SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

Essas são hipóteses de sociedades que na verdade NÃO possuem personalidade jurídica, e
consequentemente não possuem registro, seja na Junta Comercial ou em Cartório.

Perceba que o Código Civil traz dois tipos de sociedades não personificadas, quais sejam: a)
Sociedade em Comum; b) Sociedade em Conta de Participação.

Sociedade em
Não personificadas
comum
Sociedades
Sociedade em Conta
de Participação

Vamos ver as principais características de cada uma?

• São as sociedades que ainda não tiveram os seus atos constitutivos


9.1 SOCIEDADE EM
COMUM inscritos no órgão competente;

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Não possui
de fato
contrato escrito
Sociedade em
comum
Há contrato, mas
Irregular ainda não
registrado

• Aplica-se subsidiariamente as regras das sociedades simples;


• Terceiros provam a existência da sociedade por qualquer meio, enquanto
os sócios só podem provar por escrito;
• O patrimônio da sociedade é composto pelos bens pertencentes aos
sócios e que forem usados no exercício da atividade. Haverá benefício de
ordem em eventual execução por atos praticados pela sociedade,
devendo-se buscar primeiro os bens pertencentes ao patrimônio social e
apenas depois os bens pessoais dos sócios. IMPORTANTE: Não haverá
benefício de ordem quanto ao sócio que contratar pela sociedade.
• Há nessa espécie de sociedade duas figuras: a) sócio ostensivo; b) sócio
participante. Aquele é quem efetivamente exerce o objeto social e se
obriga em seu próprio nome perante terceiros.
• Os sócios participantes não devem aparecer/negociar, se o fizerem
responderão de forma solidária junto ao sócio ostensivo.
• IMPORTANTE: Pessoal, reparem que a sociedade em conta de
participação é informal e mesmo que seja registrada não adquirirá
9.2 SOCIEDADE EM personalidade jurídica própria. É tanto que o art. 993 do Código Civil fala
CONTA DE
que eventual contrato social só terá efeito entre os sócios, além de o
PARTICIPAÇÃO
registro perante Junta Comercial ou Cartório não conferir personalidade
jurídica à mesma.
• Por fim, haverá a constituição de patrimônio especial através da
contribuição dos sócios (ostensivo e participantes) para o exercício do
objeto social, no entanto, tal patrimônio somente produzirá efeitos
perante os sócios e não em face de terceiros, conforme preconiza o art.
994, §1 do Código Civil.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 63 63
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Vejamos, agora as sociedades personificadas, sendo estas as mais importantes para nossa
prova!

10. SOCIEDADES PERSONIFICADAS

Segundo André Santa Cruz, temos a seguintes divisão:

Contudo, veremos apenas as sociedades importantes para as nossas provas de Defensoria


Pública: em nome coletivo, em comandita simples e limitada.

10.1 SOCIEDADE EM NOME COLETIVO

• São sociedades compostas apenas por pessoas físicas, que responderão de forma solidária e
ilimitada pelas obrigações sociais (art. 1.039 do CC). Vale destacar que por isso o nome
empresarial desses tipos societários será composto de firma social;
• Poderão os sócios dispor, através de convenção posterior ou ato constitutivo, limitar entre
si a responsabilidade de cada um (não produz efeitos perante terceiros);
• Apenas sócios podem participar da administração;
• Aplica-se subsidiariamente as regras das sociedades simples.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 64 64
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

10.2 SOCIEDADE EM COMANDITA SIMPLES

• Existem dois tipos de sócios (o contrato social explicitará qual tipo de sócio é cada um): a)
comanditados; b) comanditários. Aqueles respondem de forma solidária e ilimitada pelas
obrigações sociais, enquanto estes apenas pelo respectivo valor de suas cotas sociais. 35
• O nome empresarial será composto por firma social, com os nomes apenas dos sócios
comanditados, uma vez que apenas estes respondem de forma solidária e ilimitada pelas
obrigações;

10.3 SOCIEDADE LIMITADA

• A responsabilidade dos sócios se restringe ao valor de suas quotas sociais, mas todos
respondem solidariamente pela integralização do capital social (art. 1.052 do CC);
• É constituída por meio de contrato social;
• Em caso de omissão quanto ao regramento previsto para as sociedades limitadas, haverá a
aplicação das regras destinadas às sociedades simples;
• Se houver a previsão expressa no contrato social, poderá também haver a regência supletiva
da sociedade limitada pelas normas das Sociedades Anônimas.
• O capital social será constituído por quotas iguais ou desiguais, não podendo ser
integralizadas por meio de serviços;
• A quota é indivisível quanto à sociedade, exceto se houver transferência;
• Se o contrato social não dispor de forma diversa, é possível a cessão de quotas a sócio
independentemente da audiência dos demais, e quanto a estranhos caso não haja a
oposição de mais de um quarto do capital social (em provas também pode aparecer
“quórum de aprovação de 3/4”, o que, a rigor, é a mesma coisa, mas dita de outra forma);
• A partir de 2017 o DREI passou a admitir a criação de quotas preferenciais36 no âmbito das
Sociedades Limitadas, desde que estas prevejam no seu contrato social a aplicação supletiva
da Lei das SA’s;

35 Gravem esse macete e vocês sempre acertarão questões sobre responsabilidade na sociedade em comandita
simples: o comanditADO é um coitADO, responde ilimitADO; o comanditÁRIO não é otÁRIO, responde limitado.
36 As quotas preferenciais são aquelas que preveem certas vantagens para os seus titulares, como benefícios

patrimoniais ou outros benefícios especiais. Além disso, haverá a exclusão ou a restrição ao direito ao voto.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 65 65
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

• O sócio remisso (aquele que não integralizou suas quotas): os sócios podem tomá-la para si
ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago,
deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas
(art.1.058 do CC), sendo necessário a maioria absoluta do capital social;
• Segundo a Instrução Normativa 38/2017 do DREI: Se o contrato social contiver cláusula
determinando a regência supletiva da Lei de Sociedades por Ações, a sociedade limitada
pode adquirir suas próprias quotas, observadas as condições legalmente estabelecidas, fato
que não lhe confere a condição de sócia (Enunciado 391 da IV Jornada de Direito Civil do
Conselho da Justiça Federal);
• As Sociedades Limitadas apenas podem ser administradas por pessoas físicas.

#OLHEOPERIGO #CUIDADO Como e em que hipóteses se dará a responsabilidade dos


administradores das Sociedades Limitadas? Vamos lá entender direitinho, povo lindo! Bem, em
regra as Sociedades Limitadas irão responder por todos os atos pertinentes à gestão da sociedade.
DESTAQUE: Se a oneração ou a venda de bens imóveis não constituir o objeto social da mesma, tais
atos dependerão da anuência da maioria dos sócios.

No entanto, haverá hipóteses em que a sociedade não responderá pelos atos praticados em
excesso pelos administradores, podendo assim ser oposto a terceiros, conforme dispõe o parágrafo
único do art. 1.015:

• Se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;


• Provando-se que era conhecida do terceiro;
• Tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.

#APROFUNDANDO #CITANAORALQUEÉSUCESSO - O que é a teoria dos atos ultra vires societatis?


Bem coleguinhas, essa aqui você vai responder para o examinador e dizer: DE INVEJA EU NÃO
MORRO, MAS MATO MUITA GENTE! Vamos lá!

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 66 66
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

A teoria dos atos ultra vires se enquadra no inciso III do parágrafo único do art. 1.015 (supracitado),
que nada mais é do que a teoria que diz que a sociedade não responde pelos atos praticados por
seus administradores que sejam estranhos aos seus negócios.

Portanto, tal teoria busca proteger a pessoa jurídica da responsabilidade por atos que fujam da
atribuição de seus administradores. No entanto, deve-se ponderar o que foi dito aqui com a teoria
da aparência e a boa-fé objetiva. Show??

Sobre a assembleia dos sócios, vejamos o que estabelece o art. 1078:

Art. 1.078. A assembleia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por
ano, nos quatro meses seguintes à ao término do exercício social, com o
objetivo de:

I - tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço


patrimonial e o de resultado econômico;

II - designar administradores, quando for o caso;

III - tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia.

§ 1º Até trinta dias antes da data marcada para a assembleia, os


documentos referidos no inciso I deste artigo devem ser postos, por escrito,
e com a prova do respectivo recebimento, à disposição dos sócios que não
exerçam a administração.

§ 2º Instalada a assembleia, proceder-se-á à leitura dos documentos


referidos no parágrafo antecedente, os quais serão submetidos, pelo
presidente, a discussão e votação, nesta não podendo tomar parte os
membros da administração e, se houver, os do conselho fiscal.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 67 67
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

§ 3º A aprovação, sem reserva, do balanço patrimonial e do de resultado


econômico, salvo erro, dolo ou simulação, exonera de responsabilidade os
membros da administração e, se houver, os do conselho fiscal.

§ 4º Extingue-se em dois anos o direito de anular a aprovação a que se


refere o parágrafo antecedente.

Como vimos acima, a Lei nº 14.030/2020 estabeleceu, em seu artigo 4º, que a sociedade
limitada cujo exercício social tenha sido encerrado entre 31 de dezembro de 2019 e 31 de março de
2020 poderá, excepcionalmente, realizar a assembleia de sócios a que se refere o art. 1.078 da Lei
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), no prazo de 7 (sete) meses, contado do término
do seu exercício social.

Em razão dos impactos trazidos pela Pandemia do novo coronavírus, a mesma Lei nº
14.030/2020 também criou, como vimos lá no início, o art. 1.080-A do Código Civil, que permite
que o sócio possa participar e votar a distância em reunião ou em assembleia.

“Art. 1.080-A. O sócio poderá participar e votar a distância em reunião ou


em assembleia, nos termos do regulamento do órgão competente do Poder
Executivo federal.
Parágrafo único. A reunião ou a assembleia poderá ser realizada de forma
digital, respeitados os direitos legalmente previstos de participação e de
manifestação dos sócios e os demais requisitos regulamentares.”

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 68 68
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

QUESTÕES PARA FIXAR


Questão 01

Existem dois tipos societários que não admitem a contribuição dos sócios por meio de serviços: a)
sociedade limitada; e b) sociedade anônima.

CERTO ERRADO

Questão 02

O Código Civil admite a constituição de sociedade (seja ela empresária ou simples) que tenha como
sócios cônjuges (apenas entre estes ou também com terceiros), ainda que sejam casados no regime
de separação obrigatória de bens ou no da comunhão universal.

CERTO ERRADO

Questão 03

Na transformação há a união de duas ou mais sociedades, que se extinguem, para formar uma
sociedade nova.

CERTO ERRADO

Questão 04

As sociedades em comum são consideradas sociedades não personificadas e são caracterizadas por
ainda não terem seus atos constitutivos inscritos no órgão competente. Desta forma, tanto
terceiros, como os sócios, podem provar a existência da sociedade por qualquer meio.

CERTO ERRADO

Questão 05

As sociedades em nome coletivo somente podem ser compostas por pessoas físicas, que
responderão de forma solidária e ilimitada pelas obrigações sociais.

CERTO ERRADO

Questão 06

Na sociedade limitada a responsabilidade dos sócios se restringe ao valor de suas quotas sociais,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

CERTO ERRADO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 69 69
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Questão 07

A teoria dos atos ultra vires dispõe que a sociedade não responde pelos atos praticados por seus
administradores que sejam estranhos aos seus negócios.

CERTO ERRADO

Questão 08

Na sociedade limitada, se o contrato social não dispor de forma diversa, é possível a cessão de
quotas a sócio, dependendo da audiência dos demais.

CERTO ERRADO

Questão 09

A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanentemente, representante


no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade.

CERTO ERRADO

Questão 10

Quanto ao objeto social as sociedades podem ser classificadas como limitadas, ilimitadas e mistas.

CERTO ERRADO

GABARITO

1.C 2.E 3.E 4.E 5.C

6.C 7.C 8.E 9.C 10.E

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 70 70
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

QUESTÕES PARA FIXAR - COMENTÁRIOS


Questão 01

Existem dois tipos societários que não admitem a contribuição dos sócios por meio de serviços: a)
sociedade limitada; e b) sociedade anônima.

GAB: C. A vedação no caso de sociedade limitada encontra-se no art. 1055, §2º, do CC e no caso da
sociedade anônima no o artigo 7º da Lei nº 6.404/76.

Questão 02

O Código Civil admite a constituição de sociedade (seja ela empresária ou simples) que tenha como
sócios cônjuges (apenas entre estes ou também com terceiros), ainda que sejam casados no regime
de separação obrigatória de bens ou no da comunhão universal.

GAB: E. É vedada a constituição de sociedade que tenha como sócios cônjuges no caso de serem
casados no regime de separação obrigatória de bens e no regime da comunhão universal (Art. 977
do CC).

Questão 03

Na transformação há a união de duas ou mais sociedades, que se extinguem, para formar uma
sociedade nova.

GAB: E. Trata-se do conceito de fusão.

Questão 04

As sociedades em comum são consideradas sociedades não personificadas e são caracterizadas por
ainda não terem seus atos constitutivos inscritos no órgão competente. Desta forma, tanto
terceiros, como os sócios, podem provar a existência da sociedade por qualquer meio.

GAB: E. Em que pese o início da questão esteja em conformidade com o previsto no Código Civil,
somente os terceiros podem provar a existência da sociedade por qualquer meio. No caso dos
sócios a prova deve ser por escrito (Art. 987 do CC).

Questão 05

As sociedades em nome coletivo somente podem ser compostas por pessoas físicas, que
responderão de forma solidária e ilimitada pelas obrigações sociais.

GAB: C. Previsão do art. 1.039 do Código Civil.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 71 71
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Questão 06

Na sociedade limitada a responsabilidade dos sócios se restringe ao valor de suas quotas sociais,
mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.

GAB:C. Previsão do art. 1.052 do Código Civil.

Questão 07

A teoria dos atos ultra vires dispõe que a sociedade não responde pelos atos praticados por seus
administradores que sejam estranhos aos seus negócios.

GAB: C. É exatamente o preleciona a teoria.

Questão 08

Na sociedade limitada, se o contrato social não dispor de forma diversa, é possível a cessão de
quotas a sócio, dependendo da audiência dos demais.

GAB: E. Se não houver disposição no contrato é possível a cessão de quotas independente da


anuência dos demais sócios (Art. 1.057 do CC).

Questão 09

A sociedade estrangeira autorizada a funcionar é obrigada a ter, permanentemente, representante


no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade.

GAB:C. Previsão do art. 1.138 do Código Civil.

Questão 10

Quanto ao objeto social as sociedades podem ser classificadas como limitadas, ilimitadas e mistas.

GAB:E. A questão aborda a classificação quanto à responsabilidade dos sócios.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 72 72
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

DIREITO TRIBUTÁRIO

Introdução ao Direito Tributário. Receitas originárias e derivadas. Fiscalidade. Extrafiscalidade.


Parafiscalidade. Tributos e Tributos em espécies.

1. INTRODUÇÃO

Agora entramos em Direito Tributário. Eu sei que você deve estar pensando: como assim,
meu Deus, Direito Empresarial e Tributário juntos, logo na primeira semana? Sim. A gente vai te
ensinar a amar tudo, porque quem quer passar ama tudo que está no edital ou que virá nele!
Vamos juntos? #SÓVAMOS #TMJ

Vamos lá!

Galera, como se sabe, o Estado possui como finalidade principal alcançar o bem comum do
povo que o compõe. No entanto, para atingir tal escopo, como quase tudo na vida, é preciso ter
dinheiro. O Estado pode conseguir a receita necessária para a sua gestão e a prestação de serviços
públicos por duas formas: a) receitas originárias e b) receitas derivadas.

2. RECEITAS

RECEITAS ORIGINÁRIAS RECEITAS DERIVADAS


São as receitas oriundas do exercício de funções São as receitas decorrentes da imposição pelo
em que o Estado atua ao lado do particular, ou Estado de uma obrigação ao particular, por meio
seja, sem as prerrogativas inerentes ao Poder do seu Poder de Império. Envolve uma relação
Público. Um bom exemplo é a situação em que com prevalência do Direito Público, portanto.
há lucro pela exploração de uma atividade São exemplos os tributos e as multas.
econômica por empresa pública ou sociedade de
economia mista.

Os tributos e multas são a principal fonte de receita do Estado. Dito isto, pode-se destacar as
finalidades que os tributos podem ter, uma vez que a arrecadação de receita não é o seu único fim.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 73 73
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

3. FINALIDADES DOS TRIBUTOS

O tributo terá finalidade arrecadatória, como fonte de receita derivada.


3.1 FISCALIDADE
Exemplo: Imposto de Renda.
Nesses casos a principal finalidade do tributo será a de estimular algum
comportamento social ou econômico. Vale destacar que embora o
3.2 EXTRAFISCALIDADE escopo não seja arrecadatório, tributos com finalidade extrafiscal
também arrecadam. Exemplo: Imposto Territorial Rural progressivo para
desestimular propriedades improdutivas.
Ocorre nos casos em que há a transferência da capacidade tributária
3.3 PARAFISCALIDADE ativa à pessoa distinta da que possui a competência para a sua criação.
Exemplos: contribuições sindicais e anuidades dos conselhos de classe.

4. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO TRIBUTÁRIO

Nos termos do art. 24, I, da Constituição Federal, a competência para criar leis sobre Direito
Tributário é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal.

Os Municípios podem legislar sobre Direito Tributário, mas com base em outro fundamento
constitucional: o interesse local (art. 30, I, da CF).

Muito cuidado para não confundir a competência para legislar sobre Direito Tributário com a
competência tributária. A competência para legislar sobre Direito Tributário é mais ampla e envolve
a aptidão para disciplinar diversos temas relacionados com a tributação. Já a competência tributária
restringe-se à possibilidade de instituição do tributo propriamente dita. Somente pessoas políticas
detêm competência tributária37.

Assim como ocorre em todos os temas de competência concorrente, cabe à União editar as
normas gerais sobre Direito Tributário cuja observância é obrigatória para todas as demais esferas

37 MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. Editora Saraiva, 2020, p. 60.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 74 74
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

federativas (art. 24, § 1º, da CF).

Pessoal, desse tema, uma coisa que vocês não podem deixar de saber é a natureza jurídica
do Código Tributário Nacional.

Promulgado sob a vigência da Constituição de 1946, o CTN tem forma, aparência e


numeração de lei ordinária. Entretanto, com a entrada em vigor da Constituição Federal de 1988,
por força de seu art. 146, III, as normas gerais sobre Direito Tributário passaram a sujeitar-se a uma
reserva de lei complementar.

Desse modo, o Código Tributário foi recepcionado, pelo Texto de 1988, como lei
complementar. Seus temas, assuntos, matérias são reservados à lei complementar. Daí falar-se que
o CTN tem uma natureza dúplice ou híbrida, na medida em que formalmente é lei ordinária, mas
materialmente lei complementar38.

NATUREZA JURÍDICA DO CTN


Originariamente Pós CF/88
Lei Ordinária Recepcionada como Lei Complementar

5. CONCEITO DE TRIBUTO

O conceito de tributo é dado pelo art. 3º do Código Tributário Nacional, que diz: Tributo é
toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa
plenamente vinculada. Para explicar tal conceito, o dividiremos por partes, para facilitar a
compreensão:

38 MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. Editora Saraiva, 2020, p. 62.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 75 75
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

O tributo deverá ser pago em dinheiro. Não se admite, por


exemplo, o pagamento de tributo in natura ou in labore.

OBS.: O CTN admite a dação em pagamento de bens imóveis como


TRIBUTO É TODA PRESTAÇÃO forma de extinção do crédito tributário. No entanto, o STF já
PECUNIÁRIA EM MOEDA OU declarou inconstitucional lei local que estabelece a dação de bens
CUJO VALOR NELA SE POSSA móveis como forma de extinção do crédito tributário (viola a lei
EXPRIMIR geral de licitações e contratos). Nota-se, também, que a aceitação
do bem imóvel ofertado é ato discricionário do poder público, de
modo que o oferecimento em dação gera para o contribuinte
simples expectativa de direito e não direito adquirido à extinção do
crédito tributário.
Decorre do Poder de Império do Estado a imposição da obrigação
COMPULSÓRIA
de pagar tributos.
O tributo não pode ser confundido com sanção por ato ilícito.
Nessa esteira, a multa possui finalidade sancionatória, enquanto o
tributo possui finalidade arrecadatória (fiscalidade) e de
intervenção, para estimular ou desestimular certos
comportamentos (extrafiscalidade).

Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional


lei municipal que determinou acréscimo de 200% ao IPTU
QUE NÃO CONSTITUA
incidente sobre imóveis com construções irregulares (RE 94.001).
SANÇÃO DE ATO ILÍCITO
Considerou-se, ao ensejo da decisão, que a lei utilizava o tributo
como instrumento punitivo, consistindo em verdadeira sanção
administrativa, o que contraria frontalmente o art. 3º do CTN.

Importantíssimo salientar que o art. 3º do CTN não proíbe que a


tributação recaia sobre atividades ilícitas ou sobre os frutos de atos
ilícitos. Isso porque a ocorrência do fato gerador independe da
validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelo

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 76 76
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

contribuinte (art. 118 do CTN)39. Trata-se do princípio do NON


OLET (literalmente: o dinheiro não tem cheiro) Desse modo, por
exemplo, traficantes, “bicheiros” ou mafiosos também devem
pagar Imposto de Renda. Pela mesma razão, a venda de madeira de
corte proibido e a comercialização de animais silvestres sujeitam-se
à incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços.
O tributo apenas pode ser criado por lei ou por ato normativo
equivalente (como as medidas-provisórias), não há exceções.

IMPORTANTE: O dever de pagar tributo NUNCA nasce de contrato.


Nos termos do art. 123 do CTN: “Salvo disposições de lei em
contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade
INSTITUÍDA EM LEI pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda
Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das
obrigações tributárias correspondentes”.

Súmula 614, do STJ: “O locatário não possui legitimidade ativa para


discutir a relação jurídico-tributária de IPTU e de taxas referentes
ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos”.
COBRADA MEDIANTE Não cabe ao administrador exercer juízo de discricionariedade
ATIVIDADE ADMINISTRATIVA quanto à cobrança de um tributo. Ou seja, caso seja praticado seu
PLENAMENTE VINCULADA fato gerador, nascerá a obrigação tributária.

6. ESPÉCIES DE TRIBUTOS E TEORIA ADOTADA

Galerinha, é necessário saber que existem posições distintas a respeito do tema e por isso é
preciso ter atenção ao comando da questão ao responder uma pergunta acerca do assunto. O
número de espécies de tributos existentes no ordenamento jurídico pátrio difere se questionarmos
de acordo com o que (quem?).

39 MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. Editora Saraiva, 2020, p. 99.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 77 77
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Por exemplo, para o STF e a doutrina majoritária, existem 5 espécies de tributos (impostos,
taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios), por tal
razão é dado à tal teoria de pentapartida. Por outro lado, o Código Tributário Nacional menciona
apenas três espécies (impostos, taxas e contribuições de melhoria), é a chamada teoria tripartida.

De acordo com o art. 4º do CTN, o fato gerador é o que define a natureza do tributo, sendo
irrelevantes para esse fim a destinação ou a sua denominação do mesmo. No entanto, é necessário
destacar que não são todos os tributos que seguem a lógica do art. 4º, já que as contribuições
especiais e os empréstimos compulsórios são tributos finalísticos.

6.1 IMPOSTOS

Os impostos são uma das espécies do gênero tributo. As competências para a instituição de
impostos são definidas na Constituição Federal (vale destacar, a constituição não cria, por si só,
nenhum imposto, apenas divide a competência para a instituição pelos entes federados, quais
sejam, União Federal, Estados, Municípios e Distrito Federal).

Embora a instituição de cada tributo se dê por lei de cada ente federativo, o art. 146 da
CF/88 determina que certos assuntos sejam tratados por meio de lei complementar (editada pela
União Federal, com aplicação nacional, portanto). São eles: a definição dos tributos e suas espécies,
o fato gerador, a base de cálculo e os contribuintes. Vale dizer, atualmente tais assuntos estão
expressos na Lei nº 5.172 de 1966 (Código Tributário Nacional), que já vimos que foi recepcionada
pela CF/88 com status de Lei Complementar, e algumas leis esparsas como a LC 87/96 (que trata do
ICMS) e a LC 116/2003 (que apresenta as normas gerais para o ISSQN).

Gente, prestem atenção nessa dica, porque eventualmente o examinador pode tentar te confundir
nesse ponto, tá bom? A Constituição Federal fala que o princípio da capacidade contributiva deverá
ser aplicado aos impostos. No entanto, o STF tem aplicado tal princípio também para os demais
tributos. Dessa forma, se liga no comando da questão, para saber se ela pede o que diz a CF ou o
que diz o STF.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 78 78
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

O art. 167, IV da CF prevê o princípio da não afetação dos impostos, que implica na vedação
à vinculação de receitas de impostos a órgão, a despesa ou a fundo. No entanto existem algumas
exceções a tal princípio:

• Atividades desenvolvidas pela Administração Tributária

• Manutenção e desenvolvimento de ensino

• Ações e serviços de saúde

• Prestação de garantia às operações de crédito por antecipação de receita

• Receitas atreladas ao Fundo de Participação do Estado e Fundo de


Participação do Município

De acordo com reiteradas decisões do STF, o princípio da não afetação só se aplica aos
impostos, inexistindo qualquer restrição à vinculação legal da receita proveniente da arrecadação
de taxas, empréstimos compulsórios e contribuições. As demais espécies tributárias têm suas
receitas necessariamente afetadas à circunstância, finalidade ou atividade estatal ensejadora de
sua instituição40.

COMPETÊNCIAS DOS REFERIDOS IMPOSTOS (ENTES FEDERATIVOS)

UNIÃO FEDERAL ESTADOS DISTRITO FEDERAL MUNICÍPIOS


ESTADOS +
IR, ITR, II, IE, IPI, IOF ICMS ISS
MUNICÍPIOS
IMPOSTO SOBRE
IPVA X ITBI
GRANDES FORTUNAS
IMPOSTOS
ITCMD X IPTU
EXTRAORDINÁRIOS
IMPOSTO RESIDUAL X X X

40 MAZZA, Alexandre. Manual de direito tributário. Editora Saraiva, 2020, p. 136.

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JURISPRUDÊNCIA # DIZER O DIREITO: Incide o IPI em importação de veículos automotores por


pessoa natural, ainda que não desempenhe atividade empresarial, e o faça para uso próprio. STF.
Plenário. RE 723651/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 3 e 4/2/2016 (repercussão geral –
Tema 643) (Info 574). Incide IPI sobre veículo importado para uso próprio, haja vista que tal
cobrança não viola o princípio da não cumulatividade nem configura bitributação. STJ. 1ª Seção.
REsp 1396488-SC, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 25/09/2019 (recurso repetitivo – revisão
do Tema 695) (Info 657).

NOVA SÚMULA VINCULANTE: Súmula Vinculante 58 – STF: Inexiste direito a crédito presumido de
IPI relativamente à entrada de insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis, o que
não contraria o princípio da não cumulatividade. Aprovada em 24/04/2020.

6.2 ICMS (IMPOSTO SOBRE A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS DE TRANSPORTE


INTERMUNICIPAL E INTERESTADUAL)41

Gente, entre os impostos em espécie, o ICMS é sem dúvida um dos mais importantes.
Porém, tenha em mente que o foco do concurso da Defensoria Pública Estadual não é tributário, as
normas expressas na Constituição Federal acerca do tributo são muito importantes e, em regra, a
cobrança na sua prova não será muito aprofundada.

Dito isso, vamos entender as principais informações sobre o ICMS?

O ICMS é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de transporte


intermunicipal e interestadual (art. 155, II, CF/88), sendo de competência dos Estados e do Distrito
Federal (no que se refere à competência estadual, já que a acumula juntamente da municipal, por
não ser dividido em municípios). Além disso, deve-se lembrar que os fatos geradores do ICMS estão
na Lei Complementar 87/1996, a famosa “Lei Kandir”.

41
Pedimos que leiam o artigo 155 da CF/88 na íntegra, pois aqui colocamos apenas as informações que consideramos
mais importantes.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 80 80
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

A gente tem que entender que o ICMS incidirá nas hipóteses de transmissão da titularidade
de bens e quanto à circulação das mercadorias42. Por isso a mera transferência entre filiais de uma
mesma empresa não se enquadra no fato gerador do imposto, é nesse sentido a Súmula nº 166 do
STJ: Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro
estabelecimento do mesmo contribuinte.

Foi incluída uma nova hipótese de admissão do ICMS pela Emenda Constitucional 33/2001,
nos casos de importação de bens ou mercadorias por pessoa física ou jurídica, ainda que não
contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, bem como nos casos de
prestação de serviços no exterior, devendo o imposto ser pago ao estado onde estiver situado o
domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço (art. 155, § 2º, IX, a).
Portanto, nos casos de importação de um bem, haverá a incidência tanto do Imposto de Importação
quanto do ICMS. Vamos fazer uma tabelinha com algumas informações importantes sobre o
assunto?

IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO ICMS


O fato gerador é a entrada do produto no Súmula Vinculante 48: Na entrada de
território nacional, com destinação ao mercado mercadoria importada do exterior, é legítima a
nacional. cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço
aduaneiro.
Competência Federal Competência Estadual

Além disso, existem algumas hipóteses de imunidade do ICMS, preconizadas no art. 155, §
2º, X, alíneas a, b, c e d, que dispõem basicamente que não incide o ICMS nas operações que
destinem mercadorias ou serviços para o exterior, bem como a outros Estados petróleo, inclusive
lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica, sobre o ouro,
quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, e por fim nas prestações de
serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção
livre e gratuita.

42 O art. 155, §3º da CF/88 inclui a energia no âmbito mercadoria.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 81 81
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Informações, súmulas e julgados importantes (NÃO CAI, DESPENCA, POR ISSO FIQUE
LIGADO):

• O ICMS é não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à
circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo
mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal (art. 155, § 2º, I, CF88);
• Enquanto o IPI DEVE ser seletivo, o ICMS PODE ser seletivo43;
• A Constituição Federal prevê exceção ao princípio da legalidade ao admitir que convênios
dos Estados e do Distrito Federal deliberem acerca de isenções, incentivos e benefícios fiscais. Tem
como finalidade evitar a chamada guerra fiscal. Acerca do exposto, inclusive, já se manifestou o STF
na ADI 4481 que o mero diferimento da data de pagamento do ICMS, sem a concessão de qualquer
redução do valor devido, não configura benefício fiscal e por isso pode ser feito sem convênio;
• A base de cálculo equivale ao valor da prestação do serviço ou da venda da mercadoria;
• O STF entendeu na ADI 2777: “É devida a restituição da diferença do ICM pago a mais, no
regime de substituição tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for inferior
à presumida”;
• Súmula Vinculante 32: O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro pelas
seguradoras;
• Súmula 573 do STF: Não constitui fato gerador do imposto de circulação de mercadorias a
saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato;
• Também entendeu no RE 607056 que: “O fornecimento de água potável por empresas
concessionárias desse serviço público não caracteriza operação de circulação de mercadoria e não é
tributável pelo ICMS. As águas em estado natural são bens públicos e só podem ser exploradas por
particulares mediante concessão, permissão ou autorização”;
• Súmula 135 do STJ: O ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes;
• Súmula 155 do STJ: O ICMS incide na importação de aeronave, por pessoa física, para uso
próprio;

43 Não se esqueça, meus queridos, que a seletividade está ligada à essencialidade do produto. Portanto, no caso do IPI,
por exemplo, que é um imposto necessariamente seletivo, as alíquotas de produtos considerados mais essenciais terão
alíquotas menores do que os considerados menos essenciais.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 82 82
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

• Súmula 163 do STJ: O fornecimento de mercadorias com a simultânea prestação de serviços


em bares, restaurantes e estabelecimentos similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o
valor total da operação;
• Súmula 198 do STJ: Na importação de veículo por pessoa física, destinado a uso próprio,
incide o ICMS;
• Súmula 237 do STJ: Nas operações com cartão de crédito, os encargos relativos ao
financiamento não são considerados no cálculo do ICMS;
• Súmula 334 do STJ: O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à internet;
• Súmula 350 do STJ: O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular;
• Súmula 391 do STJ: O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente
à demanda de potência efetivamente utilizada;
• Súmula 395 do STJ: O ICMS incide sobre o valor da venda a prazo constante da nota fiscal;
• Súmula 432 do STJ: As empresas de construção civil não estão obrigadas a pagar ICMS sobre
mercadorias adquiridas como insumos em operações interestaduais;
• O STJ no REsp 923012, recurso repetitivo, decidiu que: “O valor do frete (referente ao
transporte do veículo entre a montadora/fabricante e a concessionária/revendedora) integra a base
de cálculo do ICMS incidente sobre a circulação da mercadoria, para fins da substituição tributária
progressiva (“para frente”), à luz do art. 8º, II, b, da LC 87/96. Entrementes, nos casos em que a
substituta tributária não efetua o transporte, nem o engendra por sua conta e ordem, o valor do
frete não deve ser incluído na base de cálculo do imposto, “ex vi” do disposto no art. 13, § 1º, II, b,
da LC 87/96”.
• O STF, no ARE 665.134 (Tema 520, julgado em 27/04/2020), fixou o entendimento que “o
sujeito ativo da obrigação tributária de ICMS incidente sobre mercadoria importada é o Estado-
membro no qual está domiciliado ou estabelecido o destinatário legal da operação que deu causa à
circulação da mercadoria, com a transferência de domínio”.

#APROFUNDARDP Você sabe o que é imposto por dentro? Pois bem, essa é uma expressão que vez
ou outra é cobrada em provas e quer dizer simplesmente que na base de cálculo do ICMS está
contido o próprio valor do imposto44. Se cair você não erra, hein? #PISAMENOSRDP

44 Segundo o STF no RE 582461: “É constitucional a inclusão do valor do ICMS na sua própria base de cálculo”.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 83 83
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Importante! Você sabia que o STJ decidiu que sacolas plásticas fornecidas aos clientes
para o transporte ou acondicionamento de produtos, bem como bandejas, não são
insumos essenciais à atividade dos supermercados, de modo que não geram
creditamento de ICMS? REsp 1.830.894-RS, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, por
unanimidade, julgado em 03/03/2020, DJe 05/03/2020.45

6.3 IPTU (IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA)

O IPTU (IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA) é de


competência municipal e distrital (no exercício da competência municipal, já que acumula essa com
a estadual). De acordo com o art. 32 do CTN, o imposto tem como fato gerador a propriedade, o
domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil,
localizado na zona urbana do Município.

O proprietário é aquele que tem a faculdade de usar, gozar ou dispor da coisa,


PROPRIEDADE bem como possui o direito de reavê-la46 de quem injustamente a possua ou
detenha (art. 1228 do CC).
Referia-se ao antigo direito real de enfiteuse ou aforamento. Atualmente,
DOMÍNIO ÚTIL como no Código Civil de 2002 o instituto foi extinto, deve-se relacioná-lo ao
direito real de superfície (art. 1.369 do CC).
POSSE A posse se dá com o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes

45 Os insumos que geram direito ao creditamento são aqueles que, extrapolando a condição de mera facilidade, se
incorporam ao produto final, de forma a modificar a maneira como esse se apresenta e configurar parte essencial do
processo produtivo (AgInt no REsp 1.802.032/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em
20/8/2019, DJe 27/8/2019). O Superior Tribunal de Justiça possui precedentes no sentido de que, para fins de
creditamento de ICMS, é necessário que o produto seja essencial ao exercício da atividade produtiva para que seja
considerado insumo. As sacolas plásticas são colocadas à disposição dos clientes, para acomodar e facilitar o
carregamento dos produtos; os sacos e filmes plásticos, transparentes e de leve espessura, envolvem os produtos
perecíveis (como carnes, bolo, torta, queijos, presuntos) e revestem e protegem o alimento; as bandejas acomodam o
produto a ser comercializado. As sacolas plásticas, postas à disposição dos clientes para o transporte dos produtos, não
são insumos essenciais à comercialização de produtos pelos supermercados. As bandejas não são indispensáveis ao
isolamento do produto perecível, mas mera comodidade entregue ao consumidor, não se constituindo em insumo
essencial à atividade da recorrida. Filmes e sacos plásticos, utilizados exclusivamente com o propósito de
comercialização de produtos de natureza perecível, são insumos essenciais à atividade desenvolvida pelo
supermercado, cuja aquisição autoriza o creditamento do ICMS.
46 Mnemônico é vida, pessoal! Para lembrar dos atributos da propriedade bastar pensar na palavra DRUG: Dispor,

Reaver, Usar e Gozar.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 84 84
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

à propriedade (algum dos atributos do DRUG). A jurisprudência entende que


aqui se inclui apenas a posse com animus domini, ou a chamada posse ad
usucapionem.

Como dito, o imposto irá incidir quanto aos bens imóveis, que são o solo e tudo aquilo que o
incorporar, seja naturalmente ou de forma artificial. Basicamente, pode-se dizer que o imposto será
devido quanto aos terrenos e prédios.

Além da necessidade de o bem imóvel ser localizado em zona urbana do Município,


conforme o caput do art. 32 do CTN, o §1º exige ao menos dois dos seguintes melhoramentos para
que possa haver a cobrança do IPTU, quais sejam: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de
águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação
pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de
saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado47.

Embora o artigo 32 fale em zona urbana ou urbanizável, faz-se mister destacar que em
alguns casos, ainda que o imóvel esteja situado nestas zonas, haverá a incidência do ITR (Imposto
Sobre A Propriedade Territorial Rural) se for comprovadamente utilizado na exploração extrativa
vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial.

• A base de cálculo é o valor venal do imóvel;


• É possível a definição de alíquota progressiva no IPTU em duas hipóteses: a) em razão do
valor venal do imóvel, conforme o art. 156, §1º da CF (imposto fiscal); b) para dar efetividade ao
princípio da função social da propriedade, conforme o art. 182, §4º da CF (imposto extrafiscal) 48;
• Súmula Vinculante 52: Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o
imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo artigo 150, inciso VI, alínea “c”, da
Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais
entidades foram constituídas;

47 Fiquem atentos com a nova Súmula 626 do STJ: A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área considerada pela
lei local como urbanizável ou de expansão urbana não está condicionada à existência dos melhoramentos elencados no
art. 32, § 1º, do CTN. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.
48 Leia o art. 7º do Estatuto da Cidade para aprender como se dará a progressividade do IPTU nesses casos.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 85 85
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

• Súmula 589 do STF: É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial


e territorial urbano em função do número de imóveis do contribuinte;
• Súmula 668 do STF: É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da
Emenda Constitucional 29/200, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o
cumprimento da função social da propriedade urbana 49;
• Assim entendeu o STF no RE 594.015: A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, a, da
Constituição não se estende a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela
exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança
do IPTU pelo Município.
• Súmula 160 do STJ: É defeso ao município atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual
superior ao índice oficial de correção monetária;
• Súmula 397 do STJ: O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê
ao seu endereço;
• Súmula 399 do STJ: Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU;
• Segundo o STJ no REsp 691714: “O cessionário do direito de uso do imóvel é possuidor por
relação pessoal, não exercendo posse com ‘animus domini’. Assim, conclui-se não ser ele
contribuinte do IPTU relativo a esse imóvel.
• O STJ também entende que: “o imóvel em questão está gravado com usufruto em favor de
uma pessoa, sem qualquer restrição de percentual. Dessarte, no trato de IPTU, não há que se
cogitar de solidariedade passiva entre proprietário e usufrutuário, visto que só este último detém
exclusivamente o direito de usar e fruir do bem e, por isso, sujeita-se ao pagamento do imposto.”

Importante anotar que, segundo o STJ, a qualificação de imóvel como estação ecológica
limita o direito de propriedade, o que afasta a incidência do IPTU. A inclusão do imóvel do particular
em Estação Ecológica representa uma evidente limitação administrativa imposta pelo Estado,
ocasionando o esvaziamento completo dos atributos inerentes à propriedade, retirando-lhe o
domínio útil do imóvel. Além disso, o art. 49 da Lei nº 9.985/2000 estabelece que a área de uma

49 Pessoal, sobre essa questão, não confunda com a decisão do STF no sentido de que “são constitucionais as leis
municipais anteriores à Emenda Constitucional nº 29/2000, que instituíram alíquotas diferenciadas de IPTU para
imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais.” STF. Plenário. RE 666156, Rel. Roberto Barroso,
julgado em 11/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 523). A diferenciação de alíquotas, por estar ou não edificado o
imóvel urbano, não se confunde com a progressividade do IPTU; logo, não é inconstitucional, mesmo que antes da EC
29/2000.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 86 86
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META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

unidade de conservação de proteção integral é considerada zona rural para efeitos legais, motivo
pelo qual não incide IPTU, mas sim ITR, sendo este último tributo de competência tributária
exclusiva da União. STJ. 2ª Turma. REsp 1695340-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 17/09/2019 (Info 657).

6.4 IMPOSTO DE RENDA

O imposto de renda, apesar de ser um tributo federal, será estudado por nós! Conforme
ensina Ricardo Alexandre (2017, p. 656) 50, “o denominado Imposto de Renda é tributo com
finalidade marcantemente fiscal, constituindo-se no maior arrecadador entre os impostos federais.
Como a incidência do imposto é mais gravosa sobre os maiores rendimentos (progressividade),
obtém-se o efeito de redistribuição de renda, pois aqueles que menos (ou nada) contribuem são,
em regra, os que mais utilizam alguns serviços públicos (saúde e educação, por exemplo). Nos
termos constitucionais, o "imposto de renda" não incide apenas sobre a renda, mas também sobre
os proventos de qualquer natureza (CF, art. 153, III). O conceito de renda compreende o produto
do capital (como os rendimentos obtidos com uma aplicação financeira), do trabalho (como o
salário recebido pelo empregado) ou da combinação de ambos (como o lucro). Já o conceito de
proventos é definido por exclusão, compreendendo todos os acréscimos patrimoniais não
enquadráveis no conceito, legal de renda. A título de exemplo, podem-se citar os acréscimos
patrimoniais decorrentes de atividade criminosa”.

Sobre o Imposto de Renda, vejam o que diz o art. 43 do Código Tributário.

SEÇÃO IV
Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de


qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade
econômica ou jurídica:

50Alexandre, Ricardo. Direito tributário I Ricardo Alexandre - 11. ed. Revi. atual. e amp1. - Salvador - Ed. JusPodivm,
2017.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 87 87
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da


combinação de ambos;

II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos


patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

§ 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do


rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da
origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei


estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua
disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo.
(Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou


presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.

Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se


refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor,
a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos
tributáveis.

Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos


proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção
e recolhimento lhe caibam.

Por fim, anote-se que o STJ no Inf. 662 (31.01.2020), fixou a tese de que não tendo
participado do fato gerador do tributo, a declaração conjunta de imposto de renda não torna o
cônjuge corresponsável pela dívida tributária dos rendimentos percebidos pelo outro. REsp

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 88 88
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

1.273.396-DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, por maioria, julgado em
05/12/2019, DJe 12/12/2019.

O STJ lembra que ao regular a solidariedade tributária, o art. 124 do CTN estabelece que o
contribuinte e o terceiro são obrigados ao respectivo pagamento do tributo quando há interesse
comum entre eles, ou seja, quando um deles realiza conjuntamente com o outro a situação que
constitui o fato gerador do tributo (inciso I), ou por expressa disposição de lei (inciso II). Dessa
forma, somente se estabelece o nexo entre os devedores da prestação tributária originária, quando
todos os partícipes contribuem para a realização de uma situação que constitui fato gerador da
exação, ou seja, que a hajam praticado conjuntamente. Assim, não se pode dizer que há interesse
comum do marido na situação constitutiva do fato gerador do IRPF da esposa, pelo menos na
acepção prevista no inciso I do art. 124 do CTN, porquanto se pressupõe, para esse efeito, que
tivesse havido participação ativa dele, ao lado da esposa, na produção do fato gerador da
percepção dos rendimentos tidos por tributáveis. Tampouco, se poderá dizer haver expressa
disposição legal capaz de atribuir a carga tributária a pessoa que não contribuiu para realização do
fato previsto como gerador da obrigação, no caso, a percepção de renda. Sobre outro ângulo, em
relação ao inciso II do art. 124 do CTN, que estabelece a responsabilidade por expressa disposição
legal, também não se pode considerar que seja dado ao legislador amplos poderes para eleger ao
seu talante os solidariamente responsáveis pela obrigação tributária. Em outros termos: a quem
não reveste a condição de contribuinte, somente se pode atribuir o dever de recolher o tributo,
originalmente devido pelo contribuinte, quando, à semelhança do inciso I, existir interesse jurídico
entre o sujeito passivo indireto e o fato gerador. No caso, a parte foi autuada pelo Fisco Federal
para exigir-lhe o pagamento de IRPF sobre os rendimentos auferidos pela sua esposa, percebidos
diretamente por ela, como resultado de seu trabalho pessoal, sem que o seu marido tivesse
participação alguma na formação do fato gerador correspondente. Trata-se de trabalho individual
prestado por ela, por esta razão, o marido não é originariamente coobrigado ao pagamento do IRPF
eventualmente incidente sobre aqueles valores, oriundos da prestação de serviço desempenhado
diretamente pela sua esposa, embora tenham feito, ulteriormente, a chamada declaração conjunta.

Registre-se que a entrega da declaração de rendimentos tem natureza jurídica de obrigação


tributária acessória, consistente no ato formal realizado pelo contribuinte, pelo qual este leva ao

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 89 89
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

conhecimento da autoridade fiscal a ocorrência do fato gerador e demais elementos necessários à


feitura do lançamento. Não se trata de modificação da responsabilidade de qualquer dos
declarantes, visto que a declaração conjunta não é indicativo legal de corresponsabilidade, a qual só
deriva do art. 124 do CTN.

Nesse mesmo Inf. 662 (31.01.2020), o STJ entendeu que a isenção de quota condominial do
síndico não configura renda para fins de incidência do Imposto de Renda de Pessoa Física. REsp
1.606.234-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, por unanimidade, julgado em
05/12/2019, DJe 10/12/2019.

Como vimos acima no art. 43 do CTN, o aspecto material da regra matriz de incidência
tributária do imposto de renda é a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou
proventos de qualquer natureza, sendo certo que o conceito de renda envolve o produto do
capital, do trabalho ou da combinação de ambos. Consoante jurisprudência firmada no STJ, o
imposto sobre a renda incide sobre o produto da atividade de auferir renda ou proventos de
qualquer natureza, que constitua riqueza nova agregada ao patrimônio do contribuinte, e deve se
pautar pelos princípios da progressividade, generalidade, universalidade e capacidade contributiva,
nos termos dos arts. 153, III, § 2º, I, e 145, § 1º, da Constituição Federal. Destaca-se, que a quota
condominial é obrigação mensal imposta a todos os condôminos para cobrir gastos necessários à
manutenção de um condomínio, ou seja, é despesa, um encargo devido pelos condôminos por
convenção condominial. Assim, a dispensa do adimplemento das taxas condominiais concedida ao
síndico pelo labor exercido não pode ser considerada pró-labore, rendimento e tampouco
acréscimo patrimonial, razão pela qual não se sujeita à incidência do Imposto de Renda de Pessoa
Física, sob pena, inclusive, de violar o princípio da capacidade contributiva.

Recentemente, o STF entendeu que não é possível estender, pela via judicial, a isenção do
Imposto de Renda prevista no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/88 aos trabalhadores em atividade. Nesse
sentido:

(...) O art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 prevê que as pessoas portadoras de
neoplasia maligna ou outras doenças graves e que estejam na inatividade

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 90 90
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

não pagarão imposto de renda sobre os rendimentos recebidos a título de


aposentadoria, pensão ou reforma. Essa isenção é devida apenas às pessoas
que recebem aposentadoria, pensão ou reforma e não é possível que o
Poder Judiciário estenda o benefício aos trabalhadores que estão em
atividade. Não é possível que o Poder Judiciário, atuando como legislador
positivo, amplie a incidência da concessão de benefício tributário, de modo
a incluir contribuintes não expressamente abrangidos pela legislação
pertinente. A legislação optou por critérios cumulativos absolutamente
razoáveis à concessão do benefício tributário, quais sejam, inatividade e
enfermidade grave, ainda que contraída após a aposentadoria ou reforma.
STF. Plenário. ADI 6025, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020
(Info 983 – clipping). DIZER O DIREITO.

Agora veremos as taxas, outra modalidade de tributo.

6.5 TAXAS

Pessoal, a taxa é uma espécie de tributo que pode ser instituída por quaisquer dos entes
federativos, por isso dizemos que ela é um tributo de competência comum. A CF (art. 145) expõe
que elas podem ser criadas “em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição”.

Portanto, galerinha, é só lembrar que a taxa é um tributo retributivo ou contraprestacional,


porque o ente que a cria precisa prestar algum serviço público em face daquele que paga. Vale a
pena revisar:

É necessário que o exercício seja efetivo. No entanto o STF tem


Em razão do exercício do poder admitido a cobrança de taxa municipal de localização e
de polícia funcionamento, mesmo sem a fiscalização, quando existe órgão e
estrutura competente para o respectivo exercício (Info 597).

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 91 91
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

É necessário que o serviço seja uti singuli, ou melhor, é preciso


Pela utilização, efetiva ou
que seja possível identificar a quem especificamente o serviço é
potencial, de serviços públicos
prestado e que o contribuinte veja o estado prestando o serviço.
específicos e divisíveis,
Ademais, nos casos em que o serviço for compulsório, é possível
prestados ao contribuinte ou
a cobrança mesmo com a utilização apenas potencial do
postos a sua disposição
contribuinte.

Súmula Vinculante 19 - A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,
remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o
artigo145, II, da Constituição Federal.

Súmula Vinculante 41 - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa.

Gente, lembre bem disso: a base de cálculo deve guardar relação com o custo que a
prestação do serviço gerou para o Estado. É por isso, por exemplo, que foi editada a Súmula 667 do
STF, que diz: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem
limite sobre o valor da causa.

Ademais, não esqueçam essa informação “já batida”, mas que vez ou outra cai em provas: a
base de cálculo de uma taxa NUNCA pode ser igual a de um imposto, embora possam coincidir
alguns elementos entre elas. Reforçando essa ideia, a Súmula 595 do STF diz que é inconstitucional
a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem que possuem a mesma base de cálculo do
IPTU.

#MAISSÚMULAS
A Súmula Vinculante 29 diz: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 92 92
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

#JURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO As taxas municipais de fiscalização e funcionamento NÃO


PODEM ter como base de cálculo o número de empregados ou ramo de atividade exercida pelo
contribuinte. STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 20/6/2017 (Info 870).
A taxa de fiscalização e funcionamento PODE ter como base de cálculo a área de fiscalização, na
medida em que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização. STF. 1ª Turma. RE 856185 AgR,
Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 04/08/2015.

Galerinha, por fim precisamos aprender de uma vez por todas a distinguir as taxas das
chamadas tarifas. Diferentemente das taxas, as tarifas não são tributos e se submetem a um regime
de direito privado, não são criadas por lei, e sim por contrato. Alguns exemplos de tarifas são a
passagem de ônibus urbano e o serviço de fornecimento de água.

Vale destacar ainda que por não se tratar de tributo, as tarifas/preços públicos não se
submetem, por exemplo, ao princípio da anterioridade, nem ao regime de direito público como um
todo.

SÚMULA 545 do STF: Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,
diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia autorização
orçamentária, em relação à lei que as instituiu.51

Para o STF, o elemento nuclear para distinguir taxa e preço público é a compulsoriedade.

51Embora a súmula faça menção ao princípio da anualidade, tal postulado não foi previsto na atual Carta Magna. Dessa
forma, a súmula teve sua parte final prejudicada.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 93 93
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

TAXA TARIFA
É uma prestação compulsória. É uma prestação voluntária.

O contribuinte paga a taxa de serviço não por É chamada de voluntária porque a pessoa só irá
conta de uma escolha que ele faça. Ele paga pagar se ela escolher utilizar aquele
porque a lei determina que ele é obrigado, determinado serviço que é efetivamente
mesmo que o serviço esteja apenas à sua prestado.
disposição, sem que haja uma utilização efetiva.
A lei determina que ele pague, mesmo que não O indivíduo escolhe se submeter a um contrato,
utilize de forma efetiva. no qual irão lhe fornecer um serviço e, em
contraprestação, ele irá pagar o valor.
Ex.: custas judiciais.
Ex.: pedágio.52

Quadro-resumo53:

TAXA TARIFA OU PREÇO PÚBLICO


Sujeita a regime jurídico de direito público. Sujeita a regime jurídico de direito privado.
É espécie de tributo. Não é receita tributária.
Trata-se de receita derivada. Trata-se de receita originária.
Ato de vontade bilateral, independe de lei
Instituída e majorada por lei.
(instituída por contrato).
Independe de vontade (é compulsória). Dotada de voluntariedade.
O fundamento para sua cobrança é a
O fundamento para sua cobrança é o princípio
manutenção do equilíbrio econômico e
da retributividade.
financeiro dos contratos.
Obediência à anterioridade e aos demais Não se submete ao princípio da anterioridade
princípios tributários. nem aos demais princípios tributários.

52 Disponível em: https://www.dizerodireito.com.br/2014/07/pedagio-possui-natureza-juridica-de.html. Acesso em:


11/01/2021.
53 Fonte do quadro: ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São Paulo: Método, 2012, p. 38.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 94 94
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Natureza legal-tributária (não admite rescisão). Natureza contratual (admite rescisão).

O serviço à disposição autoriza a cobrança. A cobrança só ocorre com o uso do serviço.


Ex.: custas judiciais Ex.: serviço de fornecimento de água.

#JURISPRUDÊNCIA #DIZERODIREITO “A segurança pública, presentes a prevenção e o combate a


incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade da Federação, e, porque serviço
essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de impostos, não cabendo ao Município a criação
de taxa para tal fim.” STF. Plenário. RE 643247/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/8/2017
(repercussão geral) (Info 871).

SÚMULA 665, STF: É constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores
mobiliários instituída pela Lei 7.940/1989.

6.6 EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS

Os empréstimos compulsórios são uma espécie de tributo instituídos por meio de lei
complementar, de competência exclusiva da União Federal. Conforme dispõe a Constituição
Federal, eles podem ser criados em duas hipóteses: para atender as despesas extraordinárias,
decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; no caso de investimento
público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III,
"b".

Pessoal, não vamos achar que essas hipóteses são os fatos geradores do tributo, porque não
são. Na verdade, são apenas os pressupostos fáticos para a sua instituição.

#ATENÇÃO #APROFUNDARDP Amigos, os empréstimos compulsórios, quando instituídos em razão


de despesas extraordinárias por situações de calamidade pública, guerra externa ou sua iminência,
NÃO SE SUBMETEM À ANTERIORIDADE ANUAL NEM A ANTERIORIDADE NONAGESIMAL. Se liguem
porque quando se tratar de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse
nacional, deverão ser observadas as duas anterioridades.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 95 95
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Olha só, galera, o Código Tributário Nacional traz ainda uma terceira hipótese fática para o
cabimento do tributo aqui tratado (art. 15, III), qual seja, o empréstimo compulsório criado em
“conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo” (é só lembrar do famoso confisco
realizado pelo ex-presidente Fernando Collor). No entanto, tal norma não foi recepcionada pela
Constituição Federal.

Os empréstimos compulsórios são tributos com receita vinculada, ou seja, é necessário que
a receita oriunda do tributo seja necessariamente usada naquilo que fundamentou a sua criação
(art. 148, parágrafo único da CF).

Galera, por fim, podemos perceber a Constituição de 1988 oferece dois instrumentos
tributários para a captação de recursos diante de uma guerra externa: imposto extraordinário e
empréstimo compulsório. Precisamos ter em mente as diferenças e semelhanças entre as duas
espécies para não confundirmos na hora da prova:

Imposto Extraordinário Empréstimo Compulsório


Fundamento Art. 154, II, da CF Arts. 148, I, da CF e 15 do CTN
Competência União Idem
Motivo Guerra externa ou iminência Idem
Veículo normativo Lei ordinária Lei Complementar
Admite medida provisória? Sim Não
Deve ser restituído? Não Sim
Regime de Anterioridade Cobrança imediata Cobrança imediata

6.7. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA

Para entender o conceito de contribuição de melhoria é muito simples! Podemos associar a


situação ocasionadora do tributo (embora a comparação não seja perfeita), por exemplo, a uma
reforma realizada em uma área comum de um condomínio, aonde todos aqueles que vão se
beneficiar com uma valorização das suas unidades autônomas (os condôminos proprietários) terão
que contribuir com a obra.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 96 96
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Feita essa comparação, é necessário saber que ao invés de uma obra no condomínio, na
contribuição de melhoria temos uma obra pública, conjugada com a valorização dos imóveis em
determinada zona influenciada positivamente por essa obra. A ideia principal do tributo é norteada
pela vedação ao enriquecimento sem causa do particular, que se não fosse pela instituição do
tributo, teria o seu imóvel valorizado pela realização de uma obra pública custeada por todos os
contribuintes de forma generalizada, por assim dizer.

FATO GERADOR A valorização efetiva do imóvel.


Também é a valorização efetiva do imóvel (valor do imóvel após a obra
BASE DE CÁLCULO
subtraído do valor do imóvel antes da obra).
COMPETÊNCIA PARA A A competência para a instituição de contribuição de melhoria é
INSTITUIÇÃO comum, ou seja, pode ser criado por todos os entes federativos.

Há ainda os limites para a instituição dos tributos:

O valor total arrecadado com o tributo não pode ultrapassar o


LIMITE GERAL montante gasto com a obra, sob pena de causar o enriquecimento sem
causa do Estado.
Por outro lado, há o limite aplicado a cada um dos contribuintes, que
LIMITE ESPECÍFICO
não podem pagar valor superior a valorização individual do seu imóvel.

Informações complementares:

• Apenas obra pública concluída pode ensejar a instituição de contribuição de melhoria;


• É necessário lei prévia e específica para criar o tributo;
• Cabe ao ente tributante provar que houve a valorização do imóvel do particular;
• O pagamento ocorre somente após a conclusão da obra;

O STF já entendeu que nos casos em que há uma obra pública para a realização de
pavimentação asfáltica não é possível a cobrança de taxas e sim de contribuições de melhoria. Além

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 97 97
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

disso, sobre o tema, o STF também entendeu que este imposto não cabe nos casos em que haja
apenas obra para a manutenção do asfalto.

6.8 CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

A CF atribui à União a competência exclusiva para instituir contribuições especiais.


Excepcionalmente, no entanto, a Carta Magna admite a criação de contribuições sociais por parte
dos Estados, Distrito Federal e Municípios, quando possuem o seu Regime Próprio de Previdência
Social (art. 40).

Em regra, são criadas por lei ordinária, exigindo-se lei complementar apenas na instituição
de contribuição social previdenciária residual. Além disso, é possível dividir as contribuições
especiais em três espécies: contribuições sociais, contribuições de intervenção no domínio
econômico e contribuições corporativas.

Encerramos a etapa 02. Até a próxima etapa!

Agora é só resolver as questões de fixação.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 98 98
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

QUESTÕES PARA FIXAR


Questão 01

As receitas originárias são as receitas decorrentes da imposição pelo Estado de uma obrigação ao
particular, por meio do seu Poder de Império.

CERTO ERRADO

Questão 02

A competência para criar leis sobre Direito Tributário é privativa da União.

CERTO ERRADO

Questão 03

Em regra, aplica-se o princípio da não afetação dos impostos, ou seja, é vedado vinculação de
receitas de impostos a órgão, a despesa ou a fundo. No entanto, as ações e serviços de saúde são
uma exceção a esse princípio.

CERTO ERRADO

Questão 04

Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à entrada de insumos isentos, sujeitos à
alíquota zero ou não tributáveis, o que não contraria o princípio da não cumulatividade.

CERTO ERRADO

Questão 05

Constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro


estabelecimento do mesmo contribuinte.

CERTO ERRADO

Questão 06

O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência
efetivamente utilizada.

CERTO ERRADO

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 99 99
CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Questão 07

Para a cobrança do IPTU é necessário que o bem imóvel seja localizado em zona urbana do
Município e que haja meio-feio ou calçamento, com canalização de águas pluviais, abastecimento
de água, sistema de esgotos sanitários, rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para
distribuição domiciliar, escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três)
quilômetros do imóvel. Ausente um destes requisitos o imposto não pode ser cobrado.

CERTO ERRADO

Questão 08

Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo artigo 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição Federal, desde que o valor
dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

CERTO ERRADO
.
Questão 09

A taxa é uma prestação voluntária, pois somente será paga se a pessoa escolher utilizar
determinado serviço que é efetivamente prestado.

CERTO ERRADO

Questão 10

Os empréstimos compulsórios são tributos com receita vinculada, ou seja, é necessário que a
receita oriunda do tributo seja necessariamente usada naquilo que fundamentou a sua criação

CERTO ERRADO

GABARITO
1.E 2.E 3.C 4.C 5.E
6.C 7.E 8.C 9.E 10.C

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 100 100


CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

QUESTÕES PARA FIXAR - COMENTÁRIOS


Questão 01

As receitas originárias são as receitas decorrentes da imposição pelo Estado de uma obrigação ao
particular, por meio do seu Poder de Império.

GAB:E. Trata-se do conceito de receitas derivadas.

Questão 02

A competência para criar leis sobre Direito Tributário é privativa da União.

GAB:E. A competência para criar as respectivas leis é concorrente entre a União, os Estados e o
Distrito Federal (Art. 24,I, da CF).

Questão 03

Em regra, aplica-se o princípio da não afetação dos impostos, ou seja, é vedado vinculação de
receitas de impostos a órgão, a despesa ou a fundo. No entanto, as ações e serviços de saúde são
uma exceção a esse princípio.

GAB: C. Previsão do art. 167, IV, da CF.

Questão 04

Inexiste direito a crédito presumido de IPI relativamente à entrada de insumos isentos, sujeitos à
alíquota zero ou não tributáveis, o que não contraria o princípio da não cumulatividade.

GAB: C. Previsão da Súmula Vinculante nº 58 do STF.

Questão 05

Constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro


estabelecimento do mesmo contribuinte.

GAB: E. Conforme a Súmula nº 166 do STJ tal fato não constitui fato gerador do ICMS.

Questão 06

O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência
efetivamente utilizada.

GAB: C. Previsão da Súmula nº 391 do STJ.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 101 101


CURSO RDP
META 1, ETAPA 2 INTENSIVO 2021.1

Questão 07

Para a cobrança do IPTU é necessário que o bem imóvel seja localizado em zona urbana do
Município e que haja meio-feio ou calçamento, com canalização de águas pluviais, abastecimento
de água, sistema de esgotos sanitários, rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para
distribuição domiciliar, escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três)
quilômetros do imóvel. Ausente um destes requisitos o imposto não pode ser cobrado.

GAB: E Além da necessidade de o bem imóvel ser localizado em zona urbana do Município,
conforme o caput do art. 32 do CTN, o §1º exige ao menos dois dos melhoramentos acima citados,
não havendo necessidade de presença cumulativa de todos.

Questão 08

Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo artigo 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição Federal, desde que o valor
dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

GAB: C. Previsão da Súmula Vinculante nº 52 do STF.

Questão 09

A taxa é uma prestação voluntária, pois somente será paga se a pessoa escolher utilizar
determinado serviço que é efetivamente prestado.

GAB: E. Trata-se do conceito de tarifa.

Questão 10

Os empréstimos compulsórios são tributos com receita vinculada, ou seja, é necessário que a
receita oriunda do tributo seja necessariamente usada naquilo que fundamentou a sua criação

GAB:C. Previsão do art. 148, parágrafo único da CF.

@CURSOEBLOGRDP #TÔCOMORDP 102 102

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