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NFPSS

SUMÁRIO

DIREITO CIVIL ....................................................................................................................................... 02


DIREITO EMPRESARIAL .........................................................................................................................47
DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................................ 80
DIREITO AMBIENTAL ............................................................................................................................ 117

DIREITO CIVIL1

Galera, vamos para o nosso NFPSS de DIREITO CIVIL, #ATENÇÃO aos temas mais recorrentes nas provas:

- Responsabilidade Civil
- Direito das Coisas
- Fato e Negócio Jurídico
- Obrigações

Vamos lá:

LINDB

A LINDB é uma norma de sobredireito, define a aplicação de outras normas. #NÃOESQUECE

• O “projeto de lei” se transforma em lei com a sanção/rejeição do veto.


• A promulgação só atesta a existência da lei.
• A lei ganha vigência após a “vacatio legis” (lapso temporal necessário para que as pessoas conheçam
a lei). Salvo disposição em sentido contrário, a “vacatio legis” é de 45 dias.
• Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada.

#ATENÇÃO: A contagem da vacância inclui a data de publicação e do último dia do prazo. A data não é
prorrogada se cai em feriado.

#NÃOCONFUNDA: Normas administrativas entram em vigor na data da publicação.

#OLHAOGANCHO: Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação (art. 1º, §
3º).

#CUIDADO: O prazo de vacatio legis começa a correr após a nova publicação da parte corrigida, em caso de
lei alterada antes de estar vigente. Por outro lado, se o texto já está vigente, as correções são consideradas
LEI NOVA. Perceba que na primeira situação a norma ainda não está vigente, já nesta última hipótese o texto
legal já está produzindo todos os seus efeitos, mas precisa ser alterado

PRINCÍPIO DA VIGÊNCIA SINCRÔNICA

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Por Bruna Reis

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ENTRADA EM VIGOR ENTRADA EM VIGOR


BRASIL ESTADO ESTRANGEIRO
45 dias 3 meses
Salvo disposição em contrário

#OLHAOGANCHO Obrigatoriedade simultânea: A lei entra em vigor em todos os locais do país ao mesmo
tempo

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Após entrar em vigor, a lei continua vigendo até que outra expressamente ou tacitamente a revogue.

#OLHAOGANCHO #APOSTACICLOS: A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, seja
com ela incompatível, ou regule inteiramente a matéria.

#SELIGA – A lei nova que estabelece disposições gerais ou especiais a par das já existentes não revoga nem
modifica lei anterior. Ou seja, quando uma lei nova entra em vigor, nem sempre será o caso de revogar a lei
já existente.

#ATENÇÃO – A revogação total é denominada de ab-rogação; a revogação parcial é denominada de


derrogação.

REPRISTINAÇÃO

Repristinação: Não é admitida repristinação tácita, só expressa.

#ATENÇÃO – Repristinação significa revogar a lei revogadora. #SELIGANOEXEMPLO – A lei X revoga a lei Y.
Se a lei X for revogada, a lei Y pode voltar a viger, se assim ficar expresso.

Todavia, admite-se o efeito repristinatório tácito:

➔ Em liminar de ADI;
➔ Declaração de inconstitucionalidade pelo STF.

A lógica é a seguinte, se a norma é inconstitucional, com efeito ex tunc, significa que é nula, de maneira que
não poderia ter revogado a lei anterior, que volta, portanto, a viger.

MÉTODOS DE COLMATAÇÃO

Na integração da norma o juiz deverá se valer da analogia, dos costumes e dos princípios gerais de
direito, devendo utilizar esses métodos nessa ordem, pois o art. 4º da LINDB estabeleceu um rol taxativo e
preferencial.

#APOSTACICLOS: Existe a vedação ao “non liquet”, assim, o juiz é obrigado a julgar, não pode se eximir deste
dever. Para auxiliá-lo na integração da norma são utilizados, nesta ordem:

➔ Analogia
➔ Costumes

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➔ Princípios Gerais de Direito

ANALOGIA COSTUMES PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO


O juiz estende um preceito legal a O costume pode ser: Estão contidos no ordenamento
casos não diretamente Secundum legem -subsunção da jurídico, apesar de nem sempre
compreendidos na descrição lei. serem positivados.
jurídica. Praeter legem - integração da lei,
em caso de lacuna.
Contra legem - opõe-se à lei. Obs.
em regra, não cabe!

Analogia: Não pode ser empregada a analogia para prejudicar o réu em Direito Penal, nem o contribuinte.
Normas de exceção/restritivas caminham no mesmo sentido, ou seja, é vedada a analogia.

#SELIGA: a analogia não pode ser confundida com interpretação extensiva, pois nesta última não há
integração, mas mera subsunção (a norma disse menos do que de fato queria dizer)!

ANALOGIA INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA


Rompe-se com os limites do que está previsto na Apenas amplia-se o sentido da norma, havendo a
norma. (Integração). subsunção. (Conhecimento).
Parte da comparação entre dois casos Não há comparação entre casos

É forma de integração É forma de interpretação

Costumes: O costume possui dois elementos:

Elemento objetivo = prática reiterada.


Elemento subjetivo = consciência coletiva da obrigatoriedade.

Requisitos para aplicação dos costumes:


- Continuidade;
- Uniformidade;
- Diuturnidade;
- Moralidade;
- Obrigatoriedade.

Assim, é necessário que o costume esteja arraigado na consciência popular após a sua prática durante um
tempo considerável, e, além disso, goze da reputação de imprescindível norma costumeira.

Por fim, vale lembrar que existe o COSTUME JURISPRUDENCIAL OU JUDICIÁRIO, cujo maior exemplo são as
súmulas dos Tribunais Superiores.

#SELIGANOSINÔNIMO: os costumes contrários às leis são chamados de DESUETUDO.

#OLHAOGANCHO #APOSTACICLOS: A equidade para ser aplicada precisa estar prevista em lei

Antinomias Jurídicas: #SELIGANOSINÔNIMO: antinomias também são conhecidas como lacunas de


conflitos. Para a solução do choque entre as normas utiliza-se os seguintes critérios:

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➔ Critério cronológico: norma posterior prevalece sobre norma anterior (critério fraco). ,
➔ Critério da especialidade: norma especial prevalece sobre a norma geral (critério médio).
➔ Critério hierárquico: norma superior prevalece sobre norma inferior (principal).

APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO

No Direito Brasileiro consagrou-se a regra da irretroatividade das leis, de modo que as leis novas não
alcançam os fatos pretéritos. A regra da irretroatividade é aplicável inclusive às normas jurídicas de ordem
pública.

Exceção: admitem-se, excepcionalmente, efeitos retroativos na lei quando presentes dois requisitos, quais
sejam: a) Expressa disposição neste sentido: é preciso que a lei diga que produzirá efeitos retroativos, e, b)
que a retroação não prejudique o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido.

Art. 6 º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
e a coisa julgada.

§ 1º Reputa-se ATO JURÍDICO PERFEITO o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.

§ 2º Consideram-se ADQUIRIDOS assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio
de outrem.

• O STF entende que não há direito adquirido em face do Poder Constituinte Originário.
• Também inexiste direito adquirido a regime jurídico.

§ 3º Chama-se COISA JULGADA ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso.

#SELIGANATABELA

ATO JURÍDICO PERFEITO COISA JULGADA DIREITO ADQUIRIDO


Ato pronto e acabado, que já Decisão judicial que já não caiba Já se incorporou ao patrimônio do
exauriu seus efeitos mais recurso. particular.

#ATENÇÃO não se esqueça da Ultratividade, que ocorre quando uma lei já revogada produz efeitos mesmo
após a sua revogação. Ex. morte no CC16 e inventário na vigência do CC2002, a sucessão é regulada pelo
código revogado.

#DEOLHONAJURIS - A coisa julgada estabelecida em ações de investigação de paternidade deve ser


relativizada nos casos em que, no processo, não houve a realização de exame de DNA e, portanto, não foi
possível ter-se certeza sobre o vínculo genético (STF. Plenário. RE 363889, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
02/06/2011. Repercussão geral). O STJ entendeu, contudo, que essa relativização da coisa julgada não se
aplica às hipóteses em que o magistrado reconheceu o vínculo pelo fato de o investigado (ou seus herdeiros)
terem se recusado a comparecer ao laboratório para a coleta do material biológico. Em suma, a relativização
da coisa julgada estabelecida em ação de investigação de paternidade – em que não foi possível determinar-
se a efetiva existência de vínculo genético a unir as partes – não se aplica às hipóteses em que o
reconhecimento do vínculo se deu, exclusivamente, pela recusa do investigado ou seus herdeiros em
comparecer ao laboratório para a coleta do material biológico. STJ. 3ª Turma. REsp 1562239/MS, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 09/05/2017 (Info 604).

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ESTATUTO PESSOA - DOMICÍLIO DO INTERESSADO

Pressupõe compatibilidade interna, chamada de filtragem constitucional. Somente é possível aplicar a lei do
domicílio se houver compatibilidade com o ordenamento interno.

Art. 7º - A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família

#ATENÇÃO EXCEÇÃO À LEI DOMICÍLIO

Existem 3 casos em que a LINDB admite a aplicação da lei estrangeira sem a aplicação do estatuto pessoal,
ou seja, a aplicação da lei estrangeira tem regra especifica que não obedece o domicilio do interessado.

1- Conflito sobre bens imóveis: aplica-se a lei do lugar em que está situado o imóvel.
2- Lei sucessória mais benéfica ao cônjuge ou aos filhos.

Art. 10 - A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais
favorável a lei pessoal do de cujus.

3- Lugar da obrigação: no caso de contratos internacionais se aplica a lei de residência do proponente.

LUGAR DE CELEBRAÇÃO DOS CONTRATOS

ART. 9º, LINDB ART. 435, CC


“Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a “Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que
lei do país em que se constituírem.” foi proposto.”
§ 2º “A obrigação resultante do contrato reputa-se
constituída no lugar em que residir o proponente”.
Norma de direito internacional privado Norma de direito interno
Aplicado a contratos em que as partes estão em Aplicada às partes residentes no Brasil
Estados diferentes

#DEOLHONAJURIS É possível que o cassino cobre no Brasil por dívidas de jogo contraídas no exterior. A
cobrança de dívida de jogo contraída por brasileiro em cassino que funciona legalmente no exterior é
juridicamente possível e não ofende a ordem pública, os bons costumes e a soberania nacional. STJ. 3ª Turma.
REsp 1628974-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/6/2017 (Info 610).

#DEOLHONAJURIS Aplica-se a lei brasileira para reger a sucessão de bem imóvel situado no exterior? A
Justiça brasileira é competente para julgar inventário e partilha de bem imóvel localizado em outro país?
NÃO. Ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira da situação da coisa
(e não a lei brasileira) na sucessão de bem imóvel situado no exterior. O art. 10 da LINDB afirma que a lei do
domicílio do autor da herança regulará a sucessão por morte. Ocorre que essa regra não é absoluta e deverá
ser interpretada sistematicamente, ou seja, em conjunto com os demais dispositivos que regulam o tema,
em especial o art. 8º, caput, e § 1º do art. 12, ambos da LINDB e o art. 89 do CPC 1973 (art. 23 do CPC 2015).
Desse modo, esses dispositivos revelam que a lei brasileira só se aplica para os bens situados no Brasil e

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autoridade judiciária brasileira somente poderá fazer o inventário dos bens imóveis aqui localizados. Mas no
caso em que há um bem imóvel no Brasil e outro no exterior, como fazer? Deverão ser abertos dois
inventários: um aqui no Brasil para reger o bem situado em nosso território e outro no exterior para partilhar
o imóvel de lá. STJ. 3ª Turma. REsp 1.362.400-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 28/4/2015
(Info 563).

#NÃOCONFUNDA

FORO DE DOMICÍLIO DO CASAL (CONJUGAL)

LINDB (disposições de direito material):

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada. (...)

§ 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro
domicílio conjugal.

§ 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio,
e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

CPC/15 (disposições de direito processual/competência):

Art. 53. É competente o foro:

I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união


estável:

a) de domicílio do guardião de filho incapaz;

b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;

c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal;

(...) É só lembrar que a LINDB (primeiro domicílio conjugal) veio antes que o CPC/15 (último domicílio
conjugal). #FICADICA

#FICADEOLHO LEI Nº 13.655/2018 2

Em abril de 2018, foi aprovada a Lei nº 13.655/2018, que promoveu profundas alterações no Direito brasileiro
ao inserir 10 novos artigos na LINDB.

A Lei nº 13.655/2018 incluiu na LINDB os arts. 20 a 30 prevendo regras sobre segurança jurídica e eficiência
na criação e na aplicação do direito público. Vale ressaltar que o art. 25 foi vetado.

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https://www.dizerodireito.com.br/2019/06/breves-comentarios-lei-136552018-e-
ao.html#:~:text=Breves%20coment%C3%A1rios%20%C3%A0%20Lei%2013.655%2F2018%20e%20ao%20Decreto%
209.830%2F2019,-
1.&text=A%20LINDB%20(antiga%20LICC)%20%C3%A9,por%20finalidade%20regulamentar%20outras%20normas.

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A interpretação dos arts. 20 a 30, portanto, deve ser a de que eles se aplicam para temas de direito público,
mais especificamente para matérias de Direito Administrativo, Financeiro, Orçamentário e Tributário.

Tais regras não se aplicam, portanto, para temas de direito privado.

DECISÃO COM BASE EM VALORES JURÍDICOS ABSTRATOS

A Lei nº 13.655/2018 acrescenta à LINDB o art. 20, cujo caput possui a seguinte redação:

Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.

Esse dispositivo proíbe que se decida com base em valores jurídicos abstratos? NÃO. Continua sendo
possível. No entanto, todas as vezes em que se decidir com base em valores jurídicos abstratos, deverá ser
feita uma análise prévia de quais serão as consequências práticas dessa decisão. O art. 20 da LINDB introduz
a necessidade de o órgão julgador considerar um argumento metajurídico no momento de decidir, qual seja,
as “consequências práticas da decisão”.

Resumo:

• Não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências
práticas da decisão.

• Isso vale para decisões proferidas nas esferas administrativas (ex: em um PAD), controladora (ex:
julgamento das contas de um administrador público pelo TCE) e judicial (ex: em uma ação civil pública
pedindo melhores condições do sistema carcerário).

Previsão contraditória

Vale ressaltar que esse art. 20 revela uma enorme contradição. Isso porque ele defende que o julgador não
deve decidir com base em “valores jurídicos abstratos” sem que sejam consideradas as consequências
práticas da decisão. Ocorre que a própria Lei nº 13.655/2018 introduz na LINDB uma série de expressões
jurídicas abstratas, como por exemplo: “segurança jurídica de interesse geral”, “interesses gerais da época”,
regularização “de modo proporcional e equânime”, “obstáculos e dificuldades reais do gestor”, “orientação
nova sobre norma de conteúdo indeterminado” etc.

DECISÃO QUE ACARRETE INVALIDAÇÃO DE ATO, CONTRATO, AJUSTE, PROCESSO OU NORMA


ADMINISTRATIVA

A Lei nº 13.655/2018 demonstrou uma preocupação muito grande com decisões que acarretem invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa. Por isso, inseriu na LINDB dois dispositivos para
tratar sobre o tema: o parágrafo único do art. 20 e o art. 21. O art. 20, parágrafo único, vimos acima. Confira
agora o caput do art. 21:

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências
jurídicas e administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses

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gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do
caso, sejam anormais ou excessivos.

Exigências de motivação

Conjugando os arts. 20 e 21 da LINDB, podemos concluir que a decisão que acarrete a invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá...

• demonstrar a necessidade e adequação da invalidação;


• demonstrar as razões pelas quais não são cabíveis outras possíveis alternativas;
• indicar, de modo expresso, suas consequências jurídicas e administrativas.

INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS SOBRE GESTÃO PÚBLICA

Primado da realidade

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as
dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos
administrados.

§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa, SERÃO CONSIDERADAS AS CIRCUNSTÂNCIAS PRÁTICAS que houverem imposto, limitado ou
condicionado a ação do agente.

Critérios para aplicação de sanções

§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos


que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
antecedentes do agente.

Critérios a serem considerados na aplicação das sanções:

a) Natureza e gravidade da infração cometida;


b) Danos causados à Administração Pública;
c) Agravantes;
d) Atenuantes;
e) Antecedentes.

Sanções de mesma natureza deverão ser consideradas

§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma
natureza e relativas ao mesmo fato.

MUDANÇA DE INTERPRETAÇÃO OU ORIENTAÇÃO E MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação
nova sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito,
deverá prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de
direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

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Se houver uma mudança na forma como tradicionalmente a Administração Pública, os Tribunais de Contas
ou o Poder Judiciário interpretavam determinada norma, deverá ser previsto um regime de transição.

Este regime de transição representa a concessão de um prazo para que os administradores públicos e demais
pessoas afetadas pela nova orientação possam se adaptar à nova interpretação. É como se fosse uma
modulação dos efeitos.

Requisitos para a aplicação do regime de transição:

a) A decisão administrativa, controladora ou judicial deve estabelecer uma interpretação ou orientação nova.
Considera-se nova interpretação ou nova orientação aquela que altera o entendimento anterior consolidado
(art. 6º, § 3º do Decreto);

b) Essa interpretação nova deve recair sobre uma norma de conteúdo indeterminado;

c) Por conta dessa interpretação, será imposto novo dever ou novo condicionamento de direito;

d) O regime de transição mostra-se, no caso concreto, indispensável para que o novo dever ou
condicionamento de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente;

e) A imposição desse regime de transição não pode acarretar prejuízo aos interesses gerais.

Cabe ao órgão julgador a análise dos preenchimentos dos requisitos acima, sendo passível de recurso caso o
interessado entenda que deveria ter direito ao regime de transição.

O CPC/2015 possui um dispositivo tratando sobre a possibilidade de modulação dos efeitos de decisão
judicial. Ressalte-se, contudo, que a redação do CPC é bem superior à do art. 23 da LINDB, sendo mais clara
e objetiva. Confira:

Art. 927 (...)

§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais


superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da
alteração no interesse social e no da segurança jurídica.

RESPONSABILIDADE DO AGENTE PÚBLICO

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo
ou erro grosseiro.

Dolo

Abrange tanto os casos de dolo direto como também eventual.

Erro grosseiro = culpa grave

Considera-se erro grosseiro aquele manifesto, evidente e inescusável praticado com culpa grave,
caracterizado por ação ou omissão com elevado grau de negligência, imprudência ou imperícia (art. 12, § 1º
do Decreto).

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Assim, para o Decreto, erro grosseiro é aquele no qual o agente atuou com culpa grave. Isso significa que, se
o agente teve culpa leve ou levíssima, ele não poderá ser responsabilizado.

Comprovação do dolo ou grosseiro é indispensável para a responsabilização do agente

Decreto nº 9.830/2019

Art. 12 (...)
§ 2º Não será configurado dolo ou erro grosseiro do agente público se não restar comprovada, nos autos do
processo de responsabilização, situação ou circunstância fática capaz de caracterizar o dolo ou o erro
grosseiro.

§ 3º O mero nexo de causalidade entre a conduta e o resultado danoso não implica responsabilização, exceto
se comprovado o dolo ou o erro grosseiro do agente público.

Complexidade da matéria e atribuições do agente devem ser consideradas

Ao se analisar se o agente atuou com dolo ou cometeu um erro grosseiro, deve-se levar em consideração a
complexidade da matéria e as atribuições exercidas pelo agente público

Decreto nº 9.830/2019

Art. 12 (...)

§ 4º A complexidade da matéria e das atribuições exercidas pelo agente público serão consideradas em
eventual responsabilização do agente público.

Grande prejuízo, por si só, não configura o dolo ou erro grosseiro

Decreto nº 9.830/2019

Art. 12 (...)

§ 5º O montante do dano ao erário, ainda que expressivo, não poderá, por si só, ser elemento para
caracterizar o erro grosseiro ou o dolo.

CONSULTA PÚBLICA

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os
de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados,
preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.

§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta
pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.

§ 2º (VETADO).

“O art. 29, ao prever a consulta pública prévia à edição de atos normativos por autoridade administrativa,
procura trazer transparência e previsibilidade à atividade normativa do Executivo. Trata-se de medida
consentânea com as melhores práticas.” (http://antonioanastasia.com.br/documentos/).

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DAS PESSOAS

DAS PESSOAS NATURAIS

De acordo com o artigo 1º do Código Civil, toda pessoa é capaz de direitos e de deveres na ordem civil. Trata-
se da capacidade de direito. Essa capacidade não se confunde com a capacidade de fato, pois os incapazes
estão excluídos desta última. A junção da capacidade de direito com a capacidade de fato forma a capacidade
civil plena.

#APOSTACICLOS: Atualmente, apenas os menores de 16 anos são tidos como absolutamente incapazes. Os
relativamente incapazes são os que possuem entre 16 e 18 anos de idade, os ébrios habituais, viciados em
tóxicos, os pródigos, e aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade.
Os absolutamente incapazes são representados, ao passo que os relativamente incapazes são assistidos.

Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro.

Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos.

I - (Revogado) ;
II - (Revogado) ;
III - (Revogado)
.
Art. 4º São incapazes, RELATIVAMENTE a certos atos ou à maneira de os exercer:

I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;


II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

#ATENÇÃO O Estatuto da Pessoa com Deficiência revogou dispositivos discriminatórios, sob o fundamento
do princípio da igualdade plena das pessoas com deficiência. Assim, a pessoa com deficiência tem assegurado
o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
Eventualmente, será necessária a curatela e, sempre que necessário, será facultada à pessoa com deficiência
o processo de tomada de decisão apoiada.

Depois do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que alterou os arts. 3º e 4º do Código
Civil, não é mais possível declarar como absolutamente incapaz o maior de 16 anos que, em razão de
enfermidade permanente, encontra-se inapto para gerir sua pessoa e administrar seus bens de modo
voluntário e consciente. A Lei nº 13.146/2015 teve por objetivo assegurar e promover a inclusão social das
pessoas com deficiência física ou psíquica e garantir o exercício de sua capacidade em igualdade de condições
com as demais pessoas. A partir da entrada em vigor da referida lei, só podem ser considerados

absolutamente incapazes os menores de 16 anos, ou seja, o critério passou a ser apenas etário, tendo sido

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eliminadas as hipóteses de deficiência mental ou intelectual anteriormente previstas no Código Civil. O


instituto da curatela pode ser excepcionalmente aplicado às pessoas com deficiência, ainda que agora sejam
consideradas relativamente capazes, devendo, contudo, ser proporcional às necessidades e às circunstâncias
de cada caso concreto (art. 84, § 3º, da Lei nº 13.146/2015). STJ. 3ª Turma. REsp 1927423/SP, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 27/04/2021 (Info 694).

#OLHAOGANCHO

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do NASCIMENTO COM VIDA; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro. Parte inferior do formulário

#TEORIAS
A personalidade somente seria adquirida a partir do nascimento com vida,
TEORIA NATALISTA independentemente da forma humana e de um tempo mínimo de sobrevida. O
nascituro não poderia ser considerado pessoa, tendo mera expectativa de direitos.
TEORIA DA A personalidade jurídica somente seria adquirida sob a condição de nascer com
PERSONALIDADE vida, embora o nascituro já pudesse ser titular de determinados direitos
CONDICIONAL extrapatrimoniais.
(CONDICIONALISTA)
O nascituro seria considerado pessoa desde a concepção, inclusive, para certos
efeitos ou direitos patrimoniais. Ex.: herança. Nascendo com vida, consolida-se
TEORIA esse efeito.
CONCEPCIONISTA OBS.: Embora não seja uniforme, vem ganhando força nos últimos anos. Ex.:
indenização por dano moral ao nascituro (REsp 931556/RS), pagamento de seguro
DPVAT pela morte de um nascituro.

Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos
os atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento PÚBLICO,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos AUSENTES, nos
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, SEM decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;


II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra.

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Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

EMANCIPAÇÃO -> Enunciado n. 530 do CJF, aprovado na VI Jornada de Direito Civil: a emancipação, por si
só, não elide a incidência do Estatuto da Criança e do Adolescente. A emancipação é uma hipótese e de
extinção do poder familiar (art. art. 1.635, II, do CC) e, via de regra definitiva, irrevogável e irretratável.

#OLHAOLINK DIREITOS DA PERSONALIDADE

O direito ao esquecimento é considerado incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro. Logo, não é
capaz de justificar a atribuição da obrigação de excluir a publicação relativa a fatos verídicos. STJ. 3ª Turma.
REsp 1961581-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 723).

É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício
da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da
personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.
STF. Plenário. RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786)
(Info 1005).

- EXTINÇÃO DA PESSOA FÍSICA:

A morte marca o fim da pessoa natural (art. 6º do CC – “A existência da pessoa natural termina com a morte;
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva”).

- Além da morte real (à vista do cadáver), existem as seguintes hipóteses de morte presumida: (a) decorrente
da ausência; (b) decorrente das situações do art. 7º do CC.

✓ (a) Morte presumida por ausência: A ausência é o procedimento em que se declara o estado de
desaparecimento de uma pessoa do seu domicílio sem deixar procurador. Foi tratada pelo codificador como
uma situação de morte presumida, a partir do momento em que é aberta a sucessão DEFINITIVA dos bens
do ausente.
✓ (b) Morte presumida do art. 7º do CC: Estas hipóteses não se confundem com a ausência.

- Note-se na morte presumida existem duas situações:

✓ A primeira trata da probabilidade extrema de morte daquele que se encontre em perigo de vida.
(CC art. 7º, I).
✓ A segunda hipótese trata dos desaparecidos em campanha de guerra ou feito prisioneiro, caso não
seja encontrado até 02 dois anos após o término da guerra (CC art. 7º, II).

#DEOLHONAJURIS Não há exigência de formalidade específica acerca da manifestação de última vontade do


indivíduo sobre a destinação de seu corpo após a morte, sendo possível a submissão do cadáver ao
procedimento de criogenia em atenção à vontade manifestada em vida. A criogenia (ou criopreservação) é a
técnica de congelamento do corpo humano após a morte, em baixíssima temperatura, a fim de conservá-lo,
com o intuito de reanimação futura da pessoa caso sobrevenha alguma importante descoberta científica que
possibilite o seu retorno à vida. Em outras palavras, a criogenia consiste no congelamento de cadáveres a
baixas temperaturas, com a finalidade de que, com os possíveis avanços da ciência, sejam, um dia,

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ressuscitados. STJ. 3ª Turma. REsp 1.693.718-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/03/2019
(Info 645).

- Comoriência

Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
COMORIENTES precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

- É um fenômeno jurídico que ocorre quando dois ou mais indivíduos falecem na mesma ocasião, não se
podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumindo-se simultaneamente
mortos. Ex.: avião da Chapecoense. Nota-se que não é necessário que a morte tenha ocorrido no mesmo
local. A presunção da morte simultânea tem como principal efeito que, não havendo tempo ou oportunidade
para a transferência de bens entre os comorientes, um não herda do outro.

DIREITOS DA PERSONALIDADE

#DEOLHONAJURIS

Jurisprudência em Teses do STJ

EDIÇÃO N. 137: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - I

1) O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja
permanente nem geral. (Enunciado n. 4 da I Jornada de Direito Civil do CJF)

2) A pretensão de reconhecimento de ofensa a direito da personalidade é imprescritível.

3) A ampla liberdade de informação, opinião e crítica jornalística reconhecida constitucionalmente à


imprensa não é um direito absoluto, encontrando limitações, tais como a preservação dos direitos da
personalidade.

4) No tocante às pessoas públicas, apesar de o grau de resguardo e de tutela da imagem não ter a mesma
extensão daquela conferida aos particulares, já que comprometidos com a publicidade, restará
configurado o abuso do direito de uso da imagem quando se constatar a vulneração da intimidade ou da
vida privada.

5) Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa
com fins econômicos ou comerciais. (Súmula n. 403/STJ)

6) A divulgação de fotografia em periódico (impresso ou digital) para ilustrar matéria acerca de


manifestação popular de cunho político-ideológico ocorrida em local público não tem intuito econômico
ou comercial, mas tão-somente informativo, ainda que se trate de sociedade empresária, não sendo o caso
de aplicação da Súmula n. 403/STJ.

7) A publicidade que divulgar, sem autorização, qualidades inerentes a determinada pessoa, ainda que
sem mencionar seu nome, mas sendo capaz de identificá-la, constitui violação a direito da personalidade.
(Enunciado n. 278 da IV Jornada de Direito Civil do CJF)

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8) O uso e a divulgação, por sociedade empresária, de imagem de pessoa física fotografada isoladamente
em local público, em meio a cenário destacado, sem nenhuma conotação ofensiva ou vexaminosa,
configura dano moral decorrente de violação do direito à imagem por ausência de autorização do titular.

9) O uso não autorizado da imagem de menores de idade gera dano moral in re ipsa.

10) A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento,
ou seja, o direito de não ser lembrado contra sua vontade, especificamente no tocante a fatos
desabonadores à honra. (Vide Enunciado n. 531 da IV Jornada de Direito Civil do CJF)
Superada. Isso porque o STF decidiu que o ordenamento jurídico brasileiro não consagra o denominado
direito ao esquecimento:

É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício
da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da
personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário.
RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005).

11) Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de
sua análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.

Apesar de o STF ter afirmado que não existe o direito ao esquecimento na forma acima explicada, o STJ
continua aplicando o entendimento exposto nessa tese 11. Nesse sentido:

Quando os registros da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de sua
análise desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento.

STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 711.946/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/04/2022.

Jurisprudência em Teses do STJ

EDIÇÃO N. 138: DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE - II

1) O dano moral extrapatrimonial atinge direitos de personalidade do grupo ou da coletividade como


realidade massificada, não sendo necessária a demonstração de da dor, da repulsa, da indignação, tal qual
fosse um indivíduo isolado.

2) A imunidade conferida ao advogado para o pleno exercício de suas funções não possui caráter absoluto,
devendo observar os parâmetros da legalidade e da razoabilidade, não abarcando violações de direitos da
personalidade, notadamente da honra e da imagem de outras partes ou de profissionais que atuem no
processo.

3) A voz humana encontra proteção nos direitos da personalidade, seja como direito autônomo ou como
parte integrante do direito à imagem ou do direito à identidade pessoal.

4) O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,


assentado no princípio da dignidade da pessoa humana.

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5) A regra no ordenamento jurídico é a imutabilidade do prenome, um direito da personalidade que


designa o indivíduo e o identifica perante a sociedade, cuja modificação revela-se possível, no entanto, nas
hipóteses previstas em lei, bem como em determinados casos admitidos pela jurisprudência.

6) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de
gênero no registro civil, exigindo-se, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, em
respeito aos princípios da identidade e da dignidade da pessoa humana, inerentes à personalidade.

7) É possível a modificação do nome civil em decorrência do direito à dupla cidadania, de forma a unificar
os registros à luz dos princípios da verdade real e da simetria.

8) A continuidade do uso do sobrenome do ex-cônjuge, à exceção dos impedimentos elencados pela


legislação civil, afirma-se como direito inerente à personalidade, integrando-se à identidade civil da pessoa
e identificando-a em seu entorno social e familiar.

9) O direito ao nome, enquanto atributo dos direitos da personalidade, torna possível o restabelecimento
do nome de solteiro após a dissolução do vínculo conjugal em decorrência da morte.

10) Em caso de uso indevido do nome da pessoa com intuito comercial, o dano moral é in re ipsa.

11) Não se exige a prova inequívoca da má-fé da publicação (actual malice), para ensejar a indenização
pela ofensa ao nome ou à imagem de alguém.

12) Os pedidos de remoção de conteúdo de natureza ofensiva a direitos da personalidade das páginas de
internet, seja por meio de notificação do particular ou de ordem judicial, dependem da localização
inequívoca da publicação (Universal Resource Locator - URL), correspondente ao material que se pretende
remover.

DAS PESSOAS JURÍDICAS

Quanto à Pessoa Jurídica, o ordenamento jurídico brasileiro a considera uma ficção legal, com identidade
própria ("teoria da realidade técnica").

#ATENÇÃO ✓ Teoria da realidade técnica (Raymond Sayles): é a mais equilibrada e prediz que a pessoa
jurídica era personificada pela técnica do direito, mas também era detentora de uma dimensão social,
integrando relações de variada ordem como sujeito de direito autônomo.

#OLHAOGANCHO: São pessoas jurídicas de direito privado as:

➔ Associações;
➔ Sociedades;
➔ Fundações;
➔ Organizações religiosas;
➔ Partidos políticos;
➔ Empresa individuais de responsabilidade limitada (EIRELI).

#ATENÇÃO: As pessoas jurídicas de direito público interno são consideradas:

➔ A União;

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➔ Os Estados;
➔ O Distrito Federal;
➔ Os Territórios;
➔ Os Municípios;
➔ As Autarquias;
➔ As Associações Públicas e demais entidades de caráter público criadas por lei.

Já as pessoas jurídicas de direito público externo são os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem
regidas pelo direito internacional público.

#OLHONOGANCHO: Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o registro,
precedendo, quando necessária, a autorização do Poder Executivo. Decai em 03 anos o direito de anular sua
constituição.

#OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURIS É inconstitucional o condicionamento da desfiliação de associado à


quitação de débito referente a benefício obtido por intermédio da associação ou ao pagamento de multa. RE
820823/DF, relator Min. Dias Toffoli, julgamento virtual finalizado em 30.9.2022 (sexta-feira) às 23:59. Tema
922 da Repercussão Geral. (Info 1070 - STF).

#SELIGANASÚMULA:

Súmula 227-STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Súmula 481-STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que
demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais.

#ATENÇÃO Desconsideração da Personalidade Jurídica

Quando se aplica a desconsideração da personalidade jurídica, os bens particulares dos administradores ou


sócios são utilizados para pagar dívidas da pessoa jurídica. Somente poderá ocorrer a desconsideração da
personalidade jurídica nas relações jurídicas regidas pelo Código Civil se ficar caracterizado que houve abuso
da personalidade jurídica. O abuso da personalidade jurídica pode ocorrer em duas situações:

1) Desvio de finalidade: é o ato intencional, do administrador ou do sócio, de fraudar terceiros ou praticar


atos ilícitos utilizando a autonomia da pessoa jurídica como um escudo.

2) Confusão patrimonial: a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I -


cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II -
transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente
insignificante; e III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.

TEORIA MAIOR TEORIA MENOR


O Direito Civil brasileiro adotou, como regra geral, a No Direito do Consumidor e no Direito Ambiental,
chamada teoria maior da desconsideração. Isso adotou-se a teoria menor da desconsideração. Isso
porque o art. 50 exige que se prove o desvio de porque, para que haja a desconsideração da
finalidade (teoria maior subjetiva) ou a confusão personalidade jurídica nas relações jurídicas
patrimonial (teoria maior objetiva). envolvendo consumo ou responsabilidade civil
ambiental não se exige desvio de finalidade nem
confusão patrimonial.

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Deve-se provar: De acordo com a Teoria Menor, a incidência da


1) Abuso da personalidade (desvio de finalidade ou desconsideração se justifica:
confusão patrimonial); a) pela comprovação da insolvência da pessoa
2) Que os administradores ou sócios da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações,
jurídica foram beneficiados direta ou indiretamente somada à má administração da empresa (art. 28,
pelo abuso (novo requisito trazido pela Lei nº caput, do CDC); ou
13.874/2019). b) pelo mero fato de a personalidade jurídica
representar um obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores, nos termos
do § 5º do art. 28 do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp
1735004/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
26/06/2018.
Adotada pelo art. 50 do CC. Prevista no art. 4º da Lei nº 9.605/98 (Lei
Ambiental) e no art. 28, § 5º do CDC.

✓ Desconsideração Inversa – O art. 50, §3º, do CC passou a prever expressamente a desconsideração


inversa da personalidade jurídica. Nesta, o juiz, mediante requerimento, autoriza que os bens da
pessoa jurídica sejam utilizados para pagar as dívidas dos sócios ou dos administradores.
Afastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na
desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio
social. A desconsideração inversa tem sido usada com frequência pelo direito de família, quando um
dos cônjuges, pretendendo se separar do outro, transfere os bens pessoais para uma sociedade, com
o objetivo de livrá-los da partilha.

✓ Desconsideração Indireta – Ocorre nos casos de sociedades controladas, controladoras e coligadas


em que uma delas se vale da condição de dominante para fraudar seus credores. A desconsideração
se aplica a toda e qualquer das sociedades que se encontrem inseridas no grupo econômico, a fim
de alcançar a efetiva fraudadora que está encoberta pelas coligadas.

✓ Desconsideração expansiva – tem por finalidade responsabilizar o sócio oculto de determinada


sociedade que se acoberta através do chamado “laranja”. Segundo essa teoria, é possível atingir o
patrimônio do sócio que se utiliza de uma sociedade que está em nome de terceiro, mas que ele,
sócio oculto, detém o controle Nessa modalidade, o sócio oculto se esconde atrás de um terceiro
para não ser responsabilizado por eventual inadimplemento da sociedade, preservando seu
patrimônio.

#OLHONOGANHO

Enunciado 282/CJF: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para
caracterizar abuso de personalidade jurídica.

Enunciado 281/CJF: a aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde
da demonstração de insolvência da pessoa jurídica.

Súmula nº 435, STJ: presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio-gerente.

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Enunciado 284: as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não econômicos estão
abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica.

Enunciado 285: a desconsideração prevista no art. 50 do CC pode ser invocada pela pessoa jurídica em seu
favor.

Enunciado 07: só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica quando houver a prática de ato
irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido.

Enunciado 146: nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâmetros de desconsideração da


personalidade jurídica previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confusão patrimonial). Este
Enunciado não prejudica o Enunciado n. 7.

DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL X DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA

O domicílio é o lugar em que a pessoa física fixa residência com ânimo definitivo, transformando-o no centro
da sua vida jurídica (art. 70 do CC – “O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
residência com ânimo definitivo”).

Domicílio = Residência (elemento objetivo) + Ânimo Definitivo (elemento subjetivo).

#PARAFIXAR DOMICÍLIO: é a sede jurídica da pessoa; local em que responderá pelos direitos e deveres
assumidos

DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO


PRIVADO
a) Domicílio voluntário: é aquele fixado pela Domicílio no lugar onde funcionam as respectivas
vontade da pessoa, como exercício da autonomia diretorias e administrações, ou onde elegerem o
privada. domicílio especial nos seus estatutos.

b) Domicílio necessário ou legal (art. 76 do CC) é o Admite-se a pluralidade de domicílios, sendo que
imposto pela lei: isso será possível quando a pessoa jurídica de
- o domicílio dos absolutamente e relativamente direito privado tenha diversos estabelecimentos,
incapazes (arts. 3.º e 4.º do CC) é o mesmo dos seus como as agências ou escritórios de representação
representantes; ou administração (art. 75, §1º, do CC/02).
- o domicílio do servidor público ou funcionário
público é o local em que exercer, com caráter
permanente, as suas funções;
- o domicílio do militar é o do quartel onde servir ou
do comando a que se encontrar subordinado
(sendo da Marinha ou da Aeronáutica);
- o domicílio do marítimo ou marinheiro é o do local
em que o navio estiver matriculado;
- o domicílio do preso é o local em que cumpre a
sua pena.
Obs.: o domicílio necessário não exclui o voluntário.

c) Domicílio contratual ou convencional: Trata-se,


nos termos do art. 78 do CC, daquele domicílio

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Ciclos Método

escolhido pelas próprias partes, em contrato


escrito, segundo a autonomia privada.
#OLHAOGANCHO: A fixação desse domicílio para
um negócio jurídico acaba repercutindo na questão
do foro competente para apreciar eventual
discussão do contrato, razão pela qual se denomina
tal previsão como cláusula de eleição de foro – art.
63, NCPC.

DOS BENS

É comum a cobrança da classificação dos bens. Então vamos mais uma vez revisar, através de uma tabela
#SELIGA

BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS (art. 79 a 91 do CC)

tudo aquilo que é incorporado ao


Por NATUREZA
solo naturalmente;
tudo aquilo que é incorporado ao
Por ACESSÃO física artificial (ou solo artificialmente, por
industrial interferência humana, por
exemplo, as construções;
Art. 80 do CC:
- direitos reais sobre imóveis
(usufruto, anticrese, hipoteca) e
as ações que lhe asseguram;
BENS IMÓVEIS - direito à sucessão aberta;
Art. 81 do CC (não perdem o
caráter de imóveis):
Por DETERMINAÇÃO legal - edificações que, separadas do
solo, mas conservando a sua
unidade, forem removidas para
outro local;
- os materiais provisoriamente
separados de um prédio, para
nele se reempregarem.
são os que podem se locomover
por força própria (semoventes,
Por NATUREZA que são os animais, que possuem
movimento próprio) ou alheia
(mesa, cadeira);
são incorporados ao solo por
BENS MÓVEIS vontade alheia para depois serem
Por ANTECIPAÇÃO retirados e transformados em
bem móvel. Exemplo: árvore para
produção de móveis;
Art. 83 do CC:
Por DETERMINAÇÃO LEGAL - as energias que tenham valor
econômico;

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Ciclos Método

- direitos reais sobre objetos


móveis (penhor) e as ações
correspondentes;
- direitos pessoais de caráter
patrimonial (fiança, locação,
caução etc.) e respectivas ações.
Art. 84 do CC: os materiais
destinados a alguma construção,
enquanto não forem
empregados, conservam sua
qualidade de móveis; readquirem
essa qualidade os provenientes
da demolição de algum prédio.
São os bens móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade.
A fungibilidade é atributo exclusivo de bens móveis, não existem bens
BENS FUNGÍVEIS
imóveis fungíveis. Porém, existem móveis fungíveis, que, por vontade
das partes, podem tornar-se infungíveis.
O empréstimo de bem fungível se chama mútuo.
São bens que não podem ser substituídos por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade.
Exemplo: uma tela de pintura. O credor de coisa certa não pode ser
BENS INFUNGÍVEIS
obrigado a receber outra, ainda que mais valiosa. A infungibilidade
pode apresentar-se em bens imóveis e móveis.
O empréstimo de bem infungível se chama comodato
São os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria
substância. Também são assim considerados aqueles destinados à
alienação.
BENS CONSUMÍVEIS a) Consuntibilidade física: para os bens móveis cujo uso importa
destruição imediata da própria substância;
b) Consuntibilidade jurídica: para os que são destinados à alienação,
e por esse motivo são chamados de alienáveis ou no comércio
São os que podem ser usados continuadamente, possibilitando que se
retirem todas as suas utilidades sem atingir sua integridade. A
BENS INCONSUMÍVEIS
inconsuntibilidade também pode ser física (bens que permitem uso
reiterado) ou jurídica (bens inalienáveis).
São os que se podem fracionar sem alteração na sua substância,
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se
BENS DIVISÍVEIS
destinam. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se
indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
São aqueles que, quando fracionados, perdem a possibilidade de
prestar os serviços e utilidades que o todo anteriormente oferecia. A
indivisibilidade pode ter as seguintes origens:
a) natural: quando se referir à origem do bem, por exemplo, uma
BENS INDIVISÍVEIS casa;
b) legal: quando for oriunda de previsão legal, por exemplo, a
herança;
c) convencional: quando tiver origem em acordo de vontade (art.
1.320, §§ 1º e 2º, do CC).

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Os bens que, embora reunidos, se consideram de per si ,


BENS SINGULARES
independentemente dos demais.
São aqueles que só possuem valor próprio agrupados. Os bens
coletivos se dividem em:
a) universalidade de fato: são vários bens singulares ligados entre si
por vontade humana.
Art. 90 do CC: pluralidade de bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, tenham destinação unitária. Como exemplos, citamos
BENS COLETIVOS
a biblioteca e a manada de elefantes;
b) universalidade de direito: vários bens singulares ligados entre si
por vontade da lei.
Art. 91 do CC: complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas
de valor econômico. Como exemplos, citamos o espólio e a massa
falida

BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (Arts. 92 A 97 do CC)

BEM PRINCIPAL É o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente;


É o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; Bem
acessório aquele cuja existência supõe a do principal.
#SELIGA: Neste tipo de bem se aplica o princípio da gravitação
jurídica, cuja regra é a de que o acessório segue o principal. Porém,
essa regra é relativa.
A natureza do acessório é a mesma da do principal: se esta é imóvel,
aquela também será. O proprietário do principal é proprietário do
acessório. Neste tipo de bens, encontramos as benfeitorias, os frutos,
os produtos e pertenças, que apesar de ainda não terem sido
separados do bem principal, podem ser objeto de negócio jurídico.

ESPÉCIES:
➔ FRUTOS: Saem do bem sem diminuir a quantidade. Podem ser
naturais, industriais e civis. É aquela utilidade que a coisa
principal periodicamente gera e cuja percepção não diminui a
BEM ACESSÓRIO
sua substância (não esgota a coisa principal). Ex: frutos
naturais (laranja, soja, maçã, bezerro em relação à vaca);
frutos industriais (manufaturados); frutos civis (denominados
rendimentos, como aluguéis, juros, dividendos).
➔ PRODUTOS: Saem do bem diminuindo o principal. São
utilidades que não se renovam (não renováveis), de maneira
que a sua percepção esgota/diminui a coisa principal. Ex:
Ouro, carvão, petróleo etc.
➔ PERTENÇAS: Não constituem parte integrante, mas servem de
modo duradouro ao uso, serviço ou embelezamento de outro
bem. É a coisa que, sem fazer parte integrante do bem
principal, acopla-se ao mesmo para sua melhor utilização,
para melhor servi-lo. É a coisa que, sem integrar o bem
principal, facilita a sua utilização. Ex.: Ar-condicionado, escada

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de incêndio, trator. OBS: As pertenças não seguem a sorte do


principal, é exceção à regra.
➔ PARTE INTEGRANTE: Acessório unido ao bem principal
formando com este um todo indivisível.
➔ BENFEITORIAS: Acréscimos e melhoramentos introduzidos no
bem principal. Podem ser:

-Necessárias (são obras indispensáveis à manutenção do bem, ou seja,


têm por fim conservar a coisa ou evitar que se deteriore. Exemplo:
conserto no teto de uma casa);
-Úteis (são aquelas que aumentam ou facilitam o uso da coisa
principal. Exemplo: rampa para deficientes e idosos) ;
-Voluptuárias ( são as de mero deleite ou recreio, que têm o objetivo
de lazer ou embelezamento. Exemplo: piscina). Não existe
benfeitoria natural.
#ATENÇÃO: A benfeitoria é SEMPRE artificial.

Dentro do tópico bens, vamos revisar também:

BENS DE FAMÍLIA

BEM DE FAMÍLIA LEGAL - O bem de família legal consiste no imóvel residencial próprio do casal, ou da
entidade familiar.

Considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia
permanente.

Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a
impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no
Registro de Imóveis e na forma do Código Civil (bem de família convencional).

Regra: o bem de família legal é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial,
fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus
proprietários e nele residam (art. 1º).

Bem de família e imóvel rural: Quando a residência familiar constituir-se em imóvel rural, a
impenhorabilidade ficará restrita à sede de moradia, com os respectivos bens móveis. Nos casos do art. 5º,
inciso XXVI, da CF/88, a impenhorabilidade ficará restrita à área limitada como pequena propriedade rural
("XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será
objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre
os meios de financiar o seu desenvolvimento;").

#ATENÇÃO EXCEÇÕES:

Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária,


trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:

II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no


limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;

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III - pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com
o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel
familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade
familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em
contrato de locação.

#DEOLHONAJURIS

É impenhorável o bem de família oferecido como caução em contrato de locação comercial. Exemplo
hipotético: em um contrato de locação comercial de terceiro, Ricardo ofereceu sua casa como caução
(garantia) da relação locatícia (art. 37, I, da Lei nº 8.245/91). O terceiro (locatário) não pagou os aluguéis e o
locador executou o locatário e Ricardo pedindo a penhora da casa objeto da caução. Ocorre que se trata de
bem de família onde Ricardo reside. Será possível a penhora? Não. As hipóteses excepcionais nas quais o
bem de família pode ser penhorado estão previstas, taxativamente, no art. 3º da Lei nº 8.009/90. Tais
hipóteses não admitem interpretação extensiva. O escopo da Lei nº 8.009/90 não é proteger o devedor
contra suas dívidas, mas sim a entidade familiar no seu conceito mais amplo, razão pela qual as hipóteses
permissivas da penhora do bem de família, em virtude do seu caráter excepcional, devem receber
interpretação restritiva. A caução levada a registro, embora constitua garantia real, não encontra previsão
em qualquer das exceções contidas no art. 3º da Lei nº 8.009/90, devendo, em regra, prevalecer a
impenhorabilidade do imóvel, quando se tratar de bem de família. Assim, não é possível a penhora do bem
de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o imóvel como caução em contrato de locação.
STJ. 4ª Turma. REsp 1789505-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 22/03/2022 (Info 732).

Admite-se a penhora do bem de família para saldar o débito originado de contrato de empreitada global
celebrado para promover a construção do próprio imóvel. Exemplo hipotético: João tinha um terreno vazio
e contratou uma construtora para edificar uma casa no local. O contrato celebrado foi do tipo “empreitada
global”, ou seja, a empresa foi contratada para construir a casa fornecendo todo o material necessário. A
casa foi entregue, mas João deixou de pagar as últimas parcelas do contrato. Diante disso, a empresa ajuizou
execução contra o devedor e o juiz determinou a penhora da casa, mesmo sendo bem de família. Isso é
permitido com base na inciso II do art. 3º da Lei nº 8.009/90: Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em
qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
(...) II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel,
no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
O intuito do legislador ao prever a exceção legal ora tratada foi o de evitar que aquele que contribuiu para a
aquisição ou construção do imóvel ficasse impossibilitado de receber o seu crédito. Nesse cenário, é nítida a
preocupação do legislador no sentido de impedir a deturpação do benefício legal, vindo a ser utilizado como
artifício para viabilizar a aquisição, melhoramento, uso, gozo e/ou disposição do bem de família sem
nenhuma contrapartida, à custa de terceiros. STJ. 3ª Turma. REsp 1976743-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 08/03/2022 (Info 728).

A penhorabilidade de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação também se aplica no caso
de locação de imóvel comercial. É constitucional a penhora de bem de família pertencente a fiador de
contrato de locação, seja residencial, seja comercial. STF. Plenário. RE 1307334/SP, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 8/3/2022 (Repercussão Geral – Tema 1127) (Info 1046).

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O benefício da impenhorabilidade do bem de família deve ser concedido ainda que o imóvel tenha sido
adquirido no curso da demanda executiva, salvo na hipótese do art. 4º da Lei 8.009/90. Para o bem de família
instituído nos moldes da Lei nº 8.009/90, a proteção conferida pelo instituto alcançará todas as obrigações
do devedor, indistintamente, ainda que o imóvel tenha sido adquirido no curso de uma demanda executiva.
STJ. 4ª Turma. REsp 1792265-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/12/2021 (Info 723).

A impenhorabilidade não pode ser afastada só porque o imóvel familiar foi dado em garantia a outro credor.
Não incide a regra excepcional do artigo 3°, V, da Lei n° 8.009/90 sobre bem de família dado em garantia
hipotecária em favor de instituição financeira diversa para garantia de contrato representado pela emissão
de uma cédula de crédito bancário. STJ. 3ª Turma. REsp 1.604.422-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 24/08/2021.

Caso concreto: em um contrato de locação de terceiro, João ofereceu sua casa como caução (garantia) da
relação locatícia (art. 37, I, da Lei nº 8.245/91). O terceiro (locatário) não pagou os aluguéis e a empresa
locadora executou o locatário e João pedindo a penhora da casa objeto da caução. Ocorre que se trata de
bem de família onde João reside. Será possível a penhora? Não. As hipóteses excepcionais nas quais o bem
de família pode ser penhorado estão previstas, taxativamente, no art. 3º da Lei nº 8.009/90. Tais hipóteses
não admitem interpretação extensiva. A caução imobiliária oferecida em contrato de locação não consta
como uma situação na qual o art. 3º da Lei autorize a penhora do bem de família. Assim, não é possível a
penhora do bem de família mesmo que o proprietário tenha oferecido o imóvel como caução em contrato
de locação. STJ. 3ª Turma. REsp 1873203-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/11/2020 (Info 683).

Proprietário que aceita que seu bem de família sirva como garantia de um contrato de alienação fiduciária
em garantia não pode, posteriormente, alegar que esse ato de disposição foi ilegal A proteção legal conferida
ao bem de família pela Lei nº 8.009/90 não pode ser afastada por renúncia do devedor ao privilégio, pois é
princípio de ordem pública, prevalente sobre a vontade manifestada. A despeito disso, o bem de família legal
não gera inalienabilidade. Logo, é possível que o proprietário pratique atos de disposição dele, podendo, por
exemplo, oferecê-lo como objeto de alienação fiduciária em garantia. A utilização abusiva do direito à
proteção do bem de família viola o princípio da boa-fé objetiva e, portanto, não deve ser tolerada. Assim,
deve ser afastado o benefício conferido ao titular do bem de família que exerce o direito em
desconformidade com o ordenamento jurídico. STJ. 4ª Turma. REsp 1595832-SC, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 29/10/2019 (Info 664).

É possível a penhora de fração ideal de bem de família nas hipóteses legais, desde que o imóvel possa ser
desmembrado sem ser descaracterizado. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1655356/SP, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, julgado em 19/04/2021.

É possível a penhora de parte do imóvel caracterizado como bem de família, quando desmembrável, e desde
que o desmembramento não prejudique ou inviabilize a residência da família. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp
1679373/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 30/11/2020.

Admite-se, excepcionalmente, a penhora de parte do imóvel quando for possível o seu desmembramento
em unidades autônomas, sem descaracterizá-lo, levando em consideração, com razoabilidade, as
circunstâncias e peculiaridades do caso. Situação não demonstrada no caso dos autos. STJ. 3ª Turma. AgInt
no AREsp 1146607/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 04/05/2020.

É cabível a averbação de protesto contra alienação em matrícula de imóvel considerado bem de família É
possível a averbação de protesto contra a alienação de imóvel classificado como bem de família – não para
impedir a venda do imóvel impenhorável, mas para informar terceiros de boa-fé sobre a pretensão do credor,
especialmente na hipótese de futuro afastamento da proteção contra a penhora. A impenhorabilidade do

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bem de família é uma garantia jurídica que incide sobre uma situação fática atual: a moradia familiar. No
entanto, os fatos podem ser modificados por várias razões, como o recebimento de herança, a compra de
um segundo imóvel ou a mudança de residência da família. Havendo alguma mudança, aquele imóvel pode
deixar de ser um bem de família. Assim, ao perder a qualidade de bem de família, a venda posterior do imóvel
com registro de protesto contra alienação de bens pode, numa análise casuística, configurar fraude à
execução. STJ. 4ª Turma. REsp 1236057-SP, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 06/04/2021 (Info
692).

A exceção à impenhorabilidade do bem de família, prevista para o crédito decorrente do financiamento


destinado à construção ou à aquisição do imóvel, estende-se ao imóvel adquirido com os recursos oriundos
da venda daquele bem. STJ. 3ª Turma. REsp 1935842-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/06/2021
(Info 702).

O inciso VI do art. 3º da Lei nº 8.009/90 afirma que é possível a penhora do bem de família caso ele tenha
“sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento
indenização ou perdimento de bens”. Para a incidência da exceção prevista no art. 3º, VI, da Lei nº 8.009/90,
é indispensável que a sentença penal condenatória já tenha transitada em julgado, por não ser possível a
interpretação extensiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1823159-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 13/10/2020
(Info 681). STJ. 4ª Turma. REsp 1021440/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/05/2013.

Súmula 549-STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.

Súmula 449 do STJ: a vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem
de família para efeito de penhora.

Súmula 364-STJ: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente
a pessoas solteiras, separadas e viúvas.

Súmula 486-STJ: É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde
que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.

Súmula 205-STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência

DOS FATOS JURÍDICOS

FATOS JURÍDICOS

Qualquer fato que cria, modifica ou extingue direito.

A) FATO JURÍDICO NATURAL: Se esse fato for causado pela natureza será um fato jurídico natural, que pode
ser ordinário ou extraordinário

i.Fato jurídico natural ordinário: previsível (ex: maioridade, morte)

ii.Fato jurídico extraordinário: imprevisível (ex: carro financiado levado numa enchente, carro ainda
sendo pago nesse exemplo)

B)FATO JURÍDICO HUMANO

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i.Ato jurídico: tem os efeito previstos em lei (ex: casamento, casamento é ATO JURÍDICO.
Emancipação)

ii.Negócio Jurídico: efeitos decorrem da vontade das partes (ex: testamento, efeito decorre da
vontade do testador. O testamento é negócio jurídico unilateral)

NEGÓCIO JURÍDICO

ELEMENTOS ACIDENTAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO

CONDIÇÃO TERMO ENCARGO


Evento futuro e INCERTO Evento futuro e CERTO Cláusula acessória à liberalidade
Quando suspensiva: suspende a Quando suspensivo: NÃO NÃO impede a aquisição nem o
aquisição e o exercício do direito impede a aquisição do direito, exercício do direito - gera direito
mas, apenas o seu exercício - a adquirido
gera direito adquirido.

#NÃOCONFUNDA
- Condição: suspende AQUISIÇÃO do direito;
- Termo: não suspende AQUISIÇÃO do direito, mas suspende o EXERCÍCIO do direito;
- Encargo: não suspende AQUISIÇÃO do direito, nem suspende o EXERCÍCIO do direito.

→ DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

➔ Vício de consentimento: o defeito está na formação da vontade (vontade interna) e o prejudicado é


um dos contratantes. Ex.: Erro, Dolo, Coação, Lesão ou Estado de Perigo.
➔ Vício social: o defeito está na manifestação da vontade (vontade externa) e o prejudicado é sempre
um terceiro. Ex.: fraude contra credores e simulação

#SELIGANATABELA

Erro: a pessoa se engana sobre os fatos, ensejando a anulabilidade do negócio jurídico, no prazo
decadencial de 04 anos, desde que o erro seja substancial. A pessoa engana-se sozinha. O erro acidental
diz respeito aos elementos secundários do negócio jurídico e não gera a anulabilidade.
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do
negócio.

Art. 139. O erro é substancial quando:


I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele
essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade,
desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio
jurídico.

Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.

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Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o
é a declaração direta.

Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará
o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.

Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.

Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de
vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.

Dolo: consiste em artifício ardiloso empregado para enganar alguém, com o objetivo de benefício próprio.
O dolo essencial (única causa de celebração do negócio jurídico) enseja a possibilidade de anulação dentro
de 04 anos, contados da celebração do negócio. O dolo de terceiro enseja a anulação se o contratante
tiver conhecimento do proveito. Não havendo tal conhecimento, o dolo é acidental e o terceiro responde
por perdas e danos, mas não anula o negócio jurídico.
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito,
o negócio seria realizado, embora por outro modo.

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou
qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio
não se teria celebrado.

Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite
dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o
terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.

Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente
até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o
representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.

Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou
reclamar indenização.
Coação: pressão exercida sobre o negociante, causando fundado temor de dano iminente considerável. O
Magistrado deve levar em consideração as caraterísticas pessoais do indivíduo. A coação exercida por
terceiro gera a anulabilidade do negócio se o negociante beneficiado tiver conhecimento, respondendo
ambos solidariamente. Porém se o negociante beneficiado pela coação não tiver conhecimento, o negócio
permanece válido e o coator responderá sozinho pelas perdas e danos. O prazo decadencial é de 04 anos,
contados de quando cessar a coação.
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor
de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas
circunstâncias, decidirá se houve coação.

Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento
do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.

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Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor
reverencial.

Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento
a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.

Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite
dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos
que houver causado ao coacto.
Estado de perigo: ocorre quando o negociante estiver em perigo, conhecido pela outra parte, sendo este
a única causa para a celebração do negócio. No estado de perigo, o negociante acaba celebrando um
negócio mediante uma prestação exorbitante. Anula-se no prazo decadencial de 04 anos, contados da
celebração do ato, porém, pode ser buscada a manutenção do negócio por meio da revisão dos valores.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a
pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente
onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo
as circunstâncias.
Lesão: uma pessoa, sob premente necessidade ou inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
desproporcional. A invalidade negocial pode ser afastada se for oferecido suplemento suficiente ou se a
parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1 o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado
o negócio jurídico.
§ 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte
favorecida concordar com a redução do proveito.
Fraude contra credores: exige o consilium fraudis/conluio (elemento subjetivo), acrescido do evento
danoso ao credor (elemento objetivo). Existe uma atuação maliciosa do devedor, em estado de insolvência
ou na iminência de o ser, de modo que dispõe gratuitamente ou de forma onerosa de seu patrimônio para
afastar responsabilidade obrigacional assumida anteriormente. Assim, caberá ação anulatória pelos
credores quirografários no prazo decadencial de 04 anos a contar da celebração do negócio fraudulento
(ação pauliana).
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já
insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores
quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.

Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência
for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.

Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for,
aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os
interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes
corresponda ao valor real.

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Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa
que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido
de má-fé.

Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não
vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de
credores, aquilo que recebeu.

Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor
insolvente tiver dado a algum credor.

Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de
estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.

Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre
que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante
hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada.
Simulação: causa a nulidade do negócio jurídico, quando há um desacordo entre a vontade declarada e a
vontade interna, atingindo questão de ordem pública, pois as partes combinam de iludir um terceiro. O
Código Civil prevê que subsistirá o negócio que se dissimulou, se válido na substância e na forma
(simulação relativa). Neste último, há aparência de um negócio, mas na essência há outro. O negócio
aparente é nulo, mas o dissimulado será válido se não ofender a lei nem causar prejuízos a terceiros.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância
e na forma.
§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem,
ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.

#NÃOCONFUNDA
LESÃO ESTADO DE PERIGO
Somente acontece em contratos comutativos. Pode acontecer em negócio unilateral.
Iminência de dano patrimonial. Ocorrência de risco pessoal.
Elemento subjetivo: premente Elemento subjetivo: situação de perigo conhecida
necessidade/inexperiência da outra parte
Não exige dolo de aproveitamento Exige dolo de aproveitamento

#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO O reconhecimento de simulação na compra e venda de imóvel em


detrimento da partilha de bens do casal gera nulidade do negócio e garante o direito à meação a ex-cônjuge.
REsp 1.969.648-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 18/10/2022, DJe
21/10/2022. (Info 754 - STJ)

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Põe fim à pretensão. Põe fim ao direito.

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Relacionada aos direitos subjetivos (cunho Relacionada aos direitos potestativos (aqueles que
prestacional. Aqueles que se opõem a um dever se opõem a um estado de sujeição).
jurídico).
Somente pode ser prevista em lei. Pode ser prevista em lei (decadência legal) ou
através de contrato (decadência convencional).
Prazo da prescrição pode ser impedido, suspenso Prazo de decadência não pode ser impedido,
ou interrompido suspenso ou interrompido (em regra – art. 207 do
CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se
aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição”).
Exceção (disposição legal em contrário): art. 26, §
2º, do CDC.

#MAPEIANOVADE

Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a
que aludem os arts. 205 e 206 .

Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.

Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de
terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.

Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.

Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.

Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.

Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

#MAPEIANOVADE

Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição.

Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I .

Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei.

Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.

Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

#DEOLHONAJURIS

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Ciclos Método

É de 10 anos o prazo prescricional para pretensão indenizatória decorrente de vício construtivo. Imagine a
situação em que uma pessoa ingressa com uma ação de indenização contra a construtora pleiteando a
condenação da ré ao pagamento de danos materiais em virtude da metragem a menor da vaga de garagem,
do que foi previsto no contrato de compra e venda. Há incidência de prazo prescricional ou decadencial? De
quanto seria o prazo para ingressar com a ação? A pretensão seria de natureza indenizatória (de
ressarcimento pelo prejuízo decorrente dos vícios do imóvel), não havendo incidência de prazo decadencial,
sujeitando-se a ação ao prazo de prescrição. Assim, a orientação do Superior Tribunal de Justiça é firme no
sentido de se aplicar o prazo prescricional disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão indenizatória
decorrente do vício construtivo. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.889.229, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva,
julgado em 15/06/2021.

Cuidado! O prazo será decadencial de 1 anos, se a pretensão da parte autora for: a) complemento da área;
b) reclamar a resolução do contrato; ou c) o abatimento proporcional do preço. Na hipótese em que as
dimensões de imóvel adquirido não correspondem às noticiadas pelo vendedor, cujo preço da venda foi
estipulado por medida de extensão (venda ad mensuram), aplica-se o prazo decadencial de 1 (um ano,
previsto no art. 501 do CC/2002 para exigir: • o complemento da área; • reclamar a resolução do contrato;
ou • o abatimento proporcional do preço. STJ. 3ª Turma. REsp 1890327/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 20/04/2021 (Info 693)

O plano de saúde recusou-se a custear o tratamento do paciente e este foi obrigado a pagar o procedimento.
De quanto é o prazo prescricional para que este paciente exija do plano de saúde o ressarcimento pelos
valores pagos? R: 10 anos É decenal o prazo prescricional aplicável ao exercício da pretensão de reembolso
de despesas médico-hospitalares alegadamente cobertas pelo contrato de plano de saúde (ou de seguro
saúde), mas que não foram adimplidas pela operadora. STJ. 2ª Seção. REsp 1.756.283-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 11/03/2020 (Info 673).

Esse art. 200 do CC aplica-se também para os casos de ação de indenização proposta contra o terceiro
responsável (art. 932 do CC)? SIM. Segundo decidiu o STJ, é possível a extensão do art. 200 do CC para além
do suposto infrator, isto é, para as hipóteses de responsabilização de terceiro por fato de outrem (na espécie,
a responsabilização do empregador pelos atos do preposto). STJ. 4ª Turma. REsp 1135988-SP, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, julgado em 8/10/2013 (Info 530).

O Código Civil prevê a suspensão do prazo prescricional para a ação de reparação civil (ação de indenização)
se o fato estiver sendo apurado no juízo criminal. Veja: Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva
ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Segundo a
jurisprudência do STJ, só deve ser aplicado o art. 200 do CC se já foi instaurado inquérito policial ou proposta
ação penal. Se o fato não será apurado no juízo criminal, não há sentido do prazo prescricional da ação cível
ficar suspenso, até mesmo porque ficaria para sempre suspenso, já que, se não há ação penal, não haverá
nunca sentença penal. STJ. 3ª Turma. REsp 1180237-MT, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
19/6/2012 (Info 500)

Imagine a situação em que uma pessoa ingressa com uma ação de indenização contra a construtora
pleiteando a condenação da ré ao pagamento de danos materiais em virtude da metragem a menor da vaga
de garagem, do que foi previsto no contrato de compra e venda. Há incidência de prazo prescricional ou
decadencial? De quanto seria o prazo para ingressar com a ação? A pretensão seria de natureza indenizatória
(de ressarcimento pelo prejuízo decorrente dos vícios do imóvel), não havendo incidência de prazo
decadencial, sujeitando-se a ação ao prazo de prescrição. Assim, a orientação do Superior Tribunal de Justiça
é firme no sentido de se aplicar o prazo prescricional disposto no art. 205 do Código Civil à pretensão
indenizatória decorrente do vício construtivo. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.889.229, Rel. Min. Ricardo Villas
Boas Cueva, julgado em 15/06/2021.

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Ciclos Método

É decenal o prazo prescricional aplicável às hipóteses de pretensão fundamentadas em inadimplemento


contratual. É adequada a distinção dos prazos prescricionais da pretensão de reparação civil advinda de
responsabilidades contratual e extracontratual. Nas controvérsias relacionadas à responsabilidade
CONTRATUAL, aplica-se a regra geral (art. 205 CC/2002) que prevê 10 anos de prazo prescricional e, quando
se tratar de responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002, com prazo
de 3 anos. Para fins de prazo prescricional, o termo “reparação civil” deve ser interpretado de forma
restritiva, abrangendo apenas os casos de indenização decorrente de responsabilidade civil extracontratual.
Resumindo. O prazo prescricional é assim dividido: • Responsabilidade civil extracontratual (reparação civil):
3 anos (art. 206, § 3º, V, do CC). • Responsabilidade contratual (inadimplemento contratual): 10 anos (art.
205 do CC). STJ. 2ª Seção. EREsp 1280825-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 27/06/2018 (Info 632).

#ATENÇÃO #PANDEMIA
Lei n° 14.010/20 (RJET)
Art. 3º Os prazos prescricionais consideram-se impedidos ou suspensos, conforme o caso, a partir da entrada
em vigor desta Lei até 30 de outubro de 2020.
§ 1º Este artigo não se aplica enquanto perdurarem as hipóteses específicas de impedimento, suspensão e
interrupção dos prazos prescricionais previstas no ordenamento jurídico nacional.
§ 2º Este artigo aplica-se à decadência, conforme ressalva prevista no art. 207 da Lei nº 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 (Código Civil).

OBRIGAÇÕES

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

Regulada a partir do art. 250, CC, a obrigação de não fazer é aquela que tem
OBRIGAÇÃO DE NÃO
por objeto uma prestação negativa, ou seja, um comportamento omissivo
FAZER
do devedor.
Regulada a partir do art. 247, CC, a obrigação de fazer é aquela que tem por
objeto uma prestação de fato positiva, ou seja, na obrigação de fazer
interessa ao credor a própria atividade do devedor. A obrigação de fazer
OBRIGAÇÃO DE FAZER
poderá ser fungível (não personalíssima), quando a atividade possa ser
prestada por terceiro, ou infungível (personalíssima), quando somente a
atividade do próprio devedor interessa.
A obrigação de dar é aquela que tem por objeto prestações de coisas. “Dar”,
em direitos das obrigações, pode significar: transferir a propriedade da
coisa, transferir apenas a posse ou a detenção da coisa ou restituir.

Obrigação de dar coisa certa (art. 233, CC): a obrigação de dar coisa certa é
aquela que tem por objeto uma coisa determinada ou individualizada, a
exemplo da obrigação imposta à construtora na venda de determinado
OBRIGAÇÃO DE DAR apartamento.

Obrigação de dar coisa incerta (art. 243, CC): trata-se de uma obrigação
genérica com prestação determinável. Vale dizer, é a obrigação em que a
coisa é indicada apenas pelo gênero e pela quantidade, não estando ainda
individualizada.

#LEISECASALVA

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Ciclos Método

Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica
resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do
devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos.

Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor
resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
perdeu.

Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou


aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou
em outro caso, indenização das perdas e danos.

Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus


melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço;
se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os
pendentes.

Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do
devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação
se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.

Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo
equivalente, mais perdas e danos.

Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-


la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do
devedor, observar-se-á o disposto no art. 239.

#OLHAOGANCHO OBRIGAÇÕES IMPERFEITAS

O que se entende por obrigações imperfeitas? Schuld é o dever legal de cumprir com a obrigação existente
por parte do devedor. Grosso modo, pode-se dizer que seria sinônimo de débito. Por sua vez, o Haftung seria
a possibilidade de constranger ao cumprimento do débito (Schuld), ou seja, seria a RESPONSABILIDADE pelo
adimplemento.

As obrigações imperfeitas são espécies de obrigações em que apenas um desses elementos estará
presente. 

Ex.1: Dívida de jogo, aqui existe o débito (schuld), mas inexiste meio legal para constranger ao pagamento,
não haveria RESPONSABILIDADE (Haftung) por esse débito. 

Ex.2: Na fiança, o fiador assume uma RESPONSABILIDADE (Haftung), no entanto o débito (Schuld) não lhe
pertence. Logo, nessa garantia pessoal há Haftung, porém não há Schuld.

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

Consiste em um negócio jurídico por meio do qual o credor (cedente)


CESSÃO DE CRÉDITO
transmite total ou parcialmente o seu crédito a um terceiro cessionário,

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Ciclos Método

mantendo-se a relação obrigacional com o mesmo devedor (cedido). É


possível a cessão onerosa ou gratuita de crédito.
A cessão de débito consiste em um negócio jurídico por meio do qual o
devedor (cedente) com expresso consentimento do credor, transmite o
débito a um terceiro (cessionário), mantida a mesma relação obrigacional
CESSÃO DE DÉBITO
(não se confunde com a novação subjetiva passiva). Porém, se o terceiro for
insolvente e o credor ignorar, a relação obrigacional se restabelece em
relação ao devedor primitivo. O silêncio do credor significa recusa.
A cessão de contrato realiza a forma mais completa de transmissão na relação
obrigacional. Diferentemente do que ocorre na cessão de crédito ou de
CESSÃO DE POSIÇÃO
débito, a cessão da posição contratual é muito mais ampla e profunda. Por
CONTRATUAL
meio dela, o cedente transmite a sua própria posição contratual a um terceiro
com anuência da parte contrária. É uma cessão de “locus”.

LUGAR DO PAGAMENTO

LUGAR DO PAGAMENTO (EM REGRA) --> DOMICÍLIO DO DEVEDOR


CC Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
DESIGNADOS 2 OU MAIS LUGARES P/ PGTO --> CREDOR ESCOLHE
CC Art. 327, Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS (ESCOLHA EM REGRA) --> CABE AO DEVEDOR
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA (ESCOLHA EM REGRA) --> CABE AO DEVEDOR
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar
a melhor.

TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL

Teoria do adimplemento substancial (substantial performance): a origem da teoria está no direito anglo
saxônico do Século XVIII. A doutrina do adimplemento substancial sustenta que a atividade do devedor,
embora não haja sido perfeita, aproximou-se substancialmente do resultado final esperado.
Acontece quando o descumprimento é ínfimo ou de menor monta, não cabendo a extinção contratual.
Em outras palavras, a mora do devedor, sendo de escassa importância, não autoriza a resolução do contrato,
por atentar contra o princípio da boa-fé objetiva.
A Teoria do Adimplemento Substancial tem aplicação nos casos em que o contrato tiver sido cumprido
quase que na sua totalidade, sendo a mora relativa à parcela de menos importância no conjunto de
obrigações do devedor. Nesses casos, não caberá a extinção contratual, mas apenas os demais efeitos
jurídicos, como o pedido de indenização por perdas e danos, a cobrança judicial, por exemplo.

Também vale destacar o Enunciado nº. 361 CJF/STJ: “O adimplemento substancial decorre dos princípios
gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato e o princípio da boa-fé objetiva,
balizando a aplicação do art. 475”. Já o citado art. 475 do Código Civil trata do inadimplemento voluntário ou
culposo do contrato, preceituando que a parte lesada pelo descumprimento pode exigir o cumprimento
forçado da avença ou a sua resolução por perdas e danos.

Originaria do Direito Costumeiro Inglês, a Teoria do Adimplemento Substancial encontra amparo legal
expresso no Código Civil Italiano, art. 1.455, onde consta que o contrato não será resolvido se o

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Ciclos Método

inadimplemento de uma das partes tiver escassa importância, levando-se em conta o interesse da outra
parte.

Há 3 requisitos para a substantial performance:

(a) insignificância do inadimplemento;


(b) satisfação do interesse creditório;
(c) diligência por parte do devedor no desempenho de sua prestação, ainda que a mesma se tenha
operado imperfeitamente.

CONTRATOS

#ATENÇÃOLEISECA
Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. (Redação dada pela
Lei nº 13.874, de 2019)

Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a
excepcionalidade da revisão contratual. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de
elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos
previstos em leis especiais, garantido também que: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas
negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)

CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS

RECIPROCAMENTE
CONSIDERADOS EM SI MESMOS
CONSIDERADOS
Unilaterais ou bilaterais
Onerosos ou gratuitos
Quanto à natureza da obrigação
Comutativos ou aleatórios
Formais ou reais CONTRATOS PRINCIPAIS ou
Consensuais, formais ou CONTRATOS-BASE
Quanto à forma
reais
Quanto à designação Nominados e inominados
Alienação de bens
Quanto ao objeto (conteúdo do Transmissão de uso e gozo
direito conferido) Prestação se serviço
Conteúdo especial CONTRATOS ACESSÓRIOS ou
Execução imediata CONTRATOS – DERIVADOS
Quanto ao tempo de execução Execução mediata
Execução diferida

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Ciclos Método

Intuito personae ou
Quanto à pessoa do contratante
impessoal

BOA-FÉ CONTRATUAL

#ESQUEMATIZANDO:

FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA


TELEOLÓGICA OU INTERPRETATIVA (art. 133, CC):
Exemplo na jurisprudência: as expressões
a função interpretativa da boa-fé, a mais utilizada
“assistência integral e cobertura total” são
pela jurisprudência, serve de ORIENTAÇÃO PARA
manifestações que tem significado unívoco na
O JUIZ, devendo este sempre PRESTIGIAR, diante
compreensão comum e, não podem ser referidas
das convenções e contratos, a TEORIA DA
num contrato de seguro de saúde, esvaziadas de
CONFIANÇA, segundo a qual as PARTES AGEM
seu conteúdo próprio, sem que isso afronte o
COM LEALDADE na busca do adimplemento
princípio da boa-fé na avença.
contratual.
Exemplo na jurisprudência:
“INDEPENDENTEMENTE DE EXPRESSA PREVISÃO
CONTROLE OU LIMITADORA DE DIREITOS (art. LEGAL, posterior ao contrato, a cláusula que nega
187, CC): a função de controle da boa-fé visa cobertura ao segurado em caso de prorrogação da
EVITAR O ABUSO DO DIREITO SUBJETIVO, internação, fora do seu controle, é abusiva, pois
limitando condutas e práticas comerciais não pode a estipulação contratual ofender o
abusivas, REDUZINDO, de certa forma, a princípio da razoabilidade, anotando-se que a
AUTONOMIA DOS CONTRATANTES. regra protetiva do CDC veda a contratação de
obrigações incompatíveis com a boa-fé e a
equidade”.
INTEGRATIVA OU CRIADORA DE DEVERES
LATERAIS/ANEXOS (art. 422, CC): a função insere
NOVOS DEVERES para as partes diante das
Exemplo na jurisprudência: “O DEVER DE
relações de consumo, pois além da verificação da
INFORMAÇÃO e, por conseguinte, o DE EXIBIR A
obrigação principal, surgem NOVAS CONDUTAS A
DOCUMENTAÇÃO que a contenha, é obrigação
SEREM TAMBÉM OBSERVADAS. A violação a
decorrente de lei, de integração contratual
qualquer dos deveres anexos implica em
compulsória. Não pode ser objeto de recusa nem
inadimplemento contratual.
de boa-fé objetiva.”
#GANCHO: VIOLAÇÃO POSITIVA DO CONTRATO
ou ADIMPLEMENTO RUIM.

EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

RESILIÇÃO RESOLUÇÃO RESCISÃO


Tem dois sentidos:
1. TEORIA CLÁSSICA
Opera-se quando há o
Opera-se quando houver (FRANCESCO MESSINEO):
desfazimento de um contrato
INADIMPLEMENTO, ou seja, opera-se quando houver LESÃO
por simples manifestação de
quando uma das partes ou ESTADO DE PERIGO.
vontade de uma (denúncia) ou
descumprir o contrato. 2. TEORIA PRAGMÁTICA
de ambas as partes (distrato).
(jurisprudência brasileira):
mesmo sentido de resolução.

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Ciclos Método

“NÃO DÁ MAIS” – não interessa


mais o vínculo contratual
Aplica-se, especialmente, a
Normalmente, os contratos
contratos de atividades ou
trazem uma cláusula resolutiva
serviços por tempo
expressa.
indeterminado.
EXEMPLOS: resilição de
contrato de linha de celular ou
de canal por assinatura ou
renúncia de mandato ou
manifestação do locatário de
não continuar na locação.
O que é EXCEPTIO NOM
Pergunta de prova oral: que ADIMPLENTI CONTRACTUS?
nome se dá ao ato jurídico que Trata-se de uma defesa
Havendo uma cláusula
concretiza uma resilição? conferida à parte demandada,
resolutória, a resolução é
Depende do tipo de resilição: no sentido de apontar o
imediata.
BILATERAL: é o DISTRATO descumprimento prévio da
UNILATERAL: é a DENÚNCIA prestação cabível à parte
adversa.
REQUISITO: notificação prévia, Sem a cláusula resolutória, o
para a denúncia, (artigo 473, inadimplemento demanda uma
parágrafo único) notificação para a resolução.

#OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURIS A cláusula que desobriga uma das partes a remunerar a outra por
serviços prestados na hipótese de rescisão contratual não viola a boa-fé e a função social do contrato quando
presente equilíbrio entre as partes contratantes no momento da estipulação. REsp 1.799.039-SP, Rel. Min.
Moura Ribeiro, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, julgado em 04/10/2022, DJe
07/10/2022. (Info 754 - STJ)

DA RESPONSABILIDADE CIVIL

RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL

A responsabilidade civil contratual surge do descumprimento obrigacional.

#SELIGANOEXEMPLO: há responsabilidade contratual em caso de desobediência de uma regra do contrato.

A responsabilidade civil contratual é embasada em regras pré-estabelecidas entre as partes, em uma relação
obrigacional, de fundo contratual. Nos negócios jurídicos é comum que exista responsabilidade civil pelo
inadimplemento total ou parcial das cláusulas pactuadas

RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL

A responsabilidade civil extracontratual surge quando uma pessoa deixa de observar um preceito normativo
que regula a vida. Assim, o seu fundamento é o ato ilícito.

#OLHAOGANCHO: a responsabilidade civil extracontratual é aquela que surge sem que haja nenhuma
espécie de negócio jurídico preexistente entre as partes envolvidas, tal como ocorre nos acidentes de
trânsito, nos danos causados por animais etc.

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Ciclos Método

Em regra, a responsabilidade civil é subjetiva. Isso significa dizer que o dever de indenizar pressupõe uma
conduta humana, dolo ou culpa, nexo de causalidade e dano.

A responsabilidade civil objetiva é aquela que não exige culpa nem dolo para se concretizar. A
responsabilidade civil será objetiva nos casos especificados em lei, ou se a atividade, por sua natureza, for
dotada de risco.

#ATENÇÃO: Algumas atividades, por si só, são perigosas, passíveis de ocasionar dano. Dessa forma, a
responsabilidade civil, também, será objetiva. O exemplo que sempre é explorado nos concursos é das
atividades nucleares.

#DEOLHONAJURIS

#SAINDODOFORNO Não se aplica a teoria da perda de uma chance para responsabilizar empresa que deixou
de apresentar seus livros societários em prazo hábil para subsidiar impugnação de alegada doação inoficiosa
por um de seus sócios, na hipótese de não restar comprovado o nexo de causalidade entre o extravio dos
livros e as chances de vitória na demanda judicial. OBS.: Parte interessante do julgado: Os pressupostos para
o reconhecimento da responsabilidade civil por perda de uma chance, no caso concreto, foram bem
sintetizados no acórdão de origem: "(i) a viabilidade e a probabilidade de sucesso de futura ação declaratória
de nulidade de doações inoficiosas; (ii) a viabilidade e a probabilidade de sucesso de futura ação de
sonegados; (iii) a existência de nexo de causalidade entre o extravio de dois livros e as chances de vitória nas
demandas judiciais.". REsp 1.929.450-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 18/10/2022. (Info 754 - STJ)

Provedor de aplicação deve remover conteúdo ofensivo a menor na internet, mesmo sem ordem judicial.
Para atender ao princípio da proteção integral, é dever do provedor de aplicação de internet proceder à
retirada de conteúdo que viola direitos de crianças e adolescentes assim que for comunicado do caráter
ofensivo da publicação, independentemente de ordem judicial. Caso concreto: foi feito um post, no
Facebook, trazendo a foto de uma criança com seu pai e uma acusação, no texto, de que este último (o
genitor), teria envolvimento com pedofilia e estupro. O pai denunciou o fato à empresa, que, no entanto, se
recusou a excluir a publicação, sob o argumento de ter analisado a foto e não haver encontrado nela nada
que violasse os “padrões de comunidade” da rede social. Diante disso, foi ajuizada ação de indenização por
danos morais, tendo o Facebook sido condenado. O provedor de aplicação que se nega a excluir publicação
ofensiva a pessoa menor de idade, mesmo depois de notificado – e ainda que sem ordem judicial –, deve ser
condenado a indenizar os danos causados à vítima. A divulgação da foto do menor sem autorização de seus
representantes legais, vinculada a conteúdo impróprio, em total desacordo com a proteção conferida pelo
ECA, representou grave violação do direito à preservação da imagem e da identidade. O ECA possui caráter
“especialíssimo” e prevalece como sistema protetivo, em detrimento da lei que rege o serviço de informação
prestado pelo provedor de internet. Dessa forma, no caso julgado, não pode haver aplicação isolada do art.
19 do Marco Civil da Internet, que condiciona a responsabilização civil do provedor ao prévio
descumprimento de ordem judicial. Em suma: responde civilmente por danos morais o provedor de aplicação
de internet que, após formalmente comunicado de publicação ofensiva a imagem de menor, se omite na sua
exclusão, independentemente de ordem judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1783269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos
Ferreira, julgado em 14/12/2021 (Info 723).

Não se aplica o art. 21 do Marco Civil da Internet para os casos de divulgação não autorizada de imagens de
nudez produzidas para fins comerciais. Se o provedor de aplicações (exs: Facebook, Instagram, Youtube)
disponibilizar conteúdo gerado por terceiros e a postagem feita causar prejuízos a alguém (ex: ofensa à
honra), o que deve ser feito para a remoção do material? Exige-se autorização judicial para a remoção do

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Ciclos Método

conteúdo? • Regra geral: SIM (exige-se ordem judicial). É a regra do art. 19 do MCI. • Exceção: se houver
divulgação de imagens, vídeos ou outros materiais contendo cenas de nudez ou de atos sexuais de caráter
privado (exposição pornográfica não consentida). Neste caso, basta que o provedor seja notificado
extrajudicialmente. É o que prevê o art. 21. Caso concreto: “F”, modelo, realizou ensaio fotográfico de nudez
para uma revista masculina. Ocorre que ela passou a encontrar suas fotos de nudez em blogs hospedados
pela Google sem que tivesse autorizado. Ela fez então a notificação extrajudicial da Google para a retirada
dos materiais dos blogs. O STJ decidiu que, neste caso, não era suficiente a notificação, sendo necessária a
ordem judicial. Em outras palavras, não se aplica o art. 21, sendo situação que se amolda ao art. 19. Para a
aplicação do art. 21 é indiscutível que a nudez e os atos de conteúdo sexuais envolvam inerentes à intimidade
das pessoas, de modo reservado, particular e privativo. Nem toda divulgação indevida de material de nudez
ou de conteúdo sexual atrai a regra do art. 21, mas apenas aquele que apresenta, intrinsecamente, uma
natureza privada. O ensaio fotográfico de nudez realizado especificamente para sua exploração econômica
por revista adulta, voltada para público seleto mediante pagamento pelo acesso no seu website, não pode
mesmo ser definida como de caráter privado.

STJ. 3ª Turma. REsp 1930256-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, relator p/ acórdão Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 07/12/2021 (Info 721). Cuidado com esse outro julgado específico: Para atender ao princípio da
proteção integral, é dever do provedor de aplicação de internet proceder à retirada de conteúdo que viola
direitos de crianças e adolescentes assim que for comunicado do caráter ofensivo da publicação,
independentemente de ordem judicial. STJ. 4ª Turma. REsp 1783269-MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira,
julgado em 14/12/2021 (Info 723).

Não é possível impor a provedores de aplicações de pesquisa na internet o ônus de instalar filtros ou criar
mecanismos para eliminar de seu sistema a exibição de resultados de links contendo o documento
supostamente ofensivo. STJ. 3ª Turma. REsp 1593249-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
23/11/2021 (Info 719).

Provedor de e-mail não é obrigado a guardar e-mails que foram deletados; também não pode ser
responsabilizado pelo fato de um hacker, ao conseguir acessar a conta de e-mail do usuário, ter subtraído as
criptomoedas que ele possuía. Provedor de e-mail não é obrigado a guardar e-mails que foram deletados
Não há previsão legal atribuindo aos provedores de aplicações que oferecem serviços de e-mail o dever de
armazenar as mensagens recebidas ou enviadas pelo usuário e que foram deletadas.

O Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) não impõe esse dever aos provedores de e-mail. Provedor de
e-mail não pode ser responsabilizado pelo fato de um hacker, ao conseguir acessar a conta de e-mail do
usuário, ter subtraído as criptomoedas que ele possuía. O provedor de aplicações que oferece serviços de e-
mail não pode ser responsabilizado pelos danos materiais decorrentes da transferência de bitcoins realizada
por hacker. O usuário teve a sua conta de e-mail invadida por um hacker, que também acessou a sua carteira
de bitcoins e transferiu as criptomoedas para a conta de outro usuário. Não se pode atribuir ao Gmail a
responsabilidade por tais danos materiais porque, ainda que a gerenciadora adote o sistema de dupla
autenticação, qual seja, digitação da senha e envio, via e-mail, do link de acesso, a simples entrada neste é
insuficiente para propiciar o ingresso na carteira virtual e, consequentemente, a transação das criptomoedas.
Logo, a ausência de nexo causal entre o dano e a conduta do Gmail obsta a atribuição a esta da
responsabilidade pelo prejuízo material experimentado pelo usuário. STJ. 3ª Turma. REsp 1885201-SP, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 23/11/2021 (Info 719).

Os provedores de conexão à internet devem fornecer os dados cadastrais (nome, endereço, RG e CPF) dos
usuários responsáveis por publicação de vídeos no Youtube com ofensas à memória de pessoa falecida.
Os provedores são obrigados a guardar os DADOS PESSOAIS do usuário? • Provedores de CONEXÃO à
internet: SIM (devem guardar os dados pessoais). • Provedores de APLICAÇÕES de internet: NÃO (basta

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armazenarem o IP). STJ. 4ª Turma. REsp 1914596-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 23/11/2021
(Info 720).

As conversas travadas por meio do WhatsApp são resguardadas pelo sigilo das comunicações.

Assim, terceiros somente podem ter acesso às conversas de WhatsApp se houver consentimento dos
participantes ou autorização judicial. As mensagens eletrônicas estão protegidas pelo sigilo em razão de o
seu conteúdo ser privado, isto é, restrito aos interlocutores. Dessa forma, ao enviar mensagem a
determinado ou a determinados destinatários, via WhatsApp, o emissor tem a expectativa de que ela não
será lida por terceiros, quanto menos divulgada ao público, seja por meio de rede social ou da mídia.
Essa expectativa advém não só do fato de ter o indivíduo escolhido a quem enviar a mensagem, como
também da própria encriptação a que estão sujeitas as conversas (criptografia ponta-a-ponta).
Além disso, se a sua intenção fosse levar ao conhecimento de diversas pessoas o conteúdo da mensagem, a
pessoa que enviou a mensagem teria optado por uma rede social menos restrita ou mesmo repassado a
informação à mídia para que fosse divulgada. Assim, se o indivíduo divulga ao público uma conversa privada,
além de estar quebrando o dever de confidencialidade, está também violando legítima expectativa, a
privacidade e a intimidade do emissor. Justamente por isso, esse indivíduo pode ser responsabilizado por
essa divulgação caso se configure o dano. É importante consignar que a ilicitude poderá ser descaracterizada
(afastada) quando a exposição das mensagens tiver como objetivo resguardar um direito próprio do receptor.
Nesse caso, será necessário avaliar as peculiaridades concretas para fins de decidir qual dos direitos em
conflito deverá prevalecer. STJ. 3ª Turma. REsp 1903273-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
24/08/2021 (Info 706).

Não caracteriza hipótese de responsabilidade civil a publicação de matéria jornalística que narre fatos
verídicos ou verossímeis, embora eivados de opiniões severas, irônicas ou impiedosas, sobretudo quando se
trate de figuras públicas que exerçam atividades tipicamente estatais, gerindo interesses da coletividade, e
a notícia e crítica referirem-se a fatos de interesse geral relacionados à atividade pública desenvolvida pela
pessoa noticiada. Pessoas públicas estão submetidas à exposição de sua vida e de sua personalidade e, por
conseguinte, são obrigadas a tolerar críticas que, para o cidadão comum, poderiam significar uma séria lesão
à honra. Assim, a crítica a pessoas públicas somente pode gerar responsabilidade civil em situações nas quais
é imputada, injustamente e sem a necessária diligência, a prática de atos concretos que resvalem na
criminalidade. STJ. 4ª Turma. REsp 1729550-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/05/2021 (Info
696).

POSSE E PROPRIEDADE

TEORIAS DA POSSE

✓ Teoria subjetiva (Savigny):

• Corpus: poder jurídico sobre a coisa exercido pelo próprio possuidor ou por preposto (longa manos);

• Animus damini: exercício da posse com a intenção de ser dono. É o comportamento exterior e exclusão de
todos (excluendi alios).

OBS.: Para essa teoria a posse precária é mera detenção, logo, locatário, comodatário e depositário não
tinham tutela possessória, eram meros detentores.

✓ Teoria objetiva (Ihering):

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• Corpus: poder jurídico sobre a coisa, contudo este é mais elástico que o conceito de corpus exposto por
Savigny. Abrange a posse direta (poder físico) e posse indireta (poder jurídico);

• Afectio tenedi: trata-se do exercício da posse em nome próprio, mas não necessariamente com a intenção
de ser dono. Serve para diferenciar o possuidor do fâmulo ou servo da posse.

OBS.: Para essa teoria a posse precária é posse, mas não é posse ad usucapionem - não confere usucapião -,
mas é posse ad interdicta, pois ao possuidor precário direto se confere proteção possessória.

✓ Teoria social da posse:

• Corpus: poder jurídico sobre a coisa, contudo este é mais elástico que o conceito de corpus exposto por
Savigny. Abrange a posse direta (poder físico) e posse indireta (poder jurídico);

• Afectio tenedi: trata-se do exercício da posse em nome próprio, mas não necessariamente com a intenção
de ser dono. Serve para diferenciar o possuidor do fâmulo ou servo da posse;

• Função social da posse: a tutela possessória estaria condicionada ao reconhecimento da função social.

CLASSIFICAÇÕES DA POSSE

QUANTO AO a) posse direta: contato corpóreo.


DESDOBRAMENTO b) posse indireta: contato incorpóreo
OU RELAÇÃO PESSOA-
COISA
QUANTO AOS VÍCIOS a) posse justa: “limpa”, sem vícios objetivos.
OBJETIVOS b) posse injusta:
• Violenta (física/psíquica).
• Clandestina (ocultamento).
• Precária (abuso de confiança).
QUANTO AOS VÍCIOS a) posse de boa-fé: ignora obstáculo para aquisição da propriedade ou tem
SUBJETIVOS um justo título.
b) posse de má-fé: não ignora obstáculo para aquisição do domínio e não tem
justo título.
QUANTO AO TÍTULO a) posse com título (ius possidendi) – há causa representativa. Posse causal
ou posse civil.
b) posse sem título (ius possessionis, quod possideo) – não há causa
representativa. Posse natural ou posse ato-fato.
QUANTO AO TEMPO a) posse nova.
b) posse velha – tem pelo menos 1 ano e 1 dia.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO POSSUIDOR

- Se o possuidor está de boa-fé, a sua responsabilidade é subjetiva. E ele só responde pela perda ou
deterioração da coisa se provada a sua culpa pela perda ou deterioração da coisa.
- Por outro lado, se o possuidor está de má-fé, a sua responsabilidade se torna objetiva COM RISCO
INTEGRAL. O possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, independentemente de
culpa, mesmo que proveniente de caso fortuito ou força maior (responsabilidade objetiva com risco integral).

BOA FÉ FRUTOS BENFEITORIAS RESPONSABILIDADE

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Tem direito às necessárias e


Tem direito aos frutos, salvo úteis, podendo levantar as Só responde pela coisa se
pendentes. voluptuárias, sem causar houver dolo ou culpa.
prejuízo da coisa.
Responde pela coisa ainda que
por fato acidental (caso fortuito
Não tem direito, e responde Tem direito as benfeitorias
e força maior), exceto se
MÁ FÉ pelos frutos colhidos e que necessárias (indenização,
comprovar que o dano
deixou de colher. mas não retenção).
ocorreria mesmo se não
estivesse sob a sua posse.

Súmula 619-STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária,
insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.

#DEOLHONAJURIS

Em ação possessória entre particulares é cabível o oferecimento de oposição pelo ente público, alegando-se
incidentalmente o domínio de bem imóvel como meio de demonstração da posse. STJ. Corte Especial. EREsp
1.134.446-MT, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 21/03/2018 (Info 623).

Particulares podem ajuizar ação possessória para resguardar o livre exercício do uso de via municipal (bem
público de uso comum do povo) instituída como servidão de passagem. Ex: a empresa começou a construir
uma indústria e a obra está invadindo a via de acesso (rua) que liga a avenida principal à uma comunidade
de moradores locais. Os moradores possuem legitimidade para ajuizar ação de reintegração de posse contra
a empresa alegando que a rua que está sendo invadida representa uma servidão de passagem. STJ. 3ª Turma.
REsp 1582176-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/9/2016 (Info 590).

Servidão de passagem X Passagem forçada: a passagem forçada é instituto de direito de vizinhança,


obrigatório, há pagamento de indenização ao imóvel serviente e cabe ação de passagem forçada. A servidão
de passagem, por sua vez, é direito real de gozo e fruição, não é obrigatório, não há pagamento de
indenização obrigatória ao imóvel serviente e cabe ação confessória.

Em ação renovatória do contrato de locação de espaço em shopping center a dissonância entre o locativo
percentual contratado e o valor de mercado não autoriza, por si só, a alteração do aluguel. STJ. 3ª Turma.
REsp 1.947.694-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/09/2021 (Info 709).

O locatário não possui legitimidade para ajuizar ação contra o condomínio no intuito de questionar o
descumprimento de regra estatutária, a ausência de prestação de contas e a administração de
estabelecimento comercial. STJ. 4ª Turma. REsp 1630199-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em
05/08/2021 (Info 704).

É vedado o ajuizamento de ação de imissão na posse, de juízo petitório, na pendência de ação possessória
sobre o mesmo bem. O art. 557 do CPC e o art. 1.210, §2º, do CC estabelecem a vedação da exceção de
domínio. Há uma separação absoluta entre os juízos petitório, baseado na propriedade, e o juízo possessório,
baseado na posse. Isso porque a posse é fenômeno fático-social digno de tutela, sendo totalmente autônomo
e distinto da propriedade. Um dos efeitos da posse é justamente a sua proteção através da tutela estatal.
Portanto, havendo uma ação possessória em curso, não é cabível o ajuizamento de ação petitória ou a
discussão a respeito da propriedade. Ademais, a vedação à exceção de domínio não deve ser compreendida
como limitação aos direitos constitucionais de propriedade ou de ação, seja porque a propriedade deve
obedecer à sua função social, seja porque o não debate sobre o domínio nas ações possessórias representa

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apenas uma condição suspensiva no exercício do direito de ação fundada na propriedade. A ação de imissão
na posse, apesar do nome, não se baseia na posse, mas sim na propriedade, sendo uma ação petitória. É a
ação cabível para o proprietário obter a posse que nunca teve. Assim, havendo uma ação possessória em
curso, caso seja ajuizada a ação de imissão na posse, esta deverá ser extinta sem resolução de mérito, ante
a falta de pressuposto negativo de constituição e desenvolvimento válido do processo, qual seja, a ausência
de ação possessória pendente sobre o bem como requisito para o manejo de ação petitória. STJ. 3ª Turma.
REsp 1909196-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/06/2021 (Info 701).

USUCAPIÃO

ESPÉCIE REQUISITOS
(i) Posse ininterrupta;
(ii) Posse mansa e pacífica;
EXTRAORDINÁRIA (iii) ANIMUS DOMINI;
(iv) Prazo de 15 anos (pode ser 10 anos se for posse trabalho);
(v) imóvel urbano ou rural sem área limite.
(i) Posse ininterrupta;
(ii) Posse mansa e pacífica;
(iii) ANIMUS DOMINI;
ORDINÁRIA (iv) Prazo de 10 anos (pode ser 5 anos se for posse trabalho);
(v) Justo título
(vi) Boa-fé
(vii) imóvel urbano ou rural sem área limite.
(i) Prazo de 05 anos;
ESPECIAL (ii) Usucapiente não pode ser proprietário de qualquer outro imóvel urbano ou
RURAL/PRO rural;
LABORE (iii) A área de terra, que deve ser produtiva, não pode ser superior a 50 hectares.
-Previsão na Constituição Federal (art. 191).
(i) Prazo de 05 anos;
(ii) Usucapiente não pode ser proprietário de qualquer outro imóvel urbano ou rural,
sendo reconhecido 1 única vez ;
ESPECIAL URBANA
(iii) A área, que deve servir de moraria, não pode ser superior a 250 metros
quadrados.
-Previsão na Constituição Federal (art. 183) e Estatuto da Cidade (art. 9º).
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m²
(duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade dívida com ex-cônjuge
ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua
PRÓ-FAMÍLIA
família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural.
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de
uma vez.
(i) Área urbana;
(ii) Área total dividida por todos os possuidores não pode ser superior a 250 metros
por possuidor;
COLETIVA (iii) Os usucapientes não podem ser proprietários de outro imóvel urbano ou rural;
(iv) Há pelo menos 05 anos;
(v) Indispensável a intimação do MP.
Estatuto da cidade (art. 10)

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Súmula 263-STF: O possuidor deve ser citado, pessoalmente, para a ação de usucapião.

Súmula 237-STF: O usucapião pode ser arguido em defesa.

#DEOLHONAJURIS

Não cabe intervenção de terceiros na modalidade de oposição na ação de usucapião. STJ. 3ª Turma. REsp
1726292-CE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 12/02/2019 (Info 642).

É POSSÍVEL A USUCAPIÃO MESMO EM UMA ÁREA IRREGULAR (ÁREA NA QUAL NÃO HOUVE REGULARIZAÇÃO
FUNDIÁRIA) É cabível a aquisição de imóveis particulares situados no Setor Tradicional de Planaltina/DF, por
usucapião, ainda que pendente o processo de regularização urbanística. STJ. 2ª Seção. REsp 1.818.564-DF,
Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2021 (Recurso Repetitivo – Tema 1025) (Info 700)

A destinação de parte do imóvel para fins comerciais não impede o reconhecimento da usucapião especial
urbana sobre a totalidade da área. A usucapião especial urbana apresenta como requisitos a posse
ininterrupta e pacífica, exercida como dono, o decurso do prazo de cinco anos, a dimensão da área (250 m²
para a modalidade individual e área superior a esta, na forma coletiva), a moradia e o fato de não ser
proprietário de outro imóvel urbano ou rural. O uso misto da área a ser adquirida por meio de usucapião
especial urbana não impede seu reconhecimento judicial, se a porção utilizada comercialmente é destinada
à obtenção do sustento do usucapiente e de sua família. É necessário que a área pleiteada seja utilizada para
a moradia do requerente ou de sua família, mas a lei não proíbe que o autor a utilize também para seu
sustento. Assim, o fato de o autor da ação de usucapião utilizar uma parte do imóvel para uma atividade
comercial que serve ao sustento da família domiciliada no imóvel não inviabiliza a prescrição aquisitiva
buscada. STJ. 3ª Turma. REsp 1.777.404-TO, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671)

PROPRIEDADE

A propriedade é definida, tradicionalmente, como a soma de quatros atributos (direitos ou faculdade): usar,
fruir/gozar, reivindicar e dispor (GRUD).

G – gozar/fruir: retirar frutos da coisa.


R – reivindicar: através de ação petitória com prova de domínio.
U – usar: o uso da propriedade encontra limites nos direitos de vizinhança e no Estatuto da Cidade.
D – dispor: por atos inter vivos ou causa mortis.

A junção de todos esses atributos ou faculdades compõe a propriedade plena. Havendo apenas um desses
atributos, existirá posse, e não propriedade. Se esses atributos estiverem divididos entre pessoas distintas,
sobre um mesmo bem, haverá a figura da propriedade restrita (e não mais plena), que dá ensejo aos demais
direitos reais que conhecemos: a hipoteca, o uso, o usufruto, a servidão, e outros.

CARACTERÍSTICAS
Caráter erga omnes. O proprietário pode usar a sua propriedade como bem entender.
DIREITO
É a regra, mas que deve ser relativizada em algumas situações, diante da função social
ABSOLUTO
e socioambiental da propriedade (art. 1.228, § 1º, do CC).
Significa dizer que a propriedade deve pertencer apenas a uma pessoa, salvo as
DIREITO
hipóteses de condomínio e multipropriedade, por exemplo. Pode ser extraído do Art.
EXCLUSIVO
1.231 do CC: “A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário”.

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Através de tal característica, vislumbra-se que o direito de propriedade permanece,


DIREITO
independentemente do seu exercício, enquanto não se verificar alguma causa
PERPÉTUO
modificativa ou extintiva, de origem legal ou convencional.
DIREITO Tal característica é vislumbrada pelo desmembramento dos quatro atributos da
COMPLEXO propriedade (usar, gozar, dispor e reaver).
Sobre essa característica, dispõe Flávio Tartuce (2016): “não se pode esquecer que a
propriedade é um direito fundamental, pelo que consta do art. 5.º, XXII e XXIII, da
Constituição Federal. Esse caráter faz que a proteção do direito de propriedade e a
correspondente função social sejam aplicados de forma imediata nas relações entre
particulares, pelo que consta do art. 5.º, § 1.º, do Texto Maior (eficácia horizontal dos
direitos fundamentais). Em reforço, o direito de propriedade pode ser ponderado frente
a outros direitos tidos como fundamentais, caso da dignidade humana (art. 1.º, III, da
DIREITO CF/1988), particularmente naqueles casos de difícil solução (técnica de ponderação)”.
FUNDAMENTAL

A elasticidade do direito de propriedade pode ser vislumbrada através da distensão ou


DIREITO contração quanto ao seu exercício. Assim, na dicção de Orlando Gomes, a propriedade
ELÁSTICO alodial está em seu grau máximo de elasticidade, posto que todos os atributos estão
sendo utilizados, por exemplo.

DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA

INSTITUTO CONCEITO
✓ Proprietário concede a outra pessoa o direito de construir ou plantar em seu terreno;
✓ Apenas sobre bens imóveis, deve haver escritura pública;
✓ Direito real autônomo, podendo ser gratuito ou oneroso. No caso de pagamento este
denomina-se “salarium" ou “cânon superficiário";
✓ Pode ser temporário ou vitalício;
SUPERFÍCIE ✓ É possível hipotecar o direito real de superfície pelo prazo da concessão da superfície;
✓ Não autoriza obras no subsolo, salvo se inerente ao objeto da concessão;
✓ É possível adquiri-lo por usucapião;
✓ Superficiário responde por encargos e tributos que incidem sobre bem;
✓ Há direito de preferência do proprietário e do superficiário na venda do direito de
superfície e na venda do imóvel, respectivamente.
✓ Servidão é a relação jurídica real por meio da qual o proprietário vincula o seu imóvel,
dito serviente, a prestar certa utilidade a outro prédio, dito dominante, pertencente a
dono distinto, obrigando-se, em consequência, a não praticar determinados atos
dominiais no prédio serviente ou a não impedir que neste o proprietário do imóvel
SERVIDÃO
dominante pratique atos de extração da utilidade que lhe foi concedida;
✓ Regido pelo princípio da menor onerosidade ao imóvel serviente;
✓ Pode ser oneroso ou gratuito;
✓ Recai sobre bens imóveis.

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✓ Trata-se de direito real temporário (ou vitalício) concedido a uma pessoa para
desfrutar um objeto alheio como se fosse próprio, retirando as suas utilidades e frutos,
contudo sem lhe alterar a substância. Assim, o conteúdo do domínio é fracionado, pois,
enquanto o usufrutuário percebe os frutos naturais, industriais e civis e retira proveito
econômico da coisa (usar e gozar), remanesce em poder do nu-proprietário a substância
do direito, vale dizer, a faculdade de disposição da coisa e o seu próprio valor, podendo
alienar, instituir ônus real ou dar qualquer outra forma de disposição ao objeto, apesar
USUFRUTO de despido de importantes atributos (reaver e dispor).
✓ Recai sobre bens móveis e imóveis;
✓ Cabe ao usufrutuário arcar com as despesas de conservação do bem, pagamento de
impostos e não pode alterar a destinação do bem; cabe ao nu proprietário arcar com as
despesas de deterioração estrutural do imóvel;
✓ Extingue-se com renúncia ou morte do usufrutuário (quando vitalício); término do
prazo de vigência (quando temporário); prazo de 30 anos quando usufrutuário for pessoa
jurídica; destruição da coisa; confusão.
✓ O direito real de uso é próximo ao de usufruto, mas com ele não se confunde. O direito
de uso possui abrangência reduzida, pois o seu titular não tem autorização para gozar da
coisa. Ou seja, o usuário pode usar o bem móvel ou imóvel, desde que não sejam
USO consumíveis ou fungíveis, sendo-lhe, todavia, impedida a sua fruição;
✓ É limitado pelas necessidades do usuário e sua família;
✓ Direito personalíssimo;
✓ Gratuito ou oneroso.
✓ Circunscreve-se este direito real à faculdade de seu titular residir gratuita e
temporariamente em um prédio, com sua família. O imóvel só se destina à ocupação
HABITAÇÃO
direta do beneficiário, sendo insuscetível de locação ou comodato, sob pena de
resolução contratual.

DIREITOS REAIS DE GARANTIA

(a) Natureza acessória -> a garantia real pressupõe a existência de um crédito, que tem natureza principal.
Logo, aplica-se o princípio da gravitação jurídica.

(b) Publicidade -> isso se dá através do registro. É justamente essa publicidade que garante a oponibilidade
ERGA OMNES, pois surge presunção absoluta de conhecimento.

(c) Sequela ou ambulatoriedade -> é decorrência da oponibilidade ERGA OMNES. O direito real em garantia
acompanha o bem, onde quer que ele se encontre.

(d) Preferência (art. 1.422) -> o credor tem preferência sobre aqueles bens.
(e) Excussão -> o credor com garantia, real, no caso de inadimplemento, não pode ficar com o objeto da
garantia, por força da proibição da cláusula comissória (art. 1.428). O credor tem direito à excussão, ou seja,
ao produto da alienação do bem.

#TABELALOVERS

A hipoteca é um direito real de garantia, em virtude do qual um bem imóvel remanesce na


HIPOTECA
posse do devedor ou de terceiro, assegurando preferencialmente ao credor o pagamento de

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Ciclos Método

uma dívida. Um ou mais bens específicos do patrimônio imobiliário do devedor ou do


terceiro garantidor são afetados como caução específica de uma obrigação.
Pelo penhor, entrega-se a coisa móvel, fungível ou infungível, corpóreo ou incorpóreo (ex.
PENHOR créditos), a título de garantia, mas sem a transferência da propriedade, que remanesce na
titularidade do devedor.
Anticrese é o direito real de garantia em que o devedor transmite ao seu credor a posse
direta de imóvel de sua propriedade, a fim de que este último pague-se com os frutos
ANTICRESE
oriundos da exploração econômica da coisa, paulatinamente abatendo os juros e o débito
principal.

DIREITO EMPRESARIAL3

TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRRESARIAL

Características do Direito Empresarial


O Direito Empresarial é cosmopolita em decorrência da globalização. Significa
dizer que a atividade empresarial é exercida em vários países, ou seja, ela não se
restringe a apenas um território nacional.
Como exemplo desta característica cosmopolita, podemos citar as empresas
COSMOPOLITISMO
multinacionais, que funcionam em quase todo o mundo, tais como a Coca Cola e
Microsoft. Nesse sentido, existe a LUG, Lei Uniforme de Genebra, a qual é um
tratado internacional que tem vigência em vários países, regulamentando a letra
de câmbio e a nota promissória.
O Direito Empresarial é fragmentado.
A fragmentariedade é uma característica das disciplinas que são subdivididas em
FRAGMENTARIEDADE ramos.
São ramos distintos do Direito Empresarial, o Direito Societário, o Direito
Falimentar, o Direito Cambial, entre outros.
O Direito Empresarial possui uma dinâmica própria e bastante específica. Em
regra, as relações empresariais são menos formais que as relações reguladas pelo
Direito Civil.
INFORMALISMO
Esse informalismo é essencial porque as relações comerciais são baseadas na livre
concorrência. Se houvesses muitas burocracias nas relações empresariais, as
empresas iriam à falência.
ELASTICIDADE O Direito Empresarial está sujeito a mudanças constantes, haja vista que sempre
surgem novas formas de contratos comerciais aos quais ele deve se adaptar.
Como a atividade comercial tem interesse lucrativo, o Direito Empresarial
ONEROSIDADE
acompanha esta característica. A empresa é uma atividade economicamente
organizada que objetiva o lucro.

EMPRESA E EMPRESÁRIO

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Por Bruna Reis

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EMPRESÁRIO

Quem é Empresário para o Código Civil?


Requisitos:
• Habitualidade;
• Finalidade lucrativa;
• Organização empresarial;
• Haverá organização empresarial quando a atividade-fim for exercida com a colaboração de
terceiros. Não haverá organização empresarial quando a atividade-fim depender exclusivamente do
exercício da pessoa natural ou da figura dos sócios da sociedade (pessoalidade).

Empresário individual:
• Pessoa natural;
• Tem CNPJ: o empresário individual tem CNPJ para ter o mesmo tratamento tributário que a
sociedade (pessoa jurídica), mas não é pessoa jurídica.

#GOLDENTIPS 4 Enunciado 5 da primeira jornada de Direito Comercial: “Quanto às obrigações


decorrentes de sua atividade, o empresário individual tipificado no art. 966 do Código Civil
responderá primeiramente com os bens vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos
termos do art. 1.024 do Código Civil.”
- Princípio da unidade patrimonial: a pessoa física ou jurídica possui um único patrimônio.
Como o empresário individual é pessoa natural (PF), seu patrimônio é formado pelos bens pessoais
e empresariais.

#ATENÇÃO: cabe desconsideração da sua personalidade jurídica? NÃO! Pois não tem personalidade jurídica.
Sua personalidade surge com o seu nascimento (já que é pessoa natural) e não com o registro!
Excluídos do conceito de empresário (art. 966, §único): profissão intelectual (profissional liberal), científica,
literária, artística. Mas se não é empresário, o que é?
✓ Se for pessoa natural: autônomo;

✓ Se for pessoa jurídica: sociedade simples.

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As #GOLDENTIPS foram inseridas pelo Setor de Revisão.

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Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa. #SELIGANAEXCEÇÃO
Empresário irregular: O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do
Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou
diante de expressa disposição em contrário, contudo, não possui registro. Desse modo, se sujeita às normas
do regime jurídico empresarial, sofrendo, porém, algumas consequências: não pode pedir recuperação
judicial.
Sociedade irregular: tem ato constitutivo, mas não registrou.
#SELIGA: A autofalência consiste no pedido de falência que é feito pelo PRÓPRIO DEVEDOR. O art. 105 da Lei
11.101/05 regula essa situação, estabelecendo entre os requisitos do pedido de autofalência o seguinte: “IV
– prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor OU, SE NÃO HOUVER, a indicação
de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais”. Considerando esse dispositivo, vê-se
que a lei ADMITE que uma sociedade empresária não registrada faça o pedido de autofalência, bastando que
prove, por outros documentos, quem são os seus sócios, com os respectivos endereços e relação de bens
pessoais. Contudo, vale destacar que, embora possa requerer a PRÓPRIA falência, a sociedade empresária
que, irregularmente, não mantém registro NÃO pode pedir a falência ALHEIA. Isso porque o art. 97, § 1º, da
Lei de Falências exige que o credor empresário comprove a regularidade de suas atividades, por meio da
apresentação de certidão do Registro Público de Empresas, para que possa requerer a falência do devedor.
#LEISECASALVA
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de
atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.
Elemento de empresa: ocorre quando a natureza pessoal da atividade (pessoalidade) cede espaço para uma
atividade de natureza empresarial.
-No caso do empresário rural, o registro é facultativo.
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao
empresário sujeito a registro.
Qual a natureza do registro do empresário? Natureza declaratória para o empresário comum. É mera
condição de regularidade e não de sua caracterização.
#NÃOCONFUNDA: Para o empresário rural, a inscrição tem natureza constitutiva (porque o registro é
facultativo).

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EMPRESÁRIO RURAL:
No que tange ao empresário rural é importante revisar sobre a obrigatoriedade (ou não) do seu registro na
Junta Comercial.
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Empresário individual ou Sociedade empresária precisam se registrar na Junta
Comercial antes de iniciar suas atividades, sob pena de exercer sua empresa
INSCRIÇÃO DO
irregularmente.
EMPRESÁRIO
Consequência pelo não registro: será considerado empresário e se submeterá às
regras do regime jurídico empresarial, embora esteja irregular, do que sofrerá
algumas consequências jurídicas (ex. impossibilidade de requerer recuperação
judicial – art. 48, Lei 11. 101/10055).
Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao
empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí
INSCRIÇÃO DO decorrentes.
EMPRESÁRIO O empresário rural não precisa promover sua inscrição na Junta Comercial, sendo,
RURAL portanto, facultativa. Caso deseje, poderá requerer sua inscrição na Junta Comercial,
do que ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro (art.
971, CC).

#ATENÇÃO: o registro é FACULTATIVO e tem NATUREZA CONSTITUTIVA.

Inscrição do empresário: Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. Empresário individual ou Sociedade
empresária precisam se registrar na Junta Comercial antes de iniciar suas atividades, sob pena de exercer
sua empresa irregularmente. Consequência pelo não registro: será considerado empresário e se submeterá
às regras do regime jurídico empresarial, embora esteja irregular, do que sofrerá algumas consequências
jurídicas (ex. impossibilidade de requerer recuperação judicial – art. 48, Lei 11. 101/1005).

Inscrição do empresário rural: Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado
ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes. O
empresário rural não precisa promover sua inscrição na Junta Comercial, sendo, portanto, facultativa. Caso

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Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas
atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente (...).

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deseje, poderá requerer sua inscrição na Junta Comercial, do que ficará equiparado, para todos os efeitos,
ao empresário sujeito a registro (art. 971, CC).

#SELIGA: Incapaz não pode iniciar atividade empresarial como empresário individual. O CC apenas admite
que dê continuidade a atividade já existente, nos termos do art. 974.
Quando o incapaz poderá ser empresário individual? O incapaz não pode, tão somente, iniciar a atividade.
O Código Civil autoriza o incapaz a continuar com a atividade já existente.
a) incapacidade superveniente
b) sucessão: continuar empresa antes exercida por seus pais ou pelo autor da herança.
Requisitos: São três os requisitos para que o incapaz possa continuar com a empresa: a) ser
assistido/representado, ou gerentes, nos casos legais; b) autorização judicial (art. 974, §1º, do CC); c)
averbação na junta comercial (art. 976, do CC).

#GOLDENTIPS Bens que o menor possuía antes da sucessão ou interdição devem constar do alvará judicial.
CC, Art. 974, § 2º “Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo
da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará
judicial.
#NÃOCONFUNDA com os requisitos exigidos pelo art. 974, §3º, do CC para que o incapaz seja sócio.
EMPRESÁRIO CASADO #LEISECASALVA
Art. 977 do CC Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham
sido casados no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.
Art. 978 do CC O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime
de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.
Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis,
os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens
clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade.
Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação
não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas
Mercantis.
#OLHAOGANCHO O que a lei considera pequeno empresário? Nos termos do art. 68 da LC n° 123,
“considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei
nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), o empresário individual caracterizado como
microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual até o limite previsto no §
1o do art. 18-A”. Por sua vez, nos termos do §1º do art. 18-A, esse limite da receita bruta anual é de

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até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais). #NÃOCONFUNDA com os limites da microempresa e da empresa
de pequeno porte.
#NOVIDADELEGISLATIVA A Lei 14.195/2021:
#ATENÇÃO #APOSTACICLOS
EXTINÇÃO DAS EIRELI´S
EIRELI
A EIRELI era uma forma de pessoa jurídica composta por uma só pessoa física.
Tratava-se de uma espécie de pessoa jurídica unipessoal autônoma e que apresentava, portanto,
personalidade jurídica e patrimônio distintos daquele titularizado pela pessoa física que explora a
atividade em questão.
Consistia em uma técnica de limitação dos riscos empresariais em benefício dos empreendedores
individuais.
A EIRELI foi criada pela Lei nº 12.441/2011, que acrescentou o art. 980-A ao Código Civil.
Requisitos
Os requisitos para a constituição da EIRELI eram os seguintes:
a) Uma única pessoa natural, que é o titular da totalidade do capital social;
b) O capital social deve estar devidamente integralizado;
c) O capital social não pode ser inferior a 100 (cem) vezes o salário-mínimo;
d) A pessoa natural que constituir EIRELI somente poderá figurar em uma única empresa dessa
modalidade. Assim, para evitar fraudes, ninguém pode ser titular de duas empresas individuais de
responsabilidade limitada.
Veja a redação do dispositivo legal:
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular
da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior
salário-mínimo vigente no País.
Qual foi a grande vantagem da EIRELI no momento de sua criação no ordenamento jurídico brasileiro
(em 2011)?
Antes da EIRELI, se um indivíduo quisesse abrir uma loja no centro da cidade para vender vestuário, ele
teria duas opções:
1ª) explorar essa atividade econômica como empresário individual;
2ª) encontrar um outro indivíduo para ser seu sócio e constituir uma sociedade empresária.
A desvantagem de explorar como empresário individual era o fato de que esse indivíduo iria responder
com seus bens pessoais e de forma ilimitada por todas as dívidas que contraísse na atividade econômica.

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Tal situação fazia com que muitas pessoas arranjassem um “laranja” para figurar como sócio em uma
sociedade limitada, normalmente com capital social de 1%. Obviamente que tal realidade não era simples
nem correta, servindo como desestímulo à livre iniciativa.
Com a criação da EIRELI no art. 980-A, esse indivíduo passou a conseguir, sozinho, constituir uma pessoa
jurídica para desempenhar sua atividade empresarial, com a vantagem de que, na EIRELI, a
responsabilidade pelas dívidas era limitada ao valor do capital social.
Criação da sociedade unipessoal e esvaziamento da função da EIRELI
Sociedade unipessoal é aquela formada por um só sócio que detém a totalidade do capital social.
A figura da sociedade unipessoal é admitida em alguns países do mundo.
É possível a existência de sociedade unipessoal no Brasil?
A Lei nº 13.874/2019 acrescentou dois parágrafos ao art. 1.052 do CC prevendo a possibilidade de a
sociedade limitada ser composta por um único sócio:
Art. 1.052. (...)
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas.
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as
disposições sobre o contrato social.
Assim, a Lei nº 13.874/2019 previu a possibilidade de ser, livremente, criada a sociedade limitada
unipessoal.
Vale ressaltar que, com a criação da sociedade limitada unipessoal, a EIRELI perdeu praticamente toda a
sua importância e, na prática, passou a não mais ser adotada.
Transformação das EIRELIs em sociedades unipessoais
Diante do modelo que caiu em desuso, o legislador resolveu simplificar o panorama e decidiu transformar
todas EIRELIs ainda existentes em sociedades unipessoais. Confira o art. 41 da Lei nº 14.195/2021:
Art. 41. As empresas individuais de responsabilidade limitada existentes na data da entrada em vigor desta
Lei serão transformadas em sociedades limitadas unipessoais independentemente de qualquer alteração
em seu ato constitutivo.
Parágrafo único. Ato do Drei disciplinará a transformação referida neste artigo.
Revogação do inciso IV do art. 1.033 do Código Civil
O inciso IV do art. 1.033 do Código Civil previa que se uma sociedade – que originalmente tivesse
pluralidade de sócios – ficasse com apenas um sócio (ex: os demais morreram), esta sociedade deveria se
regularizar – com a entrada de novos sócios – em um prazo de até 180 dias. Caso não fizesse isso, tal
sociedade deveria ser dissolvida, salvo se fosse transformada em uma EIRELI. Veja:
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:

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(...) IV - A falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
(...) Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV caso o sócio remanescente, inclusive na hipótese
de concentração de todas as cotas da sociedade sob sua titularidade, requeira, no Registro Público de
Empresas Mercantis, a transformação do registro da sociedade para empresário individual ou para
empresa individual de responsabilidade limitada, observado, no que couber, o disposto nos arts. 1.113 a
1.115 deste Código.
Essa regra existia porque no Brasil não se admitia sociedade unipessoal.
Ocorre que, com a autorização dada pela Lei nº 13.874/2019 para que exista sociedade unipessoal, essa
regra previsão do inciso IV deixou de ter sentido. Ora, se uma sociedade, que era composta por pluralidade
de sócios, passou a contar com apenas um único sócio, ela deve se tornar uma sociedade unipessoal, não
havendo motivo para que seja dissolvida.
Assim, a Lei nº 14.195/2021 – corretamente – decidiu revogar o inciso IV e o parágrafo único do art. 1.033
do Código Civil.
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular
da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior
salário-mínimo vigente no País.
§1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão " EIRELI " após a firma ou a
denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.
§2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá
figurar em uma única empresa dessa modalidade.
§3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das
quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram
tal concentração.
§5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação
de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor
ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade
profissional.
§ 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas
para as sociedades limitadas.
§7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da empresa individual de
responsabilidade limitada, hipótese em que não se confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio
do titular que a constitui, ressalvados os casos de fraude. #NOVIDADELEGISLATIVA

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#SELIGA: Conforme Instrução Normativa n. 55 do DREI, de 8 de março de 2019, o incapaz pode ser titular
de EIRELI, mesmo que de forma inicial (não “exclusivamente para continuar”), desde que seja
representado ou assistido e não seja administrador.

NOME EMPRESARIAL
A Lei 14.195/2021 alterou dispositivos relacionados ao Direito Empresarial:
NOME EMPRESARIAL DAS SOCIEDADES
· Antes: na denominação da sociedade anônima e da sociedade em comandita por ações (quando esta
adotasse denominação), era obrigatório que constasse a designação do objeto social.
· Agora: a menção ao objeto social é facultativa.

CÓDIGO CIVIL

Antes da Lei 14.195/2021 Depois da Lei 14.195/2021

Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob
denominação designativa do objeto social, integrada denominação, integrada pelas expressões
pelas expressões "sociedade anônima" ou ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por
"companhia", por extenso ou abreviadamente. extenso ou abreviadamente, facultada a
Parágrafo único. Pode constar da denominação o designação do objeto social.
nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja Parágrafo único. Pode constar da denominação
concorrido para o bom êxito da formação da o nome do fundador, acionista, ou pessoa que
empresa. haja concorrido para o bom êxito da formação
da empresa.

Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações
pode, em lugar de firma, adotar denominação pode, em lugar de firma, adotar denominação,
designativa do objeto social, aditada da expressão aditada da expressão ‘comandita por
“comandita por ações”. ações’, facultada a designação do objeto social.

Deve conter o nome civil


do empresário ou dos Serve de Contrata assinando
FIRMA sócios da sociedade assinatura do o nome
empresária e pode conter empresário empresarial
NOME
ramos de atividade
EMPRESARIAL
Deve designar o objeto da
Não serve de Contrata assinando
empresa e pode adotar
DENOMINAÇÃO assinatura do com o nome civil
nome civil ou qualquer
empresário do representante
outra expressão

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Empresário individual
Sociedade em nome coletivo
FIRMA
NOME Sociedade em comandita simples
EMPRESARIAL DENOMINAÇÃO Sociedade anônima
FIRMA OU Sociedade limitada
DENOMINAÇÃO Sociedade em comandita por ações

#OLHAOGANCHO CPNJ COMO NOME EMPRESARIAL


O empresário individual, a EIRELI e a sociedade empresária precisam ter um nome empresarial, que é a
expressão que os identifica em suas relações jurídicas.
Com o objetivo de desburocratizar, a Lei nº 14.195/2021 acrescentou o art. 35-A na Lei nº 8.934/94 dizendo
que o empresário ou pessoa jurídica poderá utilizar o CNPJ como nome empresarial.
Art. 35-A. O empresário ou a pessoa jurídica poderá optar por utilizar o número de inscrição no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como nome empresarial, seguido da partícula identificadora do tipo
societário ou jurídico, quando exigida por lei.
O art. 1.155 prevê duas espécies de nome empresarial: a) firma; b) denominação.
Com esse novo art. 35-A temos uma terceira espécie de nome empresarial: o CPNJ como nome empresarial.
Análise individual:
a) Sociedade em nome coletivo – ilimitada.
Firma social: nome dos sócios + sociedade em nome coletivo (final).
b) Cooperativa.
Denominação + cooperativa (começo, meio ou fim).
c) Sociedade anônima.
Denominação+ S.A. (início, meio ou fim) ou CIA (início ou meio). As sociedades anônimas, por sua vez,
constituem o único tipo societário que, necessariamente, deve adotar denominação como nome
empresarial. OBS. Exceções:
d) Sociedade limitada: deveria ser denominação (responsabilidade limitada), mas o art. 1158 CC admitiu
também a firma social, desde que se coloque a expressão “limitada” por extenso ou abreviada no final. Ex.
Nestor C. Masson Ltda ou Loba da montanha sex shop limitada (denominação).
e) EIRELI – de acordo com o art. 980-A, §1º, deve ser firma ou denominação + EIRELI. Ex. André Barros EIRELI
(a atividade não é obrigatória por ser firma), Gigante comércio de miniaturas EIRELI (denominação).
#ATENÇÃO É importante lembrar que a EIRELI acabou!!!!! #RIPEIRELI
f) Sociedade em comandita por ações. Pode ter firma ou denominação + comandita por ação no começo,
meio ou fim. Art. 1161.

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ESTABELECIMENTO
O estabelecimento comercial é “todo o conjunto de bens, materiais e imateriais, que o empresário utiliza no
exercício de sua atividade”.
Dessa forma, integram o estabelecimento empresarial não apenas os bens corpóreos (maquinários, bens
móveis e etc.), como também os bens imateriais (marcas, nome empresarial e etc.), desde que utilizados
para o exercício da atividade empresarial.
#ATENÇÃO: O ponto comercial, assim entendido como o local físico no qual a sociedade empresária ou o
empresário individual exercem suas atividades, é apenas um dos elementos que compõem o
estabelecimento!

Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por
empresário, ou por sociedade empresária. (Vide Lei nº 14.195, de 2021)
#FALADOUTRINADOR “A expressão estabelecimento empresarial parece se referir, numa primeira leitura,
ao local em que o empresário exerce sua atividade empresarial. Trata-se, todavia, de uma visão equivocada,
que representa apenas uma noção vulgar da expressão, correspondendo tão somente ao sentido coloquial
que ela possui para as pessoas em geral. (...) Portanto, o local em que o empresário exerce suas atividades -
ponto de negócio - é apenas um dos elementos que compõem o estabelecimento empresarial, o qual, como
visto, é composto também de outros bens materiais (equipamentos, máquinas etc.) e até mesmo bens
imateriais (marca, patente de invenção etc.).” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial. 11ª ed.,
São Paulo: Juspdovim, 2021, p. 169-170)
Atualmente, é muito comum que várias atividades empresariais sejam desenvolvidas de modo virtual, não
necessitando de uma sede física para atendimento de clientes, fornecedores e público em geral.
A despeito disso, algumas leis locais proibiam que o endereço informado para fins de registro fosse a própria
residência do sócio.
Logo, o novo § 2º do art. 1.142 do Código Civil traz uma relevante novidade ao autorizar expressamente essa
prática, facilitando a situação de inúmeros empresários que não mais precisam ser obrigados a contratar um
endereço apenas para fins de registro.
Sobre o tema, vale a pena mencionar o § 25 do art. 18-A da LC 123/2006, que autoriza o microempreendedor
individual a utilizar sua residência como sede do estabelecimento:
§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de funcionamento
competirá ao Município, observada a regra geral prevista no inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 13.874, de
20 de setembro de 2019.

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O contrato de trespasse versa sobre a transferência, usufruto, alienação ou arrendamento do


estabelecimento empresarial como um todo.
#SAIBADIFERENCIAR
Cessão de quotas sociais de sociedade limitada ou a
Trespasse
alienação de controle da sociedade anônima:
“o objeto da venda é o complexo de bens O objeto da venda é a participação societária”,
corpóreos e incorpóreos, envolvidos com a contudo não se alterará o titular da atividade, que
exploração de uma atividade empresarial” continua a ser a sociedade empresária.
Poderá ocorrer ou não a sucessão empresarial Haverá sucessão empresarial

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só
produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da
sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.
O art. 1.144 do Código Civil impõe como condição de eficácia do contrato de trespasse perante terceiros,
depois de averbado na Junta Comercial. Veja-se que o dispositivo faz menção a condição de eficácia do
contrato de trepasse. Desse modo, o contrato, ainda que não averbado na Junta Comercial, é plenamente
válido, porém ineficaz contra terceiros.
Outro requisito importante diz respeito à notificação dos credores. Segundo o art. 1.145 do Código Civil, além
da averbação do contrato de trespasse perante a Junta Comercial, a eficácia do contrato depende, se não
restarem bens suficientes à satisfação do passivo, da existência de dois requisitos alternativos:
a) do pagamento de todos os credores pelo alienante;
b) o consentimento de todos os credores, o qual pode ser expresso ou tácito, manifestado em 30 dias da
notificação.
Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência
ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.
Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo
persistirá durante o prazo do contrato.
O dispositivo acima (art. 1.147) consagra o que a doutrina chama de cláusula de não-restabelecimento, ou
seja, a impossibilidade de o alienante, em obediência ao princípio da boa-fé objetiva, efetuar concorrência
com o adquirente. Isso ocorre porque, na venda de um estabelecimento comercial, o adquirente deseja não
apenas adquirir o estabelecimento, mas, principalmente, obter os lucros decorrentes dessa atividade. Desse
modo, caso o alienante efetuasse concorrência com o adquirente, isso poderia inviabilizar o próprio exercício
da atividade empresarial pelo adquirente. Veja-se, todavia, que é perfeitamente possível que o adquirente,
no contrato de trespasse, renuncie à cláusula de não-restabelecimento. Na omissão, todavia, a cláusula
considera-se inscrita no contrato.

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#DEOLHONAJURIS As cláusulas de não restabelecimento por prazo indeterminado costumam ser


consideradas abusivas pelo Superior Tribunal de Justiça, ao fundamento de que o ordenamento jurídico
brasileiro não se coaduna com ilimitações temporais com cláusulas relativas a vedações ao exercício de
direitos. Nesses casos, entende-se que a cláusula é abusiva e deve ser considerado o prazo de não-
restabelecimento previsto no art. 1.147 do Código Civil.

Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos
estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros
rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa,
ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.
#SELIGA: De acordo com André Santa Cruz, o aviamento é a “aptidão que um determinado estabelecimento
possui para gerar lucros ao exercente da empresa”. Trata-se de um atributo do estabelecimento. Por outro
lado, a clientela é o conjunto de pessoas que mantém com o empresário/sociedade empresária relações
jurídicas constantes. Trata-se de uma manifestação externa do aviamento. Percebe-se que, apesar de serem
institutos relacionados, aviamento e clientela não são sinônimos.
O registro consiste em obrigação legal imposta a todo empresário, antes do início de suas atividades,
conforme previsão do art. 967 do Código Civil brasileiro. Assim sendo, seria o registro um requisito essencial
para a caracterização do empresário?
NÃO. Trata-se apenas de condição de REGULARIDADE da atividade empresarial. O registro possui, como
regra, natureza DECLARATÓRIA, não sendo essencial para que o exercente de atividade empresária seja
caracterizado como empresário, nem para a sua consequente submissão ao regime jurídico empresarial. A
exceção fica por conta daqueles que exercem atividade rural, para os quais o registro possui natureza
constitutiva, nos termos do art. 971 do CC.
Confira-se os seguintes enunciados do Conselho da Justiça Federal, que espelham o entendimento ora
exposto:
Enunciado 199: “A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua
regularidade, e não da sua caracterização”.
Enunciado 198: “A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização,
admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art.
966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem
incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário”.

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Enunciado 202, II Jornada de Direito Civil: Arts. 971 e 984: O registro do empresário ou sociedade rural na
Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É
inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.
São requisitos para a inscrição no Registro Público:
Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha:
I - O seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens;
II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada
com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto
no inciso I do § 1o do art. 4o da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; (Redação dada
pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
III - o capital;
IV - o objeto e a sede da empresa.
#SELIGA:
Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro
Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.
→Empresário irregular
O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação
comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição
em contrário. Se sujeita às normas do regime jurídico empresarial, sofrendo, porém, algumas consequências.
Principais efeitos decorrentes da ausência de registro:
a) não possuir legitimidade ativa para pedido de falência de terceiro e pedido de recuperação judicial;
#OLHAOGANCHO A autofalência consiste no pedido de falência que é feito pelo PRÓPRIO DEVEDOR. O art.
105 da Lei 11.101/05 regula essa situação, estabelecendo entre os requisitos do pedido de autofalência o
seguinte: “IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não houver, a
indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais”. Considerando esse
dispositivo, percebe-se que a lei ADMITE que uma sociedade empresária não registrada faça o pedido de
autofalência, bastando que prove, por outros documentos, quem são os seus sócios, com os respectivos
endereços e relação de bens pessoais. Contudo, vale destacar que, embora possa requerer a PRÓPRIA
falência, a sociedade empresária que, irregularmente, não mantém registro NÃO pode pedir a falência
ALHEIA. Isso porque o art. 97, § 1º, da Lei de Falências exige que o credor empresário comprove a

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regularidade de suas atividades, por meio da apresentação de certidão do Registro Público de Empresas, para
que possa requerer a falência do devedor.
b) não poder participar de licitação;
c) se a sociedade não for devidamente registrada, a responsabilidade será ilimitada;
d) não obter certidão negativa de débitos e CNPJ.
#OLHAOGANCHO
SOCIEDADE EM COMUM: Para a doutrina majoritária, é a sociedade que não foi levada a registro (art. 986
do CC). Tanto faz se a sociedade é irregular (possui contrato, mas não foi inscrito na Junta Comercial) ou se
é sociedade de fato (não possui sequer instrumento escrito de constituição).
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em
organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem
compatíveis, as normas da sociedade simples.
#OBS: André Luiz Santa Cruz Ramos preconiza que a “sociedade em comum não corresponde às sociedades
de fato ou irregulares. As regras da sociedade comum aplicam-se às sociedades contratuais que estão se
constituindo, ou seja, aplicam-se às suas relações entre o momento real da constituição até o respectivo
registro do contrato social”. Contudo, nada impede que as normas das sociedades comuns sejam aplicadas
às sociedades de fato e às sociedades irregulares, por analogia.
Em provas de primeira fase (objetivas), a discussão acerca da distinção entre os conceitos de sociedade
irregular, sociedade de fato e comum é irrelevante. Isso porque, consoante doutrina prevalente, é possível
aplicar o regramento das sociedades comuns para todas elas (arts. 986 a 990 do CC).
Enunciado n° 383 do CJF: A falta de registro do contrato social (irregularidade originária - art. 998) ou de
alteração contratual versando sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade superveniente - art. 999,
parágrafo único) conduz à aplicação das regras da sociedade em comum (art. 986).

Pode ser determinada


de ofício ou a
PARCIAL Cabível em qualquer ação judicial
requerimento da parte
interessada
EXIBIÇÃO Cabível somente em algumas ações, por exemplo:
DOS • Comunhão ou sociedade
Só pode ser
LIVROS • Liquidação de sociedade
determinada pelo juiz a
INTEGRAL • Sucessão por morte de sócio
requerimento da parte
• Administração ou gestão à conta de outrem
interessada
• Falência
• Quando e como determinar a lei.

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#OLHAOGANCHO Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição
de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição
originária.
Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.

#DEOLHONASSÚMULAS:6
- Súmula 260-STF: O exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado às transações entre os
litigantes.
- Súmula 439-STF: Estão sujeitos a fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais,
limitado o exame aos pontos objeto da investigação.

SOCIEDADE

Sociedades são pessoas jurídicas de direito privado formadas por um conjunto de pessoas (pessoa jurídica
intersubjetiva) e com finalidade lucrativa. Em outras palavras, as sociedades são pessoas jurídicas
intersubjetivas com finalidade lícita e lucrativa.
Personalização: a personalidade jurídica das pessoas jurídicas inicia-se com a inscrição dos seus atos
constitutivos no respectivo registro. O ato constitutivo a ser levado a registro pode ser um contrato social
(sociedades contratuais) ou um estatuto social (sociedade estatutária).
#SAIBADIFERENCIAR
SOCIEDADE SIMPLES SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
Sociedades simples são aquelas que exploram o seu São aquelas que têm por objeto o exercício de
objeto sem empresarialidade, ou seja, sem atividade própria de empresário sujeito a registro
organização profissional dos fatores de produção. (art. 966 CC). Em outras palavras, são aquelas que
Em outras palavras, são aquelas que não exercem exercem atividade empresarial.
atividade empresarial.

6
Para saber mais, acesse concursos360.com

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O ato constitutivo deve ser levado a registro no O ato constitutivo deve ser levado a registro da
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Junta Comercial.
Exceção: A sociedade de advogados e a sociedade
unipessoal de advogados são sociedades simples,
mas que adquirem personalidade jurídica com o
registro aprovado dos seus atos constitutivos no
Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial
tiver sede.
A sociedade simples pode se constituir segundo os As sociedades empresárias devem se constituir
seguintes tipos: a) sociedade cooperativa; b) mediante um dos seguintes tipos societários: a)
sociedade em comandita simples; c) sociedade sociedade em nome coletivo; b) sociedade em
limitada. comandita simples; c) sociedade em comandita por
ações; d) sociedade limitada; e) sociedade anônima.
#ATENÇÃO Por expressa previsão legal, as #ATENÇÃO Por expressa previsão legal, as
sociedades cooperativas serão sempre sociedades sociedades por ações – sociedade anônima e
simples. sociedade em comandita por ações – serão sempre
sociedades empresárias.

SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS


Sociedades não personificadas são aquelas que não possuem personalidade jurídica. Nas sociedades não
personificadas, os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em
comum. Tal patrimônio é chamado de “especial”, porque ele não pertence à pessoa jurídica, mas sim aos
sócios.
ESPÉCIES: a sociedade não personificada classifica-se em sociedade comum e sociedade em conta de
participação.
• SOCIEDADE COMUM: é um gênero que abrange: a) sociedade irregular: aquela cujo contrato social
não está inscrito no registro próprio, ou, estando inscrito, o está de forma irregular; b) sociedade de fato:
aquela que nem mesmo possui contrato social escrito.
• SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO: sociedade em conta de participação é aquela que possui
um sócio oculto ou participante e um sócio ostensivo, em nome do qual são realizadas todas as atividades.
A atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual
e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes.
Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e exclusivamente perante este, o sócio

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participante, nos termos do contrato social. Por expressa determinação legal, a sociedade em conta de
participação será sempre despersonificada. Ainda que se leve a registro o seu ato constitutivo, a sociedade
em conta de participação nunca adquirirá personalidade jurídica (art. 993 CC).

SOCIEDADE LIMITADA
A sociedade ltda. rege-se pelos arts. 1052 e seguintes do CC. Nas omissões deste capítulo, aplicam-se
subsidiariamente, as normas aplicáveis as sociedades simples. Exceção: o contrato social poderá prever a
regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima.

CONSTITUIÇÃO
A sociedade ltda. pode ser constituída por instrumento público ou particular, devendo em todo caso ter o
visto de um advogado, sob pena de nulidade. Exceção: quando se tratar de microempresa e empresa de
pequeno porte não se exige o instrumento que o instrumento particular tenha o visto de um advogado.

#ATENÇÃO Pluralidade de sócios -> com a lei 13.874/2019, foram incluídos os §1º e §2º ao art. 1052 do CC,
passando o ordenamento jurídico a admitir a figura da sociedade limitada unipessoal, ou seja, aquela
constituída por um único sócio.

RESPONSABILIDADE DO SÓCIO -> a responsabilidade do sócio é limitada, estando restrita ao valor de suas
quotas, mas todos os sócios respondem de forma solidária pelo que falta para a integralização do capital
social (art. 1052 CC).
CAPITAL SOCIAL-> o capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada
sócio. O sócio pode integralizar as quotas que subscreveu de diversas formas, a saber: 1) dinheiro; 2) bens
móveis ou imóveis (lembrando que quem integraliza bens responde pela evicção); 3) créditos (lembrando
que quem integraliza com créditos responde pela solvência). É vedada a integralização com prestação de
serviços, em razão do art. 1055 §2º.
TRANSFERÊNCIA DE QUOTAS -> art. 1057 CC. Se o contrato for omisso quanto à possibilidade de
transferência de quotas, aplica-se a regra do art. 1057 do CC. Assim sendo, se o sócio quiser transferir sua
quota para outro sócio não é necessária autorização de ninguém. No entanto, caso o sócio pretenda
transferir suas quotas para um terceiro estranho à sociedade, somente poderá fazê-lo se não houver a
oposição de mais de um quarto do capital social.
ADMINISTRAÇÃO -> o administrador da sociedade limitada pode ser tanto um sócio como um não sócio. No
entanto, se se tratar de não sócio, deve-se observar o art. 1.061 do CC: Art. 1.061. A designação de
administradores não sócios dependerá da aprovação de, no mínimo, 2/3 (dois terços) dos sócios, enquanto o

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capital não estiver integralizado, e da aprovação de titulares de quotas correspondentes a mais da metade
do capital social, após a integralização. (Redação dada pela Lei nº 14.451, de 2022) Vigência
#OLHAOGANCHO DESTITUIÇÃO DO ADMINISTRADOR -> Vale lembrar a alteração trazida pela lei
13.792/2019:
Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquer tempo, do titular, ou
pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução.
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somente se opera pela
aprovação de titulares de quotas correspondentes a mais da metade do capital social, salvo disposição
contratual diversa. (Redação dada pela Lei nº 13.792, de 2019)
§ 2 o A cessação do exercício do cargo de administrador deve ser averbada no registro competente, mediante
requerimento apresentado nos dez dias seguintes ao da ocorrência.
§ 3 o A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde o momento em que esta
toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante; e, em relação a terceiros, após a averbação e
publicação.

SOCIEDADE ANÔNIMA
#VAMOSRESUMIR
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A S/A E A LTDA
SOCIEDADE ANÔNIMA SOCIEDADE LTDA
Empresária Simples ou empresária
Institucional Contratual
Capitalista Personalística ou capitalista
Em caso de omissão: Código Civil Em caso de omissão: Regras da sociedade
simples, o contrato pode prever a LSA.

Instituição: Instituição:
→Assembleia de fundação (capital Contrato Social
aberto/fechado).
→Escritura pública (somente capital
fechado)
Exigências: Exigências:
-Subscrição de pelo menos 2 pessoas. -Contribuição do sócio
-Integralização de 10% em dinheiro. -Distribuição dos resultados
-Depósito BB ou agência autorizada pela CVM.
Responsabilidade dos sócios: Responsabilidade dos sócios:
-Restrita às ações. Restrita ao valor das quotas (subscritas), mas
-Disregard doctrine. todos respondem solidariamente pela
integralização.

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Cessão de ações/quotas: Cessão de ações/quotas:


Livre. -Para sócio: independe de consentimento.
-Para não sócio: somente se não houver oposição
de titulares de mais de ¼ do capital social.
Deliberações: Deliberações:
-Ordinária (AGO) Assembleias ou reuniões. (mais de 10 sócios a
a) Deliberar sobre a destinação dos lucros. assembleia é obrigatória).
b) Tomar as contas dos administradores
(prestação de contas).
c) Eleger os administradores e membros do
Conselho Fiscal.
d) Aprovar a correção da expressão monetária do
capital social.
-Extraordinária (AGE)
Tudo que não for essas 4.

Direito de retirada: Livre Direito de retirada:


-Prazo determinado: justa causa, senão juiz.
-Prazo indeterminado: 60 dias de antecedência.
Administração: Administração:
Conselho de administração: -Sócio.
-Facultativo regra. -Não sócio: previsão no contrato
-Obrigatório: sociedade aberta, SEMs, ‘Capital e exigências:
autorizado’. Capital integralizado: voto de 2/3 do capital.
-Administradores: sócio ou não. Capital não integralizado: votação unânime.
Mínimo 03. Não precisa residir no BR. Prazo certo: -Sem administrador definido: cabe aos sócios.
03 anos com reeleição.
Diretoria:
-Não precisa ser sócio. Mínimo 02. DEVE residir no
BR. 03 anos com reeleição.

FORMA DE CONSTITUIÇÃO – Estatuto Social.

#VAMOSRELEMBRAR
→Sociedades CONTRATUAIS: constituídas por contrato social e destituídas nos termos do Código Civil. Há
maior autonomia da vontade dos sócios para constituição do vínculo societário. Exemplo: sociedade limitada.
→Sociedades INSTITUCIONAIS: constituídas por ato institucional ou estatutário e dissolvidas segundo as
regras na lei n° 6.404/76. Aqui a autonomia da vontade dos sócios na formalização do ato constitutivo é
mínima. Exemplo: sociedades anônimas.

Na sociedade anônima há uma feição capitalista, ou seja, a capacidade financeira do sócio é mais importante
que a sua qualidade pessoal.

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#VAMOSRELEMBRAR
→Sociedades DE PESSOAS (intuitu personae): São aquelas sociedades nas quais é muito importante os
atributos pessoais dos sócios, ou seja, suas competências, afinidades, defeitos etc. A entrada de estranhos
no quadro social depende do consentimento dos demais sócios. Exemplo: sociedade simples, sociedade em
nome coletivo.

→Sociedades DE CAPITAL (intuitu pecuniae): São aquelas sociedades nas quais o mais importante é o capital
investido, não interessando os atributos pessoais dos sócios. A entrada de pessoas estranhas ao quadro social
independe do consentimento dos demais sócios. Exemplo: sociedade anônima.
#OBS: A sociedade limitada pode ser sociedade de capital ou de pessoas (a depender do contrato social).

A natureza da S.A sempre será de sociedade EMPRESÁRIA.


As S/A serão sempre identificadas por denominação social.

Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou
"sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente, mas vedada a utilização da primeira ao
final.
§ 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito
da empresa, poderá figurar na denominação.
§ 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o
direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e
danos resultantes.

#INOVAÇÃOLEGISLATIVA #ATENÇÃO A Lei nº 14.195/2021 alterou vários artigos relacionados com direito
empresarial. Ela ficou conhecida como Lei do Ambiente de Negócios. Antigamente, na denominação da
sociedade anônima e da sociedade em comandita por ações era obrigatório que constasse a designação do
objeto social. Agora a referência ao objeto social é facultativa.

ANTES DA LEI 14.195/21 DEPOIS DA LEI 14.195/21


Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob
denominação designativa do objeto social, denominação, integrada pelas expressões
integrada pelas expressões "sociedade anônima" ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso
ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. ou abreviadamente, facultada a designação do
Parágrafo único. Pode constar da denominação o objeto social.
nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja Parágrafo único. Pode constar da denominação o
nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja

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concorrido para o bom êxito da formação da concorrido para o bom êxito da formação da
empresa. empresa.
Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações
pode, em lugar de firma, adotar denominação pode, em lugar de firma, adotar denominação,
designativa do objeto social, aditada da expressão aditada da expressão ‘comandita por
“comandita por ações”. ações’, facultada a designação do objeto social.

RESPONSABILIDADE – Limitada. Uma das principais características das sociedades anônimas é a limitação da
responsabilidade dos sócios.
Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios
ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.

TIPOS DE SOCIEDADE ANÔNIMA


ABERTA → Aquela que negocia seus valores mobiliários no mercado de capitais (formado pela bolsa de
valores e pelo Mercado de balcão). Para tanto, é necessária uma prévia autorização e registro perante a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
FECHADA → Aquelas que não negociam seus valores mobiliários no mercado de capitais.

CONSTITUIÇÃO DE SOCIEDADE ANÔNIMA


SUBSCRIÇÃO PÚBLICA → Aquela imposta para a Sociedade Aberta.
SUBSCRIÇÃO PARTICULAR → Aplica-se às sociedades anônimas que não oferecerão ao público suas
ações.

A parte referente a constituição de sociedade anônima não costuma ter grande incidência em prova.
Contudo, a Lei 13.874/19 alterou o art. 85 da lei 6404/76, o que provoca uma atenção especial quanto ao
tema, pois já sabemos que se é #INOVAÇÃOLEGISLATIVA o examinador gosta!

Requisitos preliminares para a constituição de uma sociedade anônima, independentemente da modalidade


de constituição:
1. Subscrição de pelo menos duas pessoas, de todas as ações em que se divide o seu capital social. A
subscrição é irretratável;
2. Realização, como entrada, em dinheiro, de 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações
subscritas. Nas instituições financeiras essa porcentagem é de 50%.
3. Depósito dessa quantia no Banco do Brasil ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela
CVM.
A subscrição é o contrato pelo qual uma pessoa se torna titular de ação emitida por uma S/A.

#ATENÇÃO Admite-se a unipessoalidade em dois casos:

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• Empresa Pública.
• Subsidiária Integral.

A constituição propriamente dita está disposta entre os arts. 82 a 93 da LSA. Há diferenças entre a
constituição de uma companhia aberta e uma fechada.

#ATENÇÃO Somente a companhia aberta necessita de autorização da CVM para sua constituição. Por este
motivo, quando a companhia aberta não consegue a autorização, ela se constitui na forma de companhia
fechada.

ÓRGÃOS DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS


#MNEMÔNICO “ACDC” – ASSEMBLEIA GERAL / CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO / DIRETORIA / CONSELHO
FISCAL

1) ASSEMBLEIA GERAL: Órgão mais importante da S.A, possui natureza deliberativa. Na assembleia são
tomadas as principais decisões da companhia. Pode ser Ordinária ou Extraordinária.

Possibilidade de a assembleia geral ser realizada de forma digital: Veja a pequena alteração promovida na
redação do § 2º do art. 124 da Lei das S.A.:
LEI Nº 6.404/76
Antes Depois
Art. 124 (...) Art. 124 (...)
§ 2º Salvo motivo de força maior, a assembleia- § 2º A assembleia geral deverá ser realizada,
geral realizar-se-á no edifício onde a companhia preferencialmente, no edifício onde a companhia
tiver a sede; quando houver de efetuar-se em tiver sede ou, por motivo de força maior, em outro
outro, os anúncios indicarão, com clareza, o lugar lugar, desde que seja no mesmo Município da sede
da reunião, que em nenhum caso poderá realizar- e seja indicado com clareza nos anúncios.
se fora da localidade da sede.
A Lei nº 14.030/2020 alterou a Lei das S.A., o Código Civil e a Leis das cooperativas para flexibilizar os prazos
de realização das assembleias gerais diante da pandemia do covid-19. Ressalte-se que a Lei é fruto da
conversão da MP 931/2020, aprovada pelo Congresso Nacional.

Possibilidade de o acionista votar à distância na assembleia geral: O art. 121 da Lei da S.A., desde 2011, previa
a possibilidade de o acionista da sociedade anônima aberta votar a distância na assembleia geral: “Nas
companhias abertas, o acionista poderá participar e votar a distância em assembleia geral, nos termos da

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regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários.” (Incluído pela Lei nº 12.431/2011). Foi incluída essa
mesma possibilidade para as companhias fechadas.

2)CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO: É um órgão de deliberação colegiada a quem compete, primacialmente,


fixar a orientação geral dos negócios da companhia e fiscalizar a gestão dos diretores. É composto por, no
mínimo, 3 membros acionistas ou não. #ATENÇÃO Antigamente havia a necessidade de que os membros do
Conselho de Administração fossem sócios. Recentemente, em maio de 2020 foi permitido que os membros
possam ser sócios ou não.
São eleitos pela AGE e por ela destituíveis a qualquer tempo, com mandato de no máximo 3 anos, permitida
a reeleição. Somente é obrigatório nas sociedades anônimas abertas (que negociam suas ações na bolsa ou
no mercado de capitais), nas de capital autorizado (têm autorização de aumento de capital no estatuto, sem
necessidade de assembleia para deliberação) e nas sociedades de economia mista.

Em regra, o conselho de administração é um órgão facultativo. Em três casos o Conselho é obrigatório:


1. Companhia Aberta;
2. Sociedade de Capital autorizado;
3. Sociedade de Economia Mista.

Deveres dos Administradores: Dentre os principais deveres dos administradores, a Lei da S/A elenca os
deveres de diligência, lealdade e informação nos arts. 153 a 157.
Dever de Diligência: É obrigação de meio. #CARADAPROVA a. É o que se chama de business judgement rule,
que exime o administrador por prejuízos causados à companhia por uma má escolha administrativa, desde
que bem-intencionado.

Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício de suas funções, o cuidado e diligência
que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração dos seus próprios negócios.

3)DIRETORIA: É a responsável pela representação da companhia e pela prática dos atos necessários ao seu
funcionamento regular. É obrigatória em todas as sociedades anônimas. Os diretores podem ou não ser
acionistas, exigindo a lei que sejam pessoas naturais. Ela é composta por dois ou mais diretores, eleitos e
destituíveis a qualquer tempo pelo Conselho de Administração, ou se, inexistente, pela assembleia-geral,
com mandato nunca superior a 3 anos, permitida a reeleição.

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#ATENÇÃO #INOVAÇÃOLEGISLATIVA #APOSTACICLOS


A lei 14.195/21 permitiu que os diretores da S.A possam ser domiciliados no Exterior.
ANTES DA LEI 14.195/21 DEPOIS DA LEI 14.1959/21
Art. 146. Apenas pessoas naturais poderão ser § 2º A posse de administrador residente ou
eleitas para membros dos órgãos de administração. domiciliado no exterior fica condicionada à
§ 2o A posse do conselheiro residente ou constituição de representante residente no País,
domiciliado no exterior fica condicionada à com poderes para, até, no mínimo, 3 (três) anos
constituição de representante residente no País, após o término do prazo de gestão do
com poderes para receber citação em ações contra administrador, receber:
ele propostas com base na legislação societária, I - citações em ações contra ele propostas com base
mediante procuração com prazo de validade que na legislação societária; e
deverá estender-se por, no mínimo, 3 (três) anos II - citações e intimações em processos
após o término do prazo de gestão do administrativos instaurados pela Comissão de
conselheiro. Valores Mobiliários, no caso de exercício de cargo
de administração em companhia aberta.

Os órgãos de administração da S/A são o Conselho de Administração e a Diretoria; ou apenas Diretoria,


quando o Conselho não for obrigatório.

#ATENÇÃO #INOVAÇÃOLEGISLATIVA #APOSTACICLOS A lei 14.195/21 vedou a acumulação do cargo de


presidente do conselho de administração e do cargo de diretor-presidente ou de principal executivo da
companhia.

VALORES MOBILIÁRIOS (TÍTULOS EMITIDOS) PELAS SOCIEDADES ANÔNIMAS


Os valores mobiliários são os títulos de investimento que a sociedade emite para arrecadar recursos. São
eles:
• Ação;
• Debênture;
• “Commercial paper”;
• Bônus de subscrição;
• Partes beneficiárias.

REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA

É a modificação do tipo societário (ex: sociedade limitada se transforma em


TRANSFORMAÇÃO sociedade anônima). Não ocorre a extinção da pessoa jurídica. Não prejudica nem
modifica direitos dos credores.

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Uma ou várias sociedades (incorporadas) são absorvidas por outra (incorporadora).


A sociedade incorporadora sucederá as demais quanto aos direitos e obrigações
INCORPORAÇÃO sociais. Na incorporação, apenas a sociedade incorporada será extinta. A
incorporadora continua em pleno funcionamento. Não há, portanto, a criação de
uma nova sociedade.
União de duas ou mais sociedades para formar uma nova, extinguindo-se as que se
uniram. A nova sociedade sucederá as demais quanto aos direitos e obrigações
FUSÃO
sociais. Na fusão, todas que se uniram são extintas, sendo criada uma nova
sociedade.
A sociedade transfere seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas
para esta finalidade ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida (no caso de
transferência de todo o seu patrimônio – cisão total) ou dividindo-se o seu capital
(no caso de transferência de parcela do seu patrimônio – cisão parcial).
CISÃO
Cisão parcial: transferência de parcela do patrimônio para outra sociedade,
implicando a divisão do capital.
Cisão total: transferência da totalidade do patrimônio para outra sociedade,
implicando em extinção da sociedade cindida.

TÍTULOS DE CRÉDITO7
CONCEITO: Título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele
contido e somente produz efeito quando preenche os requisitos legais. Trata-se do conceito legal, que está
contido no art. 887 do CC.
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido,
somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
CARACTERÍSTICAS
O documento para ser título de crédito deve preencher os requisitos essenciais previstos na lei especial de
cada título de crédito (ex: o art. 1º da Lei do Cheque prevê os requisitos essenciais do cheque). Requisitos
essenciais são aqueles que a ausência não pode ser suprida. Há pelo menos três requisitos essenciais comuns
a todos os títulos de créditos:
DENOMINAÇÃO (nome do título de crédito)
DATA DA EMISSÃO

7
Referência bibliográfica: Coleção como passar para o concurso de Delegado. Tomo de Teoria resumida, Daniel
Trindade, 2022, p. 481/484

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ASSINATURA DO EMITENTE OU ASSINATURA DO MANDATÁRIO COM PODERES ESPECIAIS (aqui vale


lembrar: Súmula 387 STF A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada
pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto)

TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: os títulos de crédito são títulos executivos extrajudiciais, desde que
executados dentro do seu prazo prescricional previsto na lei especial de cada título. Após o decurso do prazo
prescricional, o título de crédito perde a força executória, mas o titular poderá ajuizar ação monitória.
#ATENÇÃO Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.
TÍTULO AO PORTADOR: é aquele que não identifica o credor, podendo circular pela simples tradição. A
maioria dos títulos de crédito não podem ser ao portador, porque na maioria das leis especiais exige-se que
se identifique o credor. OBS: o cheque pode ser ao portador, desde que o valor seja inferior a cem reais.
TÍTULO NOMINAL: é aquele que identifica o credor (o nome do credor consta da cártula). O título nominal
pode ser à ordem ou não à ordem. Título nominal à ordem é aquele que pode circular por endosso (assinatura
no verso do título ou designação e assinatura no anverso). A cláusula à ordem pode ser expressa. No caso de
omissão, o título será considerado à ordem. O título de crédito só circula por endosso se for à ordem. Título
nominal não à ordem é aquele que não pode circular por endosso. Se o emitente consignar expressamente
na cártula a cláusula não à ordem, o título não poderá circular por endosso, mas poderá circular por cessão
de crédito.
ENDOSSO, AVAL E PROTESTO
#SAIBADIFERENCIAR
ENDOSSO AVAL
Ato cambiário que põe o título de crédito em Ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se
circulação. Através do endosso, o endossante compromete a pagar título de crédito, nas mesmas
transfere seu direito de receber o crédito condições que um devedor desse título (avalizado).
documentado no título ao endossatário. O endosso
garante a existência da obrigação e o pagamento.
Segundo André Luiz Santa Cruz Ramos, “o endosso
produz dois efeitos, basicamente: a) transfere a
titularidade do crédito; e b) responsabiliza o
endossante, passando este a ser codevedor do
título (se o devedor principal não pagar, o
endossatário poderá cobrar do endossante)”8

8
Direito empresarial esquematizado, p.740, ed.4.

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Características gerais: instituto cambiário; Característica gerais: instituto cambiário;


declaração unilateral de vontade; garante a declaração unilateral de vontade; obrigação
existência da obrigação e o pagamento; diz respeito solidária; é feito através de uma assinatura no
ao título nominal à ordem, porquanto somente anverso do título.
estes circulam por endosso; transfere um direito OBS: é possível que ele seja feito no verso do título.
puro originário, sem vícios; é feito através de uma Nesse caso, deverá ser feito uma assinatura
assinatura no verso do título. acompanhada de uma expressão indicadora do ato
OBS: É possível que seja feito no anverso do título. (ex: “avalizo a”, “por aval a”).
Nesse caso, deverá ser feita uma assinatura
acompanhada de uma expressão identificadora do
ato (ex: “endosso a”; “pague-se a”).
#NÃOCONFUNDA O aval não se confunde com fiança: Características gerais da fiança: é um instituto do
direito civil; é um negócio jurídico, portanto, uma declaração bilateral de vontade; é uma obrigação
acessória; há um benefício de ordem. A fiança admite o benefício de ordem, assegurando ao fiador, a
prerrogativa de ser acionado somente após o afiançado. Logo, a responsabilidade do fiador é subsidiária.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS9
Súmula 475-STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário que recebe por
endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco, ficando ressalvado seu
direito de regresso contra os endossantes e avalistas.
Súmula 189-STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos.
Súmula 26-STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também responde pelas
obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário.
Regras especiais decorrentes da legislação regente de cada título de crédito:
LETRA DE CÂMBIO CHEQUE NOTA PROMISSÓRIA DUPLICATA
Admite aval total ou Admite aval total Admite aval total ou Admite aval total ou parcial
parcial ou parcial parcial
O endosso parcial é nulo O endosso parcial é O endosso parcial é nulo O endosso parcial é nulo
nulo

PROTESTO
PREVISÃO LEGAL a Lei 9.492/97 regulamenta o protesto de títulos e documentos.

9
Para saber mais acesse concursos360.com

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Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o


CONCEITO descumprimento de uma obrigação originada em títulos e outros documentos de
dívida.
O cancelamento do protesto é um ônus do devedor, porquanto cabe a ele a inciativa
CANCELAMENTO do procedimento para o cancelamento. Essa regra se justifica, na medida em que o
protesto é motivado exatamente pela mora do devedor.
O protesto por falta de aceite só pode ser efetuado antes do vencimento da obrigação
FALTA DE ACEITE e após o decurso do prazo para o aceite ou para a devolução (§1º do art. 21 da Lei
9.492/97)
Tratando-se de cheque, poderá o protesto ser lavrado no lugar do pagamento ou do
PROTESTO NO domicílio do emitente, devendo do referido cheque constar a prova de apresentação
CHEQUE ao banco sacado, salvo se o protesto tenha por fim instruir medidas pleiteadas contra
o estabelecimento de crédito (art. 6º da Lei 7.357/85)
Para provar (i) a falta de pagamento, (ii) a falta de aceite da duplicata; (iii) a falta de
devolução da duplicata. Um dos requisitos da duplicata tradicional (chamada de
PROTESTO DE “cartular” ou “não escritural”) é que ela deverá conter “a praça de pagamento” (art.
DUPLICATA 2º, §1º, VI, da Lei 5.474/68). No caso das duplicatas virtuais, a Lei 13.775/2018 dispõe
que a praça de pagamento das duplicatas escriturais deverá coincidir com o domicílio
do devedor, ou seja, a praça de pagamento é o domicílio do devedor.
Importante lembrar que dentre os títulos protestáveis, incluem-se as certidões de
PROTESTO DE
dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das
CDA
respectivas autarquias e fundações públicas.

TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE


#TABELALOVERS
Está previsto na Lei 7.357/85.
O cheque é uma ordem de pagamento à vista. As partes são o emitente (devedor do
cheque), o sacado (banco) e o beneficiário (terceira pessoa ou o próprio emitente).
Os devedores cambiário direitos são o emitente e seu avalista.
CHEQUE
Os devedores cambiários indiretos são o endossante e seus avalistas.
No cheque não há aceite no cheque.
Quanto à circulação, o cheque pode ser: 1) ao portador (não identifica o credor – somente
para cheques com valor inferior a R$ 100,00 – circulará por tradição); 2) nominal à ordem

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(identifica o credor – como regra, é à ordem – circula via endosso); 3) nominal não à
ordem (identifica o credor – não se transfere via endosso, mas sim via cessão)
O cheque admite aval total ou parcial.
O endosso parcial no cheque é nulo.

Quanto ao vencimento o cheque é à vista, nos termos do art. 32 da lei de cheque (“o
cheque é pagável a vista. Considera-se não escrita qualquer menção em contrário. O
cheque apresentado para o pagamento antes do dia indicado como data de emissão é
pagável no dia da apresentação”). Embora haja previsão que proíba cheque a prazo,
convencionou-se (costume) que entre o emitente e o credor existe uma obrigação de não
fazer (obrigação de não depositar antes do prazo). Tal convenção foi sumulada pelo STJ
no enunciado 370 (“caracteriza-se dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-
datado).

O cheque é um título abstrato, pois sua emissão independe de causa específica.

Prescrição: 6 meses da data da expiração do prazo da apresentação (30 dias a contar da


data da emissão quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 dias, quando
emitido em outro lugar do País ou no exterior).

#NÃOSABOTEASSÚMULAS

Súmula 600-STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não
apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação
cambiária.

Súmula 531-STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o


emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

Súmula 503-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de


cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão
estampada na cártula.

Súmula 388-STJ: A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

Súmula 370-STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-


datado.

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Súmula 299-STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.


Está prevista nos arts. 75 a 78 da LUG (decreto 57.663/66 - Lei uniforme de Genebra)
A nota promissória é uma promessa de pagamento. Na nota promissória, as partes são o
emitente (aquele que promete pagar) e o credor (beneficiário do pagamento).
Os devedores cambiários indiretos são o endossante e seus avalistas.
Na nota promissória não há aceite.
A nota promissória é um título nominal (deve indicar o credor), podendo ser à ordem ou
não à ordem, quando houver cláusula expressa (ex: “este título não circulará por
endosso, mas por cessão”).
A nota promissória admite aval total ou parcial.
NOTA O endosso parcial na nota promissória é nulo.
PROMISSÓRIA A nota promissória admite vencimento à vista ou a prazo.
A nota promissória é um título abstrato, pois sua emissão independe de causa específica.
Prazos prescricionais: a) ação contra o devedor direto: 3 anos; b) ação contra o devedor
indireto: 1 ano.
#NÃOSABOTEASSÚMULAS
Súmula 504-STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao
vencimento do título.
Súmula 258-STJ: A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza
de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
Está prevista nos arts. 1º ao 74 da LUG.
A letra de Câmbio é uma ordem de pagamento. As partes são o sacador (aquele que dá a
ordem de pagamento) e o tomador (beneficiário da ordem de pagamento).
Os devedores cambiários diretos são o aceitante e seu avalista.
LETRA DE Os devedores cambiários indiretos são o endossante e seu avalista, bem como o sacador
CÂMBIO e seu avalista.
Na letra de câmbio o aceite deve ser expresso, mas não é obrigatório.
A letra de câmbio é um título abstrato, pois sua emissão independe de causa específica.
Prazos prescricionais: a) ação contra o aceitante: 3 anos a partir do vencimento; b) ação
do portador contra o endossante e sacador: 1 ano da data do protesto ou vencimento do

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título com cláusula “sem despesas”; c) ação dos endossantes contra os demais e sacador:
6 meses do dia em que o endossante pagou a letra ou ele próprio foi acionado.
Está prevista na Lei 5.474/68 e, agora, também pela Lei 13.775/18 que dispõe sobre a
emissão de duplicata sob a forma escritural, também chamada de duplicata virtual ou
eletrônica.
A duplicata é titulo cambiariforme assemelhado à letra de câmbio. Na duplicata, não se
aplica diretamente o Código Civil, mas sim as noemas da Letra de Câmbio, nos termos do
art. 25 da Lei 5.474/68 (“Aplicam-se à duplicata e à triplicata, no que couber, os
dispositivos da legislação sobre emissão, circulação e pagamento das Letras de Câmbio”)
A duplicata é uma ordem de pagamento. A duplicata não é um título de saque
obrigatório, contudo, para sacar, necessariamente, deve haver um contrato de compra e
venda ou um contrato de prestação de serviços. As partes são sacador/credor/vendedor
(é autor da ordem de pagamento e ao mesmo tempo credor), o
sacado/devedor/comprador (aquele que recebe a ordem de pagamento) e o
credor/beneficiário do título (é o próprio sacador).
Na duplicata há a figura do aceite, que pode ser expresso ou tácito.
DUPLICATA A duplicata é, necessariamente, um título nominal e à ordem (indica o credor e circula
via endosso).
O devedor cambiário direto é o aceitante e seu avalista.
O devedor cambiário indireto é o endossante e seu avalista.
O pagamento da duplicata poderá ser assegurado por aval, sendo o avalista equiparado
àquele cujo nome indicar; na falta de indicação, àquele abaixo de cuja firma lançar a sua;
fora desses casos, ao comprador.
A duplicata admite aval total ou parcial.
O endosso parcial na duplicata é nulo.
Quanto ao vencimento, a duplicata pode ser à vista ou a prazo.
A duplicata é um título causal, ou seja, sua emissão depende de uma causa específica.
Prazos prescricionais: a) ação contra o sacado e respectivos avalistas: 3 anos, contados
da data de vencimento do título; b) ação contra o endossante e seus avalistas: 1 ano,
contado da data do protesto; c) ação de qualquer dos coobrigados contra os demais: 1
ano, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título.

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DIREITOS HUMANOS

#UMPOUCODEDOUTRINA
Rafael Barretto 10 define os direitos humanos como um conjunto de direitos que materializam a
dignidade humana; direitos básicos, imprescindíveis para a concretização da dignidade humana.
Os direitos humanos são ponto central dos Estados Constitucionais, pois um Estado no qual as pessoas
não tenham liberdades básicas reconhecidas é um Estado arbitrário, cheio de desrespeito ao ser
humano.
• Sob uma fundamentação religiosa, o respeito aos direitos humanos decorre do divino
(mandamento de Deus).
• Sob uma fundamentação positivista, a validade dos direitos humanos decorre do seu
reconhecimento enquanto normas de direito positivo.
• Sob a fundamentação jusnaturalista, os direitos humanos extraem validade da ordem
natural, que antecede o direito positivo.

Existe um conjunto de direitos que pertencem ao indivíduo pelo simples fato de ser do gênero humano.
Todo ser humano tem direito a ter direitos. Ou seja, existe um conjunto de direitos que precede o
direito positivo e independe do mesmo.

#NÃOCONFUNDA
Direito Natural Direito Positivo
Justo por natureza. Justo pelas leis.
O direito origina-se do nascimento do O direito origina-se da lei.
indivíduo.
Punição moral. Punição real e concreta.

#SELIGANOSINÔNIMO: jusnaturalismo é sinônimo de direito natural; juspositivismo é sinônimo


de direito positivo.

Apesar de direitos humanos e direitos fundamentais materializarem a dignidade da pessoa humana, é


inevitável diferenciá-los:

Direitos do homem Direitos fundamentais


Direitos válidos para todos os povos e em Direitos objetivamente vigentes numa ordem
todos os tempos. jurídica concreta.
Fazem parte da ordem internacional. Direitos positivados no ordenamento jurídico,
ex. direitos constitucionais.

A concepção atual de direitos humanos foi internacionalmente estabelecida pela Declaração Universal
do Direitos Humanos (1948), após a Segunda Guerra Mundial, quando a humanidade se horrorizou
com as crueldades do nazismo.11

#ATENÇÃO: Na disciplina Direitos Humanos o bem protegido é a humanidade.

Características dos direitos humanos:


➔ Historicidade: são fruto da evolução histórica de cada povo.

10
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 9 ed. – Bahia: Juspodivm,2019.
11
CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 7ed. – São Paulo: Saraiva, 2019.

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➔ Inalienabilidade: não são objeto de negociação.


➔ Imprescritibilidade: veda-se ao legislador que estipule prazo para o exercício do direito
de ação.
➔ Irrenunciabilidade: o particular não pode renunciar aos direitos fundamentais, mas pode
renunciar ao exercício.
➔ Universais: todos os seres humanos são dotados dessa titularidade.
➔ Relativos: ligados ao contexto histórico.

Os direitos humanos são personalíssimos, não se transmitem. Ademais, em razão do princípio da


concorrência/cumulatividade, consistem em direitos que podem ser exercidos ao mesmo tempo, sem
que um enfraqueça o outro.

#RESUMEAÍPROF
Direitos humanos = direitos da ordem jurídica internacional.
#FAZOGANCHO: ONU – sistema global de direitos humanos; a par disso, temos os sistemas regionais
(ex. OEA – pacto de san jose).
Direitos fundamentais = direitos da ordem jurídica nacional, positivados na ordem jurídica interna (ex.
direitos que estão na CF/88). Faz parte do direito constitucional.
Direitos do homem = direitos não positivados nem na ordem jurídica nacional nem internacional.

Para André de Carvalho Ramos, direitos humanos é um conjunto de direitos necessários para
assegurar uma vida do ser humano baseada na liberdade e dignidade.
Para Antonio-Enrique Pérez é um conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento
histórico, concretizam as exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser
reconhecidas positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional.
Conceito em documento das Nações Unidas: garantias jurídicas universais que protegem indivíduos e
grupos contra ações ou omissões dos governos que atentem contra a dignidade humana.
A afirmação dos direitos humanos, historicamente, foi em face do Estado (por ser omisso,
violador) – para garantir a liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana.

Fundamento dos DH = dignidade da pessoa humana (qualidade intrínseca e distintiva de cada ser
humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da
comunidade, implicando em um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a
pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe
garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua
participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os
demais seres humanos).

FUNDAMENTAÇÃO DOS DH:


• Jusnaturalistas
Direitos humanos são direitos naturais, isto é, inerentes a todos seres humanos.
Ex. inspiração divina; razão humana (moderna).
Os direitos naturais são inerentes ao homem, anteriores ao Estado e, portanto, não concedidos pelo
direito positivo. Pouco importa se reconhecidos ou não pela ordem positiva, são direitos de todos
os homens, e cabe ao Estado respeitá-los.
• Positivistas
Direitos humanos são somente aqueles positivados na ordem jurídica estatal, na lei positiva de cada
Estado. Por consequência, não são considerados direitos inerentes ao homem, mas concedidos pelo
Estado, de forma institucionalizada.
• Teoria Moral (valores morais da coletividade humana)

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Ciclos Método

A fundamentação dos direitos humanos busca a conciliação entre os direitos humanos entendidos
como exigências éticas ou valores e os direitos humanos entendidos como direitos positivados.
• Negacionistas
Mais importante do que fundamentar os direitos humanos, é protegê-los.

ATENÇÃO! UNIVERSALIDADE X RELATIVIDADE


De acordo com o princípio da UNIVERSALIDADE, os direitos humanos são universais,
independentemente de as nações terem assinado a declaração, devem ser reconhecidos em todo
o planeta, independentemente, da cultura, política e sociedade.
Todavia, os RELATIVISTAS CULTURAIS afirmam que os direitos fundamentais não podem ser
universais, porque devem ser reconhecidos na medida da cultura de cada sociedade.

HISTÓRICO: Os primeiros documentos históricos já revelavam uma preocupação com direitos


inerentes ao homem. Por exemplo, no Código de Hamurabi (1.800 a.C.) já tinha como forma de
dosimetria da pena a “lei de talião” – olho por olho, dente por dente.
Em 1.215 o rei João da Inglaterra foi obrigado a assinar a Magna Carta, que pela primeira vez deu
direitos aos súditos e corrigiu arbitrariedades estatais. Aqui destaca-se a implantação da monarquia
constitucional.
#APOSTACICLOS: A Magna Carta influenciou os seguintes documentos:
➔ Petition of Right - Semente para a Revolução Inglesa. Nessa petição de direitos foi exigido
que nenhum tributo fosse imposto sem o consentimento do Parlamento.
➔ Declaração Universal dos Direitos Humanos - Emitida pela ONU em 1948 com o escopo
de proporcionar a todas as pessoas de qualquer povo ou nação os mesmos direitos.
➔ Constituições modernas.
#SELIGANATABELA
FASE PRÉ-ESTADO Antiguidade Oriental – Código de Hamurabi.
CONSTITUCIONAL Antiguidade Grega – Democracia Ateniense.
República Romana – legalidade, igualdade e propriedade.
Cristianismo – Solidariedade.
A fase Pré-Estado Constitucional é marcada por documentos mais
rudimentares, ex. lei do talião do Código de Hamurabi “olho por olho,
dente por dente”. No entanto, já se demonstrava um sentido de
justiça/proporcionalidade.
Atenas foi o berço da democracia, e Roma trouxe sofisticada forma
de organização do poder. O Cristianismo ensejou a ideia de caridade,
ajudar os mais necessitados (direitos sociais).
IDADE MÉDIA Poder limitado pela vontade divina.
Magna Carta (1.215).
Apesar da Idade Média ter tido ideias retrógradas, como, a inquisição,
e viver uma época de degradação (peste negra), aparece a ideia de
que a vontade de Deus deve limitar o poder do homem. Ademais, a
Magna Carta é precursora das modificações que irão ocorrer a seguir.
IDADE MODERNA Revoluções liberais.
Inglaterra: Revolução Inglesa; Petition of Rights; Habeas Corpus Act;
Bill of Rights.
EUA: Revolução Americana; 1ª Constituição do mundo.
França: Revolução Francesa; Declaração Francesa dos Direitos do
Homem e do Cidadão.

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Ciclos Método

A Idade Moderna é pautada pelo iluminismo, saída da idade das


trevas, para um enorme avanço em direitos humanos, principalmente
em direitos de 1ª geração (liberdade).
IDADE CONTEMPORÂNEA Constituição do México.
Constituição de Weimar.
Fim da Primeira Guerra Mundial; Tratado de Versalhes; Criação da
OIT.
Criação da ONU.
Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Na Idade Contemporânea ficou claro que a liberdade sem a igualdade
não faz sentido. Não adiante alguns serem livres e outros não terem
as mesmas oportunidades. Assim, a Constituição do México e a
Constituição de Weimar trouxeram direitos sociais. E, por fim, após
as atrocidades das guerras perceberam a necessidade de uma
pacificação mundial, por meio da criação da ONU.

#OLHAOGANCHO: PRINCÍPIOS X REGRAS


PRINCÍPIOS: Normas mais amplas, abstratas, genéricas. Para Alexy, princípios são MANDAMENTOS DE
OTIMIZAÇÃO, que devem ser cumpridos na maior intensidade possível. Para Dworkin, princípios são
mandamentos normativos aplicados na DIMENSÃO DE PESO ou DE IMPORTÂNCIA.
Em caso de colisão, resolve-se pela PONDERAÇÃO.
REGRAS: Normas mais específicas, delimitadas, determinadas. Para Alexy são MANDADOS DE
DEFINIÇÃO. Devem ser cumpridas integralmente (all or nothing).
Em caso de colisão, resolve-se pela DIMENSÃO DE VALIDADE.

#NÃOCONFUNDA
TEORIA DAS DIMENSÕES DE DIREITOS HUMANOS
Surgiu em 1979 com a bandeira francesa e seus valores - liberdade, igualdade e fraternidade.
Noberto Bobbio foi quem popularizou essa ideia em 1981 na obra “a era dos direitos”.
➔ Primeira dimensão: direitos civis e políticos. Século XVIII e XIX. Liberdade, propriedade, direitos
políticos. Estado Liberal. Natureza negativa, abstenção do Estado.
➔ Segunda dimensão: vem do movimento que questiona a desigualdade, melhores condições aos
trabalhadores. Século XX. Vem para afirmar direitos sociais, econômicos e culturais. Direitos da
Igualdade. Possui natureza de direitos positivos (oferecimento pelo Estado). Ex. Constituição de
Weimar 1919.
➔ Terceira dimensão: direitos difusos, fraternidade, solidariedade. Paz, meio ambiente
ecologicamente equilibrado. Pós segunda guerra mundial.

Obs. Geração dá ideia de sucessão. Por isso a doutrina prefere usar “dimensão” – ideia de unidade.
Obs. Não há na declaração universal de direitos humanos direitos de 3ª dimensão, pois é mais recente.

#RESUMEAÍPROF
Os direitos fundamentais não foram reconhecidos todos de uma vez só. Ocorreram muitas lutas e
conquistas históricas para termos tudo o que temos hoje.
O termo “geração” remete a uma ideia de superação/sucessão de direitos. Por isso, é mais acertado
usar o termo “dimensões” de direitos humanos.
Rafael Barretto12 categoriza os direitos humanos da seguinte forma:
• Direitos Civis: relacionados às liberdades civis básicas.

12 BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 9 ed. – Bahia: Juspodivm,2019.


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Ciclos Método

• Direitos Políticos: direito de participação na vida do Estado.


• Direitos Sociais: intervenção do Estado no plano social, como saúde e educação.
• Direitos Econômicos: relação capital-trabalho.
• Direitos culturais: relacionados à práticas culturais.
• Direitos difusos: atinentes à humanidade como um todo, ex. meio ambiente.

As gerações de direitos representam um conjunto de direitos institucionalizados num determinado


momento histórico, com características similares e um valor comum. Não há consenso quanto ao
número de gerações, mas o entendimento é pacífico acerca das 3 primeiras dimensões de direitos
humanos:

1ª dimensão: voltada para liberdades públicas, direitos civis e políticos. Originou-se da Independência
Norte-americana e Revolução Francesa, ideias iluministas. Aqui o que se busca é a limitação da atuação
estatal, para evitar arbitrariedade.
2ª dimensão: voltada para a igualdade, direitos econômicos, sociais e culturais. Originou-se na
Revolução Industrial e pelo fim da Primeira Guerra Mundial, porque o mundo passou a repensar
relações sociais e questões econômicas. Outro marco importante foi a Constituição de Weimar. Aqui
são definidas condições jurídicas mínimas para a independência social dos indivíduos (saúde, educação
etc.).
3ª dimensão: voltada para a fraternidade, direitos de solidariedade. Originou-se de tratativas
internacionais (ONU, UNESCO). Aqui destacam-se os seguintes direitos: paz, meio ambiente,
comunicação, autodeterminação dos povos etc.

#OLHAOGANCHO: Jellinek – Teoria dos Status - #APOSTACICLOS


a) Status passivo: é aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o Estado. É
um estado de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo é meramente detentor de
deveres.
b) Status ativo: o indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade estatal. Ex.
direitos políticos. Voto.
c) Status negativo: é aquele em que o indivíduo goza de um espaço de liberdade diante das possíveis
ingerências.
d) Status positivo: é aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas
prestações positivas.

#OLHAOGANCHO - EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: #APOSTACICLOS


EFICÁCIA VERTICAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Consiste na aplicação dos direitos fundamentais
às relações entre particulares e o Estado. É a eficácia clássica.
EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (eficácia privada ou externa): Com o
desenvolvimento dos direitos fundamentais, percebeu-se que a opressão e a violência contra o
indivíduo vêm também de entidades privadas. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às
relações entre particulares.
EFICÁCIA DIAGONAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: Consiste na aplicação dos direitos fundamentais
à relação entre particulares, nas quais existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação trabalhista.
EFICÁCIA VERTICAL COM REPERCUSSÃ O LATERAL: Eficácia em relação aos particulares decorrente da
incidência do direito fundamental à tutela jurisdicional. O direito fundamental será efetivado mediante
a atuação judicial (o juiz tutela um direito não protegido pelo legislador).
EFICÁCIA INDIRETA OU MEDIATA — os direitos fundamentais são aplicados de maneira reflexa, tanto
em uma dimensão proibitiva e voltada para o legislador, que não poderá editar lei que viole direitos
fundamentais, como, ainda, positiva, voltada para que o legislador implemente os direitos
fundamentais, ponderando quais devam aplicar-se às relações privadas.

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EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA — alguns direitos fundamentais podem ser aplicados às relações
privadas sem que haja a necessidade de “intermediação legislativa” para a sua concretização.

ATENÇÃO! DIMENSÃO OBJETIVA X DIMENSÃO SUBJETIVA


DIMENSÃO OBJETIVA
Direito fundamental como NORMA COGENTE E IRRADIANTE, como norte e limite considerando-se o
direito de forma abstrata.

DIMENSÃO SUBJETIVA
Direito fundamental dentro de uma relação jurídica, considerando-se um titular e um destinatário,
de forma concreta.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
“É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de
vigilância sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações ou (ii) tenha sua
aplicação obrigatória determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, estado, Distrito
Federal ou município, com base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza
violação à liberdade de consciência e de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco
ao poder familiar.” STF. Plenário. ARE 1267879/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 16 e
17/12/2020 (Repercussão Geral – Tema 1103) (Info 1003). #APOSTACICLOS

Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming” apenas porque


seu conteúdo desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra fundamento em
uma sociedade democrática e pluralista como a brasileira.” STF. 2ª Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info 998). #APOSTACICLOS

Veículo de imprensa jornalística possui direito líquido e certo de obter dados públicos sobre óbitos
relacionados a ocorrências policiais.” STJ. 2ª Turma. REsp 1.852.629-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado
em 06/10/2020 (Info 681). #APOSTACICLOS

A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a


veiculação de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma
pacífica ou para que não frustre outra reunião no mesmo local.” STF. Plenário. RE 806339/SE, Rel. Min.
Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral –
Tema 855) (Info 1003).

É inconstitucional lei estadual que proíba que a Administração Pública contrate empresa cujo diretor,
gerente ou empregado tenha sido condenado por crime ou contravenção relacionados com a prática
de atos discriminatórios. Essa lei viola os princípios da intransmissibilidade da pena, da
responsabilidade pessoal e do devido processo legal.” STF. Plenário. ADI 3092, Rel. Marco Aurélio,
julgado em 22/06/2020 (Info 987 – clipping).

Súmula vinculante 1-STF: Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem
ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante
do termo de adesão instituído pela Lei Complementar nº 110/2001.

Súmula vinculante 25-STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade
do depósito.

Súmula 654-STF: A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da
República, NÃO É invocável pela entidade estatal que a tenha editado.

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Súmula 2-STJ: Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra "a") se não houve recusa de informações
por parte da autoridade administrativa.

Súmula 280-STJ: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi
revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.

Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da
imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.

Súmula 419-STJ: Descabe a prisão civil do depositário infiel.

Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a
pena-base.

Súmula 9, TSE: A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em


julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova
de reparação dos danos.

A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da Constituição Federal, aplica-se no caso de
substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos. STF. Plenário. RE 601182/MG,
Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/5/2019 (repercussão
geral) (Info 939).

As inovações na Constituição Federal de 1988 foram as seguintes:


Art. 1º, III Dignidade da pessoa humana como fundamento do Estado
Art. 3º Proteção da pessoa humana como objetivo do Estado
Art. 4º, II Primazia dos DH como princípio regente das relações internacionais.
Título II Positivação dos direitos e garantias fundamentais logo no início da CF/88
Art. 5º, §1º Consagração da aplicação imediata das normas definidoras de direitos e
garantias fundamentais
Art. 5º, §2º Abertura do catálogo de direitos e garantias fundamentais reconhecimento
dos tratados internacionais de FH (cláusula de abertura)
Capítulo II do Afirmação dos direitos sociais como verdadeiros direitos fundamentais
Título II
Art. 60, §4º Qualificação dos direitos das pessoas como cláusula pétrea
Art. 7º, ADCT Criação de um Tribunal Internacional de DH

#FOCANATABELA
MÁXIMA EFETIVIDADE INTERPRETAÇÃO PRO HOMINE
Exige que a interpretação de determinado direito Exige que a interpretação seja sempre aquela
conduza ao maior proveito de seu titular, com o mais favorável ao indivíduo, reconhecendo a
menor sacrifício imposto aos titulares dos demais superioridade das normas de direitos humanos.
direitos em colisão. Implica a aplicabilidade direta
e imediata, pela qual os direitos humanos
previstos na CF/88 e nos tratados podem incidir
diretamente aos casos concretos sem qualquer
lapso temporal.

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#OLHAOGANCHO
O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda que
verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao público em geral, causando-
lhe sofrimento ou transtornos.

#MUDANÇADEENTENDIMENTO: É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao


esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a
divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação
social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e
de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais –
especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em
geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário. RE
1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA
INJÚRIA RACIAL. CRIME IMPRESCRITÍVEL. OFENSA A DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL.
IMPOSSIBILIDADE. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. MATÉRIA ANALISADA, EM CASO ANÁLOGO, PELO
STF. AGRAVO REGIMENTAL PARCIALMENTE PROVIDO E INDEFERIDO O PEDIDO DE EXTINÇÃO DA
PUNIBILIDADE. 1. Comprovada a republicação da decisão de inadmissão do recurso especial, é
reconsiderada a decisão que julgou intempestivo o agravo. 2. Nos termos da orientação jurisprudencial
desta Corte, com o advento da Lei n.9.459/97, introduzindo a denominada injúria racial, criou-se mais
um delito no cenário do racismo, portanto, imprescritível, inafiançável e sujeito à pena de reclusão
(AgRg no AREsp 686.965/DF, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO
TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 31/08/2015). 3. A ofensa a dispositivo
constitucional não pode ser examinada em recurso especial, uma vez que compete exclusivamente ao
Supremo Tribunal Federal o exame de matéria constitucional, o qual já se manifestou, em caso
análogo, refutando a violação do princípio da proporcionalidade da pena cominada ao delito de injúria
racial. 4. Agravo regimental parcialmente provido para conhecer do agravo em recurso especial mas
negar-lhe provimento e indeferir o pedido de extinção da punibilidade. (STF - HC: 154248 DF 0067385-
46.2018.1.00.0000, Rel. Edson Fachin)

#FAZOGANCHO: TRATADOS
Os tratados e convenções de direitos humanos aprovados com quórum de emenda constitucional
integram-se no bloco de constitucionalidade brasileiro, possuindo, assim, força constitucional.
Atualmente os seguintes tratados internacionais de direitos humanos conseguiram alcançar esse
patamar:
• Convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência e seu protocolo facultativo;
• Convenção de Marraqueche (facilita o acesso a obras públicas a pessoas cegas);
• Convenção Interamericana contra o Racismo.

#SELIGANOSINÔNIMO: TEORIA DO DUPLO ESTATUTO (STF) – Corrente que prevalece atualmente,


defendendo que os tratados que forem aprovados pelo rito do §3º do art. 5º tem natureza
constitucional. Caso contrário, terão natureza supralegal (acima das leis, abaixo da CF/88),
independente se foram incorporados antes ou depois da referida EC. Ex. Pacto de San Jose.

Em virtude da ação da Teoria do Duplo Estatuto pelo ordenamento jurídico brasileiro, adota-se o
chamado CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE, que nada mais é do que a aferição da compatibilidade
das leis e atos normativos brasileiros com os tratados internacionais de direitos humanos ratificados
pelo Brasil.

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#DEOLHONOEXAMINADOR: Não importa se o tratado foi aprovado pelo rito do art. 5º, §3º (natureza
constitucional) ou não (natureza supralegal). Divide-se em:
• Controle de Convencionalidade de matriz internacional: Chamado de autêntico ou definitivo,
atribuído a órgãos internacionais criados por tratados internacionais (Corte Interamericana, Corte
Europeia etc.);
• Controle de Convencionalidade de matriz nacional: Chamado de provisório ou preliminar, é o exame
de compatibilidade do ordenamento interno, realizado por juízes e tribunais internos.

O Diálogo das Cortes consiste em compatibilização entre o resultado do controle de convencionalidade


nacional com o decidido no controle de convencionalidade internacional.
Existe este diálogo, uma vez que, tanto o STF, quanto os órgãos internacionais cumprem a mesma
missão: de assegurar o respeito à dignidade humana e os direitos fundamentais.

#OLHAOGANCHO: O Estado, ao assinar um tratado internacional de direitos humanos não assume


obrigações recíprocas com outro Estado e sim com a Comunidade Internacional, bem com os
indivíduos que residam neste Estado, de que irá respeitar os direitos humanos estabelecidos.

SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

A concepção atual de direitos humanos foi internacionalmente estabelecida pela Declaração


Universal do Direitos Humanos (1948), após a Segunda Guerra Mundial, quando a humanidade se
horrorizou com as crueldades do nazismo.13

#SELIGANAJURIS
São constitucionais o art. 16, I, o art. 105, o art. 122, II e III, o art. 136, I, o art. 138 e o art. 230 do ECA.
Tais dispositivos estão de acordo com o art. 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LXI e com o art. 227 da CF/88.
Além disso, são compatíveis com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), a Convenção
sobre os Direitos da Criança, as Regras de Pequim para a Administração da Justiça de Menores e a
Convenção Americana de Direitos Humanos. STF. Plenário. ADI 3446/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 7 e 8/8/2019 (Info 946).

SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS


Visando manter a segurança coletiva e a paz mundial a Organização das Nações Unidas (ONU) passou
a existir em 1945, com a entrada em vigor da Carta das Nações Unidas.

PRECURSORES DA ONU
➔ Direito de Genebra (1929)
➔ Liga das Nações (1919)
➔ Organização Internacional do Trabalho (OIT)

Missão da ONU: estabelecer regras a serem observadas pelos Estados perante os indivíduos sujeitos
ao seu poder e perante os demais Estados.
Portanto, o sistema global de direitos humanos é o sistema estruturado em torno da ONU. Entenda
que, a ONU foi fundada em 1945 pouco após o término da 2ª Guerra Mundial, com o escopo de reunir
nações que tivessem propósitos em comum no sentido de promover a paz e a segurança no cenário
internacional, bem como o desenvolvimento das nações e a promoção dos direitos humanos.

13 CASTILHO, Ricardo. Direitos Humanos – 7ed. – São Paulo: Saraiva, 2019.


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#OLHAOGANCHO: A Carta das Nações Unidas estabelece como finalidade da ONU a busca da paz
internacional e o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem consolida uma ética mundial para os valores relativos
aos direitos humanos.

#APOSTACICLOS: Aqui são ensejados direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais.

#CUIDADO: Por ter sido aprovada como Resolução deu margem a questionamentos sobre sua
força vinculante.
Tecnicamente, a DUDH de 1948 é uma recomendação. Isso se deve, inclusive, a razões históricas. A
DUDH foi pensada inicialmente pela Comissão de Direitos Humanos da ONU como uma etapa
preliminar de um tratado específico sobre o assunto.
As recomendações, em regra, realmente, não têm força vinculante. Esse não é, contudo, o
entendimento majoritário sobre a DUDH. Em razão de sua importância histórica e por funcionar como
uma pauta mínima para os Direitos Humanos, a Declaração é tida por integrante do conjunto de
costumes e princípios gerais do direito internacional, compondo, assim, o chamado "jus cogens", logo,
a doutrina majoritária entende que a DUDH possui força vinculante.

Faz parte da estrutura normativa global os seguintes instrumentos:


• Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (1966)
• Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966)

Além desses diplomas, existem normas de alcance especial, isto é, destinadas a indivíduos ou grupos
específicos, tais como: mulheres, refugiados, crianças entre outros.

#ATENÇÃO: Dentre as normas especiais do sistema global da ONU, destacam-se a Convenção contra a
Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes, a Convenção para a
Eliminação da Discriminação contra a Mulher, a Convenção para a Eliminação de todas as formas de
Discriminação Racial e a Convenção sobre os Direitos da Criança.

#RESUMEAÍPROF
Processo de internacionalização dos direitos humanos:
• Em sentido amplo = precedentes do processo de internacionalização dos direitos humanos.
• Em sentido estrito = após o término da 2ª guerra mundial (ex. criação da ONU).

A internacionalização dos direitos humanos começa: #APOSTACICLOS


• No plano histórico com o término da 2ª Guerra Mundial.
• No plano político com a criação da ONU em 1945, mediante a carta de São Francisco.
• No plano jurídico e marco fundamental, com a declaração universal dos direitos humanos.

Daí surge o sistema global + regional de proteção dos direitos humanos.


Surge a revisão de soberania absoluta dos Estados, com monitoramento e responsabilização dos
Estados. O indivíduo passa a ser sujeito de direitos, inclusive, podem pleitear direitos em âmbitos
internacionais (ex. denunciar descumprimento do pacto de san jose à comissão interamericana).
Os Estados se comprometem a proteger os direitos humanos, inclusive, serem monitorados.
Daí surgem os tratados e convenções sobre direitos humanos e o dever de implementar aquilo que foi
assinado (país signatário).
Inclusive, a Corte Interamericana pode responsabilizar o Brasil.

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RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO: #IMPORTANTE


-Regime objetivo dos tratados de direitos humanos.
Os tratados oferecem direitos subjetivos; reciprocidade entre os Estados contratantes. Todavia, nos
tratados de direitos humanos o regime é objetivo, ou seja, não regulamentam vantagens/obrigações
recíprocas, mas sim obrigações de interesse geral de proteção da pessoa humana.

-Responsabilidade primária do Estado de proteger os direitos humanos. Ex. O Estado precisa cumprir
a obrigação que consta nos tratados em que é signatário – se descumpre, a vítima pode acionar a
instância internacional.

-Natureza jurídica complementar e subsidiária das instâncias internacionais. Não pretende substituir
o sistema interno de cada país. Só após o fim dos recursos brasileiros (jurisdição interna) é que cabe
acionar a Comissão Interamericana.
Vertentes da proteção da pessoa humana em nível global = direito internacional dos direitos humanos
(conflitos armados); direito internacional humanitário; direito internacional dos refugiados.

ONU
-Assembleia Geral: órgão máximo da ONU.
Obs. O alto comissariado para os DH está ligado.
-Conselho Econômico e Social.
-Conselho de DH.
O Conselho de Direitos Humanos foi criado pela Resolução 60/251, de 15 de março de 2006, da
Assembleia-Geral das Nações Unidas, em substituição à Comissão de Direitos Humanos (que era
vinculada ao Conselho Econômico e Social).
Trata-se do órgão intergovernamental subsidiário da Assembleia-Geral e é responsável por promover
o respeito universal pela proteção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais para todos,
sem distinção de qualquer espécie e de uma forma justa e equitativa. (MELO, Fabiano. Direitos
Humanos. SP: Método, 2016).
Revisão periódica internacional (a cada 4 anos e meio) = verificação da situação dos DH em todos os
Estados que compõe a ONU. Daí terá sugestões, recomendações não vinculantes. Há elaboração dos
relatórios; diálogo interativo; relatório final com as recomendações; observância da implementação
das recomendações para a próxima revisão.

SISTEMA REGIONAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS


O sistema interamericano de proteção aos direitos humanos é coordenado pela Organização dos
Estados Americanos (OEA), entidade criada em 1948, a partir da Carta da Organização dos Estados
Americanos.
A OEA foi criada 03 anos após a ONU, e representa o sistema regional americano. Ao lado do sistema
interamericano de proteção dos direitos humanos, também existe, o sistema europeu e o sistema
africano.
Além da Declaração Americana, há outros instrumentos de alcance geral que fazem parte do sistema
interamericano, como a Convenção Americana sobre os Direitos Humanos ou “Pacto de San José”
(1969), ratificada pelo Brasil em 25/09/92.

A CARTA DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) é o tratado que criou essa entidade,
sendo firmada em 1948. Embora ela não consagre expressamente a promoção dos direitos humanos
como um dos objetivos principais daquele organismo internacional, estabelece que “Os Estados
americanos proclamam os direitos fundamentais da pessoa humana, sem fazer distinção de raça,
nacionalidade, credo ou sexo” (art. 3), proclamando, de modo genérico, o dever de respeito aos
direitos humanos por parte de todo Estado-membro da organização.

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Já a DECLARAÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS E DEVERES DO HOMEM foi aprovada pela Resolução
XXX, em Bogotá, em abril de 1948. Embora seja uma RESOLUÇÃO NÃO VINCULANTE, é o MARCO
INICIAL NA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA INTERAMERICANO, enumerando especificadamente quais são
os direitos fundamentais que deveriam ser observados e garantidos pelos Estados.

#SELIGA: A Declaração Americana, que é anterior à Declaração Universal de Direitos Humanos,


expressamente reconheceu a universalidade dos direitos humanos, ao expressar que os direitos
essenciais do homem não derivam do fato de ser ele cidadão ou nacional de um Estado, mas, sim, de
sua condição humana (Preâmbulo da Declaração).
Integra o sistema interamericano de proteção de direitos humanos a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos e a Corte Interamericana de Direitos Humanos:

#TABELALOVERS
Comissão Interamericana de direitos humanos Corte Interamericana de direitos humanos
É o principal órgão fiscalizatório do sistema Órgão jurisdicional do sistema interamericano. Atua
interamericano de direitos humanos. na reparação das vítimas de violações de direitos
humanos que não conseguem obter a reparação
adequada pelos órgãos nacionais do Estado
violador.
Supervisiona o cumprimento das obrigações Somente os Estados-Partes e a Comissão têm direito
internacionais por parte dos Estados que integram de submeter caso à decisão da Corte.
a estrutura da OEA.
Composta por 7 membros, com mandato de 4 anos É composta por 7 juízes nacionais dos Estados
(admitida um reeleição). Membros da OEA. O mandato é de 6 anos admitida
uma recondução (admitida uma recondução).
Representa todos os membros da OEA. A Corte possui competência contenciosa e
consultiva.
A Comissão tem a função principal de promover a Julga os litígios que são submetidos à apreciação do
observância e a defesa dos direitos humanos e, no Tribunal. Pode julgar casos que envolvam a violação
exercício do seu mandato, tem as seguintes funções da Convenção Americana, como também outro
e atribuições: instrumento normativo da OEA.
a) estimular a consciência dos direitos humanos A competência da Corte é facultativa, de maneira
nos povos da América; que somente pode atuar em relação a Estados que
b) formular recomendações aos governos dos declarem reconhecer sua competência como
Estados-Membros, quando o considerar obrigatória para casos envolvendo a aplicação do
conveniente, no sentido de que adotem medidas sistema interamericano.
progressivas em prol dos direitos humanos no A declaração de reconhecimento da competência
âmbito de suas leis internas e seus preceitos da Corte pode ser feita de maneira incondicional ou
constitucionais, bem como disposições apropriadas sob condição de reciprocidade, por prazo
para promover o devido respeito a esses direitos; determinado ou casos específicos.
c) preparar os estudos ou relatórios que Pela natureza contínua/permanente, não há óbice
considerar convenientes o desempenho de suas para que o Tribunal reconheça fatos em relação ao
funções; período posterior ao reconhecimento da
d) solicitar aos governos dos Estados-Membros competência da corte.
que lhe proporcionem informações sobre as Não tem legitimidade indivíduos, nem entidades
medidas que adotarem em matéria de direitos não governamentais. Todavia, podem acionar a
humanos; Comissão, para que instaure um procedimento e, se
e) atender às consultas que, por meio da entender pertinente, submeterá à Corte.
Secretaria-Geral da Organização dos Estados

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Americanos, lhe formularem os Estados-Membros


sobre questões relacionadas com os direitos
humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar-
lhes o assessoramento que eles lhe solicitarem;
f) atuar com respeito às petições e outras
comunicações, no exercício de sua autoridade, de
conformidade com o disposto nos artigos 44 a 51
desta Convenção; e
g) apresentar um relatório anual a Assembléia-
Geral da Organização dos Estados Americanos.

A competência da corte abrange o recebimento de A competência consultiva é exercida para responder


petições individuais e comunicações interestatais, questionamentos acerca da interpretação da
denunciando casos de violação a direitos humanos. Convenção Americana e outros tratados de direitos
humanos.

#ATENÇÃO: Não existe hierarquia entre o sistema global e o sistema regional (interamericano) de
proteção dos direitos humanos. Dessa forma, o critério adotado para evitar conflitos entre os vários
instrumentos internacionais é o denominado de “prevalência da norma mais benéfica” para a vítima
de violações de direitos humanos.
#SELIGANOEXEMPLO: Se uma pessoa está sofrendo violação de direitos humanos que compromete
a sua dignidade como pessoa humana, será utilizada a norma mais protetiva.

#TABELALOVERS
SISTEMA GLOBAL SISTEMAS REGIONAIS
É conhecido como o sistema “internacional” ou Visam a promover os direitos humanos em
“universal” e visa abranger o mundo inteiro. É determinadas regiões do mundo, atentando para as
administrado fundamentalmente pela respectivas especificidades e beneficiando-se da
Organização das Nações Unidas (ONU) e seu maior facilidade de promover o consenso entre
principal órgão é o Alto Comissariado das Nações Estados. Os mais conhecidos são o Europeu, o
Unidas para os Direitos Humanos. Africano e o Interamericano, do qual o Brasil faz
parte.
Seus documentos mais importantes são:
• A Declaração Universal dos Direitos
Humanos, de 1948; O sistema interamericano é organizado pela OEA –
Organização dos Estados Americanos.
• Pacto sobre Direitos Civis e Políticos e; Seu principal órgão é a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos.
• Pacto sobre Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, de 1966

A Convenção Americana enunciou, basicamente, direitos liberais. Assim, é errado dizer que a
Convenção trouxe um catálogo de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Os direitos
sociais, econômicos e culturais estão previstos no Protocolo de San Salvador.
De acordo com Rafael Barretto14, a Convenção Americana basicamente reproduziu os direitos do Pacto
Internacional dos direitos civis e políticos da ONU, com algumas novidades, ex. direito à propriedade.

14
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos – 9 ed. – Bahia: Juspodivm,2019.

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#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
PRISÃO CIVIL. Depósito. Depositário infiel. Alienação fiduciária. Decretação da medida coercitiva.
Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da previsão constitucional e das normas subalternas.
Interpretação do art. 5º, inc. LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do art. 7º, § 7, da Convenção Americana
de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Recurso improvido. Julgamento conjunto do
RE nº 349.703 e dos HCs nº 87.585 e nº 92.566. É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer
que seja a modalidade do depósito. (RE 466343, Relator (a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno,
julgado em 03/12/2008, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-104 DIVULG 04-06-2009 PUBLIC 05-06-
2009 EMENT VOL-02363-06 PP-01106 RTJ VOL-00210-02 PP-00745 RDECTRAB v. 17, n. 186, 2010, p.
29-165)

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula Vinculante 25: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de
depósito.

#APOSTACICLOS: A Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos possui aplicação


imediata, o que significa dizer que os direitos nela previstos podem ser exigidos de imediato.

Alguns direitos poderão ser suspensos em circunstâncias excepcionais? SIM! Em caso de GUERRA ou
de PERIGO PÚBLICO ou de OUTRA EMERGÊNCIA, estando em jogo a independência e segurança do
Estado, isso é possível. Mas se ligue: alguns direitos não podem ser suspensos:
(i) Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica e ao nome;
(ii) Direito à vida e à integridade física;
(iii) Proibição da escravidão e da servidão;
(iv) Princípios da legalidade e retroatividade;
(vi) Liberdade de consciência e de religião, proteção da família, direitos da criança, nacionalidade e
direitos políticos

#JURISEMFRASES
Para que vocês não percam tempo com jurisprudência, separamos aqui algumas frases retiradas de
informativos que vão ajudar você a acertar aquela questão objetiva que você tem certeza de que já
leu e não lembra dos termos!
JURIS EM FRASES
Info 719/STJ É inviável a expulsão de estrangeiro visitante ou migrante do território nacional
quando comprovado tratar-se de pai de criança brasileira que se encontre sob
sua dependência socioafetiva.
Vale ressaltar que, no caso concreto, a única prova trazida aos autos foi uma
declaração fornecida pela genitora da criança, na qual ela afirma que o
paciente, em vias de ser expulso do Brasil, sempre assistiu, afetiva e
materialmente, o infante.

Info 1035/STF O art. 96, III, da Lei de Migração (Lei nº 13.445/2017) prevê que, para que o
Brasil conceda a extradição, o país que está pedindo a medida deverá se
comprometer, formalmente, em não permitir que o extraditando cumpra pena
por tempo superior a 30 anos. Com o advento da Lei nº 13.964/2019 (Pacote
Anticrime), que modificou o art. 75 do CP, esse prazo foi ampliado para 40 anos.
Vale ressaltar, contudo, que esse novo limite temporal de 40 anos se aplica

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somente para os crimes imputados ao extraditando praticados após a entrada


em vigor da Lei nº 13.964/2019.
Repercussão Geral A imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro não alcança atos de império
– Tema 944 ofensivos ao direito internacional da pessoa humana praticados no território
brasileiro, tais como aqueles que resultem na morte de civis em período de
guerra.
Tese fixada pelo STF: “Os atos ilícitos praticados por Estados estrangeiros em
violação a direitos humanos não gozam de imunidade de jurisdição”.
Info 693/STJ Não se aplica o § 2º do art. 85 do CPC, mas sim o § 8º (apreciação equitativa)
porque o procedimento de homologação de sentença estrangeira não tem
natureza condenatória ou proveito econômico imediato. O mérito da decisão
homologada não é objeto de deliberação no STJ. Logo, não faz sentido que o
Tribunal utilize o proveito econômico ou o valor da causa como parâmetros
para o cálculo dos honorários advocatícios com base nos percentuais do § 2º
do art. 85. Vale ressaltar, no entanto, que, se o pedido de homologação de
decisão estrangeira tiver por objeto demanda de cunho patrimonial, o valor da
causa julgada no exterior deverá ser usado como um dos critérios para embasar
a fixação dos honorários de sucumbência por equidade, conforme o § 8º do art.
85 do CPC. Assim, no momento de fazer a apreciação equitativa, o STJ deverá
levar em consideração também o valor da causa como um dos critérios para
definir a quantia a ser paga a título de honorários advocatícios sucumbenciais,
quando a causa originária, tratar de relações patrimoniais.
AREsp 1065190/SP A isenção prevista no art. 32, §§ 1º e 2º, do Decreto nº 61.078/1967, que
promulgou a Convenção de Viena sobre Relações Consulares, possui natureza
subjetiva, destinada a desonerar os Estados signatários de eventuais
obrigações tributárias que, na condição de proprietários ou locatários, teriam
sobre os imóveis onde cumprem sua missão consular, não se entendendo para
outras pessoas a quem a lei do Estado receptor atribui responsabilidade
tributária para o pagamento desses tributos. A posse direta exercida pelo
locatário, porquanto destituída de animus domini, não o qualifica como sujeito
passivo do IPTU. Diante dessa premissa normativa, constata-se que é
inaplicável a Convenção de Viena sobre Relações Consulares na parte em que
isenta o Estado signatário dos tributos incidentes sobre o imóvel alugado para
o exercício de sua missão consular, visto que o ordenamento jurídico brasileiro
não atribui essa responsabilidade tributária ao locatário, mas ao proprietário
(locador).
Info 946/STF Não se deve conceder a extradição se, na época do fato, a conduta imputada
ao extraditando não era punida como crime no Brasil, ainda que, no momento
do pedido de extradição, já exista lei tipificando como infração penal. Isso
porque seria uma ofensa à irretroatividade da lei penal brasileira.
Ex: extraditando financiou grupo terrorista em 2013; ocorre que a Lei de
Terrorismo somente foi editada em 2016 (Lei nº 13.260/2016).
Info 946/STF Não se deve conceder a extradição se a conduta do extraditando de financiar
grupo terrorista que pretendia tomar o poder caracteriza-se como crime
político, tendo em vista a vedação prevista no art. 5º, LII, da CF/88.
Info 946/STF Não se deve conceder a extradição se o país requerente vem enfrentando um
quadro de instabilidade política, tendo ocorrido a demissão de juízes e a prisão
de opositores do governo. Isso porque, neste caso, haveria o risco de o
extraditando ser submetido a um tribunal ou juízo de exceção (art. 82, VIII, da
Lei nº 13.445/2017).

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INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS.

Para que ocorra a incorporação dos tratados internacionais ao ordenamento jurídico brasileiro, a CRFB
estabeleceu um procedimento que inclui a manifestação de vontade do Poder Executivo (art. 84, VIII, CRFB)
e art. 49, inciso I, CRFB). O procedimento, em síntese, pode ser dividido em quatro etapas:

a) Negociações preliminares e assinatura;

b) Aprovação parlamentar;
c) Ratificação, concluída com o depósito;

d) Promulgação e publicação;

Prevalece o entendimento de que os tratados internacionais comuns possuem paridade normativa com as
leis ordinárias federais, ao passo que os tratados e convenções de direitos humanos, aprovados com quórum
de emenda constitucional integram-se no bloco de constitucionalidade brasileiro, possuindo, assim, força
constitucional.

CRFB, Art. 5º (...) § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais.

Atualmente esses são os tratados internacionais alcançaram esse patamar:

- Convenção sobre os direitos da pessoa com deficiência e seu protocolo facultativo;

- Convenção de Marraqueche (facilita o acesso a obras públicas a pessoas cegas).

- Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância.

#SELIGA: No julgamento do RE 466.343/SP, no qual se discutia a possibilidade ou não de prisão civil do


depositário infiel, o Supremo entendeu que os tratados internacionais de direitos humanos não aprovados
com o quórum especial (ou incorporados ao ordenamento antes da EC 45/04), possuem natureza de normas
supralegais (abaixo da Constituição, mas em nível hierárquico superior às leis ordinárias), diante da especial
proteção a que se revestem.

- TEORIA DO DUPLO ESTATUTO (STF) – Corrente que prevalece atualmente, defendendo que os tratados que
forem aprovados pelo rito do §3º do art. 5º tem natureza constitucional. Caso contrário, terão natureza
supralegal (acima das leis, abaixo da CF/88), independente se foram incorporados antes ou depois da referida
EC. Ex. Pacto de San Jose.

Em virtude da ação da Teoria do Duplo Estatuto pelo ordenamento jurídico brasileiro, adota-se o chamado
controle de convencionalidade, que nada mais é do que a aferição da compatibilidade das leis e atos
normativos brasileiros com os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil. Não
importa se o tratado foi aprovado pelo rito do art. 5º, §3º (natureza constitucional) ou não (natureza
supralegal). Divide-se em:

• Controle de Convencionalidade de matriz internacional: Chamado de autêntico ou definitivo, atribuído a

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órgãos internacionais criados por tratados internacionais (Corte Interamericana, Corte Europeia etc.);

• Controle de Convencionalidade de matriz nacional: Chamado de provisório ou preliminar, é o exame de


compatibilidade do ordenamento interno, realizado por juízes e tribunais internos. O Diálogo das Cortes
consiste em compatibilização entre o resultado do controle de convencionalidade nacional com o decidido
no controle de convencionalidade internacional. Existe este diálogo, uma vez que, tanto o STF, quanto os
órgãos internacionais cumprem a mesma missão: de assegurar o respeito à dignidade humana e os direitos
fundamentais.

INCIDENTE DE DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA

A dignidade da pessoa humana é fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, inciso III, da CRFB),
cujas relações internacionais regem-se, dentre outros, pelo princípio da prevalência dos direitos humanos
(art. 4º, inciso, II, CRFB). Aliás, os direitos da pessoa humana ensejam a intervenção federal nos Estados que
o violarem, pois pertencem a categoria de princípios sensíveis (art. 34, inciso VII, “b”, CRFB).

Como se vê do art. 21, inciso I, da CF, a União é quem se responsabiliza pelas regras e preceitos fixados nos
tratados internacionais. A EC n.º 45/2004, acrescentou o §5º, do inciso V-A, do art. 109, da CRFB, prevendo
que:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)

V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; (...)

§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade
de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos
quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito
ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

O IDC tem como objetivo combater a impunidade e evitar a responsabilidade internacional do Brasil diante
das instâncias internacionais de direitos humanos. Entende-se que o IDC também é cabível no âmbito cível.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o deslocamento da competência do juízo estadual para o federal
dependerá dos seguintes pressupostos, fixados no IDC n. º1, referente ao caso Dorothy Stang:

a) existência de grave violação a direitos humanos;


b) risco de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas
assumidas em tratados internacionais;
c) incapacidade das instâncias locais em oferecer respostas efetivas;

Segundo assentado no IDC 05 o “incidente de deslocamento de competência não pode ter o caráter de prima
ratio, de primeira providência a ser tomada em relação a um fato (por mais grave que seja). Deve ser utilizado
em situações excepcionalíssimas, em que efetivamente demonstrada a sua necessidade e a sua
imprescindibilidade, ante provas que revelem descaso, desinteresse, ausência de vontade política, falta de
condições pessoais e⁄ou materiais das instituições — ou de uma ou outra delas — responsáveis por investigar,
processar e punir os responsáveis pela grave violação a direito humano, em levar a cabo a responsabilização
dos envolvidos na conduta criminosa, até para não se esvaziar a competência da Justiça Estadual e inviabilizar
o funcionamento da Justiça Federal”.

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#SELIGANACRITICA: Tramitam no Supremo as adis 3493 e 3486, em face da previsão do IDC. Em síntese, sob
alegação de que a previsão desrespeita o pacto federativo, além de violar o princípio do juiz natural e do
devido processo legal.

Finalmente, vale lembrar que a motivação para a criação do IDC foi o Direito Internacional, que não
admite que o Estado justifique o descumprimento de determinada obrigação em nome do respeito a
“competências internas de entes federados”. O Estado Federal é uno para o Direito Internacional e
passível de responsabilização, mesmo quando o fato internacionalmente ilícito seja da atribuição interna de
um Estado-membro da Federação. Esse entendimento é parte integrante do Direito dos Tratados e do Direito
Internacional costumeiro. Com isso, o IDC decorre da internacionalização dos direitos humanos e, em
especial, do dever internacional assumido pelo Estado brasileiro de estabelecer recursos internos eficazes e
de duração razoável. Além do mais, é de competência da União Federal (e não aos entes federados)
apresentar a defesa do Estado brasileiro e tomar as providências para a implementação da deliberação
internacional, inclusive quanto às garantias de não repetição da conduta.

Ficou consagrado, então, um instrumento que, ao lado da Intervenção federal por violação dos direitos da
pessoa humana (art. 34, inciso VII, b, da CF/88) e da autorização prevista na Lei n.10.446/2002 para atuação
da Polícia Federal em investigações de crime de competência estadual, possibilita à União cumprir obrigações
internacionais de defesa de direitos humanos.

O IDC é considerado um instrumento jurídico decorrente do dever internacional do Estado Brasileiro de


estabelecer recursos internos eficazes e de duração razoável para a proteção dos direitos humanos.

Logo, os três instrumentos para a União cumprir a defesa dos direitos humanos são:

a) Intervenção federal por violação dos direitos da pessoa humana (art. 34, VII, b, da CF/88);

b) Autorização prevista na Lei n.º 10.446/2002 para atuação da Polícia Federal em investigações de crime
de competência estadual;

c) Incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal (art. 109, §5º, CF).

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O caso Alyne da Silva Pimentel Teixeira é considerado um marco, já que foi
a primeira condenação do Brasil no Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos. Devidos à
precariedade do sistema de saúde pública da baixada fluminense, Alyne Pimentel perdeu o filho que gestava
e acabou morta. Diante disso, o Comitê sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as
Mulheres (Convenção CEDAW) concluiu que o Estado brasileiro atuou de forma insuficiente na proteção dos
direitos humanos à vida, à saúde, à igualdade e não discriminação no acesso à saúde; também considerou
que o Estado falhou ao não garantir à família de Alyne o acesso efetivo à justiça. Desse modo, o Comitê
recomendou que o Brasil cumprisse uma série de medidas, como indenizar a família da vítima e garantir o
direito de mulheres ao acesso adequado a procedimentos obstétricos. Embora as decisões do Comitê não
sejam de caráter vinculante, o Brasil tem a obrigação de acatar e implementar a decisão com base no
princípio da boa-fé, que rege as relações internacionais. Além dessa ter sido a primeira condenação do Brasil
no Sistema Universal de DH (sistema convencional contencioso quase judicial das Nações Unidas), este caso
é considerado paradigma por ter sido a primeira vez que o Comitê aceitou uma denúncia sobre mortalidade
materna.

#DETABELAÉMAISFÁCIL #RESUMO #APOSTACICLOS #DIRETODAFUC

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É o tratado que criou a Organização das Nações Unidas, também chamado de


Carta da ONU, formada em 1945, em São Francisco (Decreto 19.841/1945).
Ela não consagra direitos, nem cria órgãos específicos para a sua proteção.
A proteção dos direitos humanos é prevista como objetivos da Assembleia Geral
a) CARTA DAS
e do Conselho Econômico e Social.
NAÇÕES UNIDAS
Obs.: não havendo ainda um tribunal internacional de direitos humanos, nada
impede que a Corte Internacional de Justiça, principal órgão judiciário do Sistema
das Nações Unidas, também examine questões dessa natureza.
Mas se ligue: somente Estados acionam e são julgados pela CIJ.
Proclamada em 1948, por meio de resolução da Assembleia Geral da ONU, a
declaração NÃO É UM TRATADO, mas sim mera resolução, de caráter
recomendatório, não vinculante.
MUITA ATENÇÃO: segundo PORTELA, na atualidade é majoritário o entendimento
de que os dispositivos consagrados na Declaração são juridicamente vinculantes,
visto que os preceitos contidos em seu texto já foram positivados em tratados
posteriores e no Direito interno de muitos Estados.
Seu prestígio faz com que suas normas sejam consideradas materialmente regras
costumeiras, preceitos de soft law, princípios gerais do Direito ou princípios gerais
do Direito Internacional.
i.A declaração não é exaustiva, permitindo outros direitos;
ii.Fundamenta-se no princípio de que todos nascem iguais em dignidade e
direitos;
iii.Orienta-se pelos princípios da UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E NÃO-
DISCRIMINAÇÃO;
iv.Não trata da pena de morte.
v.Os direitos humanos não podem ser exercidos contrariamente aos
objetivos e princípios das Nações Unidas, pelo que o exercício de direitos
b) DECLARAÇÃO não pode justificar a violação de direitos de outrem (art. 29, III);
UNIVERSAL DOS vi.Consagra:
DIREITOS • DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS:
HUMANOS o Direito à vida, liberdade e segurança (art. 3º), mas SEM
REGULAR A PENA DE MORTE, que ficou a cargo de instrumentos
posteriores;
o Liberdade de pensamento, consciência, religião, opinião
e expressão, reunião e associação pacíficas.
o Integridade pessoal, vedação da tortura, direito de asilo;
o Direito a uma nacionalidade e a não ser arbitrariamente
privado de sua nacionalidade;
o Direito de PROPRIEDADE, de não ser privado
arbitrariamente da sua propriedade (art. 17), direito AUTORAL;
o Direitos POLÍTICOS: direito de tomar parte no governo de
seu país;

• DIREITOS SOCIAIS:
o Direito de FAMÍLIA (art. 14), de contrair matrimônio;
o Direito DO TRABALHO: proibição da escravidão, da
servidão, do tráfico de escravos, direito ao trabalho, a condições
justas e favoráveis, à proteção contra o desemprego, igual
remuneração, justa e satisfatória, de organizar sindicatos,

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repouso, lazer, limitação razoável das horas de trabalho, férias


remuneradas etc. (art. 23 e 24);
o Direito a um padrão de vida capaz de assegurar o bem-
estar, saúde, alimentação vestuário etc.
o Proteção à maternidade;
o Direito à livre participação na vida cultural da
comunidade.
Ao final, consagra a PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL.
Obs.1: a declaração não avança no sentido de estabelecer órgãos específicos.
Obs.2: posteriormente, dois tratados diferentes foram criados para
complementar, que veremos abaixo.
Foi assinado em 1966 (Decreto 592/1992). Possui preceitos JURIDICAMENTE
VINCULANTES (ao contrário da Declaração Universal). Consagra:
i.Direito à autodeterminação dos povos (art. 1º) NADA AUTORIZA
QUALQUER AÇÃO QUE POSSA AFETAR A INTEGRIDADE TERRITORIAL OU A
UNIDADE NACIONAL DE ESTADO JÁ EXISTENTE;
ii.O comprometimento do Estado em garantir a todos os indivíduos que se
encontrem em seu território os direitos reconhecidos no Pacto;
iii.Igualdade entre todas as pessoas perante a lei (art. 26);
iv.Igualdade entre homens e mulheres;
v.Proteção às minorias étnicas, religiosas ou linguísticas;
vi.Direito à vida;
vii.Para os Estados que recorram à pena de morte, o Pacto determina sua
imposição apenas nos casos de CRIMES MAIS GRAVES;
viii.Proibição de tortura e vedação da imposição de uma pessoa a experiências
médicas ou científicas (art. 7º);
ix.Proibição de trabalhos forçados;
x.A prisão deve ocorrer apenas pelos motivos e dentro dos procedimentos
c) PACTO estabelecidos em lei. A pessoa presa deverá ser informada desde logo dos
INTERNACIONAL motivos de sua prisão e conduzida sem demora à autoridade habilitada por
SOBRE DIREITOS lei;
CIVIS E POLÍTICOS xi.Proibição da prisão por mero descumprimento de contrato (art. 11);
xii.Os presos provisórios devem ter tratamento distinto, bem como os presos
mais jovens;
xiii.Direito de ir e vir, livremente circular e sair de qualquer país, bem como de
não ser impedido de entrar no Estado de sua nacionalidade;
xiv.Liberdade religiosa, de expressão etc. A liberdade de expressão pode ser
limitada por lei, com vista a assegurar outros direitos, bem como proteger
a segurança nacional, a saúde ou a moral públicas;
xv.Direito de reunião pacífica e livre associação;
xvi.Direitos PROCESSUAIS: Igualdade das partes no processo; Independência a
imparcialidade dos julgadores; Publicidade; Devido processo legal; Direito
à assistência de um intérprete; Presunção de inocência; Direito a não depor
contra si mesmo ou de se confessar culpado; Julgamento célere;
Indenização por erro judiciário; Vedação do bis in idem; DIREITO AO
RECURSO À INSTÂNCIA SUPERIOR; anterioridade da lei penal (salvo para
beneficiar).
xvii.Direitos da CRIANÇA: direito ao nome, a uma nacionalidade, de ser
registrada após o seu nascimento etc.

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xviii.Direitos de proteção e reconhecimento da pessoa jurídica (art. 16),


proteção à família e ao casamento (art. 23), acesso aos serviços públicos
(art. 25);
xix.Direitos dos ESTRANGEIROS: direito contra a expulsão arbitrária (art. 13);
xx.O seu art. 4º criar a possibilidade de DERROGAÇÃO TEMPORÁRIA DE
CERTOS DIREITOS EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS QUE SEJAM
PROCLAMADAS OFICIALMENTE COMO TAL (ESTADO DE SÍTIO ETC.). Tal
derrogação não pode ser incompatível com as demais obrigações impostas
aos Estados pelo DIP, devendo ser respeitado um núcleo básico, composto
por:
o Proteção à vida e limitação à pena de morte (art. 6º);
o Proibição de tortura e tratamentos desumanos, cruéis ou
degradantes (art. 7º);
o Proibição da escravidão, servidão ou tráfico de escravos
(art. 8º);
o Anterioridade da norma e irretroatividade da lei penal
maléfica;
o Direito ao reconhecimento da personalidade jurídica (art.
16);
o Liberdade de pensamento, consciência e religião (art. 18).
xxi.PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL
Foi firmado em 1966 e promulgado Pelo Decreto 591/1992.
Determina que os direitos sociais e culturais deverão ser exercidos sem
discriminação. Todavia, os países em desenvolvimento poderão determinar
em que medida garantirão os direitos reconhecidos no Pacto aos estrangeiros
(art. 2, parágrafos 2º e 3º).
Consagra, dentre outros:
i.Direito ao trabalho;
ii.Condições de emprego justas e favoráveis, com igual oportunidade de
promoção a categoria superior;
iii.Descanso, lazer, limitação das horas de trabalho, alimentação, vestimenta
e moradia adequadas;
iv.Proteção contra a fome, através de métodos de produção, conservação e
d) PACTO
distribuição de alimentos e educação nutricional;
INTERNACIONAL
v.Liberdade sindical;
DOS DIREITOS
vi.Direito de GREVE (art. 8, parágrafo 1º, “d”) , Mas atente: a liberdade
ECONÔMICOS,
sindical pelos membros da administração pública ou forças armadas e
SOCIAIS E
policiais poderá ser restringido.
CULTURAIS
vii.Proteção especial às mulheres e crianças, principalmente as mães;
viii.Diminuição da mortalidade infantil, prevenção ao tratamento de doenças;
ix.EDUCAÇÃO:
o Educação PRIMÁRIA Obrigatória e gratuita;
o Educação SECUNDÁRIA e a TÉCNICO-PROFISSIONAL
Deverão ser generalizadas e tornar-se acessíveis a todos, com a
implementação progressiva do ensino gratuito.
x.Autodeterminação dos povos (art. 1º);
xi.Proteção à família e ao livre consentimento no ato de contrair matrimônio
(art. 10);
xii.Direitos culturais e liberdade de criação;
xiii.PRIMAZIA DA NORMA MAIS FAVORÁVEL

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e) Convenção para Firmada em 1948 (Decreto 30.822/52), logo após a II Guerra Mundial.
a Prevenção e a São puníveis não só o genocídio, como também o ACORDO, O INCITAMENTO,
Repressão do Crime A TENTATIVA E A CUMPLICIDADE NO ATO (art. 3).
de Genocídio #IMPORTANTE: GENOCÍDIO NÃO É CRIME POLÍTICO!
Firmada pelo Brasil em 1966 (Decreto 65.810/1969), tendo por objetivo o
combate à discriminação racial, sob os princípios da:
o UNIVERSALIDADE;
o IGUALDADE;
f) Convenção
o NÃO-DISCRIMINAÇÃO.
Internacional sobre
A discriminação racial não inclui apenas a discriminação por motivo de raça,
a Eliminação de
mas também pela cor, descendência ou origem étnica ou nacional (art. 1º).
todas as formas de
Obs.: não configuram discriminação racial as distinções, exclusões, restrições
Discriminação
e preferências entre cidadãos e não cidadãos, estabelecidas pelos Estados. Da
Racial
mesma forma, as políticas de ações afirmativas são possíveis.
Pela Convenção, os Estados são obrigados a combater a propaganda e as
organizações que se inspirem em ideias ou teorias baseadas na superioridade
de uma raça ou de um grupo étnico (art. 4º).
Firmada em 1979, promulgada pelo Decreto 86.460/84, visa a conferir maior
peso político e jurídico à proteção da dignidade da mulher, com a adoção pelos
g) Convenção sobre Estados de medidas especiais (INCLUSIVE DE CARÁTER TEMPORÁRIO)
Eliminação de destinadas a acelerar a igualdade de fato entre o homem e a mulher.
Todas as Formas de Além disso, os Estados devem combater o tráfico e a exploração da mulher
Discriminação (Art. 6).
contra a Mulher Por fim, consagra a proibição da discriminação por motivo de casamento,
consagrando ainda o direito da mulher ao acesso a serviços médicos que
atendam às peculiaridades da condição feminina.
Foi celebrada em 1984.
Para fins de Convenção, a tortura consiste no “ato pelo qual dores ou
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma
pessoa a fim de obter, dela ou de terceira pessoa, informações ou confissões;
de castigá-la por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja
suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras
pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de qualquer
natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos POR UM
FUNCIONÁRIO PÚBLICO ou outra pessoa no exercício de funções públicas, ou
h) Convenção
por sua instigação, ou com o seu consentimento ou aquiescência”.
contra a Tortura e
De acordo com a Convenção, NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA EXCEPCIONAL
outros Tratamentos
PODERÁ SER INVOCADA PARA JUSTIFICAR A TORTURA, como a ameaça ou o
ou Penas Cruéis,
estado de guerra, instabilidade política etc. Determina, ainda que:
Desumanos ou
o Os Estados são competentes para prender indivíduos que se encontrem
Degradantes
em seus territórios (extraterritorialidade) e que tenham cometido atos de
tortura em outros Estados e, caso não os extraditem, são também
competentes para processá-los e julgá-los;
o Os Estados deverão cooperar no combate do problema, inclusive por
meio do fornecimento de provas de atos de tortura (art. 9);
o A EXTRADIÇÃO, EXPULSÃO OU DEPORTAÇÃO PARA O ESTADO ONDE
EXISTA RISCO DE QUE A PESSOA POSSA SOFRER TORTURA SÃO ATOS
INADMITIDOS pela Convenção (art. 3). Por outro lado, a tortura é
entendida como crime extraditável em qualquer tratado (art. 8);

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o Nenhuma declaração prestada sob tortura poderá ser invocada como


prova em qualquer processo, salvo contra uma pessoa acusada de tortura
como prova de que a declaração foi prestada (art. 15);
o O Estado deve assegurar o direito de a vítima de tortura apresentar
queixa a respeito perante as autoridades competentes, tomando as
medidas cabíveis para protegê-la contra qualquer intimidação.
Foi firmada em 1989 (Decreto 99.710/90). Orienta-se pelo princípio de que a
criança necessita de proteção especial, em razão de sua falta de maturidade
física e mental.
Para fins da convenção, CRIANÇA É TODO INDIVÍDUO MENOR DE 18 ANOS,
SALVO SE, DE ACORDO COM A LEI APLICÁVEL À CRIANÇA, A MAIORIDADE SEJA
ALCANÇADA ANTES (ART. 1º). Nesse sentido, a Convenção não distingue
crianças de adolescentes. Assegura que:
o As crianças são titulares de direitos sem distinção de qualquer
espécie, inclusive por conta de fatores como impedimentos físicos,
nascimento ou qualquer outra condição de seus pais, representantes
legais ou familiares (art. 2);
o A criança tem direito à vida (art. 6) e, logo ao nascer, ao nome, à
nacionalidade e ao registro civil (art. 7);
o O Estado deve conferir proteção especial às crianças. No entanto,
a tarefa deve considerar os direitos e deveres que os pais, os
responsáveis e a família como um todo continuam a ter na educação
dos filhos (art. 5);
o Toda criança tem direito de conhecer seus pais e de ser cuidada
por eles. A responsabilidade dos pais é primordial (art. 18);
o Nenhuma criança deve ser separada dos pais. No entanto, essa
i) Convenção sobre
separação pode ocorrer, em caso de maus tratos ou de descuido por
os Direitos da
parte de seus genitores, ou quando estes vivem separados, e uma
Criança e
decisão deva ser tomada a respeito do local da residência do menor;
Protocolos
o A criança privada de seu ambiente familiar faz jus à proteção
Facultativos
estatal;
o Direito à liberdade de expressão das crianças, com liberdade de
buscar, receber e transmitir informações e ideias de todos os tipos,
independentemente de fronteiras, de forma oral, escrita ou impressa;
o Liberdade de pensamento, consciência e de crença, de associação
e reunião pacíficas e à privacidade.
o Direito de condições satisfatórias de saúde, com atenção especial
às portadoras de necessidades especiais;
o Direito à educação, que deve ser OBRIGATÓRIA NO NÍVEL
PRIMÁRIO.
o Dever dos Estados de combater o tráfico de crianças para o
exterior (art. 11); os maus tratos físicos ou mentais; a exploração,
inclusive sexual (art. 19 e 34), incluindo a participação de menores de
18 anos em espetáculos ou na produção de materiais pornográficos;
exploração econômica (art. 32);
o Necessidade de os Estados estabelecerem a jornada e condições
de trabalho para as crianças, vedado o trabalho perigoso ou que
interfira na sua educação, ou que seja nocivo à saúde;
o Vedação do tráfico de crianças (art. 35) e o envolvimento de
crianças em conflitos armados MENORES DE 15 ANOS NÃO

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PODERÃO SE ENVOLVER EM HOSTILIDADES QUE ENVOLVEM OS


CONFLITOS ARMADOS (art. 38);
o A adoção é regulada pela Convenção (art. 21), devendo atender
aos maiores interesses da criança e ser concedida apenas pelas
autoridades competentes. A adoção por estrangeiros é permitida, mas
apenas após esgotadas as alternativas internas, não devendo envolver
benefícios financeiros;
Obs.1: a Convenção estabelecer que CABE AOS ESTADOS DEFINIREM UMA
IDADE MÍNIMA DA IMPUTABILIDADE PENAL.
Firmada em 2000, parte da necessidade de proteção da criança contra toda
forma de exploração e de atos prejudiciais a seu desenvolvimento saudável.
Parte também do princípio de que a abordagem da questão deve ser
HOLÍSTICA.
j) Protocolo
As medidas previstas no Protocolo incluem:
Facultativo à
• Recursos à cooperação internacional;
Convenção sobre os
• Assistência e recuperação de vítimas (art. 4-12);
Direitos da Criança
• O Protocolo Facultativo sobre os Direitos das Crianças relativo aos
referente à Venda
Envolvimento de Crianças em CONFLITOS ARMADOS foi firmado em 2000.
de Crianças, à
Ele determina que os Estados devem proteger os menores de 18 anos
Prostituição Infantil
contra o impacto de guerra. Os Estados também devem,
e à Pornografia
progressivamente, elevar a idade mínima de recrutamento, que
Infantil de 2000
atualmente é de 15 anos, exigência que não se aplica a escolas operadas
ou controladas pelas forças armadas dos Estados Partes (art. 3), como
colégios militares. A norma também se aplica aos grupos armados
distintos das forças armadas de um Estado (art. 4).
l) Regras Mínimas
da ONU para
Administração da
Justiça da Infância e
No campo específico da proteção da criança e do adolescente, a comunidade
Juventude (REGRAS
internacional vem demonstrando crescente preocupação com a situação dos
DE BEIJING), Regras
menores de 18 anos. Os principais documentos são:
Mínimas da ONU
i.Regras Mínimas da ONU para a Administração da Justiça da Infância e
para a proteção dos
Juventude (Regras de BEIJING) Resolução 40/33, de 1985;
Jovens Privados de
ii.Regras mínimas da ONU para Proteção dos Jovens Privados de Liberdade
Liberdade
Resolução 45/113, de 1990;
(DIRETRIZES DE
iii.Diretrizes das Nações Unidas para Prevenção da Delinquência Juvenil
RIADE) e Diretrizes
(Diretrizes de Riade) Resolução 45/112, de 1990.
das Nações Unidas
para a Prevenção
da Delinquência
Juvenil
Firmada em 1993, por ocasião da Conferência Mundial sobre Direitos
Humanos. Seu objetivo é reafirmar os princípios da proteção da dignidade da
pessoa humana e atualizá-los ao novo quadro internacional.
m) Declaração e Tecnicamente, a Declaração de Viena NÃO É UM TRATADO, consistindo apenas
Programa de Ação num documento de caráter político. Assim, suas normas não são vinculantes
de Viena (1993) (são soft law).
Destaca-se a preocupação com questões de caráter geral, como a paz e o bem-
estar, e temas específicos, como a discriminação e a violência contra as
mulheres e a situação dos indígenas.

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A Declaração salienta que os direitos humanos são “direitos naturais”, de


todos os seres humanos, e que sua natureza universal está “fora de questão”
(art. 1º).
#SELIGA: O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS POSICIONA-SE
OFICIALMENTE PELO UNIVERSALISMO, EM DETRIMENTO DO RELATIVISMO.
De acordo com o art. 5º, os direitos humanos são indivisíveis,
interdependentes e inter-relacionados, devendo ser tratados pela
comunidade internacional de forma justa e equitativa.
Além disso, a soberania nacional não foi excluída da ordem internacional, mas
apenas limitadas. Assim, AS VIOLAÇÕES A DIREITOS HUMANOS EM UM
ESTADO DEVEM SER OBJETO DE AÇÃO POR MEIO OU COM A ANUÊNCIA DA
ONU OU DE OUTRO ORGANISMO LEGITIMADO PARA TAL, e nunca por
iniciativa unilateral.
A Declaração reconhece que a extrema pobreza inibe o pleno e efetivo
exercício dos direitos humanos. Além disso, manifesta preocupação com o
manejo ilícito de substâncias e de resíduos tóxicos.
Por fim, reitera que é dever prioritário dos Estados ELIMINAR TODAS AS
FORMAS DE RACISMO E DISCRIMINAÇÃO RACIAL
As regras sobre tratamento de presos estão em vários diplomas internacionais:
1º - DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
Por ela, os presos não poderão ser submetidos a tortura, nem a tratamento ou
castigo cruel, desumano ou degradante (art. 5), regra repetida pelo Pacto dos
Direitos Civis e Políticos (art. 7), que amplia o marco legal da proteção do
recluso.
2º - PACTO DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
Consagra que:
i.A privação de liberdade não pode ocorrer arbitrariamente;
ii.O preso deve ser informado das razões da prisão e notificado, sem demora,
das acusações;
iii.O preso deverá ser conduzido, sem demora, à presença da autoridade
judicial, com direito a ser julgado em prazo razoável ou de ser posto em
liberdade;
n) Regras Mínimas iv.A prisão preventiva deve ser excepcional;
das Nações Unidas v.O preso tem direito a recorrer ao tribunal;
para o Tratamento vi.O regime penitenciário terá como objetivo principal a reforma e a
de Presos reabilitação moral dos detentos;
vii.O preso poderá ser obrigado a trabalhar, sem que isso configure trabalho
forçado (art. 8, “c”, par. 1).
3º - REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO DE RECLUSOS (Res. de 1955,
atualizada em 1957)
Objetiva estabelecer normas gerais de uma organização penitenciária
compatível com a dignidade humana e os padrões internacionais mínimos
relativos ao tratamento de reclusos. Consagra que:
i.Regra geral, os presos não podem ser tratados de maneira discriminatória;
ii.São detidos separadamente: mulheres e homens; presos preventivos e
condenados; reclusos do foro civil e do foro criminal; jovens e adultos;
iii.No momento da admissão, cada recluso deve receber informação escrita
ou oral (se analfabeto) sobre o regime aplicável aos detentos da sua
categoria, as regras disciplinares do estabelecimento e os meios
autorizados para obter informações e formular queixas;

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iv.Idealmente, salvo circunstâncias excepcionais, as celas não devem ser


ocupadas por mais de um recluso;
v.Os reclusos devem ter contato com o mundo exterior;
vi.Nenhum recluso pode ser punido sem ter sido informado da infração de
que é acusado e sem que lhe seja dada uma oportunidade adequada de
defesa;
vii.Todo menor de dezoito anos privado de sua liberdade terá direito a manter
contato com sua família, por meio de correspondência ou de visitas, salvo
em circunstâncias excepcionais. Terá, por fim, direito a assistência jurídica.
Foi assinado em 2000. Seu objetivo é promover a cooperação internacional
para prevenir e combater o tráfico de pessoas, especialmente mulheres e
crianças, prevenindo e combatendo o tráfico de pessoas, com especial atenção
às mulheres e às crianças; proteger e ajudar as vítimas do tráfico, com respeito
pleno aos seus direitos humanos; e promovendo a cooperação entre os
Estados Partes com a finalidade de atingir tais objetivos.
A expressão “tráfico de pessoas” abrange o recrutamento, transporte,
transferência, alojamento ou acolhimento de pessoas por meio de artifícios
com a ameaça ou o uso da força, a coação em geral, o rapto, a fraude, o
engano, o abuso de autoridade, a situação de vulnerabilidade, ou, ainda, a
entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o
o) Protocolo de
consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de
Prevenção,
exploração.
Supressão e
Cabe destacar que o CONSENTIMENTO DA VÍTIMA É IRRELEVANTE CASO
Punição do Tráfico
QUALQUER DOS MEIOS TENHA SIDO EMPREGADO.
de Pessoas,
Também serão considerados ilícitos a TENTATIVA de tráfico, a CUMPLICIDADE
especialmente
e a ORGANIZAÇÃO ou INSTRUÇÃO de ações de tráfico de pessoas (art. 5).
Mulheres e
Os Estados deverão tomar medidas para prevenir o tráfico de pessoas,
Crianças,
especialmente mulheres e crianças, o que incluirá o intercâmbio de
complementar à
informações entre autoridades competentes, mediante a assistência e
Convenção das
proteção às vítimas de tráfico de pessoas (inclusive proteção da privacidade e
Nações Unidas
da identidade das vítimas de tráfico de pessoas); medidas que permitam a
contra o Crime
recuperação física, psicológica e social das vítimas de tráfico de pessoas;
Organizado
segurança física das vítimas de tráfico de pessoas; viabilização da possibilidade
Transnacional
de, no sistema jurídico, as vítimas obterem indenização por danos sofridos;
medidas que permitam às vítimas de tráfico permanecerem no território do
Estado Parte a título temporário ou permanente.

*#NOVIDADELEGISLATIVA: Em 06 de outubro de 2016, foi editada, no Brasil,


a Lei 13.344/2016, que dispõe sobre prevenção e repressão ao tráfico interno
e internacional de pessoas e sobre medidas de atenção às vítimas; altera a Lei
no 6.815, de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro), o Decreto-Lei no
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e o Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); e revoga art. 231 e art. 231-
A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).
O Brasil é parte da Convenção de Nova Iorque e de seu Protocolo Facultativo,
p) Convenção
assinados pelo Estado brasileiro em 2007. (Decreto 6.949/2009).
Internacional sobre
Os tratados em apreço são os primeiros atos internacionais que se revestem
os Direitos das
do status de emenda constitucional no Brasil.
Pessoas com
A Convenção visa a promover, a proteger e a assegurar o exercício pleno e
Deficiência e seu
equitativo dos direitos humanos por todas as pessoas portadoras de

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Protocolo deficiência e a fomentar o respeito pela dignidade que lhes é inerente (art. 1º),
Facultativo tratando-as em condições de igualdade, de modo a corrigir as desvantagens
sociais.
Entende-se por deficiência as pessoas que têm impedimentos de longo prazo
de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com
diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na
sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas.
Os princípios da Convenção de Nova Iorque estão em seu art. 3, quais sejam:
a) Respeito pela dignidade inerente a todos os portadores de
deficiência;
b) Autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias
escolhas;
c) A independência das pessoas;
d) A não-discriminação;
e) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;
f) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com
deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade;
g) Acessibilidade;
h) Igualdade entre a mulher e o homem;
i) Respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças.
Os deficientes são titulares dos mesmos direitos de qualquer outro ser
humano, como o direito de não serem discriminados, a proteção especial das
mulheres e das crianças com deficiência, o direito à vida, liberdade, acesso à
justiça, prevenção contra exploração etc.
Além disso, a Convenção tutela questões específicas dos portadores de
deficiência, tais como:
• Conscientização em relação à situação dessas pessoas (art. 8);
• Acessibilidade (art. 9);
• Vida independente e inclusão na comunidade (art. 19);
• Mobilidade pessoal (art. 20);
• Habilitação e reabilitação (art. 26);
• Educação, saúde, trabalho etc.
O Sistema de Proteção Internacional dos Direitos Humanos no âmbito global
tem se importado bastante com a situação das comunidades tradicionais, que
incluem, no Brasil, os povos indígenas.
Tal atitude parte da noção de universalidade dos direitos humanos, partindo
do art. 27 do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, que dispõe: “Nos estados em
que haja minorias étnicas, religiosas ou linguísticas, as pessoas pertencentes a
essas minorias não poderão ser privadas do direito de ter, conjuntamente com
q) Direitos
outros membros de seu grupo, sua própria vida cultural, de professar e praticar
humanos e
sua própria religião e usar sua própria língua.”.
comunidades
Destacam-se:
tradicionais
i.DECLARAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DOS POVOS
INDÍGENAS (RES. 1/2 DO CONSELHO DOS DIREITOS HUMANOS DA ONU DE
2006 E RES. 61/295, DE 2007, DA ASSEMBLEIA GERALD A ONU) Como
mera declaração que é, NÃO TEM CARÁTER VINCULANTE.
Dispõe que os povos indígenas têm os mesmos direitos de todos os demais
grupos humanos. Entretanto, fundamenta-se também na noção de que tais
povos devem ser respeitados em suas particularidades.

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Os povos indígenas têm direito à AUTODETERMINAÇÃO, pelo qual


“determinam livremente sua condição política e buscam livremente seu
desenvolvimento econômico, social e cultural” e “têm direito à
AUTONOMIA ou ao AUTOGOVERNO nas questões relacionadas a seus
assuntos internos e locais, assim como a disporem dos meios para financiar
suas funções autônomas” (arts 3-5).
A Declaração consagra também o direito a “manter e desenvolver seus
sistemas ou instituições políticas, econômicas e sociais” e a “determinar e
elaborar prioridades e estratégias para o exercício do seu direito ao
desenvolvimento” (art. 20).
Os povos indígenas têm “direito à VIDA, à INTEGRIDADE física e mental, à
LIBERDADE e à SEGURANÇA pessoal” e não poderão ser submetidos a atos
de genocídio, violência, transferência forçada de crianças para outro grupo
ou assimilação forçada, privação de terras ou remoção compulsória das
áreas onde habitam e destruição de sua cultura, dentre outros (arts. 7, 8 e
10).
Os artigos 11 a 16, 24, 25, 33 e 34 consagram o direito de preservar sua
CULTURA, TRADIÇÕES, COSTUMES e práticas religiosas, incluindo o direito
a conservar locais e bens de relevância cultural.
Os povos indígenas também têm o direito de estabelecer e controlar seus
sistemas e instituições educativos, que ofereçam educação em seus
próprios idiomas, em consonância com seus métodos culturais de ensino e
de aprendizagem.
Também têm o direito de desfrutar plenamente de todos os direitos
estabelecidos no direito trabalhista internacional e nacional aplicável (art.
17).
O direito à TERRA é regulado pelos artigos 26 a 28 e 32. Por esses
dispositivos, restou consagrado que “os povos indígenas têm direito às
terras, territórios e recursos que possuem e ocupam tradicionalmente ou
que tenham de outra forma utilizado ou adquirido”. Assim, devem os
Estados estabelecer procedimentos de reconhecimento das terras
indígenas.
Por fim, têm direito à REPARAÇÃO PELAS TERRAS, TERRITÓRIOS E
RECURSOS QUE POSSUÍAM TRADICIONALMENTE OU DE OUTRA FORMA
OCUPAVAM E TENHAM SIDO CONFISCADOS OU TOMADOS.
Os ovos indígenas não podem ser privados ou removidos à força de suas
terras.
A proteção do MEIO AMBIENTE e PATRIMÔNIO CULTURAL encontra
previsão nos artigos 29 a 31. Dentre os direitos elencados, está consagrada
a proibição de atividades militares, salvo no interesse público ou
livremente decididas com os povos interessados, ou por estas solicitadas.
No que concerne às atividades culturais, os povos indígenas têm o direito
de manter, controlar, proteger e desenvolver seu patrimônio cultural, seus
conhecimentos tradicionais, suas expressões culturais tradicionais e as
manifestações de suas ciências, tecnologias e culturas, compreendidos os
recursos humanos e genéticos, os medicamentos, o conhecimento das
propriedades da fauna e da flora, as tradições orais, as literaturas, os
desenhos, esportes e jogos tradicionais e as artes visuais interpretativas.

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ii.CONVENÇÃO 169 DA OIT 15SOBRE POVOS INDÍGENAS E TRIBAIS


Firmada em 1989, a Convenção 169 da OIT versa sobre os direitos das
comunidades tradicionais em geral, incluindo direitos relacionados ao
universo laboral, com teor muito semelhante ao da Declaração das Nações
Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Atente: o Direito Internacional do Trabalho, embora enfatize o universo
laboral, se preocupa com a melhoria da vida humana como um todo.
A convenção é regida pelo PRINCÍPIO DA NÃO-DISCRIMINAÇÃO, segundo o
qual “os povos indígenas e tribais deverão gozar plenamente dos direitos
humanos e liberdades fundamentais, sem obstáculos nem discriminação”
(art. 3).
A Convenção visa a promover a maior participação possível das
comunidades tradicionais nas decisões acerca de seus destinos,
determinando o seu envolvimento em qualquer iniciativa referente a
políticas de seu interesse. Objetiva também fortalecer as comunidades
tradicionais, conferindo-lhes o direito a determinar suas próprias
prioridades no tocante aos respectivos processos de desenvolvimento
(arts. 6 e 7).
As comunidades tradicionais têm direito “a conservar seus costumes e
instituições próprias, INCLUSIVE MÉTODOS AOS QUAIS OS POVOS
INTERESSADOS RECORREM TRADICIONALMENTE PARA A REPRESSÃO DOS
DELITOS cometidos pelos seus membros”, desde que não sejam
“incompatíveis com os direitos fundamentais”.
Se ligue: as comunidades tradicionais PODEM MANTER SEUS MÉTODOS DE
REPRESSÃO AOS DELITOS, desde que compatíveis com os direitos
fundamentais.
Os Estados deverão reconhecer aos povos interessados os direitos de
propriedade e de posse sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
além de tomar providências para salvaguardar o direito dos povos
interessados de utilizar terras que não estejam exclusivamente ocupadas
por eles, mas às quais, tradicionalmente, tenham tido acesso para suas
atividades tradicionais e de subsistência.
Em caso de pertencer ao Estado a prioridade dos minérios ou dos recursos
do subsolo, ou de ter direitos sobre, ou de ter direitos sobre outros
recursos, existentes nas terras, os governos deverão estabelecer ou manter
procedimentos com vistas a consultar os povos interessados. Além disso,
os povos interessados deverão participar sempre que possível dos
benefícios que essas atividades produzam.
Os povos indígenas e tribais não deverão ser transladados das terras que
ocupam. Todavia, se a saída for necessária, tal providência deve decorrer
do consentimento livre dos integrantes dessas comunidades. Nesse caso,
deverá ser providenciado o retorno tão logo possível. Quando isso não for
viável, os povos interessados deverão idealmente receber terras cuja
qualidade e estatuto jurídico sejam pelo menos iguais.
Por fim, os Estados deverão adotar medidas, inclusive por meio de lei
adequada, para impedir “toda intrusão não autorizada nas terras dos povos
interessados” ou “todo uso não autorizado das mesmas por pessoas alheias
a eles”.

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Além disso, deverão adotar medidas especiais para garantir aos


trabalhadores proteção eficaz em matéria de contratação e condições de
emprego, inclusive com programas de formação profissional que atendam
às necessidades especiais dos povos, com ênfase no artesanato, indústria
rural e comunitária, atividades tradicionais etc.
Por fim, a Convenção 169 se preocupa com questões relativas à saúde e à
seguridade social (arts. 24 e 25), à educação, à cooperação entre
comunidades tradicionais e à administração de programas
governamentais.

CONVENÇÃO INTERAMERICANA CONTRA O RACISMO, A DISCRIMINAÇÃO RACIAL E FORMAS CORRELATAS


DE INTOLERÂNCIA

O Congresso Nacional promulgou a Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial e


Formas Correlatas de Intolerância (decreto n° 1/2021), aprovada em 2013 na Guatemala, com apoio do
Brasil, durante encontro da Organização dos Estados Americanos (OEA). Agora, o texto será submetido ao
Presidente da República para ratificação. Após, o diploma internacional passará a integrar o ordenamento
jurídico com “status” de emenda constitucional.

A Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância


traz o seguinte conceito para discriminação racial:

Discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência, em qualquer área da vida
pública ou privada, cujo propósito ou efeito seja anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em
condições de igualdade, de um ou mais direitos humanos e liberdades fundamentais consagrados nos
instrumentos internacionais aplicáveis aos Estados Partes. A discriminação racial pode basear-se em raça,
cor, ascendência ou origem nacional ou étnica.

RENITENTE ESBULHO

Vale ressaltar que se a terra já foi habitada pelos índios, porém quando foi editada a CF/88 o aldeamento já
estava extinto, ela não será considerada terra indígena. Confira:

Súmula 650-STF: Os incisos I e XI do art. 20 da Constituição Federal não alcançam terras de aldeamentos
extintos, ainda que ocupadas por indígenas em passado remoto.

Segundo critério construído pelo STF, somente são consideradas “terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios” aquelas que eles habitavam na data da promulgação da CF/88 (marco temporal) e,
complementarmente, se houver a efetiva relação dos índios com a terra (marco da tradicionalidade da
ocupação).

Assim, se, em 05/10/1988, a área em questão não era ocupada por índios, isso significa que ela não terá a
natureza indígena de que trata o art. 231 da CF/88.

Renitente esbulho

Como regra, vimos acima que, se os índios não estavam na posse da área em 05/10/1988, ela não será
considerada terra indígena (art. 231 da CF/88).

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Existe, contudo, uma exceção a essa regra. Trata-se do chamado renitente esbulho, expressão cunhada pelo
ex-Ministro Carlos Britto no Pet 3388, julgado em 19/03/2009 (Caso “Raposa Serra do Sol”).

Explicando melhor: se, na época da promulgação da CF/88, os índios não ocupavam a terra porque dela
haviam sido expulsos em virtude de conflito possessório, considera-se que eles foram vítimas de esbulho e,
assim, essa área será considerada terra indígena para os fins do art. 231.

Nas palavras do Min. Teori Zavascki, “o renitente esbulho se caracteriza pelo efetivo conflito possessório,
iniciado no passado e persistente até o marco demarcatório temporal da data da promulgação da
Constituição de 1988, materializado por circunstâncias de fato ou por controvérsia possessória judicializada”.

Exemplo de terra indígena em que houve renitente esbulho:

Durante os debates no STF sobre a regularidade da demarcação da reserva indígena “Raposa Serra do Sol”
diversos fazendeiros alegaram o seguinte: quando a CF/88 foi promulgada, em 05/10/1988, os índios já não
mais estavam naquele local e as terras eram ocupadas por não-índios; logo, não se poderia considerar que
eram terras indígenas (art. 231).

O STF, contudo, rechaçou esse argumento alegando que a posse dos fazendeiros era fruto de esbulho, ou
seja, eles teriam expulsado os índios daqueles locais, conforme demonstrado no laudo e parecer
antropológicos.

Importante chamar atenção para o fato de que, segundo os estudos relevaram também, antes de serem
expulsos, os índios lutaram e tentaram resistir. Na verdade, mesmo após serem obrigados a sair do local,
continuaram lutando pela terra, movimento que perdurou até chegar ao fim o processo de demarcação.

Daí vem o nome renitente esbulho.

Esbulho é a perda do bem pela violência, pela clandestinidade ou precariedade.

Renitente significa contumaz, teimoso, repetitivo, insistente.

Assim, o esbulho praticado contra os indígenas foi contumaz, insistente, considerando que os índios
ofereceram resistência e continuaram lutando pela terra mesmo após de lá saírem.

Renitente esbulho não se confunde com ocupação passada ou com desocupação forçada no passado
Vale ressaltar que, para que se caracterize o renitente esbulho, é necessário que, no momento da
promulgação da CF/88, os índios ainda estivessem disputando a posse da terra ou tivessem sido delas
expulsos há pouco tempo.

Se eles habitaram naquela localidade e optaram por sair ou se foram dela expulsos muitos anos antes de
entrar em vigor a CF/88 (e desistiram de lutar), não se configura o chamado “renitente esbulho”.

Exemplo: no caso concreto apreciado pelo STF (ARE 803462 AgR/MS), a última ocupação indígena na área
ocorreu no ano de 1953, data em que os índios foram expulsos da região. Nessa situação, o STF entendeu
que não estava caracterizado o renitente esbulho, mas sim “a desocupação forçada ocorrida no passado” já
que, no momento da promulgação da CF/88, já havia se passado muitos anos da saída dos índios do local e
eles não mais estavam em conflito possessório por aquelas terras.

DIREITOS HUMANOS NA CF/88

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CONTEXTUALIZAÇÃO: Conforme leciona André de Carvalho Ramos, a Constituição de 1988 estabelece que
um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito é a “dignidade da pessoa humana” (art. 1º, III). Além
disso, o texto constitucional brasileiro afirma que toda a ação econômica tem como finalidade assegurar a
todos uma existência digna (art. 170).
Por sua vez, no art. 226, § 7º, ficou determinado que o planejamento familiar é livre decisão do casal
fundado no princípio da dignidade da pessoa humana. Já o art. 227 determina que cabe à família, à sociedade
e ao Estado assegurar a dignidade à criança, ao adolescente e ao jovem. No art. 230, a Constituição de 1988
prevê que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, defendendo sua
dignidade e bem-estar.
Fica evidente que a Constituição Federal de 1988, surgida em movimento democrático pós regime
militar, pautou-se profundamente na Dignidade da Pessoa humana, acompanhando a tendência que teve
início no pós Segunda Guerra Mundial.

CLÁUSULAS PÉTREAS:
Art. 60, § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

DUPLA FUNÇÃO/ASPECTO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA:


Existem funções da dignidade da pessoa humana:
#OLHAADICA Sugerimos gravar as letras U e H no que diz respeito às funções/aspectos da
Dignidade da Pessoa Humana, sendo U de Unificadora e H de Hermenêutica.

Função Unificadora: A dignidade da pessoa humana contempla duas funções, entre elas a chamada função
unificadora isto porque ela une, unifica toda a ordem jurídica. Ela é o chamado “eixo axiológico” da ordem
jurídica como um todo. Se é axiológica, estamos falando de um eixo VALORATIVO, ou seja, eixo de valores de
toda a ordem jurídica.
Função Hermenêutica: Já com relação à função hermenêutica temos que esta se refere à interpretação.
Sendo assim, a dignidade da pessoa humana serve como viés interpretativo, vez que ela INSPIRA e LIMITA
toda a compreensão e aplicação do direito. Desse modo, falamos que a dignidade da pessoa humana também
tem uma função hermenêutica.

DIREITOS HUMANOS X DIREITOS FUNDAMENTAIS

José Afonso da Silva entende que o termo “direitos fundamentais” se justifica, na medida em que se refere
a princípios que resumem a concepção do mundo e informam a ideologia de cada ordenamento jurídico.
André Ramos Tavares, por sua vez, ressalta que o termo também se aproxima da noção de direitos naturais,
no sentido de que a natureza humana seria a portadora de certos direitos fundamentais. Já Ingo Sarlet
ressalta que o termo “direitos fundamentais” aplica-se aos direitos reconhecidos na esfera do direito
constitucional positivo de um Estado. Para ele, são os direitos tidos como mais importantes em uma
comunidade, e que serão inscritos nas constituições como fundamentos do Estado. Já o termo “direitos
humanos” é utilizado em documentos de Direito Internacional, pois se refere às posições jurídicas
reconhecidas ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem
constitucional.

Segundo Rafael Barreto, ontologicamente, não é possível diferenciar direitos humanos de direito
fundamentais vez que ambos os direitos materializam a dignidade da pessoa humana. É possível diferenciá-

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los no plano da positivação, sendo os direitos humanos positivados em documentos internacionais e os


direitos fundamentais positivados na ordem jurídica interna de cada Estado.

ART. 5°: DIREITOS INDIVIDUAIS PARA COLAR NA RETINA #ABREOVADE


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador,
salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
judicial;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que
a lei estabelecer;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de
autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

#SAINDODOFORNO #NOVIDADELEGISLATIVA
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios
digitais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022)

#DEOLHONAJURIS
A imposição legal de manutenção de exemplares de Bíblias em escolas e bibliotecas públicas estaduais
configura contrariedade à laicidade estatal e à liberdade religiosa consagrada pela Constituição da República
de 1988. STF. Plenário. ADI 5258/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 12/4/2021 (Info 1012).
#APOSTACICLOS

É compatível com a Constituição Federal a imposição de restrições à realização de cultos, missas e demais
atividades religiosas presenciais de caráter coletivo como medida de contenção do avanço da pandemia da
Covid-19. STF. Plenário. ADPF 811/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 8/4/2021 (Info 1012).

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É constitucional a obrigatoriedade de imunização por meio de vacina que, registrada em órgão de vigilância
sanitária, (i) tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações, ou (ii) tenha sua aplicação obrigatória
determinada em lei ou (iii) seja objeto de determinação da União, Estado, Distrito Federal ou Município, com
base em consenso médico-científico. Em tais casos, não se caracteriza violação à liberdade de consciência e
de convicção filosófica dos pais ou responsáveis, nem tampouco ao poder familiar. (ARE 1267879, Relator(a):
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL
- MÉRITO DJe-064 DIVULG 07-04-2021 PUBLIC 08-04-2021) #APOSTACICLOS

A) a vacinação compulsória não significa vacinação forçada, por exigir sempre o consentimento do usuário,
podendo, contudo, ser implementada por meio de medidas indiretas, as quais compreendem, dentre outras,
a restrição ao exercício de certas atividades ou à frequência de determinados lugares, desde que previstas
em lei, ou dela decorrentes, e (i) tenham como base evidências científicas e análises estratégicas pertinentes,
(ii) venham acompanhadas de ampla informação sobre a eficácia, segurança e contraindicações dos
imunizantes, (iii) respeitem a dignidade humana e os direitos fundamentais das pessoas; (iv) atendam aos
critérios de razoabilidade e proporcionalidade, e (v) sejam as vacinas distribuídas universal e gratuitamente;
e (B) tais medidas, com as limitações expostas, podem ser implementadas tanto pela União como pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios, respeitadas as respectivas esferas de competência.(ADI 6586,
Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/12/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
063 DIVULG 06-04-2021 PUBLIC 07-04-2021) #APOSTACICLOS

A exigência constitucional de aviso prévio relativamente ao direito de reunião é satisfeita com a veiculação
de informação que permita ao poder público zelar para que seu exercício se dê de forma pacífica ou para que
não frustre outra reunião no mesmo local. (RE 806339, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão:
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-053 DIVULG 18-03-2021 PUBLIC 19-03-2021) #APOSTACICLOS

Cabe ao Estado fornecer, em termos excepcionais, medicamento que, embora não possua registro na Anvisa,
tem a sua importação autorizada pela agência de vigilância sanitária, desde que comprovada a incapacidade
econômica do paciente, a imprescindibilidade clínica do tratamento, e a impossibilidade de substituição por
outro similar constante das listas oficiais de dispensação de medicamentos e os protocolos de intervenção
terapêutica do SUS. STF. Plenário. RE 1165959/SP, Rel. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 18/6/2021 (Repercussão Geral – Tema 1161) (Info 1022). #APOSTACICLOS

Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em plataforma de “streaming” apenas porque seu
conteúdo desagrada parcela da população, ainda que majoritária, não encontra fundamento em uma
sociedade democrática e pluralista como a brasileira. STF. 2ª Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 3/11/2020

É formal e materialmente inconstitucional lei municipal que proíba a divulgação de material com referência
a “ideologia de gênero” nas escolas municipais. ADPF 457, Relator(a): ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal
Pleno, julgado em 27/04/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-137 DIVULG 02-06-2020 PUBLIC 03-06-2020)

É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder
de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos
e publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no
exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos
parâmetros constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e
da personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. (RE
1010606, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 11/02/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-096
DIVULG 19-05-2021 PUBLIC 20-05-2021)

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BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE E DE CONVENCIONALIDADE

PARÂMETRO OU BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE: Parâmetro, ou paradigma, nada mais é que a norma


ou o conjunto de normas constitucionais que se tem como referência quando, numa análise comparativa,
questiona-se a compatibilidade de determinada lei ou ato normativo inferior. Em outras palavras, são as
normas da Constituição em que pode se basear a busca pela compatibilidade constitucional das demais
normas do ordenamento jurídico.
PREÂMBULO
BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE DA CF/88:
PARTE PERMANENTE

ADCT*

#IMPORTANTE: É pacífico na jurisprudência e na doutrina que o PREÂMBULO não integra o bloco de


constitucionalidade, não podendo ser referenciado em sede de controle:
Segundo a tese da irrelevância jurídica, o preâmbulo não participa das características jurídicas da
Constituição, situando-se no domínio da política ou da história, como mera diretriz (ou norte) interpretativo.
STF e Preâmbulo: II. - Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de
Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa.
III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente. (STF, ADI 2076/AC, Tribunal Pleno, Rel. Min.
Carlos Velloso, j. 15/08/2002, p. DJ 08/08/2003).
Essencial destacar, contudo que o preâmbulo serve para certificar a legitimidade e a origem do
novo texto por proclamar princípios, motivo pelo qual pode ser utilizado como fator de interpretação das
normas.

ADCT*: O STF também decidiu que apenas as normas do ADCT cuja eficácia ainda não foi exaurida podem
ser parâmetro.

#OLHAOGANCHO E OS TRATADOS INTERNACIONAIS, INTEGRAM O BLOCO DE CONSTITUCIONALIDADE?


Em verdade, não existe consenso doutrinário acerca da hierarquia dos tratados internacionais, motivo pelo
qual estudaremos o posicionamento do Supremo Tribunal Federal até o momento: Os tratados e
convenções internacionais aprovados na forma descrita no artigo 5º, § 3º, da CF/88, integram o
chamado bloco de constitucionalidade e são, portanto, utilizados como parâmetros de controle de
constitucionalidade e de controle de convencionalidade. Isso porque os Tratados internacionais sobre
direitos humanos têm posição hierárquica superior às leis, ou valem como normas supralegais (os que são
aprovados pelo rito ordinário) ou valem como emendas (os que são aprovados pelo rito especial). Assim,
qualquer deles será capaz de afastar a aplicação de lei interna de menor hierarquia, como aconteceu, por
exemplo, no caso da prisão do depositário infiel (RE 466.343). Ademais, a possibilidade de afastar a
aplicação de leis internas conflitantes com tratados internacionais, a partir do reconhecimento de sua
supralegalidade, foi denominada controle de convencionalidade.

Em virtude da ação da Teoria do Duplo Estatuto pelo ordenamento jurídico brasileiro, adota-se o
chamado CONTROLE DE CONVENCIONALIDADE, que nada mais é do que a aferição da compatibilidade
das leis e atos normativos brasileiros com os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo
Brasil.

Não importa se o tratado foi aprovado pelo rito do art. 5º, §3º (natureza constitucional) ou não (natureza
supralegal). Divide-se em:

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• Controle de Convencionalidade de matriz internacional: Chamado de autêntico ou definitivo, atribuído


a órgãos internacionais criados por tratados internacionais (Corte Interamericana, Corte Europeia etc.);
• Controle de Convencionalidade de matriz nacional: Chamado de provisório ou preliminar, é o exame de
compatibilidade do ordenamento interno, realizado por juízes e tribunais internos.

O Diálogo das Cortes consiste em compatibilização entre o resultado do controle de convencionalidade


nacional com o decidido no controle de convencionalidade internacional.
Existe este diálogo, uma vez que, tanto o STF, quanto os órgãos internacionais cumprem a mesma missão:
de assegurar o respeito à dignidade humana e os direitos fundamentais.

#OLHAOGANCHO: O Estado, ao assinar um tratado internacional de direitos humanos não


assume obrigações recíprocas com outro Estado e sim com a Comunidade Internacional, bem com os
indivíduos que residam neste Estado, de que irá respeitar os direitos humanos estabelecidos.

TRATADOS INTERNACIONAIS NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

O QUE SÃO TRATADOS INTERNACIONAIS: São acordos escritos (formais) firmados por ESTADOS com o
objetivo de produzir efeitos jurídicos no tocante a temas de interesse comum.
#DEOLHONATABELA
Tratato Ajuste complementar Declaração
Convenção Carta Concordata
Acordo Estatuto Acordo por troca de notas
Pacto Memorando de entendimento Modus vivendi
Protocolo Convênio

ELEMENTOS ESSENCIAIS DE UM TI:


Acordo internacional: O direito internacional tem por princípio o LIVRE CONSENTIMENTO DAS NAÇÕES.
Sendo o tratado internacional sua fonte principal, não pode ele expressar senão aquilo que as partes
soberanas acordam livremente. Sem a convergência de vontades dos Estados, por conseguinte, não há
acordo internacionalmente válido.
Celebrado por escrito. Os tratados internacionais são, diferentemente dos costumes, acordos
essencialmente formais. E nisto repousa seu principal traço característico, o costume, sem embargo de ser
resultante de um acordo entre sujeitos de direito internacional, com vistas a também produzir efeitos
jurídicos, é desprovido da mesma formalidade com que se leva a efeito a produção do texto convencional. E
tal formalidade, implica, por certo, na sua escritura, onde se deixe bem consignado o propósito a que as
partes chegaram após a negociação.
Concluído pelos Estados: Como ato jurídico internacional, os tratados podem ser concluídos por entes
capazes de assumir direitos e obrigações no âmbito externo entes capazes de assumir direitos e obrigações
no âmbito externo. Mas nem só os Estados detém, hoje, essa prerrogativa. As organizações internacionais
(OI), a exemplo da ONU e da OEA, a partir de 1986, com o advento da Convenção de Viena sobre Direito dos
Tratados entre Estados e Organizações Internacionais ou entre Organizações Internacionais, passaram
também a ter capacidade internacional para celebrar tratados.
Regido pelo direito internacional: Todo acordo externo que não for regido pelo direito internacional não
será considerado como sendo tratado, mas sim simples contrato internacional.
Celebrado em instrumento único ou em dois ou mais instrumentos conexos: Além do texto principal do
tratado, podem existir outros que o acompanham, a exemplo dos protocolos adicionais e dos anexos que,
via de regra são produzidos concomitantemente à produção do texto principal.
f) Ausência de denominação partícula: A Convenção de 1969 deixa bem claro que a palavra tratado se refere
a um acordo regido pelo direito internacional, "qualquer que seja sua denominação particular.”

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#OLHAOGANCHO Condições de Validade


CAPACIDADE DAS PARTES + HABILITAÇÃO DE SEUS AGENTES + OBJETO LÍCITO E POSSÍVEL +
CONSENTIMENTO REGULAR + CONDIÇÕES GERAIS DE VALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS.

HIERARQUIA DOS TRATADOS: Em resumo, segundo a doutrina, há 04 hipóteses:

Supraconstitucionalidade Constitucionalidade Supralegalidade Infraconstitucionalidade


Acima da CF Mesmo plano da CF Acima das leis e No mesmo plano das
abaixo da CF leis comuns.

Geralmente, os tratados equivalem a LEI ORDINÁRIA, submetendo-se também aos CRITÉRIOS


CRONOLÓGICOS e da ESPECIALIDADE e ficando sujeitos a CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.

- Consequentemente, OS TRATADOS NÃO PODEM REGULAR MATÉRIA RESERVADA A LEI COMPLEMENTAR.

- A EC 45/04 introduziu o §3º no art. 5º da CF (“os tratados e convenções internacionais sobre DH que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros,
serão equivalentes às emendas constitucionais”). Com isso, abriu-se a possibilidade de que as normas
internacionais de DH adquiram status CONSTITUCIONAL, desde que sejam aprovados por um procedimento
especial.

- Quanto aos tratados de DH aprovados antes da EC 45 ou fora de seus parâmetros, terão caráter de
SUPRALEGALIDADE. Assim, os tratados de DH sempre prevalecerão diante da legislação ordinária.

- Em qualquer caso, as normas internacionais de DH continuam submetidas a controle de


constitucionalidade, ora porque são supralegais, ora porque são constitucionais e não podem violar cláusula
pétrea.

HIERARQUIA DOS TRATADOS EM GERAL:


Em regra, o STF entende que os tratados em geral possuem hierarquia de lei infraconstitucional. A
conclusão do raciocínio tem por base três dispositivos constitucionais:
(i) Art. 47, CF: Se espécie normativa não tiver quórum próprio expresso é maioria simples. O tratado é
equiparado a LO federal.
(ii) Art. 102, III, “b”, CF: Cabe recurso extraordinário em face da decisão que declarou inconstitucional lei ou
tratado. Logo, o tratado está abaixo da constituição.
(iii) Art. 105, III, “a”, CF: Compete ao STJ recurso especial quando a decisão impugnada tiver violado ou
negado vigência a tratado. Logo, “o tratado é equiparado a lei ordinária federal”.

HIERARQUIA DOS TRATADOS DE DIREITOS HUMANOS:


1. Antes da CF88: LO federal.
2. Depois da CF88 até 2004 — EC 45: novidade, §2º do art. 5. Gerou 3 posições: STF – nada mudou, LO federal;
posição minoritária doutrinária — equivale a norma constitucional, cláusula de abertura; 2000 RHC 79785 -
Sepulveda em obter dictum fala da “supralegalidade” posição intermediária.
3. EC 45 até 2008: §3º do art. S. Rito especial de EC. “que forem”. Alguns disseram que não foi
tão bom para os movimentos de direitos humanos.
4. 2008 em diante: RE 466.343 - voto do Gilmar Mendes. STF muda o entendimento, teoria do duplo estatuto,
se aprovados pelo rito especial: EC; se não, status de supralegalidade.

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HIERARQUIA DOS TRATADOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO:


- O art. 98 do CTN determina que “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a
legislação tributária interna, e serão observados pela lei que lhes sobrevenha”. Com isso, o CTN adota a noção
de SUPRALEGALIDADE DOS TRATADOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO.

- Por um tempo, a ideia da supralegalidade dos tratados em matéria tributária não subsistiu diante da visão
de que os atos internacionais incorporados à ordem jurídica pátria equivaleriam à lei ordinária. Entretanto,
a jurisprudência do STF e do STJ vem retomando a visão da supralegalidade dos acordos internacionais em
matéria tributária.

DIREITO AMBIENTAL

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O MEIO AMBIENTE

#VAMOSDELEISECA

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas


à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem


risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a


preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

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§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que
assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que
não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais
envolvidos.

#OLHAOGANCHO: FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes
gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e
garantir o bem-estar de seus habitantes.

§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir,
nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que
promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada
pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas,
assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Há uma tendência mundial de se tutelar constitucionalmente o meio ambiente. É o que a doutrina chama de
constituições verdes.

A CF estabelece que o meio ambiente é de:

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• Competência material: a todas as entidades políticas compete proteger o meio ambiente,


atuando deforma coordenada, cooperando umas com as outras, para não haver desperdício
de forças e recursos.

• Competências legislativas: compete à União, aos Estados/DF legislar concorrentemente sobre


os assuntos de meio ambiente relacionados no art. 24 da CF (florestas, caça, pesca, fauna,
conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente
e controle da poluição). O município, por sua vez, legislará sobre esses assuntos quando for
de interesse local. Entretanto, se o assunto for águas, energias, jazidas, minas e outros
recursos minerais e atividades nucleares a competência é privativa da União.

Além das previsões sobre competência federativa, a CF trata do meio ambiente em outras passagens:

• A defesa do meio ambiente é um dos princípios da ordem econômica (art. 170, VI, da CF).

• Meio ambiente cultural como patrimônio cultural (art. 216 da CF)

• Meio ambiente equilibrado como direito fundamental (art. 225 da CF)

• Meio ambiente artificial como política urbana (art. 182 da CF)

• Meio ambiente do trabalho dentro do sistema único de saúde (art. 200 da CF)

#SELIGANAJURIS: Não há falar em competência exclusiva de um ente da federação para promover medidas
protetivas, independentemente do local onde a ameaça ou o dano estejam ocorrendo. O Poder de Polícia
Ambiental pode - e deve – ser exercido por todos os entes da Federação, pois se trata de competência comum,
prevista constitucionalmente. (REsp nº 1.479.316/SE, ocorrido em 20.08.2015,)

#UMPOUCODEDOUTRINA Apesar de a Constituição Federal adotar a visão antropocêntrica, deve-se ressaltar


que se trata de antropocentrismo alargado, pois se defende uma posição suficientemente abrangente, a
ponto de reconhecer a interdependência entre os seres humanos e a natureza.

#SELIGANATABELA

ANTROPOCENTRISMO BIOCENTRISMO
o ser humano é apontado como titular e se fundamenta na Ecologia Profunda, de maneira
destinatário de todos os recursos naturais que cada recurso natural possui um valor intrínseco
existentes, devendo a proteção ao meio ambiente e deve ser protegido em razão de sua função
ocorrer apenas na medida necessária para que os ecológica, pois os seres vivos e os elementos que
interesses humanos sejam resguardados. propiciam a vida fazem parte de um sistema
integrado e interdependente, sendo o ser humano
apenas uma parte dessa complexa teia.

De acordo com o art. 225 da Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado (interesse difuso), bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.

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O texto constitucional impõe diversos deveres ao Poder Público, como, por exemplo, preservar e restaurar
os processos ecológicos essenciais; preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do país;
definir espaços territoriais a serem especialmente protegidos; exigir para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente estudo prévio de impacto
ambiental; controlar riscos; promover a educação ambiental; proteger a fauna e a flora.

As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitam os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados
(obrigação civil).

FASES DO DIREITO AMBIENTAL: #APOSTACICLOS

FASE Descobrimento do Brasil até Ausência de preocupação com o


INDIVIDUALISTA 1950 meio ambiente.
FASE 1950 até 1980 Controle de algumas atividades
FRAGMENTÁRIA exploratórias de recursos naturais
em função de seu valor econômico.
FASE HOLÍSTICA De 1981 até o presente Compreensão do meio ambiente
como um todo integrado e
interdependente.
Seu grande marco foi a Lei 6.938/81
que dispõe sobre a Política Nacional
do Meio Ambiente.

CONCEITOS DE MEIO AMBIENTE: Entende-se que o meio-ambiente é uno e indivisível, mas, para fins
didáticos, pode ser subdividido em 4 segmentos: cultural, artificial, natural e do trabalho.
#OLHAOMNEMÔNICO: MEIO AMBIENTE É CANT!

● Cultural: ligado à formação, ação e memória dos diferentes grupos da sociedade brasileira, podendo ser
materiais ou imateriais.
● Artificial: são os bens corpóreos que não fazem parte do meio-ambiente cultural ou do trabalho. Ex.: casa
recém-construída.
● Natural: formados pelos bens da natureza, com vida (bióticos) e sem vida (abióticos). Existem
independentemente da atuação humana: fauna, flora, recursos hídricos, ar, solo, etc.
● Do trabalho: é previsto expressamente no art. 200 da CF, composto por bens que buscam viabilizar o
exercício digno e seguro do labor.

Tais classificações são fungíveis, pois eventualmente uma casa pode se tornar patrimônio cultural, etc. Assim,
o Direito Ambiental trata-se de ramo jurídico transversal.

#APOSTACICLOS #VAICAIR
A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira fazem parte do patrimônio nacional.

ATENÇÃO! EFEITO BACKLASH

Em um primeiro momento, o STF considerou a vaquejada inconstitucional, todavia, o


Congresso Nacional teve uma reação conservadora (efeito backlash) aprovando o § 7º do
art. 225 da CF, que não considera cruel prática desportiva com a utilização de animal, desde

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que seja manifestação cultural registrada como bem de natureza imaterial integrante do
patrimônio cultural brasileiro, regulamentada por lei.

#NOVIDADELEGISLATIVA (2019)

Lei 13.873/2019: altera a lei 13.364/2016 para reforçar que as atividades de rodeio vaquejada e laço são
bens de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro
A Lei nº 13.873/2019 alterou a Lei nº 13.364/2016, para incluir o laço, bem como as respectivas expressões
artísticas e esportivas, como manifestação cultural nacional, elevar essas atividades à condição de bem de
natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro e dispor sobre as modalidades esportivas
equestres tradicionais e sobre a proteção ao bem-estar animal.

Teve dois objetivos:

• incluir as atividades de laço na Lei nº 13.364/2016;

• reforçar que o Rodeio, a Vaquejada e o Laço são manifestações culturais nacionais e suas atividades são
bens de natureza imaterial integrantes do patrimônio cultural brasileiro.

Vamos verificar agora as mudanças feitas pela Lei nº 13.873/2019

Alteração na ementa da Lei


Ementa da Lei nº 13.364/2016
Redação originária Redação dada pela Lei nº 13.873/2019
Eleva o Rodeio, a Vaquejada, bem como as Reconhece o rodeio, a vaquejada e o laço,
respectivas expressões artístico-culturais, à bem como as respectivas expressões
condição de manifestação cultural nacional e artísticas e esportivas, como manifestações
de patrimônio cultural imaterial. culturais nacionais; eleva essas atividades à
condição de bens de natureza imaterial
integrantes do patrimônio cultural brasileiro;
e dispõe sobre as modalidades esportivas
equestres tradicionais e sobre a proteção ao
bem-estar animal. (Redação dada pela Lei nº
13.873/2019)

Alteração no art. 1º para incluir o laço


Ementa da Lei nº 13.364/2016
Redação originária Redação dada pela Lei nº 13.873/2019
Art. 1º Esta Lei eleva o Rodeio, a Vaquejada, Art. 1º Esta Lei reconhece o rodeio,
bem como as respectivas expressões a vaquejada e o laço, bem como as
artístico-culturais, à condição de respectivas expressões artísticas e
manifestações da cultura nacional e de esportivas, como manifestações culturais
patrimônio cultural imaterial. nacionais, eleva essas atividades à condição
de bens de natureza imaterial integrantes do
patrimônio cultural brasileiro e dispõe sobre
as modalidades esportivas equestres
tradicionais e sobre a proteção ao bem-estar
animal.

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Alteração no art. 2º
Ementa da Lei nº 13.364/2016
Redação originária Redação dada pela Lei nº 13.873/2019
Art. 2º O Rodeio, a Vaquejada, bem como as Art. 2º O rodeio, a vaquejada e o laço, bem
respectivas expressões artístico-culturais, como as respectivas expressões artísticas e
passam a ser considerados manifestações da esportivas, são reconhecidos como
cultura nacional. manifestações culturais nacionais e elevados
à condição de bens de natureza imaterial
integrantes do patrimônio cultural brasileiro,
enquanto atividades intrinsecamente ligadas
à vida, à identidade, à ação e à memória de
grupos formadores da sociedade brasileira.

Inserção do art. 3º-A


Art. 3º-A. Sem prejuízo do disposto no art. 3º desta Lei, são consideradas modalidades
esportivas equestres tradicionais as seguintes atividades:
I - adestramento, atrelagem, concurso completo de equitação, enduro, hipismo rural, salto e
volteio;
II - apartação, time de curral, trabalho de gado, trabalho de mangueira;
III - provas de laço;
IV - provas de velocidade: cinco tambores, maneabilidade e velocidade, seis balizas e três
tambores;
V - argolinha, cavalgada, cavalhada e concurso de marcha;
VI - julgamento de morfologia;
VII - corrida;
VIII - campereada, doma de ouro e freio de ouro;
IX - paleteada e vaquejada;
X - provas de rodeio;
XI - rédeas;
XII - polo equestre;
XIII - paraequestre.

Inserção do art. 3º-B para prever cuidados com o bem-estar dos animais
Art. 3º-B. Serão aprovados regulamentos específicos para o rodeio, a vaquejada, o laço e as
modalidades esportivas equestres por suas respectivas associações ou entidades legais
reconhecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
§ 1º Os regulamentos referidos no caput deste artigo devem estabelecer regras que
assegurem a proteção ao bem-estar animal e prever sanções para os casos de
descumprimento.
§ 2º Sem prejuízo das demais disposições que garantam o bem-estar animal, deve-se, em
relação à vaquejada:
I - assegurar aos animais água, alimentação e local apropriado para descanso;
II - prevenir ferimentos e doenças por meio de instalações, ferramentas e utensílios adequados
e da prestação de assistência médico-veterinária;
III - utilizar protetor de cauda nos bovinos;
IV - garantir quantidade suficiente de areia lavada na faixa onde ocorre a pontuação,
respeitada a profundidade mínima de 40 cm (quarenta centímetros).

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#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS

É inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais


apreendidos em situação de maus-tratos.

O art. 225, § 1º, VII, da CF/88 impõe a proteção à fauna e proíbe qualquer espécie de maus-tratos aos animais.
O art. 25, § 1º da Lei nº 9.605/98 afirma que os animais apreendidos serão prioritariamente libertados em
seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins
zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de
técnicos habilitados.
Até que os animais sejam entregues às instituições, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos
em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico.
Assim, não é constitucionalmente adequada a interpretação segundo a qual os animais devam ser resgatados
de situações de maus-tratos para, logo em seguida, serem abatidos.
STF. Plenário. ADPF 640 MC-Ref/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).

PRINCÍPIOS AMBIENTAIS

PRINCÍPIOS MAIS COBRADOS


É o modelo que procura coadunar os aspectos ambiental, econômico e social,
Princípio do buscando um ponto de equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, o
desenvolvimento crescimento econômico e a equidade social.
sustentável

Princípio do Direito Estabelece a proteção ao meio ambiente como Direito Humano Fundamental
Humano indispensável à manutenção da dignidade humana, vida, e progresso da sociedade.
Fundamental
Princípio da Assegura ao cidadão o direito à informação e a participação na elaboração das
Participação políticas públicas ambientais
Princípio da É aplicado nos casos em que os impactos ambientais já são conhecidos. Trabalha
Prevenção com a certeza da ocorrência do dano.
Diz respeito à ausência de certezas científicas. É aplicado nos casos em que o
conhecimento científico não pode oferecer respostas conclusivas sobre a
Princípio da inocuidade de determinados procedimentos.
Precaução Neste, há risco incerto ou duvidoso.

Deve o poluidor responder pelos custos sociais da poluição causada por sua
atividade impactante, devendo-se agregar esse valor ao custo produtivo da sua
atividade, para evitar que se privatizem o lucro e se socializem os prejuízos.
Princípio do Possui viés preventivo e repressivo, ao mesmo tempo em que promove o
poluidor-pagador ressarcimento do dano ambiental, também visa evitá-lo.
É necessário que haja poluição para a sua incidência!

Estabelece que todos aqueles que se utilizarem de recursos naturais devem pagar
Princípio do usuário-
por sua utilização, mesmo que não haja poluição.
pagador

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Assegura ao cidadão o direito à informação e a participação na elaboração das


Princípio da políticas públicas ambientais, de modo que devem ser assegurados os mecanismos
participação ou da judiciais, legislativos e administrativos que efetivam o princípio. Dessa forma, a
Gestão comunitária população deve ser inserida em questões ambientais.

#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS

ATENÇÃO!!!! É inconstitucional a Resolução CONAMA 500/2020; por outro lado, é constitucional a


Resolução CONAMA 499/2020
Caso concreto: o CONAMA editou a Resolução nº 500/2020, que revogou as Resoluções 284/2001, 302/2002
e 303/2002. Os atos normativos revogados dispunham, respectivamente, sobre: (i) o licenciamento de
empreendimentos de irrigação, (ii) os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente
de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno e (iii) os parâmetros, definições e limites de Áreas
de Preservação Permanente. O CONAMA também editou a Resolução nº 499/2020 tratando sobre
“licenciamento da atividade de coprocessamento de resíduos em fornos rotativos de produção de clínquer”.
A Resolução CONAMA 500/2020, ao revogar normas de proteção ambiental na seara hídrica, implicou
evidente retrocesso na proteção e defesa dos direitos fundamentais à vida, à saúde e ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, pois revela autêntica situação de degradação de ecossistemas essenciais à
preservação da vida sadia, comprometimento da integridade de processos ecológicos essenciais e perda de
biodiversidade, assim como o recrudescimento da supressão de cobertura vegetal em áreas legalmente
protegidas. Por essa razão, é inconstitucional. A Resolução CONAMA 499/2020, ao disciplinar condições,
critérios, procedimentos e limites a serem observados no licenciamento de fornos rotativos de produção de
clínquer para a atividade de coprocessamento de resíduos, atendeu não apenas à exigência de estudo prévio
de impacto ambiental para a instalação de atividade potencialmente causadora de degradação do meio
ambiente, como também à obrigação imposta ao Poder Público de controlar o emprego de técnicas, métodos
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. Além disso, sua
disciplina guarda consonância com a Lei nº 12.305/2020, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
muito bem observando os critérios de razoabilidade e proporcionalidade nela positivados como princípios
setoriais. STF. Plenário. ADPF 748/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 20/5/2022 (Info 1055).

#APOSTACICLOS É inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses de dispensa e simplificação do


licenciamento ambiental para atividades de lavra a céu aberto por invadir a competência legislativa da União
para editar normas gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos previstos no art. 24, §§ 1º e 2º, da
Constituição Federal.
Vale ressaltar também que o estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual que
torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de mineração afronta
o caput do art. 225 da Constituição por inobservar o princípio da prevenção.
STF. Plenário. ADI 6650/SC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

#APOSTACICLOS #PANDEMIA #COVID2019 #TEMAEMALTA


#CENÁRIOATUAL Gente, tem dois princípios que são super conhecidos em direito ambiental, os princípios
da prevenção e da precaução... Com certeza algum dia você já se pegou fazendo alguma questão de
ambiental sobre eles ou tentando decorar a diferenciação: prevenção se refere aos riscos conhecidos, e a
precaução se refere aos riscos incertos, ainda desconhecidos, mas potenciais... A novidade é que o STF, em
julgados recentes de 2020 e 2021, vem aplicando esses dois princípios ao tratar da pandemia de Covid-19!
Principalmente em assuntos relacionados a direito constitucional, aos direitos e garantias fundamentais, os
Ministros vêm justificando a atuação do STF (#LINKMENTAL ativismo judicial), para impor medidas de
enfrentamento à pandemia, nos princípios da prevenção e da precaução. Ou seja, deve haver uma atuação
do Poder Público para evitar a ocorrência de riscos já conhecidos, e dos riscos ainda desconhecidos,

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decorrentes da contaminação pelo vírus... Ressalto especialmente dois julgados que tratam da necessidade
do Poder Público de atuar para conter a contaminação nas comunidades indígenas e quilombolas. Esses
grupos são especialmente vulneráveis às contaminações virais pois, ao viverem em comunidades geralmente
afastadas dos grandes centros urbanos, não desenvolveram um sistema imunológico resistente ao vírus.
Assim, os riscos decorrentes da contaminação dessas comunidades poderia significar a extinção inteira de
etnias, sendo essa justamente a aplicação do princípio da precaução! Ademais, os danos advindos da
diminuição desses grupos étnicos influiria em toda a ideia de meio ambiente natural e cultural, pois são
comunidades que possuem uma relação de preservação do meio ambiente, das tradições, de valorizar os
recursos naturais.

#APOSTACICLOS É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, mas sempre
veiculando normas favoráveis ao meio ambiente. Normas que importem diminuição da proteção ao meio
ambiente equilibrado só podem ser editadas por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e
participação da sociedade civil e dos órgão e instituições de proteção ambiental, como forma de assegurar o
direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa forma, é inconstitucional a edição de
MP que importe em diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado, especialmente em se tratando
de diminuição ou supressão de unidades de conservação, com consequências potencialmente danosas e
graves ao ecossistema protegido. A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de
medida provisória, ainda que não conste expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º,
da CF/88. STF. Plenário. ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896)

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas; (Regulamento)
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas
à pesquisa e manipulação de material genético; (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento) (Regulamento)
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
(Regulamento)
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
(Regulamento)
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento)
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento)
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo
com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que

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assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. (Regulamento)
(Regulamento)
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que
não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017)

POLUIDOR-PAGADOR USUÁRIO-PAGADOR
O poluidor deve arcar com os custos sociais
da degradação causada por sua atividade Estabelece que todos aqueles que se utilizarem de
impactante. recursos naturais devem pagar por sua utilização,
No poluidor pagador existe, mesmo que não haja poluição.
necessariamente, uma poluição.

#JURISSAINDODOFORNO #APOSTACICLOS A revogação de normas operacionais fixadoras de parâmetros


mensuráveis necessários ao cumprimento da legislação ambiental, sem sua substituição ou atualização,
compromete a observância da Constituição Federal, da legislação vigente e de compromissos internacionais.
STF. Plenário. ADPF 747/DF e STF. Plenário. ADPF 749/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 13/12/2021
(Info 1041).

REGIME JURÍDICO DOS RECURSOS MINERAIS

DOMÍNIO EMINENTE DOMÍNIO PATRIMONIAL


É a prerrogativa decorrente da soberania ou da O domínio patrimonial é uma segunda categoria de
autonomia federativa que autoriza o Estado a bens que diz respeito ao domínio direto e a plena
intervir, de forma branda (ex.: limitações, e imediata disposição de inúmeros bens, móveis
servidões etc.) ou drástica (ex.: e imóveis, como se fora de sua propriedade. É
desapropriação), em todos os bens que estão também regido pelo Direito Administrativo. Tem
localizados em seu território, com o objetivo de relação com o direito de propriedade exercido
implementar a função social da propriedade e pelo Estado sobre os bens de sua titularidade.
os direitos fundamentais. O domínio eminente
é exercido sobre todo e qualquer tipo de bem
que esteja situado no respectivo território do
ente Federado, a saber:
a) bens públicos;
b) bens privados; e
c) res nullius ou bens adéspotas (bens de
ninguém).

A CF/88 contemplou o mandamento legal previsto no Código de Mineração, diferenciando os termos mais
utilizados: #DEOLHONOCONCEITO #ANOTAPRAPASSAR

JAZIDA: É toda massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no
interior da terra, com valor econômico (art. 4º);

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MINA: É a jazida em lavra, mesmo que esteja suspensa.

PESQUISA MINERAL: (art. 14) consiste na execução de todos os trabalhos necessários à definição,
avaliação, determinação da jazida e exigibilidade do seu aproveitamento econômico.

LAVRA: (art. 36) são operações coordenadas que visam o aproveitamento industrial da jazida, desde a
extração até o beneficiamento das substâncias minerais.

RECURSO MINERAL: é uma concentração ou depósito na crosta da Terra, de material natural, sólido, em
quantidade e teor e/ou qualidade tais que, uma vez pesquisado, exibe parâmetros mostrando, de modo
razoável, que seu aproveitamento pode ser factível na atualidade ou no futuro.

SUBSOLO: é a parte inferior do solo; é constituído por camadas geológicas mineralizadas, superficiais ou não,
contendo minerais com utilidade econômica.

MINÉRIO: é qualquer substância metalífera.

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS
EMENTA AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. TERRAS PÚBLICAS ESTADUAIS. ÁREA DE 155,72 ALQUEIRES. CONCESSÃO
DE DOMÍNIO PELO ESTADO APÓS AÇÃO DISCRIMINATÓRIA NA DÉCADA DE CINQUENTA DO SÉCULO XX. ÁREA
CORRESPONDENTE A TREZENTOS E SETENTA E SEIS HECTARES. PROPRIEDADE CONCEDIDA A DEZESSEIS
FAMÍLIAS. DEMANDA OBJETIVANDO A ANULAÇÃO DOS TÍTULOS DE DOMÍNIO E ATOS SUBSEQUENTES.
CARÁTER REIVINDICATÓRIO DA AÇÃO RECONHECIDO. DOMÍNIO ANTERIOR DA ÁREA COM SUA CORRETA
INDIVIDUAÇÃO NÃO DEMONSTRADO NOS AUTOS. ASPECTO ATUAL DA ÁREA A REVELAR CASARIO
CORRESPONDENTE A BAIRRO URBANO NELA INCRUSTADO. SEGURANÇA JURÍDICA. AÇÃO AJUIZADA PELA
UNIÃO QUE SE JULGA IMPROCEDENTE.
1. Terras devolutas pertencentes ao Estado de São Paulo por força da Constituição da República de 1891 e
concedidas a particulares mediante ação discriminatória.
2. Anulação de títulos pretendida pela União com fundamento em direito de propriedade supostamente
preexistente. Reconhecimento do caráter reivindicatório da ação anulatória.
3. Domínio da área, pela União, com sua correta individuação de forma apta a demonstrar se tratar dos
imóveis descritos na inicial, antes da entrada em vigor da Constituição da República de 1891, não
comprovado nos autos.
4. À incerteza da propriedade preexistente, soma-se a excepcional consequência consistente no expressivo
tempo decorrido desde a concessão dos títulos de domínio - mais de cinco décadas -, com o desenvolvimento
urbano da região, hoje repleta de residências, justificando-se, em respeito à segurança jurídica, a
manutenção dos atos jurídicos que se buscam anular. Situação, mutatis mutandis, já resguardada por esta
Suprema Corte em hipótese igualmente excepcional (ACO 79, Plenário, 15.3.2012, DJe 28.5.2013).
5. Ação julgada improcedente. (ACO 158, Relator (a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em
12/03/2020, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-156 DIVULG 22-06-2020 PUBLIC 23-06-2020)

#DEOLHONAJURIS: A inexistência de registro imobiliário do bem objeto de ação de usucapião não induz
presunção de que o imóvel seja público (terras devolutas), cabendo ao Estado provar a titularidade do
terreno como óbice ao reconhecimento da prescrição aquisitiva. REsp 964.223

TERRENOS DA MARINHA E SEUS ACRESCIDOS → São áreas federais pertencentes à União, que estão sob o
cuidado da SPU (Secretaria do Patrimônio da União). São as áreas que alcançam as áreas para dentro do
continente da preamar (maré alta) de 1831 por 33 metros (tiro de canhão). Essa proteção era em razão da
segurança e extração de sal. São bens dominicais. Para as áreas que não existiam nas cartas de marés, foi
usada a sistemática da linha de JUNDU (vegetação rasteira na areia da praia), o que foi aceito pelo STF. Estão

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nos terrenos de marinha as áreas insulares e as águas doces que sofrem as influências das marés, mesmo os
manguezais que estejam aterrados. A influência é a modificação do volume das águas pelo menos em 05 cm.

#JURISEMTESE #APOSTACICLOS
É incabível a modificação unilateral pela União do valor do domínio pleno de imóvel aforado, incidindo
somente a correção monetária na atualização anual do pagamento do foro na enfiteuse de seus bens (art.
101 do Decreto-Lei n. 9760/1946).

#DEOLHONAJURIS A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que fere os Princípios do Contraditório e


da Ampla Defesa, nos processos de demarcação de terreno de marinha, a intimação por edital dos
proprietários certos e determinados. AgInt no REsp 1669794/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 12/12/2017, DJe 19/12/2017

POVOS INDÍGENAS E MEIO AMBIENTE

#DEOLHONAJURIS #APOSTACICLOS O art. 68 do ADCT estabelece que “aos remanescentes das comunidades
dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado
emitir-lhes os títulos respectivos.”
Em 2003, foi editado o Decreto nº 4.887, com o objetivo de regulamentar o procedimento para identificação
reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das
comunidades dos quilombos
O STF entendeu que este Decreto não invadiu esfera reservada à lei. O objetivo do Decreto foi tão somente
o de regular o comportamento do Estado na implementação do comando constitucional previsto no art. 68
do ADCT. Houve o mero exercício do poder regulamentar da Administração, nos limites estabelecidos pelo
art. 84, VI da Constituição
O art. 2º, caput e § 1º do Decreto nº 4.887/2003 prevê como deve ser o critério utilizado pelo Poder Público
para a identificação dos quilombolas O critério escolhido foi o da auto atribuição (autodefinição O STF
entendeu que a escolha do critério desse critério não foi arbitrária, não sendo contrária à Constituição
O art. 2º, §§ 2º e 3º, do Decreto preconiza que, na identificação, medição e demarcação das terras dos
quilombolas devem ser levados em consideração critérios de territorialidade indicados pelos remanescentes
das comunidades dos quilombos O STF afirmou que essa previsão é constitucional. Isso porque o que o
Decreto está garantindo é apenas que as comunidades envolvidas sejam ouvidas, não significando que a
demarcação será feita exclusivamente com base nos critérios indicados pelos quilombolas
O art. 13 do Decreto, por sua vez, estabelece que o INCRA poderá realizar a desapropriação de determinadas
áreas caso os territórios ocupados por remanescentes das comunidades dos quilombos estejam situados em
locais pertencentes a particulares O STF reputou válida essa previsão tendo em vista que em nenhum
momento a Constituição afirma que são nulos ou extintos os títulos eventualmente incidentes sobre as terras
ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos. Assim o art. 68 do ADCT, apesar de
reconhecer um direito aos quilombolas, não invalida os títulos de propriedade eventualmente existentes de
modo que para que haja a regularização do registro em favor das comunidades quilombolas, exige-se a
realização do procedimento de desapropriação.
Por fim ao STF não acolheu a tese de que somente poderiam ser consideradas terras de quilombolas aqueles
que estivessem sendo ocupadas por essas comunidades na data da promulgação da CF/88 (05/10/1988 Em
outras palavras, mesmo que, na data da promulgação da CF/88 a terra não mais estivesse sendo ocupada
pelas comunidades quilombolas, é possível em tese, que seja garantido o direito previsto no art. 68 do ADCT.
STF. Plenário. ADI 3239/DF, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 8/2/2018
(Info 890).

Os índios são tratados na Constituição em diversos artigos: #FOCANALEI

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Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XIV - populações indígenas

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra
de riquezas minerais;

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação
básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades
indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os
direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger
e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as
utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais
necessários a seu bem-estar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes
e tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das
riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivadas com autorização do Congresso Nacional,
ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma
da lei.
§ 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Nacional,
em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País,
após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse
o risco.
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
domínio e a posse das terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos
rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização ou a ações contra a União, salvo,
na forma da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, § 3º e § 4º.

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa
de seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo.

#OLHAOGANCHO:
TEORIA DO INDIGENATO X TEORIA DO FATO INDÍGENA
Teoria do Indigenato: a posse das terras indígenas pelos índios deve ser considerada imemorial. Tem como
fonte um direito congênito e primário e não decorrente pela simples posse ou ocupação da área pleiteada.
A própria condição de índio legitima a posse territorial, sem qualquer necessidade de maiores formalidades.
O Indigenato é direito fundamental dos índios, pois privilegia o passado e a ancestralidade, além da relação
espiritual dos índios com suas terras. Esta teoria é adotada pela jurisprudência da Corte IDH. Para parte da

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doutrina, esta teoria foi adotada pela CRFB no art. 231, na medida em que estipula, de forma implícita, um
direito dominial primário e congênito-anterior e oponível a qualquer ocupação superveniente.

Teoria do Fato Indígena: adotada pelo STF no caso Raposa Serra do Sol, em que utilizada a tese do marco
temporal, uma verdadeira invenção que restringe a vontade do poder constituinte originário. Segundo a tese
do marco temporal, para determinada área ser considerada como terra indígena deveria estar ocupada de
forma permanente pelos indígenas na data da promulgação da Constituição Federal de 1988 (05/10/1988).
Ou, ainda, caso comprovado que, na época do advento da promulgação da CFRB havia conflito possessório
sobre as terras indígenas, considera-se que a comunidade indígena foi vítima de esbulho possessório
(renitente esbulho), logo, essa área também será considerada terra indígena.
Porém, se o conflito possessório cessou antes da data estipulada como marco temporal pelo STF, não há que
se falar em renitente esbulho. Tal entendimento adotado pela Suprema Corte é prejudicial aos direitos
individuais e coletivos indígenas, devendo ser duramente criticada.

OLHAOGANCHOPARTE2: atualmente, a tese do marco temporal voltou a ordem do dia, em virtude do


Recurso Extraordinário (RE) 1017365, que discute a definição do estatuto jurídico-constitucional das relações
de posse das áreas de tradicional ocupação indígena e desde quando deve prevalecer essa ocupação, o
chamado marco temporal.
O caso concreto que originou o recurso diz respeito à reintegração de posse requerida pela Fundação do
Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (Fatma), atual Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina
(IMA), de uma área localizada em parte da Reserva Biológica do Sassafrás (SC), declarada pela Fundação
Nacional do Índio (Funai) como de tradicional ocupação indígena. No recurso, a Funai contesta decisão do
Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4), que entendeu não ter sido demonstrado que as terras seriam
tradicionalmente ocupadas pelos indígenas e confirmou a sentença em que fora determinada a reintegração
de posse ao órgão ambiental. OBS.: O Ministro Relator Edson Fachin, afirmou, em seu voto, que a data da
promulgação da Constituição Federal (5/10/1988) não pode ser considerada como o marco temporal para a
aferição dos direitos possessórios indígenas sobre a terra.
Fachin argumentou que a teoria do marco temporal desconsidera a classificação dos direitos indígenas como
fundamentais, ou seja, cláusulas pétreas que não podem ser suprimidas por emendas à Constituição. Para o
ministro, a proteção constitucional aos “direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam”
não depende da existência de um marco nem da configuração do esbulho renitente com conflito físico ou de
controvérsia judicial persistente na data da promulgação da Constituição.
Para o relator, essa corrente de pensamento ignora que a legislação brasileira sobre a tutela da posse
indígena estabeleceu, desde 1934, uma sequência da proteção nas Cartas Constitucionais e que agora, “num
contexto de Estado Democrático de Direito, ganham os índios novas garantias e condições de efetividade
para o exercício de seus direitos territoriais, mas que não tiveram início apenas em 5 de outubro de 1988”.

Após o voto do Ministro Edson Fachin (Relator), que dava provimento ao recurso extraordinário e
propunha fixação de tese (tema 1.031 da repercussão geral); e do início do voto do Ministro Nunes
Marques (favorável a tese do marco temporal), o julgamento foi suspenso (15/09/2021).

#APOSTACICLOS #DEOLHONAJURIS #TEMADAMODA #PANDEMIA A associação “Articulação dos Povos


Indígenas do Brasil (APIB) e seis partidos políticos ajuizaram arguição de descumprimento de preceito
fundamental alegando que o Poder Público estava falhando na proteção dos povos indígenas com relação à
pandemia da Covid-19.
Os autores apontaram uma série de atos comissivos e omissivos do Poder Público que, segundo eles, estavam
causando alto risco de contágio e de extermínio dos povos indígenas.
Os requerentes apontaram que tais atos violam a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88), o direito
à vida (art. 5º, caput) e o direito à saúde (arts. 6º e 196), além do direito de tais povos a viverem em seu
território, de acordo com suas culturas e tradições (art. 231).

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Ciclos Método

Na ação, os autores pedem a realização de diversas medidas necessárias para a proteção dos povos
indígenas.
O Min. Roberto Barroso (relator) deferiu parcialmente a medida cautelar para que a União implemente, em
resumo, as seguintes providências:
Quanto aos povos indígenas em isolamento ou povos indígenas de recente contato:
1. Criação de barreiras sanitárias, que impeçam o ingresso de terceiros em seus territórios;
2. Criação de Sala de Situação, para gestão de ações de combate à pandemia quanto aos Povos Indígenas em
Isolamento e de Contato Recente.
Quanto aos povos indígenas em geral:
1. Inclusão de medida emergencial de contenção e isolamento dos invasores em relação às comunidades
indígenas ou providência alternativa, apta a evitar o contato.
2. Imediata extensão dos serviços do Subsistema Indígena de Saúde.
3. Elaboração e monitoramento de um Plano de Enfrentamento da COVID-19 para os Povos Indígenas
Brasileiros pela União.
O Plenário do STF referendou a medida cautelar concedida.
STF. Plenário. ADPF 709 Ref-MC/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 3 e 5/8/2020 (Info 985).

#APOSTACICLOS Não cabe produção de laudo antropológico em ação possessória ajuizada por proprietário
de fazenda ocupada por grupo indígena. Cuida-se de ação de reintegração de posse ajuizada por particular
em face de cacique de comunidade indígena, da Fundação Nacional do Índio - FUNAI e da União, em razão
da ocupação de indígenas em propriedade rural. O Tribunal de origem manteve a procedência do pedido de
reintegração de posse, pois, "[n]a ausência de procedimento demarcatório, deve prevalecer a situação fática
em vigor"; e, "[c]omo o autor está na posse da fazenda desde 1977 e os índios invadiram a propriedade por
conta própria, ou seja, sem elementos administrativos que mostrem uma ocupação contemporânea a
outubro de 1988 ou neutralizada historicamente por esbulho renitente (STF, Pet 3388, Relator Carlos Britto,
Tribunal Pleno, DJ 19/03/2009), a reintegração é a única solução possível". Em recurso, a FUNAI e o MPF, em
linhas gerais, apontam nulidade por cerceamento de defesa, pois o juízo de origem não poderia ter proferido
sentença sem a produção de laudo antropológico destinado a demonstrar a existência ou não de ocupação
tradicional indígena sobre a área. Sem razão a FUNAI e o MPF nesse ponto, pois a demanda é de natureza
possessória e foi ajuizada por proprietário de fazenda ocupada por indivíduos de grupo indígena, que agiram
por sua própria conta. Admitida a produção de laudo antropológico, abrir-se-ia a possibilidade de
reconhecimento da legalidade da invasão perpetrada em sede de ação possessória proposta por não índio,
melhor dizendo, da possibilidade de aceitação da prática de justiça de mão própria pelos indígenas, o que
afrontaria o ordenamento jurídico sob diversos ângulos.” REsp 1.650.730-MS, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em 20/08/2019, DJe 27/08/2019.

COMPETÊNCIAS ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA AMBIENTAL

a) Exclusiva União
MATERIAL
b) Comum, cumulativa ou paralela (art. 23) União, Estados, DF e Municípios
a) Privativa (art. 22) União
b) Concorrente (art. 24) União, Estados e DF
LEGISLATIVA
c) Suplementar (art. 24, § 2º) Estados
d) Exclusiva (art. 25, §§ 1º e 2º) Estados

#APOSTACICLOS Não afronta a competência legislativa da União o dispositivo de constituição estadual que
proíbe a caça em seu respectivo território.
STF. Plenário. ADI 350/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/6/2021 (Info 1022).

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Ciclos Método

PARALELISMO TRIPLO DE NORMAS AMBIENTAIS E O FEDERALISMO COOPERATIVO ECOLÓGICO

A União editará as regras gerais; os Estados e o DF, observadas as normas gerais, editarão normas observando
seus interesses regionais, enquanto os municípios as editarão de acordo com os interesses locais, mas
sempre observando aquelas que lhe sobrepõem.

Quando se fala em repartição de competências relacionadas com matéria ambiental, existe um conceito
muito relevante que é o de federalismo cooperativo ecológico. Confira:

“O exercício das competências constitucionais (legislativas e executivas) em matéria ambiental, respeitados


os espaços político-jurídicos de cada ente federativo, deve rumar para a realização do objetivo constitucional
expresso no art. 225 da CF/1988, inclusive sob a caracterização de um dever de cooperação entre os entes
federativos no cumprimento dos seus deveres de proteção ambiental. Isso implica a adequação das
competências constitucionais ambientais ao princípio da subsidiariedade, enquanto princípio constitucional
implícito no nosso sistema constitucional, o qual conduz à descentralização do sistema de competências e
ao fortalecimento da autonomia dos entes federativos inferiores (ou periféricos) naquilo em que
representar o fortalecimento dos instrumentos de proteção ambiental e dos mecanismos de participação
política, sob o marco jurídico-constitucional de um federalismo cooperativo ecológico.” (SARLET, Ingo
Wolfgang; FENSTERSEIFER, Tiago. Direito Constitucional Ambiental. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014, p. 157). #CARADAPROVA

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Unidade de conservação “é o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com as características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias
adequadas de proteção.” (art. 2º, I, da Lei nº 9.985/2000).

Poderão ser criadas por lei ou decreto, mas apenas extintas ou reduzidas por lei (art. 222, § 1º, III, da CF) A
desafetação de unidade de conservação por medida provisória é inconstitucional #APOSTACICLOS (ADI
4717).

Unidades de Proteção Integral – UPI Unidades de Uso Sustentável – UUS

Estação Ecológica - ESEC Área de proteção ambiental - APA

Reserva Biológica - REBIO Área de relevante interesse ecológico - ARIE

Parque Nacional - PN Floresta Nacional - FLONA

Monumento Natural - MONAT Reserva Extrativista - RESEX

Reserva de Fauna - REFAU

Refúgio da Vida Silvestre - RVS Reserva de desenvolvimento sustentável - RDS

Reserva particular do patrimônio natural - RPPN

UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL

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Ciclos Método

UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL - UPI


Proibida a Pesquisa
Preservar a
Áreas visitação científica
ESTAÇÃO natureza e Posse e
particulares pública, depende de Conselho
ECOLÓGICA realizar domínio
serão exceto com autorização Consultivo.
(ART. 9º) pesquisas públicos.
desapropriadas. objetivo prévia do órgão
científicas.
educacional. responsável.
Preservar
Proibida a
integralmente Pesquisa
Áreas visitação
RESERVA a biota e Posse e depende de
particulares pública, Conselho
BIOLÓGICA demais domínio autorização
serão exceto com Consultivo.
(ART. 10) atributos públicos. prévia do órgão
desapropriadas. objetivo
naturais responsável.
educacional.
existentes.
Preservar
Visitação
Ecossistemas Pesquisa
Áreas está sujeita a
PARQUE naturais de Posse e depende de
particulares normas e Conselho
NACIONAL grande domínio autorização
serão restrições do Consultivo.
(ART. 11) relevância públicos. prévia do órgão
desapropriadas. Plano de
ecológica e responsável.
Manejo.
beleza cênica.
Pode ser
constituído por
áreas
particulares,
Visitação
A lei não desde que haja
Preservar sítios está sujeita a Pesquisa
MONUMENTO fala que compatibilidade
naturais raros, normas e depende de
NATURAL são de entre os Conselho
singulares ou restrições do autorização
(ART. 12) posse e objetivos da Consultivo.
de grande Plano de prévia do órgão
domínio unidade com a
beleza cênica. Manejo responsável
públicos utilização pelo
(art. 32, §2º).
proprietário.
Caso contrário,
haverá
desapropriação.
Proteger Pode ser
ambientes constituído por
naturais para a áreas
A lei não Visitação
existência ou particulares, Pesquisa
REFÚGIO DA fala que está sujeita a
reprodução de desde que haja depende de
VIDA são de normas e Conselho
espécies ou compatibilidade autorização
SILVESTRE posse e restrições do Consultivo.
comunidades entre os prévia do órgão
(ART. 13) domínio Plano de
de flora local e objetivos da responsável.
públicos Manejo.
da fauna unidade com a
residente ou utilização pelo
migratória. proprietário.

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Ciclos Método

Caso contrário,
haverá
desapropriação.

UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

UNIDADE OBJETIVO DOMÍNIO


Área extensa, em geral, com certo grau de ocupação
humana, dotada de atributos abióticos, bióticos,
estéticos ou culturais especialmente importantes para a
Área de proteção qualidade de vida e o bem-estar das populações Público ou
ambiental - APA humanas, e tem como objetivos básicos proteger a privado.
diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação
e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos
naturais.
Área de pequena extensão, em regra, com pouca ou
nenhuma ocupação humana, com características
naturais extraordinárias, ou que abriga exemplares raros
Área de relevante
da biota regional e tem como objetivo manter os Público ou
interesse ecológico -
ecossistemas naturais de importância regional ou local e privado.
ARIE
regular o uso admissível dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da
natureza.
Área com cobertura florestal de espécies
predominantemente nativas e tem como objetivo básico
Floresta Nacional -
o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a Público.
FLONA
pesquisa científica, com ênfase em métodos para
exploração sustentável de florestas nativas.
Área utilizada por populações extrativistas tradicionais,
cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,
Reserva Extrativista - complementarmente, na agricultura de subsistência e na
Público.
RESEX criação de animais de pequeno porte. Objetiva proteger
os meios de vida dessas populações e assegurar o uso
sustentável dos recursos naturais da unidade.
Área natural com populações animais de espécies
nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou
Reserva de Fauna -
migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos Público.
REFAU
sobre o manejo econômico sustentável de recursos
faunísticos.
Área natural que abriga populações tradicionais, cuja
existência baseia-se em sistemas sustentáveis de
Reserva de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao
desenvolvimento longo de gerações e adaptados às condições ecológicas Público.
sustentável - RDS locais e que desempenham um papel fundamental na
proteção da natureza e na manutenção da diversidade
biológica.

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Ciclos Método

Reserva particular do
É uma área privada, gravada com perpetuidade, com o
patrimônio natural – Privado.
objetivo de conservar a diversidade biológica.
RPPN

#NÃOCONFUNDA
Reserva Legal (RL) Precisa ser registrada no Cadastro Ambiental Rural - CAR
Área de Preservação Permanente Não precisa ser registrada no Cadastro Ambiental Rural - CAR
(APP)

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: A criação das unidades de conservação (UC) ocorre por ato do Poder Público,
lei ou decreto. Todavia, sempre que há desafetação ou redução dos limites da UC só pode ser feito por lei.
#IMPORTANTE

O conjunto de UC’s é denominado de mosaico, reconhecido por ato do Ministério do Meio Ambiente.
Os corredores ecológicos, por sua vez, ligam uma UC à outra. Área de Proteção Ambiental e Reserva
Particular do Patrimônio Nacional não precisam ter zona de amortecimento, isto é, proteção ao seu entorno.
Ademais, todas UC’s devem possuir um plano de manejo, que as organizem.

Com exceção da Área de Proteção Ambiental e da Reserva Particular de Patrimônio Nacional,


essas unidades deverão ter uma zona de amortecimento, a fim de minimizar os impactos negativos
sobre a unidade. Uma vez definida formalmente essa zona, não pode ser transformada em zona
urbana.

São também previstos os corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou


seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o
movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem
como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior
do que aquela das unidades individuais. Também não são exigidas na Área de Proteção Ambiental e na
Reserva Particular do Patrimônio Natural. Nas demais unidades de conservação, haverá corredores
ecológicos quando se mostrar conveniente.

Cada unidade contará com um plano de manejo, a ser elaborado no prazo máximo de 5 anos,
que é um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade
de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o
manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da
unidade.

#OLHAOGANCHO

O que significa “Compensação Ambiental”?


A compensação ambiental consiste na reparação pelos efeitos danosos não mitigáveis. Em
outras palavras, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de
unidades de conservação do grupo de proteção integral, quando obtém um licenciamento
ambiental para empreendimento de significativo impacto ambiental. Ademais, se
determinada UC for afetada - mesmo que de uso sustentável - será uma das beneficiárias da
compensação.
Dessa maneira, impõe-se ao agente poluidor a internalização das externalidades ambientais
negativas, concretizando o princípio do poluidor-pagador. Antes mesmo do início da atividade

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Ciclos Método

causadora do impacto ambiental, o agente deve assumir os custos necessários à proteção do


meio ambiente.
O momento de compensação (pagamento de quantia) ocorre após a expedição do EIA/RIMA,
mas antes da licença ambiental. O órgão licenciador é quem define as UC’s que serão
beneficiadas e o valor a ser pago.

#TABELALOVERS
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no
território nacional e nas águas jurisdicionais;

II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

OBJETIVOS SNUC III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas


naturais;

IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no


processo de desenvolvimento;

VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,


espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;

IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e


monitoramento ambiental;

XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a


recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações


tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e
promovendo-as social e economicamente.

I - assegurem que no conjunto das unidades de conservação estejam representadas


amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats
DIRETRIZES SNUC e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o
patrimônio biológico existente;

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Ciclos Método

II - assegurem os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da


sociedade no estabelecimento e na revisão da política nacional de unidades de
conservação;

III - assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e


gestão das unidades de conservação;

IV - busquem o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de


organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas
científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo
ecológico, monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades
de conservação;

V - incentivem as populações locais e as organizações privadas a estabelecerem e


administrarem unidades de conservação dentro do sistema nacional;

VI - assegurem, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das unidades de


conservação;

VII - permitam o uso das unidades de conservação para a conservação in situ de


populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas domesticados e
recursos genéticos silvestres;

VIII - assegurem que o processo de criação e a gestão das unidades de conservação


sejam feitos de forma integrada com as políticas de administração das terras e águas
circundantes, considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais;

IX - considerem as condições e necessidades das populações locais no


desenvolvimento e adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável dos recursos
naturais;

X - garantam às populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de


recursos naturais existentes no interior das unidades de conservação meios de
subsistência alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos;

XI - garantam uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários para que,
uma vez criadas, as unidades de conservação possam ser geridas de forma eficaz e
atender aos seus objetivos;

XII - busquem conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e respeitadas


as conveniências da administração, autonomia administrativa e financeira; e

XIII - busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de


unidades de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas
respectivas zonas de amortecimento e corredores ecológicos, integrando as
diferentes atividades de preservação da natureza, uso sustentável dos recursos
naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.

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Ciclos Método

LICENÇA AMBIENTAL

#APOSTACICLOS É inconstitucional a concessão automática de licença ambiental para funcionamento de


empresas que exerçam atividades classificadas como de risco médio!!!!!

#DEOLHONAJURIS #SAINDODOFORNO É inconstitucional a concessão automática de licença ambiental no


sistema responsável pela integração (Redesim) para o funcionamento de empresas que exerçam
atividades de risco médio nos termos da classificação estabelecida em ato do Poder Público. O
licenciamento ambiental dispõe de base constitucional e não pode ser suprimido, ainda que de forma
indireta, por lei. Também não pode ser simplificado a ponto de ser esvaziado, salvo se a norma que o
excepcionar apresentar outro instrumento apto a assegurar a proteção ao meio ambiente com igual ou
maior qualidade. Nesse contexto, a simplificação do procedimento pelo argumento da desburocratização
e desenvolvimento econômico, com controle apenas posterior, configura retrocesso inconstitucional, pois
afasta os princípios da prevenção e da precaução ambiental. A automaticidade, por sua vez, contraria
norma específica sobre o licenciamento ambiental, segundo a qual as atividades econômicas potencial ou
efetivamente causadoras de impacto ambiental estão sujeitas ao controle estatal. Não possui fundamento
constitucional válido a vedação da coleta adicional, pelos órgãos competentes, de dados que não tenham
sido disponibilizados na Redesim previamente ou no ato do protocolo do pedido de licenciamento. STF.
Plenário. ADI 6808/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 28/4/2022 (Info 1052).

I – Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade


aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos
básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação;

II – Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as


especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante;

III – Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do
efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e
condicionantes determinados para a operação.

#VAMOSALÉM LICENÇA SIMPLIFICADA → Com relação às atividades de menor porte ou de menor potencial
ofensivo, o órgão ambiental poderá estabelecer um procedimento simplificado para essas atividades
independentemente da fase em que se encontrarem, tendo em vista o §2° do art. 12 da Resolução n. 237/97
do CONAMA prever que “Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e
empreendimentos de pequeno potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos
respectivos Conselhos de Meio Ambiente”.

Prazos das licenças

Temos 3 espécies de licenças ambientais.

A licença prévia – LP tem prazo de validade de até cinco anos, não podendo ter lapso de tempo inferior ao
necessário para a elaboração dos programas técnicos.

Já a licença de instalação – LI não poderá ter validade superior a SEIS MESES.

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Ciclos Método

Os prazos da licença de operação - LO variarão entre quatro e dez anos, a critério do órgão ambiental, sendo
que a sua renovação deverá ser requerida com a antecedência mínima de 120 dias de seu vencimento,
ficando automaticamente renovada até a manifestação do ente licenciante. #DESPENCAEMPROVA

#SAINDODOFORNO É inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses de dispensa e simplificação


do licenciamento ambiental para atividades de lavra a céu aberto por invadir a competência legislativa da
União para editar normas gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos previstos no art. 24, §§ 1º
e 2º, da Constituição Federal. Vale ressaltar também que o estabelecimento de procedimento de
licenciamento ambiental estadual que torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado
quanto às atividades de mineração afronta o caput do art. 225 da Constituição por inobservar o princípio da
prevenção.
STF. Plenário. ADI 6650/SC, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021 (Info 1014).

Atuação supletiva x atuação subsidiária

A ação supletiva é automática, não precisa ser solicitada.


Ocorre quando o ente detentor da competência de licenciamento não
Atuação Supletiva
conta com os requisitos estabelecidos em Lei.
Ação supletiva pode ser entendida como sinônimo de SUBSTITUIÇÃO.
Necessita ser solicitada pelo ente originariamente detentor da atribuição
do licenciamento.
Ação Administrativa
Subsidiária Não possui requisitos como ausência de órgão capacitado, como na
atuação supletiva.
A palavra-chave aqui é APOIO e COOPERAÇÃO.

ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA)


CARACTERÍSTICAS:
- O Estudo de Impacto Ambiental é prévio, pois é elaborado antes da concessão da licença prévia.
- A publicidade é a segunda característica, pois o EIA sigiloso é inconstitucional. Porém, a publicidade é
mitigada pelo sigilo industrial.
- Por fim, a realização desse estudo prévio só será exigida em casos de significativa degradação ambiental
(efetiva ou potencial).

Cabe ao proponente contratar e pagar a equipe técnica multidisciplinar responsável pela elaboração do
Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – RIMA. O RIMA é o documento que conterá as conclusões do EIA,
devendo ser apresentado em linguagem objetiva e adequada a sua compreensão pela população, inclusive
podendo ter ilustrações, sendo de acessibilidade pública.

Importante saliente que as conclusões do RIMA não vinculam o órgão ambiental.

Deve-se relembrar, mais uma vez, a inexistência do direito adquirido a poluir, razão pela qual a licença é
considerada rebus sic stantibus. Vejamos as principais hipóteses de revisibilidade da licença ambiental:
Estabelece uma espécie de sustação ou de sobrestamento de atividade até
que ocorra a adequação à legislação ambiental ou às condicionantes
Suspensão ambientais impostas pelo órgão ambiental.
A Suspensão é hipótese de retirada temporária. A Anulação, Cassação e
Revogação são hipóteses de retirada definitiva.
Ocorre nos casos de omissão ou falsa descrição de informações relevantes
Anulação que servirem para fundamentar a expedição da licença. Assim, pode-se dizer

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NFPSS | RETA FINAL – PC/GO


Ciclos Método

que se trata de irregularidade na concessão da licença, que desconsiderou os


preceitos legais.
Cassação Trata-se de irregularidade posterior à concessão da licença ambiental, em
razão do pelo descumprimento das condicionantes ou da legislação
ambiental
Revogação Superveniência de graves riscos para o meio ambiente e para a saúde pública.

#TABELALOVERS
A ação supletiva é automática, não precisa ser solicitada.
Ocorre quando o ente detentor da competência de
licenciamento não conta com os requisitos estabelecidos em
Atuação Supletiva Lei.
Ação supletiva pode ser entendida como sinônimo de
SUBSTITUIÇÃO.
Necessita ser solicitada pelo ente originariamente detentor
da atribuição do licenciamento.
Ação Administrativa Subsidiária
Não possui requisitos como ausência de órgão capacitado,
como na atuação supletiva.
A palavra chave aqui é APOIO e COOPERAÇÃO.

#SELIGANAJURIS
É inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais
apreendidos em situação de maus-tratos. O art. 225, § 1º, VII, da CF/88 impõe a proteção à fauna e proíbe
qualquer espécie de maus-tratos aos animais. O art. 25, § 1º da Lei nº 9.605/98 afirma que os animais
apreendidos serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não
recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades
assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. Até que os animais
sejam entregues às instituições, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições
adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico. Assim, não é
constitucionalmente adequada a interpretação segundo a qual os animais devam ser resgatados de situações
de maus-tratos para, logo em seguida, serem abatidos. STF. Plenário. ADPF 640 MC-Ref/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).
É constitucional lei estadual que proíba a utilização de animais para desenvolvimento, experimentos e testes
de produtos cosméticos, de higiene pessoal, perfumes e seus componentes. A proteção da fauna é matéria
de competência legislativa concorrente (art. 24, VI, da CF/88). A Lei federal nº 11.794/2008 possui uma
natureza permissiva, autorizando, a utilização de animais em atividades de ensino e pesquisas científicas,
desde que sejam observadas algumas condições relacionadas aos procedimentos adotados, que visam a
evitar e/ou atenuar o sofrimento dos animais. Mesmo que o tema tenha sido tratado de forma mais restrita
pela lei estadual, isso não se mostra inconstitucional porque, em princípio, é possível que os Estados editem
normas mais protetivas ao meio ambiente, com fundamento em suas peculiaridades regionais e na
preponderância de seu interesse, conforme o caso. STF. Plenário. ADI 5996, Rel. Alexandre de Moraes,
julgado em 15/04/2020 (Info 975).
É inconstitucional a criação de taxa de combate a incêndios: A atividade desenvolvida pelo Estado no âmbito
da segurança pública é mantida ante impostos, sendo imprópria a substituição, para tal fim, de taxa.
STF. Plenário. ADI 4411, Rel. Marco Aurélio, julgado em 18/08/2020 (Info 992 – clipping).
O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se tratar
de interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja a aplicação de
multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de padrões considerados
aceitáveis.

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STF. Plenário.RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em
29/6/2017 (Info 870).
É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental. STF. Plenário. RE 654833, Rel. Alexandre
de Moraes, julgado em 20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 999) (Info 983 – clipping).
É inconstitucional, por violar o princípio da separação dos poderes, lei estadual que exige autorização prévia
do Poder Legislativo estadual (Assembleia Legislativa) para que sejam firmados instrumentos de cooperação
pelos órgãos componentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. Também é inconstitucional
lei estadual que afirme que Fundação estadual de proteção do meio ambiente só poderá transferir
responsabilidades ou atribuições para outros órgãos componentes do SISNAMA se houver aprovação prévia
da Assembleia Legislativa. STF. Plenário. ADI 4348/RR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
10/10/2018 (Info 919).
É inconstitucional dispositivo da Constituição Estadual que preveja que os serviços públicos de saneamento e
de abastecimento de água serão prestados por pessoas jurídicas de direito público ou por sociedade de
economia mista sob controle acionário e administrativo, do Poder Público Estadual ou Municipal.
Compete aos Municípios a titularidade dos serviços públicos de saneamento básico. Assim, a eles cabe
escolher a forma da prestação desses serviços, se diretamente ou por delegação à iniciativa privada mediante
prévia licitação. Isso é garantido pelo art. 30, I e V, da CF/88. Além disso, essa previsão da Constituição
Estadual também viola o art. 175 da Constituição Federal, que atribui ao poder público a escolha da prestação
de serviços públicos de forma direta ou sob regime de concessão ou permissão mediante prévia licitação.
STF. Plenário. ADI 4454, Rel. Cármen Lúcia, julgado em 05/08/2020 (Info 988 – clipping).
É possível a edição de medidas provisórias tratando sobre matéria ambiental, mas sempre veiculando normas
favoráveis ao meio ambiente. Normas que importem diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado
só podem ser editadas por meio de lei formal, com amplo debate parlamentar e participação da sociedade
civil e dos órgãos e instituições de proteção ambiental, como forma de assegurar o direito de todos
ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Dessa forma, é inconstitucional a edição de MP que importe
em diminuição da proteção ao meio ambiente equilibrado, especialmente em se tratando de diminuição ou
supressão de unidades de conservação, com consequências potencialmente danosas e graves ao ecossistema
protegido. A proteção ao meio ambiente é um limite material implícito à edição de medida provisória, ainda
que não conste expressamente do elenco das limitações previstas no art. 62, § 1º, da CF/88.
STF. Plenário.ADI 4717/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 5/4/2018 (Info 896).
Súmula 652-STJ: A responsabilidade civil da Administração Pública por danos ao meio ambiente,
decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter solidário, mas de execução subsidiária.
STJ. 1ª Seção. Aprovada em 02/12/2021, DJe 06/12/2021.
Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco integral. A pessoa que explora a atividade econômica
ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo sempre considerado responsável pelos
danos vinculados à atividade. Logo, não se pode admitir a exclusão da responsabilidade pelo fato exclusivo
de terceiro ou força maior. No caso concreto, a construção de um posto de gasolina causou danos em área
ambiental protegida. Mesmo tendo havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou equivocada –
isso não é causa excludente da responsabilidade do proprietário do estabelecimento. Mesmo que se
considere que a instalação do posto de combustível somente tenha ocorrido em razão de erro na concessão
da licença ambiental, é o exercício dessa atividade, de responsabilidade do empreendedor, que gera o risco
concretizado no dano ambiental, razão pela qual não há possibilidade de eximir-se da obrigação de reparar
a lesão verificada.STJ. 3ª Turma. REsp 1612887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/04/2020 (Info
671).
Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que a sentença
condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de recompor
o meio ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de compensação por dano moral
coletivo. STJ. 2ª Turma. REsp 1328753-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/5/2013 (Info 526).
A Resolução nº 458/2013, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), estabelece procedimentos
para licenciamento ambiental em assentamentos de reforma agrária. A Procuradoria-geral da República

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impugnou essa Resolução alegando que ela estabeleceu critérios diferenciados e aparentemente
simplificados para o licenciamento ambiental dos assentamentos de reforma agrária e que isso ofenderia o
princípio da prevenção, constante do art. 225 da Constituição Federal e a exigência de estudo prévio de
impacto ambiental, prevista no seu §1º, inciso IV, além da vedação do retrocesso e o princípio da proteção
deficiente. O STF julgou improcedente o pedido e declarou que a Resolução é constitucional. Esse ato
normativo busca adequar a proteção ambiental à justiça social, que, enquanto valor e fundamento da ordem
econômica (CRFB, art. 170, caput) e da ordem social (CRFB, art. 193), protege, ao lado da defesa
do meio ambiente, o valor social do trabalho, fundamento do Estado de Direito efetivamente democrático
(art. 1º, IV, da CRFB), e os objetivos republicanos de “construir uma sociedade livre, justa e solidária” e
“erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais” (Art. 3º, I e III). Deve-
se compreender o projeto de assentamento não como empreendimento em si potencialmente poluidor.
Reserva-se às atividades a serem desenvolvidas pelos assentados a consideração acerca do potencial risco
ambiental. Caberá aos órgãos de fiscalização e ao Ministério Público concretamente fiscalizar eventual
vulneração do meio ambiente, que não estará na norma abstrata, mas na sua aplicação, cabendo o recurso
a outras vias de impugnação. É assim que a resolução questionada não denota retrocesso inconstitucional,
nem vulnera os princípios da prevenção e da precaução ou o princípio da proteção deficiente. STF. Plenário.
ADI 5547, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 22/09/2020.
O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) destinado à ampliação e ao fortalecimento da interação
entre o Estado e a iniciativa privada (MP 727/2016, convertida na Lei nº 13.334/2016) não afronta os
princípios da Administração Pública e da proteção do meio ambiente e dos índios (art. 23, VI, art. 37, caput
e art. 231, § 2º, da CF/88). STF. Plenário. ADI 5551/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/3/2021 (Info
1009).

RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL

#LEISECA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a
responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra
a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações. [...]
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.

LEI Nº 9.605/1998
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto
nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual,
ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras
ou partícipes do mesmo fato.

A Lei nº 9.605/98 traz DUAS condicionantes para que a pessoa jurídica responda por crime ambiental:

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• A infração penal deve ter sido cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou
de seu órgão colegiado;
• A infração haja sido cometida no interesse ou em benefício da sociedade.

Aprofundamento: Teoria da Dupla Imputação ou teoria das imputações paralelas

Mesmo com essas previsões expressas na CF/88 e na Lei n. 9.605/98, surgiram quatro correntes para explicar
a possibilidade (ou não) de responsabilização penal da pessoa jurídica, também em relação a sua
responsabilização ou não quando a pessoa física não fosse responsabilizada. Vejamos:

#IMPORTANTE A jurisprudência não mais adota a chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma.
RMS 39.173-BA, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015 (lnfo 566). STF. 1ª Turma. RE
548181/PR, Rei. Min. Rosa Weber, julgado em 6/8/2013 (lnfo 714).

Responsabilização penal da pessoa jurídica de direito público


Divergente na doutrina: Para a corrente defendida por Nucci, Paulo Affonso Leme Machado e Luiz Flávio
Gomes, seria perfeitamente possível. Se a lei não fez essa distinção não cabe ao intérprete fazer.

De outro lado, Édis Milaré, Wladimir e Gilberto Passos de Freitas entendem que isso não seria possível, pois
na verdade, o Estado estaria punindo a si mesmo, havendo uma confusão. Ademais, as penas que usualmente
são aplicadas às pessoas jurídicas são penas de multa e penas restritivas de direitos, inviáveis para
determinadas pessoas jurídicas. Por via oblíqua, estar-se-ia aplicando uma multa ao próprio contribuinte, à
própria população, que é aquela para quem se pretende garantir um meio ambiente saudável e equilibrado.

OBS: Não há decisões judiciais a esse respeito, mas é importante conhecer esses dois posicionamentos.

#SELIGA: Para que o representante legal da empresa seja responsabilizado, deverá ter ingerência direta sobre
o fato penalmente relevante. Não existe, no Direito brasileiro, responsabilidade PENAL objetiva.

#ATENÇÃO Em caso de pequena empresa, o STJ já entendeu que é possível presumir a responsabilidade do
gestor pelo delito ambiental, diante da inexistência de diversos funcionários ou graus hierárquicos que
poderiam haver cometido o crime.

#SELIGA: Pessoa jurídica não pode ser paciente em Habeas Corpus, por ser ação constitucional que visa
resguardar a liberdade de locomoção, segundo precedentes do STJ e do STF.

Tal como no Código Penal, a Lei 9.605/98 criou hipótese de garantidor para as pessoas físicas que mantenham
vínculos com as pessoas jurídicas. Assim, se uma das pessoas sabia de um crime ambiental material iria ser
consumado e mantém-se inerte, podendo agir para evitá-lo, responderá por um crime comissivo pela simples
omissão.

#SELIGUENAJURIS A pessoa que explora a atividade econômica ocupa a posição de garantidor da


preservação ambiental, sendo sempre considerado responsável pelos danos vinculados à atividade. Logo,
não se pode admitir a exclusão da responsabilidade pelo fato exclusivo de terceiro ou força maior. No caso
concreto, a construção de um posto de gasolina causou danos em área ambiental protegida. Mesmo tendo
havido a concessão de licença ambiental – que se mostrou equivocada – isso não é causa excludente da
responsabilidade do proprietário do estabelecimento. Mesmo que se considere que a instalação do posto de
combustível somente tenha ocorrido em razão de erro na concessão da licença ambiental, é o exercício dessa
atividade, de responsabilidade do empreendedor, que gera o risco concretizado no dano ambiental, razão
pela qual não há possibilidade de eximir-se da obrigação de reparar a lesão verificada.

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STJ. 3ª Turma. REsp 1.612.887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 28/04/2020 (Info 671).

COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO

Em regra, da justiça ESTADUAL, salvo se o delito for consumado contra bens, serviços, ou interessa da União,
de suas autarquias ou empresas públicas (Art. 109, V, da CF/88)

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. (TEORIA MENOR)

DOSIMETRIA

Primeiramente, é importante ter em mente que a Lei nº 9.605/98 formou um microssistema jurídico e, por
isso, as normativas do Código Penal e do Código Processual Penal apenas se aplicam subsidiariamente:

Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal.

Para dosimetria dos crimes ambientes existem regras especiais que se juntam às circunstâncias judiciais do
art. 59 do Código Penal16.

Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:


I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde pública e
para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS PARA PESSOAS FÍSICAS

Art. 8º As penas restritivas de direito são:


I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades; (sem correspondência com o CP)
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar. (sem correspondência com o CP)

PENAS DAS PESSOAS JURÍDICAS

Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o
disposto no art. 3º, são:
I - multa;

16
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.

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II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais
ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a
devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá
exceder o prazo de dez anos.

APREENSÃO DOS PRODUTOS E INSTRUMENTOS DO CRIME

Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos
autos.
§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não
recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades
assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados.
§ 2o Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante
zelará para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que
garantam o seu bem-estar físico.
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas,
hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas,
culturais ou educacionais.
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por
meio da reciclagem.

#SELIGUENAJURIS É inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato


de animais apreendidos em situação de maus-tratos.
STF. Plenário. ADPF 640 MC-Ref/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).

LIQUIDAÇÃO FORÇADA DA PESSOA JURÍDICA


Apesar de não estar expressamente prevista como um sanção, há na Lei nº 6.905/98 previsão expressa de
liquidação forçada da pessoa jurídica, hipótese em que seu patrimônio será considerado instrumento do
crime e perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou
ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será
considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES E AGRAVANTES

Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:


I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa
da degradação ambiental causada;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;

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IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.


Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial
de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por
incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (SURSIS)


Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de
condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.

#OLHAOGANCHO Suspensão condicional da pena no Código Penal


Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por
2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

INICIATIVA DA AÇÃO PENAL


Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO

Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput, DEPENDERÁ
DE LAUDO DE CONSTATAÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL, ressalvada a impossibilidade prevista
no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de
suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo referido no caput,
acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo
mencionado no caput;
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de reparação do
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o período de suspensão, até
o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto no inciso III;

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V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo


de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências necessárias à reparação integral do
dano.

#OLHAOGANCHO Suspensão condicional do processo na Lei nº 9.099/1995


Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por
esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro
crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código
Penal).

PROPOSTA DE APLICAÇÃO DE PENA RESTRITIVA DE DIREITOS

Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena
restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente
poderá ser formulada DESDE QUE TENHA HAVIDO A PRÉVIA COMPOSIÇÃO DO DANO AMBIENTAL, de que
trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.

SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos
e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e
prevenção do crime.
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma duração da pena
privativa de liberdade substituída.

SENTENÇA CONDENATÓRIA E REPARAÇÃO

Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para reparação dos
danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor
fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano efetivamente sofrido.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Pessoal, a respeito da aplicação do princípio nos crimes ambientes, nota-se que o STJ vem aceitando a sua
aplicação. Vamos aprofundar:

#IMPORTANTE: É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais.


Ex: pessoa encontrada em uma unidade de conservação onde a pesca é proibida, com vara de pescar, linha
e anzol, conduzindo uma pequena embarcação na qual não havia peixes. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).

A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade do princípio da insignificância aos crimes ambientais,


tanto com relação aos de perigo concreto — em que haveria dano efetivo ao bem jurídico tutelado —, quanto
aos de perigo abstrato, como no art. 34, caput, da Lei nº 9.605/98. No processo em exame, não se produziu
prova material de que tenha havido qualquer dano efetivo ao meio ambiente. Ademais, mesmo diante de
crime de perigo abstrato, não é possível dispensar a verificação “in concreto” do perigo real ou mesmo

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potencial da conduta praticada pelo acusado com relação ao bem jurídico tutelado. Esse perigo real não se
verificou no caso concreto.

#SELIGANADIVERGÊNCIA O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c
parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares
interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades superiores às
permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; Caso
concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método não permitido.
STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901).

#APOSTACICLOS #DEOLHONAJURIS Não é permitido o abate de animais apreendidos em situação de maus-


tratos. É inconstitucional a interpretação da legislação federal que possibilita o abate imediato de animais
apreendidos em situação de maus-tratos. O art. 225, § 1º, VII, da CF/88 impõe a proteção à fauna e proíbe
qualquer espécie de maus-tratos aos animais. O art. 25, § 1º da Lei nº 9.605/98 afirma que os animais
apreendidos serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não
recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades
assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. Até que os animais
sejam entregues às instituições, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições
adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico. Assim, não é
constitucionalmente adequada a interpretação segundo a qual os animais devam ser resgatados de situações
de maus-tratos para, logo em seguida, serem abatidos. STF. Plenário. ADPF 640 MC-Ref/DF, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 17/9/2021 (Info 1030).

#APOSTACICLOS A apreensão do instrumento utilizado na infração ambiental, fundada no § 4o do art. 25 da


Lei n. 9.605/98, independe do uso específico, exclusivo ou habitual para a empreitada infracional.
Os arts. 25 e 72, IV, da Lei no 9.605/98 estabelecem como efeito imediato da infração a apreensão dos bens
e instrumentos utilizados na prática do ilícito ambiental. A exigência de que o bem/instrumento fosse
utilizado de forma específica, exclusiva ou habitual para a prática de infrações não é um requisito que esteja
expressamente previsto na legislação. Tal exigência compromete a eficácia dissuasória inerente à medida,
consistindo em incentivo, sob a perspectiva da teoria econômica do crime, às condutas lesivas ao meio
ambiente. STJ. 1a Seção. REsp 1.814.944-RN, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/02/2021
(Recurso Repetitivo – Tema 1036) (Info 685).

#DEOLHONOCONCEITO ESVERDEAMENTO DO DIREITO → De acordo com Valério Mazzuoli, “o chamado


greening – ou esverdeamento – é o fenômeno que ocorre quando se tenta (e consegue) proteger direitos
humanos de cunho ambiental nos sistemas regionais de direitos humanos, que são sistemas aptos (em
princípio) a receber queixas e petições que contenham denúncias de violação de direitos civis e políticos”.
Com efeito, o fenômeno do “esverdeamento” do Direito Internacional, notadamente dos Direitos Humanos
no plano universal, diz respeito ao fenômeno de amplificação e intensificação da proteção do Meio Ambiente
por meio de julgados de Cortes Internacionais. Casos célebres: “Comunidade de La Oroya vs. Peru”, “Claude
Reyes e outros vs. Chile” e “Comunidades indígenas da Bacia do Rio Xingu x Brasil (Caso Belo
Monte)RESPONSABILIDADES ADMINISTRATIVA E CIVIL AMBIENTAL

#SELIGUENAJURIS #APOSTACICLOS A aplicação de penalidades administrativas não obedece à lógica da


responsabilidade objetiva da esfera cível (para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à
sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve ser cometida pelo alegado transgressor, com
demonstração de seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal entre a conduta e o dano.
Assim, a responsabilidade CIVIL ambiental é objetiva; porém, tratando-se de responsabilidade
administrativa ambiental, a responsabilidade é SUBJETIVA.

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STJ. 1ª Seção. EREsp 1318051/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 08/05/2019 (Info 650)

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
OBJETIVA SUBJETIVA
Civil Penal e Administrativa

FUNDAMENTOS: Fundamenta-se na noção de risco social, que está implícito em determinadas


atividades, como na indústria, nos meios de transporte de massa, nas fontes de energia. Assim, a
responsabilidade objetiva, calcada na teoria do risco, é uma imputação atribuída por lei a determinadas
pessoas para ressarcirem os danos provocados por atividades exercidas no seu interesse e sob seu controle,
sem que se proceda a qualquer indagação sobre o elemento subjetivo da conduta do agente ou de seus
prepostos, bastando a relação de causalidade entre o dano sofrido pela vítima e a situação de risco criada
pelo agente.

Imputa-se objetivamente a obrigação de indenizar a quem conhece e domina a fonte de origem do


risco, devendo, em face do interesse social, responder pelas consequências lesivas da sua atividade
independentemente de culpa.

TEORIA DO RISCO INTEGRAL: A teoria do risco integral constitui uma modalidade extremada da teoria do
risco em que o nexo causal é fortalecido de modo a não ser rompido pelo implemento das causas que
normalmente o abalariam (v.g. culpa da vítima; fato de terceiro, força maior). Essa modalidade é excepcional,
sendo fundamento para hipóteses legais em que o risco ensejado pela atividade econômica também é
extremado, como ocorre com o dano nuclear (art. 21, XXIII, “c”, da CF e Lei 6.453/1977). O mesmo ocorre
com o dano ambiental (art. 225, caput e § 3º, da CF e art. 14, § 1º, da Lei 6.938/1981), em face da crescente
preocupação com o meio ambiente.

Vale ressaltar, contudo, que minoritariamente, há os que defendem a teoria do risco criado. Para
esses autores, a teoria da responsabilidade objetiva aplicada à área ambiental funda-se no risco criado e na
reparação integral, compreendendo como risco criado aquele produzido por atividades e bens dos agentes
que potencializam, aumentam ou multiplicam um dano ambiental. Assim, o agente responde pelo risco
criado e não em razão de eventual culpa, motivo pelo qual deve recompor o dano ambiental em sua
integralidade e não de forma limitada, ainda que possua autorização administrativa.

A CF/88 não previu a responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas apenas


1ª CORRENTE sua responsabilidade administrativa.

Os defensores desta primeira corrente fazem a seguinte interpretação do § 3º


MINORITÁRIA do art. 225 da CF/88: os infratores pessoas físicas estão sujeitos a sanções
penais e os infratores pessoas jurídicas a sanções administrativas. Assim,
quando o dispositivo constitucional fala em sanções penais ele está apenas se
referindo às pessoas físicas.
Adotam essa corrente: Miguel Reale Jr., Cézar Roberto Bitencourt, José Cretela
Jr.

2ª CORRENTE A ideia de responsabilidade da pessoa jurídica é incompatível com a teoria do


crime adotada no Brasil.

É a posição majoritária na doutrina tradicional. Esta segunda corrente baseia-


se na Teoria da ficção jurídica, de Savigny, segundo a qual as pessoas jurídicas
são puras abstrações, desprovidas de consciência e vontade (societas

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MAJORITÁRIA NA delinquere non potest), logo, desprovidas de tais atributos, não podem praticar
DOUTRINA condutas tipicamente humanas, como as condutas criminosas.
TRADICIONAL
Adotam essa corrente: Pierangelli, Zafaroni, René Ariel Dotti, Luiz Regis Prado,
Alberto Silva Franco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Roberto Delmanto,
LFG, entre outros.

3ª CORRENTE É plenamente possível a responsabilização penal da pessoa jurídica no caso de


crimes ambientais porque assim determinou o § 3º do art. 225 da CF/88. A
pessoa jurídica pode ser punida penalmente por crimes ambientais ainda que
ACOLHIDA não haja responsabilização de pessoas físicas
ATUALMENTE
PELO STF E STJ O principal argumento desta corrente é pragmático e normativo: pode haver
responsabilidade penal porque a CF/88 assim determinou. Vale ressaltar que o
§ 3º do art. 225 da CF/88 não exige, para que haja responsabilidade penal da
pessoa jurídica, que pessoas físicas sejam também, obrigatoriamente,
denunciadas.

STJ. 6ª Turma. RMS 39.173-BA, Rei. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado
em 6/8/2015 (lnfo 566). STF. 1ª Turma. RE 548181/PR, Rei. Min. Rosa Weber,
julgado em 6/8/2013 (lnfo 714).

4ª CORRENTE É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica, desde que em conjunto


com uma pessoa física.
POSIÇÃO ANTIGA
DO STJ, Era a antiga posição do STJ.
ATUALMENTE
SUPERADA.

#DEOLHONAJURIS É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental.


STF. Plenário. RE 654833, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/04/2020 (RG Tema 999, Info 983 –
clipping).

#NÃOSABOTEASSÚMULAS
#APOSTACICLOS Súmula 652-STJ: A responsabilidade civil da Administração Pública por danos ao meio
ambiente, decorrente de sua omissão no dever de fiscalização, é de caráter solidário, mas de execução
subsidiária.
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.
#APOSTACICLOS Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo
admissível cobrá-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor.
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de
não fazer cumulada com a de indenizar.
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental.
Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.

#APOSTACICLOS A indenização de dano ambiental deve abranger a totalidade dos danos causados, não
sendo possível ser decotadas em seu cálculo despesas referentes à atividade empresarial (impostos e
outras)

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#SAINDODOFORNO #DEOLHONAJURIS Caso concreto: ACP ajuizada pela União objetivando condenação dos
réus na obrigação de restauração de área degradada e ao pagamento de valor total do lucro obtido com a
extração ilegal de areia e argila. O TRF fixou a indenização no montante de 50% do faturamento total da
empresa proveniente da extração irregular do minério, por ter descontado as despesas referentes à atividade
empresarial (impostos e outras). O STJ não concordou com o TRF. A indenização deve abranger a totalidade
dos danos causados ao ente federal, sob pena de frustrar o caráter pedagógico-punitivo da sanção e
incentivar a impunidade de empresa infratora, que praticou conduta grave com a extração mineral irregular.
STJ. 2ª Turma.REsp 1923855-SC, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 26/04/2022 (Info 734).

#DEOLHONAJURIS Os danos ambientais são regidos pela teoria do risco integral. A pessoa que explora a
atividade econômica ocupa a posição de garantidor da preservação ambiental, sendo sempre considerado
responsável pelos danos vinculados à atividade. Logo, não se pode admitir a exclusão da responsabilidade
pelo fato exclusivo de terceiro ou força maior. No caso concreto, a construção de um posto de gasolina
causou danos em área ambiental protegida. Mesmo tendo havido a concessão de licença ambiental – que se
mostrou equivocada – isso não é causa excludente da responsabilidade do proprietário do estabelecimento.
Mesmo que se considere que a instalação do posto de combustível somente tenha ocorrido em razão de erro
na concessão da licença ambiental, é o exercício dessa atividade, de responsabilidade do empreendedor, que
gera o risco concretizado no dano ambiental, razão pela qual não há possibilidade de eximir-se da obrigação
de reparar a lesão verificada. STJ. 3ª Turma. REsp 1612887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
28/04/2020 (Info 671).

CLASSIFICAÇÃO DO DANO:

É aquele em que um ou alguns dos componentes


Dano Ecológico Puro
naturais do ecossistema é atingido de forma intensa;

Abrange todos os componentes do meio ambiente,


Dano Ecológico Lato inclusive o patrimônio cultural, protegendo-se, pois, o
Quanto à Sensu meio ambiente e todos os seus componentes, numa
amplitude do concepção unitária;
bem protegido
Atinge pessoas individualmente consideradas e incide
sobre interesses próprios do lesado, pois o dano
Dano individual
patrimonial ou extrapatrimonial sofrido por uma
ambiental ou reflexo
pessoa, ou a doença contraída, inclusive a morte,
podem decorrer de degradação ambiental.

Diz respeito a interesses próprios, tanto os individuais


Quanto à Dano ambiental de
quanto os individuais homogêneos. O interesse que
Reparabilidade reparabilidade direta
sofreu lesão será indenizado diretamente;

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Relaciona-se aos interesses difusos, coletivos e,


eventualmente, individuais de dimensão coletiva. A
Dano ambiental de reparação é dirigida preferencialmente ao bem
reparabilidade ambiental de interesse coletivo, considerando-se a
indireta capacidade funcional ecológica e a de aproveitamento
humano do meio ambiente. Não objetiva, pois,
ressarcir interesses próprios e pessoais.

Dano patrimonial Incide sobre os bens materiais. Trata-se do dano


ambiental material.

É o dano moral ocasionado à sociedade e/ou


Considerando à
decorrente de lesão ao meio ambiente. Abrange o
extensão do dano Dano
dano ambiental extrapatrimonial coletivo (quando
extrapatrimonial
atingido o macrobem ambiental) e o dano ambiental
ambiental
extrapatrimonial reflexo, a título individual (quando se
referir ao microbem ambiental).

Dano ambiental de
À coletividade interessa preservar o macrobem
interesse da
ambiental para as presentes e futuras gerações;
coletividade
Interesses
objetivados
Aquele que se reflete no interesse particular da
Dano ambiental de
pessoa, inclusive o de defender o macrobem, tutelado
interesse individual
via ação popular.

REPARAÇÃO DO DANO: #ATENÇÃO!


Há três formas de reparação do dano ambiental: a reparação natural, a compensação ambiental e a
indenização:

• A reparação natural ou in specie consiste na recomposição do meio ambiente degradado. Busca-


se reequilibrar o bem ambiental lesado, por meio da reversão da degradação ambiental sempre que isso for
possível. Embora seja a modalidade mais onerosa, em contrapartida, é a ideal e exigida em primeiro lugar,
sendo as demais formas subsidiárias.

• A segunda opção é a compensação ambiental. Esta solução é usada pelo Direito Ambiental como
forma de neutralizar ou contrabalançar um dano ambiental. Contudo, não há um tratamento uniforme. Em
verdade, diversas leis abordam o assunto. É o caso do Código Florestal (*Lei n 12.651, de 25 de maio de
2012), que estabelece a compensação ambiental para o caso de supressão de vegetação de Áreas de
Preservação Permanente e de Reserva Legal; a Lei da Mata Atlântica (Lei n° 11.428, de 22 de dezembro de
2006) prevê a compensação para o corte, a supressão e a exploração de vegetação deste bioma; a Lei n°
9.985, de 18 de julho de 2000 (Sistema Nacional das Unidades de Conservação) prevê a compensação
ambiental antecipada, para fins de implantação de empreendimentos causadores de significativa degradação
ambiental. A Lei 12.651/12 (Novo Código Florestal) estabelece no art. 25, IV a aplicação de recursos oriundos
da compensação ambiental em áreas verdes. Assim, a compensação ambiental é cabível quando os danos
ambientais forem irreversíveis e não seja possível a reparação in natura.

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• Por fim, subsiste a indenização pecuniária. À evidência, é admissível apenas e tão somente
quando a reconstituição apresentar-se inviável tática ou tecnicamente. O valor da indenização é depositado
em um fundo: o fundo para reconstituição dos bens lesados, que é destinado à compensação ecológica.

Reparação dos danos morais: individuais X coletivos

Danos morais INDIVIDUAIS Danos morais COLETIVOS


O objetivo da reparação é promover o retorno O propósito visado não é, primordialmente, o
do status quo, ou seja, da situação anterior à violação retorno à situação anterior.
do direito. Sua finalidade precípua é a de punir o
responsável pela lesão e inibir novas práticas
ofensivas.
Importante binômio: punir e inibir.
A reparação está limitada pela extensão do dano (art. A reparação tem por objetivo redistribuir o lucro
944 do CC) e pelo princípio da compensação integral da obtido pelo ofensor de forma ilegítima,
lesão, razão pela qual a vítima não deve receber entregando parte dele à sociedade.
quantia inferior ou superior aos danos sofridos. Não se trata, portanto, de uma reparação típica.
O valor obtido com a indenização visa a restituir de Restitui o dano causado de forma apenas indireta,
forma direta o dano causado à vítima. considerando que o ganho obtido com a prática do
ilícito é revertida ao fundo de reconstituição dos
bens coletivos, previsto no art. 13 da Lei nº
7.347/85.

#DEOLHONASSÚMULAS
Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-las do
proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. Importante.
Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer ou à de
não fazer cumulada com a de indenizar.
Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental.
Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de Direito Ambiental.
Súmula 467-STJ: Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da
Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental.

PRAZO PRESCRICIONAL: O STJ vem pronunciando a imprescritibilidade da pretensão de reparação ao dano


ambiental, tendo em vista o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
De acordo com o STJ, no julgamento do Recurso Especial 1.198.727, de 14/08/2012, ao
responsabilizar-se civilmente o infrator ambiental, não se deve confundir prioridade da recuperação in natura
do bem degradado com impossibilidade de cumulação simultânea dos deveres de repristinação natural
(obrigação de fazer), compensação ambiental e indenização em dinheiro (obrigação de dar), e abstenção de
uso e de nova lesão (obrigação de não fazer). Contudo, deve-se ressaltar que havendo restauração completa
do dano ambiental, bem como ausente dano reflexo, não haverá o dever de indenizar.

RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

Cada ente federado terá atribuição para instituir suas próprias infrações administrativas ambientais,
inclusive por meio de lei, pois, neste caso, exercerão o poder de polícia, o qual todas as entidades políticas
têm.

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Ciclos Método

É possível que os órgãos ambientais que não licenciaram determinado empreendimento exerçam o
poder de polícia e inclusive autuem aquele empreendimento. Todavia, em caso de concorrência de autuação,
prevalece o auto de infração lavrado pelo órgão que tenha atribuição para o licenciamento.

Segundo o art. 70 da Lei 9.605/98, considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
Observa-se que a ocorrência de infração administrativa ambiental independe da existência de dano.
Portanto, há a consagração do princípio da prevenção.

No STJ, apesar de certa oscilação, prevalece o entendimento de que a responsabilização


administrativa ambiental é subjetiva. Isso porque, há a aplicação de uma pena, sendo necessário observar
a teoria da culpabilidade.

As sanções administrativas são as seguintes: #APOSTACICLOS

• Advertência, sem prejuízo das demais sanções.


• Multa simples, que poderá ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação do
meio ambiente. Será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:
o Não sanar irregularidade praticada, após ser advertido, ou deixar de sanar essa
irregularidade no prazo assinalado pela autoridade ambiental
o Embaraçar fiscalização do órgão ambiental
• Multa diária, sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo.
• Apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,
equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
• Destruição ou inutilização do produto;
• Suspensão de venda e fabricação do produto;
• Embargo de obra ou atividade;
• Demolição de obra;
• Suspensão parcial ou total de atividades;
• Restritiva de direitos:
o Suspensão de registro, licença ou autorização;
o Cancelamento de registro, licença ou autorização;
o Perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
o Perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos
oficiais de crédito;
o Proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até 3 anos.

A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo
com o objeto jurídico lesado.

Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:

• Gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde
pública e para o meio ambiente;
• Antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
• Situação econômica do infrator, no caso de multa.

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Prescreve em 5 anos a pretensão do Estado para a imposição da sanção administrativa. Se o fato constituir
crime, a prescrição seguirá a regra do CP. Haverá a prescrição intercorrente, quando o processo
administrativo ficar paralisado por mais de 3 anos, pendente de julgamento ou de despacho.
Uma vez aplicada a multa, prescreve em 5 anos, contados do término do processo administrativo, a
pretensão da administração pública de executá-la.

#DEOLHONAJURIS
O erro na concessão de licença ambiental não configura fato de terceiro capaz de interromper o nexo causal
na reparação por lesão ao meio ambiente. STJ. 3ª Turma. REsp 1612887-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 28/04/2020 (Info 671).
É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental. STF. Plenário. RE 654833, Rel. Alexandre
de Moraes, julgado em 20/04/2020 (Repercussão Geral – Tema 999) (Info 983 – clipping).
O princípio da insignificância é inaplicável em sede de responsabilidade civil ambiental. STJ. 2ª Turma.
AREsp 667867/SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 17/10/2018.
Apesar de existir decisões no sentido de ser subjetiva, as decisões mais recentes do STJ declaram a
responsabilidade objetiva do Estado por omissão na fiscalização, quando for determinante para a
concretização ou agravamento do dano causado, mas de execução subsidiária. Isto significa que o Estado
integra o título executivo sob a condição de “devedor-reserva” e só será convocado a quitar a dívida se o
degradador original não o fizer, em caso de total ou parcial exaurimento patrimonial, insolvência ou
incapacidade. (STJ. REsp: 1326903)
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da
responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota a
chamada teoria da "dupla imputação". STJ. 6ª Turma. RMS 39173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca,
julgado em 6/8/2015 (Info 566).
Para que haja a apreensão de veículo utilizado na prática de infração ambiental não é necessário que se
comprove que o bem era utilizado de forma reiterada ou rotineiramente na prática de ilícitos ambientais.
STJ. 2ª Turma. AREsp 1084396-RO, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 19/09/2019 (Info 659).
É possível a apreender de veículo utilizado para a prática de infração ambiental mesmo que este bem seja
alugado e quem tenha cometido o ilícito tenha sido o locatário. A autoridade administrativa deve notificar o
proprietário do veículo locado antes de decidir sobre a destinação do bem. Cabe ao proprietário do veículo
comprovar sua boa-fé, demonstrando que, pelas circunstâncias da prática envolvida e apesar de ter tomado
as precauções necessárias, não tinha condições de prever a utilização do bem no ilícito ambiental. (STJ. AREsp
1084396)
O transporte em quantidade excessiva de madeira, não acobertada pela respectiva guia de autorização,
legitima a apreensão de toda a mercadoria (e não apenas do excesso). STJ. 2ª Turma. REsp 1784755-MT, Rel.
Min. Og Fernandes, julgado em 17/09/2019 (Info 658).

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBio) - Lei nº 11.516/2007

O QUE É:
Art. 1o Fica criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes,
autarquia federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e
financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de:
I - executar ações da política nacional de unidades de conservação da natureza, referentes às atribuições
federais relativas à proposição, implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades
de conservação instituídas pela União;

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II - executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis e ao apoio ao
extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável instituídas pela
União;
III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e
de educação ambiental;
IV - exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação instituídas pela
União; e
V - promover e executar, em articulação com os demais órgãos e entidades envolvidos, programas
recreacionais, de uso público e de ecoturismo nas unidades de conservação, onde estas atividades sejam
permitidas.

ESTRUTURA:
Art. 2o O Instituto Chico Mendes será administrado por 1 (um) Presidente e 4 (quatro) Diretores.
Art. 3o O patrimônio, os recursos orçamentários, extra-orçamentários e financeiros, o pessoal, os cargos
e funções vinculados ao Ibama, relacionados às finalidades elencadas no art. 1o desta Lei ficam transferidos
para o Instituto Chico Mendes, bem como os direitos, créditos e obrigações, decorrentes de lei, ato
administrativo ou contrato, inclusive as respectivas receitas.
Parágrafo único. Ato do Poder Executivo disciplinará a transição do patrimônio, dos recursos
orçamentários, extra-orçamentários e financeiros, de pessoal, de cargos e funções, de direitos, créditos e
obrigações, decorrentes de lei, ato administrativo ou contrato, inclusive as respectivas receitas do Ibama
para o Instituto Chico Mendes.

Com a criação do ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade em 28 de agosto


de 2007, o Ibama transferiu para este novo órgão as atribuições ligadas à gestão das unidades, educação
ambiental e a maioria dos centros especializados. Lembrando que tanto o Ibama, quanto o ICMBio são
autarquias federais ligadas ao Ministério do Meio Ambiente (MMA).

PRINCIPAIS AÇÕES DO ICMBIO: O Instituto Chico Mendes desenvolve diversas estratégias por meio da
Divisão de Gestão Participativa e Educação Ambiental, que são voltadas, principalmente, para a educação
ambiental e comunicação, que se dá através de programas, projetos e ações. O objetivo é estimular e
articular juntamente com os gestores federais, estaduais e municipais processos educativos que incluam a
sociedade em questões voltadas para a gestão pública da biodiversidade. Essas ações são importantes para
ocorrer a difusão da compreensão do conceito de Unidades de Conservação onde os diversos interesses e
conflitos que emergem da sociedade possam se manifestar e resultar na promoção da educação crítica no
que se refere às questões ambientais.

RECURSOS HÍDRICOS

A Política Nacional de Recursos Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

FUNDAMENTOS DOS RECURSOS HÍDRICOS


a água é um bem de domínio público
a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico
em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação
de animais
a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas
a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos
e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

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a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos
usuários e das comunidades

OBJETIVOS DA POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS


assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade
adequados aos respectivos usos
a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao
desenvolvimento sustentável
a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso
inadequado dos recursos naturais
incentivar e promover a captação, a preservação e o aproveitamento de águas pluviais

CÓDIGO FLORESTAL

Área de Preservação Permanente - APP: “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar
o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas” (Art. 3º,
II).

A APP é caracterizada pela intocabilidade dos recursos naturais da área, salvo casos de utilidade pública ou
interesse social ou outros definidos na Lei 12.651/12.
Basicamente a APP tem a função de preservar a água, o solo, a paisagem, a fauna e a flora. São dois os tipos
de área de preservação permanente: as legais (ex lege), que são as áreas taxativamente previstas pelo Código
Florestal, e as administrativas, que são as áreas criadas por ato do Poder Público municipal, estadual ou
federal, de acordo com a conveniência e oportunidade do caso concreto.
É importante destacar que as APPs ex lege possuem natureza jurídica de limitação administrativa, que são
restrições gerais impostas à propriedade privada pelo Poder Público mediante lei, tendo em vista a promoção
do bem comum, de maneira que em regra o proprietário não terá direito à indenização.

Os Estados poderão estabelecer, em sua legislação própria, outros critérios para que se definam locais nos
quais a flora será considerada de preservação permanente, já que o Código Florestal é tido como lei geral
(nacional).
Nesse sentido, estabelece o art. 4º a definição de Área de Preservação Permanente:
Art. 4º Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta
Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros,
desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: [...]

As florestas de preservação permanente por efeito da lei só podem ser suprimidas por outra lei, diante do
princípio da similitude das formas.

A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área,
possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área,
possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados
os usos autorizados pelo código (obrigação propter rem). A obrigação prevista tem natureza real (propter
rem) e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.

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A supressão só pode ser autorizada mediante prévio procedimento administrativo, no qual fique
comprovada a utilidade pública ou interesse social e a inexistência de alternativa técnica e locacional para
o empreendimento.

Supressão de vegetação em área de preservação Supressão da própria área de preservação


permanente permanente
A supressão de vegetação em APP pode ser A supressão de uma APP só pode ser autorizada
autorizada mediante ato administrativo. mediante lei, de acordo com o inciso III do § 1º do
art. 225 da CF.

#DEOLHONAJURIS #STJ O art. 15 da Lei nº 12.651/2012, que admite o cômputo da área de preservação
permanente no cálculo do percentual de instituição da reserva legal do imóvel, não retroage para alcançar
situações consolidadas antes de sua vigência. Em matéria ambiental, deve prevalecer o princípio tempus regit
actum, de forma a não se admitir a aplicação das disposições do novo Código Florestal a fatos pretéritos, sob
pena de retrocesso ambiental. STJ. 1ª Turma. REsp 1.646.193-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel.
Acd. Min. Gurgel de Faria, julgado em 12/05/2020 (Info 673).

A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa pelo proprietário do imóvel rural,
possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
Admite-se, no entanto, a exploração econômica da Reserva Legal mediante manejo sustentável,
previamente aprovado pelo órgão competente do SISNAMA (art. 12 do CFlo).

A localização da área de Reserva Legal dentro da propriedade ou posse rural não é de livre escolha do
proprietário ou do possuidor do imóvel. Ela deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente após a
inclusão do imóvel no Cadastro Rural Ambiental (CAR).

Características comuns das áreas de preservação permanente e da reserva legal

1) Gratuidade
2) Generalidade
3) Unilateralidade

As APP’s e as áreas de Reserva Legal, bem como outros espaços territoriais especialmente protegidos, estão
isentas do pagamento do Imposto Territorial Rural – ITR, de acordo com a Lei nº 9.393/96. Trata-se de um
mecanismo de extrafiscalidade em prol da defesa do meio ambiente.

#NÃOCONFUNDA
Reserva Legal (RL) Precisa ser registrada no Cadastro Ambiental Rural - CAR
Área de Preservação Permanente Não precisa ser registrada no Cadastro Ambiental Rural - CAR
(APP)

#DEOLHONAJURIS A compensação de danos ambientais ocorridos em reserva legal em data anterior à


vigência da Lei nº 12.651/2012 (Novo Código Florestal) não precisa ser feita na mesma microbacia, sendo
suficiente que ocorra no mesmo bioma do imóvel a ser compensado. STJ. 1ª Turma. REsp 1.532.719-MG, Rel.
Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 08/09/2020 (Info 679).

POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA DE BARRAGENS

Por meio da Lei nº 12.334/2010, a União aprovou a Política Nacional de Segurança de Barragens – PNSB –
destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à

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acumulação de resíduos industriais, bem como criou o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de
Barragens.

Conceito de barragem: qualquer estrutura em um curso permanente ou temporário de água para fins de
contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de líquidos e sólidos, compreendendo o
barramento e as estruturas associadas.

As barragens deverão ser classificadas pelo Poder Público por categoria de risco, por dano potencial
associado, e pelo seu volume, com base em critérios gerais estabelecidos pelo Conselho Nacional de Recursos
Hídricos.

RESÍDUOS SÓLIDOS

Área órfã contaminada: área contaminada cujos responsáveis pela disposição não sejam identificáveis ou
individualizáveis.

Destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem,
a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos
competentes, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar
danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.

Disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando


normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar
os impactos ambientais adversos.

Rejeitos: resíduos sólidos são os que não apresentem outra possibilidade que não a disposição final
ambientalmente adequada.

Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas
e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos
titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o
volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana
e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos da Lei.

LOGÍSTICA REVERSA

Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,


procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor
empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada.

A logística reversa é caminho inverso na cadeia de produção. A LPNRS impôs que determinados fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes, se estruturem e implementem sistemas de logística reversa,
mediante retorno de alguns produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público
de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.

Os produtos de retorno obrigatório são os seguintes:


• Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens
• Pneus.
• Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens.

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• Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista.


• Produtos eletroeletrônicos e seus componentes.

INSTRUMENTOS DE POLÍTICA URBANA

Segundo o art. 4º, V, do Estatuto das Cidades, são institutos jurídicos e políticos:

a) desapropriação;
b) servidão administrativa;
c) limitações administrativas;
d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano;
e) instituição de unidades de conservação;
f) instituição de zonas especiais de interesse social;
g) concessão de direito real de uso;
h) concessão de uso especial para fins de moradia;
i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios;
j) usucapião especial de imóvel urbano;
l) direito de superfície;
m) direito de preempção;
n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso;
o) transferência do direito de construir;
p) operações urbanas consorciadas;
q) regularização fundiária;
r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos;
s) referendo popular e plebiscito;
t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária;
u) legitimação de posse.

Destacamos os seguintes instrumentos de execução da política urbana previstos no Estatuto da Cidade:

a) direito de superfície - é a faculdade que o proprietário possui de conceder a outrem direito de utilizar o
solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida no contrato respectivo, por
tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada em cartório de imóveis, pois
se cuida de direito real;

b) direito de preempção, preferência ou prelação – concede a preferência ao Poder Público municipal para
aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares, sendo fixado em lei municipal;

c) outorga onerosa do direito de construir - é o pagamento que o proprietário terá que fazer para construir,
vez que o plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser exercido acima do
coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário;

d) operações urbanas consorciadas - é o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder


Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores
privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias
sociais e a valorização ambiental, a ser aprovada por lei específica;

e) transferência do direito de construir - é a autorização dada por lei municipal específica para que o
proprietário de imóvel urbano, privado ou público, possa exercer em outro local, ou alienar, mediante

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escritura pública, o direito de construir previsto no plano diretor ou em legislação urbanística dele
decorrente, quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de implantação de
equipamentos urbanos e comunitários; de preservação, quando o imóvel for considerado de interesse
histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural; ou servir a programas de regularização fundiária,
urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda e habitação de interesse social.

#FOCANOMARCINHO

O Direito dos Desastres está intimamente relacionado com a gestão do risco e com as etapas do ciclo dos
desastres. Consoante o professor Daniel Farber, reconhecido mundialmente pelos seus estudos sobre
Direito Ambiental e dos Desastres, o ciclo dos desastres compreende as seguintes fases: prevenção e
mitigação, resposta de emergência, compensação e reconstrução.

#DEOLHONAJURIS Caso concreto: em janeiro de 2019, houve o rompimento de uma barragem de rejeitos
de minério, localizada no Município de Brumadinho (MG). A barragem era de responsabilidade da
mineradora Vale S.A. O rompimento resultou em um terrível desastre ambiental e humanitário, com
inúmeros mortos e uma grande poluição. O Ministério Público do Estado de Minas Gerais ofereceu
denúncia contra o ex-Presidente da Vale, imputando-lhe a prática de homicídio qualificado (270 vítimas)
em concurso com sete crimes ambientais. O STJ entendeu que a competência para julgar essa ação penal
No caso, há ofensa a bem e interesse direto e específico de órgão regulador federal e da União pelas
seguintes razões: 1) as Declarações de Estabilidade da Barragem, apresentadas ao antigo DNPM (autarquia
federal), seriam ideologicamente falsas; 2) os acusados teriam omitido informações essenciais à fiscalização
da segurança da barragem, ao não fazê-las constar do SIGBM, sistema de dados acessado pela Agência
Nacional de Mineração - ANM; e 3) com o rompimento da barragem, houve supostamente danos a sítios
arqueológicos, que são classificados como bens da União (art. 20, X, da CF/88). STJ. 6ª Turma. RHC 151405-
MG, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª Região), julgado em 19/10/2021 (Info
714).

#APOSTACICLOS Ainda é constitucional a Resolução 491/2018 do Conselho Nacional do Meio Ambiente


(Conama), que dispõe sobre padrões de qualidade do ar. Entretanto, nova norma deve ser ditada.

O STF decidiu que essa resolução está em trânsito para a inconstitucionalidade e precisa ser aperfeiçoada,
não cabendo, contudo, ao Poder Judiciário substituir o juízo discricionário técnico na elaboração da norma.
Logo, o Conama deve editar norma atualizada tendo em conta os novos parâmetros de qualidade do ar
recomendados pela OMS.
Diante disso, a Corte julgou improcedente o pedido formulado na ADI e declarou que a Resolução
491/2018-Conama ainda é constitucional. Contudo, determinou que, no prazo de 24 meses, o Conama edite
nova resolução sobre a matéria, a qual deverá levar em consideração:
a) as atuais orientações da OMS sobre os padrões adequados da qualidade do ar;
b) a realidade nacional e as peculiaridades locais; bem como
c) os primados da livre iniciativa, do desenvolvimento social, da redução da pobreza e da promoção da
saúde pública.
Decorrido o prazo de 24 meses concedido, sem a edição de novo ato que represente avanço material na
política pública relacionada à qualidade do ar, passarão a vigorar os parâmetros estabelecidos pela OMS
enquanto perdurar a omissão administrativa na edição da nova resolução.
STF. Plenário. ADI 6148/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, redator do acórdão Min. André Mendonça, julgado em
4 e 5/5/2022 (Info 1053). #SAINDODOFORNO

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#DEOLHONAJURIS Até o trânsito em julgado das Ações Civis Públicas n. 5004891-93.2011.4004.7000 e n.


2001.70.00.019188-2, em tramitação na Vara Federal Ambiental, Agrária e Residual de Curitiba, atinentes
à macrolide geradora de processos multitudinários em razão de suposta exposição à contaminação
ambiental decorrente da exploração de jazida de chumbo no Município de Adrianópolis-PR, deverão ficar
suspensas as ações individuais. STJ. 2ª Seção. REsp 1525327-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
12/12/2018 (recurso repetitivo) (Info 643).

CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE – LEI 9.605/98

7 COISAS QUE VOCÊ NÃO PODE ESQUECER

1) Conforme o entendimento mais atual, é possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes
ambientais. Deve-se ter em mente o posicionamento do STF que afirma que a análise deve ser feita
com base no caso concreto e suas peculiaridades.

2) No CP é admitida a substituição da pena privativa de liberdade de crimes com pena de até 4 anos (nos
crimes dolosos). No caso de crimes dolosos aqui, a pena deve ser inferior a 4 anos. Além disso, a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias do crime devem indicar que a substituição é suficiente para efeitos de
reprovação e prevenção do crime.

3) A reincidência nos crimes ambientais, por si só, não é suficiente para impedir que o agente tenha
direito à substituição de pena.

4) Todos os crimes são de ação pública incondicionada.

5) Para que haja a transação penal, é necessária uma prévia composição do dano ambiental atestada pelo
laudo competente, ressalvada a impossibilidade de fazê-lo.

6) A suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação à pena privativa de
liberdade não superior a três anos.

7) Somente haverá competência da Justiça Federal se, no caso concreto, for comprovado o interesse
direto e específico da União ou de suas entidades. Atenção ao que diz a Jurisprudência!

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