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UNIDADE I – DIREITO CIVIL I- PARTE

GERAL

PROF. RENATA REZENDE PINHEIRO CASTRO


MISSÃO
“Gerar, sistematizar e
socializar o conhecimento e o
saber, por meio da oferta de
serviços educacionais de
qualidade,
comprometendo-se com a
sociedade, o meio ambiente e
a cidadania”.
DESCENTRALIZAÇÃO E CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO
DIREITO CIVIL

• 1º MARCO: direito romano;

• 2º MARCO: revolução francesa;


• “código de Napoleão Bonaparte – 1804”
• O código pretende ser o sol do universo
normativo.”

• “
• BRASIL ...
• Fenômeno da descentralização ou descodificação do
Código Civil – MICROSSISTEMAS JURÍDICOS;

• 3º MARCO: CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL;


• Constitucionalismo do Direito Civil, ou seja, além de os institutos deste ramo jurídico de
direito privado, como família, propriedade, contrato, estarem expressamente
regulamentados pelo seu texto (constituição-inclusão), deveriam também ser
interpretados segundo os seus ditames (constituição-releitura).
PRINCÍPIOS NORTEADORES DO
CÓDIGO CIVIL DE 2002
• 1) PRINCÍPIO DA ETICIDADE: ex.: art.113 do NCC;

• 2)PRINCÍPIO DA SOCIALIDADE: ex: função social


do contrato – art .421 do CC -02

• 3)PRINCÍPIO DA OPERABILIDADE:, ex aplicação de


cláusulas gerais – art. 927 do CC-02
• NOÇÕES PROPEDÊUTICAS DO DIREITO

• 1) O QUE É O DIREITO ?

• DIREITO OBJETIVO (NORMA AGENDI) X DIREITO


SUBJETIVO (FACULTAS AGENDI – permite ao
titular realizar certo ato)

• DIREITO POSITIVO X DIREITO NATURAL


• DIREITO NACIONAL X DIREITO
INTERNACIONAL( PÚBLICO E PRIVADO)

• DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO


FONTES DO
DIREITO

• Fonte, etimologicamente,
significa origem, de onde
provém;

• São os meios pelos quais


se formam ou se
estabelecem as normas
jurídicas.
CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES

• Dividem-se em:

• A) DIRETAS

• B) INDIRETAS
• FONTES FORMAIS

• FONTES MATERIAIS
LEI

• CONCEITO: “Regra geral


de direito, abstrata e
permanente, dotada de
sanção, expressa pela
vontade de autoridade
competente, de cunho
obrigatório e forma escrita”.(
SILVIO VENOZA)
• .
CARACTERÍSTICAS DA LEI
• GENERALIDADE ;
• ABSTRAÇÃO ( CARÁTER
PROSPECTIVO DOS
EFEITOS);

• PERMANÊNCIA DA LEI;

• EXISTÊNCIA DE SANÇÃO;

• EDIÇÃO POR MEIO DE


AUTORIDADE
COMPETENTE: art.59 e
60 da CF;

• OBRIGATORIEDADE DA
LEI;

• DEVE SER ESCRITA


CLASSIFICAÇÃO
DAS LEIS

• QUANTO A IMPERATIVIDADE:

• IMPOSITIVAS

• DISPOSITIVAS
QUANTO À ORIGEM
OU EXTENSÃO
TERRITORIAL

• LEIS FEDERAIS – Congresso


Nacional; ex: CF/88

• LEIS ESTADUAIS – Assembléias


Estaduais; ex: Constituição
Estaduais

• LEIS MUNICIPAIS – Câmaras


Municipais; ex: lei orgânica
municipal
• QUANTO À DURAÇÃO:

• PERMANENTES: leis
estabelecidas sem prazo de
vigência predeterminada;

• TEMPORÁRIAS: leis
estabelecidas com prazo
limitado de vigência.
• QUANTO AO ALCANCE:

• GERAIS: disciplinam uma


quantidade ilimitada de
situação jurídicas genéricas;
ex: CF/88

• ESPECIAIS: regulam
matérias com critérios
particulares, diversos das leis
gerais, Ex: CLT e Lei de
inquilinato
• EXCEPCIONAIS: são as que disciplinam fatos e
relações jurídicas genéricas, de modo diverso do
regulado pela lei geral

• CUIDADO!!! Não se confundem com as especiais ,


porque estas têm somente um sentido de
especialização da norma, enquanto as leis
excepcionais acabam negando as próprias regras
gerais; ex. atos institucionais da Revolução de 1964.
• SINGULARES: norma estabelecida para um único
caso concreto, somente sendo considerada lei por
uma a questão didática ( lei no seu sentido mais
amplo)
• QUANTO À HIERARQUIA:
COSTUMES

• É um conjunto de normas de conduta


social, criadas espontaneamente pelo
povo, através do uso reiterado,
uniforme e que gera a certeza de
obrigatoriedade, reconhecidas e
impostas pelo Estado.

• COSTUME X USOS (regras de trato)


=> estes não apresentam
obrigatoriedade.
ELEMENTOS DO COSTUME
• São dois:
• 1) ELEMENTO MATERIAL (objetivo ou exterior)
: consiste na repetição constante e uniforme de
uma prática geral.

• 2) ELEMENTO PSICOLÓGICO ( subjetivo ou


interno): é a convicção de que a prática social
reiterada, constante e uniforme, é necessária e
obrigatória.
ESPÉCIE DE COSTUME
• Forma com que o costume se apresenta em relação
à lei:

• 1) SECUNDUM LEGEM : ( costume


interpretativo);art. 596 do CC

• 2) PRAETER LEGEM

• 3) CONTRA LEGEM

• CUIDADO!!!! Predominantemente, entende-se que


uma lei só poderá ser revogada por outra lei!!!!!
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
• Art.4º da LINDB – postulados, base, fundamento do
ordenamento jurídico; Não escritos!!!! Servem como
base para integração e criação da norma!!!

• Não tem força normativa, pois não são previstos no


sistema, sendo utilizados para comatar, integrar as
lacunas do OJ;
PRINCÍPIOS
• Dividem se em : PGD e princípios
fundamentais( Cristiano Chaves), estes são
princípios com força normativa, obrigam,
vinculam( Alexy, Canotilho)

• São três suas FUNÇÕES principais:

• 1) FUNÇÃO INFORMATIVA OU
CONSTRUTIVA – aqui são considerados
fontes materiais do direito;

• 2) FUNÇÃO INTERPRETATIVA

• 3) FUNÇÃO NORMATIVA
ANALOGIA
• Recurso técnico que consiste em se
aplicar, a uma hipótese não
prevista pelo legislador, a solução
por ele apresentada para uma outra
hipótese fundamentalmente
semelhante à não prevista.( PAULO
NADER)

• ANALOGIA X INTERPRETAÇÃO
ANALÓGICA

• ANALOGIA X INTERPRETAÇÃO
EXTENSIVA
EQUIDADE

• Art. 140 NCPC: “O juiz não se


exime de decidir sob a alegação
de lacuna ou obscuridade do
ordenamento jurídico.

• Parágrafo único. O juiz só


decidirá por equidade nos casos
previstos em lei ”
• JURISPRUDÊNCIA

• Decisões reiteradas dos tribunais

• DOUTRINA

• Opinião dos doutos, estudiosos no assunto.


LINDB

• LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS


DO DIREITO BRASILEIRO (dec
4.657/42alterada sua intitulação
pela lei12.376/2010 e
recentemente alterada pela lei
13.655/2018)
• “ Código das normas” – uma
norma legal sobre as normas
legais;
• NORMA DE SOBREDIREITO OU
SOBRE NORMA ( Pontes de
Miranda)
FUNÇÕES DA LINDB
• 1) CUIDAR DA VIGÊNCIA DAS NORMAS – ( arts. 1º e 2º);
• 2) OBRIGATORIEDADE DAS NORMAS – ( art.3º);
• 3) INTEGRAÇÃO DAS NORMAS – ( art.4º);
• 4) INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS – ( art.5º);
• 5) APLICAÇÃO DA NORMA NO TEMPO – ( art.6º);
• 6) APLICAÇÃO DA NORMA NO ESPAÇO – ( art.7º ao 18)
• 7) INTERPRETAÇÃO DO DIREITO PÚBLICO( lei 13 655/18 –
arts. 20 ao 30)
VALIDADE, VIGÊNCIA, VIGOR E
EFICÁCIA DAS NORMAS
• 1) VALIDADE – significa a sua identificação como
compatível ao sistema jurídico que integra, critério
puramente lógico – formal.
• O descumprimento das regra de validade:
INCOSNTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE;

• A validade da norma pode se verificar sob duas óticas:


• 1 ) FORMAL;
• 2) MATERIAL.
• 2 ) VIGÊNCIA – período de validade da norma;
• EXISTÊNCIA X VALIDADE X EFICÁCIA
• 1) O momento existencial da norma dar-se-á com sua
PROMULGAÇÃO;

• 2) PUBLICAÇÃO / vacatio legis - A obrigatoriedade da lei


(art. 3ºLINDB – FICÇÃO JURÍDICA, portanto, não se
admite em regra o erro de direito);

• 3) Art.1º da LINDB – ( Regra:45 dias / 3 meses – vacatio


legis);
• LC 95/ 1998 – dispõe sobre a elaboração, redação
alteração e consolidação das leis;

• Ver art. 8º da LC 95/98 – estabelece que toda lei tem que


ter um período de adaptação.
VACATIO LEGIS

• 1) Durante a vacatio legis a lei


ainda não tem
vigência/obrigatoriedade ,muito
embora ela já exista;
• 2) Somente lei de pequena
repercussão pode dispensar a
vacatio legis – “Essa lei entra em
vigor na data de sua publicação.”
• CONTAGEM PARA VIGÊNCIA DA NORMA – ( art.1º DA
LINDB c/c art. 8º da LC95/98):

• §1º do art. 8º da LC95/98 – inclusão da data de


publicação da lei e do último dia do prazo, entrando em
vigor no dia subsequente à sua consumação integral;

• Se a vacatio legis indevidamente vier em números de


meses ou de anos( ex.: NCC – lei 10.406/02) – aplica-se o
art.132, CC – exclui o começo e inclui o final;
• Se durante o período de vacatio legis ( onde a lei existe,
mas não tem vigência), ocorrer uma republicação da lei,
decorrente de alteração da mesma, como fica a
contagem da vacatio legis? ( art.1º, § 3º da LINDB)
• OBS: Art.1º,§4º da LINDB – a correção de texto já em
vigor, somente através de lei nova.
• VIGÊNCIA X VIGOR
• 3) VIGOR - força normativa
• OBS: ultratividade
REVOGAÇÃO

• CONCEITO
• Art.2º, caput, §§1º e 2º da LINDB;
• Até quando uma lei permanece em
vigor? – PRINCÍPIO DA
CONTINUIDADE DAS NORMAS.
• Assim, não se admite a revogação
consuetudinária ( DESUETUDO)
• TIPOS DE REVOGAÇÃO:
• 1) EXPRESSA;
• 2) TÁCITA.

• Art.9º da LC 95/98 - “ A cláusula de revogação deverá


enumerar, expressamente, as leis ou disposições
legais revogadas.”
• REVOGAÇÃO ( EXPRESSA OU TÁCITA):

• 1) TOTAL( AB-ROGAÇÃO);
• 2) PARCIAL(DERROGAÇÃO).

• Cuidado!!!!Art.2º,§2º da LINDB :

“lei nova que estabelece disposições gerais ou


especiais a par( ao lado ) das já existentes, não as
revoga e nem as modifica”.
• A norma geral não revoga a especial, assim como a nova
especial não revoga a geral, podendo ambas coexistir
pacificamente, exceto se disciplinarem de maneira
distinta a mesma matéria ou se a revogarem
expressamente;
• Sendo assim, a mera justaposição de normas, sejam
gerais ou especiais, às normas já existentes, não é
motivo para afetá-las, podendo ambas reger
paralelamente as hipóteses por elas disciplinadas, desde
que não haja contradição entre ambas;
ANTINOMIAS DE
NORMAS:

• 1) lex superior derogat legis


inferior – CRITÉRIO HIRÁRQUICO;

• 2) lex posterior derogat legis


priori. – CRITÉRIO CRONOLÓGICO;

• 3) lex specialis derogat legis


generali –CRITÉRIO DA
ESPECIALIDADE
QUESTÕES DE CONCURSO –
CESPE
• ( 2008) A derrogação é a supressão total da
lei; ( )

• (2008) Considerar-se-á revogada uma lei até


então vigente quando uma lei nova aprovada
segundo as regras de processo legislativo,
passar a regulamentar inteiramente a mesma
matéria de que tratava a lei anterior, ainda
que a lei nova não a declare expressamente;
( )

• (2007) A lei nova que estabelece disposições


gerais revoga leis especiais anteriores que
dispõem sobre a mesma matéria, pois não
pode ocorrer conflito de leis, ou seja aquele
em que diversas leis regem a mesma
matéria; ( )
QUESTÕES DE CONCURSO –
CESPE

• ( 2008) A derrogação é a supressão total da lei; ( )

• (2008) Considerar-se-á revogada uma lei até então vigente


quando uma lei nova aprovada segundo as regras de processo
legislativo, passar a regulamentar inteiramente a mesma matéria
de que tratava a lei anterior, ainda que a lei nova não a declare
expressamente; ( )

• (2007) A lei nova que estabelece disposições gerais revoga leis


especiais anteriores que dispõem sobre a mesma matéria, pois
não pode ocorrer conflito de leis, ou seja aquele em que diversas
leis regem a mesma matéria; ( )
REPRISTINAÇÃO

• CONCEITO: restauração da lei revogada


pela revogação de sua lei revogadora;

• Art.2º,§3º da LINDB – em regra, não é


permitido no Ordenamento brasileiro.
• Ex. de exceção: art.11,§2º da lei
9.868/99( regula o processo de controle
de constitucionalidade concentrado) – “
concessão da medida cautelar torna
aplicável a legislação anterior acaso
existente, salvo expressa manifestação
em sentido contrário.”
• 4) EFICÁCIA

• A EFICÁCIA pode ser:

• 1) SOCIAL;

• 2) JURÍDICA
• Em relação à concretização de sua função
eficacial ( JOSÉ AFONSO DA SILVA):

• 1) NORMA CONSTITUCIONALDE EFICÁCIA


PLENA; art.5 º, II CF
• 2) NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA
LIMITADA; art. 5 º, XIII, CF
• 3) NORMA CONSTITUCIONAL DE EFICÁCIA
CONTIDA; art. 5 º , VII, CF
OBRIGATORIEDADE DA LEI
• Art.3º da LINDB – PROIBIÇÃO DE ALEGAÇÃO DE ERRO
DE DIREITO – “ Ninguém pode se escusar de cumprir a
lei, alegando que não a conhece.”
• Presunção RELATIVA; Ex.: art.139,III do CC – erro do
NJ como causa de anulabilidade;

• CLASSIFICAÇÃO QUANTO A IMPERATIVIDADE DAS


NORMAS:
• 1) COGENTES ou de ORDEM PÚBLICA;
• 2) DISPOSITIVAS.
• (CESPE/2007) As leis por serem preceitos de ordem
pública, ou seja, de observância obrigatória, sejam
cogentes ou dispositivas , tem força coercitiva e não
podem ser derrogadas por convenção entre as
partes; ( )
• Como interpretar e integrar as normas , e aplicá-las no
tempo e no espaço?
• INTEGRAÇÃO X INTERPRETAÇÃO
• INTEGRAÇÃO – art.4º da LINDB, já visto.
• INTERPRETAÇÃO DE NORMAS
• CONCEITO
• INTERPRETAÇÃO X INTERPRETAÇÃO COMPLEXA;
TÉCNICAS HERMENÊUTICAS
• 1) LITERAL OU GRAMATICAL;
• 2)LÓGICO;
• 3)SISTEMÁTICO;
• 4)HISTÓRICO;
• 5) FINALÍSTICO OU TELEOLÓGICO;

• QUANTO À ORIGEM:
• 1) DOUTRINÁRIA;
• 2)JURISPRUDENCIAL;
• 3)AUTÊNTICA.
• QUANTO AOS RESULTADOS:
• 1)‘ DECLARATIVA;
• 2)EXTENSIVA;
• 3)RESTRITIVA.

• Art.5º da LINDB: “ Na aplicação da lei , o juiz atenderá


ao fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.” – REGRA DE OURO
APLICAÇÃO DA NORMA NO
TEMPO
• CONFLITOS DE NORMAS NO TEMPO ( DIREITO
INTERTEMPORAL)
• No conflito temporal de leis, deverá ser aplicada a lei
nova ou a lei velha às situações cujos efeitos invadirem o
âmbito temporal da lei revogadora mais recente?

• Art.6º da LINDB – PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA


LEI
• Excepcionalmente, por expressa previsão legal e desde
que não atinja o ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o
direito adquirido, poderá a lei retroagir.
CONFLITO INTERTEMPORAL
• Como ficaria o caso de situações jurídicas iniciadas
antes da lei nova, relações jurídicas continuativas ou
de trato sucessivo?

• Art.2035, CC

• Ex: casamento realizado na vigência do CC de 1916,


sua existência e validade são regulamentados por ele,
mas sua eficácia será pelo CC de 2002, logo poderia
modificar o regime de bens.
PERSONALIDADE JURÍDICA

• CONCEITO

• Art.1º do CC: “ Toda pessoa é capaz de direitos e


deveres na ordem civil.”
PESSOA NATURAL OU FÍSICA
• CONCEITO

• AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

• Em que momento a Pessoa física adquire


personalidade?
• Art.2º do CC
NASCITURO

• CONCEITO

• Art.2º, in fine do CC
TEORIAS EXPLICATIVAS PARA
AQUISIÇÃO DE PJ DAS PESSOA FÍSICAS

• TEORIA NATALISTA

• TEORIA CONCEPCIONISTA

• TEORIA DA PERSONALIDADE
CONDICIONAL
• MARIA HELENA DINIZ:

• “ ... na vida intrauterina, tem o nascituro personalidade


jurídica formal (direitos personalíssimos), passando a ter
personalidade material( direitos patrimoniais) apenas
com nascimento com vida.”
OBSERVAÇÕES
• Embora, o nascituro não seja considerado
expressamente pessoa, tem a proteção dos seus direitos
desde a concepção, como:

• 2.1. é titular de direitos personalíssimos;

• 2.2.pode receber doações, sem prejuízo do imposto de


transmissão inter vivos;
• 2.3.pode ser beneficiado de legado e herança;
• 2.4.o Código Penal tipifica o crime de aborto;
• 2.5.tem direito à realização do exame de DNA, em
decorrência da proteção conferida pelos direitos de
personalidade;
• 2.6.a estabilidade da gestante no direito do trabalho, de
acordo com o entendimento jurisprudencial, ocorre da
data da concepção em si, e não da data da confirmação
científica ou da comunicação do estado gravídico ao
empregador;
• 2.7. a lei 11.804/2008 disciplinou os “alimentos
gravídicos”;
• Enunciado nº1 da Jornada de Direito Civil
promovida pelo Centro de Estudos Judiciários
do Conselho da Justiça Federal:

• Art.2º: “ A proteção que o código defere ao


nascituro alcança o natimorto no que concerne
aos direitos da personalidade, tais como nome ,
imagem e sepultura.”
CAPACIDADE DE DIREITO E DE FATO E
LEGITIMIDADE
• Art.1º do CC
• CAPACIDADE DE DIREITO

• CAPACIDADE DE FATO

• Reunido os dois: capacidade civil plena !!!

• LEGITIMIDADE
INCAPACIDADE
• CONCEITO;

• OBS: a incapacidade jurídica não é


excludente absoluta de
responsabilização patrimonial – art.928;
180 CC

• A lei 13.146/2015 instituiu o Estatuto


da Pessoa com Deficiência, modificando
a teoria das incapacidades ( art.3º e 4º
do CC);

• A lei supra derrogou os incisos


elencados no art.3º do CC e alterou os
inc. II e III do art. 4º do mesmo código;
• “art. 6º da Lei 13.146/2015 segundo o qual a deficiência
não afeta a plena capacidade da pessoa, inclusive para:

• a) casar-se e constituir união estável; b) exercer direitos


sexuais e reprodutivos; c) exercer o direito sobre o número
de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre
reprodução e planejamento familiar, d) conservar sua
fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória, e)
exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e a adoção,
como adotante ou adotando em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas;”
• o art. 84 do Estatuto, quando necessário, a
pessoa com deficiência será submetida à
curatela, conforme à lei ( logo, exceção);

• O comando, ainda prescreve que é facultada à


pessoa com deficiência a adoção de processo de
tomada de decisão apoiada (TDA) – art 1783 –A,
CC;
• O art. 85 do Estatuto preceitua que a curatela
afetará tão somente os atos relacionados aos
direitos de natureza patrimonial e negocial, não
alcançando o direito ao próprio corpo, à
sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à
educação à saúde, ao trabalho e ao voto ( art. 6º do
estatuto)
• Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos
relacionados aos direitos de natureza patrimonial e
negocial.
• § 1o A definição da curatela não alcança o direito ao
próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à
privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
• § 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo
constar da sentença as razões e motivações de sua
definição, preservados os interesses do curatelado.
• § 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização,
ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a pessoa
que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou
comunitária com o curatelado.
• Para que a curatela esteja presente , há a
necessidade de uma ação judicial específica, com
enquadramento em uma das hipóteses do novo
art.4º do CC/2002, especialmente no inciso III;
• Dois tipos:
• 1-INCAPACIDADE ABSOLUTA – Art. 3º do CC;
• CAPUT: ... OS MENORES DE 16 ANOS
• São os menores impúberes. ( presunção absoluta de
incapacidade);

• Enunciado 138 CJF/STJ , III Jornada de Direito Civil: “ A


vontade dos absolutamente incapazes , na hipótese do
inc. I art.3º, é juridicamente relevante na concretização
de situações existenciais a eles concernentes, desde que
demonstrem discernimento bastante para tanto.”
• 1.2. OS QUE, POR ENFERMIDADE OU DEFICIÊNCIA
MENTAL, NÃO TIVEREM O NECESSÁRIO
DISCERNIMENTO PARA PRÁTICA DESSES ATOS;
• Foi derrogado pela nova lei;

3)OS QUE, MESMO POR CAUSA TRANSITÓRIA, NÃO


PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE;
• Foi derrogado pela nova lei;
• INCAPACIDADE RELATIVA – art.4º do CC – 02

• 1) OS MAIORES DE DEZESSEIS E MENORES DE


DEZOITO;
• En.3 da I Jornada de Direito Civil:
• “A redução do limite etário para definição da
capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no
art.16 da lei 8213/91, que regula situação de
dependência econômica para fins previdenciários e
outras situações similares de proteção, previstas na
legislação especial.”
• 2) OS ÉBRIOS HABITUAIS E OS VICIADOS EM
TÓXICO

• A Lei 11.146/2015 retirou as pessoa com


deficiência mental;
• Deverá haver um processo próprio de nomeação
de um curador;
• 3) AQUELES QUE, POR CAUSA TRANSITÓRIA OU
PERMANENTE, NÃO PUDEREM EXPRIMIR SUA
VONTADE;
• Esse inciso mencionava os excepcionais sem desenvolvimento
completo, abrangendo a pessoa com síndrome de down.
Atualmente, essas pessoas serão consideradas, em regra,
plenamente capazes, sujeitas ao instituto de tomada de decisão
apoiada( art.1783 – A CC). Para os atos existenciais familiares, a
pessoa com síndrome de down tem capacidade civil plena;
• Esse inciso passou a tratar a antiga hipótese do art. 3º, III do CC,
englobando os surdos e mudos que não puderem exprimir sua
vontade, as pessoas em coma, o idoso com Alzheimer;
• 4) OS PRÓDIGOS;
• Art.1782 do CC-02
• CONCEITO;
• Devem ter a nomeação de um curador, ficando privados
dos atos que possam comprometer seu patrimônio, tais
como emprestar dinheiro, transigir, dar quitação, alienar
bens, hipotecar ou agir em juízo;
• Poderá o pródigo exercer atos que não envolvam a
administração direta de seus bens, como se casar e
manter união estável;
• INDÍGENAS (SILVÍCOLAS)
• CC 1916 os tratavam como relativamente
incapazes;
• Art.4º, §único do CC-02;
• Lei nº 5371/1967 – instituiu a FUNAI;

• Lei nº 6001/1973 – Estatuto do Índio – considera,


em princípio , agente absolutamente incapaz,
reputando nulos os atos por eles praticados sem
a devida representação;
• Pablo Stolze:

• “ ... acreditamos que a melhor disciplina sobre a matéria


é considerar o índio, se inserido na sociedade, como
plenamente capaz, podendo ser invocada, porém, como
norma intuitiva indigenista , não como presunção
absoluta, mas sim como situação verificável
judicialmente, inclusive com dilação probatória específica
de tal condição, para a declaração de nulidade do
eventual negócio jurídico firmado.”
SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE
• 1) INCAPACIDADE ABSOLUTA – REPRESENTAÇÃO;

• OBS 1: Os menores de dezesseis são


representados por seus pais ou tutores( art.3º do
CC-02),

• OBS 2: Se, o absolutamente incapaz praticar o


ato sozinho, sem a representação legal, a
hipótese é de nulidade;
• 2) INCAPACIDADE RELATIVA - ASSISTÊNCIA;

• OBS1: Diferentemente do absolutamente


incapazes, o relativamente incapaz pratica o
ato jurídico juntamente com os seus assistente(
pais, tutores ou curador), sob pena
anulabilidade;
EMANCIPAÇÃO

• CONCEITO: Antecipação da
capacidade plena;

• ESPÉCIES:

• 1) VOLUNTÁRIA: art.5º, parágrafo


único, I, primeira parte, do CC/02;
• OBS: A emancipação é ato
irrevogável, mas os pais podem ser
responsabilizados solidariamente
pelo danos causados pelo filho que
emanciparam.
• A emancipação voluntária é a mais comum. É a que decorre da concessão
dos pais, ou de um deles na falta do outro. Percebe-se aqui a real vontade
e concordância dos pais em realizar o ato da emancipação do filho, isto é,
não poderá haver discordância de vontade parental.

• Caso um dos pais não concordar com a emancipação, o Juiz poderá


autorizá-la caso o motivo da recusa não tenha justificativa. Esse ato é
chamado de suprimento judicial.(Art. 1.631. Parágrafo único. Divergindo os
pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles recorrer
ao juiz para solução do desacordo.)

• Porém, existe um requisito legal objetivo do futuro emancipado ter no


mínimo 16 anos completos.

• Todo procedimento é feito em cartório, através de uma escritura pública,


não havendo necessidade de homologação judicial para tanto.
• 2) JUDICIAL: art.5º, parágrafo único, I, segunda parte,
do CC/02;
• OBS: o juiz, nesses casos, deverá comunicar a
emancipação para o oficial de registros. Antes do
registro a emacipação não produzirá efeitos.
• 3) LEGAL: art.5º, parágrafo único do CC

• II – casamento – podem casar o homem e a mulher a


partir dos dezesseis anos desde que tenham autorização
de ambos os pais ou de seus representantes legais.(
art.1517, CC);

• Foi publicada no DOU desta quarta-feira, 13, a lei 13.811/19, que proíbe o
casamento de menores de 16 anos. A norma, cujo texto foi aprovado pelo
Senado em fevereiro, altera previsões do Código Civil;
• Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o
casamento de quem não atingiu a idade núbil,
observado o disposto no art. 1.517 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019)
• De acordo com a lei, o artigo 1.520 do Código passa a
vigorar com nova redação. Antes, o dispositivo permitia o
casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (16
anos de idade, conforme o artigo 1.517) em casos
excepcionais, como para evitar imposição ou cumprimento
de pena criminal ou em virtude de gravidez.
• Agora, o artigo proíbe o casamento daqueles que não
atingiram a idade núbil em qualquer caso.
• Confira a íntegra da lei 13.811/19
• LEI Nº 13.811, DE 12 DE MARÇO DE 2019
• Confere nova redação ao art. 1.520 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
(Código Civil), para suprimir as exceções legais permissivas do casamento infantil.
• O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
• Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
• Art. 1º O art. 1.520 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil),
passa a vigorar com a seguinte redação:
• "Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não
atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 deste Código." (NR)
• Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
• Brasília, 12 de março de 2019; 198º da Independência e 131º da República.
• JAIR MESSIAS BOLSONARO
SÉRGIO MORO
SÉRGIO LUIZ CURY CARAZZA


• OBS 2: havendo a dissolução da sociedade conjugal, o
emancipado não retorna à anterior situação de
incapacidade civil;

• OBS 3: em caso de nulidade ou anulação, parte da


doutrina que a emancipação persiste apenas se o
matrimônio fora contraído de boa - fé. Em caso contrário,
retorna-se à situação de incapacidade.
• III – exercício de emprego público efetivo -
hipóteses de provimento efetivo em cargo ou
emprego público, afastando as designações para
cargo comissionado ou temporário
• IV – colação de grau em curso de ensino superior -

• V – ESTABELECIMENTO CIVIL OU COMERCIAL, OU A


EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO DE EMPREGO, DESDE QUE EM
FUNÇÃO DELES, O MENOR COM DEZESSEIS ANOS
COMPLETOS TENHA ECONOMIA PRÓPRIA;

• OBS: deverá existir além da celebração do contrato de


trabalho a existência de economia própria, o que
descarta, a priori, os contratos de aprendizagem(
art.428 CLT) e os de jornada a tempo parcial(art.58-A da
CLT); pois podem ter remuneração inferior ao mínimo;
EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL
• Art.6º do CC-02;
• ESPÉCIES DE MORTE:
• 1) MORTE CIVIL;
• 2) MORTE REAL:
aquela que houve a
declaração de óbito;
• 3) MORTE
PRESUMIDA:
• 3.1. NO CASO DE
AUSÊNCIA – art.6º, in
fine do CC;
• 3.2. SEM A
MORTE CIVIL
• Aquele que reconhecidamente vivo pudesse ser
tratado como se morto fosse;

• Era admitida , em tempos idos, como fator


extintivo da personalidade em condenados a
penas perpétuas ou religioso;

• Pelo princípio da dignidade da pessoa humana é


profundamente repudiado;
MORTE PRESUMIDA

• NO CASO DE AUSÊNCIA: art.6º, in fine, CC-02;


• CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE
• Arts. 22 à 25 do CC-02
• SUCESSÃO PROVISÓRIA
• Arts. 26 à 36 do CC-02
• SUCESSÃO DEFINITIVA
• Arts. 37 à 39 do CC-02;
• OBS: Se um herdeiro , imitido na posse durante a
sucessão provisória, não requerer a sucessão definitiva ,
mesmo passado lapso temporal superior ao previsto em
lei, teremos mera irregularidade, uma vez que nesta
última ocorre apenas transmudação natureza já
transferida provisoriamente na primeira.
RETORNO DO AUSENTE
• Na fase de arrecadação de bens: não há
qualquer prejuízo ao seu patrimônio,
continuando ele a gozar plenamente de todos
os seus bens;
• Sucessão Provisória: arts. 33, parágrafo único
e 36,ambos do CC-02;
• Sucessão definitiva: art.39 do CC-02;
• E4NUNCIADO 614 – Art. 39: Os efeitos patrimoniais da
presunção de morte posterior à declaração da ausência
são aplicáveis aos casos do art. 7º, de modo que, se o
presumivelmente morto reaparecer nos dez anos
seguintes à abertura da sucessão, receberá igualmente
os bens existentes no estado em que se acharem.
• 2) SEM A DECRETAÇÃO DE AUSÊNCIA: art.7º, I e II
do CC-02;

• JUSTIFICAÇÃO DE ÓBITO

• Art.88 da LRP
• Arts.861 a 866 do CPC;
MORTE SIMULTÂNEA OU COMORIÊNCIA
• Art.8º do CC-02

• Grandes consequências no direito das sucessões;

• Considerar mortos aos mesmo tempo significa


que serão abertas cadeias sucessórias autônomas
e distintas, de maneira que um comoriente não
herdará do outro.
• Comoriência é a presunção de morte simultânea de
duas ou mais pessoas, na mesma ocasião (tempo), em
razão do mesmo evento ou não, sendo essas pessoas
ligadas por vínculos sucessórios. Quando não se sabe
quem morreu primeiro, presumem-se simultâneos.

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