Você está na página 1de 50

DIREITO V – AS FONTES DE DIREITO

FONTES DE DIREITO:
De onde brota a juridicidade (O direito nasce, evolui e morre)
• A – Sentido TÉCNICO - JURÍDICO - processo de formação e revelação de normas.
Lei/costume/jurisprudência/doutrina, e ainda, equidade: 4.º e 8.º
Modos de “formação ou criação” do direito:
1 - Direito consuetudinário…Consenso reiterado. (involuntária)
2 - Direito escrito expressa-se na LEI. (voluntária)
Modos de “revelação” do direito:
1 - Decisões de casos concretos aplicadas pelos tribunais: Jurisprudência.
2 - Doutrina – compreensão e sistematização das regras jurídicas
• B – Sentido FILOSÓFICO – fundamento da obrigatoriedade
Ex: pq vinculam as leis? (pq são legitimamente aprovadas e visam a realização de valores)
• C – Sentido SOCIOLÓGICO – causa que determinou a criação da norma e
condicionou seu conteúdo.
Ex: a fonte do imposto extraordinário é a crise.
• D – Sentido POLÍTICO ou orgânico – órgão criador da norma.
Ex: fonte de direito é a Assembleia da República. Iuris essendi
• E – Sentido INSTRUMENTAL – diploma que contém a norma.
Ex. CC é a fonte principal do direito civil. Iuris Cognoscendi
• F – Sentido HISTÓRICO – antecedentes das normas.

1 - LEI – direito escrito de criação deliberada – ART. 1.º CC – fonte imediata

2 - COSTUME – prática social constante, acompanhada da convicção de obrigatoriedade.


(opinio necessatis).
• Função disciplinadora, interpretativa e integrativa, qd a lei para ele remeta: 3.º, n.º
1, 348º, 271º/1,280º/2,334º,340º/2, 465ºa), 967.º, 1400.º (divisão de águas –
prática estabelecida entre pessoas concretas – co-utentes de água – transmitida
através da venda dos terrenos).
• V. 2230.º, nº2 e 2245.º. V. tb 885.º, nº2, 1122.º e 1128.º, 519.º
• Bons costumes – variável no tempo e lugar: regras éticas aceites pelas pessoas
honestas
• ELEMENTOS:
• 1 – CORPUS – observância generalizada e uniforme, com certa duração – uso;
• 2 - ANIMUS – convicção de se obedecer a regra obrigatória, caucionada pela
consciência jurídica da Comunidade.
• RELAÇÃO COSTUME/LEI: Secundum lege// Praeter Legem (além da lei, regula
matéria não tratada pela lei – costume integrativo) // Contra Legem. Oposição
pode conduzir à caducidade de norma. (caso dos touros de morte e resistência
popular: L. 92/95 e L.19/2002, excecionalmente autorizada por tradições locais
ininterruptas, nos 50 anos anteriores ao diploma, nos dias daquele evento
histórico).
• DESUSO: prática reiterada de não aplicação da lei sem implicar a extinção.
• USOS: (BF) práticas destituídas de convicção de obrigatoriedade. ART.3.º/1 (imp.
no direito mercantil)

3 - JURISPRUDÊNCIA – orientação geral seguida pelos tribunais no julgamento de casos


concretos. É fonte se essas orientações vincularem os mm ou outros tribunais. Entre as
partes vinculam.
• Common Law - tem sua fonte no case law
• Portugal - só têm força vinculativa para as partes em litígio.
4 - DOUTRINA
• Opinião dos jurisconsultos.
• Não vinculativa
• Determinante para a alteração do sistema jurídico.
• Usada na fundamentação das sentenças e acórdãos.

5 – EQUIDADE – critério de decisão do litígio concreto – aplicação corretiva do direito


vigente.
4.º (excecionalidade) e 8.º força advém da lei (339.º, n.º 2, 566.º, nº3 e 496.º, n.º 3)
LEI
• Imposta pela autoridade c/ poderes de regulamentação normativa. – Art.1.º CC
• Sentido objetivo – norma voluntária.
• Fonte unilateral - ato do poder do Estado (112.º/1)
• Ato da função política – lei ordinária material - Ato normativo (contém norma
jurídica). Engloba: regulamentos atos unilaterais, de natureza geral e abstrata,
subordinados à CRP e à lei formal; dec. regulamentares regionais, posturas
municipais, dec. regulamentar e resolução do Conselho de Ministros, portarias e
despachos dos ministros e secretários de Estado. Ex: CRP – lei em sentido
material.
• Acto da função legislativa – lei ordinária formal - Emanado p/órgão c/comp.
legislativa: 112.º/1 CRP.
• A.R.: Leis, Moções e Resoluções: 166.º
• Competência exclusiva: 161.ºc), 164.º, ou relativa: 165.º.
• Gov.: DL 198.º e 227.º) a)b)c) – aprovados em Conselho de Ministros
ACTOS NORMATIVOS - 112.º CRP:
• N.º 1 a 7 - categorias de atos legislativos.
• N.º 8 – transposição de DI
• Relações entre L e DL: igual valor (nas áreas de competência concorrente) - DL pode revogar Lei da AR:
112.º/2, 1.ª parte
• Subcategorias de leis
• Âmbito dos atos legislativos regionais
• Carácter hierarquicamente inferior dos atos regulamentares face aos legislativos: nº 6 e 7 –
regulamentando as leis ou a sua boa execução.
• FONTES EXTERNAS
• NORMAS JURÍDICAS ESTADUAIS; REGIONAIS (228.º); AUTARQUIAS LOCAIS (241.º); ORGANISMOS
INTERMÉDIOS.

• COMPETÊNCIA LEGISLATIVA GENÉRICA:


A.R. 161.º, 164.º e 165.º ,166.º - LEI;
GOV. – Decreto-Lei (competência paralela à do Parlamento, salvo em matérias de
reserva absoluta) Funções legislativas próprias: 198.º a),c) e
autorização legislativa da AR: 198.º b).

• COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ESPECÍFICA - A.L. das Regiões autónomas: 227.º,


228.º e 232.º/1 – DL regional

• Decretos do PR:
Declaração do ESTADO DE SÍTIO ou ESTADO DE EMERGÊNCIA –
prevalecem perante todas as outras: 19.º CRP, 134.ºd), 138.º.
Decreto de nomeação do PM e membros do Gov.

HIERARQUIA DOS ACTOS NORMATIVOS: (material)


• (Princípios) e Leis constitucionais – limites materiais, 288.º (inconstitucionalidade
formal ou material);
• DUE e Convenções Internacionais;
• Leis ordinárias
• Restantes leis - 166.º/3, demais atos legislativos: 112.º/1, AR, Assem. Legisl.
regionais;
• AR e Gov. têm comp. Legislativa geral; reserva absoluta AR 161.º a) a g) e 164.º;
pode autorizar gov a legislar – 165.º, comp. exclusiva do gov – 198.º, n.º 2; fora
destas matérias AR e Gov têm competência concorrente: 161.º c) e 198.º a)
• LEIS e DECRETOS-LEIS TÊM IGUAL VALOR
• Regulamentos (legislação em sentido material, 112.º emanados de autoridade
administrativa) - não violar leis ordinárias, sob pena de ilegalidade, MAS LEI PODE
REVOGAR o regulamento.
• Resoluções do Conselho de Ministros;
• Portarias do gov. (não necessitam promulgação)
• Despachos Normativos do gov. (dentro do ministério)

DISTINÇÃO LEIS e REGULAMENTOS


• Atos normativos emanados de autoridades administrativas sobre matéria da sua
competência: 199.º c)
• Só estatuem na medida em que a lei o permita e dentro dos seus limites, ou para
execução de normas.
• Lei pode revogar o regulamento, mas este não pode contrariar lei que executa
• Sujeitos a promulgação do PR: 134.º b
• GOV. - principal órgão com comp. regulamentar: Decretos regulamentares,
Portarias e Despachos normativos
• (tb: gov.regionais 227.º/1/d)1.ª parte; órgãos das autarquias locais – 241.º)

• Por força do 112.º/6/7, os Regulamentos podem ser:


A - Executivos (torna exequível a lei devendo mencioná-la),
B - Independentes ou autónomos (regulamentam matérias não tratadas em lei)

REGULAMENTOS:
Formas:
1- Dec. Regulamentares - promulgados pelo PR, referendados pelos ministros ou pelo
gov.;
2 - Resoluções do Conselho de Ministros – promulgadas.
3 - Portarias – ordens do governo, dadas pelos ministros. Não promulgadas.
4 - Despachos normativos e ministeriais – destinadas a subordinados dos ministros,
dentro do ministério.
5 - Instruções – regulamentos internos, c/ ordens dos ministros para os seus funcionários;
6 - Circulares – instruções dirigidas serviços

CICLO DE VIDA – procedimento legislativo:


• 1 - Iniciativa;
• 2 - Apreciação;
• 3 - Deliberação;
• 4 - Promulgação.

• Surte efeitos c/ PUBLICAÇÃO em DR - 5.º, n.º 1


• Silêncio da lei: em vigor no 5.º dia após a sua publicação.

• Pode não ser imediatamente aplicável: quando VIGÊNCIA começa em momento


posterior, observa-se a: VACATIO LEGIS - intervalo de tempo entre a publicação e
a vigência, 5.º/2.
• A falta de publicação da lei inibe a produção de efeitos jurídicos – 119.º CRP
• Lei n.º 74/98, de 11 de novembro
Publicação, identificação e formulário dos diplomas
• 1 - A eficácia jurídica dos atos a que se refere a presente lei depende da sua
publicação no Diário da República.
• 2 - A data do diploma é a da sua publicação, entendendo-se como tal a data do dia
em que o Diário da República se torna disponível no sítio da Internet gerido pela
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, S. A.
• 3 - Com respeito pelo disposto no número anterior, a edição eletrónica do Diário da
República inclui um registo das datas da sua efetiva disponibilização no sítio da
Internet referido no mesmo número.
• 4 - Os atos legislativos e os outros atos de conteúdo genérico entram em vigor no
dia neles fixado, não podendo, em caso algum, o início da vigência verificar-se no
próprio dia da publicação.
• 5 - Na falta de fixação do dia, os diplomas referidos no número anterior entram
em vigor, em todo o território nacional e no estrangeiro, no quinto dia após a
publicação.
• 6 - O prazo referido no n.º 2 conta-se a partir do dia imediato ao da sua
disponibilização no sítio da Internet gerido pela Imprensa Nacional-Casa da
Moeda, S. A.

CESSAÇÃO de vigência:
• CADUCIDADE - 7.º, nº1, 1.º parte - pp lei prevê facto cessante (leis temporárias e
transitórias) ou desaparecem pressupostos de aplicação, conduz à cessação
automática da lei.
• REVOGAÇÃO: 7.º, n.º 1, 2.ª parte - por força de lei nova posterior.
• 7.º, n.º 2 - EXPRESSA: resultar do enunciado da lei revogatória
TÁCITA: deduzida p/via interpretativa (incompatibilidade)

• Total: ABROGAÇÃO
• Parcial: DERROGAÇÃO
• GLOBAL: nova lei regula toda a matéria
• INDIVIDUALIZADA: regula em parte
• Regras de conflitos:
• Lei nova revoga a antiga (se com mm nível);
• Lei geral não revoga a especial, salvo por específica intenção do legislador, 7.º/3;
• Lei inferior não revoga a superior.

• A cessação de vigência da lei revogatória não implica o renascimento da lei por ela
revogada (7.º/4). Mas legislador pode aprovar lei repristinatória.
• REPRISTINAÇÃO - reentrada em vigor de uma lei que anteriormente tenha sido
revogada por outra, por efeito da revogação desta última.
• Se a lei X, que revoga um Código de 2000, é revogada pela lei Y, tal não significa
que o Código de 2000 volte automaticamente a vigorar. Tal só acontecerá se o
legislador assim o determinar.
• A repristinação não é uma decorrência necessária da revogação da lei
revogatória.

FEITURA DA LEI ou PROCESSO LEGISLATIVO


1 - INICIATIVA LEGISLATIVA:
A - ELABORAÇÃO DO TEXTO:
• 167.º, n.º1 CRP - parlamento(comissões especializadas)
• Projecto de lei (de dep. ou Grupos de cidadãos), ou
• Proposta de lei (do gov., das ass. Leg .reg).
Submissão a debate, votação e
B – DISCUSSÃO E APROVAÇÃO: 168.º (antes da promulgação chama-se Decreto da AR).
Aprova-se, regra geral, p/maioria simples ou relativa: 116.º/3
C - ASSINATURA: da entidade que representa o órgão de onde emana.

2 – PROMULGAÇÃO: 136.º
• Ato pp do PR (tb é tarefa: 120.º, 134.ºal.b), CRP) - atesta solenemente a existência da lei ordenando que a
mesma seja cumprida, e dá ordem de publicação, defendendo a CRP.
• Ato político do PR, que lhe dá o direito de veto político, solicitando nova deliberação parlamentar. Logo, não é
apenas mero ato de fiscalização da regularidade da elaboração – 136.º, nº1. Se AR confirmar voto por
maioria absoluta dos deputados, PR deve promulgar em 8 dias
• O PR tb controla a conformidade constitucional dos diplomas: 278.º/1 e 279.º da CRP, que lhe dá veto jurídico
(requerida em 8 dias).
• Falta de promulgação gera: INEXISTÊNCIA jurídica do acto, 137.º
• Referenda ministerial – 140.º (inexistência)

• Qd o PR recebe um decreto para ser promulgado como Lei ou DL: 136.º CRP
1 - PROMULGÁ-LO (dever)
2 - REQUERER FISC. PREVENTIVA DA CONSTITUCIONALIDADE – VETO JURÍDICO
(até 8 dias: 278.º e 279.º, nº2)
2.1 - Se TC se pronunciar pela inconstitucionalidade: PR não pode promulgar,
obrigado a vetar (devolvendo diploma ao órgão donde proveio, PODENDO
DISCRICIONARIAMENTE PROMULGAR se for confirmado por 2/3 – 279º, nº2)
2.2.- Se TC não se pronuncia, PR PODE promulgar, ou exercer veto político. PR
(LIVRE): 279.º/2 e 136.º

3 - EXERCER LOGO VETO POLÍTICO: NÃO PROMULGAR, (faculdade presencial) – 136.º,


n.º 2- 3, in fine (aí já não pode mandar para TC)
• SOLICITA NOVA APRECIAÇÃO DA AR;
• SE AR CONFIRMAR por maioria absoluta: PR TEM DE PROMULGAR EM 8 DIAS, e já
não pode enviar para o TC. (SE SE AR INTRODUZIR ALTERAÇÕES: PODE VETAR DE
NOVO.
• SE FOR DEC. DO GOV. NÃO HÁ OBRIGAÇÃO DE DEVOLUÇÃO À AR: PR
PROMULGA, assinando, OU VETA, O VETO É ABSOLUTO.
Se não houver veto:
• PR TEM 20 DIAS CONTÍNUOS PARA PROMULGAR LEIS (prazos contínuos)
• 40 DIAS SE FOR DECRETO DO GOVERNO (DL e Dec. regulamentares) – DEVE
PROMULGAR, PRECLUDINDO-SE O PODER (2 e 3).

VI - DIREITOS DE PERSONALIDADE
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE DIREITO CIVIL:
• Princípio do reconhecimento da personalidade jurídica do ser humano enquanto
corolário da dignidade humana – PRINCÍPIO ESTRUTURANTE E IMANENTE A TODO
O RODENAMENTO JURÍDICO
• Art. 1.º da CRP, 6.º DUDH, aplicável ex vi art. 16.º da CRP
• QUALIDADE DE PESSOA INERENTE AO SER HUMANO

Noção de direitos de personalidade:


• Modo de ser da pessoa a nível físico, psíquico e jurídico: art. 70.º a 81.º CC
• Interpenetra-se com direitos fundamentais previstos na CRP, direitos originários
resultantes da natureza humana, direitos humanos inerentes a qualquer pessoa
onde quer que ela se encontre, direitos pessoalíssimos que não podem ser
transmitidos, e direitos pessoais ou de natureza não patrimonial.
• EX: Direito à vida – o seu objeto é um bem da personalidade, um direito
fundamental, originário, humano, pessoalíssimo e pessoal.
• Art. 160.º CC - Tb as pessoas coletivas gozam de personalidade e de dtos de
personalidade compatíveis com a sua natureza (princípio da especialidade) e dd
que não vedados por lei ou exclusivos do ser humano. (dto ao bom nome ou à
imagem)
Características:
• Natureza absoluta – oponível erga omnes e autosuficientes
• Não patrimonialidade – bem em si não é susceptível de preço, é imaterial, mas
pode explorar-se economicamente tal bem – esfera comercial. Ex: dto à imagem –
é inseparável do sujeito
• Dupla inerência – inseparáveis como bem. Intransmissíveis inter vivos e mortis
causa e indisponíveis, não admitindo renúncia da titularidade do direito (pode
haver autolimitação voluntária do seu exercício, mediante negócio jurídico
unilateral ou contrato livremente revogável, embora com indemnização pela
violação do dano da confiança: 81.º/1; 340.º; 38.º e 39.º CP, se houver ausência de
acordo do seu titular há dto à violação do dto de personalidade).
• Não prescritibilidade – 298.º, n.º 1
• Tutela penal e tutela civil (art.70.º, n.º 1 CC)

Tutela dos dtos de personalidade:


• Tutela inter vivos: art. 70.º, n.º 2 e mortis causa: 71.º, 73.º, 75.º, n.º 2, 76.º, n.º 2,
77.º e 79.º, nº2
• Óbito – fim da personalidade jurídica, ou seja, da sua aptidão para ser sujeito de
dto ou de uma vinculação e extinção das situações jurídicas até ao momento na
sua titularidade, qd a sua natureza ou lei assim o determine – o bem objecto
permite atribuir um dto de defesa dos dtos de personalidade do defunto cabe a
certas pessoas (71.º/2/3), pela sua proximidade com ele
• As pessoas referidas têm legitimidade para requerer a tutela post mortem do bem
jurídico da personalidade, por si sós

Meios de tutela disponíveis:


• Providências adequadas ou tutela adequada – 71.º, n.º 2 ou responsabilidade
civil – 483º (dano é a lesão do próprio bem jurídico tutelado)
• ex: restituir lucro indevidamente recebido, devendo a indemnização colocar o
lesado na situação em que estaria sem a infração e o montante da indemnização
atribuída deve integrar a herança, apreensão de negativo fotográfico ou suspensão
de publicação.
1 – DTO GERAL DE PERSONALIDADE – cláusula geral que tutela a personalidade,
concedendo proteção jurídica a todas a todas as manifestações de bens de
personalidade. (tb a nível constitucional e dto ao património genético

2 – DTO À VIDA – 24.º CRP goza da tutela do 70.º (Tutela penal)


Nascituro (concebido, mas não nascido) tem dto subjetivo à vida – interrupção voluntária
da gravidez (ficando sp de fora o progenitor), 142.º CP, a al. e) é discutível. Irrenunciável e
indisponível (mas já não é punível a tentativa de suicídio, e por isso punível a eutanásia,
133.º e 134.º CP, embora a ortotanásia se permita, mediante abstenção de tratamento
médico, devido à ausência de consentimento do doente – 156º CP, ou administração de
fármaco com efeito paliativo, antecipando o óbito e minorando o sofrimento).
Testamento vital – determinação prévia dos tratamentos ou intervenções que aceita e os
que recusa, espécie de consentimento, pelo que se isenta o médico de administrar
terapias a que seria obrigado (fala-se em procurador de cuidados de saúde, com poderes
representativos do doente para decidir sobre os cuidados de saúde a receber ou não pelo
representado, em caso de incapapcidade deste)
• Dano indemnizável pq o de cujus ficou injustamente privado de vida – 483.º (dano
é a morte, e a aquisição do dto a indemnização é o momento da prática do facto
danoso, logo, ainda em vida do lesado)

3 – DTO À INTEGRIDADE FÍSICA -25.º CRP – tutela o corpo e saúde das pessoas
singulares, nascidas ou concebidas, com protecção penal: 143.º CP
• Dto irrenunciável, mas auto-limitável se respeitador dos bons costumes (149.ºCP e
38.º, nº3). Regime especial para a colheita e transplante de órgão de dador post
mortem, dd que para fins terapêuticos e no interesse do recetor (se for de órgão
não regenerável depende de parecer favorável emitido pela Entidade de
Verificação da Admissibilidade da Colheita). Menores de 16 anos precisam de
autorização do representante se for órgão regenerável, ou de autorização judicial
se for incapaz por anomalia psíquica. Sem autorização há responsabilidade penal
do médico – 156.º CP, em caso urgente presume-se consentimento a menos que
se conclua que tal consentimento seria recusado.
• Ofensa a este dto pode ser direta (agressão física) ou indireta (emissão de ruídos e
cheiros ou fumos)

4 – DTO À HONRA E AO BOM NOME – 26.º, n.º 1 CRP (honra social, reputação –
juízo ético sobre honestidade e honorabilidade).
• Sanção- 70.º, n.º 2 responsabilidade civil por ato ilícito – 483.º (lesão da honra) e
484.º - ofensa do crédito ou do bom nome, ou providências adequadas – ex:
retratação pública, publicação de sentença
• Liberdade de imprensa e de expressão ou de informação podem justificar a licitude
– colisão de direitos: 335.ºCC, tendo sempre em conta a garantia do direito ao
bom nome (no TEDH há preponderância destes direitos – interesse público e
legítimo para restringir tais direitos – importância, seriedade e intensidade do
interesse da informação, comparativamente com o prejuízo causado ao bem da
personalidade adequação – mm que o fim não seja reprovável, não deve exceder
uma medida racional)
• Tutela penal: incriminação da difamação 180.º CP e da injúria 181.º CP, ofensa à
memória de pessoa falecida 185.º CP e ofensa a pessoa coletiva 187.º CP

5 - DTO À RESERVA SOBRE A VIDA PRIVADA 26.º CRP e 80.º CC


• Bem jurídico da identidade da pessoa situação da sua saúde e patrimonial, escritos
pessoais e relacionamentos amorosos e opções políticas e religiosas – gozar sua
intimidade e privacidade sem intromissões alheias ou aproveitamento de factos
relativos à sua vida privada – proibição do acesso, utilização e difusão não
consentido em proveito pp ou de terceiro. Proibido divulgar factos verdadeiros ou
falsos.
• 80., Nº2 – natureza aberta – limites definidos em função do indivíduo – o
comportamento de cada um, acaba por conformar o objeto do respetivo direito.
MAS, isto não se confunde com a autolimitação voluntária ao exercício do direito,
aproveitando o bem – 81.º.
• 3 esferas: esfera social ou pública; esfera privada (hábitos de vida); esfera íntima
(que é o núcleo essencial do direito, onde esta a vida sexual, familiar, amorosa,
saúde e condição económica – a esfera do direito abrange a esfera íntima e
privada e envolve um juízo concreto, tendo em conta a notoriedade da pessoa e a
postura pública (ex: políticos têm de apresentar a situação patrimonial).
• Dto limitado por outro constitucionalmente tutelado, se houver interesse
legítimo, na medida do necessário e de acordo com critérios da proporcionalidade
(ex: escutas telefónicas autorizadas por juiz, microfones e câmaras ocultas,
abertura de correspondência)
• Tutela penal: violação de domicílio 190.º introdução em local vedado ao público
191.º, devassa da vida privada 192.º, devassa de meio informático 193.º, violação
de correspondência 195.º e violação de segredo 195.º
• Ligada a esta matéria está a proteção de dados das pessoas singulares que deve
respeitar este direito.
Assim, pode efetuar-se o tratamento de dados necessários se:
• o seu titular tiver dado o seu consentimento inequívoco; excluindo o tratamento
dos dados sensíveis relativos a convicções filosóficas, políticas, religiosas,
partidárias, sindicalistas, saúde, vida sexual, origem racial e dados genéticos, a
menos que haja autorização legal ou da Comissão Nacional de Proteção de Dados
em caso de interesse público relevante ou interesse vital do pp titular, ficando
obrigada a pessoa que os tratou obrigada a sigilo profissional.
• Ao seu titular atribui-se direito de informação sobre a recolha e processamento
dos dados e direito de oposição ao tratamento dos mesmos

6 – DTO À CONFIDENCIALIDADE DAS CARTAS MISSIVAS – 75.º e 76.º


• Decorre da reserva da vida privada
• Remetente envia ao destinatário carta com conteúdo pessoal e íntimo
• Regime aplica-se a qualquer forma de comunicação, independentemente do tipo
de suporte
• Dever de guardar reserva sobre o conteúdo da carta, sob pena de
responsabilidade pelos danos que cause, e medidas adequadas a fazer cessar o
ilícito: apreensão da carta; entrega ao remetente; publicação da ilicitude. Em caso
de morte do A. da carta é exigida restituição a pessoa idónea ou a destruição.
• Podem ser publicadas com autorização do seu feitor ou suprimento judicial do
consentimento.
• Tutela penal – violação de correspondência 194.º e violação de segredo 195.º
• Cartas missivas sem carácter confidencial têm proteção pela tutela da confiança e
não por direitos de personalidade

7 – DTO À IMAGEM – 26.º e 79.º CC


• Bem jurídico protegido – configuração externa de uma pessoa – proteção quanto
à captação, registo e divulgação da imagem sem consentimento e direito
autodeterminar essa imagem.
• Dto restringível. Ex: videovigilância e imposição de fardas – a captação ou
divulgação da imagem não autorizada é ilícita, transgredindo a reserva da vida
privada. Nem sempre é assim: foto de jogador a jogar futebol e comercialização da
foto: há violação do direito à imagem, mas não à reserva da vida privada. Pode
haver autorizar para recolha de imagem e não para utilização de imagem.
• Tutela penal – 199.º/2 – proibição de fotografar sem autorização. Dp da morte do
retratado, quem pede são as pessoas do 11.º, n.º 1
• Registo e utilização da imagem sem consentimento, desde que: 79.º, n.º 2, mas
permissão não é automática, e permanente e deve respeitar reserva da vida
privada e honra do retratado.
• Quando é necessário para finalidades específicas científicas ou culturais, a
exposição deve ser breve e discreta, só no estritamente necessário para o seu
objetivo.
• Quando em lugar público, o objetivo da imagem recolhida é o lugar e facto público
e não a pessoa individual nela retratada.
• Limite à exceção anterior do n.º 2: 79.º, 3 – prejuízo para a honra, reputação e
decoro da pessoa fotografada.
• A difusão do retrato não deve pôr em causa a honra, bom nome do seu titular.
• Tutela penal: 199.º

8 – DTO AO NOME- ART. 26.º, Nº1 crp e 72.º a 74.º CC


• Dto de personalidade não originário, imutável (exceto se p/casamento, adoção,
divórcio, alteração de sexo, aquisição de nacionalidade, 1876.º/2)
• Envolve: direito à identidade genética, direito ao conhecimento das origens
genéticas, direito ao reconhecimento da paternidade ou da maternidade e o
direito à identidade civil, concretizado no direito ao nome (individualização do
sujeito), abarcando o endereço eletrónico – 72.º a 74.º, que remete para a tutela
do 70.º
• 103.º Código do Registo Civil – nome composto por nome próprio, com 1 ou 2
vocábulos, e máximo de 4 apelidos, que apenas podem ser mais por força do
casamento. (pais escolhem e na falta de consenso o juiz). Caso a paternidade não
esteja estabelecida, podem ser dados ao menor os apelidos do marido da mãe.
Situações de abandono conservador atribui o nome.
• Homonímia – duas pessoas com mesmo nome – providências distintivas
ordenadas por tribunal (ex: aditamento de pai, filho) em caso de conflito
• Pseudónimo tb tem tutela jurídica, se identificar a pessoa. Se for aplicado por
terceiros é alcunha. Se esta for aceite pelo visado transforma-se em pseudónimo
• Nome artístico – 29.º C. Dto de Autor
• Sociedades – firma (regras: 32.º ss RNPC – princípio da verdade e da novidade e da
exclusividade do uso, sob pen

• a de responsabilidade civil e providências adequadas)
• Demais pessoas coletivas – designação

PROCESSO ESPECIAL DA TUTELA DA PERSONALIDADE - permitindo a obtenção de


medidas preventivas ou atenuantes das ofensas aos direitos abrangidos:
• O processo deve ser proposto no tribunal cível contra o autor do ato ofensivo ou
da ameaça. Se o direito em causa disser respeito ao nome, por exemplo, deverá
ser proposto contra a entidade que o usou ou pretende usá-lo. Quando estiver em
causa o direito relativo à correspondência (cartas confidenciais), será o detentor da
mesma.
• Independentemente de haver ou não contestação, a ação será decidida uma vez
produzidas as provas necessárias; ao contrário do que normalmente é regra, não
vale como confissão o facto de o requerido não contestar a ação no prazo legal. A
sentença tem de ser dada em 15 dias, e, até à fase de recurso, as partes não
precisam de constituir advogado.

RESPONDER CIVILMENTE PELOS DANOS DE OUTREM - ressarcitória


1 - RESPONSABILIDADE SUBJECTIVA ou por ato ilícito (CULPA)
• Extraobrigacional – 483.º
• Obrigacional – 798.º
• Pré-contratual – 227.º

2 - RESPONSABILIDADE OBJECTIVA
• (RISCO OU ACTO LÍCITO- não é razoável obrigar o lesado a suportar o dano)
• REQUISITOS da responsabilidade civil EXTRA-OBRIGACIONAL - 483.º/1 n
• 1) Facto Voluntário
• 2) Ilícito:
• 3) Culpa:
• 4) Dano:
• 5) nexo causal entre o facto ilícito e os danos causados: “que causar à outra
parte”

VII -Continuação do estudo sobre a realação jurídica


SUJEITOS – TITULARES DAS RELAÇÕES JURÍDICAS
PERSONALIDADE JURÍDICA – 66.º (952.º e 2033.º), 68.º, n.º 1
(QUALIDADE): SUSCEPTIBILIDADE PARA LHE SEREM ATRIBUÍDOS DTOS E IMPOSTAS VINCULAÇÕES:
pessoas singulares e colectivas
CAPACIDADE JURÍDICA – 67.º - possibilidade de se ser sujeito activo ou passivo de relações jurídicas –
CAPACIDADE DE GOZO DE DTOS, inerente à PJ
APTIDÃO PARA SER TITULAR DE RELAÇÕES JURÍDICAS - INSUPRÍVEL
Determinação taxativa – delimitação negativa da incapacidade: gera NULIDADE
Ex: estrangeiros não têm capacidade de gozo de dtos políticos; menores de 35 anos não podem ser PR
da República; pessoas colectivas não tem capacidade matrimonial
2189º – incap. de testar dos menores não emancipados e dos interditos por anomalia psíquica,
1601º - incapacidades nupciais dos menores de 16 anos, dos interditos ou inabilitados por anomalia
psíquica.
Incap. para perfilhar dos menores de 16 anos, interditos e dementes 1850º

• 2192ºss (indisponibilidade relativa – devido a qualidade ou posição do disponente),


877º,876º,1714º,nº2 . Ilegitimidades
• Ex: doação a favor de médico que trata o testador
• CAPACIDADE DE EXERCÍCIO ou CAPACIDADE DE AGIR: MEDIDA DE DTOS E OBRIGAÇÕES que uma
pessoa pode exercer, de modo livre e pessoal.

• Possibilidade de praticar actos jurídicos por nós próprios, livre e pessoalmente sem autorização de
outra pessoa, ou mediante um representante (mandatário) escolhido por nós, i.e. não imposto por lei.
• INCAPACIDADE DE EXERCÍCIO SÃO SUPRÍVEIS:

• Representação (incapaz não age nem pessoal, nem livremente)


ou
• Assistência (incapaz age pessoal, mas não livremente - autorização)
• Capacidade delitual (imputabilidade) 16 anos.
Menor de 7 anos e anomalia psíquica - presumem-se inimputáveis 488.º/2

• Personalidade Jurídica – 66.º, n.º 1 (adquire-se c/)


• Nascituros podem adquirir por doação ou sucessão, mas não têm PJ, por isso a efectiva
aquisição depende do nascimento: 952.º e 2033.º
• Pessoas Colectivas - começa c/a constituição (associações), ou reconhecimento
(fundações) cessa c/ a dissolução, liquidação e transmissão de bens.
• TERMINA - morte irreversível do tronco cerebral – 68.º, n.º1 Verificação: competência
médica. (2 médicos)
• Declarada na repartição do Registo Civil da área onde ocorreu ou onde foi encontrado o
cadáver. (certidão de registo de óbito)
• Menoridade
Restrições na capacidade de gozo e exercício:
• 123.º - Incapacidade geral para actos de natureza pessoal ou patrimonial – 125.º (regime de anulação)
• 127.º - Excepções à capacidade (1878.º, n.º 2 e 1880.º)
• 122.º - Duração – 130.º ou 133.º se for emancipado pelo casamento - 132.º, aos 16 anos (idade nupcial –
1601.º, al. a)) e se com casamento consentido pelos pais. Sem consentimento deles – 1649.º
• Suprimento: representação (poder paternal – poder-dever – 1877.º, e 1878.º n.º 1 - ou tutela, ou
administração de bens) que assiste a ambos os pais, a exercer de comum acordo – 1901.º e 1902.º
• V. 1889.º (controlar iniciativas dos pais)
• Valor dos seus actos: ANULABILIDADE -125.º
• Ex: Pais podem ver laranjas do laranjal, mas não o laranjal sem autorização do tribunal, a menos que este
confirme o acto – 1889 e 1892.º - 1893.º, n.º1 e 1894.º
• Pais podem ser INIBIDOS - 1889.º, 1878.º e 1880.º - responsabilidades parentais

TUTELA:
Qd se instaura: 1921.º
Exercida por conjunto de órgãos (tutor, protutor, e Conselho de família – 2 vogais que são protutores e
MP), sob vigilância de Tribunal de Menores (MP).
Poderes análogos aos dos pais – 1935.º, mas mais restritos – a autorizar por tribunal
Designação: pelos pais ou por acção pp – 1928.º e 1931.º
Regime de Administração de bens – coexiste com TUTELA ou PODER PATERNAL (qd excluídos ou inibidos)
Mm poderes do Tutor: representa o menor em actos que incidam sobre os bens dos menores.
MAIOR ACOMPANHADO:
QUEM É O ACOMPANHANTE - designação judicial (escolhido pelo acompanhado ou pelo representante
legal deste).
• O Regime do Maior Acompanhado, aprovado pela Lei nº 49/2018 de 14 de agosto, permite a qualquer
pessoa que, por razões de saúde, deficiência ou pelo seu comportamento se encontre impossibilitada de
exercer pessoal, plena e conscientemente os seus direitos ou de cumprir os seus deveres, possa requerer
junto do Tribunal as necessárias medidas de acompanhamento. Permite ainda que possa escolher por quem
quer ser acompanhado (pessoa ou pessoas incumbidas de a ajudar ou representar na tomada de decisões de
natureza pessoal ou patrimonial).
• As medidas de acompanhamento podem também ser requeridas pelo Ministério Público, pelo cônjuge, pelo
unido de facto ou por qualquer parente sucessível da pessoa que carece daquelas medidas.
• Qualquer adulto pode escolher antecipadamente o seu “acompanhante” e essa vontade deve ser respeitada.
• o tribunal, depois de analisar todos os elementos que foram levados ao processo e com o auxílio de
informação médica, decide os atos que a pessoa – o acompanhado – pode e deve continuar a praticar
livremente e aqueles que, para sua proteção, devem ser praticados por ou com o auxílio de outra pessoa –
o acompanhante. Há, porém, certos atos que o acompanhante só poderá praticar depois de obter
autorização do tribunal.
• Trata-se, pois, de um novo regime jurídico, em vigor desde o dia 10 de fevereiro de 2019, que tem
necessariamente de ser decidido por um juiz e que vai substituir as interdições e inabilitações.
ÂMBITO
• Acompanhamento limitado ao mínimo indispensável.
• Em função de cada caso, pode o tribunal atribuir ao acompanhante as funções associadas aos seguintes
regimes:
• o exercício das responsabilidades parentais ou dos meios de as suprir;
• representação geral ou especial com indicação expressa das categorias de atos para que seja necessária;
• administração total ou parcial de bens;
• autorização prévia para a prática de determinados actos e intervenções de outro tipo, que estejam
devidamente explicitadas.
• O acompanhado pode exercer de forma livre o exercício dos seus direitos pessoais e a celebração de
negócios da sua vida corrente, a não ser que haja uma disposição da lei ou decisão judicial em contrário.
• Dtos pessoais: designadamente, testar, casar ou de constituir situações de união, procriar, perfilhar ou
adoptar, educar os filhos ou adotados, escolher profissão, fixar domicílio e residência e estabelecer
relações com quem entender.
• O internamento do maior acompanhado fica dependente de autorização judicial. Ao
acompanhado, no caso de a sentença dispor nesse sentido, encontra-se vedada a outorga de
testamento. É-lhe ainda vedado o direito de recorrer a técnicas de procriação medicamente assistida

• Os atos praticados em desconformidade são ANULÁVEIS, quando posteriores ao registo do


acompanhamento, ou depois de anunciado o início do processo DESDE que haja decisão final nesse
sentido e os atos sejam PREJUDICIAIS ao acompanhado.
• O tribunal deve rever as medidas de acordo com a periodicidade que constar da sentença, no
mínimo, de 5 em 5 anos.
• INCAPACIDADES CONJUGAIS – ILEGITIMIDADES ou Ilegitimação
• Interesses da família - Princ. da igualdade dos cônjuges: 13.º e 36.º/3 CRP e 1671.º CC
• Regras da admção - ordem pública (inderrogáveis por Conv. Antenupcial: 1699.º/1) c). legitimidades
conjugais para negócios inter-vivos: 1682.º; 1682- A; 1682.º - B; 1683.º
• SUPRIMENTO: CONSENTIMENTO do outro - ASSISTÊNCIA: 1682.º/1 e 3; 1682.º - A e 1682.ºB.
• Sanções: ANULABILIDADE - pelo cônjuge (herdeiros) que não consentiu nos 6 meses após o conhecimento
do acto, e até 3 anos após a sua celebração: 1687.º
VALOR DOS NEGÓCIOS DOS INCAPAZES:
1 - INCAP. DE GOZO: NULIDADE (forma mais grave de invalidade). 288º e 289.º
Ex: vícios de forma, de objecto, de falta de vontade, contrariedade àlei.

2 - INCAP. DE EXERCÍCIO – ANULABILIDADE


Produz efeitos até ser declarado viciado: 287.º
INVOCADAS POR QUEM TEM LEGITIMIDADE (não oficiosamente e com acção judicial especial
para o efeito); Invocáveis se o negócio já estiver cumprido; a todo o tempo enqt não for;
Ex- 125/254/1687 (247º/250º/252º: o errante; 256º: o coagido; 257º: o incapaz; 282.º: o lesado)
SANÁVEIS PELO DECURSO DO TEMPO, a partir do momento em que se conta o prazo fixado na lei,
ou
MEDIANTE CONFIRMAÇÃO - 288.º pela pessoa a quem a lei atribuir o dto de anulação,
CONVALIDANDO o acto.

EFEITOS
CESSA A PRODUÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO NEGÓCIO VICIADO, RETROAGINDO AQUELAS À
DATA DA CELEBRAÇÃO DO NEGÓCIO:
Devolução de tudo o indevidamente prestado ou, se a reconstituição em espécie não for viável, o valor
correspondente.
Eficácia retroactiva é mm face a terceiro, 288.º/4.
Ex. A vende a B, por negócio anulável, uma coisa e vende o mm a C. Confirmação da 1.ª venda torna a 2.ª
viciada p/ilegitimidade do vendedor. (venda de coisa alheia).
Apesar do vício formativo, o negócio produz efeitos como se fosse válido, enqt não forem julgados
procedentes os efeitos da acção de anulação.
O dto potestativo de anular pertence a uma das partes e só aí são destruídos retroactivamente os efeitos
entretanto produzidos.
Se o negócio não for anulado dentro do prazo legal, passa a ser válido. Se for anulado, os efeitos não se
produzirão dd o início.
art. 286º - - art. 287º -
. 1. opera ipso iure - há necessidade de acção
judicial;AUTOMATICAMENTE;
• 2. invocável por qualquer interessado - legitimidade da sua invocação
é de conhecimento oficioso RESTRITA a certas pessoas
• 3. a todo o tempo (salvo usucapião) - 1 ano a contar conhecimento ou da
cessação do vício, se negócio cumprido;
se não cumprido, a todo o tempo – 287º/2;
 - sanável pelo decurso do tempo
• 4. insanável por confirmação - sanável por confirmação – 288.º

PESSOAS COLECTIVAS – 157.º:


1 – NOÇÃO: Organizações aptas à prossecução de interesses colectivos e permanentes, a que a ordem jurídica
atribui PJ.
Agrupamento de pessoas – Associações - concretizar fins comuns. Com ou sem fim lucrativo (98.º CC)
Ex: sociedades, clubes…
Conjunto de Bens – Fundações – 188.º/1 estruturas patrimoniais para atingir fins específicos.
Capacidade de gozo – princ. da especialidade – 160.º CC
Capacidade de exercício – Plena: a lei dota-a de órgãos, através dos quais a pessoa age no mundo jurídico – 162.º

Atribuição de PJ : susceptibilidade de serem titulares de dtos e obrigações sujeito autónomo


apto a realizar o seu escopo
ASSOCIAÇÕES - interesse dos associados. (corporações)
FUNDAÇÕES - interesses humanos colectivos.
- Governadas de fora, de acordo com a vontade do fundador, formalizada no acto de instituição
e nos estatutos. (188.ºCC).
2 - CLASSIFICAÇÕES DOUTRINAIS:
1 - Públicas ou Privadas – As 1ªas podem ser de população e território (Estado, Autarquias locais – freguesia,
município, distrito), ou de serviços públicos personalizados (c/autonomia financeira: universidades e Institutos
públicos). Funções de autoridade estadual, emitem comandos vinculativos.
2 - Pessoas Colectivas de Dto Privado
2.1. De Utilidade Pública :
2.1.1. De fim desinteressado ou altruistico: fins dos beneficiários da p.c. (propõem-se realizar fim público
altruístico (aproveita à comunidade).
Ex. assoc. de beneficência ou humanitárias, Fundações)
2.1.2. De fim Interessado (egoístico dos associados):
2.1.2.1. Ideal ou não económico (desportivo, cultural), vantagens
2.1.2.2. Económico e não lucrativo (socorros mútuos, sindicatos, algumas cooperativas, associações patronais)
– conseguir vantagens patrimoniais para associados
2.2. Utilidade Particular: fim interessado aos associado, económico lucrativo: 980.º CC Ex: sociedades civis ou
comerciais, agrupamentos complementares de empresas e agrupamentos europeus de interesse económico

3 - CLASSIFICAÇÕES LEGAIS – 157.º CC:


1 - Associações – 167.º cc
2 - Fundações – 185.º e 188.º (não corporativas)
3 - Sociedades – 980.º CC – 1021.º
3.1. CIVIS: constituídas nos termos da lei civil, tendo p/objecto a prática de actos não comerciais. (Registo
Nacional de PC)
3.1.1. Civis, constituídas sob forma civil: Não têm P.J.
3.1.2. Civis sob forma comercial, (sujeitas à lei comercial, excepto qt à insolvência).Têm PJ.
3. 2. COMERCIAIS: visam a prática de actos de comércio.
Têm PJ. constituídas sob e nos termos da lei comercial. Cfr a extensão da responsabilidade dos sócios pelas
dívidas sociais, podem ser: Em Nome Colectivo; Anónimas; em Comandita; Por Quotas
A – EM NOME COLECTIVO – responsabilidade pessoal e ilimitada (solidária) face aos credores sociais //
subsidiariamente em relação à sociedade// e solidariamente com outros sócios: 175.º CSC – são sociedades de
pessoas – partes sociais só podem ser cedidas com consentimento de todos.
B – POR QUOTAS – sócios não respondem por dívidas sociais, mas solidariamente responsáveis por todas as
entradas convencionadas no contrato social, respondendo pela realização da sua quota, e ainda,
solidariamente com os demais, pelas prestações devidas à sociedade por algum dos associados, caso eles não
integrem o capital social (que está dividido por quotas): 197.º/1/3 (198.º) e 207.º Ccom. Quotas transmitem-se
por escritura pública.
Ex: capital – 100 mil euros
A – subscreve quota de 50 000 mil euros
B – subscreve quota de 50 000 mil euros
A responde para com a sociedade, pela sua prestação de 50 000; e pela prestação devida à sociedade por B – ou
seja, pode vir a responder por 100 000 euros.

C – ANÓNIMAS – sócios não têm responsabilidade pessoal pelas dívidas da sociedade; credores sociais pagos
por bens sociais.
Capital dividido em fracções, cada uma corresponde a uma acção. Sócios com responsabilidade limitada cfr o
capital que subscreveram (obg. de entrada): 271.º Ccom Sociedade de capitais. Acções livremente
transmissíveis, por mera tradição nas acções ao portador. Conselho Fiscal; Administração, ROC, e mesa da AG
(50 mil euros)
Ex: capital social de 100 000 mil euros dividido em acções de 100 euros cada.
A, que subscreveu 50 acções – responde para com a sociedade por 5000 euros.
Pagas as acções subscritas, nenhuma responsabilidade lhe pode vir a ser exigida
D – SOCIEDADES EM COMANDITA –5 sócios com resp. ilimitada (sócios comanditados) e sócios que só arriscam
o valor das suas entradas, como nas anónimas (sócios comanditários): 465.º CCom

4 – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS da pessoa colectiva:


1 - ELEMENTO FORMAL ou DE FACTO – “SUBSTRATO”
Elemento de facto: dados anteriores à outorga da PJ – Colectividade de associados ou património de bens.
2 - ELEMENTO MATERIAL – “RECONHECIMENTO”
Elemento transformador: processo de criação da pessoa jurídica
4.1 – SUBELEMENTOS do SUBSTRATO:
4.1.1. – Elemento pessoal (ASSOCIAÇÕES) – VONTADE da colectividade de sujeitos associados agrupados para
realizar o fim comum e pp: 167.º
4.1.2. – Elemento patrimonial (FUNDAÇÕES) – complexo de bens que o fundador quis afectar: DOTAÇÃO -
activ. humana está afecta ao interesse do fundador.
4.1.3. - Elemento Teleológico – FIM da colectividade ou da dotação fundacional. 280.º
4.1. 3.1. Determinado ou determinável.
Requisitos gerais do objecto do negócio jurídico: 280.º
4.1.3.2. Comum ou colectivo – v. nulidade do pacto leonino 994.º (fim plural) tb: 157º e 188º,n.º1
4.1.3.3. Escopo duradouro e permanente;
4.1.3.4. Elemento intencional – nova pessoa distinta dos associados ou do fundador. 167.º, 186.º e 980.º

4.1.3.4. Elemento organizatório – preceitos sobre o funcionamento que permitam que ela funcione como
unidade autónoma.
Órgãos: centros institucionalizados de poderes funcionais que expressem da vontade.
Deliberativos (activ. no interior – cérebro – vontade da pc),
Executivos (representativos – braço – gerência nas sociedades por quotas e conselho de
administração nas SA).

Formação do substrato nas ASSOCIAÇÕES:


1 – Elaboração dos estatutos – 167.º/2 – regulamentam órgãos e atribuições.
2 – Acto da constituição – 167.º/1 e 168.º - fixa fim comum, a contribuição de cada um, sede,
funcionamento.
Ambos constam na escritura pública (nulidade) e publicação no DR – 168.º (eficácia).
Formação do substrato nas FUNDAÇÕES:
185.º mediante ACTO do fundador entre vivos (dotação) ou por testamento (neg. jurídico unilateral revogável
até morte do testador), 186.º, 187.º
1 – Elaboração do Estatuto - organização e funcionamento. Vontade presumível do fundador: 187.º/3.
2 – Acto de Instituição e Dotação– onde o fundador indica os fim e especifica os bens que lhe são afectos:
186.º, n.º 1
4.2 - RECONHECIMENTO:
158.º - Elemento de direito – transforma a PC em sujeito, mediante atribuição da pc.
• 1 – NORMATIVO – deriva automaticamente da lei (cumprimento de pressupostos e tipos legais -
associações).
1.2. Incondicionado
1.3. Condicionado à posteriori (associações). Deriva de norma jurídica geral (requisitos gerais e controlo
prévio de legalidade, não de conveniência – caso das associações: Registo definitivo do acto constituinte+
escritura pública em notário + remessa da mm para o JO para publicação + n.º mínimo de sócios).
Soc. comerciais ou civis em forma comercial - normativo condicionado (notário não aprecia sobre a
conveniência da constituição da sociedade, mas tão só as nulidade, assinatura dos subscritores reconhecidas
presencialmente e registo definitivo do acto constituinte q é o contrato social e indicação do objecto, sede e
capital social firma registada no RNPC, registo comercial definitivo na conservatória ou online e publicação do
acto constituinte das sociedades
2 - POR CONCESSÃO - individual e discricionário de autoridade pública administrativa, (pq as fundações
podem ser poderosas e devem ser viáveis – 158.º e 188.º).
O reconhecimento importa a Publicidade da existência da pessoa colectiva.

5 – CAPACIDADE JURÍDICA DAS PESSOAS COLECTIVAS:


Medida de dtos que a PC pode exercer
• DE GOZO – variável: (nome, domicílio, nacionalidade). 160.º - Não testam (2182.º), não adquirem p/sucessão
legitimária (2133.º e 2157.º). Não gozam de dtos inseparáveis da personalidade singular (casamento, filiação,
adopção, parentesco), nem dos não necessários à prossecução do seu fim: 67.º´e 72.º (princ. da
especialidade)
• DE EXERCÍCIO – Aptidão para se movimentar por si pp
Passíveis de resp.civil: 165.º
• Órgãos têm natureza não representativa: natureza orgânica - verdadeira identificação: agindo o órgão é a pp
PC que age, resp. da pp PC
• Orgãos da pessoa colectiva – constituídos por pessoas singulares.
• COMPETÊNCIA - Conjunto de poderes conferidos a cada órgão.
• Singulares e colectivos
• Deliberativos e executivos (exteriorizam vontade c/3.s), v. supra

6 - EXTINÇÃO DAS PESSOAS COLECTIVAS: Causas – 182.º (183.º - decretação da insolvência) e 192.º
7 - EFEITOS DA EXTINÇÃO: 184.º e 166.º e 194.º
• Prática de actos conservatórios necessários à liquidação do património social e ao fecho de todos os negócios
pendentes: pelos demais actos e danos que lhes advenham, respondem solidariamente os administradores que
os praticaram.
• Pelas obrigações que os administradores contraírem, a pessoa colectiva só responde face a terceiros de bf, se
não houver publicidade do acto de extinção: 184.º e 194.º.
INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO
Introdução à Relação Jurídica
Interpretação da lei – fixar o sentido e alcance da lei
Quem a faz? Legislador – interpretação autêntica Juristas ou Doutrinal
• Devemos procurar o sentido da lei conforme desejava quem a escreveu? – interpretação subjetivista.
• Interpretação histórica – quando a lei foi feita.
• Interpretação atualista – sentido da lei no momento da sua aplicação. 9.º, n.º 1
• Devemos procurar o sentido mais razoável: art. 9.º CC – da lei em si mesma, desde que seja inequivocamente
demonstrada no texto – objetivista.

• Elementos da interpretação:
A – Atender às palavras: ELEM. LITERAL ou GRAMATICAL
dp
B – Atender à lógica: ELEM. LÓGICO - Determina o sentido ou espírito da lei lançando mão do elemento
racional ou teleológico (procurar o fim da norma, tendo em conta as circunstâncias em que foi elaborada, 9.º
n. 1), sistemático e histórico.
o que conduz a um

RESULTADO DA INTERPRETAÇÃO:
Declarativa; Extensiva; Restritiva; Corretiva; Abrogante; Enunciativa.
• Declarativa – fixa-se o sentido literal;
• Extensiva – fixa-se sentido mais amplo do que aquele que resulta do texto (877.º, n.º 1 – bisavós incluídos);
• Restritiva – fixa-se sentido mais limitado do que o seu texto – legislador disse mais do que queria dizer (125 só
abrange menores não emancipados);
• Enunciativa – deduz-se uma norma de outra, mediante a utilização de argumentos lógicos:
A lei que permite o mais permite o menos; a lei que proíbe o menos tb proíbe o mais; se uma norma é
excecional, conclui-se que a regra contrária é a geral; a lei que permite os fins permite os meios para os
realizar; a lei que proíbe os fins proíbe os meios para os realizar; a lei que permite os meios permite o
respetivo fim; a lei que proíbe os meios proíbe o respetivo fim

INTEGRAÇÃO DAS LACUNAS DA LEI (casos omissos):


“ENCONTRAR” ou “CRIAR” norma aplicável a caso não previsto: tribunal tem de SUPRIR a
sua falta, INTEGRANDO-A e colmatando o vazio jurídico, nos termos do art. 10.º CC

2 - ESPÉCIES DE LACUNAS:
• LEGIS – de regulamentação – omissão - procura-se norma que discipline casos
semelhantes. 10.º /1 e 2 CC - Caso análogo – mesma razão de decidir. (analogia
legis)
• IURIS – de previsão - não há norma análoga: 10.º/3 – criação de norma dentro do
ESPÍRITO DO SISTEMA – 10.º/3 - O julgador tem de se posicionar como legislador.
• Continua a haver lacuna: integração não é fonte de direito

Diferença entre
• INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA: estende a norma a situações não abarcadas pela sua
letra, MAS envolvidas no seu espírito.
• ANALOGIA: aplica a norma a situações NÃO antevistas nem pelo espírito, nem
pela letra.
• Obediência à vontade presumível do legislador. (razões de justiça relativa)
Limites à Analogia:
• Normas excecionais (só extensiva): 11.º.
• Normas incriminadoras (sanções ou fiscais): 29.º/1,3 e 4 e 103.º/2 e 3 CRP
• Normas de definição completa (numerus clausus): 1306.º/1
• Normas restritivas de DLG: 18.º/2 CRP

A APLICAÇÃO DAS LEIS NO TEMPO


• Quando 2 ou + leis se sucedam no tempo, regulando diversamente a mesma
situação jurídica.
• Só na falta de normas transitórias, é que se aplica a regra geral da NÃO
RETROACTIVIDADE, nos termos do Art. 12.º (princípio geral de direito).
• REGRA GERAL:
12.º/1 - A lei dispõe para o futuro - Princ. da NÃO-RETROACTIVIDADE
• Art. 29.º/1/3/4 e 18.º/3 e 282.º/3, CRP
Ex. do 12.º/1, 1.ª parte:
• Se LN fixa salário mínimo, presume-se que não altera salários já recebidos.
• Se LN fixa nova tx de juro, não afecta juros vencidos.
• Se LN fixa renda máxima para contratos em vigor, não atinge rendas já vencidas.

1 – A LN SÓ rege para o FUTURO, visa FACTOS NOVOS,


POSTERIORES ao início da vigência: 12º/1. Não se aplica a factos passados, nem aos
seus efeitos.
• Disciplina de cada FACTO: a que vigorar no momento - tempus regit actum -
estabilidade e proteção da confiança.

2 – SITUAÇÕES…… aplica-se a LA se a LN se reportar ao FACTO constitutivo da situação;


MAS,
• se a LN dispuser sobre o CONTEÚDO da relação jurídica (direitos e deveres abstraindo dos factos que
lhe deram origem)….. aplica-se a LN às novas relações jurídicas E às situações JÁ CONSTITUIDAS pela
LA, que subsistam à data do início da nova lei: 12.º/2/2.ª parte.

Relação Jurídica - relação da vida social disciplinada pelo direito, mediante:


• Atribuição de um direito subjetivo a uma pessoa
• Imposição da vinculação correspondente a outra (DEVER ou SUJEIÇÃO)
• Poder de exigir ou pretender conduta positiva ou negativa; (dependente da
vontade)
Ou
• Produzir efeitos jurídicos que se impõem inelutavelmente a outra pessoa

ELEMENTOS:
• 1 – SUJEITOS – nexo entre pessoas, titular ativo – detém o poder, passivo (s) sofre
a vinculação;
• 2 – OBJECTO – aquilo (bem jurídico) sobre o que incidem os poderes do sujeito
ativo
Se RJ emerge de contrato de empréstimo – prestação ou conduta a que está adstrito o
devedor, sobre a qual incide o direito subjetivo do credor: restituir.
(pessoas (1879.º, 1881.º e 1884.º); coisas (202.º);
• 3 – FACTO – evento gerador de consequências jurídicas
constitutivos; modificativos; extintivos;
• 4 – GARANTIA – conjunto de providências coercivas.
• Objeto Imediato – CONTEÚDO - conj. de poderes/faculdades e vinculações.
• Objeto Mediato – OBJECTO - AQUILO sobre que incidem os poderes do titular.
BEM de que aquela se ocupa e cujo desfrute se assegura. Quid - aquilo
Ex: A é proprietário de x.
Conteúdo do direito de propriedade: usar, fruir e dispor
Objeto é a
• DTOS DE CRÉDITO – prestação de coisa certa e determinada:
Ex: A empresta a B 250 E
Obj. imediato- direito de crédito de A e obrigação de B - prestação em si mesma ou
pagamento (conduta humana) dos 250 E, por B
Obj. mediato - coisa a prestar: acede-se à coisa mediante a prestação

FACTO – evento (natural ou humano) gerador da relação que produz efeitos jurídicos.
(217.º ss)
I - Factos jurídicos voluntários lícitos
1. SIMPLES ACTOS JURÍDICOS – 295.º - (efeitos produzem-se independentemente
da vontade das partes, decorrendo diretamente da lei)
- Operações Jurídicas (pintar um quadro, comer um pão, achar um tesouro, 1324.º) e
Atos Jurídicos quase negociais (decl. de nascimento, casar)

2. NEGÓCIOS JURÍDICOS (voluntários) - Lib. de celebração e de estipulação


• 2.1 Unilaterais (TESTAMENTO, revogação de procuração, despedimento) -
TIPIFICADOS
• Uma ou mais decl. de vontade no mm sentido, independente da concordância de
outrem.
• 2.2. Bilaterais ou CONTRATOS (vontade convergente)
• 2.2.1. Contratos Unilaterais (DOAÇÃO: obrig de um só lado, sem
contraprestação do outro)
• 2.2.2. Contratos Bilaterais (contrato de trabalho)

DIREITO VIII – ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICAS


OBJECTO DA RELAÇÃO JURÍDICA – V. SUPRA
• Tudo aquilo sobre o que pode recair ou incidir um direito subjetivo
• Quando a prestação a que se está adstrito consiste na ENTREGA de uma coisa
(conduta), distingue-se entre:
A prestação em si mesma – OBJECTO IMEDIATO da relação
ou
A coisa a prestar – objeto da pp prestação, ou OBJECTO MEDIATO da relação

1 - 202º - NOÇÃO de COISA


Características da coisa para ser objeto de relações jurídicas (de direitos subjetivos):
1 - Existência autónoma ou separada (uma casa é uma coisa, mas as paredes que a
integram não o são);
2 – Carecida de personalidade jurídica;
3 - Possibilidade de apropriação exclusiva por parte de alguém;
4 – Aptidão para satisfazer necessidades humanas.
COISAS FORA DO COMÉRCIO JURÍDICO – Domínio público: praias, estradas, monumentos
(pode haver concessão de exploração)

2 - 203.º - CLASSIFICAÇÃO
1 – Corpóreas e incorpóreas (bens imateriais e inventos);
2 – No comércio jurídico ou fora dele
3 – Imóveis e móveis – 204.º
(Prédios são terrenos e edifícios, logo uma quinta é um prédio)
- Prédio rústico - porção delimitada de solo (TERRENO) c/construções nele
incorporadas, ao serviço do solo onde se integram, desde que não tenham autonomia
económica.
Ex: vinha, c/muros e lagares edifício de recolha de alfaias e celeiros e águas
incorporadas no solo, olival.

- Prédio urbano – EDIFÍCIO (casa de habitação) incorporado no solo com terrenos que
lhe sirvam de logradouro – i. é pátios, quintais e jardins. (sem muros)
Ex: Casa desmontável não é prédio urbano é coisa móvel.

- Águas (discriminadas no 1386.º) Quando desintegradas da propriedade adquirem


autonomia jurídica, enquanto integradas nas margens: curso de água é “parte
componente” uma unidade do prédio respetivo onde se encontram (lagos, lagoas e
fontes).
- Árvores, arbustos e frutos – ENQUANTO ligados ao solo. (utilidades), dp de cortados
são autónomos e móveis
212.º/1 – Frutos – periodicidade e não alteração da substância da coisa que os produz.
(crias dos animais, ovos, cortiça, etc)
• Direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas anteriores: usufruto,
servidões, hipoteca, etc.

- Partes integrantes dos prédios – coisas, em si mesmas, móveis material e


permanentemente ligadas aos prédios, mas enquanto ligadas materialmente ao prédio
estão sujeitas ao mm regime jurídico, aumentando –lhe a utilidade: 204º, n.º3 seguem a
coisa principal.(salvo cl.contrário). – Imóveis por destinação.
Ex: instalações elétricas, antenas ou para-raios (energia é coisa móvel), elevadores.

Partes componentes (diferentes das anteriores) - fazem parte da estrutura do prédio,


sem as quais não está completo para o uso a que se destina.
Ex: paredes, vigas, alicerces, telhados
Móveis – 205.º - td o não englobado no 204.º (determinação negativa). Engloba seres
semoventes ou tertium genus e criações do espírito, 202 B, coisas móveis suscetíveis de
ser apropriáveis.
4 - Presentes e Futuras – 211.º
Não existem ainda (frutos que virão a nascer de um certo pomar), ou existem
mas não estão na esfera do disponente (peixes que pescador apanhará), apartamento
não findo.
Negócios sobre coisa futura – V.: 399.º (408.º/2, 880.º, 893.º, 892.º e 942.º)

5 - Coisas divisíveis e indivisíveis - 209.º


Fracionadas s/alterar a sua substância, valor e função própria.
Ex: Biblioteca, serviço de pratos. Ex: quadros, estátuas, animais vivos

6 - Coisas simples e compostas - 206º


• As primeiras têm individualidade unitária natural ou humana: esmeralda, moeda,
coroa, baralho de cartas, anel.
• As segundas COMPOSTAS são universalidades de facto – 206.º/1 - Coisa
constituída por vários elementos individuais, mas da sua agregação resulta um
todo unitário e conexo, sob o ponto de vista económico, que o Direito trata de
modo único. MAS, cada coisa pode ser objecto de relações jurídicas pps, pois
pode ter destino unitário: 206.º/2 Ex: rebanho, biblioteca jurídica, joia com várias
pedras, garrafeira, coleção de selos ou moedas, enxame, baralho de cartas.
• Não são coisa composta uma abelha do enxame, uma carta do baralho de
cartas, uma luva do par de luvas, pq não têm individualidade económica

7 - Coisas principais e acessórias (pertenças) – 210º


• As primeiras existem sem dependerem de outras. (casa).
• As segundas são móveis ao serviço da coisa principal, em virtude de vínculo
funcional ou económico. Os negócios que incidem sobre a coisa principal, não
implicam a acessória.
• Ex: animais ou utensílios de lavoura do prédio rústico; moldura de um quadro.

8 – Coisas Fungíveis e Infungíveis – 207.º


Conforme são ou não substituíveis por equivalente, género e quantidade.

9 – Consumíveis e não consumíveis – 208.º


BENFEITORIAS: 216.º - despesas efetuadas para, conservar ou melhorar a coisa.
Necessárias: evitar perdas ou destruição de coisa - conservação.
Úteis: não indispensáveis, mas valorizam o valor.
Voluptuárias: não indispensáveis, nem aumentam o valor, servem interesses pps de quem
as empreende.

• CONTRATO (v. supra classificação dos factos) – 405.º a 456.ºCC


• ACORDO DE VONTADES - Princípio da eficácia relativa dos contratos.
• Regime jurídico – 217.º a 294.º - Fase preliminar – boa fé – 227.º (239, 762/2
• Proponente faz a oferta ou “PROPOSTA” (irrevogável dp de chegar à esfera do
destinatário (230.º), mantendo-se durante o 228.º, tendo em conta o 235.º).
• Aceitante - destinatário que concorda, surgindo o contrato por Mútuo consenso –
224.º - “ACEITAÇÃO” deve ser comunicada ao proponente
• Aceitação c/aditamentos é não aceitação, se a modificação for precisa a aceitação
vale como nova proposta – 233.º
• Proposta dirigida a pessoas indeterminadas: convite para contratar, não
verdadeira declaração. (alguém anuncia em jornal stock de mercadorias, etiqueta
é proposta negocial).

I - ELEMENTOS ESSENCIAIS DOS CONTRATOS (Acordo de vontades)


1 - Capacidade e legitimidade das partes
2 - Mútuo consenso – 217.º ss
3 - objeto possível ou idoneidade do objeto
Artigo 227.º - Culpa na FORMAÇÃO dos contratos
Responsabilidade civil PRÉ-CONTRATUAL
CULPA IN CONTRAHENDO
1. Quem NEGOCEIA com outrem para conclusão de um contrato DEVE, tanto nos preliminares como na
FORMAÇÃO dele, proceder segundo as regras da BOA FÉ, sob pena de RESPONDER (obrigação de
indemnização – arts. 562.º e ss.) pelos DANOS (4.º req.) que CULPOSAMENTE (3.º req.) causar à outra
parte (5.º req. – Nexo de causalidade adequada entre o facto ilícito e os danos causados – art. 563.º)
2. A responsabilidade prescreve nos termos do artigo 498.º - art. relativo à responsabilidade civil
extracontratual, ou seja, no prazo de 3 anos a contar do conhecimento do direito.
os REQUISITOS são os da responsabilidade civil EXTRA-OBRIGACIONAL - 483.º/1 n

1) Facto Voluntário: incump. das regras da BOA FÉ OU dos DEVERES LATERAIS


2) Ilícito: incumprimento das regras da BOA FÉ e dos DEVERES LATERAIS (ilícito pré-contratual)
3) Culpa: falta de diligência, cuidado e atenção - aplica-se o art. 487.º, n.º 2, diretamente, se entendido
ser a responsabilidade pré-contratual uma modalidade da responsabilidade extracontratual, ou por
remissão do art. 799.º, n.º 2, se considerado que se trata de responsabilidade contratual.
4) Dano: Muito CUIDADO, porque há casos TÍPICOS de RUPTURA INJUSTIFICADA de negociações, i.e, de
RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL, MAS em que NÃO se consegue PROVAR os DANOS. E, aí, NÃO há
QUALQUER RESPONSABILIDADE! Esta questão do apuramento dos DANOS é a MAIS importante quanto
à responsabilidade civil.
5) nexo causal entre o facto ilícito e os danos causados: “que causar à outra parte”

MÚTUO CONSENSO – fusão das declarações de vontade


“Declaração negocial” – comportamento que exterioriza a vontade negocial e exibe
seu conteúdo: 217.º ss. Tácita ou expressa
Sua falta: “INEXISTÊNCIA” do negócio
É composta:
• 2.1.1. Decl. pp/ dita: comportamento declarativo
ELEMENTO EXTERNO
Sua falta: inexistência do negócio

• 2.1.2. VONTADE: o querer, objetivo e real


ELEMENTO INTERNO

• 2.1.2.1. Vontade de ação – consciência e intenção de realizar \o negócio –


voluntariedade.
Sua falta: coação física, 246.º, DIVERGÊNCIA NÃO INTENCIONAL
• 2.1.2.2. Vontade da Declaração – o declarante quer atribuir ao seu
comportamento o valor de uma decl. negocial.
Sua falta: “DIVERGÊNCIA” ENTRE A VONTADE E A DECLARAÇÃO
O que se quer, é diferente do que se diz querer!
Ex: A assina decl. negocial julgando estar a assinar doc. de arquivo; A entra em leilão e
levanta braço para cumprimentar amigo e aceita oferta.
• Divergência intencional: Simulação 240.º /reserva mental 244.º /declarações não
sérias 245.º
• Divergência não intencional: erro na declaração 247.º e coação física 246.º

• 2.1.2.3. A vontade negocial ou Intenção de Resultado – vontade efetiva de


celebrar aquele concreto negócio jurídico, coincidente c/a sua vontade de
declaração.
Sua falta: “DESVIO” na vontade negocial.
Declarante atribuiu sentido diverso do que foi externamente captado.
Ex: A declara que quer comprar Quinta da Torre, porque pensava que a Quinta
de Cima que comprou assim se chamava.

• VÍCIOS DA VONTADE (na motivação da conduta):


Diz-se o que se quer, mas a vontade foi mal formada!
Perturbações do processo formativo da vontade, não constituída de modo livre e
esclarecido. (exato conhecimento e liberdade exterior): INVALIDADE do negócio.

I - Vontade formada com falsa representação da realidade: Erro. 251.º, 252.º -


invalidade do contrato
Se espontâneo, enganou-se: “erro-vício”
Se provocado, foi enganado: “dolo”: 253.º.
II – Vontade determinada sem liberdade, sob ameaça: Coação moral.
Incapacidade acidental: 257.º
Estado de necessidade: 282.º
OBJECTO POSSÍVEL – 280.º
• Objeto imediato ou conteúdo – efeitos a que tende o negócio
Ex: Venda: transferência de propriedade de carro
• Objeto mediato – realidade sobre que incide o objeto (bem ou serviço)
Ex: o pp carro vendido

• Determinabilidade – 1 coisa pode estar individualizada apenas pelo género,


qualidade e quantidade, ficando para + tarde a determinação concreta mediante
especificação
(Ex: 100 toneladas de uvas brancas)
• Ordem pública – conjunto de princípios fundamentais que o Estado deve
preservar. Conceito evolutivo
• Bons costumes – regras morais e de conduta social, generalizadamente
reconhecidas. Regras éticas. Conceito indeterminado que o interprete atribui caso
a caso: 271.º, 280.º/2 e 281.

• A prestação é indeterminada quando INEXISTE QUALQUER CRITÉRIO para proceder
à sua determinação, pelo que a obrigação é NULA - 280.º/1, in fine.
• A exigência da DETERMINABILIDADE da prestação constante da parte final do n.º 1
do art. 280.º é aplicável à FIANÇA, NÃO PODENDO alguém declarar-se FIADOR de
TODAS as DÍVIDAS INCLUINDO AS FUTURAS, sem critério, nem limite (FIANÇA
GENÉRICA). Não devendo o fiador ficar exposto a riscos excessivos. A menos que
se reporte a obrigações já constituídas.
• Pode admitir-se a nulidade parcial do contrato, nos termos do art. 292.º, que
consagra a presunção da divisibilidade do negócio

2 - CLASSIFICAÇÕES DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS (CONT):


1 – Unilaterais ou bilaterais
2 - Entre-vivos ou “mortis-causa” – Ex. testamento – 2179.º
3 – Consensuais ou Formais (solenes) – 219.º (220.º e 364.º) -
• Os 1.ºs celebram-se por qq meios declarativos.
• Os 2.ºs exigem forma prescrita pela lei sob pena de nulidade.
• Ex: documento autêntico - 363.º, 168.º, 185.º/3, 875.º, 947.º, 1143.º; ou particular
947.º/2, 1239.º. Este pode ser autenticado (confirmados pelas partes perante o
notário) ou com reconhecimento notarial (“simples” - presencial de letra e/ou
assinatura ou “com menções especiais” - presencial ou por semelhança, ou seja
confronto de assinaturas)
4 – Consensuais ou Reais – estes últimos exigem a prática de certo ato material que
transfere a posse (entrega). Ex: 1185.º e1142.º
5 – Negócios obrigacionais, reais, familiares e sucessórios: natureza da relação (extensão
da L.C.: 405.º)
• Obrigacionais: lib. de celebração e fixação de conteúdo.
Direitos relativos. Neg. unilaterais: princ. da tipicidade 457.º.
• Familiares pessoais: não há lib de fixação de conteúdo
casamento, perfilhação e adoção e apadrinhamento
• Familiares patrimoniais: conv. antenup: 1699.º e 1714.º
• Reais – Quanto aos efeitos: tipicidade limita liberdade contratual.
1306.º Implicam transferência de posse.
6 – Patrimoniais ou pessoais: natureza da relação e amplitude da L.C.
• Os primeiros - Vontade declarada triunfa sobre a real. (exceto no testamento)
• Os segundos - prevalência da vontade real do declarante sobre a sua
manifestação exterior.
7 – Causais ou Abstratos: nestes a causa não é relevante podendo preencher muitas
funções e efeitos (aceite de uma letra). Naqueles o conteúdo depende da causa: 458.º
8 - Onerosos ou Gratuitos: Os1.ºs pressupõem prestações patrimoniais como
correspectivo. (1145.º, 1146.º 282, 283.º e 284.º). Nos 2.ºs há animus donandi:
proporcionar vantagem à outra parte sem qq contrapartida (doação, depósito, mútuo
gratuito)
9 – Típicos e inominados ou atípicos: Os 1.ºs são fixados e regulados expressamente pela
lei: 874.ºss. Os 2.ºs são celebrados ao abrigo da autonomia da vontade.
10 – Comutativos ou Aleatórios – Ambos são onerosos.
• Nos últimos há uma álea pois só uma das partes pode ganhar (aposta 1245.º, jogo
e seguros 425.º CCom.). Não constituem fonte de obrig. civis, só naturais. Excepto
as competições desportivas: 1246.º; apostas de cavalos e provas de obstáculos;
tômbolas e sorteios só mediante autorização do Ministro do Interior ou exploradas
pela Santa Casa da Misericórdia (legislação especial)
11 – Sinalagmáticos ou não sinalagmáticos: cfr geram obrig. recíprocas 1129 é não
sinalagmático (comodato gratuito e doação)
2 - CLASSIFICAÇÕES DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS (CONT):
1 – Unilaterais ou bilaterais

2 - Entre-vivos ou “mortis-causa” – Ex. testamento

3 – Consensuais ou Formais (solenes) – 219.º (220.º e 364.º) -


Os 1.ºs celebram-se por quaisquer meios declarativos.
Os 2.ºs exigem forma prescrita pela lei sob pena de nulidade.
Ex: I - documento autêntico - 363.º, 168.º, 185.º/3, 875.º, 947.º, 1143.º; ou II - particular
947.º/2, 1239.º.
Este pode ser:
II – A) autenticado (particulares confirmados pelas partes perante notário, que certifica
conteúdo do doc.) ou com
II – B) reconhecimento notarial
II - B-1“simples” – sp presencial de letra e/ou assinatura, ou
II- B-2- “por semelhança ou c/menções especiais”
II- B-1.1. presencial ou por
II-B-1.2. semelhança, ou seja, simples confronto de assinaturas do cc)

4 – Consensuais ou Reais – estes últimos exigem a prática de certo ato material que
transfere a posse (entrega). Ex: 1185.º e1142.º

5 – Negócios obrigacionais, reais, familiares e sucessórios: natureza da relação (extensão


da L.C.: 405.º)
Obrigacionais: lib. de celebração e fixação de conteúdo.
Direitos relativos. Neg. unilaterais: princ. da tipicidade 457.º.
Familiares pessoais: não há lib de fixação de conteúdo
casamento, perfilhação e adopção e apadrinhamento
Familiares patrimoniais: conv. antenup: 1699.º e 1714.º
Reais – Quanto aos efeitos: tipicidade limita liberdade contratual.
1306.º Implicam transferência de posse.

6 – Patrimoniais ou pessoais: natureza da relação e amplitude da L.C.


Os primeiros - Vontade declarada triunfa sobre a real. (exceto no testamento)
Os segundos - prevalência da vontade real do declarante sobre a sua manifestação
exterior.

7 – Causais ou Abstratos: nestes a causa não é relevante podendo preencher muitas


funções e efeitos (aceite de uma letra). Naqueles o conteúdo depende da causa: 458.º

8 - Onerosos ou Gratuitos: Os1.ºs pressupõem prestações patrimoniais como


correspetivo. (1145.º, 1146.º 282, 283.º e 284.º). Nos 2.ºs há animus donandi:
proporcionar vantagem à outra parte sem qualquer contrapartida (doação, depósito,
mútuo gratuito)

9 – Típicos e inominados ou atípicos: Os 1.ºs são fixados e regulados expressamente pela


lei: 874.ºss. Os 2.ºs são celebrados ao abrigo da autonomia da vontade.

10 – Comutativos ou Aleatórios – Ambos são onerosos.


• Nos últimos há uma álea pois só uma das partes pode ganhar (aposta 1245.º, jogo
e seguros 425.º CCom.). Não constituem fonte de obrig. civis, só naturais. Excepto
as competições desportivas: 1246.º; apostas de cavalos e provas de obstáculos;
tômbolas e sorteios só mediante autorização do Ministro do Interior ou exploradas
pela Santa Casa da Misericórdia (legislação especial)

11 – Sinalagmáticos ou não sinalagmáticos: cfr geram obrig. recíprocas 1129 é não


sinalagmático (comodato gratuito e doação)
CONTRATO–PROMESSA - convenção pela qual ambos os contraentes, ou só um deles
(promessa unilateral 411.º), se obrigam à futura celebração de um contrato (contrato-
prometido), dentro de determinado prazo.
410.º a 413.º, 441.º, 442.º, 755.º/1f) e 830.º
• Os promitentes proferem declaração negocial de vontade com vista a realizar o
contrato prometido. (definitivo)

I - ELEMENTOS ESSENCIAIS:
• 1 – Identificação dos Contraentes;
• 2 – Identificação do objeto mediato (c/referência a ónus e encargos e local,
confrontações, n.º predial, artigo matricial);
• 3 – Identificação do objeto imediato (o contrato a celebrar)
• 4 – Indicação do preço (forma e calendário);
• 5 – Data limite (elem. acessório, mas imp. devido à mora e data de celebração);
• 6 – Referência à tradição da coisa;
• 7 – Referência ao sinal, reforço de cláusula penal ou execução específica (que são a
sanção por incumprimento)
• 8 – Local e Data;
• 9 – Assinatura dos contraentes.

REQUISITOS DE VALIDADE:
• Regra geral:
• Princípio da Equiparação – 410.º, n.º 1 CC
i.é. são aplicáveis aos CP:

- Regras gerais do negócio jurídico (ex: capacidade das partes);


- Regras específicas do contrato prometido
-----EXCEPÇÃO À REGRA DA EQUIPARAÇÃO:
- 1 – Normas que quanto à substância não sejam extensivas à forma do CP.
- 2 – Não se aplicam disposições legais que disciplinam a forma do contrato prometido:
410.º, nº1.
• 2 – Disposições relativas à forma:

N.º 2 e 3 do 410.º (teste)

• 1ª hipótese: Contratos-prometidos para os quais se exija documento autêntico ou


autenticado (Atenção que o imóvel (p.urbano) está no 410.º, n.º3, que é desvio do
regime do 286.º - nulidade mista), devem seguir a forma do contrato prometido:
CP reduzido a ESCRITO e ASSINATURA do contrato.
• 2.ª Hipótese: se a celebração se referir a contratos onerosos de transmissão ou
constituição de direitos reais sobre edifícios, ou suas frações autónomas,
construídas ou em fase de construção, ou já em projeto (não para prédios rústicos,
ou para terrenos para construção mm c/projeto aprovado): 410.º, nº3:
reconhecimento presencial das assinaturas e certificação da licença de
construção ou de utilização.
• Nulidade mista – desvio ao regime do 286.º, pois só pode ser invocada pelo
promitente adquirente, o outro só a poderá invocar se a omissão tiver sido
culposamente causada pelo beneficiário da promessa. Passível de sanação ou
convalidação (cfr. art. 906º, ex vi do art. 913º) pela superveniente legalização da
construção ou na ulterior apresentação da licença.

• 1 – Normas do Contrato prometido que não devem ser extensivas ao CP:


• Válido CP de venda de coisa alheia 892.º, ou de bens pp ou comuns no regime de
comunhão 1682.ºA
EFICÁCIA DO CONTRATO-PROMESSA, 413.º:
REGRA-GERAL: efeito meramente obrigacional – 406.º
Ex: A promete vender a B, terreno p/ 50.000 E.
Entretanto vende a C, pelo dobro
B pode ser indemnizado por A (dobro do sinal)
B não tem qqs dtos sobre C,
C não é obrigado a restituir. (é 3.º ao negócio A e B)
EXCEPÇÃO: EFICÁCIA REAL (por convenção entre as partes)
B já podia reivindicar o terreno de C, anulando o negócio entre C e A:
Beneficiário da promessa é titular de direito real de aquisição: prevalece sobre
diritos pessoais ou reais referentes à coisa, dd que se não encontrem registados antes
do registo do CP.
Assim, a alienação de coisa não impede execução específica. (sentença que produz
efeitos da declaração negocial do promitente faltoso)

REQUISITOS, sob pena de eficácia meramente obrigacional (não oponível a terceiros):


- A - objeto imediato: transmissão ou constituição de direitos reais
- B - objeto mediato: bens imóveis ou móveis sujeitos a registo

- 1 - Declaração expressa de atribuição de eficácia real: 413.º, nº1.


- 2 - Constar de escritura Pública ou doc. particular autenticado, se for essa a forma
exigida para o contrato prometido: 413.º, nº2. Se a lei não exigir tal forma para
contrato prometido basta doc. particular com reconhecimento das assinaturas
(automóveis, mm sem este requisito é válido pelo 219.º)
- 3 - Inscrição do CP no REGISTO: 413.º, nº1.
Se a promessa tiver eficácia real, PREVALECE sobre todos os direitos que
POSTERIORMENTE ao REGISTO da PROMESSA se constituírem em relação à coisa, tudo
se passa como se a alienação ou oneração se tivesse efetuado na data em que a
PROMESSA foi REGISTADA.
Verificados os requisitos assinalados no art. 413.º, os direitos de crédito nascidos do
contrato-promessa vêm a sua EFICÁCIA ampliada perante terceiros (art. 406°, n.º 2),
oponíveis erga omnes, graças ao REGISTO DA PROMESSA efetuado (cfr., por ex., art. 5°
do Cód. Reg. Pred.), com PRIMADO, portanto, sobre todos os direitos (pessoais ou reais)
relativos ao mesmo objeto, não registados anteriormente.
Por isso, a AQUISIÇÃO feita por TERCEIRO será INEFICAZ - ineficácia relativa - em relação
ao promissário, que PODE EXIGIR o CUMPRIMENTO (leia-se, EXECUÇÃO ESPECÍFICA) do
seu direito à celebração do contrato prometido, nos termos do art. 830.º
INCUMPRIMENTO DA PROMESSA:
1 - MORA ou 2 - INCUMPRIMENTO DEFINITIVO

1 – MORA:
830.º - Possibilidade de requerer execução específica :
- Promitente fiel pode obter sentença que supra a inércia do promitente faltoso,
recorrendo ao 830.º/1 – sentença constitutiva que substitui a falta de manifestação de
vontade, possuindo a mesma eficácia do contrato prometido, mm para efeitos de registo,
SE NÃO HOUVER CONVENÇÃO EM CONTRÁRIO (ou seja, as partes não a afastarem,
presumindo-se (830.º/2, 350.º - ilidível) que se houver sinal ou cláusula penal tal hipótese
foi efetivamente por eles afastada – NATUREZA SUPLETIVA) ou a natureza da obrigação
assumida não se oponha à mesma.
- MAS, o 830.º/3 diz que a CE nunca pode ser afastada nas promessas a que se
refere o 410.º/3 – (NATUREZA IMPERATIVA), mm que haja sinal e cláusula em
contrário.
- 410/ 3 - No caso de promessa respeitante à celebração de contrato oneroso de
transmissão ou constituição de direito real sobre edifício, ou fracção autónoma dele, já
construído, em construção ou a construir, o documento referido no número anterior
deve conter o reconhecimento presencial das assinaturas do promitente ou
promitentes e a certificação, pela entidade que realiza aquele reconhecimento, da
existência da respectiva licença de utilização ou de construção; contudo, o contraente
que promete transmitir ou constituir o direito só pode invocar a omissão destes
requisitos quando a mesma tenha sido culposamente causada pela outra parte.
839 /3 3 - O direito à execução específica não pode ser afastado pelas partes nas promessas
a que se refere o n.º 3 do artigo 410.º; a requerimento do faltoso, porém, a sentença que
produza os efeitos da sua declaração negocial pode ordenar a modificação do contrato nos
termos do artigo 437.º, ainda que a alteração das circunstâncias seja posterior à mora. 

-
Só não é possível a execução específica (natureza da obrigação assumida), se for
impossível o objeto, ou impossível o suprimento da declaração de vontade.
Ex: consentimento do cônjuge ou do proprietário na venda de coisa alheia.

2 - INCUMPRIMENTO DEFINITIVO
Promitente comprador tem o direito a extinguir o CP – resolução
2.1. Incumprimento do Comprador:
• Havendo sinal - perde o sinal – 441.º (presunção ilidível) - sem outra indemnização,
se não havia estipulação em contrário, 442.º, nº4.
• Não havendo sinal – indemnização fixada nos termos da responsabilidade civil

2.2. Incumprimento do Vendedor, SEM TRADIÇÃO DA COISA:


• 2.2.1- Devolver o DOBRO DO SINAL, 442.º, nº2 (só, embora se contabilize
benfeitorias e juros);
• 2.2.2 Incumprimento do vendedor, COM TRADIÇÃO DA COISA:
EM ALTERNATIVA ao dobro do sinal
• 442º, n.º 2, 2ª parte:
• indemnização correspondente ao AUMENTO DO VALOR DA COISA, e
DEVOLUÇÃO DO SINAL EM SINGELO, podendo o não faltoso a isso se opor,
oferecendo-se para cumprir a promessa: 442º, nº3
• Direito de Retenção – sobre a coisa a que se refere o contrato-prometido até
efetivo pagamento (garantia do crédito indemnizatório)
(direito real de garantia- 755º/1 f)

IX – GARANTIA DA RELAÇÃO JURÍDICA


CONJUNTO DE MEIOS SANCIONATÓRIOS DISPONIBILIZADOS PELO ESTADO, ATRAVÉS DOS TRIBUNAIS (ART. 20.º
CRP), QUE PERMITEM ASSEGURAR O CUMPRIMENTO DOS DEVERES JURÍDICOS, NO CASO DE ESTES NÃO SEREM
VOLUNTÁRIAMENTE CUMPRIDOS PELO SUJEITO PASSIVO DA RELAÇÃO JURÍDICA
Se devedor não cumpre: credor obtém o seu dto, intentando acção no tribunal, que nomeará à penhora
(apreensão judicial) os bens do devedor, necessários e suficientes ao cumprimento da obrigação. (pelo produto
da venda satisfazer o dto ofendido do credor).
I - Garantia COMUM DAS OBRIGAÇÕES – 601.º e 818.º - Património do devedor (BENS SUSCEPTÍVEIS DE
PENHORA) – a favor dos credores comuns ou quirógráficos. (v. 610.º ss e 619.º ss) Se insuficientes: rateio,
sendo o produto da venda dividido proporcionalmente entre eles – 604º
II - Garantias ESPECIAIS – Pessoais e Reais (responsabilização de certas pessoas e bens e a favor dos credores
preferentes) credores preferentes

• II.A. - PESSOAIS – reforço quantitativo da garantia do credor – o património de outra pessoa fica
adstrito a realizar a prestação

II.A.1. - FIANÇA – 627.º


(Obrigação acessória da obrigação principal – 651.º e 654.º explica o conteúdo da obrigação do fiador)
Benefício da excussão – 638.º. e 639.º
Se o devedor demandar apenas o fiador, pode este chamar à demanda o afiançado.
Se o fiador cumprir fica sub-rogado nos dtos do credor, devendo avisar o devedor do seu cumprimento
644.º e 645.º.
O fiador tb pode ser afiançado – Subfiança ficando subfiador todo aquele que afiança o fiador face ao
credor.
O subfiador tem benefício da excussão face ao fiador e face ao devedor. 630.º e 643.º.
Fiador pode ser afiançado - 630 e 643

II.B. Garantias REAIS dtos reais que t~em por função garantir um crédito
Incidem sobre valor ou rendimento de bens certos e determinados, do devedor ou de terceiro, concedendo
preferência no pagamento pelo valor desses bens, face aos credores comuns, mesmo que venham a ser
posteriormente alienados, ou seja, mesmo que estejam em património de terceiro.
Credor adquire dto de ser pago, preferencialmente, ao credor comum, pelo valor de tais bens ou
rendimentos, DD que a garantia tenha sido registada, ressalvados ficando os privilégios creditórios e os dtos
de retenção.
EX: Consignação de rendimentos – Penhor – Hipoteca –
Privilégio creditório – dto de retenção- Penhora e arresto.

II.B.2 HIPOTECA – 686.º ss - Incide sobre certos imóveis (688.º a 691.º), ou móveis suj. a registo (vg
automóveis), pertencente ao devedor ou a terceiro.
Registada, sob pena de ineficácia, 687.º
Se voluntária deve ser constituída por escritura pública 714.º
695.º - Bens não têm de sair da posse, podendo seu titular aliená-los..
Se devedor não pagar: credor pode penorar e executar os bens, seja quem for, na altura, o seu possuidor
725.º, e pagar-se, preferencialmente pelo produto da venda, 725.º, face a outros credores que não gozem de
privilégio especial ou de prioridade de registo, mm que tenham sido transferidos para o património de
terceiro. 686.º
Sobre a mm coisa podem incidir várias hipotecas - 713.º, estabelecendo-se graduação de pagamentos
conforme regras da prioridade do registo.Todos têm preferência sobre os credores comuns.
Tipos- legais, (ex: Estado sobre o bem cujo rendimento esteja sujeito a contribuição), judiciais (710º) e
voluntárias (712º)
Extinção – 730.º
II.B.3. PENHOR – 666.º - dto real de garantia.

Implica a entrega da pp coisa ao credor: 669º


Incide sobre: móveis (669.º), créditos ou dtos não hipotecáveis.
A coisa pode ser vendida judicialmente, promovendo o credor pela sua venda, a fim de se poder pagar pelo
crédito. 675.º.
Constituído pelo pp devedor e por terceiro: 667.º/1., mas só pode dar bens em penhor quem os puder alienar.
Uma vez na posse o credor pignoratício deve guardar e administrar a coisa como se fosse um proprietário
sagaz, e não a usar, excepto se tal for indispensável à sua conservação, e restitui-la logo que se extinga a
obrigação a que serve de garantia: 671º.
Vencida a obrigação se o devedor não realizar a prestação: credor adquire o dto de se pagar,
preferencialmente aos credores comuns, pelo produto da venda judicial: 675
Pode haver penhor de coisas ou de direitos,668.º e 669.º e 679.º

Dtos do credor pignoratício: 670.º


Recorrer à protecção possessória, mm contra o dono.
Ser indemnizado pelas benfeitorias necessárias e ao levantamento das úteis, ou indemnização calculada pelas
regras do enriquecimento sem causa.
Exigir o reforço do penhor se a coisa perecer ou se tornar insuficiente para a segurança da dívida, por facto
não a si imputável.
Promover a venda judicial antecipada da coisa empenhada, por justo receio de que ela se perca ou deteriore,
mediante prévia autorização judicial
674.º//vencida a obrig. tem dto a satisfazer o seu crédito pelo produto da venda da coisa
Deveres: 671.º
Extinção: 677.º

II.B.4. PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS – 733.º -


Dto concedido a certos credores de serem pagos com preferência a outros (até ao valor dos mm bens).
Não carecem de registo incidem sobre imóveis ou equiparados e móveis.
Garantia + forte que a hipoteca:
§retenção, ainda que anteriores: 751.º e 746.º.

MOBILIÁRIOS:
Gerais (736.º e 737.º) ou Especiais (738.º a 742.º). (ex: crédito por despesas do funeral e crédito de
trabalhadores; despesas de justiça e imposto sobre sucessões e doações; etc, contribuição autárquica e
impostos de transmissão, regime de previdência, contrato individual de trabalho, etc).

IMOBILIÁRIOS: 743º e 744º


Gozam de preferência sobre qq garantia real, mm anterior
Efeitos e Extinção: –

745.º a 751.º e 752.º e 730.º


- Só os especiais, são verdadeiras garantias reais das obrigações, pois só eles conferem dto de SEQUELA
sobre os bens em que recaem – 749.º.
Nos restantes há apenas preferência na execução, face aos credores comuns, pela ordem indicada no
746.º a 751.º CC

II.B.5. DTO DE RETENÇÃO – 754.º


• Detenção lícita de uma coisa móvel ou imóvel que deve ser entregue a outrem;
• Detentor é credor da pessoa com dto à entrega;
• Entre os dois créditos existe um nexo: despesa feitas por causa e a propósito dessa coisa
ou por danos por ela causados (função de garantia) não existindo se a outra parte prestar
caução.
• Ex: transportador, albergueiro, mandatário, gestor de negócios, depositário e comodatário,
promitente comprador com tradição).
• Dever de conservação e administração da coisa.
• Prevalece sobre a hipoteca, mm se anterior, se recair sobre imóvel, sendo pago com
prefer~encia sobre os restantes credores – 759.º
• Extingue-se pelas mm causas da hipoteca ou pela entrega da coisa (760.º e 761.º e 730.º)
II-B- 6 – Consignação de rendimentos: 656.º
• De bens imóveis ou móveis sujeitos a registo

• Voluntária ou judicial 660.º/1 ou 658.º


• Sujeita a escritura pública, ou doc. autenticado e registo - 660.º/2
• Os rendimentos dos bens são aplicados no cumprimento de uma obrigação e/ou
pagamento de juros
• Extingue-se pelo decurso do prazo estipulado 659.º e pelas mm causas da hipoteca 664.º

As sociedades são agrupamentos de pessoas que se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício
em comum de certa atividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros
resultantes dessa atividade.
Artigo 980 - Contrato de sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou
serviços para o exercício em comum de certa atividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de repartirem
os lucros resultantes dessa atividade.

Existem diversos tipos de sociedades. A primeira distinção a que cumpre fazer referência é a que separa as
sociedades civis das sociedades comerciais.
São sociedades comerciais as que têm por objeto praticar um ou mais atos de comércio.
As sociedades civis podem constituir-se nos termos da lei civil, e fala-se, então, de sociedade civis sob forma
civil; ou constituem-se nos termos e segundo os trâmites da lei comercial, e então estaremos perante as
sociedades civis sob a forma comercial.
As sociedades civis com forma comercial ficam sujeitas à lei comercial, concretamente às normas constantes do
Código das Sociedades Comerciais. As soc. Comerciais têm personalidade jurídica o que significa que, tal como
estas sociedades, também as soc. Civis sob forma comercial têm, sempre, personalidade jurídica, o que já se
não verifica com a totalidade das restantes sociedades civis, ou seja, sociedades civis sob forma civil. Destas, só
as constituídas por escritura pública e dotada de denominação, devidamente inscrita no Registo Nacional de
Pessoas Coletivas, são consideradas pessoas coletivas em tudo semelhantes às demais sociedades.
Nas sociedades em nome coletivo os sócios, além de derem responsáveis perante a sociedade pela
sua obrigação de entrada, respondem solidária e ilimitadamente pelas dívidas sociais. No entanto, os
credores da sociedade só podem fazer-se pagar pelos bens particulares dos sóCios depois de
esgotado todo o património da sociedade (art 175º CSC)
Nas sociedades por quotas (art 197 do CSC), “os sócios são solidariamente responsáveis por todas as
entradas convencionadas no contrato social”. Neste tipo de sociedades, que são também um
intermédio entre as sociedades em nome coletivo e as sociedades anónimas, o capital social está
dividido em quotas. No que diz respeito às dividas da sociedade perante os seus credores, os sócios
não respondem com o seu património pessoal pelas dívidas da sociedade, apenas respondendo o
património social pelas dívidas desta, sem prejuízo de se poder estipular no contrato de sociedade a
responsabilidade de todos ou alguns sócios pelas dívidas da sociedade, subsidiária ou solidariamente
com esta, e por montante global máximo que tem de estar fixado (art q98 CSC).

Nas sociedades anónimas a responsabilidade dos sócios perante a sociedade está limitada ao
montante das ações que hajam subscrito (art 271 CSC). No que respeita às dividas da sociedade
perante os seus credores, estes são se podem fazer pagar à custa do património da sociedade não
podendo responsabilizar o património de cada sócio pelas dívidas da sociedade, uma vez que estes
estão isentos de responsabilidade pessoas pelas dívidas sociais. O capital das soc. Anónimas está
fracionado em ações sendo que cada sócio apenas é responsável para com a sociedade peãs ações
que subscreveu, ou seja, pela sua obrigação de entrada. Se um sócio já cumpriu a sua obrigação de
entrada, nada mais lhe pode ser exigido pela sociedade, ainda que outros sócios não tenham liberado
as ações por si subscritas.

As sociedades em comandita (art 465 CSC) há, lado a lado, sócios que respondem, como nas soc. Em
nome coletivo, solidária e ilimitadamente pelas dívidas da sociedade (sócios comanditados), e sócios
cuja responsabilidade é tal qual a dos sócios das soc. Anónimas (sócios comanditários).

Pessoas coletivas como sujeito da relação jurídica


Pluralidade de indivíduos - interesses comuns ou coletivos
Pode definir-se a pessoa coletiva como a organização constituída por um agrupamento de pessoas, ou
por um conjunto de bens, tendo em vista a realização dum interesse comum ou coletivo, e a que a
ordem jurídica atribui a qualidade de sujeito de direito.
É impossível reconduzir as pessoas coletivas a um tipo ou modelo único.
CLASSIFICAÇÕES DOUTRINAIS:
(distinguir as pessoas coletivas em associações e fundações consoante a estrutura ou composição do
respetivo substrato e as que fazem a distinção entre pessoas coletivas de direito público e pessoas
coletivas de direito privado)
Toda a pessoa coletiva é uma associação de pessoas ou um conjunto de bens, com determinado fim
comum ou coletivo em vista, e que o direito reconhece como pessoa jurídica autónoma relativamente
às pessoas singulares que necessariamente as integram. Consoante o elemento capital de pessoas
coletiva reside na pluralidade de pessoas (associação) ou num dado patrimonial (fundação).
A associação ou corporação é uma espécie de pessoa coletiva que tem o seu traço caraterístico na
importância que nela assume o conjunto de associados, os indivíduos agrupados para prosseguirem
um interesse comum a todos eles. A associação são os associados quem ergue a pessoa coletiva,
quem a estrutura e lhe determina o modo de funcionamento atribuindo-lhe os órgãos de que careça.
(exemplos: sociedades comerciais, clubes desportivos, associações de socorros mútuos, universidades
e politécnicos)
Na fundação há afetação de um dado património, por um indivíduo – o fundador – à realização de
certos fins. A pessoa coletiva surge não pela vontade conjugada duma pluralidade de indivíduos, mas
por um ato individual, do fundador. É a vontade deste que institui e organiza a fundação, fixando-lhe
um fim e outorgando-lhe os meios patrimoniais necessários para alcança-los (exemplo: casos em que
indivíduos de avultada fortuna deixam os seus bens afetos à realização de determinado fim
humanitário – instalação e manutenção de hospital, - ou cientifico – centros de investigação.)
DIFERENÇAS:
1. A associação é essencialmente constituída por um conjunto de pessoas, enquanto a fundação tem
como núcleo fundamental uma massa de bens.
2. O fim a prosseguir é na associação determinado pela vontade de associados, enquanto na fundação
procede apenas da vontade do fundador.
3. Nas associações o fim pode mudar, a organização alterar-se e a pessoa coletiva extinguir-se por
vontade dos sues membros, ao passo que nas fundações quer o fim, quer a organização, quer a
duração são, em princípio, invariáveis, decorrendo da vontade do fundador expressa nos estatutos da
pessoa coletiva.

Pessoas coletivas do dto público dif pessoas coletivas do dto privado

Pessoas coletivas do direito público – aquelas que disfrutam do chamado jus imperius,
correspondendo-lhes, portanto, quaisquer direitos do poder público, quaisquer funções próprias da
autoridade estadual.
Pessoas coletivas do direito privado – todas as que não disfrutem desses poderes de soberania que
permitem emitir comandos ou decisões desde logo executáveis.

Pessoas coletivas de direito público:


- pessoas coletivas de população e território: trata-se de pessoas coletivas de tipo associativo a cujo
poder se acha sujeita toda a população de um dado território e a quem se acha confiada a
representação e a promoção dos respetivos interesses coletivos ( o estado, autarquias locais)
- institutos públicos: são serviços públicos com personalidade jurídica própria e com autonomia
financeira, mas que se encontram disciplinados e regidos como se fossem diretamente gestionados
pelo estado ( universidades publicas, politécnicos públicos)

Pessoas coletivas de direito privado:


- pessoas coletivas de direito privado e utilidade pública: caraterizam-se pela circunstância de ser
sempre um fim de interesse público o que se propõem realizar, a par de um interesse particular dos
seus membros e podem subdividir-se em:
 Pessoas coletivas de fim desinteressado: procuram alcançar fins de natureza
altruística, isto é, fins que não aproveitam diretamente aos associados ou ao
fundador, e sim a outras pessoas que são os beneficiários da pessoa coletiva
(associações de beneficência ou associações humanitárias, e de um modo geral, as
fundações)
 Pessoas coletivas de fim interessado: espécie de pessoas coletivas que visam um
fim que interessa, de modo egoísta aos próprios associados. Pessoas coletivas de
fim ideal: quando o objetivo, sem deixar de ser egoístico, tem natureza ideal, não
económico (associação recreativa, associação cultural). Pessoas coletivas de fim
económico não lucrativo: integrando as que visam obter certas vantagens
patrimoniais para os seus associados, sem que no entanto se possa dizer que
tenham uma finalidade lucrativa, pois o objetivo não é propriamente a consecução
de lucros para dividir pelos associados ( associações de socorros mútuos)
Pessoas coletivas de direito privado e utilidade particular:
As que têm em vista alcançar um fim económico lucrativo. O seu único mobil é a ideia de lucro para
distribuí-lo pelos associados. – sociedades 980ºCC

Você também pode gostar