Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Projeto Tripass:
Cinema de regresso à Baixa do
Porto
Trindade | Rivoli | Passos Manuel
RESUMO
INTRODUÇÃO
Este estudo surge, em grande parte, pela importância dada pelos investigadores
ao conhecimento da realidade social da cidade do Porto. É nossa convicção que,
enquanto futuros licenciados em Comunicação, explorar, investigar, estudar e
querer conhecer a segunda mais populosa e importante cidade do território
continental de Portugal deve ser um dos pilares da nossa formação.
2
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
Nunca uma forma de arte foi tão reconhecida de forma quase inequívoca tal como
o cinema, denominado de “7.ª arte”, com direito aos mais exclusivos e
prestigiados festivais, celebrações, galas de prémios e dinheiro. Muito dinheiro se
move na produção e distribuição cinematográfica, por mais inexpressiva que ela
pareça em determinada cultura ou contexto civilizacional.
A Câmara acredita assim que essa sua iniciativa será a força motriz necessária à
reimplantação da arte cinematográfica no Porto. Que o Tripass será por si mesmo
incentivo suficiente para se ir ao cinema.
3
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
REVISÃO DE LITERATURA
A Origem do Cinema
4
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
Desde aí que o cinema passou por fortes e severas mudanças que contribuíram
para a sua evolução: a Era do Cinema Mudo (1917-1927), a transição para o som
(1928-1932), passagem pela era dos grandes estúdios de Hollywood e da Segunda
Guerra Mundial (1932-1946), a ascensão da televisão e declínio do cinema (1947-
1959), La Nouvelle Vague2 (1960-1980) e a era dos mass media (desde 1980 em
diante).
Salas de cinema
Nos Estados Unidos, a primeira casa dedicada ao cinema nasceu em Nova Orleães,
em 1896, mas a primeira longa-metragem de Hollywood, “The Squaw Man”
apenas foi exibida ali em 1913. Mas desde aí que as salas de cinema sofreram
várias alterações, evoluindo para o registo e comodidade a que estamos
habituados hoje em dia, desde o surgimento dos Nickelodeons3 (1905), a venda
de pipocas (em 1912), salas com ar-condicionado (a primeira foi construída em
1922), o primeiro drive-in (em New Jersey, no ano de 1933), pousos para os copos
(1981, pela AMC Theaters), o primeiro multiplex (1963, dentro de um centro
comercial, com dois ecrãs e lugar para setecentas pessoas), o surgimento da
tecnologia 3D (embora a era do cinema em três dimensões tenha nascido nos
anos 1950, foi apenas em 2009 que a tecnologia se massificou) ou a popularização
dos cinemas IMAX4.
O Cinema em Portugal
1
Prestidigitador, cartoonista, inventor e mecânico (1861-1938). Entre os seus filmes mais
conhecidos estão Le voyage dans la Lune (1902) e 20000 lieues sous les mers (1907)
2 Movimento artístico do cinema francês, inserido no movimento contestatório dos anos 1970. Claude
Chabrol, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, François Truffaut, Eric Rohmer, Agnès Varda são dos
principais nomes associados à Nouvelle Vague francesa que transgrediam as regras do cinema
comercial, retratando um cinema jovem, focado no amor e nas crises individuais.
3 Do Inglês, nickel (moeda norte-americana, de cinco centavos) e do Grego, Odeion (teatro coberto).
4 Formato criado pela empresa canadiana IMAX Corporation, com ecrãs padrão de 22 metros de
5
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
Em 1924, abre, em Lisboa, o Tivoli e até 1927, por todo o país constroem-se novos
cinemas, assim como se transformam velhos teatros propositadamente para o
efeito. Em Lisboa, passam a dedicar-se exclusivamente os antigos teatros S. Luiz,
Éden e o Politeama, enquanto que no Porto, abre o Rivoli e o S. João, este último
com dois mil lugares, ostentando o título de «maior cinema do país». Vários outros
distritos nacionais passaram também a dispor de salas entre 700 a 1500 lugares.
Foi entre 1948 e 1958, que o cinema passou a assumir uma posição de guerrilha,
com o advento dos movimentos cineclubistas, como uma extensão da ideologia
do clandestino Partido Comunista. Logo a seguir à guerra, em 1945, cria-se o
Clube Português de Cinematografia ou Cineclube do Porto, ainda hoje existente.
Em 1958, o Estado apoia pela primeira vez um filme de Manoel de Oliveira,
realizador português que teve como contemporâneos Leitão de Barros, Beatriz
Costa, Paulo Rocha, José Fonseca e Costa, Alberto Seixas ou Fernando Lopes,
nomes que marcaram a história do cinema português.
6
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
Entre os mais icónicos cinemas do Porto estão também o salão Pathé (1907), Au
Rendez-vous d’Élite, na Foz (1907), o Passos Manuel (1908), Rivoli (1926), Sá da
Bandeira (1906), Carlos Aberto (1928) S. João (1931), Julio Diniz (anos 40),
Coliseu (1941), Charlot (anos 70, no Shopping Brasília), Cine Estúdio,
Nun’Álvares, Odeon, Pedro Cem (numa galeria comercial), Stop 1 e 2 (no centro
comercial Stop), Cinema do Terço, Vasco da Gama, Casa das Artes, Castello Lopes
(no Central Shopping) ou Medeia Filmes (no Shopping Cidade do Porto).
7
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
6 Vulgarmente designada por exibição em quatro dimensões, uma sala com tecnologia 4DX
proporciona ao espetador, efeitos como o movimento, simulando inúmeras sensações como voar,
cair, acelerar ou travar. A sala recria ainda efeitos ambientais e contextuais como vento, água,
chuva, nevoeiro e aromas. Em Portugal, apenas estão disponíveis duas salas 4DX: Gaiashopping e
Almada Forum.
8
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
Fora dos grandes multiplex, geridos por grandes companhias como a NOS
Cinemas, as salas independentes têm mais dificuldades em gerir o fator preço. Se
salas como o Passos Manuel, o Teatro do Campo Alegre ou o Rivoli têm bilhetes
com preços na ordem dos 4,5€, (Ribas, 2016) refere a ambiguidade desse critério,
por não ser comercialmente sustentável, mas que uma subida de preços levaria à
diminuição de espetadores. Refere ainda que «uma sala ‘independente’ precisa de
apoios». Para (Dorminsky, 2016), essa é «uma das razões para os cinemas do
centro da cidade terem desaparecido», aliado ao fato da necessidade de pagar
«parque de estacionamento e uma possível refeição, mais cara que num centro
comercial».
7
Mário Dorminsky é diretor da empresa Cinema Novo e co-responsável pela organização do festival Fantasporto.
Foi membro do Conselho de Cultura na Área Metropolitana do Porto e Vereador da Cultura, Património e Turismo
da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.
8
Daniel Ribas é Professor Adjunto no Instituto Politécnico de Bragança e Professor Convidado na Escola das Artes
da Universidade Portuguesa, nos campos dos estudos de cinema e de média digitais. É programador do Curtas
Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema e Diretor Artístico Adjunto do Porto/Post/Doc – Film & Media
Festival.
9
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
METODOLOGIAS DE INVESTIGAÇÃO
9
Esta amostra baseia-se na aplicação online de inquéritos autoadministrados, a 237 participantes anónimos,
durante 30 dias, no período de 28 de novembro a 27 de dezembro de 2016. Esta amostra não é representativa
da população e deve por isso ser interpretada como de conveniência dos investigadores.
10
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
A análise dos resultados foi feita com recurso a leituras exploratórias sobre temas
considerados fundamentais para o âmbito da investigação, nomeadamente as
origens do cinema, a evolução das salas de cinema na cidade do Porto, assim
como questões relacionadas com a tecnologia, formas alternativas de ver cinema
e entrevistas exploratórias, realizadas por email (anexo II, pp. 19-20), a peritos
que se focaram nas suas perceções dos fatores que influenciam o sucesso ou
insucesso das salas de cinema na cidade do Porto.
ANÁLISE DE RESULTADOS
Após estas considerações, e por confronto direto com as hipóteses, vem que:
11
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
CONCLUSÕES
Ora, à face dos números, e tendo em conta que se está a medir um fenómeno
social, em tudo determinado pela natureza humana, conclui-se que:
12
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
- Há uma clara preferência pela baixa do Porto como localização da sala de cinema;
- Grosso modo, quanto mais barato for o bilhete do cinema, maior a probabilidade
de encher uma sala.
Pela revisão da literatura, verifica-se que, historicamente e até aos dias de hoje,
as salas de cinema não inseridas em centros comercias praticam preços de bilhete
dentro dos valores de eleição dos consumidores. Contudo, e simplesmente
passeando pelas ruas envolventes aos cinemas incluídos na iniciativa Tripass,
verifica-se que não existe uma grande oferta de espaços de restauração. Aliás,
com horários alargados só existe mesmo o McDonald’s Imperial (Praça da
Liberdade) e o café Almada (Rua Dr. Ricardo Jorge). Na rua Passos Manuel, até
existe o famoso café Santiago, mas não se vislumbra como opção, quer pelo preço
médio de uma refeição, quer pelo elevado fluxo de clientes, que obriga a um
também elevado tempo de espera, incomportável para quem está na zona com
um horário a cumprir (exibição da sessão de cinema). Importa referir que,
geograficamente colocado de forma mais ou menos equidistante das três salas
existe o centro comercial Via Catarina, cuja praça de alimentação contém
restaurantes com algum reconhecimento de mercado, mas que encerra às 22
horas de segunda a sábado e às 21 horas aos Domingos e Feriados, o que também
lhe retira o caráter atrativo para quem é trabalhador (a tempo inteiro ou
conjugado com estudos), assim como para quem tem preferência pelas sessões
com horário noturno (considere-se após as 21horas).
13
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
“The cinema is not an art which films life: the cinema is something
between art and life.”
Jean-Luc Godard
14
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
BIBLIOGRAFIA
Bénard da Costa, J. (1991). Histórias do Cinema. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda.
Cinema regressa à baixa com o cartão Tripass. (9 de Dezembro de 2016). Obtido de Porto:
http://www.porto.pt/noticias/cinema-regressa-a-baixa-com-o-cartao-tripass
Coll, C., & Teberosky, A. (2000). Aprendendo Arte. São Paulo: Ática.
Dorminsky, M. (21 de Dezembro de 2016). (T. Ramos, J. Silva, D. Magalhães, & R. Monteiro,
Entrevistadores)
McDonnell, J., & Silver, J. (2007). Are Movie Theatres doomed? Do exhibitors see the big picture
as theaters lose their competitive advantage? Business Horizons.
Porto: Do cinema na cidade aos filmes nos centros comerciais. (19 de Maio de 2013). Obtido de
Jornalismo Porto Net: https://jpn.up.pt/2013/05/19/porto-do-cinema-na-cidade-aos-
filmes-nos-centros-comerciais/
Porto: Há salas de cinema fechadas há mais de 20 anos. (19 de Maio de 2013). Obtido de
Jornalismo Porto Net: https://jpn.up.pt/2013/05/19/porto-ha-salas-de-cinema-fechadas-
ha-mais-de-20-anos/
Ribas, D. (23 de Dezembro de 2016). (J. Silva, R. Monteiro, D. Magalhães, & T. Ramos,
Entrevistadores)
Santos, P. E. (6 de Agosto de 2015). Salas Vazias de Cinema e Futuro. Obtido de Porto 24:
http://www.porto24.pt/cultura/salas-vazias-de-cinema-e-futuro/
15
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
ANEXOS
16
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
17
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
18
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
19
O Projeto Tripass: Cinema de regresso à Baixa do Porto
20