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Sentidos de ´´fontes de Direito´´:

- Sentido sociológico-material
- Sentido histórico
- Sentido político-orgânico
- Sentido instrumental
- Sentido técnico
Em sentido sociológico são fontes do Direito todos os fatores ou circunstancialismos que estiveram na origem
de determinada norma jurídica. Por exemplo, com o crescimento do turismo, cresceram consequentemente atividades
das quais algumas traduzem-se em vários riscos, assim esses acidentes ocorridos foram as fontes determinantes para
a aprovação da lei.
Em sentido histórico são aquelas que tem influência de um sistema jurídico histórico. Por exemplo: o direito
romano é fonte do direito português.
Em sentido político-orgânico, são fontes do direito os órgãos políticos que em cada sociedade estão
incumbidos de emanar normas jurídicas. Por exemplo: no caso de português, a Assembleia da república e o governo.
Em sentido instrumental, são fontes do direito os diplomas ou monumentos legislativos que contem normas
jurídicas. Por exemplo: o código penal, a constituição da república portuguesa.
Em sentido técnico são fontes do direito os modos de formação e revelação das normas jurídicas. Evidencia-
se a maneira como é criada e se manifesta socialmente a norma jurídica. Assim neste sentido são consideradas fontes
do direito: a jurisprudência, o costume, a lei e as normas corporativas e a doutrina.

De entre estas fontes é tradicional distinguir:


• Fontes imediatas do Direito, as que têm força vinculativa própria, sendo, portanto, verdadeiros modos de
produção do Direito (lei e normas corporativas)
• Fontes mediatas do Direito, não tendo força vinculativa, são, contudo, importantes pelo modo como
influenciam o processo de formação e revelação da norma jurídica. (costume, jurisprudência e doutrina)
Normas corporativas- normas emanadas pelos organismos representativos das diversas categorias profissionais,
económicas e desportivas...no âmbito das suas competências não podem contrariar as disposições legais de carácter
imperativo.
A LEI
Consideram-se leis todas as disposições genéricas provindas dos órgãos estaduais competentes.
Pressupostos da lei:
- Provir de uma autoridade competente
- Observar as formas previstas para essa atividade
- Introduzir um preceito genérico
Lei em sentido formal: É todo o ato normativo emanado de um órgão com competência legislativa, quer contenha ou
não uma verdadeira regra jurídica, exigindo-se que se revista das formalidades relativas a essa competência, como as
leis da Assembleia da República ou os decretos-leis do Governo. Exemplo: uma lei da Assembleia da república que
conceda uma condecoração a um determinado presidente.
Lei em sentido material: É todo o ato normativo, emanado de um órgão do Estado, mesmo que não incumbido da
função legislativa, desde que contenha uma verdadeira regra jurídica, como uma postura de uma Câmara Municipal.
Exemplo: um despacho do ministério da educação e da ciência que estipule procedimentos exigíveis para a
concretização da matrícula e respetiva renovação no ensino básico e secundário.

Processo de elaboração da lei

Quem compete a elaboração das leis? Ao governo e a Assembleia da República


Quais são as fases da elaboração da lei? Elaboração, discussão e aprovação, promulgação e entrada em vigor.

Processo de formação de leis na Assembleia da República

Este processo de formação iniciasse com a apresentação de um texto, sobre o qual se pretende que a
Assembleia da República se pronuncie. Esta apresentação pode ser feita pelas entidades que têm entidade lesgislativa:
- Deputados (o exto designa-se por projeto de lei)
- Grupos parlamentares (o texto designa-se por projeto de lei)
- Governo (o texto designa-se por proposta de Lei)
- Grupos de cidadãos e eleitores
- Assembleias legislativas regionais (proposta de lei)
A promulgação é uma etapa essencial de todo o processo legislativo, pois só após esta o texto toma a designação de
lei e a falta de promulgação implica a inexistência jurídica do Ato.

Processo legislativo do Governo

O texto da proposta elaborado pelo governo pode ser aprovado:


- Em conselho de ministros
- Submetido a assinaturas sucessivas.
Depois do texto ser aprovado em forma de decreto, segue-se para a promulgação. Depois de promulgado, o diploma
é remetido ao governo para Referenda ministerial, seguindo-se a publicação do Diária da República, entrando
posteriormente em vigor.

O início e o termo de vigência de lei

A vigência da lei não depende do seu conhecimento efetivo pois é necessário que a mesma seja objeto de publicação.
Atualmente em Portugal a publicação é efetuada por edição eletrónica no Diário da República. A falta de publicação
oficial implica a ineficácia jurídica do ato .
Com a publicação, a lei passa a ser obrigatória, mas não significa que entre de imediato em vigor. Decorrerá um
intervalo entre a publicação e a sua entrada em vigor. A este prazo denomina-se de vocatio legis, e prende-se com a
necessidade de dar a conhecer as leis aos cidadãos para que estes possam agir com conformidade. Os prazos de
vocatio legis, são:
• As leis entram em vigor no dia nelas fixado; assim pode acontecer que o legislador estabeleça o seu próprio
vocatio legis sendo corrente verificarem duas situações:
- Encurta-se o prazo, impondo-se a imediata entrada em vigor
- Na falta de fixação do dia, as leis entram em vigor em todo o território nacional e estrangeiro, 5 dias após a
sua publicação.

Termo de vigência

Depois da lei estar publicada, esta ficará ilimitadamente em vigor. Como formas de cessão de vigência de lei
são: a caducidade e a revogação.
A caducidade pode resultar de cláusula expressa pelo legislador, contida na própria lei, de que esta só se
manterá em vigor durante um determinado prazo ou enquanto durar determinada situação. Exemplo: a lei que se
destina a vigorar durante uma situação de guerra entre dois países.
A revogação resulta de uma nova manifestação de vontade do legislador, contrária á anterior. Neste caso, a
lei deixa de vigorar por efeito de uma lei posterior, que tem valor hierárquico igual ou superior. A nova lei daí resultante
denomina-se por lei revogatória. A revogação pode classificar-se quando á forma ou á extensão.
Quanto á forma:
- Expressa- quando a nova lei declara que revoga uma determinada lei anterior
- Tática- quando resulta da incompatibilidade entre as normas da lei nova e as leis da anterior.
Quanto á extensão:
- Total- quando todas as disposições de uma lei são atingidas, também conhecida por abrogação.
- Parcial- quando só algumas disposições da lei antiga são revogadas pela lei nova, derrogação.
A caducidade e a revogação distinguem-se. A revogação resulta de uma nova lei, contendo expressa ou implicitamente
o afastamento da primeira, enquanto a caducidade se dá independentemente de qualquer nova lei.
Importa ainda salientar que a lei geral não revoga a lei especial. A lei especial tem em conta situações particulares que
não são valoradas pela lei geral, presumindo o legislador que a mudança desta não afete esse regime particular.

Hierarquia das leis


As leis de hierarquia inferior não podem contrariar as de hierarquia superior, antes têm de se conformar com
elas.
As leis de hierarquia igual ou superior podem contrariar as de hierarquia igual ou inferior, sendo que a lei
mais recente revoga a lei mais antiga.
Acresce que a hierarquia das leis depende da hierarquia das fontes onde estão contidas.
Para estabelecer a hierarquia há que distinguir:
- Leis ou normas constitucionais (são aquelas que estão contidas na constituição e encontram-se no topo da
hierarquia das leis e, por isso, as restantes leis têm de lhe obedecer.)
- Leis ou normas ordinárias
As leis ou normas ordinárias podem se agrupar em leis ou normas ordinárias reforçadas ou leis ou normas ordinárias
comuns.
As leis ou normas ordinárias reforçadas encontram-se imediatamente abaixo das leis constitucionais. São
consideradas verdadeiros atos legislativos e provêm de órgãos com competência legislativa:
- Leis- assembleia da república
- Decretos-leis- governo
- Decretos legislativos regionais- regiões autónomas dos açores e da madeira.
As leis ou normas ordinárias comuns estão subordinadas às leis ordinárias reforçadas, é o caso dos decretos e dos
decretos regulamentares.

O governo, para além das suas funções legislativas, tem ainda competência regulamentar, que exerce através dos
regulamentos. O regulamento se destina a pormenorizar a lei, quer a formular normas complementares ou
instrumentais, de forma a conduzir a sua boa execução. Os regulamentos do Governo podem assumir as seguintes
formas:
• Decretos regulamentares
• Resoluções do conselho de ministros
• Portarias (são ordens do governo, dadas por um ou mais ministros. Não precisam de ser promulgadas pelo
Presidente da República, mas devem ser publicadas no Diário da República. Tem valor inferior aos decretos
regulamentares na hierarquia das leis, uma vez que não são promulgadas pelo Presidente da República.)
• Despachos normativos e ministeriais (são subscritos por um ou mais ministros ou pelos secretários de
Estado e apenas aplicáveis dentro dos respetivos ministérios. Devem ser publicadas no Diário da República.)
• Instruções
• Circulares
Existem também órgãos com poder regulamentar local específico, de entre os quais se destacam as autarquias
locais, que, no exercício do poder, emitem posturas. Ocupam o lugar mais baixo da hierarquia das leis e são
regulamentos autónomos, locais, da polícia, provindo dos corpos administrativos competentes.

O costume: consiste num conjunto de práticas sociais e reiteradas acompanhadas da convicção de obrigatoriedade.
O costume pressupõe a existência de dois elementos:
- Material/corpus: Prática social constante
- Espiritual/animus: Convicção de obrigatoriedade
O costume é fonte mediata do Direito

Jurisprudência: A palavra Jurisprudência usa-se frequentemente para designar: a orientação geral seguida
pelos tribunais nos diversos casos concretos da vida social. Outra vez, é entendida como o conjunto de decisões dos
tribunais sobre os litígios que lhe são submetidos. É uma fonte mediata do Direito.
As decisões dos tribunais podem assumir a forma de:

- Acórdãos
- Sentenças
- Despachos

Doutrina: A doutrina compreende as opiniões ou pareceres dos jurisconsultos sobre a regulamentação adequada
das diversas relações sociais, que pode atingir uma relevância tanto maior, quanto maior for o mérito reconhecido
dos autores.
Não é uma verdadeira doutrina de Direito, uma vez que não há criação de uma verdadeira regra jurídica. É uma
fonte mediata do Direito.

ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA

Elementos da relação jurídica:


• Sujeitos - são as pessoas entre as quais se estabelece a relação jurídica. São os titulares do direito subjetivo e
das posições passivas correspondentes- dever jurídico ou sujeição.
• Objeto - é o elemento cujo conceito tem sido motivo de controvérsia. Podemos defini-lo como tudo aquilo
sobre que recaem os poderes do titular do Direito.
• Facto jurídico - é todo o acontecimento natural ou ação humana que produz efeitos ou consequências
jurídicas.
• Garantia- é a suscetibilidade de proteção coativa da posição do sujeito ativo da relação jurídica.

Assim, o titular ativo da relação jurídica pode recorrer aos meios coercivos que a lei põe á sua disposição para obter
a satisfação do seu direito, no caso de violação. Por exemplo: Ana vendeu a Bruna um lote para construção.
Estabeleceu-se assim uma relação jurídica.

- Sujeitos- Ana e Bruna


- Objeto- lote para construção
- Facto jurídico- o contrato de compra e venda
- Garantia- a faculdade que cada um dos sujeitos dispõe de recorrer ao tribunal para obrigar o outro a cumprir
a sua obrigação, no caso de recusa.

Personalidade jurídica - aptidão para ser titular de relações jurídicas, ou seja, de direitos e vinculações. É um
conceito puramente qualitativo.

Inerente ao conceito personalidade jurídica temos o conceito de capacidade jurídica que pode ser considerado
segundo duas perspetivas distintas: titularidade (capacidade de gozo) e exercício (capacidade de exercício)

A Capacidade jurídica ou de gozo denomina-se pela aptidão para ser titular de um círculo maior ou menos de
relações jurídicas.

A Capacidade de exercícios de direitos, significa a medida dos direitos e vinculações que a pessoa pode exercer ou
cumprir por si só, pessoal e livremente.

Em princípio, todas as pessoas singulares ao atingirem a maioridade adquirem capacidade de exercício.


Contudo, a lei reconhece como possíveis certas situações excecionais – as incapacidades. Exemplo: os menores e os
dementes, embora titulares de direitos não os podem exercer por si só, pessoal e livremente.

Deste modo, não podendo certas pessoas exercer os seus direitos, torna-se necessário recorrer a certas
formas legais suprimento da incapacidade de exercício e que são:

• Instituto da representação legal. A representação consiste em ser admitida a agir outra pessoa em nome e
interesse do incapaz. A essa pessoa- representante legal- é designada pela lei ou em conformidade com ela.
Por exemplo: Os pais, quando agem em nome dos filhos menores.
• Instituto da assistência. A assistência, outra forma de suprimento de incapacidade, tem lugar quando a lei
permite agir o incapaz, mas exige o consentimento de outra pessoa ou entidade- assistente.

As incapacidades de exercício

• Menoridade
- É menor quem não tiver completado 18 anos
- Carecem de capacidade de exercício de direitos
- Há algumas exceções em relação a incapacidade dos menores. (p.e: disposição de bens que o maior de 16
anos tenha adquirido pelo seu trabalho)
- Podem ser representados em primeiro lugar pelo poder paternal e subsidiariamente a tutela.
• Interdição
• Inabilitação
• Incapacidade acidental

O objeto
O objeto da relação jurídica é tudo aquilo sobre que incidem os poderes do titular ativo da relação.
Modalidades do objeto de relação jurídica:
- Objeto imediato: quando os poderes do titular ativo incidem diretamente sobre o bem, sem que se
interponha qualquer mediador. Por exemplo: quando confirmo que tenho direito aos meus livros, enuncio
um poder direto. Os livros são assim o objeto imediato da relação de propriedade de que eu sou titular
ativo.
- Objeto mediato: quando, pelo contrário, os poderes do titular ativo incidem indiretamente sobre o bem. Por
exemplo: quando digo que tenho direito á entrega do livro que emprestei á Ana e me é devido, este
constitui o objeto mediato do meu direito.
O objeto imediato seria a entrega do bem (o livro).

Possíveis objetos da relação jurídica


• Pessoas (no Direito moderno, as pessoas só podem ser objeto de relações jurídicas nos denominados
poderes-deveres ou poderes funcionais, que não são verdadeiros direitos subjetivos. Exemplo: poder
paternal, poder tutelar)
• Prestações (Prestações – conduta a que o devedor está obrigado. Exemplo: o devedor cumpre a obrigação,
quando realiza a prestação a que está vinculado)
• Coisas corpóreas (são as coisas físicas, isto é, aquelas que podem ser apreendidas pelos sentidos. Exemplo:
propriedade sobre um automóvel)
• Coisas incorpóreas (não são mais do que valores da natureza que não podem ser apreendidos pelos
sentidos. Exemplo: um autor pode adaptar a sua uma obra literária ao cinema e daí usufruir lucros, mas
pode também mantê-la inédita ou impedir que depois que seja publicada seja reproduzida com
modificações.
• Direitos subjetivos (embora discutível, também podem ser objeto da relação jurídica. Exemplo: penhora de
direitos)
Facto jurídico
É todo o acontecimento da vida social juridicamente relevante. Podem classificar-se em:
• Factos jurídicos voluntários ou atos jurídicos, são manifestações de vontade, quer do sujeito quer de quem
o represente, com relevância jurídica. Podem ser:
→ Lícitos – são os que estão em conformidade com a ordem jurídica. Exemplo: a doação. Podem ainda
classificar-se:
✓ Negócios jurídicos
✓ Simples atos jurídicos
→ Ilícitos – os que contrariam e implicam uma sanção para o seu autor. Exemplo: o homicídio
✓ Meramente culposos – quando o indivíduo não prevê o resultado; não há dolo, mas imprudência ou
negligência que lhe conferem culpa. Exemplo: um condutor que não respeita um sinal vermelho e provoca
um acidente de viação
✓ Dolosos – quando existe por parte do indivíduo o propósito de fazer mal ou de prejudicar. Exemplo: o furto

• Factos jurídicos involuntários são estranhos e independentes da vontade (factos naturais). São puramente
obra da natureza, nascimento e morte.

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