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DIREITO CIVIL
LINDB, INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL,
PARTE GERAL (PARTE I)
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LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Sumário
Sumário .................................................................................................................................................... 3
6. DO DOMICÍLIO ..................................................................................................................................... 66
6.1 Espécies de domicílio .................................................................................................................................. 67
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ARTIGOS CORRESPONDENTES
- Art. 22 a 39 (Ausência):
Obs. Os artigos mais importantes de Ausência são 25, 26, 27, 28 caput, 28 parágrafo 2º,
30, 33, 34, 37, 38 e 39 (não costuma cair muito)
- Art. 70 a 78 (Domicílio)
A LINDB disciplina o âmbito de aplicação das normas jurídicas, e possui natureza de norma de
sobredireito ou de apoio, consistente no conjunto de regras cujo objetivo é disciplinar as próprias
normas jurídicas, isto é, disciplina a emissão e aplicação de outras normas jurídicas (postulados
normativos).
1.1.1 Vigência
É critério puramente temporal da norma. Trata-se do lapso temporal em que a norma tem força
obrigatória. O início da vigência marca o começo de sua exigibilidade. A lei passa por três fases
fundamentais para que tenha validade e eficácia: elaboração, promulgação e publicação. Depois vem
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QUESTÃO DE PROVA:1
Uma nova lei, que disciplinou integralmente matéria antes regulada por outra norma, foi publicada
oficialmente sem estabelecer data para a sua entrada em vigor e sem prever prazo de sua vigência.
Sessenta dias após a publicação oficial dessa nova lei, foi ajuizada uma ação em que as partes
discutem um contrato firmado anos antes sobre o assunto objeto das referidas normas. Tendo como
referência essa situação hipotética, julgue o seguinte item, com base na Lei de Introdução às Normas
do Direito brasileiro.
“Apesar de a nova lei ter revogado integralmente a anterior, ela não se aplica ao contrato objeto da
ação”.
1.1.2 Obrigatoriedade
Uma vez publicada a lei, presume-se o conhecimento geral, razão pela qual ninguém pode
descumpri-la alegando que não a conhece:
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
A Lei, como fonte primária do Direito brasileiro, tem as seguintes características básicas:
● Generalidade - a norma jurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção,
tendo eficácia erga omnes.
1 Resposta: Correto. No momento do ajuizamento da ação, a nova lei já estava em vigor. Conforme prevê o art. 6º da
LINDB, a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
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1.1.3 Interpretação
“Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica” (Maria Helena Diniz).
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EXTENSIVA OU Forma de interpretação que amplia o sentido da norma além do que indicam
AMPLIATIVA os seus termos;
1.1.4 Integração
Utilização de mecanismos para suprir as lacunas da lei, quando inexiste norma aplicável
diretamente ao caso concreto. De acordo com os arts. 4º da LINDB, são formas de integração da
lei:
● ANALOGIA;
● COSTUMES;
● PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO.
Artigo 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
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Importante ressaltar que a EQUIDADE não se encontra nestes artigos, mas alguns
doutrinadores, como Maria Helena Diniz, a inclui nas formas de integração da lei. No Direito Tributário,
é expressa a equidade como forma de integração da lei no art. 108, inciso IV, do CTN.
ATENÇÃO: A interpretação pode ocorrer sempre, mesmo que a lei seja clara. Em contrapartida,
a integração depende da existência de LACUNAS que, por sua vez, podem ser:
● AUTÊNTICAS (PRÓPRIAS) – ocorrem quando o legislador não identificou uma hipótese.
● NÃO-AUTÊNTICAS (IMPRÓPRIAS) – o legislador previu, mas preferiu não tratar sobre o assunto.
1.1.4.1 Analogia
É a utilização de uma norma próxima ou semelhante para regular uma situação que não foi
regulamentada pelo direito. Pode ser dividida em:
● Analogia legal – a relação da semelhança toma por base outra lei;
● Analogia iuris – a relação de semelhança é estabelecida com base em outro caso concreto.
1.1.4.2 Costumes
São as práticas e usos reiterados, de conteúdo lícito e com relevância jurídica. Podem ser:
● Costume segundo a lei (secundum legem: Incide quando há referência expressa ao costume
no texto legal).
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● Costume na falta da lei (praeter legem): É aplicado quando a lei for omissa, sendo denominado
de costume integrativo.
● Costume contra a lei (contra legem): É a aplicação do costume contraria a lei. Nesse caso, há
abuso de direito.
1.2 Antinomias
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ATENÇÃO:
A irretroatividade é a regra prevista na LINDB. No entanto, para ser possível, não pode
prejudicar direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada. Adota-se a ideia do tempus regit
actum, ou seja, a lei nova não atinge os fatos anteriores ao início de sua vigência. Em consequência, os
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fatos anteriores à vigência da lei nova regulam-se não por ela, mas pela lei do tempo em que foram
praticados.
Porém, podem existir hipóteses que se afastem dessa regra, impondo a retroatividade da lei
nova, para alcançar fatos pretéritos ou os seus efeitos. Assim, a doutrina faz uma distinção entre
retroatividade máxima, média e mínima:
● Total (abrogação);
● Parcial (derrogação);
● Expressa: Expressamente exclui lei anterior do ordenamento jurídico;
● Tácita: A nova lei é absolutamente incompatível com a anterior;
● Global: A nova lei disciplina totalmente a matéria disciplinada pela lei anterior;
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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:
“Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
“Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação
de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos
interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.”
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§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de
mesma natureza e relativas ao mesmo fato.”
“Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará
em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de
orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.
“Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do
direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após
oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões
de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação
aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais;
II – (VETADO);
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções
aplicáveis em caso de descumprimento.
§ 2º (VETADO).”
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“Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor
compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou
da conduta dos envolvidos.
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu
cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso processual entre
os envolvidos.”
“Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso
de dolo ou erro grosseiro.
§ 1º (VETADO).
§ 2º (VETADO).
§ 3º (VETADO).”
“Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa,
salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação
de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.
Vigência
§ 2º (VETADO).”
“Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das
normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em
relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.”
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, salvo quanto ao art. 29 acrescido à Lei nº
4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), pelo art. 1º
desta Lei, que entrará em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial.
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MICHEL TEMER
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Cuida-se de previsão que busca garantir a segurança jurídica às situações constituídas à luz
de um entendimento geral válido.
O art. 26 estabelece que para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação
contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade
administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta
pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados,
observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial.
Esse compromisso tem por escopo buscar solução jurídica proporcional, equânime, eficiente
e compatível com os interesses gerais, não podendo conferir desoneração permanente de dever ou
condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral e deverá prever com clareza as
obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de
descumprimento.
Consoante o art. 27:
Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou
judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos
anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos.
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as
partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado
compromisso processual entre os envolvidos.
Com relação à responsabilidade civil do agente público, o art. 28 prevê que o mesmo
responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.
Ressalta-se, contudo, que essa previsão se afasta da regulamentação constitucional que estabelece
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a responsabilidade do agente público, somente de forma regressiva, quando tiver agido com dolo ou
culpa. Ademais, o Código de Processo Civil (arts. 143, 181, 184 e 187) possui dispositivos específicos
que tratam da responsabilidade dos magistrados e dos membros do Ministério Público, da
Defensoria Pública e da Advocacia Pública, o que afastaria a aplicação do art. 28 da LINDB.
Conforme no site dizerodireito: Segundo a doutrina e o voto do Min. Joaquim Barbosa no MS
24.631/DF (DJ 01/02/2008), existem três espécies de parecer:
Cabe esclarecer que a doutrina divide a culpa em três subespécies: culpa grave, leve e levíssima.
O erro grosseiro é sinônimo de culpa grave. Assim, é como se o art. 1º da MP dissesse: o agente público
somente responde em caso de dolo ou culpa grave.
Esse art. 1º se aproxima daquilo que prevê o art. 28 da LINDB:
CESPE/2020 - O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em
caso de dolo ou erro grosseiro. Item correto.
O art. 29 estabelece que em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por
autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta
pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será
considerada na decisão. A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais
condições da consulta pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.
Ressalva-se, apenas, que apenas esse dispositivo (art. 29) entrará em vigor após decorridos 180 dias
de sua publicação oficial, que ocorreu em 25/04/2018.
Por fim, o art. 30 dispõe que as autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança
jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
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respostas a consultas, sendo que esses instrumentos terão caráter vinculante em relação ao órgão
ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.
Sugerimos também a leitura dos comentários do Dizer o Direito a respeito da Lei nº 13.655/2018, que
podem ser acessados gratuitamente em http://www.dizerodireito.com.br/2018/04/comentarios-lei-
136552018-que-alterou.html
2.1.1 Socialidade
Segundo apontava o próprio Miguel Reale, um dos escopos da nova codificação foi o de superar
o caráter individualista e egoísta da codificação anterior. Todas as categorias civis têm função social:
o contrato, a empresa, a propriedade, a posse, a família, a responsabilidade civil. Por isso, valores foram
positivados no prestígio à função social do contrato (art. 421) e à natureza social da posse (art. 1.239 e
s.). Neste sentido:
2.1.2 Eticidade
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novo Código confere ao juiz não só poder para suprir lacunas, mas também para resolver, onde e
quando previsto, de conformidade com valores éticos. A referência a este princípio pelo legislador
demonstra a sua não aceitação do dogma da plenitude da ordem jurídica, vendo-a como um sistema
aberto, flexível e lacunoso.
2.1.3 Operabilidade
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Obs. Denomina-se Conceito Jurídico Indeterminado, quando palavras ou expressões contidas numa
norma são vagas/imprecisas, de modo que a dúvida se encontra no significado das mesmas, e não nas
consequências legais de seu descumprimento. Um grande exemplo de conceito jurídico indeterminado
está no parágrafo único do art. 927 do CC de 2002, que trata da "atividade de risco". Veja que no
exemplo, a dúvida está no significado (conteúdo/pressuposto) de "atividade de risco", e não nas
consequências jurídicas (responsabilidade civil objetiva).2
Darei apenas um exemplo. Quem é que, no Direito Civil brasileiro ou estrangeiro, até hoje, soube fazer
uma distinção, nítida e fora de dúvida, entre prescrição e decadência? Há as teorias mais cerebrinas e
bizantinas para se distinguir uma coisa de outra. Devido a esse contraste de idéias, assisti, uma vez,
perplexo, num mesmo mês, a um Tribunal de São Paulo negar uma apelação interposta por mim e
outros advogados, porque entendia que o nosso direito estava extinto por força de decadência; e,
poucas semanas depois, ganhávamos, numa outra Câmara, por entender-se que o prazo era de
prescrição, que havia sido interrompido! Por isso, o homem comum olha o Tribunal e fica perplexo.
Ora, quisemos pôr termo a essa perplexidade, de maneira prática, porque o simples é o sinal da
verdade, e não o bizantino e o complicado. Preferimos, por tais motivos, reunir as normas
prescricionais, todas elas, enumerando-as na Parte Geral do Código. Não haverá dúvida nenhuma: ou
figura no artigo que rege as prescrições, ou então se trata de decadência. Casos de decadência não
figuram na Parte Geral, a não ser em cinco ou seis hipóteses em que cabia prevê-la, logo após, ou
melhor, como complemento do artigo em que era, especificamente, aplicável.
(REALE, Miguel. O projeto de Código Civil: situação atual e seus problemas fundamentais. São Paulo:
Saraiva, 1986. p. 11-12).
Essa solução adotada no Código Civil de 2002 se vincula3
A) à diretriz fundamental da socialidade.
B) à abolição da distinção entre prescrição e decadência.
C) à diretriz fundamental da eticidade, evitando soluções juridicamente conflitantes.
D) ao princípio da boa-fé objetiva, que garante a obtenção do julgamento esperado pelo jurisdicionado.
E) à diretriz fundamental da operabilidade, evitando dificuldades interpretativas.
2.1.4 Sistematicidade
2 Fonte: https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/959725/qual-a-diferenca-entre-clausula-geral-e-conceito-juridico-
indeterminado-fernanda-braga
3 Alternativa E
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Tema Quente!
É importante observar que tais fenômenos não se confundem e podem coexistir. Vejam:
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Pessoa é o ser humano ou entidade com personalidade e aptidão para a titularidade de direitos
e deveres. Nesse sentido, em relação à pessoa natural, é necessário distinguir:
● PERSONALIDADE: Está atrelada à tutela e promoção da dignidade da pessoa humana, pela qual
se deve reconhecer ao ser humano um conjunto mínimo de atributos, direitos e garantias sem as quais
não será possível a vida com dignidade.
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Nascituro: É o ser já concebido, mas que ainda se encontra no ventre materno. Algumas teorias
tentam explicar a proteção jurídica do nascituro. Vejam:
a) Teoria natalista (Negativista): a personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida
(momento da primeira respiração). O nascituro não teria direitos, mas apenas expectativa de
direitos.
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de uma interpretação sistemática e vem sendo adotada pela Jurisprudência, a exemplo da lei de
alimentos gravídicos e de recentes decisões do STJ que admitiram o dano moral ao nascituro e
até mesmo pagamento de DPVAT pela morte de nascituro.
A beneficiária legal de seguro DPVAT que teve a sua gestação interrompida em razão de
acidente de trânsito tem direito ao recebimento da indenização pela morte do feto (STJ, REsp
1.415.727)
Obs. DPE/AL anulou questão que considerava como correta a assertiva no sentido de que o
Código Civil teria adotado a Teoria Natalista.
- Legitimação: Capacidade especial para determinado ato ou negócio jurídico. Como exemplo, cite-se
a necessidade de outorga conjugal para vender imóvel, sob pena de anulabilidade do contrato (arts.
1.647, I, e a.649 do CC).
3.2 Incapacidade
A ausência da capacidade de fato (e não a capacidade de direito) gera a incapacidade civil. Pode
ser desdobrada em absoluta e relativa.
É importante conhecer as alterações promovidas na TEORIA DAS INCAPACIDADES com o
advento do Estatuto da pessoa com deficiência (Lei 13.146/2015).
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ANTES DO EPD:
Absolutamente incapazes (art. 3º do CC) Relativamente incapazes (art. 4º do CC)
Os menores de 16 anos Os maiores de 16 e menores de 18 anos
Os que, por enfermidade ou deficiência Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e
mental, não tiverem o necessário os que, por deficiência mental, tenham o
discernimento para a prática desses atos. discernimento reduzido
Os excepcionais, se desenvolvimento mental
Os que, mesmo por causa transitória, não
completo
puderem exprimir sua vontade
Os pródigos
DEPOIS DO EPD:
ATENÇÃO: Note que a deficiência deixa de ser considerada como uma causa de incapacidade, sendo a
pessoa com deficiência, portanto, plenamente capaz. Deste modo, é perfeitamente possível que a
pessoa com deficiência contraia matrimônio, bem como seja testemunha em igualdade de condições
com as demais pessoas (arts. 228, § 2º e 1.550, § 2º do CC) – CAI MUITO!
IMPORTANTE:
▪ Os atos praticados pelos absolutamente incapazes são NULOS, não podendo ser ratificados, pois
tal vício não convalesce, podendo o juiz assim declará-los de ofício. Protege-se, entretanto, a boa-fé de
terceiros. Os atos civis de seu interesse deverão ser exercidos por seus representantes – pais, tutores
ou curadores.
▪ Absolutamente incapazes devem ser REPRESENTADOS por quem de direito.
▪ Mesmo em se cuidando de pessoas absolutamente incapazes, a ordem jurídica reconhece a
possibilidade de que sua vontade seja considerada, nos casos em que envolvidas escolhas existenciais.
▪ A vontade dos relativamente capazes tem relevância jurídica, o que possibilita sua atuação
direta nos atos civis, desde que acompanhados de ASSISTENTE, com algumas exceções (ser
mandatário, testemunhar). É causa de ANULABILIDADE dos atos jurídicos.
▪ Essa alteração feita pelo Estatuto da Deficiência substitui o caráter médico por um critério de
autodeterminação relevante (pessoas que não possam manter seu autogoverno independente do
motivo; retira-se o critério de deficiência para defini-las).
▪ O Estatuto da Deficiência não retirou do ordenamento a teoria das incapacidades apenas a
relativizou para adequá-las a regra da razoabilidade: o juiz deverá estabelecer um projeto terapêutico
individualizado para cada pessoa (em cada situação da vida).
▪ Serão curateladas como relativamente incapazes (e não interditadas) - Art. 1677, I.
▪ O art 85 da Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência - CPID - estabelece
restrição de atos patrimoniais e não de atos existenciais. (capacidade é medida de valor; personalidade
não).
▪ Aos que tem reduzido discernimento surgiu a Tomada de decisão apoiada.
(DPE/BA – 2016) João, atualmente com 20 anos de idade, foi diagnosticado com esquizofrenia. Em
razão desta grave doença mental, João tem delírios constantes e alucinações, e apresenta
dificuldades de discernir o que é real e o que é imaginário, mesmo enquanto medicado. Em razão
deste quadro, em 2014, logo após completar 18 anos, sofreu processo de interdição, que culminou
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no reconhecimento de sua incapacidade para a prática de todos os atos da vida civil, sendo-lhe
nomeado curador na pessoa de Janice, sua mãe. Entretanto, ele é apaixonado por Tereza e deseja
com ela se casar. Afirmou que em sinal de seu amor, quer escolher o regime da comunhão total de
bens. Levando em consideração o direito vigente, João:4
a-) não poderá contrair matrimônio de forma válida e nem celebrar pacto antenupcial para a escolha
do regime de bens ainda que tenha o consentimento de sua genitora, pois o casamento seria
inexistente em razão de vício da vontade.
c-) poderá contrair matrimônio de forma válida e celebrar pacto antenupcial para a escolha do
regime de bens, independentemente do consentimento de sua curadora.
d-) não poderá contrair matrimônio de forma válida e nem celebrar pacto antenupcial para a escolha
do regime de bens, ainda que contasse com o consentimento de sua curadora, pois o casamento será
nulo de pleno direito por ausência de capacidade.
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de
uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido
pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios
4 GABARITO: letra B.
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Tema Quente!
Rafael Henrique Renner, examinador nos últimos dois concursos, tem diversos artigos publicados. Em um
deles, ele trata especificamente do tema da capacidade civil da pessoa com deficiência - Capacidade Civil à luz
do Estatuto do Portador de Deficiência e do Novo Código de Processo Civil.
Além deste examinador, a Defensora Marina Magalhães Lopes, que também foi examinadora
no último concurso, é atualmente coordenadora do núcleo especializado de atendimento à
pessoa com deficiência. Portanto, é necessário estudar temas relativos ao Estatuto da
Capacidade Civil, como os atos que podem ser tomados pela pessoa com deficiência, a decisão
apoiada e os atos com e sem curador.
3.3 Emancipação
▪ VOLUNTÁRIA (inc.I): Decorre de ato unilateral dos pais, ou de um deles na falta do outro, sendo
ato irrevogável. Nessa hipótese, os pais continuam respondendo pelos atos ilícitos dos filhos.
▪ JUDICIAL (inc.I): Concedida pelo juiz, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16
anos completos (cessa a responsabilidade dos pais).
▪ LEGAL (inc.II a V): Decorre de previsão legal (é automática), vejamos as hipóteses:
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II. Casamento
Divórcio, morte do cônjuge ou a anulação do casamento, para o cônjuge de boa-fé, não geram retorno
à menoridade (PEGADINHA RECORRENTE EM PROVAS!)
O Código Civil de 2002, em sintonia com a Constituição Federal de 1988, privilegiou a Dignidade
da Pessoa Humana em detrimento do patrimônio, fenômeno denominado de
DESPATRIMONIALIZAÇÃO ou REPERSONIFICAÇÃO DO DIREITO CIVIL. Os direitos da personalidade são
expressões da própria dignidade da pessoa humana; compreendem o conjunto de atributos físicos,
psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções sociais, com o fim de proteger a essência e a
existência do ser humano.
● Técnica da ponderação:
ENUNCIADO 274 DA IV JORNADA DE DIREITO CIVIL: Os direitos da
personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são
expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º,
inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de
colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a
técnica da ponderação.
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Destaca-se, aqui, o instituto denominado DANO EM RICOCHETE: O Direito da Personalidade tem como
característica a intransmissibilidade, contudo, a ofensa ao direito de imagem e honra, por exemplo, de
pessoa morta pode afetar reflexamente também seus ascendentes, descentes, colaterais e cônjuge ou
companheiro. Os exemplos são da biografia do jogador Garrincha (as filhas entraram com ação por
conta de afirmações feitas na publicação) e de uma ofensa feita por Zeca Camargo contra o falecido
cantor Cristiano Araújo (esta última ainda está em sede recursal).
A legitimação dos lesados indiretos é autônoma, ordinária. O que quer dizer que não se trata
de substituição processual, isso significa que irão ajuizar ação em nome próprio, defendendo interesse
próprio.
Ocorre aqui o chamado dano reflexo (ou em ricochete), que consiste no prejuízo que atinge
reflexamente uma pessoa próxima à vítima direta do ato danoso. Esse dano ocorre quando a ofensa é
dirigida a uma pessoa, mas quem sente os efeitos dessa ofensa, dessa lesão é outra.
Exemplo: ofensa dirigida a um morto, que apesar de não ser ofendido em sua personalidade, pois os
direitos da personalidade surgem com a concepção e se extinguem com a morte, portanto, não são
transmitidos aos herdeiros, que só poderão entrar com ação de indenização em razão de sofrerem o
dano reflexo da ofensa (é como se o dano transcendesse a esfera da personalidade do morto e passasse
a atingir os direitos de personalidade dos familiares).
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Ressalte-se que, se o de cujus foi ofendido enquanto ainda era vivo, houve uma lesão aos seus
direitos da personalidade, e o direito à reparação por esse dano moral é transmitido dentro da herança
(CC , Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. ),
ou seja, os herdeiros serão os substitutos processuais do de cujus ou sucessores em eventual ação
movida ainda em vida pelo ofendido.
ATENÇÃO: quando tratar-se de direito à imagem, os legitimados na condição de lesados indiretos NÃO
SÃO os do art. 12, parágrafo único, mas sim os do art. 20, parágrafo único, vejam:
Enunciado 275 da CJF: “o rol dos legitimados de que tratam os arts. 12,
parágrafo único e 20, parágrafo único, também compreende o companheiro”.
1) Absolutos: são oponíveis erga omnes, o que NÃO significa que são ilimitáveis.
Nesse aspecto, são relativos, devendo ser ponderados em caso de colisão.
2) Intransmissíveis: não se admite a cessão do direito de um sujeito para outro
3) Irrenunciáveis: ninguém pode dispor de sua vida, sua intimidade, sua imagem.
4) Extrapatrimoniais: ausência de conteúdo patrimonial direto, aferível
objetivamente, a exemplo dos danos morais (a violação pode implicar em efeito
patrimonial).
5) Impenhoráveis: o direito da personalidade não pode ser penhorado (mas o
crédito dele decorrente sim).
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Obs. Não se esqueçam, entretanto, que a reparação por dano moral decorrente de tortura no regime
militar é imprescritível.
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos
da personalidade. (Tutela-se: imagem – atributo -, nome e honra objetiva)
Gustavo Tepedino entende que dano moral é lesão à dignidade humana. Dessa feita, a pessoa jurídica
não sofreria dano moral. Razão pela qual ele criou uma nova classificação jurídica (dano
institucional).
No entendimento de Tepedino, Barboza e Moraes (2004, p. 134), para as “pessoas jurídicas sem fins
lucrativos deve ser admitida a possibilidade de configuração de danos institucionais, aqui conceituados
como aqueles que, diferentemente dos danos patrimoniais ou morais, atingem a pessoa jurídica em
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
SOBRE O TEMA, É MUITO IMPORTANTE SEMPRE ESTAR EM DIA COM A JURISPRUDÊNCIA, CASOS
NOVOS SEMPRE SURGEM!
5 https://jus.com.br/artigos/25004/sobre-dano-e-responsabilidade-civil
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DIREITO CIVIL
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a) INTEGRIDADE FÍSICA;
b) INTEGRIDADE PSÍQUICA;
c) INTEGRIDADE INTELECTUAL
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Quanto ao direito de imagem, merece atenção esse julgado super recente, no qual o STJ
reconheceu o direito ao “lucro de intervenção”:
Lembrem: quando se tratar do direito de imagem, o parágrafo único do art. 20 retira a legitimidade
dos colaterais como lesados indiretos. Isso costuma cair como pegadinha em provas objetivas!
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LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Enunciado 275 da CJF: “o rol dos legitimados de que tratam os arts. 12,
parágrafo único e 20, parágrafo único, também compreende o companheiro”.
Info. 549 STJ: Configura dano moral indenizável a divulgação não autorizada da
imagem de alguém em material impresso de propaganda político-eleitoral,
independentemente da comprovação de prejuízo.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Info. 546 STJ: Configura dano moral a divulgação não autorizada de foto de
pessoa física em campanha publicitária promovida por sociedade empresária
com o fim de, mediante o incentivo à manutenção da limpeza urbana,
incrementar a sua imagem empresarial perante a população, ainda que a
fotografia tenha sido capturada em local público e sem nenhuma conotação
ofensiva ou vexaminosa. O dano moral decorre do simples uso não autorizado
da imagem.
(i) tutela jurídica do corpo vivo; (ii) tutela jurídica do corpo morto; e (iii) autonomia do paciente ou livre
consentimento informado.
É permitido o ato de disposição do corpo vivo, desde que não gere diminuição permanente da
integridade física. Ex.: tatuagens e piercings. A disposição do corpo vivo que gere diminuição
permanente da integridade física só é permitida se houver exigência médica. Ex.: imputação.
Enunciado 533 CJF: O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos
os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de
vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso
de procedimentos médicos cirúrgicos que não possam ser interrompidos.
I. Consenso afirmativo: Direito de a pessoa dispor gratuitamente do seu corpo, no todo ou em parte,
para depois de sua morte, com objetivo científico ou terapêutico.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
II. Consentimento Informado: Prevê que só pode haver a diminuição permanente da integridade física
se houver exigência médica, que pode ser por motivo de saúde física ou psíquica, o que abrange as
cirurgias plásticas e cirurgias de transgenitalização. Inclusive, especificamente no tocante à submissão
a tratamento médico, o paciente tem direito de saber qual é o tratamento ou a cirurgia e quais as suas
consequências. Conclui-se, portanto, que a responsabilidade do médico é TÉCNICA + DEVER DE
INFORMAÇÃO.
III. Direito ao esquecimento: É o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda
que verídico, ocorrido em determinado momento de sua vida, seja exposto ao público em geral,
causando-lhe sofrimento ou transtornos. Há um conflito entre a privacidade, honra e intimidade x
informação. Veja a definição dada por Anderson Schreiber:
“(...) o direito ao esquecimento é, portanto, um direito (a) exercido
necessariamente por uma pessoa humana; (b) em face de agentes públicos ou
privados que tenham a aptidão fática de promover representações daquela
pessoa sobre a esfera pública (opinião social); incluindo veículos de imprensa,
emissoras de TV, fornecedores de serviços de busca na internet etc.; (c) em
oposição a uma recordação opressiva dos fatos, assim entendida a recordação
que se caracteriza, a um só tempo, por ser desatual e recair sobre aspecto
sensível da personalidade, comprometendo a plena realização da identidade
daquela pessoa humana, ao apresenta-la sob falsas luzes à sociedade.”
(Anderson SCHREIBER. Direito ao esquecimento e proteção de dados pessoais
na Lei 13.709/2018. In: TEPEDINO, G; FRAZÃO, A; OLIVA, M.D. Lei geral de
proteção de dados pessoais e suas repercussões no direito brasileiro. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 376).
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Vale ressaltar, ainda, que o STJ possui o entendimento no sentido de que, quando os registros
da folha de antecedentes do réu são muito antigos, admite-se o afastamento de sua análise
desfavorável, em aplicação à teoria do direito ao esquecimento:
No entanto, recentemente, o tema passou por uma evolução jurisprudencial. Isso porque o STJ
passou a relativizar o direito ao esquecimento, ao passo que o STF passou a entender pela sua
incompatibilidade com a Constituição Federal. Confira:
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TEMA QUENTE!
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
hipótese, uma vez que a mulher vítima da pornografia de vingança sabe que
sua intimidade foi indevidamente desrespeitada e, igualmente, sua exposição
não autorizada lhe é humilhante e viola flagrantemente seus direitos de
personalidade. STJ. 3ª Turma. REsp 1735712-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 19/05/2020
Informativo 546 STJ: Configura dano moral a divulgação não autorizada de foto
de pessoa física em campanha publicitária promovida por sociedade
empresária com o fim de, mediante o incentivo à manutenção da limpeza
urbana, incrementar a sua imagem empresarial perante a população, ainda que
a fotografia tenha sido capturada em local público e sem nenhuma conotação
ofensiva ou vexaminosa. O dano moral decorre do simples uso não autorizado
da imagem.
CESPE/2019 - Embora o direito à honra seja personalíssimo, o direito de exigir sua reparação
econômica, no caso de dano moral, se transmite aos sucessores do ofendido, caso este tenha falecido.
Item correto.
● Prenome: Identifica a pessoa e pode ser simples ou composto. Ex: José ou José Maria.
● Sobrenome (ou patronímico) – identifica a origem ancestral, familiar. Ex: Silva.
● Agnome: Partícula diferenciadora que serve para distinguir pessoas pertencentes à
mesma família e com o mesmo nome: Júnior, Filho, Neto, Sobrinho;
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DIREITO CIVIL
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CESPE/2019 (Adaptada): O nome da pessoa pode ser utilizado em propaganda comercial, mesmo sem
a sua autorização. Item incorreto.
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DIREITO CIVIL
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VI. Transexuais
Define-se a orientação sexual como a expressão individual da sexualidade, que mostra qual o
objeto da atração sexual e afetiva do indivíduo. Já no tocante ao conceito de identidade do gênero,
importa a identificação do indivíduo com o sexo, ou melhor, como a pessoa se sente ao nascer, homem
ou mulher, independente do sexo biológico.
A transexualidade diz respeito à condição do indivíduo que possui uma identidade de gênero
diferente da designada no nascimento, o que faz surgir o desejo de viver e ser aceito como sendo do
sexo oposto. Desta forma, fica claro que em relação aos transexuais, o sofrimento causado pela
inadequação do nome e do gênero no registro de nascimento e demais documentos da vida civil, toma
grandes proporções.
origem dos atos. STF. Plenário. RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
15/8/2018 (repercussão geral) (Info 911).
Transexuais e travestis com identificação com gênero feminino poderão optar por cumprir
pena em presídio feminino ou masculino:
Em 19.03.2021, o ministro Luís Roberto Barroso ajustou os termos de medida cautelar deferida
em junho de 2019, na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 527, de modo a
determinar que presas transexuais e travestis com identidade de gênero feminino podem optar por
cumprir penas em estabelecimento prisional feminino ou masculino. Nesse último caso, elas devem
ser mantidas em área reservada, como garantia de segurança.
Segundo Barroso, essa evolução de tratamento dado à matéria no âmbito do Poder Executivo
decorre do diálogo institucional ensejado pela judicialização da matéria, que permitiu uma “saudável
interlocução” com associações representativas de interesses desses grupos vulneráveis, o Executivo e
o Judiciário.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Ele acrescentou não haver “dúvida” de que a solução sinalizada por ambos os documentos se
harmoniza com o quadro normativo internacional e nacional de proteção das pessoas LGBTI, no sentido
de ser dever dos Estados zelar pela não discriminação em razão da identidade de gênero e orientação
sexual, bem como de adotar todas as providências necessárias para assegurar a integridade física e
psíquica desses grupos quando encarcerados.
No Brasil, disse ele, o direito das transexuais femininas e travestis ao cumprimento de pena
em condições compatíveis com a sua identidade de gênero decorre, em especial, dos princípios
constitucionais do direito à dignidade humana, à autonomia, à liberdade, à igualdade, à saúde, e da
vedação à tortura e ao tratamento degradante e desumano. Decorre também da jurisprudência
consolidada no STF no sentido de reconhecer o direito desses grupos a viver de acordo com a sua
identidade de gênero e a obter tratamento social compatível com ela.
O ministro ressaltou ainda que, dentre os Princípios de Yogyakarta, documento aprovado em
2007 pela comunidade internacional com o objetivo de produzir standards específicos para o
tratamento da população LGBTI, o de número 9 recomenda que, caso encarceradas, essas pessoas
possam participar das decisões relacionadas ao local de detenção adequado à sua orientação sexual e
identidade de gênero.
Fonte: Site do STF
● Ausência, nas ocasiões em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva (art. 6º), e;
● Se for extremamente provável a morte para quem estava em perigo de vida e, se alguém,
desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra (art. 7º).
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
A legislação civil brasileira admite o reconhecimento de morte sem a existência de cadáver e sem a
necessidade de declaração de ausência. A declaração de morte presumida somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento.
COMORIÊNCIA: Se não for possível precisar a ordem cronológica das mortes dos comorientes
(pessoas que morreram em uma mesma OCASIÃO), a lei prevê a presunção de haverem falecido
no mesmo instante. Se forem parentes, NÃO sucedem um ao outro, abrindo-se cadeias sucessórias
distintas.
ATENÇÃO – NÃO CONFUNDA MESMA OCASIÃO COM MESMO EVENTO. Não se exige que a morte
tenha ocorrido no mesmo local (EVENTO), mas ao mesmo tempo! #PEGADINHA
4.3.2 Ausência
É o desaparecimento de uma pessoa de seu domicílio, sem dar notícias de onde se encontra, sem
deixar procurador para administrar seus bens. Necessita de declaração judicial. Quanto à tutela dos
bens, possui três fases:
● 1ª Fase - Curadoria dos bens do ausente: inicia-se com a petição inicial de qualquer interessado
ou do MP. O juiz deverá arrecadar os bens abandonados e nomear curador.
- O curador será, em primeiro lugar, o cônjuge do ausente, desde que não separado
judicialmente ou de fato, por mais de dois anos. Subsidiariamente, serão nomeados os
ascendentes e, em seguida, os descendentes.
- Se não houver nenhuma dessas pessoas, o juiz escolherá um curador, responsável pela
administração e conservação do patrimônio do ausente.
● 2ª Fase - Sucessão provisória: Ocorre após 01 ano da arrecadação ou, caso o ausente tenha
deixado procurador, passados 03 anos. Consiste em uma administração para preservar os bens
do ausente. Principais características:
▪ Depende de pedido dos interessados.
▪ Se não houver interessados, o MP pode requerer a sucessão provisória.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
▪ A sentença que a determina produz efeitos depois de 180 dias de sua publicação, mas tão
logo transite em julgado, ocorre a abertura do testamento e do inventário, como se o
ausente fosse falecido.
▪ Se o herdeiro ou interessado não pleitear a abertura do inventário, após 30 dias do trânsito
em julgado, a massa de bens do ausente será considerada como herança jacente.
▪ Os herdeiros que se imitirem na posse dos bens devem prestar garantia pignoratícia ou
hipotecária, com exceção do cônjuge, dos ascendentes e dos descendentes.
▪ Reaparecendo o ausente e provado que a ausência foi injustificada e voluntária, ele perderá
os frutos em favor do sucessor. Não se poderá alienar os imóveis do ausente.
● 3ª Fase - Sucessão definitiva: Ocorre após 10 anos do trânsito em julgado da sentença que
concedeu a abertura da sucessão provisória. Na mesma oportunidade, levantam-se as garantias
prestadas. Principais características:
▪ Pode ocorrer em menor prazo, se o ausente tinha 80 anos e o seu desaparecimento tenha
ocorrido há pelo menos cinco anos.
▪ Após o trânsito em julgado da sentença que concede a sucessão definitiva dos bens, declara-se
a morte presumida.
▪ Retornando o desaparecido ou algum de seus descendentes ou ascendentes, nos 10 anos
seguintes à abertura da sucessão definitiva, receberá os bens no estado em que se
encontrarem, os sub-rogados em seu lugar ou o preço que os herdeiros houverem recebido.
Aqui o mais importante é a letra da lei! Cuidado somente com a parte Doutrinária DO TEMA
“DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA”, alvo de recentes alterações.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
● A pessoa jurídica é o grupo humano, criado na forma da lei e dotado de personalidade jurídica
própria, para a realização de fins comuns.
● Pode-se subdividir a classificação das pessoas jurídicas em 3 grandes grupos:
▪ Critério da Nacionalidade
▪ Critério do Regime Jurídico a que estão submetidas
▪ Critério da estrutura interna
● De acordo com o art. 40 do CC, as pessoas jurídicas DE DIREITO PÚBLICO se dividem em:
▪ Externa e interna
▪ Da Administração Pública Direta e Indireta (temas de Direito Administrativo)
▪ Empresas estrangeiras possuem restrições de atuação em território nacional (167, §
1º, art. 190 e 220, todos da CF/88)
▪ Enquadram-se no perfil do § único, do art. 41 das Empresas Públicas e as Sociedades
de Economia Mista que prestem serviços públicos.
STJ Súmula 333: cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação
promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
● O CC em seu art. 45, afirma a natureza CONSTITUTIVA do registro da pessoa jurídica, com
eficácia EX NUNC (Caio Mário). Daqui para frente, ela passa a ser uma PJ com existência
legal.
Obs: Algumas pessoas jurídicas têm registro em sistema especial, a exemplo da sociedade de
advogados, que tem registro na OAB. Os partidos políticos que depois de adquirirem a personalidade
jurídica na forma da lei civil, deverão registrar seus estatutos no TSE (CF, art. 17§2º), as entidades
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
sindicais obterão a personalidade também com o simples registro civil, mas deverão comunicar sua
criação ao Ministério do Trabalho, não para efeito de reconhecimento, mas para o simples controle do
sistema de unicidade sindical, ainda vigente no Brasil, de acordo com o art. 8º, I e II da CF/88.
Há entidades que não podem ser subsumidas ao regime legal das PJ do CC por lhes faltarem requisitos
à subjetivação, embora possam agir ativa ou passivamente. São entes que se formam
independentemente da vontade dos seus membros ou em virtude de ato jurídico que vincula pessoas
físicas em torno de bens que lhe interessam, sem lhes traduzir o affectio societatis, de onde se infere
que os grupos (entes) despersonalizados ou com personificação anômala constituem um conjunto de
direitos e obrigações, de pessoas e de bens sem personalidade jurídica e com capacidade processual
mediante representação. O art. 75 do CPC traz alguns exemplos: o condomínio, massa falida, herança
jacente/vacante, espólio; todos têm capacidade processual, todavia não são PJ’s
5.3 Lei n. 13.874 de 2019 (Liberdade Econômica): a Desconsideração da Personalidade Jurídica e a Vigência
do Novo Diploma6
Com isso, reafirma uma premissa básica do nosso sistema: a autonomia jurídico-existencial da
pessoa jurídica em face das pessoas físicas que a integram.
Vai mais além, aliás, ao estabelecer, em seu parágrafo único, o próprio elemento teleológico da
autonomia patrimonial, qual seja, o de “estimular empreendimentos, para a geração de empregos,
tributo, renda e inovação em benefício de todos”, dialogando, inclusive, com o princípio da função
social da empresa.
Por via oblíqua, portanto, realça o caráter excepcional da desconsideração da personalidade
jurídica.
Nessa linha, aliás, a doutrina do jurista FLÁVIO TARTUCE:
58
DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Apesar de Salomon haver utilizado a companhia como escudo para lesar os demais credores, a
Câmara dos Lordes, reformando as decisões de instâncias inferiores, acatou a sua defesa, no sentido
de que, tendo sido validamente constituída, e não se identificando a responsabilidade civil da
sociedade com a do próprio Salomon, este não poderia, pessoalmente, responder pelas dívidas sociais.
“Mas a tese das decisões reformadas das instâncias inferiores repercutiu”, assevera RUBENS
REQUIÃO, pioneiro no Brasil no estudo da matéria, “dando origem à doutrina do disregard of legal
entity, sobretudo nos Estados Unidos, onde se formou larga jurisprudência, expandindo-se mais
recentemente na Alemanha e em outros países europeus”.
Em linhas gerais, a doutrina da desconsideração pretende o afastamento temporário da
personalidade da pessoa jurídica, para permitir a satisfação do direito violado diretamente no
patrimônio pessoal do sócio que praticou o ato abusivo.
⮚ Teoria Maior e Teoria Menor da Desconsideração
Por óbvio, não é o meu objetivo, aqui, longa digressão acerca dessas teorias.
Todavia, é recomendável relembrar que, em torno da desconsideração, gravitam duas
importantes teorias:
a) a teoria maior;
b) a teoria menor.
O Código Civil, em seu art. 50, adotou a denominada teoria maior da desconsideração, por
exigir, além da insuficiência patrimonial, pressuposto lógico, a demonstração do abuso caracterizado
pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial.
Contrapõe-se, pois, à denominada teoria menor da desconsideração, de aplicação mais
facilitada, que exige, apenas, a insuficiência patrimonial, consagrada no Direito Ambiental e no Direito
do Consumidor, bem como na Justiça do Trabalho.
Em síntese, para relações jurídicas civis ou estritamente empresariais, a desconsideração,
regulada pelo art. 50 do Código Civil, tem a sua aplicação mais dificultada, tendo em vista os requisitos
exigidos por lei, dispensados na teoria menor.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
● Desconsideração Inversa: Vem sendo aplicada pelo STJ, sobretudo em casos de direito de
família, permitindo ao juiz que autorize a desconsideração da pessoa natural para atingir o
patrimônio da pessoa jurídica da qual ele seja sócio e tenha se utilizado para ocultar bens
pessoais:
O caput do art. 50 do Código Civil, que já estava alterado pela MP 881/19, não experimentou
mudanças com a nova Lei:
MP 881/19, art. 50, § 1º, CC. Para fins do disposto neste artigo, desvio de
finalidade é a utilização dolosa da pessoa jurídica com o propósito de lesar
credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (grifei)
Lei n. 13.874/19, art. 50, § 1º, CC. Para os fins do disposto neste artigo, desvio
de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores
e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Ora, a exigência do elemento subjetivo intencional (dolo) para caracterizar o desvio, como
constava na redação anterior, colocaria por terra o reconhecimento objetivo da tese da disfunção.
Com efeito, andou bem o legislador, nesta supressão!
Os demais parágrafos, outrossim, não sofreram mudanças:
O inciso III, deste § 2º, ao mencionar, genericamente, que caracterizam a confusão patrimonial
“outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial”, resultou por tornar meramente
exemplificativos os incisos anteriores.
Podem traduzir confusão patrimonial, por exemplo, a movimentação bancária em conta
individual do sócio para as operações habituais da sociedade, o lançamento direto como despesa da
pessoa jurídica de gastos pessoais do sócio ou administrador etc.
antecipando-se ao divórcio ou à dissolução da união estável, retira do patrimônio do casal bens que
deveriam ser objeto de partilha, incorporando-os na pessoa jurídica da qual é sócio, diminuindo, com
isso, o quinhão do outro consorte.
Nesta hipótese, pode-se vislumbrar a possibilidade de o magistrado desconsiderar a autonomia
patrimonial da pessoa jurídica, buscando bens que estão em seu próprio nome, para responder por
dívidas que não são suas e sim de seus sócios, o que tem sido aceito pela força criativa da
jurisprudência:
pode não desviar, mas aquele que “altera” a própria finalidade original da atividade econômica da
pessoa jurídica, muito provavelmente, desvia-se do seu propósito.
⮚ Algumas Palavras Sobre a Vigência da Lei n. 13.874, de 20 de setembro de 2019
I - (VETADO);
II - na data de sua publicação, para os demais artigos.
Ora, se, de acordo com o inc. II, a vigência seria imediata “para os demais artigos”, os artigos
contemplados no inciso vetado (arts. 6º ao 19), por consequência lógica, somente começariam a
vigorar após a vacatio de 45 dias, conforme preceitua a regra geral constante no art. 1º da Lei de
Introdução às Normas do Direito brasileiro - LINDB.
Este panorama, todavia, é, no mínimo, esquisito, sobretudo se passarmos em revista as razões
do veto ao inc. I:
Com efeito, a afirmação, na parte final das razões, no sentido da prevalência da “vigência
imediata do projeto de lei”, conduz-me à ideia de que esta foi a intenção do Governo Federal.
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
E talvez esta linha de entendimento, por ser mais prática, prevaleça, a despeito de a redação
do texto legal (art. 20), poder conduzir o intérprete, como visto acima, a conclusão diversa.
Os atos dos administradores obrigam a pessoa jurídica, quando exercidos nos limites de seus
poderes definidos no ato constitutivo.
Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos
dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso. O direito de anular as decisões
referidas decai em 3 anos, quando violarem a lei ou o estatuto, ou forem eivados de erro, dolo,
simulação ou fraude.
Atenção à inclusão recente do Código Civil, promovida pela Medida Provisória nº 1.045/2021:
Art. 48-A. As pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto
em legislação especial e em seus atos constitutivos, poderão realizar suas
assembleias gerais por meios eletrônicos, inclusive para os fins do disposto
no art. 59, respeitados os direitos previstos de participação e de
manifestação. (Incluído Pela Medida Provisória nº 1.085, de 2021)
6. DO DOMICÍLIO
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DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
● Domicílio: é o lugar em que a pessoa física fixa residência com ânimo definitivo,
transformando-¬o em centro de sua vida jurídica e social. O que diferencia domicílio de residência é
o ânimo de permanência, a definitividade.
7. DOS BENS
7.1 Classificação
67
DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
o Por determinação legal: São considerados bens móveis para efeitos legais (artigo
83):
▪ Energias que tenham valor econômico;
▪ Direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
▪ Direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
* ATENÇÃO: O PENHOR AGRÍCOLA não é considerado bem móvel, mas direito real sobre objetos
imóveis, porque a colheita e a safra se agregam ao solo e por definição de lei é considerado bem imóvel.
* ATENÇÃO: Os navios e aeronaves, embora sejam móveis pela natureza ou essência, são tratados pela
lei como imóveis.
● Imóveis: são os que não podem ser mobilizados, transportados ou removidos sem a sua
destruição.
No que tange à extensão dos bens imóveis, o direito brasileiro adota o CRITÉRIO DA
UTILIDADE. Ou seja: o bem imóvel abrange o espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade que sejam úteis ao seu exercício.
68
DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse
legítimo em impedi-las.
Cuidado! Mesmo havendo tal extensão, a propriedade do solo NÃO ABRANGE: jazidas, minas
e demais recursos minerais, dentro outros, pois tais bens são de propriedade da União (art. 176, CF/88),
sendo propriedade distinta da do solo.
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais
recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos
arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
o Por natureza (art.79): Não podem ser movimentados sem ruptura, são o solo e
tudo que lhe agregue naturalmente;
ATENÇÃO: Os navios e aeronaves, embora sejam móveis pela natureza ou
essência, são tratados pela lei como imóveis.
69
DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
o Por acessão intelectual: são coisas móveis que são imobilizadas, por exemplo, o
maquinário na fazenda agrícola. O artigo 79 afirma que são bens imóveis o solo
e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
70
DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
Comodato Mútuo
NATUREZA JURÍDICA DO
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
QUESTÃO DE PROVA: Com relação às pessoas naturais, às pessoas jurídicas e aos bens,
julgue os itens a seguir.
Uma garrafa de vinho de 1.830 da reserva especial, clausulada com inalienabilidade por testamento
é um bem classificado como consumível fático e, ao mesmo tempo, como bem inconsumível do
ponto de vista jurídico. Resposta: Correto
72
DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
▪ Principais – são aqueles que existem sobre si e não dependem de nenhum outro. Ex.:
imóvel.
▪ Acessórios – é o bem cuja existência pressupõe a existência de um bem principal. Ou
seja: o bem acessório existe em função do principal.
Frutos
ACESSÓ
Produtos
BENS
RIOS
Pertença
Benfeito
Partes
integrant
7.2.1 Frutos
São bens acessórios com origem no bem principal, mantendo a integridade desse último, sem a
diminuição da sua substância ou quantidade.
● Quanto à origem:
o Naturais: decorrentes da essência da coisa principal, como as frutas de uma árvore;
o Industriais: decorrentes de uma atividade humana, caso de um material produzido por
uma Fábrica;
o Civis: decorrentes de uma relação jurídica e econômica, de natureza privada, também
chamados de rendimentos. Ex: aluguéis.
● Quanto ao estado:
o Pendentes: são aqueles que estão ligados à coisa principal, e que não foram colhidos;
o Percebidos: são os colhidos do principal e separados;
o Estantes: são aqueles que foram colhidos e encontram-se armazenados;
o Percipiendos: são os que deveriam ter sido colhidos, mas não foram;
73
DIREITO CIVIL
LINDB, Introdução ao Direito Civil e Parte Geral
7.2.2 Produtos
São os bens acessórios que saem da coisa principal, diminuindo a sua quantidade e substância.
Ex: Diamante extraído de uma mina.
7.2.3 Pertenças
São bens destinados a servir um outro bem principal, por vontade ou trabalho intelectual do
proprietário. São bens que se acrescem, como acessórios à coisa principal. Embora sejam acessórios,
conservam sua individualidade e autonomia, tendo apenas como principal uma subordinação
econômico-jurídica, pois sem qualquer incorporação vinculam-se ao principal para que atinja suas
finalidades. Ex: Armários em uma cozinha.
Embora sejam acessórios, conservam sua individualidade e autonomia, de modo que sua
subordinação ao bem principal se dá apenas por motivos socioeconômicos: uso serviço ou
aformoseamento do bem principal. Dessa forma, pode-se dizer que não há uma incorporação da pertença
ao bem principal, mas sim uma independência.
7.2.5 Benfeitorias
Acessórios introduzidos pelo homem em um bem móvel ou imóvel já existente. Podem ser:
● Necessárias: Objetivam conservar o bem ou evitar que se deteriore;
● Úteis: Facilitam o uso do bem;
● Voluptuárias: NÃO aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais
agradável. São de mero embelezamento ou deleite.
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Vamos ver a relação dos frutos e das benfeitorias com o possuidor de boa-fé e má fé?
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7.3.1 Voluntário
Aquele instituído por ato de vontade do casal, da entidade familiar ou até mesmo de terceiro,
mediante:
(a) registro no Cartório de Imóveis,
(b) por escritura pública ou
(c) testamento.
Para evitar fraudes, o bem de família voluntário não pode ultrapassar o limite de 1/3 do
patrimônio líquido dos seus instituidores.
Essas características não são absolutas, podendo ser afastadas em casos excepcionais ou
eventualmente extinto o bem de família. Vejamos a redação dos dispositivos legais:
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Vale acrescentar, a teor do art. 1712, que o bem de família voluntário poderá compreender
valores mobiliários (renda), aplicados na conservação do imóvel e no sustento da família, podendo
essa renda, inclusive, ser administrada por instituição financeira (art. 1713, §3º do CC) (em caso de
liquidação dessa entidade, os valores serão transferidos para outra instituição congênere, art. 1718 -
trust).
7.3.2 Legal
O bem de família legal, instituído pela Lei 8009/90, concretiza o direito constitucional à
moradia e a noção de patrimônio mínimo (FACHIN), decorrente do valor superior da dignidade da
pessoa humana. Anote-se que, em razão de tal caráter protetivo, a Lei 8009/90 aplica-se a penhora
realizada antes de sua vigência, nos termos da súmula 205 do STJ.
Ademais, também privilegiando a proteção constitucional do direito à moradia, o STJ entendeu
que a impenhorabilidade do bem de família no qual reside o sócio devedor não é afastada pelo fato
de o imóvel pertencer à sociedade empresária. (Info 579/STJ)
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Se houver 2 imóveis residenciais em que a família alternadamente viva, nos termos do art. 5º
da Lei 8009/90, a proteção legal recai no de menor valor, salvo se o imóvel mais valioso houver sido
inscrito como bem de família voluntário. Com relação aos bens MÓVEIS, o art. 2º da Lei 8009 exclui
de sua proteção veículos de transporte, obras de arte e adorno suntuosos. Ademais, o locatário tem
a proteção dos bens móveis quitados que guarnecem a residência, desde que não sejam suntuosos.
O STF entendeu que a pensão alimentícia pode decorrer tanto de relações familiares, quanto
de obrigação de reparar danos. Assim, a impenhorabilidade do bem de família não pode ser oposta ao
credor de pensão alimentícia decorrente de indenização por ato ilícito (REsp 1.186.225).
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V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo
casal ou pela entidade familiar;
STJ já decidiu que todas as hipóteses de afastamento da impenhorabilidade do bem de família devem
ser interpretadas restritivamente. Assim, tal exceção abrange apenas as hipotecas constituídas em
razão de dívidas do casal ou da entidade familiar, não podendo ser oposta por credores de terceiros.
Ex.: José dá seu imóvel em garantia de dívida de João. prevalece a impenhorabilidade. (Resp
1.115.265/RS)
A ausência de registro da hipoteca em cartório de registro de imóveis não afasta a exceção à regra de
impenhorabilidade do bem de família dado em garantia hipotecária na hipótese de dívida constituída
em favor de entidade familiar. A ausência de registro da hipoteca não a torna inexistente, mas apenas
válidas inter partes (Info 585/STJ).
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença
penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
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⮚ JURISPRUDÊNCIAS:
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Não se pode penhorar o bem de família com base no inciso IV do art. 3º da Lei
8.009/90 se o débito de natureza tributária está relacionado com outro
imóvel que pertencia ao devedor.
Para a aplicação da exceção à impenhorabilidade do bem de família prevista no
art. 3º, IV, da Lei nº 8.009/90 é preciso que o débito de natureza tributária seja
proveniente do próprio imóvel que se pretende penhorar. (Info. 665/STJ –
2020)
Proprietário que aceita que seu bem de família sirva como garantia de um
contrato de alienação fiduciária em garantia não pode, posteriormente, alegar
que esse ato de disposição foi ilegal (Info 664/STJ – 2019)
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Referências Bibliográficas:
Flávio Tartuce. Manual de Direito Civil.
Nelson Rosenvald. Curso de Direito Civil – Parte Geral e LINDB.
André Santa Cruz Ramos. Direito Empresarial Esquematizado.
ANALOGIA
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COSTUMES
PRINCÍPIOS
GERAIS DO DIREITO
03. Diferencie:
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FACULTATIVO
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OBRIGATÓRIO
VINCULANTE
09. Diferencie:
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NATALISTA
CONCEPCIONISTA
DA PERSONALIDADE CONDICIONAL
DA PERSONALIDADE MISTA
11. Quais foram as alterações promovidas no CC/02 com o advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência?
ANTES DO EPD DEPOIS DO EPD
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15. De acordo com o STJ, a pessoa jurídica de direito público tem direito à indenização por danos morais?
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17. O que é o “direito ao esquecimento”? Qual o entendimento do STF sobre sua compatibilidade com a
CF/88?
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22. Diferencie:
Moradia
Residência
Domicílio
23. Diferencie:
Frutos
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Produtos
Pertenças
Partes integrantes
Benfeitorias
- Bens imóveis
FORMA DE AQUISIÇÃO
NECESSIDADE DE
CONSENTIMENTO DO
CÔNJUGE PARA ALIENAÇÃO
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NATUREZA JURÍDICA DO
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
DIREITO DE GARANTIA
- Bens móveis
FORMA DE AQUISIÇÃO
NECESSIDADE DE
CONSENTIMENTO DO
CÔNJUGE PARA ALIENAÇÃO
NATUREZA JURÍDICA DO
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
DIREITO DE GARANTIA
QUESTÕES PROPOSTAS
a) As edificações, quando separadas do solo e removidas para outro local, mesmo conservando a sua unidade,
perdem o caráter de bem imóvel.
b) Os materiais provisoriamente separados de um prédio, para serem nele reempregados, adquirem o caráter
de bem móvel.
c) Os materiais provenientes da demolição de algum prédio adquirem a condição de bens móveis.
d) Direito à sucessão aberta é considerado bem móvel para os efeitos legais.
e) Consideram-se bens imóveis as energias que tenham valor econômico.
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elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança,
para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua capacidade.
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b) II e IV, somente.
c) II, somente.
d) IV, somente.
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a) se insuficientes para instituir a fundação, os bens deixados por Juliano deverão retornar ao monte a ser
inventariado, a fim de que se faça a partilha;
b) para alterar o estatuto da fundação, a reforma deve ser deliberada por 2/3 dos competentes para gerir e
representá-la e não desvirtuar ou contrariar o seu fim;
c) se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, a
incumbência caberá ao Ministério Público;
d) tornando-se inútil, impossível ou ilícita a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo da sua
existência, o juiz lhe promoverá a extinção, incorporando o seu patrimônio a outra fundação.
a) ajuizar ação judicial para a declaração de ausência, mediante arrecadação dos bens e nomeação de curador
neste primeiro momento.
b) instaurar procedimento administrativo para a declaração de ausência, mediante arrecadação dos bens e
nomeação de curador.
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c) ajuizar ação judicial para a declaração da morte presumida, sem necessidade de declaração de ausência,
passando-se desde logo à sucessão, ainda que provisória.
d) ajuizar ação judicial para a declaração de ausência, passando-se desde logo à sucessão, ainda que provisória.
e) ajuizar ação judicial para a declaração de morte presumida, passando-se desde logo à sucessão definitiva.
a) os animais são tratados como bens semoventes e, portanto, ainda que sejam animais de companhia, a única
solução cabível para eventuais disputas a respeito de animais domésticos passa pelos conceitos de posse e
propriedade, sendo inaplicável o estabelecimento do direito de visitas e a consideração do valor afetivo, restrito
às relações familiares e interpessoais.
b) a lei, a doutrina e a jurisprudência apontam que o direito civil não deve se preocupar com a tutela de direitos
dos animais, uma vez que não há qualquer confluência do direito privado para tal objeto, que deve ser tratado
exclusivamente no âmbito do direito ambiental.
c) a lei em vigor ainda trata os animais como coisa, objeto de direito, mas os Tribunais vêm crescentemente
atentando-se às especificidades dos animais de companhia como seres sencientes e, inclusive, já se identifica a
insuficiência dos conceitos de posse e propriedade para tais finalidades.
d) a legislação em vigor no território nacional se encontra absolutamente em compasso com a evolução da
matéria e com as tendências verificadas nas vertentes mais modernas de direito civil, contemplando
expressamente a possibilidade de fixação de guarda de animais domésticos, por aplicação do conceito de família
multiespécie, também contemplada pela lei.
e) o Código Civil de 2002 é pioneiro e vanguardista no estabelecimento de um regime jurídico que protege e
privilegia os animais como seres sencientes e que ostentam o direito à vida e à dignidade.
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Em 2018, o Pleno do Supremo Tribunal julgou duas importantes ações, a ADI 4.275 e o RE 670.422, com
repercussão geral (tema 761), ambas envolvendo direitos da personalidade das pessoas transgênero. Na
oportunidade, ficou definido que as pessoas transgênero têm direito à alteração do prenome e do gênero:
( ) Certo ( )Errado
a) somente quando se verificar a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores ou para a prática
de atos ilícitos.
b) se, cobrada judicialmente, os bens da pessoa jurídica não forem suficientes para o pagamento do credor.
c) se ocorrer a transferência, entre os sócios e a sociedade, de ativos ou de passivos, sem efetivas
contraprestações, salvo se de valor proporcionalmente insignificante.
d) se houver grupo econômico e uma das sociedades que o integra deixar de cumprir obrigação pecuniária.
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e) quando houver expansão ou alteração da finalidade original da atividade específica da pessoa jurídica.
a) o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, ainda que permanente e geral;
b) as partes destacadas e recuperáveis do corpo humano – como fio de cabelo, saliva, sêmen – merecem a
mesma proteção recebida pelas partes não recuperáveis do corpo;
c) a disposição do próprio corpo, ainda que gratuita, com objetivos exclusivamente científicos, é autorizada;
d) a substituição de um dos patronímicos por ocasião do matrimônio não poderá ser revertida ainda na
constância do matrimônio, sob alegação de que o sobrenome adotado assumiu posição de protagonismo em
detrimento do sobrenome familiar;
e) o uso não autorizado da imagem de torcedor inserido no contexto de uma torcida pode induzir a reparação
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de danos morais, ainda que não configurada a projeção e a individualização da pessoa nela representada.
IV. A incapacidade relativa pode ser suprida com mera assistência, desde que haja autorização judicial,
dispensando a representação.
Dessas afirmações,
Na sucessão provisória, o ascendente, mesmo depois de provada a sua qualidade de herdeiro, deverá dar
garantia mediante penhor ou hipoteca para imitir-se na posse do bem do ausente.
( ) Certo ( ) Errado
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a) Embora a segurança jurídica seja uma preocupação da norma, as respostas a consultas emitidas não terão
caráter vinculante em relação ao órgão ou à entidade a que se destinam, mas, sim, informativo.
b) Os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo são
irrelevantes quando da interpretação de normas sobre gestão pública, haja vista a indisponibilidade do interesse
público.
c) As instâncias controladora e judicial, embora obrigadas a motivar suas decisões, não devem considerar as
consequências práticas da medida imposta, que é atividade de competência exclusiva da administração pública.
d) A edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser
precedida de consulta pública para manifestação de interessados.
Respostas7
7
01: C 02: E 03: C 04: E 05: E 06: C 07: C 08: E 09: D 10: C 11: A 12: C 13: E 14: E
15: C 16: E 17: B 18: D 19: E 20: D
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