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Direito Civil - Parte Geral

Prof. Me. Vanylton Santos*

* Bacharel e Mestre em Direito pela Universidade do Estado do Amazonas. Exerceu funções como: Coordenador do Departamento Jurídico da Fundação Amazonas Sustentável -
FAS, Secretário Executivo da Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas, Diretor-Geral da Escola Superior Batista do Amazonas. Além de exercer a advocacia preventiva e
contenciosa, é Conselheiro titular do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas e ex-coordenador da sua Câmara Técnico-Jurídica. Faz parte da Comissão Nacional de
Meio Ambiente da OAB (Conselho Federal) e preside a Comissão de Meio Ambiente da OAB/AM. Já prestou consultoria jurídica para o Estado do Amazonas, Banco alemão KfW, e
Banco Mundial, além de outras instituições. Exerce a docência há mais de 10 anos, em cursos de graduação e pós-graduação em Direito (Texto de setembro de 2021).
Estudos propedêuticos
Noções Introdutórias
É possível passar ao largo de vários ramos do Direito, salvo do Direito Civil.
O Direito Civil acompanha desde o nascituro até quando o indivíduo ele morre:
• Nascituro – garante os direitos daqueles que por ventura venham nascer com vida;
• Nascimento – outorga a personalidade jurídica da pessoa natural;
• Adolescência – regula a capacidade relativa;
• Maioridade – atribui a capacidade plena;
• Casamento ou união estável – regula as questões patrimoniais entre os cônjuges;
• Direitos Reais – regula a propriedade, posse…
• Negócios Jurídicos – dá segurança jurídica aos contratos;
• Relação com familiares – estabelece os vínculos jurídicos entre os sujeitos de mesma família;
• Morte – estabelece a herança.

O Direito Civil é o responsável por regular as relações privadas (ou seja, entre iguais ou quase iguais).
O Código Civil está dividido em 2 partes:
• Parte Geral – Trata dos Sujeitos, dos Bens e dos Fatos Jurídicos.
• Parte Especial – Trata das obrigações, dos contratos, da responsabilidade civil, do direito das coisas, do Direito de família
e das sucessões.
OBS: Também na parte especial consta o Direito de Empresa, mas este é um ramo de direito autônomo.
Estudos propedêuticos
Noções Introdutórias - As várias facetas do direito
• Direito Natural (Jus Natural) – É um direito anterior à norma e tem caráter universal (Ex: Direito à vida).

• Direito Positivado – É o direito legislado, a Lei criada. Divide-se em:


• Direito objetivo – É o comando em abstrato, de caráter genérico, de incidência a todos, mas não
aplicado a ninguém especificamente.
• Direito subjetivo (subjetivo = sujeito) – É a adequação da norma em abstrato ao sujeito específico,
que poderá, se desejar, fruir do direito.

• Direito Potestativo (potestas = poder) – O direito potestativo é aquele que, ao ser exercido por alguém,
repercute na esfera jurídica de outrem, sem que este possa resistir (Ex: Divórcio, pedido de demissão..).

• Direito Público – Relação vertical entre o Poder Público e o particular (Ex: Direito Tributário, Direito
Administrativo).

• Direito Privado – Relação horizontal entre privados, iguais ou quase iguais (Ex: Direito Civil, Empresarial,
Consumidor).
LINDB
Lei de Introdução às
Normas do Direito
Brasileiro
LINDB
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é o Decreto-Lei nº 4.657/42

Em 2010 houve a mudança do nome de Lei de Introdução ao Código Civil para Lei de Introdução às Normas
do Direito Brasileiro.

A LINDB é inspirada no sistema Francês (Código Napoleônico). É a “Lei das Leis”. É autônoma e regula todas
as normas, não apenas as normas de natureza civil, mas as de natureza penal, administrativa, trabalhista…

Até 2018, a LINDB possuía apenas 19 artigos. Com a alteração ocorrida em 2018, foram inseridos mais 11
artigos (20 ao 30), preponderantemente aplicável no âmbito do Direito Público (Por essa razão, o conteúdo
desses artigos deve ser abordado no estudo do Direito Administrativo).
LINDB
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

Existência
Validade
Vigência
Eficácia

• Para a norma existir, ela precisa ser criada.


• Para a norma ser válida, a sua criação precisa obedecer estritamente os procedimentos de criação
(aspecto formal) e o seu conteúdo não pode contrariar as normas hierarquicamente superiores (aspecto
material).
• A norma vigente é aquela que, além de existente e válida, está liberada para ser aplicada imediatamente.
Uma norma não vigente é aquela que, embora exista e seja válida, está aguardando o momento certo
para ser aplicada.
• A norma eficaz é aquela que consegue efetivamente produzir efeitos, ou seja, o seu conteúdo é
juridicamente útil e está sendo adotado.
LINDB
Vacatio Legis
É o período compreendido entre a publicação e a entrada em vigor da Lei (vigência).
A data do início da vigência geralmente consta da própria Lei.
Ex: “Esta Lei entra em vigor no dia 05 de março de 2021”
“Esta Lei entra em vigor 10 dias depois da sua publicação”
“Esta Lei entra em vigo na data da sua publicação” – mais comum.

OBS: Caso na própria Lei não tenha previsto a data da sua entrada em vigor, a Lei que silenciou a data
da vigência entra em vigor 45 dias após a publicação (dentro do Brasil) e 3 meses (fora do Brasil).

Atenção: Se, no período da vacatio legis, houver nova publicação destinada à correção, os prazos
reiniciam a partir da nova publicação. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova,
portanto, a vigência é contada a partir da publicação da Lei corrigida.
LINDB
REVOGAÇÃO

Ab-rogação Derrogação

Se dá quando a norma é Se dá quando a norma é


completamente revogada parcialmente revogada por
por outra. outra (alguns artigos).

Revogação Expressa – Se dá quando a norma posterior prevê, em seu conteúdo, a revogação da de uma
norma prévia.

Revogação Tácita – Se dá quando uma norma regula algo que contraria (incompatível com) o que já estava
positivado em outra norma, sem revogá-la expressamente.
Atenção: As normas revogadoras necessariamente precisam ser de hierarquia igual ou superior à
norma revogada.
LINDB
Princípio da Obrigatoriedade - Inexcusabilidade pelo desconhecimento da Lei
Alegar o desconhecimento da existência, validade ou vigência da Lei não exime a pessoa de cumpri-la.

Princípio da continuidade da Lei


Uma vez criada a norma, e sendo válida, ela permanecerá existente e válida até que seja retirada do
ordenamento, ainda que tenha ou nunca tenha tido vigência ou eficácia.
É possível ainda que a norma deixe de existir, de viger ou de ter eficácia. Para isso, é necessário que uma
norma de hierarquia igual ou superior determine a revogação (expressa ou tacitamente) da norma ou a
suspensão da sua eficácia.
OBS: A suspensão da eficácia de uma norma também poderá se dar de outra forma. Basta que a
sociedade entenda que seu conteúdo é juridicamente inútil e deixe de adotá-la. Isso não significa que a
norma deixou de existir, se tornou inválida ou parou de vigorar, apenas perdeu a eficácia.
LINDB
Repristinação – É o fenômeno que consiste em restaurar uma norma revogada simplesmente revogando a
lei revogadora da lei primitiva. Esse fenômeno não é adotado como regra pelo ordenamento jurídico
brasileiro. Contudo, excepcionalmente, a norma que revogar a norma revogadora poderá prever
expressamente a restauração da Lei primitiva.

Em regra, não haverá a repristinação da norma A

Norma B, que Norma C, que


Norma A
revoga a norma A revoga a norma B

Mas, excepcionalmente, se no conteúdo da norma C houver a


previsão da restauração da norma A, esta será repristinada
LINDB
Métodos de Integração da Norma
O Poder Judiciário não pode deixar de aplicar a Lei (julgar), alegando lacuna no ordenamento jurídico
(omissão ou inexistência de Lei).

Como forma de integrar a Lei, o Juiz deverá decidir de acordo com (nesta ordem):
• Analogia – Utilização de uma norma que não regula, especificamente, a situação discutida.
Contudo, pela similitude dos fatos, esta norma poderá ser excepcionalmente utilizada.
• Costumes – Prática, não positivada mas reiterada, de um determinado comportamento. O costume
pode ser:
• Costume secundum legem – Não serve para integrar a norma porque a norma já existe.
• Costume contra legem – Não serve para integrar a norma porque o costume é antijurídico.
• Costume praeter legem (“além da Lei”) – É neste ultimo tipo costume que o juiz se socorre
porque não está positivado, mas não é antijurídico.
• Princípios gerais de direito – Os princípios são as vigas do direito, que não estão definidas em
nenhuma norma. É o substrato das fontes formais do direito. Os princípios gerais são inspirados nas
outras fontes de direito e também as inspira.
Ex: A ninguém é dado o direito de causar prejuízo a outrem….
LINDB
Irretroatividade da Lei
A partir do momento que a Lei entra em vigor, todo o seu conteúdo tem aplicabilidade geral imediata.
Caso haja uma mudança no sistema jurídico, seja pela entrada em vigor de uma norma nova ou a
revogação de uma norma antiga, deve-se observar 3 situações previamente consolidadas: o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
• Ato jurídico perfeito – É o ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que o ato se
consumou.
• Direito Adquirido – É o direito cujo começo do exercício tenha uma data pré-fixada ou uma
condição pré-estabelecida. Caso a data do começo ou a condição do direito venham a ser alterados,
isso não será válido se vier a causar um prejuízo ao titular desse direito.
• Coisa julgada – É a decisão judicial de que já não caiba recurso, ainda que proferida em 1ª instância.

É possível, no entanto, que a entrada em vigor da nova norma ou a revogação da norma antiga venha a
prejudicar estes 3 institutos. Caso isso aconteça, é necessário verificar se isso se deu de forma genérica ou
se repercutiu na esfera jurídica de algum indivíduo. Naquele caso, poderá ser válida a mudança do sistema
jurídico. Neste caso, não.
LINDB
Territorialidade
As normas brasileiras produzem efeitos em toda a extensão do território nacional, assim que entram em vigor.
Exceção: Eventualmente, uma norma brasileira também poderá produzi efeitos fora do Brasil, desde que, dentro
das regras de direito internacional privado, o pais estrangeiro permita a aplicabilidade do direito brasileiro.
Aplicação de normas estrangeiras no Brasil:
As vezes, a norma estrangeira pode produzir efeitos no Brasil. Para isso, o ordenamento jurídico brasileiro precisa
expressamente autorizar (Ex: O processo de inventário e partilha de um falecido de outra nacionalidade deve
obedecer as leis de origem do falecido).
Execuções de decisões judiciais estrangeiras no Brasil:
Assim como algumas normas estrangeiras podem produzir efeitos no Brasil, decisões proferidas fora do território
nacional poderão ser aqui executadas. Para tanto, é necessário que sejam observados os requisitos do Art. 15 da
LINDB:
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos
(OBS: Não será julgado novamente. Haverá apenas um juízo de delibação):
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi
proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Atenção: EC 45 transferiu esta competência para o STJ)
PESSOAS NATURAIS
Pessoas Naturais
Personalidade Jurídica
É a aptidão genérica para se adquirir direitos e se submeter a obrigações.

Aquisição da Personalidade Jurídica – As 4 teorias:


Concepcionista: A personalidade jurídica é adquirida desde a concepção, ou seja, a fecundação dos
gametas, sem que haja a necessidade da nidação.

Nidacão: A Personalidade jurídica é adquirida com a nidação (gravidez viável, ou seja, o acoplamento do ovo
na parede uterina. Essa é a teoria adotada no Brasil, conforme a ADI 3.510/DF).
OBS: Enquanto não nasce, o feto é titular de direitos personalíssimos (Ex: vida, dignidade). Depois que
nasce, pode titularizar direitos patrimoniais (Ex: propriedade).

Natalista: A personalidade jurídica é adquirida somente com o nascimento com vida.

Condicional: A personalidade jurídica é adquirida com a concepção, mas desde que o feto nasça com vida.
Caso contrário, o feto jamais teve personalidade.
Pessoas Naturais
Momento da aquisição da Personalidade Jurídica
Art. 2º do CC - A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro.
Atenção: Para se adquirir a personalidade jurídica (para efeitos de aquisição de direitos patrimoniais),
não precisa ter registro de nascimento, não precisa ter prazo mínimo de vida, não precisa ter vida
viável, não precisa de integridade física, não precisa ter havido o corte do cordão umbilical ou sequer
forma humana… Precisa apenas ser, o bebê, expelido do útero e ter respirado (Exame - Docimasia
Hidrostática de Galeno).
Curiosidade: Quando o bebê nasce, é dado aos pais a DNV (Declaração de Nascido Vivo). É com
essa declaração que se emite a Certidão de Nascimento (Cartório de Registro de Pessoas Naturais).
Pessoas Naturais
Como é chamado aquele que é dotado de personalidade jurídica? SUJEITO DE DIREITO.
Há 2 tipos de sujeitos de direitos:
• Pessoa Natural (Pessoa Física)
• Pessoa Jurídica
Conclusão: Todas as pessoas (naturais ou jurídica) são dotadas de personalidade jurídica.
Cuidado: Animais não são dotados de personalidade jurídica (semoventes, Art. 82 do CC).

Atenção - Entes Despersonalizados:


Há entes que não possuem personalidade jurídica, mas EVENTUALMENTE podem ser sujeito de direito ao
ponto de possuírem capacidade postulatória.
Ex: Herança jacente, herança vacante, Massa Falida, Espólio, Sociedade Despersonalizada.
Pessoas Naturais
Garantias do Nascituro
Nascituro é aquele que já foi concebido, houve a nidação, mas ainda não nasceu.
De acordo com o entendimento do STF, o nascituro é titular de direitos de personalidade e, excepcionalmente, da
expectativa de alguns direitos patrimoniais:

Exemplos de Direitos garantidos ao nascituro:


• Não ser abortado (Direito à vida);
• Receber doações, desde que aceita pelo seu representante legal (Art. 542 do CC);
• Legitimar-se na sucessão (Art. 1.798 do CC);
• Tem direito a curador, se os pais falecerem ou apenas um dos pais se o outros não tiver poder familiar. (Art.
1779 do CC).

Atenção: O Natimorto, como foi um nascituro, possui direito a um nome, imagem e sepultura (Enunciado 01 do
CJF)
Pessoas Naturais
Direitos da Personalidade: É Muito mais do que diz o Art. 11 do CC:
Característica Direito da personalidade (ou extrapatrimoniais) Direito Patrimonial
Transmissibilidade Intransmissíveis - não podem ser destacados da Transmissíveis. Ex: Um bem (material) pode ser
pessoa, são indeléveis. expropriado da pessoa.
Alienabilidade Inalienáveis - não podem ser vendidas (Ex de Alienáveis.
exceção: A imagem do jogador ou do artista pode ser
cedida).
Penhorabilidade Impenhoráveis – Não apreciáveis para fins de São penhoráveis. Exceção: há direitos
(execução judicial) execução. patrimoniais impenhoráveis, como os da Lei
8.009/90 e o Art. 833 do CPC).
Disponibilidade Indisponíveis - a pessoa não tem a opção de não fruir. Disponíveis.
Atenção: Art. 13 do CC (próximo slide)

Renunciabilidade Irrenunciáveis - a pessoa não tem a opção de, em Renunciáveis.


contrato, prever a sua renúncia.

Término Nem todos acabam com a morte. Todos acabam com a morte, sempre
Ex: Imagem do morto, funeral, preservação da honra.
Pessoas Naturais
Os direitos da personalidade são protegidos da mesma forma que os direitos materiais, ou seja, é possível que se
requeira ao judiciário que seja cessada a ameaça ou a lesão ao direito da personalidade, podendo, inclusive,
reclamar perdas e danos.
Atenção: Caso o direito de personalidade seja de alguém morto, o legitimado para pleitear este direito é o
cônjuge ou qualquer parente (em linha reta é ilimitado, ou colateral até o quarto grau).

Art. 13 do CC. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do


próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade
física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Pessoas Naturais
Ninguém pode ser constrangido a se submeter a
tratamento ou cirurgia que implique risco de morrer.
Em alguns casos, se o tratamento não implicar risco
de morrer, a pessoa pode ser constrangida a se
tratar, especialmente se a doença estiver violando
algum dos direitos da personalidade.
Prefeitura de SP pretende conduzir à força até
100 dependentes da Cracolândia

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico,


a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em
parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser
livremente revogado a qualquer tempo. https://revistaopera.com.br/2017/05/27/prefeitura-de-sp-pretende-conduzir-forca-ate-100-dependentes-da-cracolandia/
Pessoas Naturais
Nome:
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele
compreendidos o prenome e o sobrenome. Luciano Huck será indenizado por
OBS: Inclusive o natimorto uso indevido de nome
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por
outrem em publicações ou representações que a
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.
Ex: Apresentar em público, pelo seu verdadeiro nome,
uma pessoa que é conhecida pelo seu nome social.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio
em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza
da proteção que se dá ao nome.

https://www.migalhas.com.br/quentes/283022/luciano-huck-sera-indenizado-por-uso-indevido-de-nome
Pessoas Naturais
Não é necessária autorização prévia para
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração publicação de biografias de nome
da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de
escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se
lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os
ascendentes ou os descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias
para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

Atenção: De acordo com a ADIN 4.815, não é necessária


autorização prévia para publicação de biografias de nome (obras
literárias não podem sofrer censura prévia)

https://www.migalhas.com.br/quentes/221675/nao-e-necessaria-autorizacao-previa-para-publicacao-de-biografias
Pessoas Naturais
CAPACIDADE

PARA GOZAR DE DIREITOS PARA PRATICAR ATOS NA VIDA CIVIL


(CAPACIDADE DE DIREITO) (CAPACIDADE DE EXERCÍCIO)
Art. 1º Toda pessoa é capaz de
direitos e deveres na ordem civil.

Incapacidade Relativa Incapacidade Absoluta


(precisam ser representados) (precisam ser representados)
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à Art. 3º São absolutamente incapazes de
maneira de os exercer: exercer pessoalmente os atos da vida civil
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; os menores de 16 (dezesseis) anos.
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente,
não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

OBS: A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial (Lei 6.001/73 – Estatuto do Índio).
Pessoas Naturais
Término da Incapacidade
A incapacidade cessa com o fim do fato que enseja ou que deu origem incapacidade (idade, prodigicidade,
perda do vício alcoólico…).
É possível que uma pessoa capaz se torne relativamente incapaz, basta que esta pessoa venha a se enquadrar
numa das hipóteses do Art. 4º, salvo na hipótese prevista no inciso I. E por esta mesma razão, nunca será
possível que uma pessoas capaz venha a se tornar absolutamente incapaz (porque não é possível retroagir na
idade).
Emancipação - é transformar um incapaz em capaz:
• Há 3 tipos de emancipação – Emancipação voluntária, emancipação judicial e emancipação legal.
Emancipação
Voluntária
Emancipação
Judicial
Emancipação
Legal
Pessoas Naturais
Término da Incapacidade
A incapacidade cessa com o fim do fato que enseja ou que deu origem incapacidade (idade, prodigicidade,
perda do vício alcoólico…).
É possível que uma pessoa capaz se torne relativamente incapaz, basta que esta pessoa venha a se enquadrar
numa das hipóteses do Art. 4º, salvo na hipótese prevista no inciso I. E por esta mesma razão, nunca será
possível que uma pessoas capaz venha a se tornar absolutamente incapaz (porque não é possível retroagir na
idade).
Emancipação - é transformar um incapaz em capaz:
• Há 3 tipos de emancipação – Emancipação voluntária, emancipação judicial e emancipação legal.
Emancipação Emancipação voluntária: Concedida pelos pais, por meio de escritura pública,
Voluntária quando o menor possui 16 ou 17 anos.
Emancipação Atenção: Ainda que o menor esteja sob guarda de apenas um dos pais, o outro
Judicial tem que, junto com o detentor da guarda, autorizar (se não for falecido, ausente,
interditado ou incapaz). Caso um dos pais vivos não queira autorizar, é possível
Emancipação
que o juiz supra essa autorização, se isso for bom ao emancipando.
Legal
Pessoas Naturais
Término da Incapacidade
A incapacidade cessa com o fim do fato que enseja ou que deu origem incapacidade (idade, prodigicidade,
perda do vício alcoólico…).
É possível que uma pessoa capaz se torne relativamente incapaz, basta que esta pessoa venha a se enquadrar
numa das hipóteses do Art. 4º, salvo na hipótese prevista no inciso I. E por esta mesma razão, nunca será
possível que uma pessoas capaz venha a se tornar absolutamente incapaz (porque não é possível retroagir na
idade).
Emancipação - é transformar um incapaz em capaz:
• Há 3 tipos de emancipação – Emancipação voluntária, emancipação judicial e emancipação legal.
Emancipação
Voluntária
Emancipação Judicial: Concedida pelo Juiz, a pedido do tutor, quando o menor
Emancipação
possui 16 ou 17 anos.
Judicial
OBS: O juiz emancipa por sentença, ouvido o tutor.
Emancipação
Legal
Pessoas Naturais
Término da Incapacidade
A incapacidade cessa com o fim do fato que enseja ou que deu origem incapacidade (idade, prodigicidade,
perda do vício alcoólico…).
É possível que uma pessoa capaz se torne relativamente incapaz, basta que esta pessoa venha a se enquadrar
numa das hipóteses do Art. 4º, salvo na hipótese prevista no inciso I. E por esta mesma razão, nunca será
possível que uma pessoas capaz venha a se tornar absolutamente incapaz (porque não é possível retroagir na
idade).
Emancipação - é transformar um incapaz em capaz:
• Há 3 tipos de emancipação – Emancipação voluntária, emancipação judicial e emancipação legal.
Emancipação
Voluntária Atenção: Tanto a escritura pública (emancipação voluntária) como a sentença
emancipatória (emancipação judicial) devem ser registradas - Cartório de registro
Emancipação civil de pessoas naturais (Art. 9º do CC)
Judicial
Emancipação
Legal
Pessoas Naturais
Término da Incapacidade
A incapacidade cessa com o fim do fato que enseja ou que deu origem incapacidade (idade, prodigicidade,
perda do vício alcoólico…).
É possível que uma pessoa capaz se torne relativamente incapaz, basta que esta pessoa venha a se enquadrar
numa das hipóteses do Art. 4º, salvo na hipótese prevista no inciso I. E por esta mesma razão, nunca será
possível que uma pessoas capaz venha a se tornar absolutamente incapaz (porque não é possível retroagir na
idade).
Emancipação - é transformar um incapaz em capaz:
• Há 3 tipos de emancipação – Emancipação voluntária, emancipação judicial e emancipação legal.
Emancipação Emancipação Legal: Concedida quando verificada uma das circunstância a seguir:
Voluntária • pelo casamento; pela colação de grau em curso de ensino superior;
• pelo exercício de emprego público efetivo (raro, poucos editais permitem);
Emancipação
• pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego,
Judicial
desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia
Emancipação própria.
Legal OBS: A emancipação legal não precisa de registro. Ela se prova pelos documentos que
demonstram a ocorrência da circunstância emancipatória (Certidão de casamento, nomeação
no cargo público, diploma de colação de grau e registro do estabelecimento civil ou comercial).
Pessoas Naturais
Término da Incapacidade
A incapacidade cessa com o fim do fato que enseja ou que deu origem incapacidade (idade, prodigicidade,
perda do vício alcoólico…).
É possível que uma pessoa capaz se torne relativamente incapaz, basta que esta pessoa venha a se enquadrar
numa das hipóteses do Art. 4º, salvo na hipótese prevista no inciso I. E por esta mesma razão, nunca será
possível que uma pessoas capaz venha a se tornar absolutamente incapaz (porque não é possível retroagir na
idade).
Emancipação - é transformar um incapaz em capaz:
• Há 3 tipos de emancipação – Emancipação voluntária, emancipação judicial e emancipação legal.
Emancipação
Voluntária
Emancipação Atenção: Como a emancipação é um ato irrevogável, ainda que essas circunstâncias
Judicial cessem, o menor continuará emancipado.
Emancipação
Legal
Pessoas Naturais
Extinção da Personalidade Jurídica
Extingue-se a personalidade jurídica com a morte.

REAL Quando existe um corpo (morto)


MORTE
FICTA (OU PRESUMIDA) Não há um corpo, mas uma declaração de óbito expedida pelo Juiz

Declaração da morte SEM Declaração da morte COM


procedimento de ausência procedimento de ausência
O Juiz poderá declarar a morte presumida sem decretação de O procedimento de ausência é grande, lento e burocrático.
ausência em 2 hipóteses (Art. 7º): Possui 3 fases:
• Se for extremamente provável a morte de quem estava em • Curadoria dos Bens do Ausente: Fase em que o juiz deverá
perigo de vida; nomear um curador para gerenciar o patrimônio do ausente
• Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro,
não for encontrado até dois anos após o término da guerra. • Sucessão Provisória: Transferência precária dos bens, não é
definitiva. Por isso, o herdeiro provisório deve dar uma
Atenção: A declaração da morte presumida, nesses casos, garantia, de modo que haja o recebimento do patrimônio do
somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e ausente, caso reapareça.
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento. • Sucessão Definitiva: Sucessão definitiva dos bens (como
acontece normalmente com a herança)
Pessoas Naturais
Procedimento de ausência
Passo 1 - Curadoria dos bens:
Quando a pessoa desaparece, é possível nomear um curador para gerenciar seus bens enquanto o Juiz não declara
formalmente a ausência.
O próprio desaparecido poderá deixar um curador. Mas se não tiver indicado ninguém (ou se tiver indicado e este
não aceitar ou não puder exercer o encargo), qualquer interessado ou o MP poderá propor ação de ausência.
Na nomeação do curador, o juiz deverá seguir uma ordem de precedência:
1º - Cônjuge do ausente (a doutrina vem reconhecendo também o companheiro)
OBS: O cônjuge não pode ser separado judicialmente ou separado de fato há mais de 2 anos.
2º - Os pais do ausente
3º - Os descendentes
OBS: Preferem-se os mais próximos aos mais remotos (Ex: Entre filhos e netos, os filhos são preferidos)
4º - Alguém da confiança do Juiz (Curador Dativo).

Quanto tempo dura a curadoria de bens?


Em regra, 1 ano. Contudo, se a curadoria tiver sendo feita por procurador nomeado pelo próprio ausente, o tempo
de duração da curadoria será de 3 anos.
Pessoas Naturais
Procedimento de ausência
Passo 2 - Sucessão provisória:
Depois que termina a curadoria dos bens, o Juiz, a requerimento de qualquer interessado, declara formalmente a
ausência e determina a conversão de curadoria dos bens em sucessão provisória.
OBS: A conversão de curadoria dos bens em sucessão provisória somente terá efeito 180 dias depois de
publicada a sentença de conversão. Isso serve para que se dê tempo aos interessados para se habilitem como
sucessores.

Atenção - São considerados interessados:


I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
OBS: Se ninguém destes listados requisitar a conversão, o MP poderá requisitar Art. 28, §1º.
Pessoas Naturais
Limitações da sucessão provisória:
• Os imóveis não poderão ser alienados, salvo com autorização do Juiz, e para evitar a ruina.
• Os sucessores provisórios deverão dar garantia compatível com o tamanho do patrimônio que lhe couber
(geralmente caução), de modo a protegê-lo na hipótese de o ausente reaparecer.
• Além da garantia, o sucessor provisório deve guardar 50% dos frutos, para a hipótese de o ausente reaparecer.
O sucessor provisório deverá prestar contas dos frutos guardados anualmente ao Juiz.
OBS1: Os ascendentes, descendentes e cônjuge não são obrigados a darem garantia ou guardar os 50%
dos frutos.
OBS2: Se for provado que a ausência foi voluntária, o ausente perde os 50% dos frutos guardados.

Quanto Tempo dura a sucessão provisória?


Em regra, dura 10 anos.
OBS: Excepcionalmente poderá durar 5 anos. Para isso, o ausente deve possuir mais de 80 anos e tendo 5
anos que circularam as últimas notícias dele (Art. 38 do CC). Neste caso, nem se fazem necessárias das fases
de curadoria de bens ou sucessão provisória.
Pessoas Naturais
Procedimento de ausência
Passo 3 - Sucessão Definitiva:
Depois que termina a sucessão provisória (10 anos ou 5 anos, dependendo do caso), o Juiz, a requerimento de
qualquer interessado, determina a conversão da sucessão provisória em sucessão definitiva.

Se o ausente reaparecer?
1 - durante a fase da curadoria de bens? O curador simplesmente deixa o seu encargo e devolve os bens ao
ausente.
2 - durante a sucessão provisória? O ausente terá direito a todo o patrimônio no estado em que deixou (se
houver depreciação, terá reembolso na caução). Além disso, se a ausência não for voluntária, terá direito a 50%
dos frutos (ou outros 50% fica para o sucessor).
3 - durante a sucessão definitiva? Tem direito aos bens no estado que se encontram, caso tenha sido substituídos
ou vendidos, terá direito o bem que substituiu (sub-rogou) ou ao dinheiro resultante da venda.
4 - 10 anos depois da sucessão definitiva? Não tem direito a nada.
OBS: Se depois de dez anos da sucessão definitiva, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover
a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se
localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em
território federal.
Pessoas Naturais
Comoriência
É a presunção relativa de que 2 ou mais pessoas morreram simultaneamente, ainda que em eventos diversos.
Essa presunção se dá quando se torna extremamente difícil ou impossível se averiguar a ordem das mortes.
Por se tratar de presunção relativa, cabe prova em contrário.
PESSOAS JURÍDICAS
Pessoas Jurídicas
As pessoas jurídicas são a reunião de pessoas naturais e de bens, em busca de um fim comum. As PJs recebem do
Estado personalidade jurídica e capacidade jurídica próprias, que não se confundem com a personalidade e
capacidade jurídica de seus instituidores.

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

Pessoas Jurídicas

PJ de Direito Público PJ de Direito Privado


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
Interno Externo V - os partidos políticos.
I – a União; I - os Estados estrangeiros; VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; II - todas as pessoas que (OBS: Embora ainda figure no rol do Código Civil como PJ
III - os Municípios; forem regidas pelo direito de Direito Privado, as EIRELIs já não existem desde a
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; internacional público. entrada em vigor da Lei 14.195/21).
V - as demais entidades de caráter público criadas
por lei.
Pessoas Jurídicas
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
OBS: Não confundir União com República Federativa do Brasil (A RFB compreende a União, mas não se confunde
com ela. Art. 18 da CF/88. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição).
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
OBS sobre as Associações Públicas: Art. 241 da CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados,
autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos,
serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos.
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Atenção: Algumas fundações públicas e algumas autarquias (em especial as autarquias que funcionam como os
entes de fiscalização do exercício profissional) poderão ter estrutura de direito privado. Neste caso, serão regidas
pelo Código Civil e não pela lei administrativa (Art. 41, parágrafo único).
Pessoas Jurídicas
Responsabilidades das Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno
Art. 43 do CC. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus
agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.

Art. 37, §6º da CF/88. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A responsabilidade pela reparação do dano causado pelo Estado ao administrado é objetiva – significa dizer
que o Estado reparará o dano (Ex: indenização pela perda de um imóvel) independentemente da culpa ou dolo
do agente causador do dano, que é um representante do Estado. Note-se que não é necessário levar em
consideração a SUBJETIVIDADE do dano, ou seja, a culpa ou dolo do SUJEITO que causou o dano.
Atenção: Caso o agente tenha agido com culpa ou dolo, embora não interesse ao administrado (que terá o
seu prejuízo ressarcido pelo Estado, independentemente de culpa ou dolo do agente causador do dano), o
Estado poderá ingressar com uma ação regressiva contra o agente. Isso diminuirá o “prejuízo” do Estado.
Repita-se: Para ser condenado a ressarcir o Estado, o agente público causador do dano deve ter agido com
culpa ou dolo.
Pessoas Jurídicas
Resumo sobre os tipos de pessoas jurídicas de direito privado:

• Associações – É união de pessoas que se organizam para fins não econômicos (Art. 53);

• Sociedades – É união de pessoas que, reciprocamente, se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o
exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (Art. 981);

• Fundações – É reunião de patrimônio, cuja articulação se destinada a uma finalidade social (saúde, educação,
meio ambiente…);

• Organizações religiosas – É união de pessoas que professam uma religião, uma crença, uma espiritualidade,
que vivem a prática da fé;

• Partidos Políticos – É união de pessoas que se organizam legalmente, com base em formas voluntárias de
participação, orientada para ocupar o poder político;

• Empresas individuais de responsabilidade limitada – Constituídas de forma sui generis por uma única pessoa,
para o exercício de atividade econômica.
Pessoas Jurídicas
Quando as Pessoas Jurídicas começam a existir?
Com o registro dos atos constitutivos (contrato social ou estatuto social, a depender da natureza da PJ).
Art. 45 do CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder
Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

Cuidado: A Personalidade Jurídica da pessoa natural inicia com a vida (ressalvados os direitos no nascituro). Já a
personalidade jurídica das pessoas jurídicas inicia com o registro.

Onde são feitos os registros da PJ?


• Associações, fundações, organizações religiosas e partidos políticos e sociedades simples – no Cartório de
Registro Civil de Pessoas Jurídicas;
• Sociedades de advogados – Na Seccional da OAB do respectivo estado onde a sociedade tiver sede.
• Sociedade empresária e EIRELI – No Registro público de empresas mercantis (Junta Comercial).
Pessoas Jurídicas
O contrato social ou o estatuto social, ou seja, os atos constitutivos da PJ, devem constar algumas informações,
sem as quais o registrador não poderá proceder com o registro.

Art. 46. O registro declarará:


I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
Pessoas Jurídicas
Como as Pessoas Jurídicas são representadas?
As pessoas jurídicas praticam atos por meio das pessoas naturais. Portanto, as PJs se fazem presentes por
meio de seus administradores.
Os administradores não podem extrapolar os poderes que lhes são outorgados. Os poderes dos
representantes advém dos atos constitutivos das pessoas jurídicas ou por ata de eleição de administradores.
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes
definidos no ato constitutivo.

Atenção - Atos Ultra Vires:


Pelo que se depreende do Art. 47, não são válidos os atos que extrapolam os poderes do administrador. Os
atos que extrapolam os poderes do administrador são chamados atos ultra vires (Em latim, “além dos
poderes”).

O administrador é essencial:
A pessoa jurídica não pode deixar de ter um administrador. Caso venha a faltar um administrador para uma
PJ, o Juiz poderá nomear um, por requerimento de um interessado (Ex: credor, herdeiro, MP...).
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado,
nomear-lhe-á administrador provisório.
Pessoas Jurídicas
E quando os poderes não estão elencados nos atos constitutivos ou na ata de eleição?
Neste caso, o administrador poderá realizar quaisquer atos, desde que sejam estritamente pertinentes à “gestão
da pessoa jurídica” (inspiração do art. 1.015 do CC).
Caso seu ato exceda à “gestão da pessoa jurídica”, o terceiro (com quem manteve negócios em nome da PJ)
poderá pedir a anulação daquele ato.

O terceiro perderá o direito à anulação do ato:


I - se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio da sociedade;
O terceiro deve se precaver e verificar nos atos constitutivos se o administrador possui poderes para
aquele ato. Caso não verifique, assumirá o risco.

II - provando-se que era conhecida do terceiro;


O terceiro tinha conhecimento de que o administrador não poderia praticar aquele ato, mas mesmo
assim anuiu com a prática.

III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade.


O administrador realiza negócio que não tem nada a ver com a atividade regular da pessoa jurídica.
Pessoas Jurídicas
A administração de uma sociedade pode ser exercida por uma ou mais pessoas. Quando exercida por mais de
uma pessoa, é chamada de “administração coletiva”.

Quando a PJ tem administração coletiva, as decisões são tomadas por maioria simples.
OBS: Essa regra pode ser mudada. Para isso, a nova regra deve estar expressamente escrita no contrato social
ou estatuto social da PJ.
Atenção: Maioria simples sempre quer dizer “mais da metade dos votos daqueles que se encontram
presentes na reunião”.

Caso seja tomada uma decisão contrária à Lei, contrária ao contrato social ou ao estatuto, ou forem tomada com
algum vício de consentimento, o interessado poderá ingressar com uma ação anulatória da decisão viciada
(Prazo: 3 anos).

Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos
presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando
violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Pessoas Jurídicas
Embora sejam as pessoas naturais que representam as PJ, essas duas pessoas não podem se confundir.
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores.

Desconsideração da Personalidade Jurídica


Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente
pelo abuso.

Abuso de
Personalidade
Art. 50, §1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a
Desvio de Finalidade utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática
de atos ilícitos de qualquer natureza.
Confusão patrimonial
Pessoas Jurídicas
Embora sejam as pessoas naturais que representam as PJ, essas duas pessoas não podem se confundir.
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores.

Desconsideração da Personalidade Jurídica


Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos
aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente
pelo abuso.

Abuso de
Personalidade
Art. 50, §2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de
Desvio de Finalidade fato entre os patrimônios, caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
Confusão patrimonial administrador ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto
os de valor proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
Pessoas Jurídicas
Extinção das Pessoas Jurídicas
A personalidade jurídica da pessoa natural é extinta com a morte (ressalvados os direitos de personalidade).
Contudo, a extinção da personalidade jurídica da pessoa jurídica se dá com o cancelamento da sua inscrição,
que, no caso de sociedade empresárias, se dá em decorrência das hipóteses do Art. 1.033 do CC:
• Pelo vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a
sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
• Pelo consenso unânime dos sócios (no caso de PJ constituída por prazo determinado isso é uma regra);
• Pela deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
• Verificada a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
• Com a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar (Ex: Concessão de TV).

Verificadas as hipóteses acima, é necessário que a PJ se submeta a um procedimento de liquidação:


Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela
subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
§2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às demais pessoas jurídicas
de direito privado.
§3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica.
Pessoas Jurídicas
Direitos da Personalidade da Pessoa Jurídica
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Isso significa que é direito das PJs a proteção ao nome (vide Art. 17 do CC), à identidade, à imagem (Vide Art.
20 do CC), direito a intimidade (técnicas de produção, sigilo bancário, sigilo das correspondência), à honra.
Atenção: Súmula: 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

Diferença entre honra objetiva e honra subjetiva


• Honra objetiva – Como os outros te enxergam, te sentem.
• Honra Subjetiva – Como você se enxerga, se sente.
As pessoas naturais possuem as honras objetiva e subjetiva. Já as PJs só possuem honra objetiva.
Pessoas Jurídicas - Associação

Característica Associação Sociedade


Membros Associados Sócios
Ato Constitutivo Estatuto Social Contrato social (salvo nos casos de S/A e
Cooperativas, que será Estatuto Social)

Reciprocidade Não possuem direitos e deveres entre os Possuem direitos e deveres entre os
entre membros membros membros

Aplicação de Reinjeção nos objetivos sociais Repartição de lucros


resultado
econômico
Pessoas Jurídicas - Associação
O Estatuto Social das Associações devem conter no mínimo as seguintes informações Art. 54 do CC:
I – a denominação, os fins e a sede da associação;
II – os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III – os direitos e deveres dos associados;
IV – as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI – as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
Pessoas Jurídicas - Associação
Pode haver diferenciação entre os direitos associados?
Em tese não. Contudo, o estatuto poderá criar categorias de associados e para algumas categorias poderá haver
algumas vantagens (Art. 55 do CC).
Ex: Todos os associados que trabalharem sem remuneração para a Associação poderá ter remida a sua
contribuição mensal.

Exercício de função:
Uma vez investido regularmente como diretor ou outra função prevista no estatuto, a pessoa não poderá ser
constrangida ao exercer a sua função.
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido
legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
Pessoas Jurídicas - Associação
Transferência da condição de associado:
Não há como transferir (seja por compra, seja por herança) a condição de associado, salvo se o estatuto da
associação permitir.
Qualquer pessoa poderá possuir cotas do patrimônio da associação, sem que necessariamente seja associado.
Portanto, caso um associado, possuidor de cotas do patrimônio da associação, venha a vendê-la, o adquirente
das cotas patrimoniais não necessariamente se tornará associado.
Art. 56 do CC. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a
transferência daquela não importará, de per si , na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao
herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.

Exclusão do Associado:
É possível excluir um associado, mas é necessário que essa exclusão se dê por justa causa. Além disso, deve ser
garantido o devido processo legal da exclusão (direito de defesa e recurso, tudo na forma do Estatuto).
Art. 57 do CC. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em
procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
Pessoas Jurídicas - Associação
Assembleia Geral
É o órgão soberano, formado pelos associados. Suas decisões vinculam a todos, só não podendo ser ilegais.

O Estatuto Social poderá prever diversas competências para a Assembleia Geral, mas não poderá deixar de prever
duas:
I – destituir os administradores;
II – alterar o estatuto
Atenção: No que se refere ao exercício destas duas competências, a Assembleia geral deverá ser
convocada especialmente para esta finalidade.

Convocação da Assembleia Geral:


Poderá ser convocada pela forma que dispuser o Estatuto Social, mas este não poderá deixar de prever a
convocação por 20% dos associados (um quinto).
Pessoas Jurídicas - Associação
Em caso de dissolução da Associação, o que acontece com o seu patrimônio?
Como pessoas associadas e não-associadas podem ser donas de cotas patrimoniais da associação, em caso de
dissolução desta, primeiro distribuem-se as cotas que têm dono e o restante poderá ser destinado a outra
entidade, de fins não econômicos e, preferencialmente, idênticos ou semelhantes aos da associação que está
sendo dissolvida. O nome da associação que vier a receber este patrimônio pode estar ou não previsto no
estatuto da entidade extinta).
Poderá ainda, por deliberação dos associados, ser destinado a outra instituição pública (também de fins idênticos
ou semelhantes ou, caso não exista, ao próprio poder público).

O que diz a Constituição Federal sobre as Associações?


Art. 5º, XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
Art. 5º, XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo
vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
Art. 5º, XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
Art. 5º, XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
Art. 5º, XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar
seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
Pessoas Jurídicas - Fundações
É a reunião de um patrimônio, destinada a uma finalidade (saúde, educação, meio ambiente…)

Criação:
Cria-se uma fundação, destinando-se um patrimônio sem dívidas e sem ônus (ou seja, livre e desembaraçado)
para uma finalidade.
A destinação é também chamada de afetação. A afetação pode ser feita por ato inter vivos ou ato mortis causa:
Afetação por ato inter vivos – Feita por escritura pública.
Atenção: Neste caso, o ato é irretratável. Inclusive, o Juiz poderá, em caso de arrependimento do
instituidor, obrigar que ele transfira o patrimônio para que a Fundação seja instituída.
Afetação por ato causa mortis – Feita por testamento (público ou particular).
Atenção: Neste caso, o ato é revogável. Isso porque todo testamento pode ser revogado pelo testador,
enquanto ele estiver vivo.
Pessoas Jurídicas - Fundações
Objetivos fundacionais:
As fundações somente podem ter as seguintes finalidades (rol taxativo, apresentado pelo Art. 62, parágrafo único
do CC):
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão,
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas;
Pessoas Jurídicas - Fundações
Se o patrimônio for insuficiente, ou seja, não for capaz de fazer com que a fundação “ande com as próprias
pernas”?
Art. 63 do CC. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo
não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.

Alteração do Estatuto Social:


O Estatuto Social da Fundação poderá ser alterado, mas é necessário observar os seguintes requisitos:
I - seja deliberado por 2/3 dos membros do órgão competente para alterar o Estatuto;
OBS: A minoria vencida (no caso de não unanimidade) poderá requerer a impugnação da alteração, em 10
dias, caso a alteração seja irregular.
II - não contrarie ou desvirtue as finalidades da Fundação;
III - seja aprovado pelo MPE
OBS: O prazo para a aprovação do MPE é de 45 dias. Caso não aprove neste prazo, poderá o juiz supri-la, a
requerimento de qualquer juridicamente interessado.
Pessoas Jurídicas - Fundações
Quem fiscaliza as fundações?
As fundações, como pertencem a sociedade (e não a alguém especificamente), devem ser fiscalizadas pelo
Ministério Público Estadual. O órgão do MPE que terá esta incumbência é o do estado de onde a Fundação
estiver estabelecida.
OBS: Se a Fundação tiver estabelecimento em vários Estados, cada um dos MPEs fiscalizará o respectivo
estabelecimento.

Extinção das Fundações:


Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua
existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o
seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada
pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
DOMICÍLIO
Domicílio
Domicílio: É o local onde a pessoa pode ser encontrada para os efeitos jurídicos.
• Direito eleitoral: O domicilio é onde a pessoa pode votar e ser votada.
• Direito Processual: O domicílio estabelece o local onde a ação deverá ser proposta.
• Direito das obrigações: A obrigação deverá ser cumprida no domicílio do devedor.
• Direito das sucessões: O inventário deve ser proposto no último domicílio do falecido.
• Direito de família: O procedimento de habilitação para o casamento deve ser aberto no domicílio de um dos
nubentes e as proclamas devem ser publicadas no domicílio de ambos os nubentes.

Domicílio é um conceito jurídico. Já morada e residência são conceitos fáticos:


Morada (moradia ou habitação): É o local onde a pessoa se estabelece sem a intenção de permanecer (ânimo
definitivo, transitoriedade).
EX: hotel, casa de veraneio…

Residência: É o local onde a pessoa se estabelece com a intenção de permanecer (ânimo definitivo, permanência).
Ex: O lar da família.

Domicílio Plural: É a possibilidade de a pessoa possuir mais de 1 domicílio.


Ex: Domicílio natural combinado com o domicílio profissional - executivo que reside em são Paulo para trabalhar
de Segunda a quinta, e reside no Rio de Janeiro de Sexta a Domingo para a convivência com a família.
Domicílio
CLASSIFICAÇÕES DO DOMICÍLIO

CLASSIFICAÇÃO 1 CLASSIFICAÇÃO 2

DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO


NATURAL PROFISSIONAL VOLUNTÁRIO LEGAL
Domicílio
CLASSIFICAÇÕES DO DOMICÍLIO

CLASSIFICAÇÃO 1 CLASSIFICAÇÃO 2

DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO


NATURAL PROFISSIONAL VOLUNTÁRIO LEGAL

Domicílio Natural: É o domicílio decorrente do


estabelecimento da residência com ânimo
definitivo.
Domicílio
CLASSIFICAÇÕES DO DOMICÍLIO

CLASSIFICAÇÃO 1 CLASSIFICAÇÃO 2

DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO


NATURAL PROFISSIONAL VOLUNTÁRIO LEGAL

Domicílio profissional: É o domicílio decorrente de


obrigações profissionais assumidas. Esse domicílio
somente pode ser invocado para as questões
profissionais (restrito).
Ex: O executivo que reside em São Paulo para
trabalhar de segunda a quinta-feira.
Domicílio
CLASSIFICAÇÕES DO DOMICÍLIO

CLASSIFICAÇÃO 1 CLASSIFICAÇÃO 2

DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO


NATURAL PROFISSIONAL VOLUNTÁRIO LEGAL

Domicílio voluntário: É o domicílio determinado


pela manifestação de vontade da pessoa. Pode ser
subclassificado em:
Geral: É o domicílio natural (decorrente do
estabelecimento da residência com ânimo
definitivo).
Contratual: Também chamado de domicílio de
eleição. É aquele onde as partes escolhem
para ser cumprida uma obrigação.
Domicílio
CLASSIFICAÇÕES DO DOMICÍLIO

CLASSIFICAÇÃO 1 CLASSIFICAÇÃO 2

DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO DOMICÍLIO


NATURAL PROFISSIONAL VOLUNTÁRIO LEGAL

Domicílio Legal: Também chamado de domicílio necessário. É aquele imposto pela Lei.
Ex: Incapaz: O domicílio será aquele do seu tutor ou curador
Ex: Servidor público: O domicílio será onde o servidor público exerce
permanentemente as suas funções (cuidado com transferências temporárias,
servidores não estatutários que foram nomeados a cargo em comissão)
Ex: Militar: Sede do comando em que estiver subordinado
Ex: Marinha mercante: Onde o navio estiver matriculado
Ex: Preso condenado: Onde cumpre a sua sentença (Cuidado com presos não
condenados).
Domicílio
E quando a pessoa não possui residência ou qualquer outra hipótese de domicílio? O seu domicílio será o lugar
onde for encontrada.
Domicílio do agente diplomático:
Caso o agente diplomático venha a ser citado no estrangeiro e alegar extraterritorialidade, sem designar onde
tem domicilio no Brasil, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro
onde esteve.

Domicílio das Pessoas Jurídicas


Pessoa Jurídica de Direito Público (Art. 75 do CC):
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde
elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Atenção: Também segue a regra do inciso IV do Art. 75 as pessoas Jurídicas de direito privado. (Cuidado: A
filial será acionada no seu respectivo domicílio ou da matriz, mas nunca no domicílio da outra filial).
BENS
BENS
Bens – São os valores materiais ou imateriais que podem ser de objeto de uma relação jurídica.
Coisa – É aquilo que é corpóreo, material. Pode ser um bem.
(A doutrina não é unânime na diferenciação entre bens e coisa)

Características dos bens:


• Ter um valor econômico.
• Estar subordinado a um titular (proprietário ou possuidor)

Classificação das coisas:


Coisas comuns: Não são suscetíveis de apropriação, mas que qualquer pessoa pode se utilizar.
Ex: Ar que respiramos, a água do mar…
Coisas sem dono (res nullius): São as coisas que não estão subordinadas a um determinado titular
Ex: Animais de caça e pesca.
Coisas abandonadas (res derelicta): São as coisas que estavam subordinadas a um determinado titular, mas
este renunciou ao direito de propriedade, de modo que quem se apropriar da coisa abandonada, torna-se
dono dela.
Ex: Coisas jogadas no lixo.
Cuidado: Não confundir a coisa abandonada com coisa perdida.
BENS
Classificação dos Bens

BENS

Bens considerados em si Bens reciprocamente


mesmos considerados

Corpóreos / Incorpóreos Principais / Acessórios

Móveis / Imóveis

Fungíveis / Infungíveis

Consumíveis / Inconsumíveis

Divisíveis / Indivisíveis

Singulares / Coletivos
BENS (Classificação)
Bens Corpóreos: Dotado de existência concreta, material, física (mesa,
caneta, energia elétrica…).
Bens considerados em si mesmos
Corpóreos / Incorpóreos Bens Incorpóreos: São os bens de existência abstrata, sobre o qual um dos
sentidos do homem não possa incidir (marca, patente, nome
Móveis / Imóveis
empresarial…).
Fungíveis / Infungíveis Atenção: Os bens corpóreos podem ser objeto de compra e venda. Já
os bens incorpóreos são objeto de cessão.
Consumíveis / Inconsumíveis

Divisíveis / Indivisíveis

Singulares / Coletivos

Bens reciprocamente considerados


Principais / Acessórios
BENS (Classificação)
Bens imóveis: São aqueles que não podem ser deslocados.
Bens considerados em si mesmos EX: Casa, árvore… (Art. 80 do CC “O solo e tudo quanto se lhe
Corpóreos / Incorpóreos incorporar natural ou artificialmente”).

Móveis / Imóveis Bens móveis: São aqueles suscetíveis de movimento próprio, ou de


remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação
Fungíveis / Infungíveis
econômico-social.
Consumíveis / Inconsumíveis OBS: Os bens de movimento próprio são os semoventes (animais). Já
os bens de remoção por força alheia são todos os demais.
Divisíveis / Indivisíveis

Singulares / Coletivos

Bens reciprocamente considerados


Principais / Acessórios
BENS (Classificação)
Atenção:
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
Bens considerados em si mesmos
Ex: hipoteca, usufruto de uma casa…
Corpóreos / Incorpóreos II - o direito à sucessão aberta.
Explicação: Trata-se de sucessão no momento a morte, que é quando ela é se
Móveis / Imóveis abre.
Fungíveis / Infungíveis Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
Consumíveis / Inconsumíveis II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
Ex: Propriedade de uma caneta.
Divisíveis / Indivisíveis III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Ex: Direitos sobre o valor de um cheque.
Singulares / Coletivos
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local;
Bens reciprocamente considerados II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
Principais / Acessórios
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os
provenientes da demolição de algum prédio.
BENS (Classificação)

Bens considerados em si mesmos Bens Fungíveis: São os bens móveis que podem ser substituído pela
mesma espécie, qualidade e quantidade.
Corpóreos / Incorpóreos Ex: Canetas simples, uma bicicleta...
Móveis / Imóveis
Bens Infungíveis: São todos os bens imóveis e alguns móveis que não
Fungíveis / Infungíveis possam ser substituídos pela mesma espécie, qualidade e quantidade.
EX: O único exemplar de um determinado livro.
Consumíveis / Inconsumíveis
Atenção: A infungibilidade pode ser determinada pela natureza do bem
Divisíveis / Indivisíveis (Ex: Quadro pintado por Van Gogh), pela vontade das partes (Ex: Uma
determinada garrafa de vinho que foi doada pelo Papa) e pela Lei (Ex:
Singulares / Coletivos Carros, por causa do Chassi).

Bens reciprocamente considerados


Principais / Acessórios
BENS (Classificação)

Bens considerados em si mesmos Bens Consumíveis: São os bens móveis cujo uso importe na imediata
destruição/diminuição de sua substância.
Corpóreos / Incorpóreos
Ex: Combustível, água engarrafada, comida…
Móveis / Imóveis
Bens Inconsumíveis: São todos os bens imóveis e alguns móveis que não
Fungíveis / Infungíveis sofrem destruição/diminuição imediata de sua substância com o uso.
EX: Cavalo, apartamento...
Consumíveis / Inconsumíveis

Divisíveis / Indivisíveis Atenção:


1 - O bem consumível pode se tornar inconsumível pela vontade da pessoa.
Singulares / Coletivos Ex: Água benta pelo Papa doada como mimo.
2 - O bem inconsumível pode se tornar consumível em decorrência da Lei.
OBS: O Art. 86 do CC, parte final diz que também são considerados
consumíveis aqueles destinados à alienação, ou seja, expostos à venda.
Bens reciprocamente considerados
Principais / Acessórios
BENS (Classificação)

Bens considerados em si mesmos


Corpóreos / Incorpóreos Bens Divisíveis: Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem
alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo
Móveis / Imóveis
do uso a que se destinam.
Fungíveis / Infungíveis Ex: Uma carrada de areia, uma saca de feijão, dinheiro…

Consumíveis / Inconsumíveis Bens Indivisíveis: São aqueles que, fracionados, perdem a substância ou
diminuem o seu valor ou utilidade.
Divisíveis / Indivisíveis
EX: Um animal, um carro…
Singulares / Coletivos
Os bens divisíveis podem se tornar indivisíveis em decorrência da Lei ou
da vontade das partes
Ex (Lei): Lei que proíbe fracionamento lotes com menos de 25m2.
Bens reciprocamente considerados Ex (Vontade das partes): Um conjunto de bens que o alienante
Principais / Acessórios somente vende conjuntamente.
BENS (Classificação)
Bens Singulares: São aqueles que, embora reunidos, consideram-se de per si,
independentemente dos demais.
Bens considerados em si mesmos Ex: Livro, copo, casa…
Os bens singulares são subclassificados em:
Corpóreos / Incorpóreos Bens singulares simples: Aqueles que todas as partes são essenciais à
Móveis / Imóveis existência do bem, que já “nascem” com o bem.
Ex: A pena da ave, a folha da árvore.
Fungíveis / Infungíveis Bens singulares compostos: Aqueles formados pela união de partes
integrantes.
Consumíveis / Inconsumíveis Ex: Computador, prédio…
Bens coletivos: São a reunião de bens (universalidade de fato ou
Divisíveis / Indivisíveis
universalidade de direito).
Singulares / Coletivos
O que é universalidade de fato?
Art. 90 do CC. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens
singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária.
Bens reciprocamente considerados Ex: Biblioteca, estabelecimento empresarial…
O que é universalidade de direito?
Principais / Acessórios Art. 91 do CC. Constitui universalidade de direito o complexo de relações
jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
Ex: Massa falida, espólio…
BENS (Classificação)

Bens considerados em si mesmos


Corpóreos / Incorpóreos

Móveis / Imóveis

Fungíveis / Infungíveis

Consumíveis / Inconsumíveis
Bem Principal: É o bem que existe sobre si mesmo, ou seja, aquele que
Divisíveis / Indivisíveis tem a sua finalidade independentemente de outro bem.
Singulares / Coletivos
Bem Acessório: Aquele cuja existência supõe a existência de outro bem (o
principal), ou seja, que foi concebido em razão de outro bem.

Bens reciprocamente considerados Exemplos:


• O colar é o bem principal, o pingente é o bem acessório;
Principais / Acessórios
• O contrato de aluguel é um bem principal, a multa é um bem acessório;
• A casa é um bem principal e a janela é um bem acessório.
BENS (Classificação)

Bens considerados em si mesmos


Corpóreos / Incorpóreos

Móveis / Imóveis Princípio da gravitação jurídica: É o fenômeno que se dá quando o


Fungíveis / Infungíveis acessório segue o principal.
Em regra, o bem acessório segue o bem principal. Entretanto, em
Consumíveis / Inconsumíveis alguns casos isso não ocorre. É o caso das PERTENÇAS.
OBS: Art. 93 do CC. São pertenças os bens que, não constituindo
Divisíveis / Indivisíveis partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao
Singulares / Coletivos serviço ou ao aformoseamento de outro.
Ex de pertença: Geladeira, micro-ondas, GPS que não está
instalado no carro.

Bens reciprocamente considerados Cuidado:


Art. 94 do CC. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal
Principais / Acessórios
não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
BENS (Classificação)

Bens considerados em si mesmos


Corpóreos / Incorpóreos

Móveis / Imóveis
Diferença entre frutos e produtos
Fungíveis / Infungíveis Frutos – Regeneram-se (Ex: maçã, gado)
Consumíveis / Inconsumíveis
Produtos – Não se regeneram (Ex: Pedra, petróleo)
CLASSIFICAÇÃO DOS FRUTOS
Divisíveis / Indivisíveis
Quanto à sua Natureza Quanto à sua ligação ao bem principal
Singulares / Coletivos • Naturais (leite da vaca, laranja) • Colhidos ou percebidos (laranja colhida)
• Industriais (a produção de lápis, de • Pendentes (laranja não colhida)
copos) • Percepiendos (laranja que já deveria ter
• Civis (aluguel, poupança) sido colhida, mas não foi).
Bens reciprocamente considerados • Consumidos (laranja colhida e feita de
suco)
Principais / Acessórios
Atenção: Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os
frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
BENS (Classificação)
Benfeitorias – São acréscimos feitos tanto em bens móveis como também em
bens imóveis
Bens considerados em si mesmos Classificação:
Corpóreos / Incorpóreos Benfeitorias Necessárias: Aquelas realizadas com o fim de conservar o
bem ou evitar que se deteriore.
Móveis / Imóveis Ex: Conserto de um cano, substituição de um radiador…
Benfeitorias úteis: Aquelas que aumentam ou facilitam o uso de um bem.
Fungíveis / Infungíveis Ex: Ampliação de um banheiro, colocação de um toldo para evitar a
Consumíveis / Inconsumíveis entrada dos raios solares no quarto…
Benfeitoria voluptuária: Aquelas que não aumentam o uso habitual do
Divisíveis / Indivisíveis bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor (mero
deleite ou recreio).
Singulares / Coletivos Ex: Coreto em um jardim, pintura artística no teto da sala…

Cuidado 1: Acessões naturais - Art. 97. Não se consideram benfeitorias os


melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do
Bens reciprocamente considerados proprietário, possuidor ou detentor.
Principais / Acessórios Ex: Aluvião (acréscimo de terra no terreno às margens do rio).
Cuidado 2: Não são consideradas benfeitorias a pintura em relação à tela, a
escultura em relação ao material ou a escrita da poesia em relação ao papel…
BENS
Bens Públicos: São bens públicos aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno.
Classificação:
Bens públicos de uso comum do povo: Aqueles que são diretamente utilizado pelo povo.
Bens públicos de uso especial: Aqueles utilizados como estabelecimento da administração pública.
Bens públicos dominicais: Compõe o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público interno, mas não
como bem especial ou bem de uso comum do povo.

Desafetação e Alienabilidade:
• Bens inalienáveis – São inalienáveis os bens públicos de uso comum do povo e bens especiais;
• Bens alienáveis – São alienáveis os bens dominiais.
A Desafetação é a transformação do bem de uso comum do povo ou do bem especial em bem dominical.

Usucapião: Os bens públicos, independentemente da sua categoria, não são usucapíveis.

Utilização remunerada: Os bens de uso comum são em regra utilizados sem qualquer remuneração, mas a Lei
poderá exigir remuneração. (Ex: Pedágios, visitação de parques...).
FATOS E ATOS
JURÍDICOS
Classificação de fatos e atos jurídicos
Ato Jurídico Lícito
Ato (provocado pelo homem), cuja repercussão
Fatos Jurídicos e resultado estão descritos na Lei, não podendo
em sentido estrito ser alterados pela vontade do agente.
Fatos Fatos provocados apenas pela
EX: casamento, reconhecimento de paternidade, fixação do
domicílio.
Todo e qualquer evento provocado natureza, que repercutem no
pelo homem ou pela natureza. mundo jurídico.
Ex: O bater das asas de uma borboleta. EX: O nascimento de alguém, a destruição da Negócio Jurídico
mercadoria pela chuva. Ato (provocado pelo homem), cuja repercussão
e resultados podem ser fixados conforme a
vontade do agente.
Atos Jurídicos Ex: Elaboração de um contrato, promessa de recompensa,
instituição de uma fundação, elaboração de um testamento.
Fatos Jurídicos em sentido amplo
Eventos provocados pelo homem ou Fatos provocados apenas pelo Ato Ilícito
pela natureza, (fato) aptos a criar, homem, que repercutem no mundo Ato (provocado pelo homem), cuja repercussão
modificar, conservar ou extinguir jurídico. e resultados não são desejados pelo
relações jurídicas. Ex: O reconhecimento de paternidade, a
Ordenamento Jurídico.
Ex: A destruição da mercadoria pela chuva. contratação de um curso, o atropelamento de
EX: O atropelamento de alguém por um condutor.
Ex: O atropelamento de alguém por um alguém por um condutor de veículo.
condutor de veículo.

A regra válida para negócios jurídicos será válido para atos jurídicos lícitos (Art. 185 do CC)
A ESCADA PONTEANA (Pontes de Miranda)
Planos do Ato jurídico
Plano da Eficácia
> Ato jurídico
• Efeitos e consequências do ato
PERFEITO
(exigibilidade, adimplemento,
ocorrência de sanções, condição,
termo e encargo)

Plano da Validade
(Adjetivos)
• Agente Capaz
• Objeto Possível, lícito, determinado
(ou determinável)
• Forma prescrita ou não defesa em lei
• Vontade limpa, pura, livre,
Plano da Existência desembaraçada*
(Substantivos)
• Sujeito (Agente)
• Objeto
• Forma
• Declaração de vontade* * Elemento que não consta do Art. 104, mas consta do Art. 107, 110, e 112.
Negócio Jurídico
Para celebrar um negócio jurídico ou praticar um ato jurídico, o agente precisa ser capaz ou pelo
menos relativamente incapaz. Jamais poderá ser absolutamente incapaz.
Agente
Aquele que fizer negócio com um incapaz (relativamente) não poderá usar este fato em
benefício próprio (tentativa de anular o negócio).
Ex: Alguém que percebeu que não vai ter o lucro que esperava e tenta anular o negócio, sob
Objeto a alegação de que a outra parte não poderia contratar, por ter apenas 17 anos
(relativamente incapaz).

O negócio feito com várias pessoas e que for anulado, em decorrência da condição de um ou de
alguns dos agentes serem relativamente incapazes (prejudicando estes), não anulará para os
Forma demais agentes capazes, salvo se o objeto for indivisível (se é indivisível, ao desfazer para um,
desfaz-se para todos).

O agente poderá agir diretamente ou por meio de procurador (representante).


Declaração
de Vontade
Negócio Jurídico
Representação: A representação se manifesta de 2 formas:
• Legal – Tutela, curatela, poder familiar, representação política (não há procuração)
Agente • Convencional – Negócios jurídicos (Ex: procuração, em que se outorgam os poderes)

Aquilo que o representante realizar, em nome do representado e nos limites dos poderes
outorgados (repassados), será imputado ao representado.
Objeto
Por outro lado, aquilo que for realizado fora dos limites dos poderes, há 2 teorias:
• Teoria do ato ultra vires (código civil) – o representante responde pessoalmente
perante o terceiro, com quem realizou o ato, excluindo-se qualquer responsabilidade do
representado.
Forma • Teoria da aparência (jurisprudência) – o representado é quem responde perante o
terceiro de boa-fé, ainda que o ato praticado tenha sido realizado além dos poderes
outorgados (escolheu mau o representante e por isso, responde).
OBS: Pela teoria da aparência, o terceiro somente pode pedir indenização por
Declaração
eventual ato ilícito praticado pelo representante se o terceiro tiver agido de boa-fé,
de Vontade ou seja, o terceiro precisaria ter tido a normal diligência de procurar conhecer os
poderes do representante.
Negócio Jurídico
É de 180 dais o prazo para o representado ingressar com uma ação anulatória contra os atos
praticados pelo representante (que age com excesso de poderes ou com conflito de interesses).
Agente Atenção: Para que o representado consiga anular o ato, é necessário demonstrar a má-fé do
terceiro, ou seja, que sabia ou deveria saber que o representante estava agindo com excesso
de poderes ou com conflito de interesses.

Objeto Em suma: É dever do representante provar para aquela pessoa com quem celebra o contrato ou
pratica o ato a sua condição (de representante). Também é seu dever provar os poderes que lhe
foram conferidos. Caso não prove, responderá pelo excesso (má-fé). Se o terceiro praticar com o
representante ato sem ter tido a diligência de verificar as provas, presumir-se-á que agiu de má-
fé, ou seja, não poderá anular o ato ou o negócio e nem responsabilizar o representado.
Forma
Em algumas circunstâncias, é permitido “negócio consigo mesmo”, ou seja, negócio feito pelo
representante (em nome do representado) com o representante (em nome próprio).
Atenção: Não será permitido “negócio consigo mesmo” se a Lei ou o representado não
Declaração autorizarem, ainda que o representante substabeleça poderes a outrem.
de Vontade
Negócio Jurídico
É aquilo sobre o quê recai o negócio ou ato.

Agente O objeto precisa ser lícito:


• Ex de objeto ilícito: Fornecimento mensal de drogas.

O objeto precisa ser fisicamente possível e juridicamente possível (ou lícito):


• Ex de objeto juridicamente impossível: Aluguel de um imóvel em terras indígenas.
Objeto • Ex de objeto fisicamente impossível: Aluguel de um imóvel em Júpiter.

O objeto precisa ser determinado ou determinável. Atenção:


• Objeto determinado: o objeto já existe e já foi sido escolhido ou apontado.
Forma • Objeto determinável: o objeto precisa ser feito ou fabricado ou, se já existir, precisa ser
escolhido. Em qualquer dos casos deve haver uma descrição mínima para que haja
determinabilidade.

Atenção: O negócio existe ainda que o objeto seja ilícito. Ele só não será válido.
Declaração Ex: Explica para um traficante que vender droga não é um negócio existente! O traficante
de Vontade
até compreende que não poderá demandar o pagamento judicialmente, mas ele jamais vai
entender que um negócio não foi celebrado!
Negócio Jurídico

Agente

Objeto Os negócios jurídicos podem ser feitos, aceitos ou enjeitados de várias formas: verbal, escrita,
gestual, por cores…

A priori, todas as formas são aceitas, só não sendo válidas as formas proibidas pela lei ou
aquelas feitas de forma diferente da legalmente prevista.
Forma
Ex de forma prescrita em lei: A compra e venda de imóveis deverá ser feita por instrumento
escrito. Se o imóvel for de valor superior a 30 salários mínimos, além de escrito, deve ser
por meio de escritura pública (contrato feito em cartório).
Ex de forma proibida pela Lei: Não pode ser feito casamento em lugares que não permita
Declaração acesso a qualquer um do povo.
de Vontade
Negócio Jurídico
A declaração de vontade é um elemento que não se encontra no Art. 104 do CC (elementos do
negócio jurídico). Contudo, este elemento está pulverizado nos artigos seguintes, razão pela
Agente
qual a doutrina entende que se trata de um elemento essencial.

Reserva mental: É a dissonância existente entre a vontade declarada (verbal, escrita, gestual…)
e a vontade guardada na mente. Vale mais a vontade declarada do que a vontade guardada,
Objeto salvo se de alguma forma o contratante conhecer o que o outro contratante guarda em sua
mente.

Forma
Ex: Um autor declara que o resultado da venda de seus livros será NÃO
destinado para fins filantrópicos. Contudo, a verdade real é que o SIM
resultado da venda será destinado para o autor. Verificado isso,
quem comprou o livro visando fazer filantropia, poderá pedir a
Declaração anulação do negócio.
de Vontade
RESERVA MENTAL
Negócio Jurídico
Quem cala consente?
A regra é que quem cala não consente. O silêncio somente será anuência quando as circunstâncias ou
Agente os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Conflito entre o que foi expressamente declarado e a intenção genuína das partes:
Será atendido mais à intenção da vontade do que ao sentido literal da linguagem da declaração.
Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé. A boa-fé significa:
Objeto • A confirmação do negócio pelo comportamento posterior das partes;
• Corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio;
• Ser mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo;
• Corresponder a qual seria a razoável negociação das partes.
Sempre interpretam-se estritamente:
Forma
1 - os negócios jurídicos que beneficiam a outra parte; e
2 - a renúncia de direitos.
Ex1: Se eu falo que vou doar um dos meus cavalos para um amigo e dentre os cavalos há um
campeão mundial, certamente não estou me referindo a este.
Declaração Ex2: Se falo que vou vender uma das garrafas de vinho para alguém pelo valor de R$ 85,00,
de Vontade certamente não é aquela garrafa que foi doada pelo Papa.
Ex3: Se falo que vou renunciar ao direito de recorrer, não significa que reconheço o direito da
outra parte.
Defeitos do Negócio Jurídico
Tipos de Defeitos (vícios) do negócio jurídico: Os negócios jurídicos serão defeituosos (podendo gerar nulidade ou
anulabilidade), quando:

1 – for celebrado por pessoa incapaz (absoluta ou relativamente);

2 – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; Vícios de Vícios Sociais


consentimento
3 – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
Erro ou ignorância Fraude contra credores
4 – não revestir a forma prescrita em lei;
Dolo Simulação
5 – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial
para a sua validade; Lesão

6 – tiver por objetivo fraudar lei imperativa; Coação

7 – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, Estado de perigo


sem cominar sanção.

8 – for eivado de vício de consentimento ou vício social.


Defeitos do Negócio Jurídico
Será inválido o negócio que for nulo ou anulável

Tipo de invalidade Nulidade Anulabilidade


Hipóteses Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: Art. 171. Além dos casos
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; expressamente declarados na lei,
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; é anulável o negócio jurídico:
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; I - por incapacidade relativa do
IV - não revestir a forma prescrita em lei; agente;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial II - por vício resultante de erro,
para a sua validade; dolo, coação, estado de perigo,
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; lesão ou fraude contra credores.
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática,
sem cominar sanção.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que
se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

Consequências Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de Art. 172. O negócio anulável pode
confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. ser confirmado pelas partes, salvo
direito de terceiro.
Defeitos do Negócio Jurídico
Conserto do negócio jurídico anulável:
O conserto do negócio jurídico pode acontecer de 2 maneiras: pela confirmação do negócio ou pelo decurso do
tempo.
Expressa – Se dá quando o negócio é expressamente refeito, corrigindo-se
o ponto defeituoso.
Confirmação
Tácita – O negócio não é expressamente refeito, mas a conduta das partes
demonstra que elas desejavam o conserto.
Ex: Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi
cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava.
Conserto

Prazos para a convalidação do defeito do negócio jurídico:


• 4 anos - Atos do relativamente incapaz, ou realizado por erro, dolo, lesão,
coação, estado de perigo e fraude contra credores.
Decurso do
• 2 anos – Quaisquer outros vícios, quando a lei não disser outro prazo.
tempo
• Outro prazo – Quando previsto expressamente na Lei (Ex: o casamento de
relativamente incapaz sem o consentimento dos pais pode ser anulado em
180 dias).
Defeitos do Negócio Jurídico
Conserto do negócio jurídico nulo
O negócio jurídico nulo jamais poderá ser consertado.
Mas a vontade das partes poderá ser APROVEITADA (ainda que parcialmente) se foi feita a CONVERSÃO.

Conversão é a transformação de um negócio jurídico inválido em OUTRO, válido e parecido com o inválido, de
modo que seja aproveitada a vontade das partes.
A conversão somente será possível se não trouxer prejuízo para terceiros.
Ex1: Contrato de compra e venda com valor acima de 30 salários mínimos feito sem a observância da forma
(falta de escritura pública), mas a vontade era transmitir o imóvel e isso é possível fazer via “promessa de
compra e venda”, que não precisa da formalidade de escritura pública.
Ex2: O casamento nulo poderá ser convertido em união estável válida.
Defeitos do Negócio Jurídico
Consequências da nulidade e da anulabilidade

A regra é que, em ambos os casos (tanto na nulidade quanto na anulabilidade) as partes voltem ao estado que se
achavam antes de celebrado o negócio (retorno ao status quo ante). Caso não seja possível o retorno ao status quo
ante, as partes serão indenizadas com o equivalente.

Há, porém, algumas especificidades relacionadas à nulidade e à anulabilidade:

Nulidade – Os efeitos da nulidade operam-se desde o momento da ocorrência do ato ou da celebração do


negócio jurídico (efeitos ex-tunc). Assim sendo, é como se o ato nunca tivesse surtido efeito algum, voltando as
partes ao status quo ante ou indenizando-as.

Anulabilidade – Os efeitos da anulabilidade operam-se somente a partir do momento da desconstituição do


ato ou negócio jurídico pela decisão judicial (efeitos ex-nunc). Segue-se normalmente a regra do retorno das
partes ao status quo ante ou, não sendo possível, que sejam as partes indenizadas. No entanto, é possível que
o juiz ratifique a produção dos efeitos do ato ou negócio a partir o momento da sua celebração até o momento
da desconstituição (anulabilidade). A ratificação ocorrerá quando o juiz verificar que esta medida é a mais
justa, de boa-fé, que não traz prejuízo a terceiros e que não promove enriquecimento sem causa a quaisquer
das partes.
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de Erro (ou ignorância)
Consentimento Acontece quando uma pessoa se auto equivoca (engano espontâneo) e realiza um ato, tendo
Erro convicção de que está praticando outro (mas não está, seja porque ela está errada (erro), seja
porque ela desconhece (ignorância)).
Dolo • Erro é a falsa representação da realidade (achar que é outra coisa).
• Ignorância é a ausência de representação da realidade (não achar nada, por
Coação desconhecer).
OBS: O parâmetro para se verificar o erro é a “pessoa de diligência normal” (homem médio).
Lesão É isso que define se o erro é escusável ou inescusável. Se o homem médio errasse, o erro
seria escusável. Se o homem médio não errasse, o erro seria inescusável.
Estado de
Perigo Há duas espécies de erro:
• Substancial ou essencial – Determinante ao negócio jurídico. Invalida o negócio.
Vícios Sociais
• Acidental – Não-determinante ao negócio jurídico. Não invalida o negócio.
Ex: Erro de cálculo (Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de
Fraude vontade).
Contra
Credores

Simulação
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de
Consentimento
Modalidades de erros substanciais:
Erro quanto à pessoa (error in persona):
Erro • Qualidade da pessoa: Alguém se casa com uma pessoa que tem um passado
inidôneo, vindo a descobrir depois.
Dolo • Identidade da pessoa: Alguém contrata um artista achando que é outro (Ex: Pablo).

Coação Erro quanto ao objeto:


• Identidade do objeto (error in corpore): Alguém compra um terreno na Djalma
Lesão Batista da N.S. das Graças, mas quando se verifica, o terreno está, na verdade, na
Djalma Batista do Jorge Teixeira.
Estado de • Substância do objeto (error in substantia): Alguém compra um anel de diamante,
Perigo mas depois descobre-se que é zircônia.

Vícios Sociais Erro quanto ao negócio (error in negotio):


Fraude Alguém te empresta algo e você acha que é uma doação.
Contra
Credores

Simulação
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de Dolo – Conduta maliciosa de alguém com a intenção de induzir, enganar, ludibriar, não
Consentimento revelar fato ou qualidade que a outra parte deveria conhecer antes de celebrar o ato/negócio
Erro jurídico. No erro ou ignorância, há o engano espontâneo (sozinho). No dolo há engano
provocado por outrem. O dolo se classifica em:
Dolo Unilateral Apenas uma das partes engana, ludibria, aproveita-se da outra. Neste caso, o negócio é anulável.

Bilateral Ambas as partes tentam enganar um ao outro. Neste caso, o negócio/ato não é anulável e nem pode
Coação pleitear reciprocamente perdas e dano (Art. 150 do CC). Ex: Compra de relógio falso com dinheiro falso.

Se não houvesse o induzimento malicioso (dolo), o negócio não seria realizado. Ex: O carro está com o
Lesão Essencial motor engatilhado.
Acidental Mesmo com o dolo, o negócio seria realizado (mas de outro modo). Portanto não é anulável,
Estado de obrigando-se o agente apenas à satisfação das perdas e danos. Ex: O motorzinho do ajuste do
retrovisor está com mal contato.
Perigo
Ação A intenção maliciosa resultou de uma conduta positiva (agiu intencionalmente).
Vícios Sociais Omissão A intenção maliciosa resultou de uma conduta negativa (não revelou, não informou…).

Fraude
Contra Próprio Uma pessoa engana a outra e tem algum proveito dessa conduta.
Credores Alguém tem proveito do engano de outrem, mas quem está enganando é um terceiro (representante).
De terceiros
OBS: Se quem está tendo proveito não conhecia a conduta dolosa de seu representante, o negócio não
Simulação será desfeito, mas eventual perdas e danos será devida ao enganado. Mas se quem teve proveito sabia
ou deveria saber que o seu representante enganava, o negócio será desfeito.
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de
Consentimento Coação
Erro O paciente realiza um ato/negócio jurídico em função de um temor de dano, prometido pelo
coator.
Dolo O dano precisa ser real, fundado e injusto. O mal deve ser prometido contra si, seus bens, ou
sua família, mas poderá também ser contra outro alguém (neste caso, o juiz decidirá
Coação conforme as circunstância).
Ex: Alguém com uma arma apontada para a cabeça da vítima manda ela assinar um
Lesão contrato.
A coação se classifica em:
Estado de Uma pessoa coage a outra e tem algum proveito dessa conduta.
Própria
Perigo
De Terceiros Alguém tem proveito da coação de outrem, mas quem está coagindo é um terceiro (representante).
OBS: Se quem está tendo proveito não conhecia a conduta dolosa de seu representante, o negócio não
Vícios Sociais será desfeito, mas eventual perdas e danos será devida ao enganado. Mas se quem teve proveito sabia
ou deveria saber que o seu representante enganava, o negócio será desfeito.
Fraude
Contra Não é coação exercício regular de um direito ou temor reverencial (Ex: filho em relação ao pai).
Credores O prazo é de 4 anos para anular o ato ou negócio jurídico A CONTAR DO FIM DA COAÇÃO.

Simulação
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de
Consentimento
Erro

Dolo
Estado de lesão
Coação Alguém que pratica ato ou negócio extremamente desproporcional sob o ponto de vista
patrimonial (que ponha risco o patrimônio do lesionado) em decorrência de necessidade ou
Lesão inexperiência.
Ex1: Empréstimo feito por agiota com juros de 30% ao mês, necessário para pagar o
Estado de banco e não perder o carro.
Perigo Ex2: Corretor de empréstimo que oferece R$ 5.000,00 em 50 parcelas de 300,00.

Vícios Sociais
Fraude
Contra
Credores

Simulação
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de
Consentimento
Erro

Dolo

Coação

Lesão Estado de perigo


Ato ou negócio praticado sob risco pessoal seu ou de alguém da sua família. Também poderá
Estado de ser sob o risco pessoal de um não familiar (mas neste caso, o juiz decidirá conforme as
Perigo circunstância).
Ex: Alguém que está correndo risco de morrer pede socorro. Uma pessoa oferece
Vícios Sociais socorro, mas condiciona o socorro à assinatura de um cheque.
Fraude
Contra
Credores

Simulação
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de
Consentimento
Erro
Fraude contra credores
Dolo
Primeiro precisamos compreender o que é um devedor insolvente:
Coação É aquele cujo patrimônio, que servia para garantir a sua obrigação, torna-se insuficiente para
saldá-la. Portanto, todo devedor é obrigado a proteger seu patrimônio para garantir o
Lesão cumprimento da obrigação patrimonial.
Quando o devedor torna-se insolvente, ele não poderá:
Estado de 1 – Desviar bens (transmissão gratuita) – Não pode colocar bens em nome de terceiros,
Perigo dar presentes…
2 – Perdoar dívidas de seus devedores – Porque as dívidas que o devedor insolvente
Vícios Sociais possui ajuda a pagar os seus credores.
Fraude 3 – Constituir garantias – Os bens do devedor é que garantem o pagamento das dívidas.
Contra Portanto precisa manter seus bens livres e desembaraçados.
Credores
O credor poderá pedir para o juiz anular as 3 condutas acima (desvio de bens, constituição de
garantias ou perdão das dívidas) de modo a garantir que o devedor tenha condições de
Simulação
cumprir com a sua obrigação.
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de
Consentimento
Erro

Dolo

Coação

Lesão

Estado de
Perigo
Ação pauliana:
Vícios Sociais O meio pelo qual o credor pede para que o juiz anule o ato de dilapidação do patrimônio do
devedor é a ação pauliana. O prazo para que esta ação seja proposta é de 4 anos.
Fraude
OBS: O juiz não anulará ato ou o negócio feito pelo devedor para a manutenção ou
Contra
Credores sobrevivência da sua família, ainda que o coloque na condição de insolvente.
Atenção: O negócio gratuito ou oneroso poderá será anulado. Contudo, o negócio
Simulação
oneroso somente poderá ser anulado se estiver eivado de concilium fraudis (quando
alienante e adquirente agem em conluio).
Defeitos do Negócio Jurídico
Vícios de
Consentimento Simulação
Acontece quando duas ou mais pessoas, em concilium fraudis, realizam ato ou negócio,
Erro visando causar dano a terceiro(s) e obter vantagem.

Dolo A simulação é dividida em simulação relativa e simulação absoluta.


Simulação relativa – O ato ilícito é ocultado por um ato lícito, porém falso.
Coação
Ex: Doação para amante (Art. 550 do CC). Alguém doa um carro para o amigo, que doa
para a amante do donatário originário.
Lesão
Art. 167, I do CC - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas
daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem.
Estado de Ex: Assinar uma nota promissória com data retroativa para aparentar exigível.
Perigo
Art. 167, III do CC - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

Vícios Sociais Simulação absoluta – Simula-se um negócio ou ato, mas, de fato, nada acontece.
Ex: Recibo falso para a obtenção da redução de imposto de renda.
Fraude
Contra
Art. 167, II do CC - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não
Credores verdadeira;

Atenção - Art. 167, §2º do CC Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos
Simulação
contraentes do negócio jurídico simulado.
Elementos acidentais do Negócio Jurídico
Os negócios jurídicos, ainda que sejam existentes e válidos, eles somente serão eficazes se não tiverem
subordinados a condição suspensiva, se estiverem dentro do termo ou se o encargo apresentado estiver
sendo cumprido.

Condição Evento futuro e incerto (“se”)

Termo Evento futuro e certo (“quando”)

Encargo Obrigação atrelada, um ônus (“enquanto” ou “desde que”)

Atenção: O ato ou negócio que não possua algum desses elementos acidentais é chamado de negócio
“puro”.
Elementos acidentais do Negócio Jurídico

Condição - Evento futuro e incerto (“se”)


Condição Ex: Se você passar no vestibular, dou-te um carro.

A condição é classificada em:


Termo • Condição suspensiva – O negócio nasce com a eficácia suspensa (não eficaz), mas
ocorrendo a condição, o negócio se torna eficaz.
Ex: Se você passar no vestibular, dou-te um carro.
Encargo

• Condição resolutiva – O negócio nasce eficaz, mas ocorrendo a condição, resolve-se a


eficácia (resolver significa acabar).
OBS: Salvo disposição em contrário, valem os direitos exercidos enquanto pendente a
condição resolutiva.
Ex: Se você não passar no semestre, paro de dar a sua mesada.
Elementos acidentais do Negócio Jurídico
Condições proibidas - Algumas condições são proibidas de constar no ato ou negócio:
• Condição puramente potestativa – Quando a condição decorre exclusivamente da vontade de uma
das partes (acontece quando a parte quiser)
Condição Ex: Se eu sair de casa, eu te pago um sanduiche.
• Condição perplexa – É aquela que priva o negócio de efeito (ora, se a condição é justamente para fins
de eficácia!)
Termo Ex: Se eu te der um videogame, você não poderá utilizá-lo.
• Condição ilícita – Quando a condição é a realização de um ato ilícito ou inválido.
Ex: Se você vender toda a droga, eu te dou um carro.
Encargo • Condição incompreensível – Quando não se compreende o teor da condição.
Ex: Se a laranja uma gaiola inconsolável eu te azul minha.
• Condição contraditória – É aquela que ao se realizar, enseja contradição.
Ex: Se eu me separar de você, eu renovo os votos de casamento contigo.
• Condição impossível – Aquela que é fisicamente impossível. OBS: Se a condição impossível for
suspensiva, o negócio será inválido. Mas se a condição impossível for resolutiva, a condição se torna
inexistente.
Ex negócio inválido: Eu te dou um carro se você pisar em Júpiter.
Ex negócio inexistente: Se você pisar em Júpter, paro de te dar a sua mesada.
Elementos acidentais do Negócio Jurídico
Condição eivada de malícia
Será considerada implementada a condição que não foi realizada em decorrência da malícia de
quem iria se prejudicar.
Condição Ex: Se você não passar no semestre, paro de pagar a sua mesada (o donatário passou no
semestre, mas como o doador, que queria parar de pagar a mesada, conhece o rapaz do TI da
faculdade, pediu para burlar o sistema, fato que gerou maliciosamente a reprovação do
Termo donatário).
Ao contrário, não será considerada implementada a condição que tiver sido realizada por malícia de
quem iria se beneficiar.
Encargo Ex: Dou-te um carro se você passar no semestre (o donatário reprovou no semestre, mas como
o conhece o rapaz do TI da faculdade, pediu para burlar o sistema, passando-o via sistema).
Novas condições
Quando pendente uma condição suspensiva, é possível serem feitas novas condições. Mas essas
condições posteriores somente valerão se com as anteriores não forem incompatíveis.
Ex: Condição originária – Se você passar no vestibular, eu te dou um carro para ir para a
faculdade.
Condição posterior compatível – Se passar com 10 em tudo, o carro vai com kit gás.
Condição posterior incompatível – Doar o mesmo carro para outra pessoa, se esta vier a
se casar antes do outro donatário passar no vestibular.
Elementos acidentais do Negócio Jurídico

Termo - Evento futuro e certo (“quando”)


Condição
O termo é classificado em:
• Termo inicial – É o início da eficácia (Ex: Amanhã eu te pago um sanduiche).
Termo • Temo final – É o término da eficácia (Ex: Vou pagar a sua faculdade até o término de 2020).

Atenção: Se não existir termo inicial, presume-se que a eficácia se dá imediatamente, salvo se
Encargo
as circunstancia não permitirem.
Ex em que as circunstâncias não permitem: Iniciaríamos as obras imediatamente, mas
está na época da chuva e, por isso, não é possível iniciarmos as obras.

Aplicam-se para o termo as regrinhas das condições proibidas ou maliciosas.


Lembrando: Termo puramente potestativo, termo perplexo, termo ilícito, termo
incompreensível, termo contraditório, termo impossível e termo malicioso.
Elementos acidentais do Negócio Jurídico

Interpretação mais benéfica em favor do herdeiro e do devedor.


Condição Ex em prol do devedor: Eu te darei um ar condicionado portátil quando ficar quente.
(precisa ficar MUITO quente para o devedor ser instado a cumprir com a sua obrigação).
Ex em prol do herdeiro: Será dado ao herdeiro bens suficientes para a manutenção de seu
Termo conforto (há de ser um patrimônio TÃO RELEVANTE de modo a não cair de jeito nenhum o
conforto do herdeiro).
Encargo
Contagem dos prazos
• Na contagem dos prazos exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do fim.
• Se o dia do fim cair em feriado, será prorrogado até o próximo dia útil.
• “Meado” é o termo dado ao prazo que termia no dia 15, de qualquer mês. Ex: “Meado de
abril”
• Os prazos em meses terminam no dia igual ao do termo inicial (OBS: Se terminar no dia 29,
30, 31, nos meses que não possuam esses dias, será prorrogado para o dia imediato)
• O prazo for fixado por hora será contado por hora e minuto, desprezando-se os segundos.
Elementos acidentais do Negócio Jurídico

Encargo – É uma obrigação atrelada, um ônus (“enquanto” ou “para que”)


Condição Ex: Eu te dou este terreno, para que você construa uma pracinha e permita a entrada dos
moradores desta rua.
Termo
Ex: Eu continuo te dando a mesada enquanto você tirar notas acima de 9,0.

Os encargos impossíveis ou ilícitos são considerados inexistentes, salvo se a pessoa que


Encargo realizou a liberalidade realmente desejava VERDADEIRAMENTE a realização do encargo.
• Ex de encargo impossível: Eu te dou um carro para você transformá-lo num avião (se o
doador realmente desejava que o carro virasse um avião, o encargo será tido por
inexistente).
• Ex de encargo ilícito: Eu te dou esse carro para utilizá-lo na venda de drogas (Não será
inexistente se o doador não se importar se o carro não for utilizado para a venda de
drogas).
PRESCRIÇÃO E
DECADÊNCIA
Prescrição e Decadência
Prescrição
Quando um direito é violado, é criada, em favor do jurisdicionado, a possibilidade apresentar, perante o Estado,
uma pretensão contra aquele que violou o direito. A prescrição é o fim desta pretensão.
Portanto, a obrigação pode até continuar existindo (obrigação natural), mas não existirá mais a responsabilidade.
O direito não socorre a quem dorme (Dormientibus non succurrit jus)

Prazos prescricionais:
Existem vários prazos prescricionais. Eles estão espalhados em vários diplomas legais. Os que, por ora, nos
interessa são aqueles previstos no Art. 206 do Código Civil:

1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 10 anos


Prescrição e Decadência
Prazos prescricionais:
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 10 anos

Art. 206. Prescreve:


§1º Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à
ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do
segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção
de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de
sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da
publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
Prescrição e Decadência
Prazos prescricionais:
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 10 anos

Art. 206. Prescreve:


§2º Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
Prescrição e Decadência
Prazos prescricionais:
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 10 anos

Art. 206. Prescreve:


§3º Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de
um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi
deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação
tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei
especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade
civil obrigatório.
Prescrição e Decadência
Prazos prescricionais:
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 10 anos

Art. 206. Prescreve:


§4º Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
Prescrição e Decadência
Prazos prescricionais:
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 10 anos

Art. 206. Prescreve:


§5º Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus
honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Prescrição e Decadência
Prazos prescricionais:
1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 10 anos

Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Prescrição e Decadência
Contagem dos
prazos
prescricionais:
SUSPENSÃO: É o congelamento do prazo. Portanto, o prazo é retomado exatamente do ponto
de onde parou.
Suspensão de
prazo
Exemplo: Art. 197. Não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; Se a mulher não
Interrupção reclamar a
de prazo Neste dia, um homem bate o Por causa do acidente, reparação do dano,
carro de uma mulher (inicia- o casal se apaixona. Depois de 5 anos haverá a prescrição
se o prazo para a reparação Eles se casam 2 anos das núpcias, o da pretensão 8 anos
do dano – 3 anos). depois do acidente. casal se divorcia. depois do acidente
Impedimento
de contagem

1 Ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos 6 anos 7 anos 8 anos

O casal passa 5 anos casado


(prazo prescricional suspenso)
Prescrição e Decadência
Contagem dos Art. 197. Não corre a prescrição:
prazos I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
prescricionais: II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou
curatela.
Suspensão de
prazo Art. 198. Também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ;
Interrupção II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos
de prazo Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Impedimento Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
de contagem I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não
correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os
outros se a obrigação for indivisível.
Prescrição e Decadência
Contagem dos
prazos
prescricionais:
INTERRUPÇÃO: O prazo é zerado. Portanto, não se retoma do ponto onde parou, mas começa tudo
de novo.
Suspensão de
prazo
Exemplo: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do
Interrupção direito pelo devedor.
de prazo “B” deseja uma prova escrita. Neste
“A” deixa de pagar o aluguel dia, “B” convence “A” a assinar uma
para “B” (inicia-se o prazo para confissão de dívida (mesmo que com
cobrar o aluguel – 3 anos). a data do inadimplemento).
Impedimento
de contagem

1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos

Na data que o devedor (“A”) reconhece Se “B” não reclamar o aluguel,


o direito do credor (“B”) recomeça a haverá a prescrição da pretensão 5
contagem do prazo (tudo de novo) anos depois do inadimplemento.
Prescrição e Decadência
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
Contagem dos I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover
prazos no prazo e na forma da lei processual;
prescricionais: II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; (OBS: trata-se da Medida Cautelar de
Protesto)
III - por protesto cambial;
Suspensão de
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores;
prazo
(OBS: o credor deverá habilitar o crédito em juízo)
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; (Ex: Notificação Judicial;
Interrupção Interpelação Judicial)
de prazo VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito
pelo devedor. (Ex: Confissão de Dívida)
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do
Impedimento último ato do processo para a interromper.
de contagem
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a
interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
§1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção
efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
§2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros
herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
Prescrição e Decadência
Contagem dos
prazos
prescricionais: Acontece o impedimento quando uma causa de suspensão surge antes mesmo de iniciada a
contagem do prazo. Assim sendo, não há que se falar no retorno do prazo ao ponto onde
parou, isso porque nada começou.
Suspensão de
prazo
Exemplo: Art. 197. Não corre a prescrição:
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
Interrupção
de prazo
O Pai deixa de pagar a pensão O filho completa 18 anos.
do filho de 15 anos de idade.
Impedimento
de contagem

1 ano 2 anos 3 anos 4 anos 5 anos

Se o filho não reclamar a pensão,


No término do poder familiar (18 anos),
haverá a prescrição da pretensão 5
inicia-se o prazo prescricional de 2 anos.
anos depois do inadimplemento.
Prescrição e Decadência
Prescrição

Poderá ser arguida em qualquer grau de jurisdição (Art. 193)

Os prazos prescricionais advêm da Lei. As partes não podem ser alterados por acordo (Art. 192)

É matéria de ordem pública. Por isso, é possível ser conhecível de ofício pelo juiz.

Embora seja de ordem pública, a prescrição é renunciável, mas somente é possível depois de prescrita a
pretensão (Art. 191).

A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.
Prescrição e Decadência
O que é um Direito Potestativo?
É aquele que, ao ser exercido por apenas 1 pessoa, poderá extinguir ou alterar a relação jurídica entre duas ou
mais pessoas. O Direito Potestativo poderá ser exercido com determinado prazo ou não:
• Exemplo de direito potestativo sem prazo para ser exercido: Divórcio, demissão...
• Exemplo de direito potestativo com prazo para ser exercido: Arrependimento de compra...

Decadência
É o fim do prazo para se exercer direito potestativo que contenha prazo.

A decadência pode ser arguida e conhecida em qualquer grau de jurisdição.


Não há suspensão ou interrupção da contagem do prazo decadencial. Há, no entanto, 1 caso de impedimento
(não se inicia o prazo decadencial face os absolutamente incapazes).

Existem a Decadência Legal e a Decadência Convencional:


Decadência Legal Decadência Convencional
Ex: Prazo para se arrepender de uma compra quando o Ex: Prazo para se arrepender da compra que for concedido
consumidor está fora do estabelecimento pelo vendedor e aceito pelo comprador
Não precisa ser arguida (o juiz poderá conhecer de ofício) É preciso ser arguida pela parte que a aproveita.
É irrenunciável É renunciável
Prescrição e Decadência
Prescrição Decadência
É o fim da pretensão É o fim do prazo para exercer um direito potestativo
Só nasce da lei Nasce da Lei ou da vontade das partes
É renunciável Só é renunciável a decadência convencional. A decadência
legal não é renunciável.
A prescrição é conhecível de ofício. Só é conhecível de ofício a decadência legal. A decadência
convencional não é conhecível de ofício.
Somente as ações condenatórias prescrevem As ações declaratórias são caducáveis.
PROVAS
Provas
Os fatos, atos e negócios jurídicos podem ser provados por “meio de prova”.
A prova poderá ser feita por qualquer meio lícito (válido, não proibido), especialmente pelos meios tipificados na lei (Código
Civil e Código de Processo Civil).
Cuidado: Prova ilícita é aquela obtida ilegalmente. Ex: Confissão sob coação, documento furtado, perícia “comprada”...

O objeto do estudo são os Arts. 212 ao 232. Contudo, o estudo das provas é complementado pelos Arts. 369 à 380 do CPC:
• As provas não são das partes, mas do processo. Portanto não existe testemunha do autor ou testemunha do réu. Existe,
porém, testemunha do processo arrolada pelo autor ou pelo réu.
• É válida a prova emprestada (Art. 372), ou seja, a utilização de provas produzidas em outros autos.
• Cabe à parte provar aquilo que alega (Art. 373), portanto:
• Cabe ao autor provar fato constitutivo de seu direito;
• Cabe ao réu, provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
• Não dependem de prova os fatos (Art. 374):
• Notórios (Ex: Dia 25/12 é natal);
• Afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária (Ex: O cheque emitido por “A” não tinha fundos);
• Admitidos no processo como incontroversos (Ex: “A” bateu com o carro na traseira do carro de “B”);
• Em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade (Ex: O imóvel estava registrado em nome de “A”).
Provas
Meios de Confissão:
Prova É a declaração que alguém faz sobre fato praticado por si mesmo. Essa declaração favorece à
Confissão parte contrária.

Documento Indivisibilidade e Irrevogabilidade:


A confissão deve ser apreciada por inteiro. Não se pode considerar trechos da confissão.
Testemunha Também não se pode revogar a confissão em todo ou em partes. Uma vez confessado, não se
pode “desconfessar”. Não obstante, uma confissão pode ser anulada, caso seja obtida
Presunção mediante erro ou coação.

Perícia
Tipos de confissão:
A confissão deve ser expressa, mas excepcionalmente poderá haver a confissão tácita (quando
aquele que confessa dá a entender, de maneira inequívoca, o fato, sem dizer expressamente).

Quem pode confessar?


Meios de Somente pode confessar quem pode dispor do direito confessado (confessar um dano
Prova do CPC
material) ou sofrer as consequências daquilo que confessou (caso contrário, é prova
testemunhal)
Provas
Meios de
Prova Documento:
É uma peça que demonstra a existência ou veracidade de um fato, ou ainda, o seu
Confissão detalhamento.

Documento Documentos poderão ser físicos ou eletrônicos, particulares ou públicos.


Exemplos de documento público: Escritura, certidão...
Testemunha Exemplos de documento particulares: Nota fiscal de compra, carta...

Presunção As escrituras públicas são dotadas de fé-pública e devem ser escritas em língua nacional
(vernáculo).
Perícia OBS: Documento estrangeiro, para ter valor legal, precisa estar traduzido para a língua
portuguesa.

As declarações constantes de documentos assinados valerão como verdadeiras (valerão


Meios de apenas em relação àquele quem assinou).
Prova do CPC
• Cópia, fotocópia ou scan autenticados por tabelião são verdadeiros (presunção relativa).
• Fotos, vídeos, áudios que demonstrarem fatos são verdadeiros (presunção relativa)
Provas
Meios de
Prova
Prova Testemunhal:
Confissão É a declaração que alguém faz sobre algum fato ou ato praticado por outrem. Essa declaração
favorece à quaisquer das partes (afinal, as provas não são das partes, mas do processo).
Documento
Qualquer pessoa poderá ser obrigada a testemunhar. Contudo, como a testemunha deve ser
Testemunha isenta, há casos em que a pessoa é impedida de testemunhar (Art. 228):
• Os menores de dezesseis anos;
Presunção • O interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;
• Os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de
Perícia alguma das partes, por consanguinidade, ou afinidade.
OBS: Embora sejam impedidas, o juiz poderá ouvir essas pessoas na condição de informantes.

Meios de
Prova do CPC
Provas
Meios de
Prova
Confissão Presunção:
Na verdade não é prova, mas técnica de julgamento. Isso porque se trata de uma verdade pré-
Documento concebida, com base na experiência comum.
Ex1: Se era meio dia, presume-se que estava claro (mas pode ser que tenha havido um
Testemunha eclipse)
Ex2: Se estava chovendo, presume-se que o asfalto estava escorregadio (mas pode ser que
Presunção o material daquele asfalto era menos escorregadio).

Perícia Veja que é possível apresentar provas contra a presunção. Mas em alguns casos não. Por isso a
doutrina classifica a presunção em:
• Presunção relativa – Aquela que cabe prova em contrario (presunção juris tantum);
• Presunção absoluta (ou presunção legal) – Aquela que não cabe prova em contrário
Meios de (presunção juris et de jure) – Ex: Coisa Julgada.
Prova do CPC
Provas
Meios de
Prova
Confissão

Documento

Testemunha
Perícia:
Presunção
É a utilização, por parte do juiz, de um conhecimento técnico (este conhecimento advém de
um perito, também chamado de experto).
Perícia

O perito deve ser utilizado ainda que o juiz tenha o conhecimento especializado.

OBS: Aquele que se nega à perícia médica não pode se aproveitar da sua recusa.
Meios de
Prova do CPC
Provas
Meios de
Prova
Confissão

Documento

Testemunha

Presunção

Perícia O CPC apresenta outros meios de provas:


• Ata Notarial (É a percepção sensorial do tabelião em escritura pública);
• Depoimento (É a Declaração da própria parte sobre fatos em geral);
• Confissão;
• Documento;
Meios de
• Testemunha;
Prova do CPC
• Perícia;
• Inspeção Judicial (É a percepção sensorial do magistrado em ata de audiência).

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