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Seção 6

ESPELHO DE CORREÇÃO

DIREITO
CONSTITUCIONAL
Seção 6

DIREITO CONSTITUCIONAL

Na prática!

Olá, querido aluno e querida aluna!

Você identificou que a peça necessária é o Incidente é o Incidente de Desconsideração da


Personalidade Jurídica?

Esse incidente é previsto no CPC de 2015 nos artigos 133 a 137.

Vamos conferir o espelho da peça elaborada?

LEMBREMOS O CASO.

Chegamos ao último encontro do nosso Núcleo de Prática Jurídica Constitucional.

Estamos certos de que houve um enorme crescimento em todos os campos do seu


conhecimento jurídico e prático.

Vamos nos lembrar do que aconteceu no nosso último encontro e partir para o grande
final?

O CASO.

Benjamim, é um advogado inscrito na OAB/SP com o número 54321 e muito atuante


na cidade de Quiririm do Sul (fictício), localizada na Comarca de Taubaté, no interior
do estado de São Paulo. Cidadão exemplar daquela cidade, está em dia com suas
obrigações eleitorais e possui o título de eleitor de número 123456.

Este ano, uma atitude do prefeito de sua cidade o deixou absolutamente revoltado.

Sob a alegação de estarmos em um estado emergencial em razão da pandemia de


COVID-19, o Prefeito Sr. Salame decidiu construir um novo estádio de futebol, o

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terceiro da cidade, e o fez sem qualquer licitação, contratando de forma direta a
Empreiteira e Construtora Funeral, de propriedade de seu irmão Luiz Copa.

Por meio de um Decreto Municipal (171/2021), o Prefeito contratou o Empreiteira e


Construtora Funeral alegando a dispensa de licitação em razão da pandemia e
apontou que a empresa era de confiança pessoal dele e que assim deveria iniciar as
obras imediatamente, sem qualquer concorrência prévia.

A obra teve o valor orçado em R$ 2,5 milhões e consumiu boa parte dos recursos que
haviam sido recebidos pelo município para a abertura de vagas hospitalares para o
tratamento de doentes com a COVID-19.

Inconformado, Dr. Benjamim levou os fatos ao conhecimento da Câmara Municipal e


do Ministério Público, porém nenhuma providência foi tomada. Após quatro meses de
absoluta inércia desses órgãos públicos ele decidiu que deveria propor uma ação
judicial para anular a ordem do prefeito para a realização dessa obra, em razão da
inobservância de normas constitucionais e legais que exigem a realização de licitação
para a obras públicas, além da imoralidade que a medida teve em desviar recursos
da saúde para essa construção.

Pois bem, agora você se lembrou de todos os detalhes.

No papel do advogado Benjamim você ingressou com uma Ação Popular na Comarca
de Taubaté, requerendo a anulação da medida realizada pelo prefeito e a devolução
de eventuais recursos públicos indevidamente recebidos pela Empreiteira e
Construtora Funeral, de propriedade de seu irmão Luiz Copa.

A ação foi recebida pelo juiz de primeiro grau que mandou citar todos os réus, a
Prefeitura de Quiririm do Sul, o Prefeito Salame e a Empreiteira e Construtora Funeral.

Pois bem, em nosso último encontro você ingressou com o RECURSO


EXTRAORINÁRIO em razão do ferimento ao artigo 5º, LXXIII, da CF e ganhou!!!
Parabéns!!!

Você reverteu a decisão negativa do Tribunal de Justiça e o STF determinou que os


valores de R$ 2,5 milhões fossem integralmente devolvidos para a municipalidade de
Quiririm do Sul e mais 10% de ônus de sucumbência em favor do advogado

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Benjamim, respondendo de forma solidária o prefeito Salame e a Empreiteira e
Construtora Funeral.

Com essa decisão você pediu o cumprimento da sentença e intimou o prefeito e a


Empreiteira para pagarem os valores da condenação.

Ocorre que nenhum dos dois pagaram, o prefeito não tinha nenhum bem e nem
mesmo valores depositados em conta corrente seu nome. A Empreiteira Funeral
durante o processo, passou todos os seus bens de forma irregular para os sócios e,
logo após encerrou as suas atividades, pedindo a sua extinção de forma irregular.

Em pesquisa perante a junta comercial foi descoberto que a Empreiteira tinha como
sócio majoritário Luiz Copa e sócio minoritário o prefeito Salame, seu irmão.

Em uma análise documental foi comprovado que todo o dinheiro da empresa foi
transferido para Luiz, que possui um rico patrimônio com dezenas de imóveis e
dinheiros em contas correntes e investimentos.

Ocorre que Luiz Copa não foi parte no processo, apenas a Pessoa Jurídica
Empreiteira e Construtora Funeral.

Diante de tal quadro, qual a providência jurídica que deverá ser realizada pelo Dr.
Benjamim para a obtenção do dinheiro desviado do município de Quiririm do Sul?

Questão de ordem!

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA DA


COMERCA TAUBATÉ.

AUTOR POPULAR– Benjamim

RÉUS- Empreiteira e Construtora Funeral e outros

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BENJAMIM, já qualificado nos presentes autos, advogando em nome próprio os
direitos metaindividuais discutidos nesta Ação Popular, vem à presença de Vossa
Excelência, apresentar o presente:

Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica da Empresa


Empreiteira e Construtora Funeral

Com a citação pessoal do seu sócio majoritário LUIZ COPA, (qualificação completa do réu
com endereço para a realização da citação) para na forma do Art. 135 do CPC manifestar-
se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

DO CABIMENTO DO INCIDENTE

Foi proposta a presente Ação Popular para o desfazimento dos atos lesivos narrados
na inicial com a consequente devolução dos valores pagos pelo Município de Quiririm do Sul
aos réus prefeito Salame e a Empreiteira e Construtora Funeral.

Em sede de Recurso Extraordinário o STF determinou que os valores de R$ 2,5


milhões fossem integralmente devolvidos para a municipalidade de Quiririm do Sul e mais
10% de ônus de sucumbência em favor do advogado que esta assina, respondendo de forma
solidária o prefeito Salame e a Empreiteira e Construtora Funeral.

Com essa decisão foi requerido o cumprimento da sentença e intimou-se o prefeito e


a Empreiteira para pagarem os valores da condenação.

Ocorre que de forma absolutamente anormal, nenhum dos dois nada pagaram, em
razão da inexistência de bens ou valores depositados em conta corrente em nome do
prefeito.

No entanto algo mais grave foi comprovado, a utilização fraudulenta da Pessoa


Jurídica da Empreiteira Funeral pois durante o processo, passou todos os seus bens de
forma irregular para os sócios e, logo após encerrou as suas atividades, pedindo a sua
extinção de forma irregular.

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Em pesquisa perante a junta comercial foi descoberto que a Empreiteira tinha como
sócio majoritário Luiz Copa e sócio minoritário o prefeito Salame, seu irmão.

Em uma análise documental foi comprovado que todo o dinheiro da empresa foi
transferido para Luiz, que possui um rico patrimônio com dezenas de imóveis e dinheiros em
contas correntes e investimentos

Assim, quando uma sociedade é utilizada de forma ilegal ou fraudulenta as proteções


patrimoniais legais que a atingem são afastadas ou “desacortinadas”, alcançando a pessoa
dos sócios e os seus patrimônios.

É o que aponta o artigo 50 do Código Civil:

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo


desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento
da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo,
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de
sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
(Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)

§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a


utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática
de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

Por sua vez, o CPC de 2015 previu nos artigos 133 a 137 o Incidente de
Desconsideração da Personalidade Jurídica e, no art. 790, VII, que são sujeitos à execução
os bens do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica.

Veja Excelência, não houve mera inadimplência por parte da Pessoa Jurídica. O que
houve foi verdadeira fraude em seu nome, com a transmissão de todos os seus bens à
pessoa do seu principal sócio, Luiz Copa.

Sabemos que predomina na doutrina e na jurisprudência brasileira a Teoria Maior da


desconsideração da personalidade jurídica, que exige que tenha ocorrido comprovado abuso
da personalidade jurídica, desvio de finalidade ou confusão patrimonial e não mera ausência

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de bens penhoráveis ou a dissolução irregular da sociedade e é exatamente isso que ocorreu
no presente caso.

Nesse mesmo sentido já se manifesto o STJ: “Esta Corte Superior firmou


posicionamento no sentido de que, nas relações civis-comerciais, aplica-se a Teoria Maior
da desconsideração da personalidade jurídica segundo a qual é necessária a comprovação
do abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, não sendo suficiente para tanto a ausência de bens penhoráveis ou a dissolução
da sociedade.” Agravo Interno do AREsp 1.254.372/MA.

Diante de tal quadro, é mister a citação de Luiz Copa para que, querendo se defenda
no presente incidente e, ao final, seja condenado a pagar a quantia de R$ 2.750.000,00. (R$
2.500.000,00 referentes aos valores devolvidos à municipalidade e R$ 250.000,00 referentes
aos ônus sucumbenciais de 10%), ou não o fazendo, que sejam penhorados tantos bens e
direitos necessários à satisfação integral do crédito.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto e fundamentado, requer a Vossa Excelência que julgue procedente o


incidente para que seja afastada a personalidade jurídica da Empresa Empreiteira e Construtora
Funeral e responsabilizados pelo pagamento os seus sócios Luiz Copa e Prefeito Salame, com a
ordem para que realizem o pagamento da quantia de R$ 2.750.000,00.( R$ 2.500.000,00 referentes
aos valores devolvidos à municipalidade e R$ 250.000,00 referentes aos ônus sucumbenciais de
10%), com as correções monetárias e juros desde a citação, ou não o fazendo, que sejam
penhorados tantos bens e direitos necessários à satisfação integral do crédito.

Requer, outrossim, a intimação do representante do Ministério Público para que funcione


como custos legis, nos termos da lei.

Termos em que, pede deferimento.

São Paulo, mês e ano.

Dr. Benjamim

Nº da OAB 54321

Resolução comentada

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1) Por que dizem que o Poder Constituinte é ilimitado?

Esse poder de fazer uma nova constituição é considerado pela doutrina de a) Inicial, por
não existir nenhum outro antes ou acima dele; b) Autônomo, por caber apenas ao titular
a escolha do conteúdo a ser consagrado na Constituição; c) Incondicionado, por não
estar submetido a nenhuma regra de forma ou de conteúdo.

Ele é histórico e soberano, não se submetendo a nenhum outro poder anterior ou superior
a ele.

2) Por que a constituição inaugura um novo direito?


As constituições inauguram uma nova ordem jurídica, rompendo com o regime
jurídico e político anterior e iniciando um totalmente novo, por isso o PCO é
considerado ilimitado e soberano, pois teoricamente ele tudo pode.
3) Quais exemplos desse poder?
O constituinte poderia ter previsto outros modelos econômicos, a pena de morte (que
hoje somente tem cabimento em crimes militares cometidos durante guerra
declarada, para crimes como a traição e a espionagem). A nossa constituição e nosso
direito são as escolhas dos nossos constituintes.
4) Quais as funções básicas de uma constituição, ou seja, o que podemos considerar
como assuntos materialmente constitucionais?
Toda constituição possui alguns objetivos básicos, ela cria um novo Estado e um novo
direito que rompe com o direito anterior. Ela faz isso inaugurando uma nova ordem
jurídica, organiza o Estado, regula a estrutura do Poder e como ele será exercido,
narra direitos fundamentais e também faz a escolha da ordem econômica daquele
país

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