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DIREITO CIVIL – DANIEL BUCAR

1. PRIVACIDADE

1.1 LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados - (Lei nº 13.709/2018).

Gera dano moral a circulação dos seus dados sem que você tenha sido cientificado (STJ). Isso
independe de a inscrição (por exemplo, no SERASA) ser devida ou indevida.

1.2 Direito ao Esquecimento – RE 1010606/RJ – Ainda pendente de julgamento.

Posição 1 (Barroso): Não existe direito ao esquecimento, prepondera o direito à informação.


Posição Americana.

Posição 2: Controle total dos dados e da informação acerca do requerente.

Posição 3: intermediária. O juiz fará a ponderação caso a caso.

Caso Aida Curi e Caso Chacina da Candelária.

Dever de desindexação dos mecanismos de busca.

LAI (Lei de Acesso de Informação) x LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Subsídios de proventos de servidores. Não há problema em divulgar os salários ou proventos


dos servidores.

Dados sensíveis de saúde, potencialmente estigmatizantes, somente podem ser transmitidos


com o consentimento do titular ou em caso de interesse público.

2. BOA-FÉ OBJETIVA NAS OBRIGAÇÕES

A boa-fé objetiva não trata de inadimplemento, ela não deve adornar um raciocínio quando o
problema já se resolve pela lei ou pelo contrato.

Boa-fé objetiva se constata naquilo em que não foi falado pelas partes, na observância de
deveres anexos, como lealdade, cuidado/segurança, esclarecimento, legítimos interesses da
outra parte, proteção. Ela regula aquilo que não foi dito.

3. PRESCRIÇÃO

3.1 Pretensões Imprescritíveis:

RE 852.475 – Ato doloso de Improbidade

RE 654833 – Dano Ambiental – ligado à natureza, e conexamente, à vida.

STJ: Tortura – ligado à vida.

3.2 Prescrição e Danos Morais

- posição Gustavo Tepedino (?)

- Direito do Trabalho: A execução dos danos morais em seara trabalhista é realizada de ofício,
o que impacta na prescrição.

3.3 Prescrição e Contratos


EResp 1.280.825 – 10 (dez) anos. Seja para tutela da obrigação específica, seja para perdas e
danos.

3.4 Prescrição x Negócios Jurídicos Nulos

Negócios jurídicos nulos não se convalidam. Contudo, a jurisprudência tem entendido que
embora não convalide, a questão patrimonial se consolida. Ex. Herança Vacante, em que um
falso procurador vende o bem.

4. JUROS

4.1 Juros Moratórios

SELIC (4,5% aa, mas oscila) (STJ) x Art. 406 (12% aa) (TJs e TRFs).

O COPOM não considera, ao fixar a SELIC, os juros de mora, mas sim os títulos da dívida
pública.

STJ entende que devem ser aplicados os mesmos juros dos créditos tributários da Fazenda
Pública (Federal é SELIC, mas Municipio do Rio é IPCA).

RE 870.947 (Tema 810) – Débitos não tributários – Juros: índice da poupança, correção
monetária não pode ser a TR. O STF entende que a correção monetária não pode ser inferior à
inflação, pois viola a propriedade privada.

Os entes públicos embargaram de declaração pedindo a modulação, pois fizeram o orçamento


com base na TR, mas o STF negou o pedido.

4.2 Juros Remuneratórios

Remunera o capital.

5.CONTRATOS

5.1 Novos Princípios

Boa-fé objetiva

Função Social do Contrato

Posição 1: é o papel do contrato na sociedade.

Posição 2: Tutela Externa do Crédito (Terceiro Cúmplice).

Posição 3: Interesses coletivos externos incidindo sobre o contrato, fazendo com que cláusulas
deixem de ser aplicadas. << Direito Civil Constitucional.

Ex. operadora de TV a cabo contratou com concessionária de energia o uso de seus postes
para passar cabos. Contratou 500 postes e usou muito mais. A concessionária mandou retirar
com base no contrato, mas o judiciário não permitiu, pois havia o interesse da coletividade
envolvido.

Equilíbrio Contratual

5.2 Lei dos Distratos (Lei 13.786/2018)

Incorporação – 25% (limite cláusula penal)


Loteamento – 10%

Promessa de Compra e Venda de um lote que o vendedor diz que um dia será dele, em um
terreno situado em APA (Área de Proteção Ambiental). Promitente não tomou nenhuma
cautela, não verificou se o imóvel é legalizado, quem é a incorporadora, etc.

A promessa não é nula. O problema entre as partes é de inadimplemento contratual. Há um


problema de ausência de boa-fé objetiva, por parte do promitente vendedor. Poderia o
promitente comprador pedir a resolução, com perdas e danos.

A Defensoria alega que o Município deve regularizar o loteamento, porque permitiu a


construção. (caso Muzema)

6. RESPONSABILIDADE CIVIL

6.1 Nexo de Causalidade

Causa direta e imediata (art. 403 CC, inclusive na extracontratual)

Flexibilidade

6.2 Reparação

Redução Equitativa (parágrafos únicos, art. 928 e 944, CC).

Questiona-se a redução pode ser usada na responsabilidade objetiva, pois menciona a culpa.

Não pecuniária. Defendida por Anderson Schreiber. Não tem boa acolhida no judiciário.

6.3 Abuso de Direito

Art. 187 – Lei da Liberdade Econômica impactou na interpretação desse dispositivo.

6.4 Danos em ricochete

Familiares diretos: Cônjuges (sem separação de fato); pais e filhos da vítima.

Legitimidade dos Avós: REsp 1.101.213

Irmãos sem dependência econômica. REsp 160.125

Dano reflexo em decorrência do dano lesão – vítima direta sobreviva (REsp 1.208.949).

7. REAIS

7.1 Herança Vacante

Vacância de bens – os bens vacantes são da municipalidade. STJ disse que pode haver a
usucapião de bens produto de roubo.

Ação de Abandono – inter vivos – ex. não paga IPTU, não mora, não cuida, etc.

Abandono – causa mortis – pedido de arrecadação dos bens, procura os herdeiros. No período
da herança jacente, o bem é privado, embora esteja sob a curadoria do município. Quando se
torna bem público, o prazo da usucapião para de correr.

7.2 Usucapião
Usucapião Extraordinária (art. 1238 CC): Posse Mansa e Pacífica; Prazo por 15 anos; 10 anos se
morar habitualmente, ter realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Usucapião ordinária (art. 1242 CC): Posse mansa e pacífica, com justo título e boa-fé
(subjetiva). Prazo: 10 anos; 05 anos se for registro cancelado, por exemplo, uma compra e
venda que foi declarada nula, mas continua exercendo a posse do bem, e moradia com
investimentos de interesse social e econômico.

Usucapião especial urbana (art. 1240 CC, art. 183 CRFB, art. 9º e 13 do Estatuto da Cidade): é
uma usucapião pro moradia. Ambiente de moradia, trabalho, circulação e lazer. Tem como
requisito a posse mansa, contínua e pacífica por 5 anos de uma área urbana de até 250m2.

Enunciado 85CJF: É possível que esse imóvel de até 250m2 seja um apartamento em um
condomínio edilício.

O módulo mínimo (STF RE 422.349) – Não é necessário o respeito ao módulo mínimo, seja
urbano ou rural, para fins de aquisição através da usucapião constitucional, pois o Plano
Diretor não se sobrepõe à Constituição da República. Acontecia isso em Campo Grande, Santa
Cruz, ações de usucapião com lotes pequenos.

Nova tese da PGM - O acórdão do STF tratou do tema sobre o prisma constitucional. Apenas a
partir da usucapião do art. 183 da CRFB. Quando o fundamento da usucapião é
infraconstitucional, isso não foi objeto do RE. O CC e o Estatuto da Cidade conferem ao
Município o poder de ordenar o solo urbano. Nesses casos, da usucapião do CC ou do Estatuto
da Cidade, o Município defende que deve ser obedecido o módulo mínimo.

Há também outros requisitos: Não ser o usucapiente proprietário de outro imóvel urbano ou
rural, e a utilização do imóvel como moradia própria ou de sua família.

Usucapião coletiva urbana (art. 10 do Estatuto da Cidade): Posse mansa e pacífica por 5 anos;
áreas urbanas superiores a 250 metros quadrados; baixa renda, impossível identificação dos
terrenos de cada possuidor.

Parcelamento (áreas comuns ou públicas).

Art. 1228 §4º (Caso Favela Pullman). Requisitos: Posse ininterrupta e de boa-fé por 5 anos;
Considerável número de pessoas que extensa área realize obras e serviços de interesse
econômico e social relevantes. Aquisição coletiva? Desapropriação privada? Acessão social
invertida coletiva? Ornitorrinco jurídico?

Usucapião especialíssima ou familiar (art. 1240-A do CC): Posse por 2 anos; fração pertencente
ao outro; cônjuge ou companheiro abandonado. O cônjuge ou companheiro abandonado fica
por lá durante 2 anos e ele adquire a fração pertencente ao outro cônjuge ou companheiro
que abandonou o lar.

7.3 Multipropriedade

Lei 13.777/2018 – Adquire-se por uma modalidade compartilhamento da propriedade, uma


fração de tempo de um certo bem. É muito comum em barcos, aeronaves e resorts.

Caracteriza-se, portanto, por uma fração de tempo na titularidade dominical. Assim, terá na
matrícula do imóvel a divisão por tempo do próprio direito à propriedade.
Em questões de relevância social, o professor entende que está superado, pois o turismo
migrou para o AirBnb.

Titularidade de imóvel em um pool hoteleiro. Se eu não pagar a cota condominial, o


condomínio pode impedir o uso da unidade e locar minha unidade / fração e usar para pagar a
dívida. A anticrese legal na propriedade.

A lei facultou ao Município abrir ou não inscrição municipal por fração de tempo para cobrar
IPTU do multiproprietário. O MRJ não tem interesse, não vai abrir. Nesse caso, todos são
solidários.

7.4 Direito real de Laje

Direito resolúvel de laje (“domínio útil”). É semelhante ao direito de superfície. É direito real
sobre coisa alheia. Art. 1510-A. O proprietário de uma construção-base poderá ceder a
superfície superior ou inferior de sua construção a fim de que o titular da laje mantenha
unidade distinta daquela originalmente construída sobre o solo.

Posição de Guilherme Calmon: Direito real de Laje só pode ser constituído em comunidades
carentes.

7.5 Pacto Comissório x Pacto Marciano

Artigo 1428 CC. Proibido o pacto comissório. O credor com direito real de garantia não pode
simplesmente pegar o bem, ele deve executar a dívida, o bem será arrecadado, vendido e aí
então receberá o produto. Outros credores podem existir e pedir sua reserva, etc.

Pacto Marciano – aplicado e aceito na alienação fiduciária. Se há inadimplemento, há


notificação extrajudicial, se não purga a mora, há a consolidação da propriedade na pessoa do
credor agente financeiro. O agente financeiro tem a obrigação de vender o bem. O produto
fica comigo para atender inclusive credores que são preferenciais em relação a mim.

Pensa-se em estender para outras situações, para fomento da atividade econômica. (Carlos
Edison, PGE/RJ).

8. DIREITO DE FAMÍLIA

8.1 Princípios

Liberdade: Direito de (des)construir uma relação conjugal e procriação. Família multiforme.

Igualdade de diferença: Gêneros, direitos e deveres dos cônjuges, sobrenome, pessoa e bens
dos filhos.

Pluralismo das entidades familiares:

Casamento (art. 226, §§1º e 2º, da CRFB e artigo 1511 do CC)

União estável (art. 226 §3º, da CRFB e artigo 1723 do CC)

Monoparental (art. 226 §4º da CRFB)

Concubinato (art. 1727 CC).

Anaparental (?) somente irmãos.

9. DIREITO DAS SUCESSÕES


9.1 HERDEIROS

Necessários: Descendentes, ascendentes e cônjuge (companheiro – ainda não as sabe, embora


maior parte da doutrina defenda que sim) sobrevivente.

Herdeiros Legais, Legítimos: Os necessários mais Colaterais até o 4º grau. Nem todos os
herdeiros legais são necessários. E todos os necessários são legais, companheiro inclusive.

Herdeiros testamentários: Quando nomeia no testamento pessoa para receber parte, fração
ou a totalidade, universalidade do patrimônio.

Legado: Singulariza e especifica o bem no patrimônio e entrega para determinada pessoa.

Conjuge / companheiro herdeiro > equiparado pelo STF.

O cônjuge é meeiro (depende do regime) + herdeiro dos bens particulares. Influenciou nas
heranças jacentes / vacantes.

Horror Vacui: Os bens não podem deixar de ter titular. Se não há saisine porque não há
herdeiros, há uma arrecadação dos bens vagos, das heranças jacentes, o juízo dá a curadoria
(artigos 741 e 743 do CPC).

Há também a arrecadação de bens vagos (achados e perdidos). Declaração de coisa vaga.

10. JULGADOS RELEVANTES

10.1 Assistência à saúde de servidores municipais por entidade autárquica.

Aplica-se a Lei n. 9.656/1998 à pessoa jurídica de direito público de natureza autárquica que
presta serviço de assistência à saúde de caráter suplementar aos servidores municipais. (REsp
1.766.181-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira
Turma, por maioria, julgado em 03/12/2019, DJe 13/12/2019) STJ INFO 662

10.2 Desconsideração da Personalidade Jurídica

A desconsideração da personalidade jurídica, ainda que com fundamento na Teoria Menor,


não pode atingir o patrimônio pessoal de membros do Conselho Fiscal sem que haja a
mínima presença de indícios de que estes contribuíram, ao menos culposamente e com
desvio de função, para a prática de atos de administração. Caso concreto: consumidor
comprou um imóvel de um cooperativa habitacional, mas este nunca foi entregue; o
consumidor ajuizou ação de cobrança contra a cooperativa, tendo o pedido sido julgado
procedente para devolver os valores pagos; durante o cumprimento de sentença, o juiz, com
base na teoria menor, fez a desconsideração da personalidade jurídica para atingir o
patrimônio pessoal dos membros do Conselho Fiscal da cooperativa; o STJ afirmou que eles
não poderiam ter sido atingidos. A despeito de não se exigir prova de abuso ou fraude para
fins de aplicação da Teoria Menor da desconsideração da personalidade jurídica, tampouco de
confusão patrimonial, o § 5º do art. 28 do CDC não dá margem para admitir a
responsabilização pessoal de quem jamais atuou como gestor da empresa. STJ. 3ª Turma. REsp
1.766.093-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
12/11/2019 (Info 661). CASO SHOPPING OSASCO FOI DESCONSIDERADO, AGORA O STJ
VOLTOU ATRÁS.

10.3 Desapropriação Indireta


Não configura desapropriação indireta quando o Estado se limita a realizar serviços públicos de
infraestrutura em gleba cuja invasão por particulares apresenta situação consolidada e
irreversível. REsp 1.770.001-AM, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, por
unanimidade, julgado em 05/11/2019, DJe 07/11/2019. (Ex. Favela Bairro).

10.4 Canal do Anil

Construção em área em declive, alagável. Não poderia ser construída. Contudo, foram feitos
loteamentos irregulares e foram ajuizadas ações pedindo que o Município fizesse obras de
drenagem para que o canal não subisse e não alagasse os imóveis. É uma obra impossível,
custo altíssimo para regularizar a situação de uma área que jamais poderia ter sido edificada. O
município vinha perdendo, mas agora o TJ iniciou o IRDR e todos os processos forem
suspensos.

10.5 Cotas condominiais

O proprietário de imóvel gerador de débitos condominiais pode ter o seu bem penhorado em
ação de cobrança ajuizada em face de locatário, já em fase de cumprimento de sentença, da
qual não figurou no polo passivo. REsp 1.829.663-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma,
por unanimidade, julgado em 05/11/2019, DJe 07/11/2019

10.6 Informações Pessoais e Dano Moral

Configura dano moral in re ipsa a ausência de comunicação acerca da


disponibilização/comercialização de informações pessoais em bancos de dados do consumidor.
REsp 1.758.799-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
12/11/2019, DJe 19/11/2019

LGPD não vai cair na prova, pois não está em vigor e não está no edital. O julgado, no entanto,
traz premissa da LGPD. Fundamento é constitucional, art. 5º X, CRFB e 20 do CC.

10.7 Locação

A inércia do locador em exigir o reajuste dos aluguéis por longo período de tempo suprime o
direito à cobrança de valores pretéritos, mas não impede a atualização dos aluguéis a partir da
notificação extrajudicial encaminhada ao locatário. REsp 1.803.278-PR, Rel. Min. Ricardo Villas
Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 22/10/2019, DJe 05/11/2019

O julgado se baseou no abuso de direito, supressio (187 CC) e surrectio (113 CC), e boa-fé
objetiva.

10.8 Desapropriação Indireta

O prazo prescricional para a ação indenizatória por desapropriação indireta é de 10 anos, em


regra, salvo comprovação da inexistência de obras ou serviços públicos no local, caso em que o
prazo passa a ser de 15 anos. EREsp 1.575.846-SC, Rel. Min. Og Fernandes, Primeira Seção, por
maioria, julgado em 26/06/2019, DJe 30/09/2019 (Info 658)

Se houve um uso daquele bem pela Adm Pública, reduz-se o prazo prescricional para a ação de
desapropriação indireta.

10.9 Usucapião de Bem Móvel


É possível a usucapião de bem móvel proveniente de crime após cessada a clandestinidade ou
a violência. REsp 1.637.370-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por maioria,
julgado em 10/09/2019, DJe 13/09/2019 (Info 656)

10.10 Obrigações. Perecimento sem culpa

Não são exigíveis aluguéis no período compreendido entre o incêndio que destruiu imóvel
objeto de locação comercial e a efetiva entrega das chaves pelo locatário. A locação consiste
na cessão do uso ou gozo da coisa em troca de uma retribuição pecuniária, isto é, tem por
objeto poderes ou faculdades inerentes à propriedade. Assim, extinta a propriedade pelo
perecimento do bem, também se extingue, a partir desse momento, a possibilidade de usar,
fruir e gozar desse mesmo bem, o que inviabiliza, por conseguinte, a manutenção do
contrato de locação, já que o locatório não terá como realizar a exploração econômica
dessas faculdades da propriedade. REsp 1.707.405-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
Rel. Acd. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por maioria, julgado em 07/05/2019, DJe
10/06/2019.

10.11 Promessa de Compra e Venda – Distrato

É válida a cláusula penal que prevê a perda integral dos valores pagos em contrato de
compromisso de compra e venda firmado entre particulares. REsp 1.723.690-DF, Rel. Min.
Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 06/08/2019, DJe
12/08/2019

Contrato celebrado de forma voluntária entre particulares em situação de paridade.

10.12 Prescrição Responsabilidade Civil Contratual

A pretensão indenizatória decorrente do inadimplemento contratual sujeita-se ao prazo


prescricional decenal (art. 205 do Código Civil), se não houver previsão legal de prazo
diferenciado. EREsp 1.281.594-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Felix Fischer,
Corte Especial, por maioria, julgado em 15/05/2019, DJe 23/05/2019

10.13 Alienação Fiduciária

A alienação fiduciária firmada entre a construtora e o agente financeiro não tem eficácia
perante o adquirente do imóvel. REsp 1.576.164-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma,
por unanimidade, julgado em 14/05/2019, DJe 23/05/2019 Aplicação Analógica da Súmula
308 STJ, segundo a qual a hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior
ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os
adquirentes do imóvel.

10.14 Fortuito Externo e Responsabilidade Civil

O roubo à mão armada em estacionamento gratuito, externo e de livre acesso configura


fortuito externo, afastando a responsabilização do estabelecimento comercial. EREsp
1.431.606-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, por maioria, julgado em
27/03/2019, DJe 02/05/2019.

O Superior Tribunal de Justiça, conferindo interpretação extensiva à Súmula n° 130/STJ,


entende que estabelecimentos comerciais, tais como grandes shoppings centers e
hipermercados, ao oferecerem estacionamento, ainda que gratuito, respondem pelos assaltos
à mão armada praticados contra os clientes quando, apesar de o estacionamento não ser
inerente à natureza do serviço prestado, gera legítima expectativa de segurança ao cliente em
troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos
consumidores. No entanto, nos casos em que o estacionamento representa mera comodidade,
sendo área aberta, gratuita e de livre acesso por todos, o estabelecimento comercial não pode
ser responsabilizado por roubo à mão armada, fato de terceiro que exclui a responsabilidade,
por se tratar de fortuito externo.

Vaga Certa: A compra do talão do estacionamento é somente permissão de uso de espaço


público, não é contrato de depósito, e se o carro for furtado não há responsabilidade civil do
Município.

10.15 Classificação dos Créditos na Recuperação Judicial

O pensionamento fixado em sentença judicial, decorrente de ação de indenização por acidente


de trânsito, pode ser equiparado ao crédito derivado da legislação trabalhista para fins de
inclusão no quadro geral de credores de sociedade em recuperação judicial. Os créditos de
natureza alimentar, ainda que não decorram especificamente de relação jurídica submetida
aos ditames da legislação trabalhista, devem receber tratamento análogo para fins de
classificação da ordem de pagamento nos processos de execução concursal. Ex: João recebe
pensão mensal vitalícia da sociedade empresária “X” em virtude de ter sido atropelado pelo
veículo da empresa; após vários meses de atraso nos pagamentos, a empresa ingressou com
pedido de recuperação judicial; o crédito de João será equiparado a crédito trabalhista para
fins de pagamento prioritário. STJ. 3ª Turma. REsp 1.799.041-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 02/04/2019 (Info 645).

Tema correlato: créditos de honorários advocatícios são equiparados a créditos trabalhistas

Os créditos resultantes de honorários advocatícios (sucumbenciais ou contratuais) têm


natureza alimentar e são equiparados aos créditos trabalhistas para efeito de habilitação em
falência, estando, portanto, enquadrados no art. 83, I da Lei nº 11.101/2005. STJ. Corte
Especial. REsp 1152218-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/5/2014 (recurso
repetitivo) (Info 540).

#PERGUNTA DO ALUNO

A CAIXA, quando é APENAS agente financeiro, não é responsável por vício da obra. Há
empreendimentos em que a CAIXA age como fomento, fiscaliza o empreendimento, nesse
caso ela pode responder solidariamente com a incorporadora. A Previ-Rio financia imóveis
para servidores municipais. É possível que ela tenha responsabilidade solidária com a
incorporadora? A Previ-Rio age somente como agente financeiro, portanto não há
solidariedade com a incorporadora / construtora por vício da obra.

É comum que o servidor, devedor hipotecário de crédito habitacional, fique inadimplente com
IPTU, cotas condominiais e com o financiamento. Prior tempore (primeiro registro) (processo
civil) – vale para créditos da mesma classe / Preferência

Se os títulos têm classes de preferência diferentes, não se aplica o prior tempore, que se
aplicará somente entre os créditos de mesma categoria.

IPTU 1º / Condomínio 2º / Agente Financiador 3º


10.16 Acidente de Trânsito

Em ação destinada a apurar a responsabilidade civil decorrente de acidente de trânsito,


presume-se culpado o condutor de veículo automotor que se encontra em estado de
embriaguez, cabendo-lhe o ônus de comprovar a ocorrência de alguma excludente do nexo de
causalidade. REsp 1.749.954-RO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, por unanimidade, julgado
em 26/02/2019, DJe 15/03/2019

10.17 Fornecedor Aparente

O conceito legal de “fornecedor” previsto no art. 3º do CDC abrange também a figura do


“fornecedor aparente”, que consiste naquele que, embora não tendo participado diretamente
do processo de fabricação, apresenta-se como tal por ostentar nome, marca ou outro sinal de
identificação em comum com o bem que foi fabricado por um terceiro, assumindo a posição
de real fabricante do produto perante o mercado consumidor. O fornecedor aparente, em prol
das vantagens da utilização de marca internacionalmente reconhecida, não pode se eximir dos
ônus daí decorrentes, em atenção à teoria do risco da atividade adotada pelo CDC. Dessa
forma, reconhece-se a responsabilidade solidária do fornecedor aparente para arcar com os
danos causados pelos bens comercializados sob a mesma identificação (nome/marca), de
modo que resta configurada sua legitimidade passiva para a respectiva ação de indenização
em razão do fato ou vício do produto ou serviço. STJ. 4ª Turma. REsp 1.580.432-SP, Rel. Min.
Marco Buzzi, julgado em 06/12/2018 (Info 642).

A doutrina aponta a existência de quatro espécies de fornecedor:

a) Fornecedor real:

O fornecedor real é aquele que, efetivamente, participa do processo de fabricação ou


produção do produto, de um dos seus componentes ou de sua matéria-prima.

É, portanto, aquele que participa efetivamente da realização e criação do produto, envolvendo


o próprio fabricante, o produtor, o construtor.

b) Fornecedor presumido:

Não participa diretamente do processo de fabricação ou produção do produto, mas atua como
intermediário entre o fornecedor real e o consumidor. Está previsto no art. 13 do CDC:

Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou
importador;

III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis.

c) Fornecedor equiparado:

São as entidades que, embora não se encontrem diretamente na conceituação prevista pelo
art. 3º do CDC, podem ser enquadrados como fornecedor em razão da natureza da atividade
que desenvolvem.
Exemplos: o banco de dados e os cadastros de consumidores (art. 43 do CDC), o anunciante, a
agência publicitária e o veículo em relação às atividades publicitárias (art. 37 do CDC).

d) Fornecedor aparente:

É aquele que, embora não tendo participado do processo de fabricação, apresenta-se como
fornecedor pela colocação do seu nome, marca ou outro sinal de identificação no produto que
foi fabricado por um terceiro.

O fornecedor aparente não participa do processo de fabricação do produto, porém, ele associa
seu nome a essa marca e, portanto, passa a ser entendido, aos olhos do consumidor, como se
fosse uma mesma empresa.

É nessa aparência que reside o fundamento para a responsabilização deste fornecedor.

Não se exige do consumidor, vítima de evento lesivo, que investigue para saber se são
empresas autônomas ou não, nem quem foi o real fabricante daquele produto.

Assim, a legislação consumerista abraçou a teoria da aparência para responsabilizar aquele


que, a despeito de não participar diretamente do processo de fabricação do produto, por
ostentar a marca por ele utilizada, passa a ser responsabilizado pelos danos decorrentes dessa
relação.

A teoria da aparência, amplamente adotada no direito brasileiro, foi estruturada para proteção
do terceiro de boa-fé, prestigiando aquele que se porta com lealdade em nome da segurança
jurídica.

Ressalva

Não se está dizendo que haverá a responsabilização de todo e qualquer fornecedor que
ostentar a mesma marca de uma empresa globalmente reconhecida.

O vínculo restará caracterizado quando, aos olhos do consumidor hipossuficiente, a relação da


empresa com a cadeia de fornecimento for, conforme o caso acima explicado, indissociável ou
não houver informação clara e suficiente que lhe permita a correta e perfeita identificação do
real fabricante/fornecedor.

10.18 Caso Antonelli

RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL. USO INDEVIDO DE IMAGEM. FINS COMERCIAIS.


ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. ART. 884 DO CÓDIGO CIVIL. JUSTA CAUSA. AUSÊNCIA. DEVER
DE RESTITUIÇÃO. LUCRO DA INTERVENÇÃO. FORMA DE QUANTIFICAÇÃO.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo
Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. Ação de indenização proposta por atriz em virtude do uso não autorizado de seu nome e da
sua imagem em campanha publicitária.
Pedido de reparação dos danos morais e patrimoniais, além da restituição de todos os
benefícios econômicos que a ré obteve na venda de seus produtos.
3. Além do dever de reparação dos danos morais e materiais causados pela utilização não
autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais, nos termos da Súmula
nº 403/STJ, tem o titular do bem jurídico violado o direito de exigir do violador a restituição
do lucro que este obteve às custas daquele.
4. De acordo com a maioria da doutrina, o dever de restituição do denominado lucro da
intervenção encontra fundamento no instituto do enriquecimento sem causa, atualmente
positivado no art. 884 do Código Civil.
5. O dever de restituição daquilo que é auferido mediante indevida interferência nos direitos
ou bens jurídicos de outra pessoa tem a função de preservar a livre disposição de direitos, nos
quais estão inseridos os direitos da personalidade, e de inibir a prática de atos contrários ao
ordenamento jurídico.
6. A subsidiariedade da ação de enriquecimento sem causa não impede que se promova a
cumulação de ações, cada qual disciplinada por um instituto específico do Direito Civil, sendo
perfeitamente plausível a formulação de pedido de reparação dos danos mediante a
aplicação das regras próprias da responsabilidade civil, limitado ao efetivo prejuízo
suportado pela vítima, cumulado com o pleito de restituição do indevidamente auferido,
sem justa causa, às custas do demandante.
7. Para a configuração do enriquecimento sem causa por intervenção, não se faz
imprescindível a existência de deslocamento patrimonial, com o empobrecimento do titular
do direito violado, bastando a demonstração de que houve enriquecimento do interventor.
8. Necessidade, na hipótese, de remessa do feito à fase de liquidação de sentença para fins de
quantificação do lucro da intervenção, observados os seguintes critérios: a) apuração do
quantum debeatur com base no denominado lucro patrimonial; b) delimitação do cálculo ao
período no qual se verificou a indevida intervenção no direito de imagem da autora; c) aferição
do grau de contribuição de cada uma das partes e d) distribuição do lucro obtido com a
intervenção proporcionalmente à contribuição de cada partícipe da relação jurídica.
9. Recurso especial provido.
(REsp 1698701/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
02/10/2018, DJe 08/10/2018)
Farmácia usou a imagem da atriz sem consentimento. Não houve “dano” propriamente dito,
mas ela deixou de ganhar. Enriquecimento sem causa.

11 JURISPRUDÊNCIA

11.1. Representação Comercial

RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. RESCISÃO UNILATERAL


IMOTIVADA PELA REPRESENTADA. INDENIZAÇÃO. ART. 27, "J", DA LEI 4.886/65. CLÁUSULA
CONTRATUAL QUE PREVÊ PAGAMENTO ANTECIPADO ACRESCIDO ÀS COMISSÕES MENSAIS.
ILEGALIDADE. FORMA DE PAGAMENTO QUE NÃO SE COADUNA COM O CONCEITO DE
INDENIZAÇÃO.
[...] 2. O propósito recursal é definir se o pagamento antecipado da indenização, devida ao
representante comercial por ocasião da rescisão injustificada do contrato pelo representado,
viola o art. 27, "j", da Lei 4.886/65.
3. A Lei 4.886/65, em seu art. 27, "j", estabelece que o representante deve ser indenizado caso
o contrato de representação comercial seja rescindido sem justo motivo por iniciativa do
representado.
4. O pagamento antecipado, em conjunto com a remuneração mensal devida ao
representante comercial, desvirtua a finalidade da indenização prevista no art. 27, "j", da Lei
4.886/65, pois o evento, futuro e incerto, que autoriza sua incidência é a rescisão unilateral
imotivada do contrato.
5. Essa forma de pagamento subverte o próprio conceito de indenização. Como é sabido, o
dever de reparar somente se configura a partir da prática de um ato danoso. No particular,
todavia, o evento que desencadeou tal dever não havia ocorrido - nem era possível saber se,
de fato, viria a ocorrer - ao tempo em que efetuadas as antecipações mensais.
6. O princípio da boa-fé impede que as partes de uma relação contratual exercitem direitos,
ainda que previstos na própria avença de maneira formalmente lícita, quando, em sua
essência, esse exercício representar deslealdade ou gerar consequências danosas para a
contraparte.
7. A cláusula que extrapola o que o ordenamento jurídico estabelece como padrão mínimo
para garantia do equilíbrio entre as partes da relação contratual deve ser declarada inválida.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (REsp 1831947/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 10/12/2019, DJe 13/12/2019)

11.2 Resolução por entrega atrasada de imóvel

No caso de resolução de contrato por atraso na entrega de imóvel além do prazo de


tolerância, por culpa da incorporadora, o termo ad quem dos lucros cessantes é a data do
trânsito em julgado. REsp 1.807.483/DF

Observação 1: Se o contrato contiver uma cláusula prevendo multa em caso de atraso na


entrega do imóvel (cláusula penal moratória), a construtora pagará apenas a multa, não
podendo ser cumulada com lucros cessantes. Nesse sentido: A cláusula penal moratória tem a
finalidade de indenizar pelo adimplemento tardio da obrigação e, em regra, estabelecida em
valor equivalente ao locativo, afasta-se sua cumulação com lucros cessantes. STJ. 2ª Seção.
REsp 1.498.484-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019 (recurso repetitivo)
(Info 651). Observação 2: Em 28/12/2018, entrou em vigor a Lei nº 13.786/2018, que dispõe
sobre a resolução do contrato por inadimplemento do adquirente de unidade imobiliária. A Lei
nº 13.786/2018 acrescentou o art. 43-A na Lei nº 4.591/64 para tratar sobre o inadimplemento
(parcial ou absoluto) em contratos de compra e venda, promessa de venda, cessão ou
promessa de cessão de unidades autônomas integrantes de incorporação imobiliária ou de
loteamento. O entendimento acima exposto REsp 1.807.483-DF só se aplica para os contratos
celebrados antes da vigência da Lei nº 13.786/2018. As regras da Lei nº 13.786/2018 não
podem ser aplicadas aos contratos anteriores à sua vigência.

11.3. Fiança Locatícia

O prazo para o fiador exonerar-se da fiança inicia-se do efetivo conhecimento da sub-locação,


ainda que a ciência não ocorra pela comunicação do locatário sub-rogado. REsp 1.510.503/ES

No contrato de locação a administração se despe de sua supremacia.

A administração pública pode locar um imóvel e pode sub-locar uma parte para uma atividade
privada (ex. Cantina). O fiador, ao ter ciência, pode se exonerar da fiança.

11.4.Mandato

A procuração que estabelece poderes para alienar “quaisquer imóveis localizados em todo o
território nacional” não atende os requisitos do art. 661 §1º do CC/2002, que exige poderes
especiais e expressos para tal desiderato. REsp 1.814.643/SP

Conselho gestor de herança jacente contratou um advogado trabalhista, fez um acordo com o
empregador da pessoa que faleceu e não deixou herdeiros. Ele atuou dentro dos limites da
procuração, mas sem seguir as instruções do Conselho, e, com isso, fez um acordo prejudicial
ao Município. Será ajuizada uma ação contra esse advogado, pedindo perdas e danos.

11.5. Assédio Processual


O ajuizamento de sucessivas ações judiciais, desprovidas de fundamentação idônea e
intentadas com propósito doloso, pode configurar ato ilícito de abuso do direito de ação ou de
defesa, o denominado assédio processual. REsp 1.817.845/MS (sham litigation)

Ex. Drenagem de Canal do Anil está acontecendo isso.

11.6. Bem de família

O bem de família não é protegido contra débitos: IPTU / Cotas Condominiais (construção
jurisprudencial REsp 1.473.484/RS) / garantidos pelo imóvel (*) / valores recebidos da
previdência indevidamente / Alimentos Parentais / Salário (TRT) / Fiança Locatícia Residencial.

(*)

O crédito oriundo de contrato de empreitada para a construção, ainda que parcial, de imóvel
residencial, encontra-se nas exceções legais à impenhorabilidade do bem de família. REsp
1.221.372-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 15/10/2019,
DJe 21/10/2019 (Info 658)

Bem dado em garantia a Instituição Financeira por um membro da família. O banco não precisa
provar que o crédito reverteu em benefício da família, pode executar o bem de família. O
proveito à família é presumido. Pode-se assim sintetizar o tema: a) o bem de família é
impenhorável quando for dado em garantia real de dívida por um dos sócios da pessoa
jurídica, cabendo ao credor o ônus da prova de que o proveito se reverteu à entidade familiar;
e b) o bem de família é penhorável quando os únicos sócios da empresa devedora são os
titulares do imóvel hipotecado, sendo ônus dos proprietários a demonstração de que não se
beneficiaram dos valores auferidos.

11.7. Consumidor. Fraude em Compra On-Line. Boleto Bancário

Banco não é responsável por fraude em compra on-line paga via boleto quando não se
verificar qualquer falha na prestação do serviço bancário. REsp 1.786.157-SP

11.8. Cláusula Penal em Compromisso de Compra e Venda de Imóveis

Nos compromissos de compra e venda de unidades imobiliárias anteriores á Lei 13.786/2018,


(lei do distrato) em que é pleiteada a resolução do contrato por iniciativa do promitente
comprador de forma diversa da cláusula penal convencionada, os juros de mora incidem a
partir do trânsito em julgado da decisão. REsp 1.740.911/DF

Habite-se: A entrega de um imóvel não necessariamente está vinculado ao habite-se, você


poderá ser titular de um direito real sobre um imóvel que não tem habite-se.

Sou dono de um lote. Construí sem pedir licença á prefeitura, a obra não tem alvará.
Simplesmente construí. No RGI só consta o terreno. Passa o fiscal da prefeitura e verifica que
houve edificação. Ele autua a benfeitoria para tributação (IPTU). Isso NÃO é reconhecimento
administrativo da adequação da construção e do direito de construir. Se construiu de acordo
com o gabarito, pode ser regularizável. Se não for regularizável, o município pode pedir para
demolir, mas vai cobrando IPTU.

11.9 Sucessões
O art. 1.784 (saisine) não se aplica ao Município. Herança Jacente e Bens Vagos foram uma
disciplina única de vacância de bens que o ordenamento jurídico destinou ao Município. Trata-
se de receita originária do Município.

Sucessão Legal:

Descendentes / concorrência com cônjuge ou companheiro (somente sobre bens particulares).

Ascendentes / concorrência com cônjuge ou companheiro (sobre todos os bens).

Cônjuge ou Companheiro

Colaterais de 4º Grau.

>> não tinha ninguém? Os bens se tornam vacantes e depois são destinados ao Município.

A reserva da quarta parte da herança, prevista no art. 1.832 do Código Civil, não se aplica à
hipótese de concorrência sucessória híbrida. REsp 1.617.650/RS (filhos de vários casamentos).

11.10 Dação em Pagamento

Na dação em pagamento de imóvel sem cláusula que disponha sobre a propriedade das
árvores de reflorestamento, a transferência do imóvel inclui a plantação. REsp 1.567.479/PR

Extinção das Obrigações:

Pagamento (a quem? Quem? Quando? Onde? Quanto?)

Consignação em Pagamento (Espécie de Pagamento / Direito Processual) – você obtém a


declaração judicial de pagamento / quitação. Há um rol fechado de situações que ensejam a
consignação.

Compensação (o que é compensável?).

Dação (evicção).

Imputação (primeiro quita-se juros e depois principal).

Novação (animus novandi – se o cogarantidor não participa, se exonera).

Remissão - perdão

Confusão – fusão de patrimônio.

Extinção da Obrigação na Falência / Insolvência. CPC/73 e LFRE – STJ entende que extinção não
abrange crédito tributário.

11.11. Condomínio

É ilícita a disposição condominial que proíbe a utilização de áreas comuns do edifício por
condômino inadimplente e seus familiares como medida coercitiva para obrigar o
adimplemento das taxas condominiais. REsp 1.699.022/SP

Sanções por inadimplência condominial estão na lei. Multa (2%), Juros e perda do direito de
voto.

#HOT TOPIC
AirBnB X Condomínio – Disposição condominial pode vetar locação de imóveis via AirBnB ?

STJ 1º Voto: O condomínio não pode vetar porque AirBnB é locação por temporada, não é
atividade comercial.

É ilegítima restrição genética contida em convenção condominial que proíbe a criação e guarda
de animais de quaisquer espécies em unidades autônomas. REsp 1.783.076/DF

Animais – fazem parte da chamada “família estendida” os animais domésticos / domesticados.


Afetividade. Visitação e Guarda de Animais (direito de família). Família Multiespécie (Familia +
Pets). Família Multinuclear (Várias gerações convivendo juntas).

11.12. Consumidor. Direito de Arrependimento

Ação Civil Pública. Entrega de produtos e restituição de valores pelo exercício do


arrependimento. Imposição de multa moratória em contrato de adesão. Impossibilidade.
Limites da Intervenção Estatal. EREsp 1.575.846/SC

É indevida a intervenção estatal para fazer constar cláusula penal genérica contra o fornecedor
de produto em contrato padrão de consumo. REsp 1.656.182-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
Segunda Seção, por maioria, julgado em 11/09/2019, DJe 14/10/2019 (Info 658)

Contexto: Cuida-se de ação civil pública em que se pretende impor obrigação à recorrente de
incluir, em seus contratos de consumo, multa de 2% sobre o valor da venda, caso seja
descumprido prazo de entrega, bem como na hipótese de não devolução imediata do preço
pelo exercício do direito de arrependimento.

11.13. Sociedade de Fato

A prova documental é o único meio apto a demonstrar a existência da sociedade de fato entre
os sócios. REsp 1.706.812/DF

Contexto: Cinge-se a controvérsia a definir se existente sociedade de fato entre os litigantes,


então casados sob o regime de separação convencional de bens, alegando a, então ex-cônjuge,
que teria contribuído espontaneamente com seu labor para o sucesso das empresas exclusivas
da família do ex-marido, devendo, portanto, ser considerada sócia dos referidos negócios. A
autora, em verdade, alega ter trabalhado para o ex-marido, sem, contudo, ter fornecido
capital ou assumido os riscos do negócio ao longo da relação. A condição para se admitir a
existência de uma sociedade é a configuração da affectio societatis (que não se confunde com
a affectio maritalis) e a integralização de capital ou a demonstração de prestação de serviços.
Tais requisitos são basilares para se estabelecer qualquer vínculo empresarial. À luz do art. 987
do Código Civil de 2002, "os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito
podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo"

11.14. Ação Social Reparatória (uti universi)

A Ação Social Reparatória (uti universi), ajuizada pela sociedade empresária contra ex-
administradores, na forma do art. 159 da Lei 6.404/76, depende de autorização da assembleia
geral ordinária ou extraordinária, que poderá ser comprovada após o ajuizamento da ação.
REsp 1.778.629/RS

11.15. Locação Comercial – Estação Radio Base


A “estação rádio base” (ERB) instalada em imóvel locado caracteriza fundo de comércio de
empresa de telefonia móvel celular, a conferir-lhe o interesse processual no manejo de ação
renovatória fundada no art. 51 da Lei 8.245/91. REsp 1.790.074/SP

As ERBs são, portanto, estruturas essenciais ao exercício da atividade de prestação de serviço


de telefonia celular, que demandam investimento da operadora, e, como tal, integram o fundo
de comércio e se incorporam ao seu patrimônio. Por sua relevância econômica e social para o
desenvolvimento da atividade empresarial, e, em consequência, para a expansão do mercado
interno, o fundo de comércio mereceu especial proteção do legislador, ao instituir, para os
contratos de locação não residencial por prazo determinado, a ação renovatória, como medida
tendente a preservar a empresa da retomada injustificada pelo locador do imóvel onde está
instalada (art. 51 da Lei n. 8.245/1991). No que tange à ação renovatória, seu cabimento não
está adstrito ao imóvel para onde converge a clientela, mas se irradia para todos os imóveis
locados com o fim de promover o pleno desenvolvimento da atividade empresarial, porque, ao
fim e ao cabo, contribuem para a manutenção ou crescimento da clientela. Nessa toada,
conclui-se que a locação de imóvel por empresa prestadora de serviço de telefonia celular para
a instalação das ERBs está sujeita à ação renovatória.

Pontos que o professor recomenda revisar: Independência do Dano em Ricochete –


Responsabilidade Civil / Direitos Reais / Direitos da Personalidade / Sucessões

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