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TREVO – Prof.

Erick Ribeiro - 02/2021

Temas relevantes: EC 103/19 → Reforma da Previdência, Previdência complementar


e custeio (contribuição previdenciária de servidor), Previdência para os militares (a EC
103/19 diz que os militares não mais se submetem a regime de previdência, e sim a regime
de proteção social).
Obs.: muitas disposições da EC 103/19 ainda não se aplicam aos Estados. Por isso,
possivelmente esses assuntos não se mostrem interessantes.
Obs.2: diferença entre manuscrever e digitar → a escrita a mão ativa áreas do
cérebro ligadas ao longo do prazo. Já a digitação ativa áreas ligadas a curto prazo. Professor
sugere resumos à mão em forma de bullet points, bem objetivos, para
Obs.3: cuidado com respostas envolvendo apenas princípios. Direito Previdenciário
tem muitas regras específicas constitucionais e infraconstitucionais que não são afastadas
por princípios. Há uma preocupação com o erário e as contas públicas no âmbito do ERJ. Ler
a EC 103/19, pulando o que for sobre regime geral.
O Direito Previdenciário, desde a EC 20/98, é muito mais sistemático do que o regime
estatutário dos servidores. A explicação é que o direito previdenciário sempre foi mais
sujeito ao regramento uniforme conduzido pela área técnica da Governo federal. Já o regime
estatutário dos sevidores se submetem mais às influências políticas do legislador local.

AULA 1 – CONCEITOS GERAIS, PRINCÍPIOS e CUSTEIO

Seguridade Social x Previdência x Assistência x Saúde


• Seguridade Social → é gênero
• Previdência → conjunto de benefícios a quem presta uma contribuição relevante.
Não é só porque há uma contribuição que há previdência. Algumas carreiras de
servidores contribuem para saúde. Ex:militares contribuem para utilizar hospitais. O
parâmetro para previdenciário é que seja uma contribuição relevante do ponto de
vista atuarial, conforme previsto na EC 20/98.
• Assistência → prestação de benefícios a quem necessitar, independentemente de
contribuição . Ex: LOAS → 1 salário mínimo a famílias de baixa renda não depende de
contribuição relevante.

Antes da EC 103/19, a previdência estadual englobava aposentadoria, pensão e


auxílio reclusão, que era um benefício previdenciário devido a dependentes dos servidores.
Com a EC 103, o regime próprio só tem dois benefícios: aposentadoria e pensão (art. 9º, p.
2º, EC 103). O auxílio-reclusão passou a ser benefício assistencial. Essa é uma mudança de
aplicb. Isso é importante porque o custeio não é mais das contribuições previdenciárias dos
servidores, e sim pelo orçamento geral via impostos.

Regimes de previdência
• Regime geral → trabalhadores da iniciativa privada + empregados públicos
(celetistas)
• Regime próprio → servidores. Não inclui mais os militares.
• Regime complementar →
• Novo sistema de proteção social dos militares

A EC 103 diz que o regime dos militares NÃO é regime previdenciário. Integra o
regime jurídico dos militares e não tem natureza previdenciária. Foi uma decisão política do
Congresso em conjunto com o Executivo, no sentido de beneficiar os militares. A justificativa
é que o regime dos militares tem muitas peculiaridades. Ex: atingida determinada idade, os
militares não conseguem mais desenvolver suas atividades em razão da degradação física. A
passagem à inatividade ocorre de maneira mais precoce. Ademais, a hierarquia militar exige
que o superior seja mais velho do que os seus subordinados.
Os militares foram retirados do RPPS em razão do equilíbrio atuarial → as regras dos
benefícios previdenciários dos militares naturalmente acarretavam déficit, pois eles tinham
maior para facilidade para se aposentar e obter pensão por morte, sendo impossível o
equilíbrio atuarial. Assim, não há mais exigência de equilíbrio financeiro e atuarial. A
contribuição deles é muito aquém do necessário para se chegar ao equilíbrio.
Antes da EC 103/19, a solução era o subsídio cruzado → eventual superávit do grupo
de servidores civis era carreado para o grupo dos militares.
Agora, com a EC 103/19, há um regime especial de proteção social, eles não mais
integram o RPPS. Isso é justo porque os servidores civis não precisam mais custear os
benefícios dos militares. Os servidores civis já se submetem a um regime previdenciário
rígido, bastante recrudescido pela EC 103/19, com vistas a alcançar o equilíbrio fiscal.

Quanto à previdência complementar, é um regime que ingressarem no serviço


público posteriormente à implementação daquele regime no ente público. Seria
confiscatório fazer com que um servidor que contribuiu por décadas com base na
integralidade da sua remuneração para de repente ser transferido a um regime que limitará
o pagamento do seu benefício ao teto do RGPS, que é muito inferior à integralidade da
remuneração daquele servidor. Por isso, só se aplica aos novos servidores, e não aos
servidores que já contribuíam com base na integralidade da remuneração.
Durante a tramitação da EC 103, havia um temor de que a limitação do benefício ao
teto do RGPS alcançasse os servidores atuais, pois isso seria uma medida confiscatória das
contribuições em valor superior. O novo regime só se aplica aos novos servidores.

Regimes de financiamento → custeio

Relação entre arrecadação e pagamento de benefício.


• Regime de caixa (ou repartição simples) → todas as contribuições arrecadadas num
espaço de tempo são utilizadas para pagar os benefícios previdenciários devidos
naquele espaço de tempo. Não há poupança, nem capitalização individual ou coletiva
• Regime de capitalização → as receitas arrecadadas se destinam a formar uma reserva
para custear os benefícios no futuro. Ex: previdência complementar. O servidor
contribui mensalmente durante o perídoo de atividade e, quando se aposenta, varia
conforme a quantidade individualmente acumulada por ele. Isso é capitalização →
um bolo para pagar benefícios no futuro. A capitalização pode ser individual ou
coletiva.
Em relação ao equilíbrio atuarial, note-se que, no regime de caixa, o equilíbrio é
apenas financeiro. Não há verdadeira oportunidade de se desenvolver o equilíbrio atuarial.
Já no regime de capitalização, o equilíbrio atuarial é muito mais importante, podendo haver
desequilíbrio financeiro momentâneo e passageiro, que será compensado no longo prazo.

RPPS

O RPPS é seguridade social também? Ou a seguridade social abrangeria só o RGPS?


A CF no art. 195 fala em financiamento da seguridade social “por toda a sociedade”.
Ocorre que o custeio do RGPS é majoritariamente pelos próprios servidores e pela sociedade
de modo indireto via contribuição patronal. Em tese, o custeio do regime próprio não é feito
pela arrecadação tributária geral da sociedade. Com base nisso, alguns diriam que na
verdade o RPPS não seria verdadeiramente seguridade social. Outro argumento é a
localização topográfica na CF: o RPPS está no art. 40, e não no capítulo da seguridade social.
Por fim, a contribuição previdenciária dos servidores também não está junto das
contribuições destinadas à seguridade social.
No entanto, não se pode afirmar que o RPPS não é seguridade social. Ele é
inegavelmente previdência. Está dentro sim do conceito de seguridade social. O que existe é
um tratamento constitucional diferente, inclusive na competência legislativa. A previdência
dos servidores é de competência legislativa concorrente entre a U e os E.
A exigência de regras gerais pela União se justifica para a viabilidade de compensação
financeiras entre os regimes. Regimes RPPS absolutamente díspares tornaria impossível a
compensação financeira entre regimes. Não há regulamentação da compensação financeira
entre os RPPS, mas seria impossível a compensação se as regras fossem absolutamente
divergentes.
Ademais, a progressão sucessiva de emendas constitucionais prevê um descolamento
entre previdência e regime de pessoal. A previdência não é um apêndice das regras de
pessoal, principalmente após a EC 20/98. A ideia é que a União editasse um núcleo comum
de regras de previdência. A EC 103/19 alterou essa ideia ao desconstitucionalizar diversos
temas de direito previdenciário, como regras de elegibilidade e regras de cálculo do valor do
benefício, retirando-as da CF e, em relação à previdência de servidores estaduais,
transferindo-a a leis estaduais.
Obs.: professor entende que essa mudança é interessante porque reforça a
autonomia dos entes e permite a adaptação a peculiaridades locais. Ex: o ERJ tem um
problema grande de óbito de policiais militares em serviços, além de um grande número de
professores servidores. Por outro lado, dá margem a pressões de servidores nos legislativos
locais contra regras mais gravosas a servidores.

Regras comuns do RPPS


Por um lado, principalmente anteriormente à previdência complementar, há
benefícios melhores do que o RGPS. Por outro lado, a contribuição se dá sob base de cálculo
muito maior do que no RGPS, já que a contribuição não está limitada ao teto do RGPS (em se
tratando de servidor não sujeito à previdência complementar).
Ademais, há exclusão do custeio geral pela sociedade → o principal custeador é o
principal segurado, o servidor, além do Estado “empregador” daquele grupo de servidores,
de modo análogo a empregado, e não como ente federativo. Isso tem repercussão concreta
que inclusive motivou alguns a enxergarem inconstitucionalidade na EC 103, porque o
saneamento do passivo previdenciário nos regimes próprios deve ser visto primariamente
pelo esforço dos segurados e do Estado patrocinador, e não por meio de esforço de toda a
sociedade. Durante a tramitação da PEC, havia risco de o custeio do déficit não observar a
regra de proporcionalidade entre segurados servidores, de um lado, e Estado empregador,
em outro. A ênfase estava excessivamente nos servidores.

Normas constitucionais RPPS


• Art. 40, 149, p. 1º
• , 249. Art. 201 tem aplicação subsidiária em âmbito estadual.
• EC 20, 41, 77 e 103.
• Leis nacionais 9.717 (normas gerais de organização dos regimes próprios, tendo sido
recepcionada pela EC 103 com o status de lei complementar); 10.887/04 (normas de
aplicação da EC 41/03); Lei 9.796/97 (compensação financeira entre regime geral e
regime próprio); LRF; LC 108; LC 109; Lei 13.954 (proteção social militares).
• No âmbito do ERJ, Lei 3.189 (cria o RioPrevidência, organiza o RPPS estadual e traz
regras de custeio e contribuições dos servidores); Lei 5.260/08; Lei 8243/12; LC
161/14 (Aposentadoria especial servidores); Lei 7. (altera alíquota de contribuição e
valor de benefícios)

Histórico das emendas constitucionais previdenciárias

1) EC 20/98
A nota distintiva é a segregação entre previdência e regime de pessoal na
Administração, estabelecendo que para previdência de servidores é um direito separado que
depende de contribuição específica. Antes, a previdência era custeada pelo Estado,
independentemente da contribuição de servidores. A preocupação era criar uma
previdência, instituir equilíbrio financeiro e atuarial, e a contributividade do sistema → para
ter direito ao benefício, é preciso contribuir.

2) EC 41/03 e 47/05
Tramitaram em conjunto no Congresso. O objetivo era consertar o déficit das
previdências. Para isso, buscou-se mais equilíbrio, bem como corrigir mais injustiças no
regime dos servidores. Apesar do esforço da EC 20/98, era impossível atingir equilíbrio
financeiro atuarial sob as suas regras, em razão da integralidade e da paridade da
aposentadoria, não havia como ter previsibilidade atuarial sobre os recursos necessários
para fazer frente àquelas despesas. Havia uma injustiça no sentido de que os servidores
contribuíam muito menos do que o necessário para ter direito ao benefício naqueles
volumes.
A partir daí, a EC 41/03 extingue a paridade e a integralidade, como regra; reduz as
pensões; institui contribuição de inativos e pensionistas, tudo com objetivo de alcançar
equilíbrio financeiro-atual, o que não era possível apenas com a EC 20/98. Havia um cenário
de desequilíbrio estrutural (e não apenas conjuntural) que precisava ser sanado.
3) EC 70
Não é uma Reforma da Previdência, busca apenas tratar da aposentadoria por
invalidez. Em regra, o regime próprio tem regras mais privilegiadas. Só que, no caso
específico da aposentadoria por invalidez, o RPPS pode ser mais gravoso do que o RGPS,
porque há possibilidade de aposentadoria por invalidez com proventos proporcionais ao
tempo de contribuição. Salvo exceções expressas, ela se dá com tempo proporcional. Assim,
um juiz homem precisava contribuir por 35 anos. Mas, com 3 anos de serviço público, ele se
torna incapacitado e precisa se aposentar por invalidez. Nesse caso, se ele não se enquadrar
nas exceções, a aposentadoria seria de 3/35 calculado sobre a média ou a última
remuneração. Isso pode resultar num valor muito baixo.
A EC 70 buscou ser menos gravosa para esses servidores, mas ela confundiu
conceitos e não atingiu esse objetivo.

4) EC 103/19
A mais recente Reforma da Previdência. Ideia é corrigir um problema conjuntural de
desequilíbrio atuarial de todos os regimes próprios do país. Há um problema conjuntural
porque, se a EC 41 tivesse sido estritamente observada, a previdência dos servidores não
seria deficitária. Ela contém regras suficientemente equilibradas, em especial o cálculo do
benefício pela média da remuneração e o fim da paridade. O
O problema é que a contributividade surgiu em 1998, mas o serviço público é muito
anterior a 1998. Com isso, em 1998, há uma massa enorme de servidores no meio do
caminho ou perto de se aposentar e que nunca contribuíram, além dos benefícios já
concedidos sem a correlata contribuição. O sistema nasce herdando um contigente de
responsabilidades sem a transposição dos recursos no momento inicial. O sistema nasceu
com déficit atuarial, porque a contribuição foi prospectiva.
Ademais, a EC 41 e a EC 47 têm regras de transição muito benéficas. Até hoje há mais
aposentadorias com base no regime anterior do que com base na EC 41. Nesse sentido, a EC
103 é conjuntural.
Ademais, a EC 103 buscou dar maior autonomia para Estados e Municípios
disciplinarem as suas regras específicas para os seus regimes próprios de previdência. Deve-
se lembrar que o valor das aposentadorias dos servidores públicos é maior porque eles
contribuem sobre uma base maior do que os trabalhadores do RGPS. Ademais, não é correto
pensar na previdência como subsídio cruzado (servidores que ganham mais custeando os
benefícios dos servidores que ganham menos) ou como assistência social. A previdência
social é uma proteção à pessoa que por razões diversas não pode mais ganhar seu próprio
sustento. Ex: idade avançada. Não é medida de redistribuição de renda.

Princípios constitucionais RPPS

Princípio da contributividade, solidariedade, equilíbrio financeiro e atuarial,


unicidade de regime e unidade gestora e progressividade.

• Contributividade
O servidor passa a estar vinculado ao regime mediante contribuição. Não existe
regime sem contribuição. No caso do ERJ, a aposentadoria não dependia de contribuição,
era um benefício que integrava o regime estatutário de pessoal. Já a pensão dependia de
contribuição, embora em valor insuficiente.
Contribuição inclui (i) contribuição paga pelo servidor e (ii) contribuição patronal,
paga pelo “Estado empregador”.
O que significa dizer que a aposentadoria deixou de ser um direito estatutário para
ser um direito previdenciário? É a contributividade → agora, a vinculação ao regime
pressupõe contribuição, e não simplesmente o status de servidor estatutário.
O que se discute hoje é o grau de correlação entre o grau de contribuição e benefício.
A previdência dos servidores não é com base em capitalização individual. Há um mutualismo
→ o servidor contribui para custear os demais servidores. Por isso, não se pode dizer que o
benefício do servidor será um espelho perfeito do que ele contribuiu. Mas isso não significa
que pode haver desvinculação total entre volume de contribuições e valor do benefício.
Deve haver alguma correlação → alguma referribilidade. Em diversas ocasiões, o STF decidiu
casos concretos com base nessa ideia.
Questão: é possível a incidência de contribuição previdenciária em terço
constitucional de férias ou adicional noturno? O STF entendeu que NÃO. Não há correlação
perfeita entre o valor da contribuição do servidor e o valor do benefício a ser percebido no
futuro, pois o volume arrecadado com contribuições é utilizado para arcar com os benefícios
de todos os servidores. Mas algum grau de correlação, de referibilidade deve existir.
Portanto, não é possível contribuir sobre parcelas que não poderão ser levadas em conta na
aposentadoria. O aumento de alíquota é possível, mas não é possível instituir contribuição
sobre uma base diferente da base de benefício do futuro.
Segundo o voto do relator, o caráter solidário do sistema afasta a existência de uma
simetria perfeita entre contribuição e benefício (como em um sinalagma), enquanto a
natureza contributiva impede a cobrança de contribuição previdenciária sem que se confira
ao segurado qualquer contraprestação, efetiva ou potencial.
Isso se aplica, por exemplo, ao cargo em comissão → é transitório e, como regra, não
se incorpora à aposentadoria. Só se percebe a gratificação relativa ao cargo em comissão
enquanto permanecer exercendo o cargo. Na aposentadoria, cessa. Por isso, como não se
incorpora à aposentadoria, não pode ser obrigado a contribuir sobre o valor da gratificação
do cargo em comissão.
Em suma, a base de cálculo para a incidência da contribuição previdenciária só deve
computar os ganhos habituais e os que têm reflexos para aposentadoria.
Se a EC 103 tivesse previsto o teto dos benefícios do INSS àqueles que já eram
servidores e que já vinham contribuindo, em base superior ao teto, haveria margem para
trazer essa discussão. Se eu contribuo com base em 30.000, meu benefício não pode ficar
limitado a 5.000. Não haveria referibilidade. Por sorte, a EC 103 não trouxe previsão nesse
sentido.

• Solidariedade
Repartição do custeio entre os vinculados ao RPPS. Em todo regime mutualista, em
que há subsídio cruzado, há essa característica. Ex: servidor falece em atividade e não deixa
nenhum dependente. As contribuições por ele pagas verterão para o bolo, que terá
servidores que falecem ou se invalidem antes do mínimo necessário. Um grupo subsidiará o
outro, compartilhando valores. Em outras palavras, o custeio dos benefícios é compartilhado
por contribuições pagas por todos os servidores.
Com a EC 41/03, a solidariedade ganhou importância por conta da contribuição dos
inativos. Dizia-se que não seria justo que o servidor que contribuiu por décadas e se
aposentou continuasse a contribuir mesmo sendo inativo (aposentado ou pensionista). Mas
o STF entendeu que a contribuição é, sim, possível por conta da solidariedade → não há
correlação perfeita entre tudo que o servidor contribuiu e tudo que ele aufere a título de
benefício.

• Equilíbrio financeiro atuarial


Ajustamento entre receita e despesa dentro de um exercício financeiro (financeiro) e
no longo prazo (atuarial). Projetam-se cálculos com base nas regras atuais e na massa de
servidores atuais para verificar os recursos necessários no futuro para custear todos os
benefícios a serem pagos no futuro.
A EC 41/03 corrigiu duas distorções de modo a alcançar o equilíbrio atuarial. Antes da
EC 41/03, havia integralidade como forma de cálculo inicial do benefício → o servidor se
aposentava ganhando a última remuneração antes de se aposentar. Ocorre que a última
remuneração é muito superior à remuneração inicial, pois ela já se beneficiou de
promoções, além de possivelmente ter migrado de carreira em razão de nova aprovação em
concurso. Com isso, ela contribuía todo o tempo com uma base menor, embora o benefício
fosse calculado com base na última remuneração. O sistema não juntou contribuições
suficientes daquele servidor para pagar aposentadoria com base na remuneração final. A EC
41/03 corrigiu isso ao extinguir a integralidade e prever que a base de cálculo será a média
das contribuições, evitando desproporções.
A pessoa se aposentou e passou a receber proventos de inatividade, calculados no
momento inicial. Ocorre que, ao longo do tempo, esse valor inicialmente calculado perde
aquisitivo. Por isso, é necessária atualização do valor no tempo. A regra anterior à EC 41/03
era a paridade com os servidores ativos. Hoje, após a EC 41/03, é a aplicação anual de índice
de correção monetária. Nesse sistema, é possível, pela série histórica do INCP, projetar ano a
ano qua será o valor dos benefícios. Já a paridade com os servidores da ativa desequilibra o
sistema ao impedir a previsibilidade, porque não é possível saber de antemão os aumentos
do servidor ativo.
A EC 41/03 consagra de modo muito mais eficiente o equilíbrio atuarial.

• Unicidade de regime e entidade gestora


Não é possível a existência de mais um regime próprio dentro do mesmo ente. Não
pode haver regime próprio para carreiras diferentes dentro do mesmo ente. A ideia é dar
uniformidade. Os benefícios previdenciários não podem ser apêndice do regime estatutário
da carreira. Podem existir regras específicas para determinada carreira (ex: militares), o que
não pode existir é mais de um regime próprio ou entidade gestora.

Algumas garantias constitucionais:


• Direito adquirido → sempre que há alteração de regras de benefício, aqueles que já
cumpriram todos os requisitos para a percepção do benefício continuam regidos
pelas regras anteriores.
• Irredutibilidade de benefícios → não há direito adquirido à manutenção de regime
jurídica. Mas a alteração do regime jurídico não pode significar redução do valor dos
benefícios. Cuidado! Isso não tem a ver com a possibilidade de a Adm corrigir
benefício pago indevidamente. A irredutibilidade tem a ver com alteração da regra
que muda o cálculo e diminui o valor. Isso não se confunde com a Adm verificar, no
caso concreto, cálculo errôneo do benefício e fazer a devida retificação.
• Devido processo legal e contraditório e ampla defesa
• Segurança jurídica → proteção do direito adquirido + proteção expectativas
legítimas. Expectativa legítima não é do servidor recém-ingressado no serviço
público, e sim daquele que está próximo de se aposentar. Para aquele, há mera
expectativa de direito.

• Princípio da capacidade contributiva


Questão → é possível alíquota progressiva?
A EC 103/19 alterou o art. 149 da CF e previu alíquotas progressivas. Antes, todos os
Estados que tentaram instituir alíquotas progressivas tiveram suas leis declaradas
inconstitucionais pelo STF, ao fundamento de que promoção de capacidade contributiva por
meio de progressão de alíquota depende de previsão constitucional. Agora, há previsão
constitucional. Será que a progressividade é constitucional?
1a corrente → NÃO. Previdência não é redistribuição de renda. O seu objetivo não é
fazer com que o servidor abastado ajude o servidor mais carente. A previdência é apenas
para amparo de situações de velhice, doença e falecimento. Não é papel do servidor mais
abastado custeie o servidor mais carente. A progressividade fere o próprio papel da
previdência. O servidor que ganha mais já contribui mais, porque a sua base de cálculo é
maior. Não faz sentido instituir progressividade.
2A corrente → SIM. A distribuição de alíquotas do modo atual faz com que o Estado
arrecade mais com a previdência. Ou seja, o excesso de contribuição do grupo sobretaxado é
maior do que a economia de contribuição do grupo subtaxado. Isso sensibilizará a Corte,
remetendo ao equilíbrio fiscal dos entes. Ademais, argumentos de Justiça social e Justiça
redistributiva.
No julgamento da Medida Cautelar, o Min. Barroso sustentou que a progressividade
concretiza o princípio da capacidade contributiva, além de ser importante para sanar o
crescente déficit dos regimes próprios previdenciários. Ademais, o Judiciário não tem
capacidade institucional, nem pode avaliar os efeitos sistêmicos das suas decisões na
intervenção da política pública em matéria previdenciária.

Desde a EC 20/98, existe um descolamento entre estatuto funcional e previdência. A


previdência não é mais um apêndice do regime de pessoal. A EC 20/98 introduziu a
contributividade e a segregação entre os regimes funcionais.
A EC 41/03 trouxe regras de aproximação entre regime próprio e regime geral.
Extirpou a integralidade em favor da regra de base de média de contribuições. A ideia era
fazer com que o RPPS ficasse similar ao RGPS. Posteriormente, com a criação da previdência
complementar, o teto do RPPS passou inclusive a ser o mesmo do RGPS.
A EC 103 alterou bastante esse cenário. Até então, havia um arcabouço jurídico
muito grande. Houve a desconstitucionalização de muitas regras e a atribuição aos Estados
e Município da criação dessas novas regras, observadas regras gerais esparsas. Assim, a
definição do valor do benefício será feita pela legislação local. Já a organização e
funcionamento do regime próprio continua sob a norma geral. É possível dizer que houve
uma reaproximação entre os estatutos funcionários e o regime previdenciário, pois ambos
serão definidos por lei local. Mas não há reaproximação total ou que houve reversão total de
rumos porque não haverá uma heterogeneidade tão grande no país.
Nas pensões, por exemplo, o Estado sempre tiveram maior autonomia na definição
do regime previdenciário e, ainda assim, as regras eram bastante parecidas. Em 2017, o ERJ
promoveu alterações no pagamento de pensões. A pensão da víuva deixou de ser vitalícia,
seguindo a legislação federal.

Sobre a EC 103:
A EC 41/03, se tivesse sido aplicada desde sempre, faria com que o RPPS fosse
equilibrado. Assim, na verdade, a EC 103 corrige um passivo atuarial pré-EC 41, seja pelas
regras de transição muito benéficas, seja pelas aposentadorias já concedidas sem qualquer
contribuição antes da vigência da EC 41.
A EC 103 buscou aproximar o regime entre homens e mulheres no tocante à
elegibilidade de benefícios. Discute-se o menor tempo de contribuição das mulheres é de
fato socialmente justo ou se reforça o estereótipo social, ou, se a mulher vive mais do que o
homem, por que elas devem contribuir menos para ter benefício por mais tempo? A regra se
justifica pela questão cultural da dupla jornada.
Em relação aos militares, eles agora integram um regime protetivo diferenciado, de
natureza não previdenciária. Os servidores civis não precisam mais custear esse sistema
deficitário. Por outro lado, houve a manutenção do tratamento de determinadas regras
como extensão de políticas de RH → até hoje, há regras previdenciárias que só se justificam
como política de RH. Ex: aposentadoria com menos tempo para professores se justifica não
pelo maior desgaste físico, e sim pela desvalorização geral da carreira de professor na
sociedade. Como compensação, há aposentadoria com menos tempo. Professor critica
utilizar uma regra previdenciária mais favorável para compensar um regime funcional ruim,
porque a regra perde a natureza previdenciária e passa a ser política de RH.
Por fim, foram mantidas regras de transição excessivamente benéficas. Ainda há
manutenção de regras de paridade e integralidade extintas na EC 41/03. Para os servidores
que ingressaram antes da EC 41/03, aplica-se a paridade e a integralidade normalmente.
Esse grande número de pessoas que passaram incólumes por terem ingressado no serviço
público antes da EC 41/03 acaba fazendo com que aqueles que ingressaram posteriormente
tenham que arcar com um regime mais oneroso do que o necessário. A EC 103/19 manteve
a regra de transição da EC 41/03, o que é objeto de críticas.

Normas da EC 103 que se aplicam imediatamente aos Estados:


• Competência da União para legislar sobre inativações e pensões militares → com a
exclusão dos militares do RPPS, surgiu a previsão legislativa da União de editar
normas gerais sobre essa matéria. Já nos servidores civis, os Estados têm grande
liberdade na definição do regime previdenciário;
• Aposentadoria rompe o vínculo inclusive dos empregados públicos submetidos ao
RGPS → o empregado público, quando se aposenta, não pode continuar exercendo a
função pública.
• Lei Complementar federal disciplinará organização e funcionamento do RPPS →
atualmente, a Lei 9.717/98 trata da matéria, tendo sido recepcionada com status de
LC;
• Regras de valor máximo e mínimo no RPPS e alíquota → a alíquota antes estava na
Lei 9.717, que previa que a alíquota não poderia ser inferior à contribuição da União.
Essa regra agora está prevista na CF. Ademais, a EC 103 criou uma exceção a essa
regra: “salvo se o Estado não tiver déficit previdenciário”. Mas, como todos os
Estados tem déficit, a regra está em pleno em vigor. Essa regra é autoaplicável.
• A EC 103 aumentou a alíquota para servidores federais, para 14%. Assim, pelo tópico
anterior, alíquota dos Estados já não pode mais ser inferior a 14%. O ERJ já tinha
elevado para 14%. Essa regra é autoaplicável.
• Previsão de progressividade da alíquota. Mas não há obrigatoriedade de os Estados
instituírem a progressividade. Cabe aos Estados editarem lei nesse sentido, se
quiserem.
• Fim da pena de aposentadoria compulsória para membro do MP e magistratura.

Normas da EC 103 que dependem de lei estadual para serem aplicadas nos Estados:
• Art. 149 → progressividade de alíquota + contribuições extraordinárias
• Novas regras de elegibilidade e cálculo de benefícios → ao contrário dos servidores
federais, em que a própria emenda já define essas regras, para E e M valem as suas
leis locais. Enquanto elas não forem editadas, vale o regramento constitucional e
infraconstitucional anterior, numa clara hipótese de ultratividade. Assim, a redação
anterior do art. 40 da CF continua a ser aplicada na íntegra ao ERJ até que haja
mudança na lei estadual.
• Inatividade e pensões militares → há necessidade de edição de lei local. Por outro
lado, já existe regramento nacional sobre o tema. Quando o Estado editar sua
legislação, ela deverá se adequar à Lei 13.954. Algumas disposições são específicas
para Forças Armadas;
• Todas as aposentadorias especiais com redução de tempo dependem de lei posterior
do Estado. Até a mudança na legislação local, continuam valendo as regras
constitucionais e infraconstitucionais anteriores (CF, Lei 10.887, lei estadual 5.260,
Constituição estadual, …). Há 2 casos em que não havia regulamentação e a pessoa
deveria ingressar com Mandado de Injunção → isso continua valendo aos E.
• Aposentadoria por invalidez → dependem de alteração no âmbito estadual.

Custeio da previdência no RPPS

O custeio é relevante porque no Brasil os entes federativos gastam uma parcela


relevante do seu PIB com previdência, mais do que muitos países.

• Plano de benefício x Plano de custeio.


Plano de benefício é o conjunto de regras e benefícios de natureza previdenciária
naquele ente. Com base nisso, define-se o passivo atuarial a pagar. Por outro lado, há um
plano de custeio, ou seja, planejamento de verbas a serem arrecadadas de contribuições e
outros recursos para a previdência do Estado.
No plano de benefícios, há os benefícios e a taxa de administração. A entidade
gestora da previdência precisa de servidores, postos de atendimento, equipamentos... tudo
isso é custo para a entidade gerir a previdência. O dinheiro arrecadado com a previdência
deve ser todo destinado aos benefícios e à própria administração da entidade gestora.
Já no plano de custeio, há a contribuição de ativos e inativos e pensionistas a
patronal do Estado e qualquer outro recurso que o Estado aporte na previdência. No ERJ, os
royalties do petróleo compõem parcela considerável do plano de custeio.

• Custo normal x custo suplementar


Custo normal é o valor calculado atuarialmente correspondente às necessidades
daquele regime próprio num determinado período → quantos recursos necessários hoje
para pagar um determinado grupo. Na vida real, porém, a previdência herdou benefícios de
um grupo de servidores que nunca tinha contribuído antes da EC 20/98. Há um volume de
passivo sem as correspondentes contribuições.
Essa diferença é coberta pelo custo suplementar. Não se trata de contribuição
extraordinária. É um cálculo da alíquota de contribuição e da contribuição do Estado
patronal → o percentual desse montante arrecadado que será destinado a pagar o déficit
passado pré EC 19/98 é o custo suplementar. Não é uma alíquota adicional. Isso é
interessante para verificar quem é responsável pelo déficit. A geração atual não deveria ser
responsável exclusiva pelo custeio do serviço anterior, que deveria ser custeado
majoritariamente pelo próprio Estado. Não deveria o servidor de hoje pagar pela dívida
passada. Mas não houve o aporte inicial dos entes para fazer frente ao déficit passado, daí a
necessidade do custo suplementar.

• Déficit atuarial
Todos os regimes próprios nasceram deficitários, o que gera desequilíbrios fiscais.
Por isso, a legislação de 99 estabeleceu obrigatoriedade de o Estado criar um plano para
sanar o déficit em até 35 anos. Como “solução”, os Estados poderiam adotar a segregação
de massa ou a previdência complementar, que efetivamente reduz o gasto previdenciário do
Estado. A segregação de massa é um cálculo, é contábil, e consiste numa segregação dentro
do plano em dois grupos: (i) financeiro; (ii) previdenciário. Há uma data de corte. No ERJ, a
data de corte foi a data de instituição da previdência complementar.
Para todos os servidores anteriores, há obrigação pelo passivo pretérito (plano
financeiro). Dali para frente, há o plano previdenciário, formado pelos novos ingressantes,
sem pagamento inicial de benefícios. Há uma fase só de arrecadação. Conforme esse grupo
for se aposentando e morrendo, aí os benefícios serão pagos. Mas durante um bom tempo
haverá apenas acumulação de recursos muito maior do que o pagamento de despesas. Com
isso, obtém-se a capitalização coletiva do plano, com a acumulação do bolo para pagamento
futuro de benefícios. Esse grupo novo é todo pós EC 41/03, ele é todo equilibrado. O déficit
fica restrito ao grupo anterior. A alíquota de contribuição de ambos os grupos é a mesma,
pois não pode haver tratamento anti isonômico entre servidores. O que vai acontecer é que
o grupo novo formará um excesso de recursos.
No plano anterior ao marco temporal (plano financeiro), se os recursos não forem
suficientes para custear as despesas, o Estado deverá complementar a diferença. A
segregação de massa não muda a quantidade de recursos que o Estado deverá aportar para
cobrir o déficit, ela apenas faz com que os novos servidores não ingressem no grupo
deficitário. Assim, ela melhor identifica o grupo deficitário e prevê quando o déficit acaba.
Em outras palavras, cria uma limitação temporal ao déficit, já que o grupo novo é
superavitário. Como há um excesso novo do grupo novo, é possível encurtar a vida do grupo
antigo.

Caso concreto do ERJ → em 2016, o ERJ enfrentou uma grave crise financeira,
faltando recursos para pagar salários e benefícios previdenciários dos servidores. Uma das
liminares determinou o arresto de contas do RioPrevidência para pagar servidores ativos,
tendo como objeto a capitalização do grupo de novos servidores, integrantes do grupo
previdenciário. Ocorre que esse dinheiro é apenas para o grupo novo, ele deve ficar
segregado, sob pena de perder a sua finalidade. Não se pode misturar.

Fontes de custeio do ERJ

• Contribuição ativos, inativos e pensionistas


• Contribuição patronal, do Estado como empregador
• Royalties do petróleo
• Arrecadação do DETRAN pelo DUDA
• Compensação previdenciária pelos regimes → ajuste entre regime geral e regime
próprio. Há mais pessoas vindo da iniciativa privada para o Estado do que o contrário.
Logo, o Estado normalmente é credor nessa relação jurídica. Por outro lado, não há
regulamentação entre dois RPPS;
• Para os integrantes do grupo novo, capitalizado, há o dinheiro proveniente do
investimento (esse dinheiro acumulado logicamente é investido, ele não está
parado);

Contribuição previdenciária dos servidores ativos, desde 2017, é de 14%. A alíquota


dos servidores estaduais não pode ser inferior ao mínimo dos servidores federais, que hoje
também é de 14%. Há uma exceção: art. 9o, p. 4o, EC 103/19. Se o regime próprio do Estado
for equilibrado, a alíquota poderia ser inferior. O ERJ ainda não implementou a
progressividade.
Quando o Estado majorou a contribuição para 14%, duas discussões surgiram.
Primeiro, questionou-se se a majoração, por si só, é constitucional, ou seja, se implicaria
confisco. Prevaleceu que é, sim, constitucional, diante da necessidade urgente do Estado de
aumentar a arrecadação. Agora, há previsão nacional de 14% pela EC 103.
Quando o Estado aumentou a contribuição, os salários e benefícios dos servidores
estavam atrasados. Por isso, a lei previu que o aumento só vale para os servidores com
remuneração em dia. Havendo atrasos sucessivos, a remuneração seria paga com alíquota
menor. Uma vez regularizado o pagamento, a pessoa receberia o mesmo salário de todos. É
possível a incidência retroativa da exação, cobrando a diferença de 11% para 14%? O Estado
não chegou a efetuar tal prática.
Professor entende que os servidores com salário em dia poderiam ter alegado que
haveria uma cobrança de alíquotas diferentes para servidores submetidos ao mesmo regime
próprio, já que uns se submeteriam a 14%, enquanto outros 11%, o que o STF já rechaçou.
Mas nenhum servidor invocou esse argumento.
Ademais, na previdência complementar, há previsão de quem é responsável pelo
déficit. Na previdência complementar fechada, empregado e empregador compartilham a
responsabilidade pelo saneamento do déficit. No caso do RPPS, a Lei 9.717 prevê que, se
faltar dinheiro para pagar benefício previdenciário, o Estado deve aportar recursos de outras
origens. Algumas carreiras afirmavam que, antes de aumentar a alíquota de contribuição,
seria necessário que o Estado complementasse com recursos do Tesouro. Em sentido
contrário, o Estado demonstrou que há anos já vinha aportando recursos sem aumentar a
alíquota, de modo que o problema é permanente. A alíquota de 14% passou a ser
necessária.

• Controvérsias quanto à base de cálculo


Por muito tempo, os Estados cobravam a contribuição sobre a integralidade da
remuneração, inclusive sobre parcelas que não se incorporavam à aposentadoria. Mas o STF
vedou essa prática. Só se pode cobrar sobre as parcelas que se incorporam à aposentadoria.
Uma lei permitiu que o servidor contribuísse sobre uma base de cálculo maior,
incluindo as parcelas não incorporáveis. Isso pode ser vantajoso a depender da forma de
cálculo da aposentadoria. Na primeira forma, há a última remuneração em atividade,
excluindo as parcelas temporárias que não integram permanentemente a remuneração, o
que era a regra antes da EC 41. Ex: adicional noturno. Na segunda forma, há a média das
contribuições, sendo possível elevar a média se contribuir por algum tempo com mais
contribuições. Assim, pode ser interessante contribuir com base em parcelas transitórias.
Obs.: a CF tinha uma outra regra. Os proventos de aposentadoria não poderiam ser
maiores do que a última remuneração percebida em atividade. Pode acontecer, porém, de a
sua média ser maior do que a última remuneração. Ex: pessoa fez um segundo concurso
público para trabalhar menos e ganhar menos. Imagine que esse servidor contribuiu com
base em parcelas não incorporáveis por opção e depois verificou que houve um excesso de
contribuições. Assim, ele percebe, ao final, que contribuiu mais do que o necessário. Nesse
caso, ele poderá pedir a restituição das contribuições pagas a maior? NÃO. É ato jurídico
perfeito. Ele pode facultativamente deixar de contribuir, mas não pode pedir devolução do
que já contribuiu.

• Contribuição de inativos e pensionistas


O STF chancelou a contribuição de inativos e pensionistas. O que pode gerar
discussão é a base na qual pode incidir a contribuição. O servidor aposentado que ganha até
o teto do RGPS não contribui. Na aposentadoria por invalidez por doença incapacitante, é o
dobro do teto do RGPS para não incidir contribuição.
Isso foi alterado pela EC 103. Pelo art. 149, existindo déficit, a alíquota previdenciária
pode incidir sobre a parcela que supere 1 salário mínimo. Assim, a regra de imunidade seria
reduzida do teto do RGPS para 1 salário mínimo. Ocorre que isso ainda não se aplica ao ERJ,
pois depende de lei local que chancele essas alterações.
Art. 149-B, CF. Contribuição extraordinária. Aumento transitório para cobrar
necessidade passageira da previdência, podendo durar até 20 anos. A CF exige que a União
não pode apenas instituir contribuição extraordinária, sendo necessário também criar meios
alternativos de redução de despesa ou aumento de receita. Isso também depende de lei
local para ser aplicado em Estados e Municípios.

Obs.: vale ressaltar que os E e M têm apenas duas opções: (i) ou aderem à EC 103/19
ou (ii) permanecem no regime anterior. Não há meio termo.

• Contribuição de custeio dos militares


No caso dos militares, a Reforma veio por lei ordinária. Lei 13.594, com base na
competência legislativa concorrente da União de traçar normas gerais. Uma dessas regras é
que a contribuição foi reduzida em 9,5%, com aumento até chegar em 11%.
Alguns Estados ingressaram com ação ordinária no STF (ACO 3350), no qual alega
inconstitucionalidade da definição por parte da União da alíquota aplicável aos servidores do
regime próprio dos entes. A União não conhece a realidade das contas públicas e as
peculiaridades locais de cada ente para definir a alíquota adequada aos seus servidores. O
STF concedeu liminar para suspender a eficácia dessa previsão, tendo em vista a autonomia
federativa.
Conforme destacou o Min. Barroso, a União (i) extrapolou a competência legislativa
de editar normas gerais, já que adentrou em matéria afeta a peculiaridade local dos entes,
bem como (ii) adotou comportamento contraditório, ao exigir que os Estados promovam
medidas tendentes a restaurar o equilíbrio dos seus regime próprio, embora retirando os
mecanismos para tanto.

• Contribuição patronal
No mínimo, equivalente à contribuição dos servidores (14%) e, no máximo, o dobro
da contribuição dos servidores (28%). No ERJ, está na alíquota máxima de 28%.
É despesa de pessoal e, portanto, entra no limite de gastos de pessoal da LRF. Art. 18,
LRF.
Servidor de licença sem remuneração → tem o dever de pagar a sua contribuição + a
contribuição patronal. Esse tempo é computado como tempo de contribuição para fins de
aposentadoria. A ideia é que, como esse tempo está sendo considerado para aposentadoria,
é necessário que haja contribuição cheia durante esse período. Não seria justo que o Estado
pagasse a parte patronal de um servidor que não está trabalhando. Por isso, o servidor que
não trabalha, mas tem esse tempo de contribuição computado para fins de aposentadoria,
deve contribuir de forma cheia (a sua + Estado).
No entanto, até 2017, havia uma “colher de chá'. O servidor poderia não computar
para aposentadoria por até 1 ano e, assim, não precisaria contribuir de forma cheia durante
esse período. Após 1 ano, obrigatoriamente computaria como tempo de contribuição e teria
que recolher de forma cheia. Uma lei de 2017 acabou com essa possibilidade. Esse tempo
sempre valerá para aposentadoria e tem que haver contribuição cheia.
Alguns servidores questionaram a alteração de 2017. O professor entende que é
inconveniente. O Estado não sofria prejuízo ao oferecer essa faculdade. Mas não há
inconstitucionalidade. Primeiro porque o Estado não é obrigado a conceder licença sem
vencimentos, é uma benesse. Ademais, não há violação alguma à CF. A lei de 2017 se
justifica porque o servidor em licença sem remuneração impede que o Estado preencha o
cargo porque não há vacância. Ao mesmo tempo, a pessoa não está trabalhando. Isso
acarretava falta de pessoal na Administração.
Serventuários não remunerados pelos cofres públicos (ex: cartórios extrajudiciais),
muitos ainda estão no RPPS porque são anteriores à Lei de 94 que promoveu a alteração.
Para esses, quem paga a contribuição patronal? TJ ou delegatário da serventia? É o
delegatário da serventia. Lei federal sobre cartórios + Lei estadual 3350/99.
Contribuição do servidor extraquadros e do servidor em estágio experimental → o
extraquadros (ocupa exclusivamente cargo em comissão) era vinculado ao RPPS. Uma
alteração constitucional previu que o RPPS se aplicava apenas ao servidor efetivo. O ERJ
impetrou MS por entender que a emenda era inconstitucional por violar a autonomia
federativa. O ERJ obteve uma liminar e, na sua vigência, o estado recolheu ao
RioPrevidência, e não ao INSS.
Já o servidor em estágio experimental – figura que não mais existe no ERJ – não se
confunde com o estágio probatório da CF. Era uma fase do concurso. Após uma avaliação, o
servidor poderia ou não tomar posse efetivamente como servidor, antes do que era
concursando. Por isso, como ainda não era servidor, deveria recolher ao RGPS. Mas o estado
erroneamente recolheu ao RioPrevidência, e não ao INSS.
Isso fez com que as pessoas não lograssem obter certidão de tempo de contribuição
(CTC), uma vez que essa certidão só pode ser emitida em razão de tempo de efetivo serviço
público de servidor efetivo. E, no caso, ele ainda não era servidor nesse período. A CTC não
pode ser emitida quando há erro de contribuição. Com isso, os interessados ficaram sem a
certidão de tempo de contribuição, porque o Estado estava legalmente impedido de
concedê-la, e sem o tempo de contribuição, porque o Estado não recolheu ao INSS. Isso
estava impossibilitando a aposentadoria dessas pessoas.
A solução correta, então, é a devolução da contribuição previdenciária recolhida
indevidamente ao RioPrevidência, e o Estado faz o acerto da contribuição atrasada ao INSS
com juros e multa, sem qualquer prejuízo ao servidor. Quem arcará com juros e multa é o
Estado, que deu causa ao destempo, e não o servidor.
Todo esse raciocínio se aplica também ao caso do servidor extraquadros.

Obs.: anteriormente à EC 103 e desde a EC 41, há previsão expressa de contribuição


previdenciária para inativos e pensionistas, naquilo que superar o teto do RGPS. No art. 40,
p. 21, havia uma regra complementar: o ente federativo poderia aumentar essa imunidade
para o dobro do teto do RGPS. Mas isso dependia de lei de cada ente. No ERJ, essa lei nunca
foi editada. Não havia direito subjetivo à edição de lei, não havendo omissão
inconstitucional do Estado. Na prática, no ERJ, valia a imunidade do teto do RGPS.
Ocorre que a EC 103 revogou o p. 21 do art. 40. Como fica, então, o ERJ? Essa
revogação depende de lei do ente que a referende. Portanto, o p. 21 do art. 40 ainda está
em vigor no ERJ. O Estado pode editar uma lei referendando, de modo que o dispositivo não
produziria mais efeitos no ERJ (como nunca produziu). Por outro lado, o Estado pode
também “ativar” esse dispositivo por meio de lei posterior que o aplique. Parecer
RioPrevidência DJU 10/2019 DFSM.

AULA 2 – APOSENTADORIA

Obs.: numa prova de 1a fase da PGE-RJ, até onde enfeitar a questão, mostrando
conhecimento correlato, embora não indispensável à resposta? É sempre positivo mostrar
conhecimento mais aprofundado, desde que dentro do contexto. E não se pode esquecer de
mencionar o que é mais importante.
Professor destaca também que na 1a fase não é interessante gastar 3 ou 4 linhas
para conceituar instituto de forma muito básica numa pergunta sobre a qual a questão
tratará mais a frente. Essas linhas podem ser preciosas. Um conceito muito básico não
acrescentará muito à nota final.
É interessante mencionar, por exemplo, o que motivou o legislador a editar a lei X, a
controvérsia, o entendimento jurisprudencial anterior, …

A Lei federal 9.717/98 proibia os regimes próprios de conceder benefícios diferentes


dos que o regime geral concedia (aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença, auxílio à
gestante). No ERJ, esses benefícios sempre foram de natureza estatutária, não tinham
natureza previdenciária.
A EC 103 constitucionaliza essa vedação, mas vai além: os únicos benefícios
previdenciários são aposentadoria e pensão por morte. A licença maternidade e a licença
para tratamento de saúde passam a ser custeados pelo estatuto funcional dos servidores.
São benefícios estatutários. Mas o auxílio reclusão, que hoje também não pode ter natureza
previdenciária, passa a ser benefício assistencial.
Desde a EC 20/98 e a Lei 9.717/98, alguns benefícios previdenciários que existiam no
ERJ passaram a ser vedados. O mais importante é o pecúlio post mortem. A legislação do ERJ
dizia que, quando o servidor falece, além da pensão, eles passam a ter direito de uma vez só
de 5x da última remuneração do servidor antes do falecimento. Isso não existe mais desde
1998. Não há manutenção a regime jurídico de servidor estatutário.
Assim, os benefícios previdenciários, atualmente, são só aposentadoria e pensão.

Beneficiários

Segurados são servidores públicos titulares de cargo efetivo e seus dependentes.


Gozarão da aposentadoria. Os beneficiários da pensão são os dependentes dos segurados.
Lembrando que os servidores ocupantes exclusivamente de cargo em comissão são
segurados obrigatórios do RGPS. O regime próprio só tem segurados obrigatórios, não tem a
categoria de segurados facultativos.
O que ocorre com o servidor concursado do Estado cedido para outro órgão da
federação? Ex: Procurador do ERJ cedido para ser assessor do STF. Ele fica vinculado a qual
regime próprio? Ele permanece vinculado ao regime de órgão de origem, ainda que a
responsabilidade do pagamento da contribuição patronal seja do órgão cessionário. A União
deverá ressarcir o Estado pagando a contribuição patronal. Não há transferência de um
regime próprio para outro em razão da cessão.
A Lei 9.717 vedava o pagamento de benefício previdenciário distinto dos benefícios
do RGPS. Mas o regime próprio pode escolher beneficiários distintos? Não havia regra
expressa quanto a isso. O ERJ incluiu em legislação estadual o companheiro homoafetivo
como beneficiário da pensão, na época em que o RGPS não o reconhecia como dependente.
O Ministério da Previdência entendeu que se tratava de benefício distinto do RGPS. Mas
prevaleceu a posição do ERJ, pois não se trata de benefício distinto, e sim de classe distinta
de beneficiários. Agora, o art. 40, p. 7o, da CF diz que a pensão de morte será concedida nos
termos da lei do ente, que poderá eleger quais são os beneficiários.

Regras de aposentadoria no regime próprio

Distinção entre regimes de fixação x regimes de reajuste


Para qualquer benefício, temos regras de elegibilidade → quem pode receber e a
partir de quando (tempo mínimo).
Há também regras de fixação do valor → quanto a previdência pagará. Há 2 regras
diferentes:

(i) o que deve ser pago no momento inicial da pensão → é o regime de fixação do
valor inicial do benefício. Há 2 regras diferentes:
(a) até a EC 41/03 → integralidade → última remuneração em atividade, o que
naturalmente gerava desequilíbrio nos regimes próprios, pois ele contribuía sobre uma base
de cálculo menor;
(b) após a EC 41/03 → média → média de todo o período contributivo do servidor
para extrair o valor inicial do benefício.Mas isso é mitigado (b.1) pela vigência do Plano Real
→ as bases de contribuição só são computadas de 94 para frente, sendo desprezado o
período anterior, e (b.2) não era a média de todas as contribuições, pois eram desprezadas
20% das menores contribuições.
(ii) definição do valor do benefício ao longo do tempo, tendo em vista a inflação
(a) até a EC 41/03 → paridade → toda vez que os servidores ativos recebessem
aumento da remuneração, esse mesmo aumento era repassado a inativos e pensionistas.
Isso gerava desequilíbrio e imprevisibilidade para fins de equilíbrio atuarial. Não há como
projetar os gastos com benefícios previdenciários no tempo.
(b) após a EC 41/03 → índices de correção definidos em lei (INPC, IPCA-E) → permite
projetar com alguma previsibilidade os valores dos benefícios ao longo do tempo.

Obs.: paridade x proventos integrais → integralidade é o cálculo da aposentadoria


com base na última remuneração em atividade do servidor. Já proventos integrais é o
contrário de proventos proporcionais ao tempo de contribuição. O servidor se aposenta com
proventos proporcionais quando não tem todo o período contributivo. Já os proventos
integrais ocorrem quando o servidor tem 100%, seja da média, seja da última remuneração.
Ele não se aposentará com proventos proporcionais, a paridade e os proventos integrais não
são conceitos excludentes.

Se o ente instituir regime de previdência complementar, o servidor que entrar dali


para frente se aposentará no máximo com o limite de benefícios do regime geral. Ele só
contribui até o limite de benefícios do RGPS. Por isso, a aposentadoria dele, em tese, seria
naturalmente igual ou inferior ao teto do RGPS.
Ocorre que a pessoa tem período contributivo por em regra 30 ou 35 anos de
contribuição. O valor das contribuições será corrigido monetariamente. Pode acontecer de o
valor corrigido monetariamente superar o teto do RGPS, pois não necessariamente o teto do
RGPS é corrigido anualmente pelo mesmo índice. Pode acontecer de a média das
contribuições corrigidas monetariamente superar o teto do RGPS. Nesse caso, incide o teto.
A EC 103 tornou obrigatória a criação da previdência complementar. Até então, era
uma faculdade dos entes.

Várias das regras do corpo permanente da CF e do corpo de transição acrescidas pela


EC 103 não são aplicáveis a Estados e a Municípios, seja porque são regras exclusivamente
federais, seja porque algumas regras dependem de adesão via lei. A EC 103 permitiu esse
distanciamento entre as regras do RPPS federal e as regras locais. A uniformidade foi
substancialmente alterada. No ERJ, ainda se aplicam muitas regras anteriores.

Regras da EC 103 sobre aposentadoria


Há regras de elegibilidade (quem pode receber o benefício), regras de espécie de
aposentadoria, regras de cumulação, regras de transição, regras de limitação do valor do
benefício.
O caput do art. 40 tem modificações redacionais. O p. 1o ainda traz as mesmas
hipóteses de aposentadoria: (i) invalidez, que agora exige reavaliações periódicas. Não fica
claro o que ocorre com o cargo público vacante, que poderá ser preenchido por concurso.
Mas e se o servidor voltar? Para onde ele irá? Caberá à lei do ente regulamentar a
reavaliação e o que ocorrerá com o respectivo cargo; (ii) compulsória; (iii) voluntária, cujas
alterações são só se aplicam aos servidores federais, podendo os E e M incorporá-las às suas
Constituições Estaduais e Leis Orgânicas.
O p. 2º traz uma regra de limite do valor do benefício → limita ao teto do valor do
benefício do regime geral. Para os que ganham acima do teto, a CF remete à previdência
complementar.
O p. 3º diz que cada lei do ente disciplinará as regras de cálculo. Para os servidores
federais, a EC 103 prevê que não mais se despreza 20% das menores contribuições no
cálculo da aposentadoria a partir de 1994, a média será formada por 100%. Para os Estados,
continua valendo o regramento anterior até que altere sua legislação. Mas os Estados não
precisam seguir o modelo federal, ele poderá continuar desprezando as 20% menores
contribuições, se quiser.
P. 4º e 5o trazem aposentadoria com redução de tempo. Todas essas hipóteses agora
dependem de LC do ente federativo. São normas constitucionais não autoaplicáveis.
p. 6º trata de cumulação de benefícios.
p. 9º e p. 10 tratam de contagem do tempo. O que não se aproveita: tempo fictício.
Tempo em que não houve a prestação de trabalho e a correspondente contribuição (tanto
do servidor quanto patronal). O Estatuto dos Servidores do ERJ previa que, se a
Administração indefere o pedido férias do servidor por necessidade do serviço público, e ele
não logra gozar desse período nem posteriormente, o servidor poderia computar o período
em dobro. Na prática, muitos servidores não gozam das férias para usufruir a contagem em
dobro e, com isso, se aposentar mais cedo. A EC 20/98 vedou tal prática.
p. 11 traz limitação do valor do benefício.
p.17 traz a base de cálculo da correção monetária da média das contribuições.
p. 19 fala de abono de permanência, segundo o qual o servidor que preenche todos
os requisitos para se aposentar, mas opta por continuar trabalhando, faz jus a um abono no
mesmo valor da contribuição previdenciária, como um estímulo para o servidor continuar
em atividade.

Regras atuais de aposentadoria no ERJ


Até que o ERJ promova alterações na sua legislação, continua valendo o regramento
anterior.
Hipóteses de aposentadoria na prática:

1) Voluntária
Na redação atual da CF, há apenas uma modalidade: tempo de contribuição + idade.
Mas a redação antiga tinha uma modalidade de aposentadoria só por idade, sem tempo de
contribuição mínimo.
Antes da EC 103 (art. 40, III), a exigência constitucional era por idade (60 anos H e 55
anos M) + tempo de contribuição (35 H e 30 anos M) + 10 anos de serviço público + 5 anos
no cargo em que se dará a aposentadoria, para evitar que o servidor fique poucos anos no
cargo e logo se aposente.
A alínea “b” traz uma hipótese em que o servidor não precisa de todo esse tempo de
contribuição, desde que tenha uma idade maior (65 anos e 60 anos).

Como regra geral de fixação inicial de proventos em todas as modalidades de


aposentadoria, utiliza-se a média das contribuições. Desde a EC 41/03 e a Lei 10.884, não se
usa mais o critério da última remuneração em atividade. Mas nem sempre é 100% dessa
média. A média é multiplicada por um fator que revela o tempo de contribuição do servidor.
Esse fator tem no numerador o tempo de contribuição em anos e no denominador 30 para
M e 35 H. Portanto, não necessariamente é 100% da média, mesmo para os servidores que
tinham aposentadoria com proventos integrais. Lembrando que o fator jamais pode ser
superior a 1. Permanecer por mais tempo em atividade do que o tempo de contribuição
exigido não significava valor do benefício maior, ainda que tivesse trabalhado ou contribuído
por mais de 30 ou 35 anos.

Há uma controvérsia entre a PGE e o TCE. O TCE faz o registro dos atos de
aposentadoria e, por vezes, discorda do órgão de origem. Os “proventos proporcionais ao
tempo de contribuição”, para a PGE, significam a aplicação do referido fator em relação a
todas as parcelas remuneratórias do servidor. Já o TCE entendia só sobre o vencimento base
do servidor. Em relação a todas as parcelas remuneratórias adicionais, o TCE não fazia a
proporcionalidade ao tempo de contribuição, aplicando fator 1.
Ocorre que o servidor não recebe só o vencimento base, ele recebe triênios, verbas
de representação, GEE-Led, … a proporcionalidade ao tempo de contribuição deve levar em
conta todas essas parcelas, e não só o vencimento base. Esse é o melhor entendimento por
diversos motivos: (i) origem da ideia da proporcionalidade ao tempo de contribuição →
objetivo era penalizar o servidor com aposentadoria com menos tempo do que o necessário,
estimulando que continue contribuindo por mais tempo. Essa finalidade não seria alcançada
mediante a proporcionalidade apenas com o vencimento base, que muitas vezes é uma
parcela pouco expressiva no total de remuneração do servidor; (ii) a CF fala em “proventos
proporcionais ao tempo de contribuição”, no plural, o que significa que o índice deve ser
aplicado na totalidade da remuneração do aposentado. É diferente de “provento” no
singular.

O reajuste é feito por índice de correção, não há mais a paridade com os servidores
da ativa.
A redação original da Lei 10.887 tinha escolhido o mesmo índice do RGPS para todos
os regimes próprios do país, qual seja: o INPC, a fim de uniformizar a matéria. O Estado do
RS impugnou em ADI a previsão em lei federal do índice de correção monetária a ser
aplicado aos Estados, tendo em vista a autonomia federativa. Não cabe à União escolher o
índice no regime próprio dos Estados, pois ela estaria afetando as contas públicas de outros
entes. O STF concedeu a liminar e suspendeu a eficácia do dispositivo.
Diante disso, o ERJ editou lei escolhendo o INPC. Já o Estado do RS queria manter a
sua legislação anterior → a Constituição Estadual do RS ainda tinha a paridade com os
servidores da ativa. A intenção não era manter o desequilíbrio. O Estado do RS não vinha
concedendo aumento aos servidores há muito tempo e, com isso, os inativos também não
teriam aumento. Melhor não conceder nada do que aplicar anualmente algum reajuste.

A aposentadoria voluntária no ERJ ainda se dá com a média das 80% maiores


contribuições, pois se aplica o regramento anterior à EC 103/19, como visto. O servidor que
tem 30 ou 35 anos de contribuição terá fator de conversão 1 (alínea “a”). O reajuste
acompanha a INPC, cf. prevê a legislação estadual.
Já na alínea “b”, não havia requisito de tempo mínimo de contribuição. Por isso, os
proventos serão proporcionais, pois ainda não teve o tempo máximo de contribuição de 30
ou 35. O reajuste também se dá por INPC.
Como são as regras de transição para os servidores que já estavam no serviço público
quando surgiram as alterações? EC 47. Art. 3º diz quais são os requisitos da regra de
transição. Quem preenchesse os requisitos teria direito ao regime anterior à EC 41/03, com
valor inicial fixado pela última remuneração da ativa e reajuste com base na paridade. Essa
regra de transição só exigia basicamente 5 anos de serviço público até a EC 98, de modo que
foi excessivamente benéfica.
Requisitos da regra de transição:
• “Serviço público” → como estatutário. Servidor efetivo de um ente faz concurso para
outro ente e é aprovado. Não havendo solução de continuidade, ele é considerado
servidor antigo para fins da emenda.
• “Efetivo exercício” → não pode computar determinadas licenças, como a licença sem
remuneração. É tempo de contribuição, mas não de efetivo exercício no serviço
público.
• “Carreira” → escalonamento de vários cargos que integram o mesmo quadro de
pessoal. Ex: juiz e desembargador. Era necessário que ele ficasse pelo menos 5 anos
no cargo, e não na carreira.

2) Compulsória

Aos 75 anos, o servidor é automaticamente aposentado, independentemente de


requerimento. O cálculo se dá pela média com proventos proporcionais ao tempo de
contribuição. O fator será multiplicado pela média. Se o servidor começou a trabalhar muito
tarde, sem 35 ou 30 anos de tempo de contribuição, a aposentadoria será proporcional ao
tempo de contribuição. O reajuste se dá por índice de inflação, e não por paridade.

3) Invalidez/ Incapacidade permanente

A EC 103 constitucionalizou avaliações periódicas e a possibilidade de reaproveitar o


servidor em outras funções.
Incapacidade permanente é a perda total da capacidade laborativa, seja por
acidente, seja por doença. A perda deve se dar para qualquer atividade inerente ao cargo.
Havendo a possibilidade de o servidor passar a exercer atividades relacionadas ao cargo
compatíveis com o seu novo estado de saúde, ele não era aposentado por invalidez. Ele
deveria continuar em atividade. Só que em muitas carreiras não havia essa possibilidade.
Nesse caso, era mais comum a aposentadoria por invalidez.
Regime de fixação → proventos proporcionais x média com fator de conversão. A CF
previa que em determinadas situações (acidente em serviço, moléstia profissional), ou em
algumas doenças especificadas, os proventos eram integrais.
Havia uma injustiça com alguns servidores, pois aquele que não estivesse nas
exceções, mas tivesse alguma doença incapacitante, deveria se submeter aos proventos
proporcionais. Se ele tivesse contribuído por pouco tempo, o valor da aposentadoria
acabaria sendo muito baixo. Isso era mais gravoso do que no RGPS.
Reajuste → índice de inflação
A EC 70/2012 introduz algumas modificações. Ela introduz um novo artigo na EC 41.
Diz a EC 41, no art. 6o-A, com a nova redação dada pela EC 70:

"Art. 6º-A. O servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos


Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no
serviço público até a data de publicação desta Emenda Constitucional e que
tenha se aposentado ou venha a se aposentar por invalidez permanente, com
fundamento no inciso I do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, tem direito
a proventos de aposentadoria calculados com base na remuneração do
cargo efetivo em que se der a aposentadoria, na forma da lei, não sendo
aplicáveis as disposições constantes dos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da
Constituição Federal.

Parágrafo único. Aplica-se ao valor dos proventos de aposentadorias


concedidas com base no caput o disposto no art. 7º desta Emenda
Constitucional, observando-se igual critério de revisão às pensões derivadas
dos proventos desses servidores.

Art. 7º Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os


proventos de aposentadoria dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na
data de publicação desta Emenda, bem como os proventos de aposentadoria
dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta
Emenda, serão revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que
se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também
estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou
vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive
quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função
em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão
da pensão, na forma da lei."

A EC 70 mirou resolver essa situação de injustiça da aposentadoria por invalidez.


Ocorre que a EC 70, por má técnica legislativa, afastou apenas o cálculo pela média, e não
por proventos proporcionais, trazendo de volta o cálculo pela última contribuição. O que
impactava verdadeiramente eram os proventos proporcionais, e isso não foi corrigido.
Há uma controvérsia sobre a EC 70 → a invalidez era só nas hipóteses definidas na CF
ou era um benefício aplicável a todas as aposentadorias por invalidez do servidor que tivesse
ingressado no serviço público até a data da EC 41?
1A corrente → só para aquelas hipóteses definidas na CF → historicamente, essas
hipóteses sempre tiveram proteção extra na CF, desde a redação original. Interpretação
histórica.
2A corrente → todas as hipóteses de aposentadoria por invalidez → interpretação
gramatical. A EC 70 não fez distinção e, portanto, não se pode limitar a regra apenas às
hipóteses mencionadas na 1a corrente.
A EC 70/12 aplicou a paridade nas aposentadorias por invalidez daqueles que
ingressaram no serviço público até a EC 41/03.

4) Aposentadorias com redução de tempo


4.1. Professores
A EC 103 foi aprovada com a ressalva de que os Estados editarão LC para tratar da
matéria com redução de 5 anos. Assim, até a edição desta LC, vale o regime anterior,
segundo o qual o tempo do servidor professor deve ser cumprido integralmente em funções
de magistério. O servidor exerce atividade burocrática ou técnica relacionada à saúde e
depois vira professor estadual. Há alguma contagem proporcional acelerada? NÃO.
A controvérsia girava em definir o que é “função de magistério”. O professor não
necessariamente está dentro da sala de aula dando aula. Ele pode ser cedido a outros órgãos
ou pode exercer atividades adm dentro da própria escola. Ele poderia ser um coordenador,
por exemplo. ADI 3772

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º DA LEI


FEDERAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA
DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXERCENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO,
COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 40, § 5º, E
201, § 8º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE
PROCEDENTE, COM INTERPRETAÇÃO CONFORME. I - A função de magistério não se
circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas,
a correção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento
pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As funções de direção, coordenação e
assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em
estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas
em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de
aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da Constituição Federal. III - Ação
direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme, nos termos supra.
(ADI 3772, Relator(a): CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: RICARDO LEWANDOWSKI,
Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2008, DJe-059 DIVULG 26-03-2009 PUBLIC 27-03-2009
REPUBLICAÇÃO: DJe-204 DIVULG 28-10-2009 PUBLIC 29-10-2009 EMENT VOL-02380-01 PP-
00080 RTJ VOL-00208-03 PP-00961)

Essa aposentadoria diferenciada do professor se aplica às regras de transição? A


redução de 5 anos no tempo de idade e tempo de contribuição vale para o professor que
pretende valer-se da regra de transição? NÃO. A redução de tempo está relacionada ao
corpo permanente. Não vale para as regras de transição.

4.2. Aposentadorias especiais


A redação anterior do art. 40, p. 4º, da CF segregava as aposentadorias especiais da
aposentadoria dos professores. Esse dispositivo exigia regulamentação em LC, sem
especificar se era LC de cada ente. Hipóteses: (i) servidor portador de deficiência; (ii)
servidor que exerça atividade de risco (policiais penitenciários, agentes de medida
socioeducativa); (iii) servidor cujas atividades sejam exercidas sob regime especial que
prejudique a saúde e a integridade física. Todas essas hipóteses exigiam LC.
A Lei 9.717/98 tinha dispositivo específico vedando aposentadoria especial até que
LC federal discipline a matéria. O STF deferiu diversos Mandados de Injunção em razão da
mora do Congresso em editar a LC federal e definiu a norma que seria aplicada.
Mas qual será a norma aplicada?

(i) servidores portador de deficiência → Em alguns julgados (ex: MI 1613), o STF


decidiu, inclusive aos E e M, que, até a edição da LC 142/2013, deveria ser aplicada por
analogia a Lei 8.213. Após, aplica-se a LC 142/2013. Não é fácil aplicar o regramento federal
do RGPS ao regime próprio. Como verificar as atividades que o servidor exercia há 15 anos?
O Estado não está preparado para fazer essa verificação. Esse problema é menor no caso de
servidor portador de deficiência.

(ii) policiais civis → estavam no agente risco, hoje há um dispositivo específico para
eles. Há uma LC federal específica (LC 51/85) para aposentadoria de policiais civis servidores.
Os requisitos de idade e tempo de serviço (após a EC 20, de contribuição) são reduzidos. Há
uma aposentadoria compulsória específica para policiais civis. O STF decidiu que essa LC
federal foi recepcionada pela CF.
No ERJ, outras categorias, como agentes penitenciários e socioeducativos, queriam
aplicar a eles a LC 51/85 por analogia. Mas sempre se entendeu que isso não seria possível,
porque eles são regidos por lei própria.
Ademais, em relação aos servidores civis, a redução constitucional do tempo também
se aplica às regras de transição (ex: EC 47)? NÃO. O servidor tem a faculdade de se
aposentar mais cedo. Se exercer a faculdade, tem o benefício da redução de tempo. Mas as
regras de cálculo e atualização, não. São as do corpo permanente. Se quiser se beneficiar das
regras de transição, deverá observar os requisitos específicos da regra de transição, para os
quais não há qualquer redução, seja para professor, seja para policial.

EC 103 e servidor policial


Não se aplicam no âmbito do Estado até a edição de lei estadual. No ERJ, vale
atualmente o regramento anterior até nova disciplina estadual.
Questão 🡪 EC 103 fala da exigência de LC de cada ente federativo. Há uma regra de
transição específica para policiais federais, dizendo o que se considera atividade
estritamente policial. Isso porque a LC 51/85, em vigor atualmente para eles, mencionava
em “cargo de natureza estritamente policial”. Havia controvérsia sobre se o tempo prestado
nas Forças Armadas poderia ser aproveitado como cargo de natureza estritamente policial.
A EC 103 entendeu que é possível, sim, computar o tempo prestado nas Forças
Armadas como atividade estritamente policial. Com base nisso, alguns servidores policiais
estaduais que ficaram na Forças Armadas por um tempo queriam computar esse tempo
como atividade estritamente policial, cf. prevê a EC 103.
A PGE-RJ entendeu que não é possível aplicar essa regra em âmbito estadual, pois ela
é exclusivamente federal. O Estado já tem regras próprias para o policial civil, agente
penitenciário, e lá a redação é “exclusivamente atividades de natureza policial”.
Além disso, a CF tratou o corpo policial de modo distinto das Forças Armadas,
inclusive em capítulos diferentes. As atribuições não se confundem. O militar das Forças
Armadas não desempenha atividade policial.
Assim, a CF trouxe uma benesse para policiais federais. Mas, para o Estado, vale, nos
termos da própria CF, o regramento estadual, cabendo à legislação estadual definir o que se
entende por “atividade exclusivamente policial”. A legislação do ERJ não incluiu as Forças
Armadas nesse conceito. Portanto, o policial estadual não tem direito à contagem do tempo
de serviço militar como atividade policial.

(iii) servidores expostos a agentes nocivos e a riscos (DEGASE, agentes


penitenciários)
No ERJ, a LC estadual 57/89 trata especificamente dos agentes penitenciários. Antes
da EC 103, eles não eram considerados policiais. Agora, são tidos como agentes
penitenciários. Existia uma controvérsia sobre. Os agentes penitenciários ajuizaram MI
pedindo a aplicação por analogia da LC federal 51/87, que seria apenas aos policiais. Ocorre
que o ERJ não estava em mora, ele tinha uma LC própria para agentes penitenciários, só que
era uma lei não tão benéfica quanto a LC federal 51/87. Por isso, os agentes penitenciários
queriam a aplicação por analogia da LC federal 51/87.
O Parecer 1/2012 GSK opina pela constitucionalidade formal e material da LC
estadual 59/87, com base nas regras de repartição de competência da CF. A União estava em
mora no tocante à edição de normas gerais em LC sobre agentes penitenciários. Com isso, os
Estados passaram a ter competência legislativa plena até a edição de norma geral por parte
da União.
Por outro lado, a LC 57/89 não trata dos agentes do DEGASE, razão pela qual o MI
seria cabível para esse grupo.

4.3. Servidores expostos a agentes que reduzam sua saúde e integridade física
Majoritariamente pessoal da secretaria de saúde. Discussão sobre se poderia haver
LC estadual ou apenas LC federal. Até 2014, não havia LC federal. Em 2014, o ERJ editou a LC
estadual 161/14. O mesmo entendimento do Parecer 1/2012 GSK se aplica aqui → Estado
exercendo competência legislativa plena. Não há necessidade de se aplicar o RGPS por
analogia, porque aqui há lei estadual.
Por outro lado, o STF editou a SV 33, no sentido de se aplicar ao servidor, no que
couber, as normas do RGPS. A SV se aplica aos Estados que não têm lei própria até hoje de
servidores expostos à saúde e à integridade física. O ERJ tem LC própria no exercício da
competência legislativa plena, não se justificando a aplicação da Lei 8.213.

Obs.: Os militares estão fora da previdência, a fim de que tenham um sistema


naturalmente deficitário, com contribuição menor e requisitos menos rígidos. Toda a
sociedade custeará os benefícios dos militares, e não só a sociedade. Trata-se de Sistema de
Proteção Social.
Competência legislativa da União de editar normas gerais sobre inativação dos
militares, inclusive militares estaduais. Art. 22, XXI, CF. Os Estados podem dispor em lei
específica sobre a transferência do militar para inatividade. Art. 42 c/c art. 142, X, CF. A
União editou a Lei 13.954/19. No ERJ, continuam valendo as leis estaduais anteriores, que,
deverão, contudo, observar as normas gerais da União.

Questões:
Não é possível a contagem de tempo fictício desde a EC 20/98 (ex: servidores que
não saem de férias por necessidade de serviço não pode mais computar em dobro), por
meio do art. 40, p. 10, CF. Mas a PGE entende que para o período aquisitivo de férias não
gozadas até a EC 20/98 continua a valer a possibilidade de contagem em dobro do tempo
fictício, ainda que o servidor permaneça em atividade e ainda tenha como usufruí-las.
Proteção do direito adquirido.
Art. 40, p. 2º, CF.. A CF fala na limitação ao teto de benefícios do RGPS. Mas a
redação anterior, ainda vigente no ERJ, é que os proventos de inatividade não poderiam
exceder a do cargo em que se deu a aposentadoria. Ninguém poderia ganhar mais
aposentado do que em atividade. Lembrando que o servidor pode optar por contribuir sobre
uma base de cálculo maior, de modo a elevar a média. Se a média acabar ficando maior do
que a remuneração no cargo em que se deu a aposentadoria, ele não poderá pedir a
restituição das contribuições já pagas.
Essa previsão vale para os militares? O militar, quando sobe para uma determinada
patente, vai para inatividade com proventos maiores. Isso não viola o art. 40, p. 2º? Antes da
EC 103, a CF tratava dos militares em área própria com algumas remissões ao art. 40 como
um todo. Por isso, sempre se defendeu que apenas os dispositivos do art. 40 expressamente
mencionados valeriam para os militares. Os demais não se aplicariam. Mas a jurisprudência
era casuística. Ex: contribuição inativos e pensionistas. É um dispositivo que não está
expressamente referido na parte da CF sobre militares.
Mas o STF em ADI determinou a incidência desse dispositivo que trata da
contribuição de inativos e pensionistas, a despeito da inexistência de referência expressa na
parte da CF que trata de militares. Com base nisso, o ERJ sustentou que outros dispositivos
do art. 40 também deveriam ser aplicados aos militares, como aquele que veda a contagem
de tempo fictício, o que acabou prevalecendo. Por outro lado, a vedação do art. 40, p. 2o,
em geral não tem sido aplicada pela jurisprudência aos militares.

Sobre a EC 103:
A EC 103 perdeu a oportunidade de expurgar da previdência tudo que não é
previdência, mas sim matéria de recuros humanos. Ex: aposentadoria dos professores com
tempo reduzido não tem justificativa previdenciária. Não há mais desgaste físico em razão
do uso de giz, os quadros de escrever são diferentes.
Também não se corrigiu a distinção entre homem e mulher. Não há justificativa
previdenciária para a mulher se aposentar mais cedo. Na verdade, sob o ponto de vista
atuarial, as mulheres deveriam contribuir mais porque vivem mais.
Regras de transição excessivamente benéficas.

Obs.2: As modalidades de aposentadoria são só aquelas previstas na CF. A lei não


pode criar novas hipóteses de aposentadoria. Assim, não existe mais a figura da
aposentadoria-sanção, conhecida como aposentadoria compulsória. Os artigos da LC

AULA 3 – PENSÃO POR MORTE

Leis Federais

9.717/98 (status de LC ), 9.796 (compensação entre os regimes),101/00, 10.887/04,


LC 108 e 109 (previdência complementar) e Lei 13.954/19 (militares)

Leis Estaduais relevantes para a Previdência Estadual

Leis RJ 3.189/99 (RioPrevidência e Custeio), 5.260/2008 (Lei de Benefícios do RPPS


ERJ), 6.243/2012 (Previdência Complementar), LC 161/14 (Aposentadoria Servidores
expostos a agentes nocivos).
Inovações EC 103 → normas autoaplicáveis

• Possibilidade de a pensão por morte ser inferior ao salário mínimo (art. 40, p. 7o).
Só há exigência de ser no mínimo igual ao salário mínimo se for a única fonte formal
de renda;
• Estado-membro tem o dever de tratar de forma diferente a morte do policial em
razão do exercício do serviço;
• LC sobre organização e funcionamento regime próprio (art. 40, p. 22);
• Art. 3º, EC 103 → direito adquirido → preenchimento anterior à EC 103 dos
requisitos para o gozo do benefício de acordo com o regramento anterior. É o
tempus regit actum. Súmula 340, STJ. Aplica-se a lei vigente ao tempo do fato
gerador, ou seja, do preenchimento de TODOS os requisitos.

Obs.: até 1999, existia a previsão de pensão para filhas maiores de idade enquanto
permanecessem solteiras. Já para os homens, o benefício cessava uma vez atingida
determinada idade. A pensão subsiste para os óbitos ocorridos até 1999. Imagine-se um
óbito em 1995, quando a filha era menor de idade. Ela vira maior de idade quando o
benefício já tinha sido revogado. Pode o RioPrevidência cortar o benefício ao fundamento de
que ela tinha pensão enquanto era menor e, como passou a ser maior, não tem mais direito
ao benefício desde 1999?
A jurisprudência entendeu que NÃO, tendo em vista o tempus regit actum, no
sentido de que a lei que rege o benefício é aquela vigente ao tempo do óbito. A lei que rege
o benefício trata todos os aspectos do benefício. No caso, o falecimento ocorreu em 1995,
época em que havia previsão de que haverá pagamento a filha maior. O que importa é a
data da ocorrência do fator gerador. O fato gerador não é a maioridade, e sim o óbito.
Aplica-se todo o regramento vigente ao tempo do óbito, inclusive a perpetuidade do
pagamento à filha solteira.

• Cumulação de benefícios previdenciários → art. 24, EC 103 (norma auto aplicável


aos Estados). É vedada a cumulação de pensões por morte deixada por cônjuge ou
companheiro no âmbito do mesmo regime próprio, ressalvados cargos acumuláveis.
É o caso da "viúva negra”, que ia acumulando pensões de falecidos cônjuges/
companheiros. Mas, se o servidor falecido acumulava cargos licitamente, é possível
receber mais de uma pensão em razão dos diferentes cargos acumuláveis (ex.
professor com duas matrículas, deixa duas pensões).
O que significa a vedação “no âmbito do mesmo regime de previdência”?
1ª corrente 🡪 significa, por exemplo, o RPPS do mesmo ente, de modo que seria
possível receber em razão de RPPS de outro ente.
2ª corrente 🡪 entende que existem apenas 3 regimes: RGPS, RPPS e previdência
complementar. Só se pode cumular pensão do RGPS com RPPS. Não é possível acumular
pensões oriundas de RPPS de entes distintos, pois o regime é o do RPPS. A ideia é prestigiar
o equilíbrio atuarial e tratar a pensão com amparo a uma situação de necessidade, e não
como um incremento de riqueza.
O problema é que essa interpretação acaba sendo afastada pelo p. 1º, que prevê
situações em que será admitida cumulação e abre brechas para acumulação dentro do RPPS
do mesmo Estado.
Art. 24, p. 2º → admitida a cumulação, o valor a ser recebido não será integral.

Regramento infraconstitucional

Regras de cálculo
Regras de fixação do valor inicial → 100% da última remuneração do servidor ativo
ou dos proventos do servidor inativo, ou 100% da última remuneração até o limite do RGPS
e, sobre o excedente, receberá 70%. Note-se que aqui não há cálculo de média. Mas a
média pode ter um impacto indireto no valor da pensão, no caso dos servidores inativos,
pois aí a pensão será calculada a partir dos proventos, que por sua vez são calculados por
contribuição. Mas isso é um impacto apenas indireto. A média não entra diretamente no
cálculo da pensão.
Critérios de reajuste → paridade com os servidores ativos ou correção de acordo com
índice. O ERJ por muitos anos não observou o dever de paridade para com os pensionistas.
3 grupos de fatos geradores:
• Fato gerador antes da EC 41 (servidores que faleceram antes da EC 41) → aplica-se o
regime anterior→ reajuste por paridade com os servidores da ativa e cálculo inicial
100% da remuneração.
• Servidores que faleceram após a EC 41 → aplica-se o regime da EC 41 → 100% da
remuneração até o teto do RGPS + 70% do que recebeu. O reajuste é via índice
aplicado em lei (no caso do ERJ, é o INPC).
• Servidores que ingressaram no serviço público após a instituição da previdência
complementar, a pensão estará limitada ao teto do RGPS. Todo regime de
previdência complementar se dá após a EC 41. Se o servidor ingressou na previdência
complementar, ele obviamente ingressou após a EC 41. O parâmetro aqui é a data do
ingresso no serviço público, pois ele passa a estar sujeito a um regime novo. Ele não
tem o mesmo RPPS puro do servidor que ingressou antes da criação da previdência
complementar.

Obs.: servidor se aposentou antes da EC 41, mas faleceu após a EC 41 → o TJRJ


entendia de forma atécnica que esse servidor já estava aposentado, logo, não se aplica a EC
41, e sim o regramento anterior. Com isso, o TJRJ colocava no mesmo grupo aposentadoria e
pensão, que são benefícios distintos com fatos geradores distintos. O fato gerador da
aposentadoria é o preenchimento dos requisitos, já a pensão tem como fato gerador a
data do óbito. A pensão não é a continuidade da aposentadoria ou da remuneração do
ativo. O que importa é a data do óbito → aplicação do princípio do tempus regit actum.
Tema 396 STF.
Há uma exceção: servidores que já eram aposentados ao tempo do falecimento e
que se aposentaram de acordo com o art. 3º da EC 47 (regra de transição). Cumpridos os
requisitos dessa regra de transição, a pensão será regida pela paridade, mas não pela
integralidade. A exceção fica por conta do art. 3º, p. ú, que tratava de aposentadoria e
pensão. O RioPrevidência entendia que, quando o servidor se aposentou, o fundamento foi
o art. 3º da EC 47. Mas a PGE-RJ entendeu que não havia necessidade de o ato da
aposentadoria mencionar expressamente o art. 3o da EC 47, e sim que o servidor cumpriu
todos os requisitos, independentemente da previsão formal no ato de aposentadoria. Isso
é relevante porque existia um grupo de servidores que faleceram entre a EC 41 e EC 47, e
eles acabaram ficando no limbo. Não faria sentido excluir esse servidor falecido das regras
de transição mais benéficas da EC 47.
Note-se que a regra de transição da EC 47 separa integralidade e paridade x média e
correção de índice de inflações. Em regra, ou a pessoa está num regime com fixação inicial
pela integralidade e correção pela paridade (pré EC 41) ou a pessoa está num regime regida
pela média e correção por índice de inflação (pós EC 41). Ocorre que, aqui, há uma situação
híbrida: o regime de fixação inicial é o novo, mas o regime de correção ao longo do tempo
(reajuste) é o antigo. Note-se que a paridade pura e simples pode acabar desvirtuando o
regime de cálculo pela média. Por isso,
Obs.: cf. Tema 396 STF, o servidor que se aposentou cf. art. 3º da EC 47/05, terá sua
pensão regida pela paridade, em exceção à regra de revisão por índice oficial de reajuste do
art. 40, p. 8º, CF. Mas ele NÃO terá direito à integralidade, porque o art. 3º da EC 47/05 não
assegura tal direito.

Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO.


PENSÃO POR MORTE. INSTITUIDOR APOSENTADO ANTES DA EMENDA
CONSTITUCIONAL 41/2003, PORÉM FALECIDO APÓS SEU ADVENTO. DIREITO
DO PENSIONISTA À PARIDADE. IMPOSSIBILIDADE. EXCEÇÃO: ART. 3º DA EC
47/2005. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO. I
– O benefício previdenciário da pensão por morte deve ser regido pela lei
vigente à época do óbito de seu instituidor. II – Às pensões derivadas de óbito
de servidores aposentados nos termos do art. 3º da EC 47/2005 é garantido o
direito à paridade. III – Recurso extraordinário a que se dá parcial provimento.
(RE 603580, Relator(a): RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
20/05/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-152
DIVULG 03-08-2015 PUBLIC 04-08-2015)

Incidência de teto remuneratório constitucional → como fica o cômputo do teto


quando a pessoa cumula pensões ou uma aposentadoria e pensão? Separadamente ou
sobre o somatório dos benefícios recebidos?
O art. 37, XI, CF dá a entender que é sobre o somatório. O STF entendeu que, em
matéria de servidor público, o servidor que acumula remuneração de cargos acumuláveis
pela CF terá o teto incidindo em cada cargo isoladamente, vedado o somatório das
remunerações. Não se trabalhar num cargo sem a correlata remuneração, sob pena de
ofensa ao princípio da valorização do trabalho.
Esse mesmo raciocínio se aplica às pensões? NÃO. Tema 359 STF. Ocorrendo a morte
do instituidor da pensão em momento posterior à EC 19/98 (quando o teto veio), esse teto
incide sobre o somatório de remuneração do ativo ou provento do inativo com a pensão por
ele percebida. É o oposto do entendimento do servidor público. Lei estadual 5.260, no art.
8o, p. 2o, vem no mesmo sentido do entendimento do STF.

TETO CONSTITUCIONAL – PENSÃO – REMUNERAÇÃO OU PROVENTO –


ACUMULAÇÃO – ALCANCE. Ante situação jurídica surgida em data posterior à
Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, cabível é considerar,
para efeito de teto, o somatório de valores percebidos a título de
remuneração, proventos e pensão.
(RE 602584, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em
06/08/2020, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-277
DIVULG 20-11-2020 PUBLIC 23-11-2020)

Lei estadual de Benefícios, em seu art. 8º, diz que a soma de todos os benefícios
previdenciários não poderá ultrapassar o teto constitucional.

Regra nova de cálculo → para algumas carreiras (carreiras policiais, penitenciários e


agentes socioeducativos), quando o óbito do servidor ocorrer no exercício das funções,
haverá um adicional de 100%. Esse adicional de 100% gerou alguns problemas.
• De onde sairá o dinheiro para o custeio? Esse custeio não se dará pela previdência, e
sim por recursos do Tesouro, via arrecadação de impostos. Isso é relevante porque
não implicará um subsídio dos demais servidores. Se o Estado entende que a
atividade é relevante, toda a sociedade deverá arcar.
• Há uma inconstitucionalidade formal. O dispositivo surgiu de origem parlamentar,
estando eivado vício de iniciativa. A emenda em PL de iniciativa privativa do
Executivo que acarreta aumento de despesa também deve ser de iniciativa do Poder
Executivo.
• Ademais, há uma possível inconstitucionalidade material, tendo em vista quebra de
isonomia. Há outros grupos de servidores que podem falecer em razão do serviço
exercido. Ex: médico, professores em comunidades violentas, ..
• Em 2020, houve o acréscimo de algumas carreiras que tivessem falecido em razão de
covid contraída no exercício profissional. Ex: profissionais de saúde. Essa lei era de
iniciativa executiva. Há um problema de técnica legislativa: a lei acrescentou os
parágrafos 3o e 4o e repetiu a redação do caput, criando o art. 26-A na Lei 5.260. Na
prática, o legislador repetiu num novo dispositivo as previsões já existentes da Lei
5.260. Isso faria sanar o vício de iniciativa da lei de 2017, considerando que agora há
uma nova lei? Algo a ser discutido. Há outro problema: os p. 1º e 2º acabaram sendo
revogados porque não foram reproduzidos. Só que esses dispositivos previam como
fonte de custeio o Tesouro. Se se entender que o custeio é da previdência, haveria
inconstitucionalidade formal, porquanto dinheiro do regime próprio seria utilziado
para pagar militares, o que não é mais possível à luz da EC 103. O Professor entende
que a PGE deve salvar o dispositivo, mantendo-se o p. 1o e 2o e incluindo o p. 3o e
4o e entendendo que o Governador é autor do projeto dessa lei de 2020. Com isso, o
adicional de 100% seria válido de 2020 pra frente, considerando a nova redação.
Entre 2017 a 2020 isso não solucionaria a inconstitucionalidade formal flagrante.

Regras de elegibilidade
Definição de quem é beneficiário. Aplica-se o art. 5º da Lei 9.717/98? NÃO. Os
beneficiários são aqueles definidos pelo Estado, e não pelo RGPS.
Os beneficiários estão no art. 14 da Lei estadual 5.260, com alteração da Lei 7628,
inspirada numa alteração no RGPS, com vistas ao equilíbrio atuarial. Basicamente, os
beneficiários são os mesmos. Antes, havia previsão no art. 14, I, de filhos até 21 anos ou até
24, se universitários, mas agora o inciso I só prevê até 21 anos. É o inciso IV que traz os filhos
de até 24 anos.
Essa mudança topográfica é relevante, porque (i) a existência de uma classe mais
alta exclui os da classe mais baixa (p. 1º). Assim, havendo dependente em uma classe, o da
classe subsequente não tem direito à pensão; (ii) os postulantes devem comprovar a
dependência econômica em relação ao servidor falecido, mas no inciso I a dependência é
presumida (tecnicamente, presunção relativa, mas pela jurisprudência é presunção
absoluta).
Há, ainda, uma possível outra classe → menor tutelado, menor sob guarda enteado,
menor tutelado equiparam-se a filho mediante prova documental. Há uma controvérsia
quanto ao menor sob guarda, porque o filho pode receber a pensão até 21 ou 24, enquanto
a guarda cessa aos 18 anos. Por isso, o ERJ passou a entender que a pensão cessa aos 18 (e
não aos 21), porque é quando cessam todos os efeitos da guarda judicial. Hoje, com a nova
redação dada pela lei de 2017, ficou expresso que a pensão cessa aos 18 anos.

Regra do meio a meio → os dependentes de uma classe afastam os da outra. Como


se dá o rateio daqueles que integram a mesma classe? Não é por cabeça, e sim por classe.
Metade vai para o cônjuge ou companheiro, e a outra metade para os filhos ou
equiparados. Se um filho completar 21 anos, a parte dele vai para os demais irmãos.
Regra para concurso entre viúva e companheira → art. 17. Ex: viúva separada de fato
ou judicial. O servidor constituiu nova união estável. Ordinariamente, só uma recebe, a que
ainda mantém. Aquela que está separada a princípio não receberia, salvo se recebesse
alimentos, caso em que receberia o mesmo percentual fixado para a pensão alimentícia Se
a separação for inferior a 2 anos, subsiste o direito à pensão, ainda que não recebesse
alimentos. Servidor que deixou viúva separada de fato com pensão alimentícia de 20%,
companheira e filhos. Os filhos recebem 50% (dividem esse percentual entre eles) e a
companheira e a víuva devem dividir os 50%, mas a viúva receberá os 20% da pensão
alimentícia e a companheira 30%.
Há uma controvérsia de servidores que tinham uma oficial e uma amante ou
companheira e várias outras amantes. As relações são concomitantes. O STF apreciou o
Tema 529 STF e afirmou que a preexistência de união estável ou casamento impede o
reconhecimento de novo vínculo, inclusive para fins de previdência, em razão do dever de
fidelidade e da monogamia. Não se admite o poliamor no ordenamento brasileiro. O
concubinato não é reconhecido pela ordem jurídica constitucional e não gera direitos
previdenciários.
Obs.: em síntese, o STF entendeu ser ilegítima a existência paralela de duas uniões
estáveis, ou de um casamento e uma união estável, inclusive para efeitos previdenciários.
Conforme explicou o Min. Alexandre de Moraes, o reconhecimento do vínculo acabaria
caracterizando situação de bigamia, tipificada como crime. Com efeito, não há como
reconhecer duas uniões estáveis concomitantes ou um casamento e uma união estável
simultâneos, tendo em vista o dever de fidelidade e a monogamia.
A corrente minoritária admitiu a divisão da pensão desde que presente o requisito da
boa-fé objetiva, ou seja, desde que o companheiro desconhecesse a existência de uniões
estáveis concomitantes ou de outro casamento simultâneo.

Regras de perda do direito à pensão


Quando cessar a dependência econômica (salvo quando a dependência é
presumida), crime contra a vida do segurado, renúncia expressa, novo casamento ou nova
união estável, porque, neste caso, entende-se que cessou a dependência econômica;
simulação ou fraude no casamento ou união estável; regras temporais de duração → hoje, a
pensão da viúva ou companheiro não é mais vitalícia. Há duração de acordo com a idade da
viúva ou companheiro, podendo ser vitalícia se a idade for maior de 44 anos.
Há, ainda, exigência de que o servidor tenha contribuído por pelo menos 18 meses.
E se ele não tiver o período mínimo? Os dependentes terão direito à pensão, mas por um
período bem mais curto. A exigência temporal de no mínimo 18 contribuições não se aplica
no caso de servidores falecidos em razão de doença profissional ou do trabalho ou de causas
não naturais. (??? ninguém sabe qual a finalidade dessa previsão)
Essa duração temporal, assim como a exigência de menos de 18 meses de
contribuição, não se aplicam àquelas carreiras que têm o adicional de 100%. A ideia é criar
um regime mais protetivo. Há aquela questão da inconstitucionalidade formal em razão de
vício de iniciativa, e também uma questão de inconstitucionalidade material. O art. 10, p.
6o, da EC 103/19 exige tratamento diferenciado mais protetivo para as carreiras policiais. O
dispositivo teria revitalizado o dispositivo, “convalidando” a inconstitucionalidade formal, ou
nunca houve inconstitucionalidade? Se fosse inconstitucional, a própria EC 103 seria
inconstitucional, porque violaria a cláusula pétrea da imunidade. A tendência é entender que
não há inconstitucionalidade material.
Art. 20 da Lei 5.260 diz o que afasta a dependência econômica.
Art. 21 trata da cumulação de duas ou mais pensões. Agora só se admitem duas
pensões, inclusive para os menores de idade. Isso é constitucional? A EC 41 dá a entender
que, se pai e mãe morreram, o núcleo familiar ficou menor, de modo que ele precisará de
menos dinheiro.
Art. 24 trata da reversão, sempre observando a regra do meio a meio.

Casos controvertidos

Até 1999, havia pensão para filhas solteiras independentemente da idade. Isso é
constitucional, considerando o princípio da isonomia? Há quem entenda que NÃO, pois a CF
trouxe a igualdade completa entre filhos homens e filhas mulheres. A PGE-RJ sustentou em
defesa que, em razão da equiparação entre casamento e união estável, a união estável
também deveria acarretar a perda do benefício. Uma vez casada ou contraída a união
estável, cessa a dependência econômica. A ideia é que a união estável se equipara ao
casamento para todos os fins, inclusive corte de benefício.

Na União…. ACÓRDÃO TCU 892/2012


CONSULTA. CRITÉRIOS PARA A CONCESSÃO E MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO
PENSIONAL À FILHA SOLTEIRA MAIOR DE 21 ANOS, COM FUNDAMENTO NO
PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 5º DA LEI Nº 3.373, DE 12 DE MARÇO DE 1958, C/C A LEI
Nº 6.782, DE 19 DE MAIO DE 1980. CONHECIMENTO EM CARÁTER EXCEPCIONAL.
ESCLARECIMENTOS A RESPEITO DA MATÉRIA.
31. Analisados todos os questionamentos, conclui-se que duas situações
distintas devem ser consideradas relativamente à concessão de pensão à filha
solteira maior de vinte e um anos, como se esclarece abaixo:
31.1. Condições que devem ser satisfeitas na data do óbito do instituidor.
A filha solteira maior de 21 anos deve comprovar todas as seguintes
condições:
a) ser solteira, viúva ou desquitada, independente da idade;
b) não ser ocupante de cargo público permanente na Administração Pública
Direta ou Indireta;
c) não se encontrar na condição de aposentada, quer seja no âmbito do
serviço público ou no Regime Geral de Previdência Social (RGPS), visto que tal
condição descaracteriza a dependência econômica em relação ao instituidor; e
d) comprovar dependência econômica em relação ao instituidor.
31.2. Condições posteriores à concessão que ocasionarão a extinção do
direito à percepção do benefício.
A filha solteira maior de 21 anos perderá a pensão caso incorra em uma ou
mais das seguintes condições:
a) ter contraído casamento ou se encontrar na situação de união estável; ou
b) ocupar cargo efetivo na Administração Pública Direta ou Indireta, ou
receber aposentadoria decorrente dessa ocupação, ressalvado o direito à opção pela
situação mais vantajosa.

Filha maior trans → filha foi habilitada como mulher e fez transição como homem. As
Forças Armadas cortaram o benefício, mas ela argumentou que, para esse fim específico,
deveria prevalecer o sexo biológico. O juízo concluiu que deve prevalecer o gênero com o
qual o filho se identifica, tendo em vista a dignidade da pessoa humana. Portanto, o
benefício deveria ser afastado.
E o filho que faz a transição para filha? Imagine-se que o filho fez a transição antes de
completar 18 anos. O mesmo raciocínio vale aqui.
Servidor ingressou no concurso como homem e fez a transição para mulher. Pediu a
aposentadoria seguindo os requisitos para mulheres. Qual a solução? Havendo mudança de
registro, sendo considerado oficialmente indivíduo do sexo feminino, deve ser tratado
como mulher. Isso ganha ainda mais importância com o entendimento recente do STF de
que basta a manifestação volitiva para a pessoa mudar de sexo. Professor entende que não
deveria bastar a manifestação, deve haver um procedimento formal mais sério, a fim de
evitar fraudes.

Legado → o servidor sabe que não tem dependentes e quer deixar a pensão com
alguém do seu apreço. O ERJ ajuizou ADI no STF questionando a constitucionalidade das leis
estaduais que permitiam ao servidor escolher livremente a quem se destinaria a pensão,
como se fosse direito patrimonial, o que não é o caso. O ERJ teve sucesso e os dispositivos
foram julgados inconstitucionais. O STF entendeu que a CF prevê a pensão aos dependentes
econômicos, e não a qualquer pessoa. O ERJ cortou as pensões já concedidas há mais de 5
anos da decisão do STF. O ERJ argumentou que vício de inconstitucionalidade não
convalesce pelo tempo. A lei nasce inconstitucional. O ERJ não pode ser obrigado a manter o
pagamento de benefícios inconstitucionais.

Novo casamento → é, sim, hipótese de perda de pensão. O STJ entende, em relação


ao INSS, que o novo casamento não acarreta automaticamente perda do benefício. É
necessário que o novo casamento acarrete melhora da condição econômica, pois aí haveria
perda da dependência. Isso vale para o RGPS. No caso do RPPS do ERJ, há previsão expressa
na lei estadual. O entendimento do STJ não pode ser aplicado ao ERJ.
Multiparentalidade → reconhecimento concomitante de paternidade biológica e
paternidade socioafetiva. O STF, no Tema 662, reconheceu a multiparentalidade, com todos
os efeitos daí advindos, inclusive previdenciários. Por isso, o filho teria direito a acumular
pensões de acordo com o número de filiações reconhecidas.
O professor entende que nessas novas hipóteses de filiação o melhor entendimento
seria sempre demonstrar a dependência econômica, a fim de evitar fraudes. Mas a
jurisprudência vem entendendo que para os filhos menores de 21 anos há presunção
absoluta de dependência econômica.

Obs.: O professor critica decisões judiciais criativas que criam direitos previdenciários
não previstos em lei, pois geram desequilíbrio atuarial com impactos desconhecidos ao
erário. Há que se observar os impactos financeiros das decisões, numa abordagem
pragmática. Nesse sentido, é de se criticar a possibilidade de mudança de sexo e o
reconhecimento da multiparentalidade por mera declaração, independentemente de
registro público. Criticam-se, ainda, os juízes que afastam regras previdenciárias com base na
dignidade da pessoa humana.

AULA 4 – PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

A previdência complementar despontou no cenário nacional com a EC 20/98. A


primeira previdência complementar foi criada em 2012 pelo Estado de São Paulo. O regime
próprio tem sido pressionado pelo déficit e pelo crescente envelhecimento da população.
Para resolver esse problema, o legislador se inspirou na previdência complementar já
existente no RGPS.
Ao criar a previdência complementar, há uma significativa mudança. Os regimes geral
e próprio são sistemas legais, regidos por lei. Nesse sentido, não há direito adquirido a
regime jurídico. O legislador pode modificar as normas do regime geral e próprio a qualquer
tempo. O sistema estatutário pode ser alterado por legislação superveniente.
Já a previdência complementar tem natureza contratual, sendo um contrato entre a
entidade de previdência e o participante. A entidade de previdência complementar pode
unilateralmente celebrar o contrato? NÃO. É ato jurídico perfeito. As partes devem aceitar
em comum acordo. Há um regramento mínimo em LC, sendo certo que as alterações
legislativas se aplicam aos contratos em curso. Mas isso não significa que a entidade de
previdência possa alterar unilateralmente as regras contratuais.
O Estado continua compartilhando com o servidor a responsabilidade pelo regime
próprio até o limite do RGPS. Naquilo que ultrapassar, o Estado deixa de ter
responsabilidade. Isso diminui o déficit, que agora fica limitado ao teto do RGPS. Também
diminui os gastos previdenciários. Ademais, ocorre a redução da contribuição previdenciário
patronal.
Para o servidor, o benefício que o servidor receberá no futuro não sofre limites
constitucionais que incidem sobre o RPPS → pode passar do teto constitucional e do valor da
última remuneração quando em ativa. Ademais, há possibilidade de tributação reduzida
sobre o benefício. Não há contribuição dos inativos sobre os proventos de previdência
complementar, mas o IR incidirá sobre os proventos, só que com a possibilidade de um IR
menor. Por fim, a alíquota de contribuição paga pelo servidor ativo é menor.
Modalidades de benefícios

2 modalidades principais de previdência complementar em geral:


• Benefício definido (BB) → valor do benefício é definido de antemão nas regras do
plano. Ex: diferença entre teto do RGPS e o que ele ganhava no dia da aposentadoria,
ou então um valor fixado, como 10.000 reais. É de certa forma similar ao RPPS. A CF e
as leis definem o valor e o tempo dos benefícios do RPPS, podendo variar o volume
de contribuições, por meio do aumento da alíquota de contribuição ou a instituição
de contribuição extraordinária.
• Contribuição definida (CB) → o que é pré-definido é a contribuição, e o incerto é o
benefício. O dinheiro acumulado no momento da passagem para a inatividade será
dividido pela expectativa de vida em meses. A contribuição é pré-definida, mas o
valor do benefício varia conforme a reserva acumulada e a expectativa de vida da
pessoa.

A CF escolheu para os servidores o modelo da contribuição definida.

Patrocinador

É o ERJ. Ele patrocina os segurados, os participantes. O servidor é chamado de


“participante”. Os dependentes são os “assistidos”. O Estado patrocina o servidor. Podem
ocorrer hipóteses em que não haverá patrocínio do Estado. Imagine que um servidor
estadual passou num concurso federal. Ele pode optar por permanecer vinculado à entidade
do Estado de origem, caso em que o Estado deixará de ser patrocinador. Ele será um
participante sem patrocínio, fazendo só a sua contribuição, ou então pode optar pelo
autopatrocínio, quando opta por contribuir pela sua alíquota e também pela do Estado.

Benefício programado

Já se sabe que ocorrerá. É a aposentadoria após o atingimento de determinado


tempo. É oposto ao benefício de risco, que não se sabe se ocorrerá. Ex: invalidez precoce ou
morte precoce.
Há, ainda, outro risco → risco de longevidade. A modalidade de contribuição definida
tem como base a expectativa de vida do servidor. E se ele superar a sua expectativa de vida?
No modelo CB puro, o dinheiro acabará. Para mitigar esse problema, há o risco de
longevidade, funcionando como um seguro. Todos os que quiserem podem contribuir com
alíquota superior para o caso de o servidor superar a expectativa de vida. Ele continuará
recebendo o mesmo benefício de antes enquanto continuar vivo. O ERJ adota essa
possibilidade.

Regime contratualizado

Importância maior ao Plano de Benefícios de cada entidade, mais importante do que


a legislação. O Plano de Benefícios definirá quem pode receber, quando pode receber, e o
Plano de Custeio definirá quanto a pessoa deve contribuir. Eles não derrogam a legislação,
mas são mais detalhados do que a legislação.
Quadro normativo

• CRFB/88
Art. 40, p. 14-16, CF → a EC 103 agora estabelece que a previdência complementar é
um dever, uma obrigação do ente. Até então, era uma faculdade. Para os que quisessem,
poderiam limitar os benefícios ao teto do RGPS. A EC 103 dá o prazo de 2 anos para efetivar
instituição de previdência complementar, sob pena de sofrer as sanções do art. 167, CF.
EC 20 estabelecia que cabia a cada Poder a iniciativa de instituição de previdência
complementar a seus servidores. Com a EC 41, a iniciativa passou a ser do Poder Executivo.
O p. 14 prevê que os benefícios do RPPS devem ficar limitados ao teto do RGPS, a fim
de que não haja aumento de gastos de previdência. O objetivo da previdência
complementar é diminuir gastos. A EC 103 trouxe isso muito claramente na nova redação do
p. 15.
p. 15 diz que o plano de benefícios será obrigatoriamente na modalidade
contribuição definida. A CF fez essa escolha. Na redação anterior, a previdência
complementar deveria ser gerenciada por entidade pública. Agora, pode ser por entidade
fechada ou aberta.
O objetivo da previdência complementar era reduzir o déficit previdenciário. O
modelo de contribuição definida pode ter déficit, mesmo porque é similar ao regime
próprio. O objetivo do constituinte reformador ao optar pelo modelo de contribuição
definida era eliminar a responsabilidade do Estado por cobrir o déficit, de modo que o
Estado não mais contribuísse. É uma opção de prudência fiscal.
Mas para atender às forças antagônicas do Parlamento, criou-se um modelo em que
uma entidade pública gerenciaria a previdência complementar. “Era uma entidade fechada
de natureza pública” . As entidades fechadas de previdência complementar somente
poderiam ser fundações ou sociedades civis, figura esta que não mais existe no CC/02. Logo,
só poderia ser fundação. No caso da entidade pública gestora da previdência fechada, essa
entidade deveria ser fundação pública PJ de direito público ou poderia ser fundação pública
PJ de direito privado?
Entendeu-se que o regramento da previdência complementar era incompatível com
a de uma fundação PJ de direito público, que é muito similar a uma autarquia. O sistema da
previdência complementar é fiscalizado por uma entidade federal e pode ser liquidado por
essa entidade. Não há como compatibilizar essas características com a personalidade jurídica
de direito público. Por outro lado, não há como submeter a uma PJ totalmente de direito
privado porque a CF exige natureza pública. Assim, deve-se adotar modelo de fundação
pública PJ de direito privado e, para conciliar com a natureza pública, os três primeiros entes
a criarem previdência complementar previam (i) controle por Tribunais de Contas; (ii)
exigência de concurso público para ingresso de pessoal; (iii) necessidade de fazer licitação.
Essa exigência de se ter uma entidade pública de previdência complementar foi
superada pela EC 103. A previdência complementar pode ser regida por entidade aberta ou
fechada. A entidade aberta é aquela que existe, por exemplo, nas instituições financeiras,
sendo de livre acesso a qualquer um. Já a entidade fechada administra a previdência
complementar somente de um grupo (ex: empregados do BNDES, empregados da Coca-
Cola). A entidade aberta poderá administrar planos específicos para um grupo determinado
de pessoas (ex: servidores do BNDES).
Obs.: o art. 33 da EC 103 exige a edição de lei que regulamente a relação entre
entidade aberta e a Adm Pública para que os entes possam se valer da previdência
complementar aberta. Por ora, continua a valer a obrigatoriedade de entidade fechada.
p. 16 → Em relação ao “servidor antigo”, é necessária a sua prévia e expressa opção
para que se submeta à previdência complementar,. Existia uma diferença entre o ERJ e a
União no tocante à conceituação do termo “servidor antigo”, o que será visto mais à frente.

• Leis Complementares

Lei Complementar 109


LC 109 → lei geral sobre previdência complementar. Art. 7º, p. único, traz a definição
dos modelos dos participantes.
Art. 14 trata dos institutos obrigatórios que todo plano de previdência complementar
deve ter.
“Benefício proporcional diferido” → o servidor pode aderir à previdência
complementar, contribuir por um tempo e depois sair do ERJ antes da sua aposentadoria.
Ele pode continuar contribuindo, mas, se preferir, pode parar de contribuir e deixar o
dinheiro já pago ao longo dos anos rendendo. Quando se aposentar pelo RGPS ou pelo RPPS
de outro ente, ele se tornará elegível para receber a complementação da aposentadoria. É
diferido porque ele ainda não é elegível, só poderá receber no momento em que se
aposentar lá na frente. E é proporcional porque não contribuiu durante todo o período
necessário. Por isso, será calculado proporcional à reserva matemática acumulada pelo
servidor.
“Portabilidade” → é possível portar levar os valores acumulados na previdência
complementar do ERJ para outra entidade de previdência complementar.
“Resgate” → para o benefício proporcional diferido e para o resgate, o participante
mantém as suas contribuições e do patrocinador. No resgate (“sacar o dinheiro”), é possível
que haja uma penalidade sobre as contribuições vertidas pelo Estado. A depender da
quantidade de meses que ficou vinculado ao Estado, poderá perder tudo que o Estado
verteu, ou poderá levar tudo que o Estado contribuiu.
“Autopatrocínio” → não só permanece na entidade de previdência complementar
original, como também contribui com a sua contribuição e com a contribuição do Estado. Se
ele contribuir só com a sua parte, o regramento será diferente e o montante a ser
acumulado na reserva também será menor.

O art. 16 da LC 109 traz, ainda, a obrigatoriedade de todos os empregados


vinculados à entidade fechada tenham o direito de aderir à entidade. Não se pode deixar de
oferecê-la para umd determinado grupo. Isso se aplica a servidores também.
Obs.: o Estado de SP criou previdência complementar para os novos servidores e
excluiu os antigos servidores, impedindo-os de ter acesso, ainda que facultativamente. Isso é
compatível com a referida previsão da LC 109? O ERJ entendeu que NÃO, pois haveria
violação à LC 109. Assim, o ERJ permitiu que os servidores antigos (i) migrassem de regime
ou (ii) mantivessem o regime constitucional anterior, caso em que contribuiriam
facultativamente à previdência complementar. Já o Estado de SP entendeu que SIM, pois a
obrigatoriedade de acesso vale apenas para os novos servidores.
A LC 109 traz previsão de contribuição normal (para custear os benefícios ordinários
do plano) e contribuição extraordinária (custear serviços passados e déficits existentes).
Sobre o custeio do déficit, havia uma diferença entre o RPPS e a previdência complementar,
porque, pela Lei 9.717, se faltar dinheiro, o ente federativo precisa custear o déficit. Já na
previdência complementar, há uma lógica de compartilhamento de riscos: metade, pelo
patrocinador, metade pelo participante e assistido, com a observação de que, no modelo de
contribuição definida, já se sabe de antemão qual a responsabilidade de pagamento no
futuro. Se o participante não contribuir o suficiente durante o período previsto, haverá
déficit, mas não será possível cortar ou diminuir benefício. A solução será uma alíquota
extraordinária.
Por outro lado, no modelo de contribuição definida, não haverá déficit. Se o volume
de contribuição foi inferior ao esperado ou o dinheiro rendeu menos do que o previsto, o
benefício será menor no futuro. Esse é o modelo dos servidores públicos.

A entidade de previdência complementar é uma fundação.


Todos os planos de previdência tem um regulamento (um contrato), com direitos e
deveres de ambas as partes, com regras de custeio, regras de valor e regras de elegibilidade.
Na modalidade benefício definido, o plano admite déficit, porque não se sabe ao
certo quanto de contribuições você deverá pagar. Há uma estimativa, que pode não se
concretizar. Havendo déficit, há responsabilidade compartilhada. A característica principal,
aqui, é mutualismo ou solidariedade entre as partes.
O modelo de contribuição definida, por outro lado, tem uma tônica individualista, na
medida em que não há mutualismo ou responsabilidade coletiva. Não há déficit. O benefício
de cada um depende do que aquela pessoa especificamente acumulou. O benefício não é
pré-estabelecido, as contribuições que são. Por isso, não há necessidade de revisar
periodicamente o valor das contribuições. A característica principal aqui é o individualismo.
Obs.: caso haja contratação de seguro para o caso de o participante superar a sua
expectativa de vida, este seguro terá natureza mutualista, assim como ocorre nos benefícios
de risco. A natureza individualista vale para os benefícios programados, ao passo que os
benefícios de riscos (aposentadoria por invalidez, seguro pela longevidade do servidor, ...)
têm característica mutualista.
E se o participante ficar aquém da sua expectativa de vida e não tiver assistidos
(dependentes)? No regime próprio, reverterá em proveito da coletividade. Já na previdência
complementar, os herdeiros poderão receber o valor à vista. O dinheiro que contribui para a
longevidade, porém, irá para a coletividade.
Note-se que a previdência complementar dos servidores públicos é de capitalização
individual. O plano de custeio definirá as contribuições dos servidores, inclusive com a
possibilidade de contribuições facultativas. Art. 18 da LC 109 prevê que o participante da
previdência complementar pode contribuir mais do que o mínimo, a fim de receber um
benefício maior. No ERJ, ele pode escolher quanto vai contribuir dentro de uma margem.
Isso é possível na previdência complementar, mas não no regime próprio, que é mutualista,
no qual as contribuições pagas têm repercussão coletiva. Como a previdência complementar
é de capitalização individual, a contribuição maior ou menor só produzirá impacto individual.
Por isso, a LC 109 permite essa variação no volume individual de contribuição.
Contribuição extraordinária não existirá na previdência complementar de servidores,
porque não há déficit. Por outro lado, não haverá superávit. O plano Benefício Definido pode
ser superavitário, se o rendimento ao longo do tempo for maior do que o esperado. Nesse
caso, se houver mais dinheiro do que o necessário para garantir o volume de benefícios, é
possível criar uma reserva para que, se houver déficit, não se faça necessária a contribuição
extraordinária.

Lei Complementar 108


Disciplina a relação entre a Adm Pública e as entidades fechadas de previdência
complementar.
A contribuição do patrocinador não poderá ser maior do que a do participante. (só
pode ir até 100%). Lembrando que, na previdência complementar, o participante pode
escolher sua alíquota. Se o servidor optar por uma alíquota maior, a Adm ainda assim pagará
no máximo 100% da contribuição do servidor, limitada ao percentual previsto em lei (no ERJ,
8,5%). Ele pode pagar mais, mas sem direito à contrapartida do Estado. Ele pode optar por
acumular mais depressa com alíquota maior ou com contribuição facultativo (pode fazer um
aporte vultoso de uma vez só, o que lhe trará vantagens no imposto de renda). Não há
contrapartida do Estado caso haja contribuição facultativa.
A despesa administrativa da entidade é compartilhada entre os participantes e o
patrocinador. Uma parte da contribuição do participante e do patrocinador irá para a conta
individual do servidor para custear os benefícios programados; outra para os benefícios de
risco, que são mutualistas; outra para o fundo de cobertura da longevidade, que também é
mutualizado; e outra, para custear despesas administrativas.
No momento inicial, a previdência complementar não tinha nenhum servidor
integrante. Uma vez criada, começou a receber receitas das contribuições do participante e
do. Mas, antes mesmo, ele já teve despesa para montar a estrutura e pagar pessoal. O
Estado pode dar um aporte inicial à entidade para bancar esses custos, ou isso esbarra na
regra de que o Estado não pode dar contribuição em valor maior do que o participante?
O ERJ aportou um volume inicial de antemão, mas a título de adiantamento de
contribuição patronal, de modo que o Estado ficaria um tempo sem contribuir ou então
fazendo contribuição num percentual reduzido. A ideia foi respeitar a regra legal.
LC 108 tem uma novidade: art. 3o, II. Pode o Plano prever que só pagará o benefício
se o servidor estiver aposentado pela previdência pública? Ou, diante da segregação entre
RPPS e previdência complementar (RPC), é possível criar tal vinculação?
Para a modalidade de benefício definido, não há como desvincular o RPPS do RPC. Só
pode pagar o RPC se estiver aposentado, seja por RPPS, seja por RGPS. Na prática, só por
RGPS, porque o servidor submetido ao RPPS necessariamente está na modalidade
contribuição definida.
Para a modalidade de contribuição definida, pode pagar complementação de
aposentadoria antes da aposentadoria efetiva do participante, porque o benefício do RPC
nessa modalidade vem diretamente da conta individual daquele servidor. O dinheiro será
abatido da conta individual. O mesmo dinheiro acumulado será dividido em mais tempo, o
que resultará em valor menor de benefício. Portanto, o plano de benefícios pode dispensar a
aposentadoria por RPPS ou RGPS para que usufrua da complementação da aposentadoria.
Aqui, há uma vantagem do RPC: se aposentar no dia seguinte à elegibilidade ou só na
compulsória, o valor do benefício recebido pelo servidor do RPPS é invariável. Já na
previdência complementar, aposentar-se aos 65 ou aos 75 tem uma diferença substancial.
Quanto menor a expectativa de vida no momento da aposentadoria, maior será o valor do
benefício. Dito de outro modo, há um incentivo financeiro para permanecer em atividade e
não começar a receber o benefício: receber um benefício maior no futuro.
Legislação ERJ

Lei estadual 6243/12.


Adesão facultativa. Não confundir com adesão facultativa à previdência
complementar com sujeição facultativa ao novo regime. Art. 1º. A previdência
complementar, diferentemente da previdência pública, é sempre facultativa. Ninguém pode
ser obrigado a contribuir para a previdência complementar.
O servidor que tiver ingressado no serviço público após a instituição da previdência
complementar para os servidores daquele ente não tem a opção de estar no regime antigo
(contribuir sobre a totalidade da remuneração + aposentadoria com base na média,
podendo receber acima do teto RGPS). O novo regime (teto do RGPS) é compulsório,
independentemente da adesão à previdência complementar. Se desejar, pode contribuir
para a previdência complementar, para aumentar o valor da sua aposentadoria. Art. 4º.
Note-se que o parâmetro do novo regime não é a data da edição da lei, e sim a data da
instituição da previdência complementar.
Submetem-se ao novo regime o servidor que ingressar após a instituição da
previdência complementar, bem como o servidor que ingressou antes, mas facultativamente
optou por migrar para o novo regime.
Quem é o “servidor novo” para esse efeito? A CF fala em “ingressou no serviço
público após a data da instituição”. A União interpretou como o ingresso no serviço público
federal. Já o Estado entendeu que se ele já havia ingressado no serviço público de um ente e
outro posteriormente ingressou no serviço de outro ente, sem solução de continuidade,
deve ser considerado servidor antigo.
A posição da União é problemática porque vai contra o texto da CF. Ademais,
imagine-se o caso do Min. Barroso, que era Procurador do Estado e se tornou Ministro do
STF sem solução de continuidade. Ele contribuiu para a previdência com base na totalidade
da remuneração, acima do teto do RGPS, em toda a sua vida e, apesar disso, teria os
benefícios do RPPS federal limitados ao teto do RGPS. Ele pode aderir à previdência
complementar, mas, como aderiu ao serviço federal já aos 55 anos, terá pouco tempo para
capitalizar individualmente. Seria uma situação injusta.
O Estado embasou a sua posição com base no seguinte argumento: em todas as
vezes em que a CF usou a expressão “data de ingresso no serviço público', e sempre se
interpretou como o serviço público de qualquer ente. Se um servidor migra de ente sem
solução de continuidade, ele sempre foi considerado servidor antigo.

Abrangência subjetiva → todos os titulares de cargo efetivo dos Poderes, TCE,


Defensoria Pública e também os empregados da própria RJ Previ. No plano temporal, todos
os servidores novos estão abrangidos pelo regime novo + também os servidores que
ingressaram em data anterior que façam opção pelo regime novo.
Muitos servidores optaram por não migrar pelo fato de inexistir, no ERJ,
compensação pelo período pretérito em que a pessoa havia contribuído tendo como base de
cálculo a totalidade da sua remuneração, e não apenas a partir do teto RGPS. Com isso, ele
acabaria perdendo as contribuições cheias com base de cálculo já paga. Isso seria confisco?
NÃO, porque a migração é facultativa. No confisco, o sujeito não tem opção. Pode ser
injusto, mas não migratório.
Questão → a CF exige “prévia e expressa opção”. Com base nisso, a lei estadual, na
redação original, previa que esse servidor deveria assinar um termo. Ocorre que, em 2017, a
lei passou a prever a inscrição automática do servidor, com a possibilidade de
voluntariamente sair. É como se fosse um sistema de “right to opt out” em vez de “right to
opt in”. Isso é constitucional?
O professor entende que SIM. Se houvesse algum prejuízo para o servidor, seria
inconstitucional. Mas como tem um prazo razoável para indicar o desejo de sair, não haverá
nenhum prejuízo em razão da inscrição automática. A lógica advém da economia
comportamental → a inércia é um comportamento poderoso dos indivíduos quando não há
consequência automática em suas vidas. A Previdência não é algo imediato no ser humano.
As pessoas naturalmente adiam as decisões sobre previdência. Com isso, é possível que uma
situação de risco se materialize e a pessoa acabe limitada ao teto do RGPS, deixando-a ou os
seus familiares em situação de desamparo. Ademais, como a previdência complementar
oferece muitas opções de escolha ao futuro associado, isso acaba desestimulando as
pessoas.
Art. 3o traz várias definições. O patrocinador pode ser o Estado, o Poder Judiciário,
Poder Legislativo, … Embora os Poderes não tenham personalidade jurídica própria, eles têm
orçamento próprio.
Art. 5o define o que é “entidade de natureza pública” → controle de Tribunais de
Contas, realização de concurso público, …
Fundo de cobertura da longevidade → nos benefícios de risco, ao contrário dos
benefícios programados, há mutualismo e responsabilidade compartilhada. Há ainda um
risco adicional: a pessoa passar da sua expectativa de vida. Num modelo de contribuição
definida puro, no último dia da expectativa de vida, acabou o dinheiro. Para minorar isso, é
possível diminuir o benefício ao longo do tempo para sobrar mais dinheiro, ou então
contribuir para o seguro para cobrir o risco da pessoa superar a sua expectativa. Art. 28, p.
1º, prevê o custeio específico para o fundo de cobertura da longevidade.

Custeio geral → arts. 26ss. A base de incidência da contribuição é a parcela da


remuneração superior ao teto do RGPS. Sobre a parcela inferior, o servidor já contribui para
o regime próprio. Se o servidor ganhar menos do que o teto do RGPS, ele estará
integralmente coberto pelo RPPS. Esse servidor pode contribuir facultativamente para o
RjPrevi, com a nota de que não haverá contribuição patronal, pois a contribuição patronal já
incide no regime próprio. A contribuição do servidor observará os parâmetros que ele
escolher (base de cálculo e alíquota). Para os servidores antigos, igual ao servidor novo. Para
o servidor antigo que não fez a migração, mas deseja contribuir facultativamente para a
previdência complementar, aplicam-se as mesmas considerações do servidor antigo que
facultativamente contribui para a RjPrevi, inclusive quanto à ausência de contribuição
patronal.

Há alíquota básica (8,5%) podendo o participante optar por uma alíquota maior para
receber um benefício maior no futuro. Pode também contribuir menos, mas aí o Estado
contribuirá na mesma proporção do participante, porque o Estado não pode contribuir mais
do que o participante.

Plano de benefícios
Arts. 20ss. Não há obrigatoriedade de todos os servidores do Estado terem o mesmo
plano de benefícios. Podem existir planos específicos, considerando as peculiaridades de
cada carreira, observados os direitos mínimos previstos em lei. O plano pode trazer uma
regra de custeio diferente para o benefício não programado ou para o fundo de cobertura da
longevidade, por exemplo.
No caso do RJ, existe uma pré-definição tanto para os benefícios de pensão quanto
para os benefícios de aposentadoria (programada ou não programada) → exige-se a
aposentadoria pelo RPPS anteriormente. Para pensão isso resolve um problema, na medida
em que define quais são os beneficiários da pensão. Os beneficiários da pensão no regime
complementar precisam ser os mesmos da pensão no regime próprio?
NÃO. O plano pode definir um grupo diferente de beneficiários. Isso impactará um
custeio, porque, a depender do rol de beneficiários, acabará por aumentar o custo do
benefício não programado. A consequência será a diminuição do valor do benefício
programado. O ERJ optou por vincular sob a forma de existência de prévio benefício no
RPPS. Quem não é beneficiário no regime próprio também não pode ser incluído no regime
de previdência complementar. O mesmo vale para a aposentadoria complementar. Só se
poderá aposentar na previdência complementar quando se aposentar no RPPS.
E se o participante for cedido a outro ente da federação? Quem pagará a
contribuição do patrocinador? DEPENDE. A cessão pode se dar com ônus para a origem ou
com destino, de modo que o pagamento da contribuição do patrocinador seguirá essa regra
geral. Caberá, então, ao ente que arcar com o ônus da cessão.
E se o participante estiver de licença? Dependerá do tipo de licença. Nas licenças sem
remuneração (ex: interesse particular do servidor), o servidor arcará com a sua contribuição
e, quanto a do patrocinador, há a opção do autopatrocínio ou de se tornar um participante
sem patrocínio. Qualquer participante sem vínculo presente com a Administração não terá a
contrapartida do Estado, porque o Estado não terá a prestação do serviço por esse servidor.
No caso da licença gestante, por outro lado, trata-se de licença remunerada, de
modo que o Estado permanece responsável pela contribuição do patrocinador.

Diferenças entre o modelo estadual e federal


No ERJ, o servidor antigo que optou pela migração não é compensado pelo período
anterior em que contribuiu tendo como base de cálculo a integralidade da sua remuneração,
inclusive a parte superior do RGPS. Já a União criou um benefício compensatório para esse
servidor que fez a migração e no passado contribuiu mais. As contribuições que ele pagou
em valor superior ao que pagaria no regime complementar e calcular proporcionalmente
quanto a mais isso dá para ele se se seguisse o regime próprio. Lei 12.618, art. 3º. Isso
poderia esbarrar numa vedação na CF, porque desrespeitaria o limite de pagamento do teto
do RGPS.
A União optou por fazer fundos diferentes e entidades específicas para cada Poder.
Já no ERJ há uma única entidade que pode gerir planos diferentes, o que diminui as despesas
de administração.
A CF dá a determinados grupos o direito de se aposentar mais cedo, como
professores e mulheres. No RPPS, há um subsídio cruzado, porque os homens contribuem
mais para as mulheres se aposentarem mais cedo. Ocorre que a previdência complementar
no modelo de contribuição definida segue a capitalização individual, o que fará com que a
mulher e os professores juntem menos dinheiro. No caso da mulher, ainda há o fato de ela
ter expectativa de vida maior. Isso tudo faz com que a reserva acumulada seja menor e,
consequentemente, o valor do benefício também diminua.
Para resolver isso, o Congresso Nacional criou em âmbito federal o fundo de
cobertura de benefícios extraordinários: todos os demais servidores vão contribuir um
pouco mais para esse fundo, o que, na prática, significa menor benefício para essas pessoas.
Não há inconstitucionalidade nisso.

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