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Contudo, será que esse diagnóstico está correto, sendo os servidores públicos
indistintamente os “grandes vilões”, responsáveis pelo déficit da previdência?
Entretanto, essa convergência não abarcou os militares, os quais passaram ilesos pelas
reformas previdenciárias até então realizadas, em verdade, o regime dos militares passou por
pequenas mudanças, por meio de legislação infraconstitucional.
Nessa esteira, cabe então demonstrar que enquanto o custo dos servidores civis vem
diminuindo, o dos militares vai em sentindo oposto, conforme se verifica “Entre 1995 e 2002,
o crescimento real do gasto público federal com pessoal ativo foi de apenas 2,1% a.a.,
enquanto o gasto com inativos cresceu 2,4%. Ao desagregar esse número, constata-se, porém,
que os gastos com inativos civis e militares cresceram a taxas muito diferenciadas entre si,
de 0,9% a.a e 5,6% a.a., respectivamente”1.
Ademais, segundo dados atuais da revista Exame, ano a ano o déficit na previdência dos
militares vem aumentando, até novembro de 2018 subiu 12,85% em relação ao mesmo período
de 2017, passando de R$ 35,9 bilhões para R$ 40,5 bilhões. Nesse período, as receitas somaram
R$ 2,1 bilhões, enquanto as despesas, alcançaram R$ 42,614 bilhões. Enquanto isso, o déficit
dos servidores civis da União somou R$ 43 bilhões até novembro de 2018, alta de 5,22% em
relação a igual período de 2017. Já o rombo no INSS subiu 7,4% na mesma base de
comparação.2
Portanto, frente ao exposto, se observa que os servidores federais que realmente mantêm
um tratamento diferenciado são os militares, bem como foi a categoria que mais ajudou a inflar
1
GIAMBIAGI, F. & CASTRO, Lavinia B. Previdência Social: Diagnóstico e Propostas de Reforma. In:
Revista do BNDES, v.10, nº 19. Rio de Janeiro: BNDES, jun. 2003.
2
Ver “Rombo da previdência de militares cresce mais que déficit do INSS”. Disponível em
https://exame.abril.com.br/economia/rombo-da-previdencia-de-militares-cresce-mais-que-deficit-do-inss/ Acesso
em 28/06/2018.
o déficit da previdência, nada obstante, os quais são poupados dos ajustes na nova reforma da
previdência proposta pelo Governo Federal.
Para os militares, foi enviado um texto em separado, o projeto de lei 1.645, de 2019, o
qual altera o sistema de aposentadoria e pensão de militares, policiais militares e bombeiros,
em contrapartida, reestrutura a carreira das Forças Armadas.
De tudo, têm-se que nosso atual sistema de previdência é repleto de erros, injustiças e
privilégios, contudo, o servidor público civil não é o “grande vilão” dessa história, conforme
alguns setores tentam estigmatizar. Muitos erros e privilégios já foram corrigidos com as
reformas realizadas, de qualquer maneira, muito ainda resta a fazer.