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Francisco E. B. de Oliveira*
Mônica Guerra Ferreira**
Fernando Porto Cardoso***
1 – Introdução
*
Técnico de Pesquisa e Planejamento da DIMAC/IPEA
**
Assistente de Pesquisa da DIMAC/IPEA e mestranda em demografia pela ENCE/IBGE
***
Estagiário da DIMAC/IPEA
1
Sistema de repartição simples é definido como aquele em que os “contribuintes ativos de hoje pagam
pelos inativos de hoje, na esperança de novas gerações de contribuintes venham a fazê-lo quando
passarem para a inatividade”.
1
mínimo e benefício mínimo (do lado da despesa). O fator demográfico tem a sua parcela
de responsabilidade, mas deve ser considerado como um fator secundário.
A Constituição de 1988, ao estabelecer como piso para todos os benefícios o
salário-mínimo, ocasionou um aumento nos gastos da previdência, pois essa medida
equiparou os benefícios dos trabalhadores urbanos e rurais (anteriormente fixados em
meio salário mínimo). Além disso, houve a redução de cinco anos para a obtenção de
aposentadoria por idade no setor rural. Fatores legais e institucionais, tais como a
oferta de aposentadorias por tempo de contribuição (sem idade mínima) e as especiais,
desempenham um papel crucial. Na realidade, permitem que indivíduos relativamente
jovens tenham acesso a uma aposentadoria e desfrutem da mesma por longos períodos
de recebimento dos benefícios sem que necessariamente tenham que se afastar do
mercado de trabalho (a média de idade de concessão de aposentadoria por tempo de
serviço é inferior aos 55 anos).
A importância do Regime Geral de Previdência Social – RGPS – se revela pelo
atendimento a aproximadamente 24 milhões de contribuintes e 18 milhões de
beneficiários diretos, fora seus dependentes. Na realidade, o sistema de previdência
social brasileiro não foi objeto de nenhuma “reforma”, mas sim de ajustes. Não houve
uma substituição do regime de previdência social, o que aconteceu foi uma redefinição
de alguns dos parâmetros do regime existente. Se no passado foi possível promover
ajustes para a promoção do equilíbrio financeiro através do aumento das alíquotas de
contribuição ou dos confiscos nos valores dos benefícios através da inflação (ou ainda
através de uma combinação destes mecanismos), com a implantação do Plano Real,
estas formas de ajustamento do sistema de previdência social tornaram-se inviáveis. A
drástica queda da taxa da inflação e, ao mesmo tempo, a correção de todos os salários de
contribuição para o cálculo do benefício e do valor dos benefícios em manutenção, por
força da Constituição de 1988, fizeram com que, praticamente, desaparecessem os
confiscos inflacionários. Por outro lado, as elevadíssimas alíquotas de contribuição
previdenciária e a pesada carga tributária tornaram desaconselhável qualquer tentativa
de resolver os desequilíbrios pelo lado da receita.
As questões políticas, aliadas à falta de consciência sobre o comportamento da
conta previdenciária no longo prazo, adiaram por muito tempo o processo de discussão
e reforma da previdência social brasileira. Com a existência da garantia de pagamento
2
dos benefícios por parte do Tesouro Nacional, ratificada pela Constituição, fez com que
somente diante de um gigantesco déficit no RGPS associado a um grave problema fiscal
nas contas públicas, a questão da necessidade do equilíbrio das contas previdenciárias
fosse realmente levada a sério.
2
Muitos atribuem este fato ao contexto de redemocratização do país, onde, como reação aos muitos anos
de arbítrio e de violação de direitos e regras, os constituintes tentaram salvaguardá-los no próprio texto
constitucional.
3
Uma emenda constitucional requer, para sua aprovação, maioria de 2/3 na Câmara e no Senado. Se
umas das Casas fizer qualquer modificação (que não seja supressiva), a emenda volta para Casa de
origem.
3
O Governo do Presidente Fernando Henrique, empossado em 1995, retomou a
bandeira de reformas constitucionais, como elemento vital do plano de estabilização
econômica (Plano Real). Assim, a chamada Reforma da Previdência (Mensagem 306)
integrava um conjunto maior de propostas de emendas constitucionais com o objetivo
de liberalizar a economia, aumentar a produtividade e conter o déficit público: o fim dos
monopólios explorados diretamente pelo Estado (cabotagem, petróleo,
telecomunicações, portos), programa de privatização, reforma tributária e reforma
administrativa. Embora a proposta de emenda constitucional, que tratava da
previdência, tenha sido uma das primeiras a ser remetida ao Congresso Nacional, a
verdade é que, até o segundo semestre de 1995, o Governo pouco fez para acelerar sua
tramitação. Finalmente, entusiasmados com as vitórias políticas obtidas no caso da
quebra dos monopólios, as lideranças governamentais deram curso à Proposta de
Emenda Constitucional 33 (PEC 33), que, já na Comissão de Constituição e Justiça da
Câmara sofre o primeiro revés. A PEC 33 é desmembrada em quatro emendas
separadas, duas das quais são rejeitadas por tidas inconstitucionais. Em essência,
sobreviveu apenas a proposta que se denominou PEC 33 A-95, que passa então a ser
analisada, em termos de mérito, pela Comissão Especial criada para este fim no âmbito
da Câmara dos Deputados. O eixo desta proposta é, ainda, a desconstitucionalização.
Após meses de negociações com os parlamentares, representantes das centrais
sindicais e da sociedade em geral, a proposta original praticamente se “desintegrou”. As
mudanças que ainda subsistiram tinham muito mais “efeito moral” do que propriamente
relevância econômica. Um exemplo claro disto, foi a discussão sobre tempo de serviço
versus tempo de contribuição: à exceção dos funcionários públicos, onde há a chamada
“contagem de tempo fictício” (licença prêmio não gozada contada em dobro para fins de
aposentadoria) e de algumas outras pouquíssimas exceções, o tempo de serviço é igual
ao tempo de contribuição. Apesar deste fato, houve uma intensa luta entre
representantes do governo e representantes das centrais sindicais, com farta divulgação
pelos meios de comunicação.
Após longa e tumultuada tramitação na Câmara, a proposta acabou por ser quase
que completamente alterada. Segue-se então uma tentativa de reconstituí-la no Senado
Federal. O novo projeto tinha como peça central a imposição de limites etários de 60 e
55 anos para as aposentadorias por tempo de serviço para os que ingressassem no
4
mercado de trabalho após a promulgação da Emenda, tanto para o caso do RGPS como
para os regimes de funcionalismo público. Para aqueles já em atividade, previa-se uma
regra de transição, onde se estabelecia como requisitos para a aposentadoria por tempo
de serviço:
4
Em função do processo político que envolveu a votação da matéria, um Destaque de Votação em
Separado (DVS) logrou derrubar os limites definitivos de idade, para as aposentadorias por tempo de
serviço integral, no caso do RGPS, invalidando, portanto, também as regras de transição.
5
100/70=1,428
5
possibilidade de financiamento não inflacionário. Além disso, os cortes em outras áreas
do gasto público e a sucessiva elevação da carga tributária chegaram ao seu limite.
Gráfico 1
6,0%
5,0%
4,0%
3,0%
2,0%
1,0%
0,0%
1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035
Pós EC 20 Pré EC 20
6
salários de contribuição6. Assim, o benefício médio cresce exatamente na mesma
proporção que a receita média de contribuições. Tudo depende, portanto, se o período
durante o qual as contribuições adicionais serão pagas é maior ou menor que o tempo
durante o qual o adicional do valor dos benefícios será pago. Como a escala de salário
base será extinta nos próximos 5 anos, o caso mais favorável é que alguém pague
contribuições adicionais durante este período. Ocorre, entretanto, que os benefícios
adicionais serão pagos durante um período substancialmente maior. Por exemplo, se
tomarmos as esperanças de sobrevida como uma aproximação da duração do benefício
médio e considerarmos a aposentadoria por idade como o benefício típico dos
autônomos, este período de pagamentos adicionais seria de 13 anos para homens e cerca
de 17 anos para mulheres. Além disso, a contribuição dos autônomos é 20% sobre o
salário de contribuição e o benefício é integral. Como conseqüência, poderá ocorrer um
acréscimo de receita no curto prazo, mas, no médio prazo se pagará um custo adicional
de benefícios, comparativamente a regra anterior, cerca de 3 vezes maior.
6
A contribuição média adicional é dada por ∆Cont=0,20( Σ S’ -Σ S)/n,
onde:
S’= média dos salários de contribuição após a eliminação da escala de salários base
S = média dos salários de contribuição antes da eliminação da escala de salários base
N = período de cálculo do benefício n = 1, 2.... 10
e o benefício adicional ∆ Benef = (Σ S’ -Σ S)/n
7
B =Y × f
onde:
B = Salário de Benefício
Y = Média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário7
f = Fator Previdenciário
e onde o fator previdenciário f é dado pela seguinte expressão:
7
Para os segurados filiados à Previdência Social, no cálculo do salário de benefício será considerada a
média aritmética simples dos maiores salários de contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de
todo o período contribuitivo decorrido desde a competência de julho de 1994, observado o disposto nos
incisos I e II do caput do art. 29 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Essa média não poderá ser
8
3.1 - Aspetos Gerais
calculada com número de meses inferior a 60% do período decorrido da competência de julho de 1994 até
9
3.2 - Aspectos Técnicos
10
Gráfico 2 - Brasil: Remuneração Média do Trabalho
por Idade, Gênero e Escolaridades, 1997
2000
Renum. Média mensal (R$), todos os trabalhos
1750
1500
Teto INSS
1250
1000
750
500
250
0
20 23 26 29 32 35 38 41 44 47 50 53 56 59 62 65 68
Idade
Mulheres, esc baixa Homens, esc baixa
Mulheres,esc media-alta Homens, esc media-alta
Fonte: Informe de Previdência Social, junho de 1999, vol. 11, N.º 06.
É sabido que os indivíduos de maior renda e com vida laboral mais regular
conseguem se aposentar com menor idade. Este comportamento é patente quando se
compara os valores médios de aposentadoria por tempo de serviço e os de aposentadoria
por idade (quase 3 vezes menor). Quando se utiliza um estudo num instante do tempo
para se tirar conclusões sobre o comportamento longitudinal, é necessário assumir
(hipótese mais do que heróica) que as pessoas que permanecem na força de trabalho têm
o mesmo perfil das que saíram. Considerando-se a taxa de saída destas pessoas (ver
gráfico 3 para o contingente de indivíduos na PEA por idade listados na PNAD 96), esta
hipótese necessitaria de uma comprovação externa.
11
Gráfico 3 - PEA - Brasil - 1996
500000
450000
400000
350000
300000
homens!
250000
mulheres
200000
150000
100000
50000
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80
12
Gráfico 4 - Participação na PEA de Grupos Educacionais Selecionados
100%
80%
60% 6
5
4
3
2
40% 1
20%
0%
13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59
13
calculados com a expectativa do Brasil como num todo teriam valores maiores do que
se fosse utilizado uma tábua específica para a população em questão.
- Existe, em média no Brasil, um sub-registro da mortalidade (óbitos não
reportados) da ordem de 26%, fazendo necessárias várias correções, sujeitas a algum
grau de arbítrio (e portanto, questionáveis na Justiça). Como exemplo extremo, no
Maranhão o IBGE estima uma correção de 400%, ou seja, somente 1 em cada 5 óbitos é
registrado. Como a correção diminui a expectativa de vida da tábua e aumenta o valor
do benefício achamos que o procedimento não seria questionado, mas o valor da
correção seria. Lembramos ainda que, o registro depende usualmente da vontade
individual da família do falecido, que pode não ter condições para pagar as taxas
requeridas ou, mesmo ignorar a necessidade legal de fazer o registro (sem mencionar
incentivos perversos de não declaração do óbito para não extinguir o benefício de
aposentadoria ou pensão).
- Assim, as tábuas, quando aplicadas ao cálculo do valor do benefício, podem ser
facilmente questionadas sob o ponto de vista técnico (já que existem vários métodos
para correção na literatura especializada e com resultados ligeiramente diferentes).
A dificuldade pode ser facilmente contornada, calculando-se uma tábua
específica para a população de beneficiários do INSS. Os dados publicados no Anuário
Estatístico da Previdência Social – AEPS, permitem a construção de uma tábua de vida
abreviada (por grupos qüinqüenais), que pode ser expandida para uma tábua completa, a
exemplo do que é feito para a população como um todo. Assumindo-se que as cessações
das aposentadorias por idade e tempo de serviço são exclusivamente por morte8, uma
tábua de vida foi calculada, e os valores obtidos e as diferenças vis a vis os valores para
a população em geral podem ser apreciados na tabela 1.
8
Dentro da lógica atuarial, eventuais fraudes pela não declaração do óbito encareceriam o custo do
benefício e devem, então, ser incorporadas aos cálculos.
14
Tabela 1 - Comparação das esperanças de sobrevida para a população em geral e
para os beneficiários do RGPS
Idade IBGE AEPS Diferença
60 17,29 21,94 27%
65 13,85 18,33 32%
70 10,70 15,32 43%
75 7,98 12,96 62%
80 5,80 11,27 94%
15
As tabelas 2 e 3 apresentam, para homens e mulheres respectivamente, os
ganhos e perdas no valor médio do benefício decorrentes da nova fórmula9, em relação
a situação pré-existente.
Tabela 2 - Ganhos (+) e/ou Perdas (-) do Valor Médio do Benefício sob a Regra
Proposta vis a vis a Regra Pré - Existente – Homens
Tempo de Idade na Aposentadoria
Contribuição 45 50 55 60 65
30 -50,41% -40,41% -27,13% -8,94% 17,04%
31 -48,66% -38,30% -24,56% -5,73% 21,16%
32 -36,19% -21,98% -2,51% 25,29%
33 -34,06% -19,39% 0,72% 29,43%
34 -31,94% -16,80% 3,96% 33,59%
35 -29,80% -14,19% 7,21% 37,76%
36 -27,65% -11,57% 10,48% 41,95%
37 -8,95% 13,75% 46,15%
38 -6,31% 17,04% 50,36%
39 -3,67% 20,33% 54,59%
40 -1,01% 23,64% 58,83%
41 1,65% 26,96% 63,08%
42 30,29% 67,35%
43 33,63% 71,63%
9
Hipótese de que o salário é constante e que o benefício decorrente não é afetado pelo piso do salário
mínimo.
16
Tabela 3 - Ganhos (+) e/ou Perdas (-) do Valor Médio do Benefício sob a Regra
Proposta vis a vis a Regra Pré - Existente - Mulheres
Tempo de Idade na Aposentadoria
Contribuição 40 45 50 55 60 62
25 -67,37% -50,41% -40,41% -27,13% -8,94% 0,26%
26 -66,21% -48,66% -38,30% -24,56% -5,73% 3,79%
27 -46,90% -36,19% -21,98% -2,51% 7,33%
28 -45,13% -34,06% -19,39% 0,72% 10,88%
29 -43,35% -31,94% -16,80% 3,96% 14,45%
30 -41,57% -29,80% -14,19% 7,21% 18,03%
31 -39,78% -27,65% -11,57% 10,48% 21,62%
32 -25,50% -8,95% 13,75% 25,22%
33 -23,34% -6,31% 17,04% 28,83%
34 -21,17% -3,67% 20,33% 32,46%
35 -19,00% -1,01% 23,64% 36,10%
36 -16,81% 1,65% 26,96% 39,75%
37 4,32% 30,29% 43,41%
38 7,00% 33,63% 47,08%
39 9,69% 36,98% 50,77%
40 12,39% 40,35% 54,47%
41 15,10% 43,72% 58,18%
42 47,11% 61,90%
43 50,50% 65,64%
17
de 1997 (vis a vis a legislação vigente) para os homens sob a hipótese de que não haverá
postergação da aposentadoria, é de 33,93% (homens).
No caso das mulheres (tabela 3), as perdas médias no valor do benefício são
similares as sofridas pelos homens, considerando a condição de aumento em cinco anos
(fictícios) no tempo de contribuição para as mulheres para efeito de aplicação do fator
previdenciário. Uma mulher com 50 anos de idade e com um tempo de contribuição de
24 anos teria uma perda de 40,41% no valor médio do benefício, e uma mulher com a
mesma idade, mas com um tempo de contribuição de 30 anos teria uma perda de
29,80%. Um ponto que deixaria, aproximadamente, sem perdas ou ganhos o valor
médio do benefício seria 58,5 anos de idade combinada com um tempo de contribuição
de 30 anos, pois é justamente nesse ponto onde o ganho seria próximo de zero (valor de
benefício basicamente igual). Para as mulheres, a perda média no valor do benefício é
bem maior que para os homens: 43,92%.
Para as aposentadorias por idade, na hipótese mínima de elegibilidade (15 anos
de contribuição para homens e mulheres e, respectivamente 65 e 60 anos de idade), caso
o fator previdenciário fosse aplicado, as perdas seriam: 40,40% para as mulheres e
43,04% para os homens (ver tabela 4). Deve-se, porém, considerar que, como o valor
médio do salário de contribuição é bem baixo para os indivíduos elegíveis para este
benefício (67% dos benefícios concedidos em 1997 eram inferiores a 2 SM), a perda
não seria desta monta, pois esbarrar-se-ia no valor mínimo para os benefícios. Além
disso, o Art. 7º da Lei define que a aplicação ou não do fator depende da escolha do
segurado, o que por definição elimina as perdas e a descontinuidade. Podemos verificar,
então, que para os homens abaixo de 26 anos de contribuição e para mulheres abaixo de
28 anos, é mais vantajoso não aplicar o fator previdenciário. É óbvio também que se
houver algum impacto da Lei nos gastos por idade, este impacto será o de aumentar os
gastos referentes a este benefício. Como o AEPS não disponibiliza nenhuma tabela
cruzando tempo de serviço na data de aposentadoria por idade, não é possível
quantificar o montante da diferença (que deve ser pequena pois basicamente só inclui
homens aposentando-se por idade com mais de 26 anos de serviço na DIB10 e mulheres
com mais de 28 anos de serviço).
10
Data de Início do Benefício.
18
Tabela 4 - Ganhos (+) e/ou Perdas (-) do Valor Médio do Benefício sob a Regra
Proposta vis a vis a Regra Pré Existente– Homens e Mulheres
(aplicação do fator para aposentadoria por idade)
Tempo de Mulheres Homens
Contribuição 60 65
15 -40,40% -43,04%
16 -37,31% -39,13%
17 -34,20% -35,21%
18 -31,08% -31,28%
19 -27,95% -27,33%
20 -24,81% -23,36%
21 -21,66% -19,38%
22 -18,49% -15,39%
23 -15,32% -11,39%
24 -12,13% -7,37%
25 -8,94% -3,33%
26 -5,73% 0,71%
27 -2,51% 4,77%
28 0,72% 8,85%
29 3,96% 12,94%
30 7,21% 17,04%
31 10,48% 21,16%
32 13,75% 25,29%
33 17,04% 29,43%
34 20,33% 33,59%
35 23,64% 37,76%
11
Adotando-se as mesmas hipóteses quanto aos salários e, ainda:
a) Taxa de desconto/capitalização = 3% a.a. (real)
b) Alíquotas de contribuição = 26% descontando as provisões para contingências não
programáveis, como morte, doença e invalidez (5% sobre o salário).
c) Esperança de vida da população, utilizando a mesma tabela do exemplo distribuído pelo
MPAS.
19
Tabela 5 - Ganhos (+) e/ou Perdas (-) do Valor Médio do Benefício sob a Regra
Proposta vis a vis o Atuarialmente Justo - Homens
Tempo de Idade na Aposentadoria
Contribuição 45 50 55 60 65
30 -24,72% -18,10% -11,10% -3,77% 3,84%
31 -25,76% -19,24% -12,35% -5,12% 2,37%
32 -20,38% -13,59% -6,47% 0,91%
33 -21,51% -14,82% -7,81% -0,54%
34 -22,64% -16,05% -9,14% -1,98%
35 -23,76% -17,27% -10,47% -3,42%
36 -24,87% -18,48% -11,78% -4,84%
37 -19,68% -13,09% -6,26%
38 -20,88% -14,39% -7,66%
39 -22,06% -15,67% -9,05%
40 -23,23% -16,95% -10,43%
41 -24,40% -18,21% -11,80%
42 -19,46% -13,15%
43 -20,71% -14,50%
Tabela 6 - Ganhos (+) e/ou Perdas (-) do Valor Médio do Benefício sob a Regra
Proposta vis a vis o Atuarialmente Justo - Mulheres
Tempo de Idade na Aposentadoria
Contribuição 40 45 50 55 60 62
25 -11,78% -2,36% 6,23% 15,30% 24,81% 28,71%
26 -13,49% -4,26% 4,15% 13,04% 22,36% 26,18%
27 -6,10% 2,15% 10,86% 19,99% 23,73%
28 -7,88% 0,21% 8,74% 17,70% 21,36%
29 -9,61% -1,68% 6,69% 15,47% 19,06%
30 -11,29% -3,52% 4,69% 13,30% 16,82%
31 -12,93% -5,30% 2,75% 11,19% 14,64%
32 -7,05% 0,85% 9,13% 12,52%
33 -8,74% -1,00% 7,12% 10,45%
34 -10,40% -2,80% 5,16% 8,43%
35 -12,02% -4,57% 3,25% 6,45%
36 -13,61% -6,29% 1,38% 4,52%
37 -7,98% -0,45% 2,63%
38 -9,63% -2,25% 0,78%
39 -11,25% -4,00% -1,04%
40 -12,84% -5,73% -2,81%
41 -14,40% -7,41% -4,55%
42 -9,07% -6,26%
43 -10,69% -7,94%
20
Constata-se que, segundo uma conta atuarial razoável, as perdas do valor dos
benefícios em relação à regra anterior, seriam bastante menores quando comparadas
aquelas obtidas pela aplicação do fator previdenciário. Por exemplo, para os homens
com 50 anos de idade e 30 anos de contribuição a perda seria de 18,10% (para a regra
proposta a perda é de 40,41%). Com 35 anos de contribuição a perda seria de 23,76%
(regra proposta 29,80%). A perda média calculada para os homens seria de 21,09%.
A perda média no valor dos benefícios para as mulheres seria de 4,90%, bem
menor ao valor calculado para o caso de aplicação do Fator (43,92%). A definição de
atuarialmente justo, obviamente, não é feita com qualquer taxa de desconto para
equalizar os valores presentes das contribuições e dos benefícios. Qualquer que sejam
os períodos e os valores das contribuições e benefícios, existe sempre uma taxa de
retorno que torna os dois valores presentes iguais. Na aproximação utilizada, ao
considerar os pagamentos pelo período da sobrevida, basta que se determine a taxa i que
satisfaça a equação:
Id − 1 Id + Es
∑ c /( 1 + i ) ( j − Id + Tc ) = (1 + i ) ∑ b /( 1 + i )
− Tc ( j − Id )
j = Id − Tc j = Id
(c − c /( 1 + i ) ) = (1 + i ) (b − b /( 1 + i )
Tc
− Tc
( Es + 1 )
)
i i
onde, em ambos os termos da igualdade, a referência é a data (ou idade) de entrada no
mercado de trabalho. No termo da direita, o somatório calcula o valor dos benefícios na
data da concessão, que é então, trazido à data de entrada no mercado de trabalho. Os
termos na equação (seguindo a notação introduzida no fator previdenciário) são:
Tc = Tempo de Contribuição;
Id = Idade de aposentadoria;
Es = Esperança de Sobrevida à idade de aposentadoria;
c = Valor da Contribuição (igual ao produto do salário de contribuição e a alíquota); e
b = Valor do Benefício (calculado utilizando-se o fator previdenciário).
As tabelas 7 e 8 e os gráficos 5 e 6 apresentam os valores das taxas de retorno
implícitas com os benefícios calculados, utilizando-se o fator previdenciário e valores
constantes de contribuição e benefício, respectivamente para o sexo masculino e
feminino. Na região correspondente a aposentadoria proporcional12, as taxas de retorno
12
Somente os indivíduos já participando do mercado de trabalho à época da promulgação da emenda
constitucional podem ainda requerer este benefício, e mesmo assim com um pedágio de 40% no tempo
21
para os homens variam de 0,26% a 2,28%, dependendo da idade e do tempo de
contribuição, mas são crescentes com o tempo de contribuição (incentivo positivo para a
postergação). Para as mulheres, os valores variam de 0,78% a 3,34%. Estes valores
serão, obviamente, menores se considerarmos o pedágio de 40% definido nas
disposições transitórias da emenda constitucional, podendo inclusive chegar a valores
negativos. Na região correspondente a aposentadoria integral (tempo de contribuição
acima de 35 anos para os homens e de 30 anos para mulheres), para uma dada idade, as
taxas de retorno diminuem como função do tempo de contribuição o que caracteriza um
incentivo perverso (quanto menos tempo se trabalhou, maior a taxa de retorno dada a
sua contribuição). Dada uma idade de aposentadoria, ter trabalhado mais tempo não
implica numa taxa de desconto maior. É verdade que esta taxa de desconto aumenta
com a idade de aposentadoria, mas neste caso o incentivo seria apenas de entrar mais
tardiamente no mercado de trabalho. O incentivo/desincentivo de adiar a aposentadoria
funciona de maneira distinta para homens e mulheres. Enquanto que os homens têm um
incentivo (pelo menos teoricamente) de, uma vez elegível para o benefício integral,
adiar a sua aposentadoria (já que a taxa de retorno aumenta com a postergação), o
inverso acontece com as mulheres. Por exemplo uma mulher com 55 anos e 30 anos de
serviço tem uma taxa de retorno implícita de 2,56%. Adiando em cinco anos a entrada
em gozo de benefício diminui a sua taxa de retorno para 2,52%. Adiando mais cinco
anos a taxa cai para 2,49% e com a idade de 70 anos e 45 de contribuição, a taxa passa a
ser 2,45%. A variação è de pequena monta, mas caracteriza não só tratamento
diferenciado entre os sexos, como incentivos/desincentivos de sinais opostos.
Tabela 7 - Taxa de Retorno Implícita no Fator Previdenciário - Homens
Tempo de Idade na Aposentadoria
Contribuição 45 50 55 60 65 70
30 0,26% 0,39% 0,54% 0,71% 0,90% 1,10%
31 0,69% 0,85% 1,04% 1,24% 1,46%
32 0,95% 1,13% 1,33% 1,54% 1,77%
33 1,18% 1,37% 1,58% 1,81% 2,05%
34 1,39% 1,59% 1,80% 2,04% 2,28%
35 1,57% 1,78% 2,00% 2,24% 2,49%
40 1,65% 1,85% 2,05% 2,27%
45 1,72% 1,90% 2,08%
remanescente para a elegibilidade. Os cálculos foram feitos sem o dito pedágio, já que este deve variar,
dependendo do tempo de contribuição já decorrido para o indivíduo específico. Levando-se em conta o
pedágio as taxas de retorno deverão ser menores do que as calculadas.
22
Gráfico 5 - Taxa Implícita de Retorno do Benefício Utilizando o Fator Previdenciário - Por
Tempo de Contribuição para Diferentes Idades na Data da Aposentadoria - Homens
3,0%
2,0%
Idade
70
1,5%
65
60
55
1,0%
50
45
0,5%
Tempo de Contribuição
23
Gráfico 6 - Taxa Implícita de Retorno do Benefício Utilizando o Fator Previdenciário - Por
Tempo de Contribuição para Diferentes Idades na Data da Aposentadoria - Mulheres
4,0%
3,0%
Idade
2,5%
70
65
2,0%
60
55
1,5%
50
1,0% 45
40
0,5%
aposentadoria por tempo de contribuição
proporcional
0,0%
20 25 30 35 40 45 50
Tempo deContribuição
24
4. Comentários Finais
25
5 - Bibliografia:
26