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11 TÓPICOS IMPORTANTES

SOBRE AS MUDANÇAS
FEITAS PELA EC 103/19

TELEGRAM
DO
PROF. FRED
MARTINS

MATERIAL GRATUITO
COMERCIALIZAÇÃO NÃO
AUTORIZADA

@prof.fredericomartins
1

Olá, vamos aprender hoje sobre a Emenda Constitucional 103?

Preparei uma síntese para você que é meu seguidor no Instagram e está
aqui neste grupo seleto do @prof.fredericomartins do TELEGRAM.

Existem muitos assuntos e pormenores que devem ser abordados sobre


as mudanças da Emenda Constitucional 103. Hoje, contudo, quero dar um panorama
geral para você que, talvez, ainda esteja perdido sobre tantas alterações importantes.

Para ficar bem didático e objetivo, vou alinhar minha exposição por meio
de TÓPICOS-SÍNTESE, indicando em cada um deles a mudança que foi provocada pela
última reforma previdenciária. Para fins de organização de ideias inicias sobre a Emenda
103, meu objetivo é que, por meio da apresentação desses “tópicos-sínteses”, vocês
possam entender as PREMISSAS e os PROPÓSITOS que embasaram e justificaram tantas
alterações. Nesse primeiro momento, vamos abordar apenas os tópicos-síntese
relacionados ao regime geral de previdência social, ok?

Então, vamos lá!

1º TÓPICO-SÍNTESE (CONVERGÊNCIA ENTRE REGIMES): é inequívoco


que há e haverá convergência cada vez mais crescente entre regimes,
de sorte que os RPPS´s ainda existentes, até que seja extintos (pois
serão extintos), aproximaram-se sobremaneira do RGPS.

2º TÓPICO-SÍNTESE (AMENIZAÇÃO DO DÉFICIT): a reforma visou à


amenização do déficit da previdência, em todos os regimes (no RGPS,
no RPPS e nos regimes militares). Todavia, cabe frisar que não é
possível acabar totalmente com o déficit em um sistema de
repartição simples, baseado tão somente na solidariedade, porque é
inevitável que em algum momento no futuro a tabela demográfica,
as taxas de natalidade e, bem assim, as taxas de mortalidade,
pressionarão para baixo o equilíbrio financeiro e atuarial de um
sistema composto por um fundo único. Portanto, o sistema de
repartição simples de um fundo único previdenciário é fadado a ter
déficit. As mudanças demográficas exercem uma pressão muito
grande no déficit da previdência. Em verdade, não se trata de um
problema apenas do Brasil. O mundo todo vive esse dilema quando há
um regime solidário de repartição simples. Veja que a taxa de
fecundidade no Brasil, em 1960, era de 4,1 filhos por casal e em 2020
é de 1,8, o que diminui o número da população economicamente ativa
e, consequentemente, o número de contribuintes ativos da
previdência social. Em 2020, a expectativa de sobrevida ficou próxima
dos 18 anos, ou seja, o brasileiro pode viver em média 18 anos a mais,
a partir de 65 anos, no Brasil todo. Isso significa que a previdência terá
que custear 18 anos de prestações previdenciárias do brasileiro, na
média da expectativa acima. Lembre-se que no RGPS não há
contribuição previdenciária vertida por aposentados e pensionistas,

@PROF.FREDERICOMARTINS
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tal como ocorre desde a EC 41/03 para os servidores públicos. A


conclusão, então, disso é que nós estamos vivendo mais, de modo
que, por mais que não pareça tanto, é fato que a qualidade de vida
dos adultos e idosos está aumentando, de um modo geral. E por isso
que a razão que se extrai entre a quantidade de idosos e quantidade
de jovens é cada vez maior. Mais idosos recebendo prestações
previdenciárias, menos jovens contribuindo para manter o sistema de
pé. Veja, ainda, que nós temos um gasto público enorme com o
benefício assistencial ao idoso, ao deficiente, bem como com o
salário-família e, bem assim, com o programa bolsa-família1, que é
pago por cotas tomando por base o número de filhos. Já quanto aos
rurais, já vimos no nosso curso o quanto os benefícios da previdência
dos trabalhadores campesinos são de índole assistencial, porque na
prática as contribuições sobre a receita da comercialização de suas
produções não existem. Cabe registar que, por conta desse aspecto
prático, a previdência rural possui e sempre possuiu um déficit
financeiro e atuarial significativo. De outro lado, importante perceber
que hoje em dia também há déficit na previdência urbana, o que há
pouco tempo atrás não existia. A previdência rural, contudo, continua
sendo a campeã do desequilíbrio do sistema.

3º TÓPICO-SÍNTESE (PROTEÇÃO DO DIREITO ADQUIRIDO E DA


EXPECTATIVA DE DIREITO): a reforma não se afastou da proteção da
garantia fundamental dos direitos adquiridos. Além disso, protegeu
expectativas de direito. Não se olvida que regras de transição,
contudo, podem ser superadas em uma nova reforma, tal como
ocorreu com essa (pois a EC 103 revogou todas as normas de
transição dadas pelas reformas previdenciárias anteriores). De todo
modo, essa eventual revogação somente será aceita, de acordo com
o STF, se não houver já se constituído um direito adquirido daquela
expectativa ou, caso contrário, se não houver violação à
razoabilidade, à justa expectativa e à proteção da confiança legítima.
Essa proteção, devo dizer, é casuística mesmo. Não dá, de antemão,
para dizer o que será razoável ou não razoável se uma outra Emenda
vier e revogar as atuais regras de transição. Isso deverá ser visto caso
a caso. Quanto à forma pela qual as regras de transição atuais forma
criadas no âmbito da reforma da previdência, previu-se que as pessoas
que estivessem mais próximo da idade de se aposentar, pelo regime
antigo, deverão ter regras de transição mais brandas do que aquelas
que estavam mais longe do preenchimento de todos os requisitos.

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Lembre-se: salário família é benefício previdenciário, enquanto que o bolsa-família é benefício
assistencial. Ambos são destinados à famílias de baixa renda, mas o bolsa-família possui clientela situada
na zona de pobreza e de extrema pobreza. Além disso, o salário-família exige a condição de filiação ao
RGPS, enquanto que o bolsa-família não. O salário-família é tratado na Lei n. 8.213/91, nos artigos 65 e
seguintes, enquanto que o bolsa-família é previsto na Lei n. 10.836/2004.

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4º TÓPICO-SÍNTESE (DO FORTALECIMENTO DA FISCALIZAÇÃO): a EC


103 continua na saga normativa (re)iniciada pela Medida Provisória n.
871, de 18 de janeiro de 2019, convertida na Lei n. 13.846/2019, que
instituiu o “Programa Especial para Análise de Benefícios com
Indícios de Irregularidade”. Para reforçar esse programa, a Emenda
103 determinou a instituição, pela União de “sistema integrado de
dados”, entre os regimes previdenciários próprios, geral e militares.
Veja você mesmo a redação, nesse sentido, do art. 12, da EC 103:

Art. 12. A União instituirá sistema integrado de dados relativos às


remunerações, proventos e pensões dos segurados dos regimes de
previdência de que tratam os arts. 40, 201 e 202 da Constituição
Federal, aos benefícios dos programas de assistência social de que
trata o art. 203 da Constituição Federal e às remunerações, proventos
de inatividade e pensão por morte decorrentes das atividades
militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal, em
interação com outras bases de dados, ferramentas e plataformas, para
o fortalecimento de sua gestão, governança e transparência e o
cumprimento das disposições estabelecidas nos incisos XI e XVI do art.
37 da Constituição Federal.

§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e os


órgãos e entidades gestoras dos regimes, dos sistemas e dos
programas a que se refere o caput disponibilizarão as informações
necessárias para a estruturação do sistema integrado de dados e
terão acesso ao compartilhamento das referidas informações, na
forma da legislação.

§ 2º É vedada a transmissão das informações de que trata este artigo


a qualquer pessoa física ou jurídica para a prática de atividade não
relacionada à fiscalização dos regimes, dos sistemas e dos programas
a que se refere o caput.

5º TÓPICO-SÍNTESE (FIXAÇÃO DE IDADE MÍNIMA PARA


APOSENTADORIA): a reforma, finalmente, impôs idade mínima para
se aposentar. E perceba que não há como se falar, absolutamente,
em qualquer traço de inconstitucionalidade na imposição de idade
mínima para se aposentar, porque a Constituição do Brasil e muito
clara no sentido de proteger a idade avançada:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime


Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação
obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

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I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade


avançada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
1998)

I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente


para o trabalho e idade avançada; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)

Então, obviamente, uma aposentadoria deve mesmo ter idade


mínima para que haja a correspondente cobertura previdenciária, pois
se assim não for não se estará cobrindo a “idade avançada” indicada
pelo Constituinte. Sobre a idade mínima, desde a EC 20/98 que se
intentava sua implementação normativa no âmbito do RGPS. As
idades mínimas fixadas foram de 62 anos para mulheres e 65 para
homens. Ao lado disso, também há a consideração distinta do tempo
de contribuição entre homens e mulheres. Esse tempo de
contribuição será previsto por lei ordinária, mas enquanto ela não for
editada, valerá a norma transitória do art. 19, da Emenda 103:

Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se
refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o segurado
filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado aos 62
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco)
anos de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de
contribuição, se mulher, e 20(vinte) anos de tempo de contribuição,
se homem.

Portanto, na regra atual de aposentadoria no RGPS, tem-se, além da


idade, a redução do tempo de contribuição, também, para as
mulheres. Somente há tempo de contribuição igual entre homens e
mulheres no RGPS, para a obtenção de aposentadoria na regra de
transição prevista no art. 18, da EC 103:

Art. 18. O segurado de que trata o inciso I do § 7º do art. 201 da


Constituição Federal filiado ao Regime Geral de Previdência Social até
a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderá
aposentar-se quando preencher, cumulativamente, os seguintes
requisitos:

I - 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos


de idade, se homem; e

II - 15 (quinze) anos de contribuição, para ambos os sexos.

§ 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de 60 (sessenta) anos


da mulher, prevista no inciso I do caput, será acrescida em 6 (seis)
meses a cada ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade.

@PROF.FREDERICOMARTINS
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§ 2º O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apurado


na forma da lei.

Abaixo um esquema gráfico para você se lembrar dessa diferença


quanto ao tempo de contribuição mínimo:

15 anos para
ambos os sexos:
regra de transição
Tempo de do art. 18, EC 103
contribuição para
aposentadoria no
RGPS

15 anos
(MULHERES) e 20
anos (HOMENS):
filiados ao RGPS
após a EC 103

6º TÓPICO-SÍNTESE (RESTRIÇÃO ÀS APOSENTADORIAS “ESPECIAIS”):


a reforma visou restringir ao máximo as aposentadorias especiais,
especialmente aquelas referentes às atividades realizadas com
exposição a agentes nocivos, físicos, químicos ou biológicos. De outro
lado, a reforma manteve as aposentadorias especiais das categorias
dos professores e dos policiais. Cabe frisar que aqui me refiro ao termo
“aposentadoria especial” apenas para fins didáticos, isto é, para que
tenhamos discriminadas aquelas categorias que possuem algum tipo
de requisito mais vantajoso, diverso do regramento geral. É que a
jurisprudência já se manifestou de modo pacífico no sentido de que
os professores não possuem direito à aposentadoria especial. Essa
discussão, por exemplo, foi abordada no julgamento do TEMA 1091,
do Supremo Tribunal Federal, que definiu a constitucionalidade do
fator previdenciário, devendo o mesmo ser aplicado também nas
aposentadorias dos professores, de sorte que a natureza do benefício
de aposentadoria dessa categoria não foge da regra comum e não se
considera tal atividade como penosa (ver, também, TEMA 772, que
entendeu incabível a conversão de tempo especial em comum, quanto
aos professores, a partir da Emenda 18/81, editada ainda na vigência
da Constituição de 1967). Quanto às aposentadorias especiais
“estrito senso”, ou seja, aquelas nas quais o trabalhador fica exposto
a agentes nocivos, um projeto de lei complementar vai tratar delas,
mas enquanto isso não ocorrer é o art. 19, da Emenda 103, como
norma transitória, que vai cuidar do assunto:

@PROF.FREDERICOMARTINS
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Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se
refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o segurado
filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data de entrada
em vigor desta Emenda Constitucional será aposentado aos 62
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco)
anos de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo de
contribuição, se mulher, e 20(vinte) anos de tempo de contribuição,
se homem.

§ 1º Até que lei complementar disponha sobre a redução de idade


mínima ou tempo de contribuição prevista nos §§ 1º e 8º do art. 201
da Constituição Federal, será concedida aposentadoria:

I - aos segurados que comprovem o exercício de atividades com


efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais
à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação, durante, no mínimo, 15 (quinze),
20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, nos termos do disposto nos arts.
57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, quando cumpridos:

a) 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se tratar de atividade


especial de 15 (quinze) anos de contribuição;

b) 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se tratar de atividade


especial de 20 (vinte) anos de contribuição; ou

c) 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de atividade especial


de 25 (vinte e cinco) anos de contribuição;

II - ao professor que comprove 25 (vinte e cinco) anos de contribuição


exclusivamente em efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio e tenha 57
(cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos de
idade, se homem.

§ 2º O valor das aposentadorias de que trata este artigo será apurado


na forma da lei.

7º TÓPICO-SÍNTESE (ALTERAÇÃO NA REGRA DE CÁLCULOS DOS


BENEFÍCIOS): a reforma visou à alteração significativa da regra de
cálculo dos benefícios previdenciários. Diante da nova regra de
cálculo do salário de benefício, estatuída atualmente pelo art. 26,
caput, da Emenda 103, como norma transitória, a renda mensal
inicial partirá sempre de 60% da média de 100% de todo o período
contributivo desde julho de 1994, ou da última competência
recolhida, caso a filiação tenha se dado após aquela competência.
Vejamos:

@PROF.FREDERICOMARTINS
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Art. 26. Até que lei discipline o cálculo dos benefícios do regime
próprio de previdência social da União e do Regime Geral de
Previdência Social, será utilizada a média aritmética simples dos
salários de contribuição e das remunerações adotados como base
para contribuições a regime próprio de previdência social e ao Regime
Geral de Previdência Social, ou como base para contribuições
decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142
da Constituição Federal, atualizados monetariamente,
correspondentes a 100% (cem por cento) do período contributivo
desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição,
se posterior àquela competência.

Não há mais descarte dos 20% das menores contribuições, embora o


segurado possa descartar as contribuições que resultem em redução
do valor do benefício, desde que mantido o tempo mínimo de
contribuição exigido. Isso consta, hoje, do §6º, do art. 26, da EC 103:

§ 6º Poderão ser excluídas da média as contribuições que resultem em


redução do valor do benefício, desde que mantido o tempo mínimo
de contribuição exigido, vedada a utilização do tempo excluído para
qualquer finalidade, inclusive para o acréscimo a que se referem os §§
2º e 5º, para a averbação em outro regime previdenciário ou para a
obtenção dos proventos de inatividade das atividades de que tratam
os arts. 42 e 142 da Constituição Federal.

7º TÓPICO-SÍNTESE (PENSÃO POR MORTE A SER PAGA POR MEIO DO


SISTEMA DE COTAS): como pano de fundo da alteração da regra de
cálculo e, bem assim, de outras regras, tais como as relativas à pensão
por morte, que agora é paga por meio do sistema de cotas, a reforma
visou fundamentalmente a redução considerável do valor da RMI
dos benefícios previdenciários. O objetivo, perceba bem, é fazer com
que a maioria dos benefícios previdenciários pagos no âmbito do
RGPS seja de 1 salário mínimo ou algo muito perto disso. Veja o caso,
por exemplo, do segurado que se aposenta por invalidez. Como vimos,
antes da reforma a RMI do benefício de invalidez – agora chamado de
aposentadoria por incapacidade permanente - era de 100% do SB –
salário de benefício. Já após a reforma, a RMI deste mesmo benefício
partirá de 60% do SB (salvo se decorrer de acidente de trabalho,
doença profissional ou doença do trabalho), e com o agravamento de
que esse SB será obtido não mais com base nos 80% maiores salários
de contribuição do PBC (período básico de cálculo), mas sim 100%.
Ora, se é 100%, é muitíssimo provável que a média dos salários de
contribuição considerados caia, quando comparada com a média
obtida na sistemática anterior. Ah, professor, mas você não disse que
poderão ser excluídas da média as contribuições que resultem em
redução do valor do benefício? Poder, pode. Será possível excluir, sim,
da média as contribuições que resultarem na redução do valor da
média do PBC. Essa é a parte boa. Mas tem a parte ruim, também.

@PROF.FREDERICOMARTINS
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Quer saber? Bom, a parte ruim é que se houver a exclusão das


contribuições do PBC, a fim de que a média do SB aumente, o
segurado não poderá usar de novo essas contribuições excluídas
para qualquer outra finalidade, tampouco para o acréscimo de 2%
no coeficiente de cálculo da RMI (incidentes a cada ano que
ultrapasse o mínimo de 20 anos de contribuição, se homens, e 15
anos, se mulheres). Também não poderá usar as contribuições
excluídas para eventual contagem recíproca, caso queira no futuro
averbar o seu tempo de contribuição em outro regime previdenciário
(próprio ou militar).

Então, veja só, não é tão bom quanto parece. Com isso,
invariavelmente, haverá redução do valor dos benefícios
previdenciários.

Grave bem: o Constituinte quis que os benefícios da previdência


social, especialmente os do RGPS, sejam de 1 salário mínimo. E assim
o fez não por expressa determinação literal nesse sentido. Não há nas
novas normas do RGPS nenhum dispositivo imperativo que diga que
“todos os benefícios deverão ser pagos apenas no patamar de 1 salário
mínimo”. Mas isso foi atingido (ou quase atingido) por via indireta, por
meio das regras de cálculo. Os matemáticos, contabilistas e cientistas
atuariais foram muito eficazes no auxílio do Constituinte para que a
reforma culminasse nessa grande transformação, que repercutirá, e
muito, nos gastos públicos com a previdência.

8º TÓPICO-SÍNTESE (EQUIPARAÇÃO ENTRE REGRAS DE CÁLCULO DO


RPPS e RGPS): a reforma almejou a equiparação de regras entre o
RGPS e os RPPSs, como vimos até aqui, com regras de cálculo iguais,
com vedações à cumulação de pensão por morte, com idades mínimas
exigidas igualmente para a concessão de aposentadoria.

9º TÓPICO-SÍNTESE (VALORIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA


COMPLEMENTAR): a reforma intentou a valorização da previdência
complementar, seja ela fechada ou aberta. A lógica é tornar a
previdência pública de salário mínimo e prestigiar a previdência
complementar, aberta ou fechada, de acordo com cada categoria.
Fazer com que elas sejam geridas pelo mercado financeiro.

10º TÓPICO-SÍNTESE (A PRIVATIZAÇÃO DE BENEFÍCIOS NÃO


PROGRAMADOS): a reforma permitiu a privatização dos benefícios
não programados, por meio de cobertura concorrente da iniciativa
privada. No futuro, provavelmente, os riscos previdenciários do
trabalho serão inteiramente cobertos por seguradoras privadas e,
para a previdência pública, restará apenas o pagamento das
aposentadorias.

@PROF.FREDERICOMARTINS
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11º TÓPICO-SÍNTESE (REVOGAÇÃO DE REGRAS DE TRANSIÇÃO


ANTERIORES): as regas de transição anteriores foram revogadas.
Todas elas. Não cabe mais falar em nenhuma regra de transição das
Emendas Constitucionais n. 20, 41 e 47. Somente há regras de
transição na EC 103, de agora em diante.

12º TÓPICO-SÍNTESE (AUMENTO DA ARRECADAÇÃO): ao lado da


redução das despesas com o pagamento dos benefícios, a reforma
buscou o aumento da arrecadação tributária. Com isso, houve o
aumento das alíquotas e, bem assim, a instituição da incidência
progressiva. Ao lado disso, outro fator significativo de aumento da
arrecadação é a criação da contribuição extraordinária, que será
cobrada quando houver déficit atuarial. Mas, como se sabe, o déficit
já existe. Então é uma questão de tempo, apenas, para que essa
contribuição seja cobrada, o que coloca em xeque até mesmo sua
constitucionalidade, já que de extraordinária não tem nada.

Essas, meus queridos amigos, são informações pontuais, apenas para termos uma
noção situacional do panorama de alterações promovidas pela Emenda 103. Existem outras
mudanças, claro, mas quis dar um breve resumo para você aqui daquilo que considero
importante, em um primeiro momento. Espero ter ajudado!

Um grande abraço,

Prof. Frederico Martins.


Juiz Federal
Prof. Dir. Previdenciário

@PROF.FREDERICOMARTINS

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