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A GRANDE RENÚNCIA: AS TRANSFORMAÇÕES NO MERCADO DE TRABALHO

PÓS-PANDÊMICO E SUAS IMPLICAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

Marciel Antônio de Sales1

1 INTRODUÇÃO

A pandemia de Covid-19 impulsionou um movimento mundial, já existente e


conhecido, mas que ganhara expressividade singular nos últimos anos, promovendo uma
verdadeira alteração no mercado de trabalho e, consequentemente, no direito securitário, com
ênfase no direito previdenciário público, destacando-se sob a denominação de “Great
Resignation”, caracterizado pela formulação de pedidos voluntários de demissões em massa.
No Brasil, “A Grande Renúncia”, apesar de mais restrito, privilegia pessoas com
maiores níveis de escolaridade, logo, pessoas mais jovens, que desenvolvem atividades que
podem ser realizadas remotamente, ligados a área de tecnologia, segundo dados constantes na
Nota Técnica: “A “Great Resignation” chegou ao Brasil? Uma radiografia dos desligamentos
voluntários no país”, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN)2.
A experiência do trabalho remoto no período de pandemia, aliado ao uso das
ferramentas tecnológicas de comunicação, possibilitaram a exploração de uma variedade de
opções de trabalho em qualquer parte do mundo, estimulando diretamente à mudança de
trabalho e emprego, carreira e profissão, sem olvidar da ausência de queda ou aumento da
produtividade laboral.
Outros fatores alinham-se ao perfil dos renunciantes, tais como desmotivação e
insatisfação com ambiente de trabalho e carreira profissional, sem olvidar do esgotamento
físico e mental associado a jornadas de trabalhos estressantes, deslocamentos urbanos,
ausência de lazer e flexibilidade para consorciar as jornadas de trabalho às demandas pessoais
e familiares, ou seja, sociais.
Outrossim, o perfil das novas composições familiares, formado geralmente por
pessoas que residem sós ou em casais, com poucos filhos, com maior independência
financeira, indicam uma desobrigação com o provimento de necessidades de outros
componentes do grupo familiar, possibilitando a migração entre postos de trabalho sem
impactos sociais negativos nas respectivas famílias.

1
Graduado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande. Graduado em
Ciências Contábeis pela UERN. Especialista em Direito Previdenciário pela Universidade Gama Filho.
Especialista em Gestão Pública Municipal (UERN) e Mestrando em Direito (UFERSA).
2
www.firjan.com.br/publicacoes
Entretanto, no Brasil, surgira um problema associado ao movimento da renúncia
voluntária aos postos de trabalho formais, vinculado essencialmente à segurança
previdenciária atual e prospecta dos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS), bem como, à solidariedade financeira do referido regime, uma vez que a previdência
social possui regras próprias para caracterização da condição de segurado obrigatório,
manutenção e recuperação da qualidade de segurado, sem esquecer das demais normas
especificas, inclusive acerca de períodos de carências.
Dessa forma, a importância da presente análise resta clarividentemente justificada,
haja vista que o movimento denominado de “a Grande Renúncia”, promovera alterações
imediatas e permanentes nas relações laborais, implicando no aumento do número de
trabalhadores informações perante a Previdência Social, uma vez que uma das opções
invocadas é o empreendedorismo na condição agentes prestadores de serviços intermediários
através da “pejotização”, por exemplo, figurando-se junto a Previdência Social como
contribuintes individuais, obrigados à arrecadação e ao recolhimento de suas próprias
contribuições.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos dados constantes da Síntese de Indicadores
sociais: Estrutura Econômica e Mercado de Trabalho 3, revela, considerando a séria temporal
pesquisada compreendendo o interregno de 2012 a 2020, que em média 63,5% (setenta e três
e meio por cento) dos trabalhadores por conta própria e empregadores, não recolhem
contribuição previdenciária.
Dessa forma, no Brasil a migração de trabalhadores, apesar das justificativas
apontadas e das láureas às iniciativas, representa um risco, uma vez que o contingente
renunciante migra da formalidade, com a existência de imposição de obrigações ao
empregador pela arrecadação e recolhimento das contribuições previdenciárias, para assunção
própria dessa obrigação principal, implicando no tolhimento, muitas vezes involuntário, da
contributividade previdenciária, e consequentemente na perda da proteção previdenciária
contra os riscos sociais capitulados no artigo 201, da Constituição Federal.
Nesse contexto, a presente investigação busca evidenciar que as alterações
contemporâneas nas relações do mercado de trabalho, à exemplo da “Grande Renúncia”
descortinam a realidade da ausência de mecanismos protetivos securitários, uma vez que os

3
Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/educacao/9221-sintese-de-indicadores-
sociais.html?=&t=resultados, Tabela 1.26.

2
trabalhadores migram diretamente da formalidade para informalidade, incorrendo na assunção
de obrigações previdenciárias próprias, não as honrando, o que implica necessariamente na
perda da proteção previdenciária, demonstrando-se, dessa maneira, que a Previdência Social
não dispõe ainda de mecanismos eficazes de acompanhamento do cumprimento das
obrigações previdenciárias próprias assumidas pelos trabalhadores por conta própria e
empregadores, chancelando o não recolhimento das contribuições previdenciárias.
Finalmente, nessa seara, resta evidenciar que as alterações das relações laborais no
mercado de trabalho fragilizam a proteção previdenciária dos trabalhadores em decorrência da
ausência de mecanismos de segurança social, principalmente, previdenciários, consentâneos
com o modelo econômico, do mercado de trabalho, que combine disposições contratuais
flexíveis, que facilitem novas contratações e despedimentos, exequíveis através de políticas
ativas de formação e de criação de emprego, e, necessariamente, sejam associados aos
instrumentos de proteção previdenciária, assegurando a liberdade de atuação laboral e
profissional sem descuidar da plena vinculação ao segmento de Previdência Social.
Para tanto, a presente pesquisa dogmática se personificou através de um enfoque
empírico quantitativo, abordando as alterações contemporâneas do mercado de trabalho,
dinamizadas pela pandemia de Covid-19, associadas à fragilização da proteção previdenciária
dos trabalhadores por conta própria e empregadores que impulsionados pela “A Grande
Renúncia”, migram para informalidade, não promovendo a arrecadação de suas próprias
contribuições previdenciárias, desdobrando-se metodologicamente na exposição e análise da
ausência de segurança social condizentes com os novos paradigmas do mercado de trabalho.
Por sua vez, o Método de abordagem usado para fins estabelecidos para a investigação
pretendida fora o sistêmico, considerando que se buscara compreender a construção do
conhecimento a partir da realidade pesquisada alusiva ao direito do trabalho e seus reflexos no
direito previdenciário, reputando a existência de ampla e permanente interação desses
sistemas, sem olvidar das conexões com os demais sistemas jurídicos ou ramos do direito,
percepcionados como sistemas abertos.
Por sua vez, a abordagem temática cingira-se à jurídico-dogmática, uma vez que
buscara conhecer os elementos integradores do sistema jurídico-normativos trabalhista e
previdenciário, almejando conhecer e descrever as influências, reflexos e consequências
reciprocas nos referidos campos do direito positivo (RODRIGUES, 2023, p. 141/377)4.

4
RODRIGUES, Horácio Wanderlei; GRUBBA, Leilane Serratine. Pesquisa Jurídica Aplicada. 1ª ed.
Florianópolis: Habitus, 2023.
3
2 CAUSAS E OPORTUNIDADES

Comprovadamente, as principais causas da grande demissão têm origens anteriores ao


início da pandemia de Covid-19, tendo sido apenas concatenadas e catalisadas com o início da
crise sanitária, que rapidamente estendera seus efeitos e consequências para os cenários
econômicos e sociais mundiais.
Dessa forma, as principais causas da grande renúncia podem ser sintetizadas em três
vertentes, apesar de existirem muitas razões subjacentes para os funcionários escolherem estar
insatisfeitos com suas situações de trabalho que os motivaram a mudarem de emprego, sem
olvidar da possibilidade de escolherem simplesmente limitarem o seu grau de
comprometimento para com as atividades desenvolvidas, minorando-as em todos os aspectos
(SERENKO, 2022)5.
Convém salientar que o objeto de estudo do presente trabalho é a grande renúncia,
conceituada como a formulação de pedidos de demissão em massa, sem a perspectiva
imediata da busca por recolocação formal, mas que objetivam melhores condições de
trabalho, não se incluindo em sua conceituação técnica a escolha pela limitação do
comprometimento com o trabalho.
Outrossim, o conceito aplicado à “grande renúncia” é extremamente depurado, uma
vez que se classifica como componente ou pertencente ao referido instituto somente os
pedidos de demissões que objetivam a assunção de novos postos de trabalho imediatamente,
mesmo que em sua grande maioria não sejam formais, cuja preponderância motivacional se
atribui essencialmente as condições de trabalho.
Nesse sentido, a insatisfação dos trabalhadores com o descompromisso das
organizações com o desenvolvimento profissional e pessoal, aliada à pressão econômica e
mercadológica por produtividade, obrigando o trabalhador a sacrificar relações sociais e
familiares, bem como, a ausência de pertencimento, ou seja, quando os trabalhadores se
sentem excluídos dos processos decisórios da empresa em atividades relacionadas ao seu
trabalho diretamente, capitulam os fatores preponderantes a deflagração e desencadeamento
da grande renúncia (OLIVEIRA, 2022)6 .

5
SERENKO, Alexandre. A GRANDE Renúncia: o grande êxodo do conhecimento ou o início da Grande
Revolução do Conhecimento? Revista de Gestão do Conhecimento, v.26, n. 5, 2022. ISSN: 1367-3270.
Disponível em: https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/JKM-12-2021-0920/full/html. Acesso
em: 28 dez. 2022.
6
OLIVEIRA, Rebeca Hayashi de. OS EFEITOS da pandemia do Covid-19 na tendência de automação do
trabalho no Brasil. Trabalho de conclusão de curso (Ciências Econômicas) – UniFeSP, Osasco, 2022.
Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/65144. Acesso em: 19 dez. 2022.
4
A expectativa do empregador de comprometimento total com o trabalho em
detrimento do equilíbrio trabalho/vida pessoal tem sido um fator importante para o abandono
do emprego, numa clara e imensa falta de sensibilidade ao equilíbrio entre vida profissional e
pessoal fora o fator geral, estopim para o abandono do emprego massificado, decorrência do
desgaste da relação empregador-empregado e transmitira o fato de que as necessidades dos
funcionários ficaram em segundo plano em relação às prioridades da organização.
Outrossim, fatores como estresse, esgotamento e depressão crônica afetam as atitudes
dos funcionários no ambiente de trabalho e na vida cotidiano, realidades paralelas e conexas,
que contribuíram direta e incisivamente para descortinar a nova realidade imposta pela
pandemia da Covid-19 e que se impôs após a superação da referida crise sanitária
transcrevendo e traduzindo uma nova e real mensagem às relações laborais, compendiada no
fato de que o isolamento, a solidão e a desconexão são questões particularmente sensíveis
para trabalhadores remotos.
Nessa perspectiva, o Bureau of Labor Statistics 7 informou que, nos Estados Unidos,
somente no ano de 2021, 47 milhões de funcionários deixaram seus empregos, classificando-
se como a maior taxa de demissão desde que se iniciou a mensuração da referida estatística,
salientando-se que a perspectiva para os anos seguintes é de manutenção e até aumento no
quantitativo total de demissões voluntárias motivadas pela objetivação de melhores condições
de trabalho exclusivamente.
Nesse contexto, é ideal se fixar preambularmente que a “Grande Demissão” verificada
nos Estados Unidos tem suas particularidades, uma vez que o número de demissões lá
verificado teve muito menos nexo com a busca por novos postos de trabalho que ofertassem
melhores condições do que com as peculiaridades do mercado de trabalho e com a situação
econômica do país (FONSECA, 2022)8.
Diversamente, no Brasil as normas que regem as relações de trabalho, principalmente
para empregados, são mais rígidas e bem mais reguladas que nos Estados Unidos, o que
possibilitou maior fluxo de demissões e contratações dissociadas de custos no caso americano,
e, obviamente, no Brasil, uma menor taxa de demissões dessa espécie com maior custo
agregado.
7
https://www.bls.gov/opub/mlr/2022/article/the-great-resignation-in-perspective.htm

8
FONSECA, Carla Weis da Silva. Entre flexibilização e precarização: Evoluções recentes no mercado de
trabalho do Brasil contemporâneo. Orientador: Paulo Jorge Marques Alves. Dissertação (Mestrado em Ciências
do Trabalho e Relações Laborais) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Políticas Públicas. Instituto
Universitário de Lisboa, Lisboa, 2022. Disponível em: https://repositorio.iscte-iul.pt/handle/10071/27107.
Acesso em: 19 dez. 2022.
5
Ademais, destaque-se que durante o período pandêmico, as estratégias de
enfretamento das consequências no cenário econômico e social, no Brasil e nos Estados
Unidos, foram bem diferentes, optando-se por proteger os empregos e, diversamente, proteger
o crescimento econômico, respectivamente.
No caso americano, se focou na proteção da economia, uma vez que se permitiu que
as empresas demitissem os seus funcionários no período mais crítico da pandemia, com
garantia de pagamento pelo governo de uma renda mínima aos desempregados, o que
patrocinara a possibilidade dos trabalhadores, custeados pelo Estado, mantivessem-se isolados
em suas residências como medida de combate à pandemia, o que involuntariamente
proporcionara uma reavaliação das relações de trabalho, por parte dos empregados,
concluindo que poderiam empreenderem profissionalmente, desvinculando-se da relação de
subordinação.
Diametralmente oposta fora a compreensão de enfrentamento adotada pelo Brasil, que
inicialmente patrocinara, inclusive legalmente, a garantia de manutenção dos empregos,
incentivando a não realização de demissões, subsidiando os pagamentos dos salários dos
empregados destas, inclusive com desoneração fiscal e empréstimos à juros baixos, garantidos
pelo tesouro nacional, o que possibilitou aos trabalhadores que tiverem suas vagas de
trabalho formal mantidas em função das medidas públicas adotadas, puderam voltar ao
desenvolvimento normal de suas atividades profissionais.
Nessa tessitura, alguns outros motivos, no caso brasileiro, merecem ênfase,
principalmente em decorrência do fato de que os trabalhadores com maior grau de
escolaridade são classificados como os principais renunciantes, obtêm as melhores
remunerações, o que possibilitara a mudança de posto de trabalho mesmo em períodos
de recessão econômica, sem olvidar da realidade nacional acerca da taxa de
desocupação, permeada essencialmente pela população sem instrução9.
Por sua vez, como nos casos americano e europeu, a busca para se afastar da toxidade
corporativa, que desconsidera a diversidade, a equidade e os preceitos da cultura inclusiva
moderna, agravada pela grande disputa por profissionais qualificados, principalmente na área
tecnológica, é também um dos principais elementos motivacionais para o desencadeamento da
grande demissão voluntária.
Quanto as oportunidades florescidas no período da pandemia, relativamente ao
mercado de trabalho brasileiro, destacam-se o surgimento de uma corrida empresarial por
talentos, caracterizados por profissionais com vasta experiência profissional e uma carreira
9
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9221-sintese-de-indicadores-sociais.html?=&t=resultados
6
acadêmica estruturada e profícua (DIGILIO, 2022) 10. Fatidicamente, a pandemia oportunizou
aos trabalhadores a liberdade necessária para reavaliarem suas carreiras, dedicarem-se às
atividades empreendedoras, o que construiu a concepção que relação empregatícia não
promove a devida satisfação profissional.

3 AS CONTRIBUIÇÕES DO CENÁRIO PANDÊMICO

Indiscutivelmente, a Pandemia de Covid-19 dinamizou vários processos sociais em


curso, à exemplo do que ocasionara no contexto das relações laborais, especialmente ao criar
o cenário ideal para introspecção dos trabalhadores, proporcionando-lhes a oportunidade de
avaliarem as condições de trabalho em que estavam inseridos e concluírem pela adesão ao
movimento da grande renúncia, exponencializado nesse momento.
Outrossim, é imprescindível destacar que qualquer contexto socioeconômico, nos
Estados Unidos, Europa, China ou no Brasil, os avanços em automação de tarefas
mecanicamente repetitivas não suprimiram a necessidade da presença de funcionários pessoal
e exclusivamente responsáveis pela execução de funções estratégicas e imprescindíveis ao
desenvolvimento e sucesso econômico das entidades empresariais.
Dessa forma, a qualificação continuada e valorização da carreira profissional, sem
implicações e influências desmedidas na vida familiar e social dos trabalhadores, são fortes
aspectos estimulantes à retenção de profissionais, evitando a migração ou renúncia destes.
Sem dúvidas, os desrespeitos a esses paradigmas contribuíram decisivamente para o
exponencial crescimento da grande renúncia no período pandêmico, associado, obviamente,
aos demais fatores alhures esposados.
As consequências imediatas da grande demissão são compiláveis e estruturadas em
uma série de melhorias nas relações de trabalho pós-pandêmicas, tendo como destinatários
diretos e imediatos os trabalhadores, não podendo, nessa ordem, se descuidar de se sopesar
algumas variáveis negativas, destinadas essencialmente ao mercado e à economia
(BARBOSA; COSTA; HECKSHER, 2020)11.

10
DIGILIO, João; TOLAIVÃO, Courtney. A GRANDE Renúncia: Obstáculo ou Oportunidade?. AALL
Spectrum 26, n. 5, 2022. Disponível em: https://aallspectrum.aallnet.org/html5/reader/production/default.aspx?
pubname=&edid=56019d47-b307-4ba3-9486-ae5dee3e840f. Acesso em: 13 dez. 2022.
11
BARBOSA, Ana Luiza Neves de Holanda; COSTA, Joana Simões de Melo; HECKSHER, Marcos Dantas.
Mercado de trabalho e pandemia da covid-19: Ampliação de desigualdades já existentes? Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Mercado de trabalho: conjuntura e análise: n. 69, p. 55-63, jul. 2020.
DOI: http://dx.doi.org/10.38116/bmt69/notastecnicas1. Disponível em:
https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/10186. Acesso em: 22 jan. 2023.
7
Inicialmente, as melhorias salariais foram as contingências imediatas adotadas,
principalmente com o objetivo de conter a onda de demissões voluntárias e,
consequentemente, a perda de profissionais qualificados, as empresas aderiram ao movimento
de aumento da remuneração, representando emergencialmente pelo pagamento de horas
extras, apesar de ser classificada como uma solução imediatista, persistira e se consolidara
como uma das principais medidas de valorização.
As relações de trabalho, propriamente ditas, mais equânimes e privilegiando os
interesses comuns e peculiares, contribuem positivamente para equilibrar distorções
enraizadas há anos, as quais, por imposição das próprias condições sociais verificadas à época
e usadas malversadamente pelos empregadores. Antes mesmo do início da pandemia, fatores
como o esgotamento derivados desses paradigmas atuais do mercado de trabalho, valorização
da carreira já pertenciam ao ideário dos profissionais, e se asseverou recentemente com a nova
realidade descortinada, uma vez que a busca pela autonomia participativa e colaborativa no
processo decisório vem sendo parcialmente atendida pelas organizações de forma gradual.
Por outro lado, negativamente, o mercado econômico reagira impondo uma pressão
inflacionária elevada, decorrente da elevação de salários, que desencadeou correlativamente o
aumento nos custos, os quais fatidicamente são repassados e embutidos no preço final dos
produtos e arcados diretamente pelos usuários de produtos e serviços.
A grande renúncia, também motivou a busca por aposentadorias, uma vez que muitos
trabalhadores já tinham preenchiam os requisitos para obtenção da referida prestação, mas
mantinham em atividade, contribuindo, objetivando maior tempo contributivo e, por
consequência, melhores salários de benefícios.
Vale salientar que muitos trabalhadores em decorrência da perda involuntária dos seus
postos de trabalho, extintos em decorrência da pandemia e das medidas de isolamento ou até
mesmo por medo de exposição ao Covid-19, não figuram como objeto de avaliação, uma vez
que não se encaixam na conceituação de “Grande Renúncia”.
Ademais, uma conclusão prospecta acerca da grande renúncia é que o movimento
pode ocasionar no empresariado um maior nível de conscientização acerca da necessidade
permanente de valorização dos seus empregados. A pandemia desencadeou a referida
conscientização forçada a partir de categorias profissionais mais qualificadas e melhor
remuneradas, inexistindo óbices a que seus efeitos se estendam para alcançar outras áreas.
Programas de qualificação permanente, promoções funcionais que privilegiam os
profissionais por qualificação e maior dedicação à empresa, participação direta no processo

8
decisório alusivo ao segmento de atuação do empregado, jornadas de home office,
flexibilidade sem inocorrência na perda de direitos trabalhistas, evidenciam que muitas
mudanças estão sendo implementadas no ambiente de trabalho, as quais perduram por dois ou
três anos, tornando o mercado de trabalho instável nesse interregno, e isso, de certo modo,
ilustra o quão complexo e imprevisível pode ser o impacto da pandemia na força de trabalho e
no local de trabalho (JISKROVA, 2022)12.

4 A GRANDE RENÚNCIA PESPECTIVADA PROSPECTAMENTE

No ano de 2020, ao surgir os primeiros impactos da pandemia, se vislumbrou um


aumento no número de pedidos de demissões voluntárias, mas não se imaginava que as
proporcionais que o referido aumento tomaria, a ponto de se enquadra na conceituação de um
surto de ressignificação do trabalho, lastreada na profunda inquietação sobre o sentido e o
papel do trabalho em suas vidas (DURÃES; BRIDI; DUTRA, 2021).13
Assim como não fora possível inicialmente se mensurar as dimensões rapidamente
alcançadas pela grande renúncia, também não é crível avaliar sua perduração ao longo dos
anos, mas inegavelmente, pode se desenhar estruturalmente a consolidação das consequências
impostas, protraindo seus efeitos positivos de forma irreversível.
No caso brasileiro, a Grande Renúncia representou a escolha pela qualidade de vida
em detrimento do trabalho estafante, considerando que, ao menos inicialmente, esse
movimento fora patrocinado por trabalhadores qualificados e melhor remunerados, não
acessível a todas as classes de trabalhadores.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 14 Covid-19, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelara que cerca 89% (oitenta e nove por
cento) dos trabalhadores brasileiros não realizaram atividades em home office no período da
Covid-19, revelando-se, dessa forma, que o trabalho remoto restara circunscrito às classes de
elevada qualificação e profissões intelectuais, desenvolvias por pessoais pertencentes à classe
média.

12
JISKROVA, Gabriela Ksinan. Impacto da pandemia de COVID-19 na força de trabalho: do sofrimento
psíquico à Grande Demissão. J Epidemiol Community Health, v. 76, n. 6, p. 525-526, 2022. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35296522/. Acesso em. 22 dez. 2022.

13
DURÃES, Bruno; BRIDI, Maria Aparecida da Cruz; DUTRA, Renata Queiroz. O TELETRABALHO na
pandemia da covid-19: uma nova armadilha do capital?. Brasília. UNB. Sociedade e Estado, v. 36, p. 945-
966, 2021. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202136030005. ISSN: 1980-5462. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/se/a/b56QNc5Fq73NVbkjZSH3hjj/abstract/?lang=pt. Acesso em: 8 jan. 2023.
14
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pesquisa/10063/60418
9
Diversamente do caso dos Estados Unidos, que diante da escassez de talentos, produto
da “evasão de cérebros”15, patrocinado em grande medida pela pandemia, as empresas tiveram
que analisar outros mercados, no Brasil, os trabalhadores que possuem alta escolaridade e
domínio das tecnologias de informação, exemplificados por engenheiros, cientistas e tantas
outras profissões, sofrem com a ausência de vagas e não conseguem se colocarem no mercado
de trabalho na respectiva área de formação, o que ocasionara uma verdadeira diáspora de
talentos.16
Inquestionavelmente, a pandemia de COVID-19, principalmente em função dos
esforços para limitar a propagação da doença, destacadamente por meio das medidas de
isolamento social, impactou fortemente no cenário econômico, com uma crescente taxa de
abandono de empregos, salientando que alguns dos que deixaram seus empregos encontraram
novos postos de trabalho e outros não se mantiveram na população economicamente ativa.
Entrementes, a realidade que se impõe invariavelmente no mercado de trabalho pós-
pandêmico brasileiro é que os setores que concentram as atividades de mais alta remuneração
atraem trabalhadores mais qualificados (OLIVEIRA, 2022) 17, não vinculando os referidos
trabalhadores sob a condição de emprego, justamente para possibilitar a efetividade de muitos
direitos vindicados na grande renúncia, flexibilidade, valorização profissional, trabalho home
office, dentre outros.

5 NOVO PERFIL DO MERCADO DE TRABALHO

A pandemia promoveu significativas transformações nas relações laborais e no


mercado de trabalho e econômico, inclusive promovendo antecipações nas tendências que
vinham sendo implantadas gradativamente nas organizações.

15
É o termo cunhado pelos ingleses para descrever suas perdas de profissionais - especialmente cientistas,
engenheiros e pessoal médico (médicos e enfermeiras) - por meio da emigração a partir do pós-guerra. O
termo possui hoje aplicação geral e diz respeito à perda desses profissionais por um número muito grande de
países.
16
ESCOBAR, Herton. A DIÁSPORA: Por que os cientistas estão indo embora do Brasil. São Paulo: Revista
Piauí. Ed. 181, out. 2021. Disponível em https://piaui.folha.uol.com.br/materia/a-diaspora/. Acesso em: 18
jan. 2023.
17
OLIVEIRA, Rebeca Hayashi de. OS EFEITOS da pandemia do Covid-19 na tendência de automação do
trabalho no Brasil. Trabalho de conclusão de curso (Ciências Econômicas) – UniFeSP, Osasco, 2022.
Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/handle/11600/65144. Acesso em: 19 dez. 2022.
10
Dentre as novas regras e tendências impostas as relações de trabalho pela pandemia da
Covid-19, a flexibilidade se destaca como a coroação dos paradigmas instituídos, com ênfase
na sistemática de prestação do trabalho home office.
As dimensões do trabalho híbrido, mescla do trabalho presencial com remoto, ainda
não estão solidamente definidas, mas a tendência é de uma crescente normatização e
padronização acerca dos aspectos legais e normativos. Segundo a Consultoria Bare
Internacional,18 em estudo divulgado em outubro de 2021, os brasileiros, principalmente as
mulheres, têm preferência pela continuação do trabalho remoto, se estabelecendo uma nova
configuração no mercado de trabalho.
A tecnologia, aliada aos cenários sociais atuais, oportunizadas e otimizadas pela
realidade que a pandemia proporcionou, redesenharam os modelos de trabalho, instituindo
novos hábitos, flexibilização e mudanças de rotina na vida das pessoas, sem olvidar da
implantação dos protocolos específicos na área de saúde e distanciamento social, com real
impacto, via de regra, positivo e salutar, nas finanças dos empreendimentos empresariais.
As transformações alhures referidas modificaram o perfil dos profissionais, que não
esperam respostas do mercado, idealizando e empreendendo modelos próprios de contratação
freelance, fincando-se a tendência da informalidade do serviço autônomo, destacadamente nos
setores de comunicação e tecnologia, consagrando o que era serviço alternativo em um meio
de trabalho permanente e preferido19.

6 A FRAGILIZAÇÃO DA RELAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Há uma tendência de avanço do trabalho plataformizado, do trabalho sem direitos,


como é o caso dos freelancers (DURÃES; BRIDI; DUTRA, 2021)20, considerando que em
alguns casos a flexibilidade da relação laboral é caracterizada por simulação contratual com o
desiderato de beneficiar exclusivamente as empresas.
Em levantamento realizado pela Firjan 21, a partir de dados extraídos do Cadastro Geral
de Empregados e desempregados (Caged)22, se evidenciou que o número de trabalhadores
18
https://www.bareinternational.com.br/estudo-mostra-preferencia-dos-brasileiros-por-novas-relacoes-de-
trabalho/.
19
https://www.insper.edu.br/noticias/recorde-de-pedido-de-demissoes-ha-mesmo-uma-grande-debandada/
20
DURÃES, Bruno; BRIDI, Maria Aparecida da Cruz; DUTRA, Renata Queiroz. O TELETRABALHO na
pandemia da covid-19: uma nova armadilha do capital?. Brasília. UNB. Sociedade e Estado, v. 36, p. 945-
966, 2021. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202136030005. ISSN: 1980-5462. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/se/a/b56QNc5Fq73NVbkjZSH3hjj/abstract/?lang=pt. Acesso em: 8 jan. 2023.
21
www.firjan.com.br/publicacoes
22
O Caged foi substituído Sistema Simplificado de Escrituração Digital das Obrigações Previdenciárias,
Trabalhistas e Fiscais – eSocial (Novo Caged), instituído pela Lei Ordinária Federal n.º 13.874, de 20 de
11
com carteira assinada que deixaram seus empregos voluntariamente atingiu o percentual de
33% (trinta e três por cento) do total de desligamentos, que no acumulado do ano de 2022, até
novembro, perfez o total de 18.764.52723. Esse fato, por si só, fez aumentar significativamente
o número de trabalhadores informais no mercado, com repercussões na Previdência Social.
Nesse contexto, é fundamental entender os reflexos do fenômeno da grande renúncia,
que inevitavelmente condiciona muitos trabalhadores na informalidade, contudo, mantendo-os
ocupados, por meio da condução e gestão de empreendimentos próprios, no contexto
previdenciário, principalmente no que pertine à arrecadação de suas contribuições
previdenciárias, indicando possíveis soluções para a referida realidade.
O sistema de arrecadação das contribuições previdenciárias é fortemente impactado
pela informalidade (CARVALHO, 2022)24, uma vez que os trabalhadores aderentes da grande
renúncia migram da formalização, ou seja, da condição de segurado obrigatório da
Previdência Social, na modalidade de empregado, para a informalidade, para prestação de
serviços por meio de pessoas jurídicas, constituídas sob a forma de sociedades unipessoais ou
empresários individuais, sem olvidar de microempreendedores, passando para a categoria de
segurados obrigatórios contribuintes individuais da Previdência Social.
Os segurados obrigatórios empregados têm suas contribuições previdenciárias
arrecadas e recolhidas pelos respectivos empregadores, enquanto os contribuintes individuais
são responsáveis pelos seus próprios recolhimentos, alínea “a”, do inciso I e inciso II do artigo
30, da Lei Ordinária Federal n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, respectivamente.
Dessa forma, a grande renúncia, apesar de seus aspectos positivos, apresenta também
efeitos colaterais, tanto no âmbito trabalhista, quanto na seara previdenciária, haja vista, que,
por exemplo, o recolhimento das contribuições por esses trabalhadores, dependem da sua
adesão ao regime, na condição de contribuintes individuais, que promoverão a arrecadação de
suas próprias contribuições convenientemente, inexistindo vinculo obrigacional cogente, que
os obrigue ao efetivo recolhimento nos prazos legais capitulados.
As consequências advindas da não realização da arrecadação são diretas e atingem
precipuamente o trabalho, que fica exposto à ocorrência de risco sociais, capitulados
principalmente nos incisos de i a V, do artigo 201 25, da Constituição Federal, sem a devida

setembro de 2019.
23
http://pdet.mte.gov.br/novo-caged
24
CARVALHO, Aline Gonçalves de et al. O TRABALHO informal e a previdência social no Brasil: uma
análise da uberização e seus reflexos nos direitos previdenciários do trabalhador. UFU, jul. 2022. Disponível
em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/35993. Acesso em: 17 dez. 2022.
25
Art. 201. A previdência social [...] atenderá, na forma da lei, a:
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada;
12
proteção securitária, sem esquecer que, em contrapartida, a Previdência Social, na condição
de sistema previdenciária solidário, perde com a ausência de arrecadação das aludidas
contribuições.
O sistema previdenciário brasileiro, de caráter contributivo e filiação obrigatória, tem
no crescimento da informalidade, em dada medida incrementada pelos efeitos da grande
renúncia, observados e respeitados os aspectos positivos, um fator de risco e fragilização da
proteção estatal deferida constitucionalmente aos trabalhadores, uma vez que, em dadas
hipóteses, ao implicar na possibilidade de não recolhimento das contribuições previdenciárias,
vulnera a relação previdenciária duplamente, posto que os trabalhadores não estarão cobertos
quando da ocorrência de um risco social, enquanto, por seu turno, a Previdência Social resta
impedida de assegurar proteção mínima ao trabalho diante da ausência da condição de
segurado.
Esses aspectos associadas aos fatores alusivos ao cenário econômico atual fragilizado,
a elevação do número de postos de trabalho informais, deve ser observado com a devida
cautela e objeto de equacionamento emergencial por meio de políticas púbicas
socioeconômicas, objetivando conter os diversos impactos que afetam o trabalhador, bem
como, todo a esfera social.
Infelizmente, na condição de contribuinte individual, o trabalhador corre grande risco
de perda dos direitos e garantias trabalhistas e previdenciárias, capitulada como a principal
consequência advinda da informalidade, impondo ao Estado do dever de criar e
operacionalizar mecanismos para evitar a fragilização das relações previdenciárias
envolvidas, uma vez que, invariavelmente, o trabalho nesses moldes é uma tendência, um
reflexo das mudanças estruturais impostas pela pandemia da Covid-19 no mercado de
trabalho brasileiro.
O IBGE, ao divulgar os dados da pesquisa PNAD para o primeiro trimestre de 2022 26,
indicou que a taxa de informalidade atingiu 40,1% (quarenta e um por cento) da população,
esclarecendo que do total da população economicamente ativa, praticamente a metade está na
informalidade, trabalhando por conta própria, reputando-se, tal fato, em dada medida e sob
determinados aspectos, como um fenômeno de precarização do trabalho, com supressão das
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado
o disposto no § 2º.

26
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9173-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios-
continua-trimestral.html?edicao=33725&t=destaques
13
garantias protetivas quanto aos direitos trabalhistas e impactos perniciosos ao sistema
previdenciário, fragilizando a proteção previdenciária, pela ausência de proteção quanto a
cobertura dos benefícios sociais para o trabalhador e diminuição da arrecadação das
contribuições.
Outrossim, segundo AULER (2022)27, o trabalhador brasileiro passara a se enquadrar
na definição de trabalhadores temporários e sem vínculo empregatício (freelancers,
autônomos), ludibriados pela aparente autonomia do trabalhador, com rotinas mais flexíveis
de horários e ausência de gerência ou subordinação, e, em contrapartida, as empresas,
evitando realizar contratações permanentes no afã de evitar maiores custos trabalhistas,
tributários e previdenciários, contratam esses colaboradores independentes, numa relação
distante e desconexa, à exemplo dos motoristas de aplicativos, remunerando conforme o
serviço contratado (FONSECA, 2022)28.
Esse cenário se baseia na premissa verossímil e silogística da relação de causa e
consequência existente entre as relações de trabalho e previdência social estruturada num
sistema de custeio de repartição simples (DA SILVA ALVES, 2022) 29, ou seja, o trabalhador
ativo financia os benefícios pagos aos inativos, formando assim, um pacto entre gerações, e
solidariedade.
Dessa forma, considerando a sistemática do sistema de recolhimento das contribuições
previdenciárias definidas na Lei Ordinária Federal n.º 8.212, de 24 de julho de 1991, é uma
boa proposta explicitar que o volume de arrecadação das receitas previdenciárias é
diretamente proporcional ao índice de formalidade da ocupação. Desse modo, quanto maior
taxa de ocupações formais (empregos), maior será a arrecadação. Todavia, ao diminuir a
arrecadação previdenciária, se infere que o desemprego aumentou, patrocinando no mesmo
ritmo o crescimento da informalidade.

27
AULER, Luiz Henrique Engrazia. OS IMPACTOS da crise de Covid-19 para o mercado de trabalho
brasileiro a partir dos indicadores produzidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua. Orientador: Cássio da Silva Calvete. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), UFRS,
Porto Alegre, 2022. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/241109. Acesso em: 22 jan.
2023.
28
FONSECA, Carla Weis da Silva. Entre flexibilização e precarização: Evoluções recentes no mercado de
trabalho do Brasil contemporâneo. Orientador: Paulo Jorge Marques Alves. Dissertação (Mestrado em
Ciências do Trabalho e Relações Laborais) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Políticas Públicas.
Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 2022. Disponível em:
https://repositorio.iscte-iul.pt/handle/10071/27107. Acesso em: 19 dez. 2022.
29
DA SILVA ALVES, Jessica et al. Regimes de financiamento previdenciários: comparativo entre regimes
de repartição simples, capitalização e híbrido. COLETÂNEA CIENTÍFICA ADMINISTRAÇÃO. TEÓFILO
OTONI, 2022. p. 79-86. ISBN: 978-65-84869-06-6. Disponível em:
https://unipacto.com.br/storage/gallery/files/nice/documentos/LIVRO%20-%20ADMINISTRA
%C3%87%C3%83O%20-%202022.pdf#page=80. Acesso em: 10 dez. 2022.
14
7 ARQUÉTIPOS DE POSSÍVEIS SOLUÇÕES

O cenário delineado é uma realidade que se impõe, não podendo ser classificado como
um movimento pendular do mercado econômico, das interpelações sociais ou apenas um ciclo
das relações de trabalho. Ao contrário, a atual precarização do trabalho e a consequente
fragilização das relações previdenciárias, potencializadas pela grande renúncia, são sintomas
da ausência de mecanismos de segurança social, principalmente, previdenciários,
consentâneos com o modelo econômico, do mercado de trabalho, que combina disposições
contratuais flexíveis, que facilitem novas contratações e despedimentos, exequíveis através de
políticas ativas de formação e de criação de emprego (AULER, 2022)30.
Desse modo, a construção de mecanismos consistentes e duradouros que a atenuem ou
evitem os impactos deletérios da grande renúncia que possibilitem a associação das normas
trabalhistas aplicáveis aos novos paradigmas do mercado de trabalho à proteção
previdenciária, assegurando a liberdade de atuação laboral e profissional associada à plena
vinculação ao segmento de Previdência Social, é cogente, devendo ser iniciada através da
promoção de campanhas educativas, que evidenciem o caráter fantasioso da renúncia
espontânea à formalidade laboral e imediato ingresso na informalidade, com inquestionável
perda de direitos protetivos, com impactos diretos e imediatos ao próprio trabalhador e seus
dependentes, bem como, a toda a sociedade, considerando os riscos sociais a que está
permanentemente submetido.
O rápido crescimento dessas novas modalidades de trabalho é objeto de grande
importância para sociedade hodierna (ALLMAN, 2021)31, sendo crível que a academia aponte
alternativas exequíveis que possibilitem adequar os parâmetros da Previdência Social às
condições laborais dos trabalhadores empreendedores, responsáveis pela arrecadação de suas
próprias contribuições, transformando essa categoria em agentes da transformação,
consolidando a proteção trabalhista e previdenciária para os segurados contribuintes
individuais.
Preambularmente, duas alternativas se constroem. A primeira exige a efetiva
participação dos trabalhadores, buscando a organização coletiva com o desiderato de vindicar
30
AULER, Luiz Henrique Engrazia. OS IMPACTOS da crise de Covid-19 para o mercado de trabalho
brasileiro a partir dos indicadores produzidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua. Orientador: Cássio da Silva Calvete. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), UFRS,
Porto Alegre, 2022. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/241109. Acesso em: 22 jan.
2023.
31
ALLMAN, Kate. A CARREIRA é importante: A grande demissão está devastando os locais de trabalho
em todo o mundo. LSJ: Law Society of NSW Journal, Camberra, Austrália, n. 81, pág. 46-47, 2021.
Disponível em: https://lsj.com.au/. Acesso em: 18 dez. 2022.
15
seus direitos. Obviamente, essa alternativa parte da premissa da conscientização dos
trabalhadores, que invariavelmente só será construída a partir da educação previdenciária, que
demanda inicialmente campanhas de conscientização patrocinadas pelo Estado, conforme
declinado anteriormente.
Por sua vez, a criação de um arcabouço normativo é fundamental para disciplinar as
relações surgidas entre os trabalhadores e os contratantes, pessoas jurídicas, por exemplo, ex-
empregadores. Nesse sentido, a Consolidação da Leis do Trabalho (CLT) fora alterada para
disciplinar o teletrabalho32 ou trabalho remoto no Brasil, inclusive para os empregados que
prestam serviços por produção ou tarefa (CARVALHO, 2022)33.
Outrossim, já se encontram em trâmite no Congresso Nacional vários projetos de leis
apresentados, que percorrem lentamente o percurso do processo legislativo, tratando de vários
temas conexos à grande renúncia, com o desiderato de regulamentar a realidade laboral e
previdenciária descortinada após a pandemia do Covid-19. Exemplificativamente, no Senado
Federal, tramita o Projeto de Lei n.º 4.098, de 2021 34, que busca regulamentar o regime
híbrido de jornada de trabalho, mediante especificações de contrato individual do trabalho,
com discriminação das atividades que podem ser exercidas pelo empregado.
As propostas apresentadas demonstram a necessidade premente de enfrentamento do
tema pelo legislativo, sendo vital que os interesses, anseios e os reais aspectos da realidade
imposta sejam amplamente discutidos, principalmente quanto ao disciplinamento
previdenciário, assegurando a manutenção da proteção estatal securitário para os
trabalhadores que voluntariamente se demitiram, migrando da condição de empregados,
formais, para a informalidade, todavia, plenamente ativos, exercendo atividades que os
remuneram, vinculando-os à Previdência Social na condição de contribuintes individuais,
autônomos, responsáveis pelos empreendimentos próprios.

8 CONCLUSÃO

Em apertada síntese, o presente trabalho buscara evidenciar a importância das


consequências previdenciárias da “a Grande Renúncia”, uma vez que implicara no aumento
do número de trabalhadores informações perante a Previdência Social, haja vista que por
motivações próprias e peculiares aos segmentos econômicos em que desenvolvem suas
32
Lei Ordinária Federal n.º 14.442, de 2 de setembro de 2022.
33
CARVALHO, Aline Gonçalves de et al. O TRABALHO informal e a previdência social no Brasil: uma
análise da uberização e seus reflexos nos direitos previdenciários do trabalhador. UFU, jul. 2022. Disponível
em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/35993. Acesso em: 17 dez. 2022.
34
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/150874
16
atividades, optaram por migrar de uma relação laboral formal na condição de empregados
para a figurarem como autônomos, empresários, prestadores de serviços, responsáveis pelo
próprio empreendimento, sem olvidar de outras formas de prestação de serviço, e, dessa
maneira, incorreram na hipótese de recolhimento de suas próprias contribuições
previdenciárias, conforme a legislação de regência.
A referida migração explicitara a fragilidade da proteção previdenciária destinada aos
trabalhadores renunciantes, dada a ausência de mecanismos correspondentes ao modelo
econômico, de mercado de trabalho pós-pandêmico, que combine disposições contratuais
flexíveis, facilitando novas contratações e despedimentos, assegurando a liberdade de atuação
laboral e profissional associada, sem, contudo, fragilizar a proteção previdenciária,
promovendo-se a efetiva arrecadação da contribuições previdenciárias respectivas,
assegurando, em contrapartida, a qualidade de segurado, bem como, a carência exigível para
fins de concessão de prestações protetivas ante a ocorrência de riscos sociais previsíveis.
A pandemia de Covid-19 fora o estopim da grande renúncia, catalisando tendências
identificadas e monitoradas entre os trabalhadores, principalmente aqueles que figuram em
condições salariais mais elevadas, maior grande de instrução e, majoritariamente, vinculados
a segmentos econômicos da área de ciência, tecnologia e informática. Categorizada, no Brasil,
a grande renúncia, trouxe consequências positivas, destacadamente para os empregados, e
negativas, em sua maioria evidente, para a economia.
Maior valorização profissional, melhores salários, flexibilização, inclusive das formas
de contratação, foram as principais vantagens obtidas com a grande renúncia, corrigindo, de
certa forma, grandes distorções que existiam no mercado de trabalho nacional (FONSECA,
2022)35. Entrementes, em decorrência da melhoria salarial verificada nos segmentos
apontados, desencadeou-se uma pressão inflacionária, com elevação de custos, sopesados e
repassados aos consumidores finais, usuários de produtos e serviços, que personificam a
grande massa populacional.
Dessa forma, a grande renúncia é um movimento de incontestes consequências que
perdurarão indefinidamente nas relações de trabalho, com reflexos impositivos na Previdência
Social, bem como, no cenário econômico nacionais. Impôs, maior conscientização acerca da
necessidade permanente de valorização dos trabalhadores, permanente qualificação,

35
FONSECA, Carla Weis da Silva. Entre flexibilização e precarização: Evoluções recentes no mercado de
trabalho do Brasil contemporâneo. Orientador: Paulo Jorge Marques Alves. Dissertação (Mestrado em
Ciências do Trabalho e Relações Laborais) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Políticas Públicas.
Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, 2022. Disponível em:
https://repositorio.iscte-iul.pt/handle/10071/27107. Acesso em: 19 dez. 2022.
17
programas de promoções funcionais, participação, teletrabalho e hibrido, com assegurada
manutenção dos direitos trabalhistas e previdenciários.
Destacadamente, dentre as tendências vergastadas, a flexibilidade se destaca, com
ênfase na sistemática de prestação do trabalho home office, trabalho híbrido, com crescente
normatização e padronização acerca dos aspectos legais e normativos, se estabelecendo uma
nova configuração no mercado de trabalho, redesenhos dos modelos de trabalho com novos
hábitos, mudanças na rotina laboral dos trabalhadores, com real impacto nas relações
protetivas que precisam ser resguardas em decorrência da característica mutualística do
sistema público de previdência social.
Dessa maneira, o presente trabalho inferiu que é fundamental entender o principal o
reflexo negativo do fenômeno da grande renúncia, ou seja, a vigorosidade da imposição da
informalidade. No Brasil, o desenvolvimento de atividades informais, relativamente à
Previdência Social, é deveras preocupante, haja vista os impactos decorrentes dessa condição,
considerando que os trabalhadores aderentes da grande renúncia migram da condição de
segurado obrigatório empregado, para a categoria de contribuintes individuais, prestadores de
serviços por meio de pessoas jurídicas, constituídas sob a forma de sociedades unipessoais ou
empresários individuais, sem olvidar de microempreendedores, responsáveis pela própria
arrecadação de suas contribuições sociais, majoritária e historicamente relegadas.
Diante disso, é imprescindível que a ciência jurídica construa soluções plausíveis, que
sem olvidar da nova realidade imposta definitivamente pela pandemia da Covid-19
relativamente a realidade laboral dos trabalhadores empreendedores, responsáveis pela
arrecadação de suas próprias contribuições, apregoe mecanismos de manutenção da proteção
previdenciária desses trabalhadores.
Inicialmente, nessa perspectiva, a conscientização dos trabalhadores, desdobrada na
efetiva participação, devidamente organizada coletivamente, buscando a consolidação
normativa de seus direitos através da criação de um arcabouço normativo para disciplinar as
relações previdenciárias surgidas a partir do trabalho autônomo, responsável pela arrecadação
de suas próprias contribuições, só poderá ser construída a partir da educação previdenciária,
conceituada como a habilidade de conciliar consciente e responsavelmente ao longo do ciclo
da vida os prazeres do presente com a segurança para o futuro através de um comportamento
previdente (DE LIMA, 2022)36.
36
DE LIMA, Diana Vaz et al. Educação Previdenciária na Primeira Infância para a Formação de uma
Consciência Cidadã. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC), Brasília, v. 16, n. 4, 2022.
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REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS

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