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FACULDADE METODISTA GRANBERY

UBERIZAÇÃO: A FRAUDE NA
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA
ANA LUIZA LANDIM CAPISTRANO
FLÁVIA CARVALHO DE ALMEIDA
LETÍCIA CARVALHO GONÇALO
INTRODUÇÃO
O trabalho vinculado às plataformas digitais demanda
esforços interpretativos consideráveis para que haja uma
compreensão dos novos paradigmas trazidos por estas
recentes formas de trabalho. Nesse contexto, o processo de
“uberização se sobressai diante das modificações de
trabalho que vem ocorrendo a partir da interposição de
novas dinâmicas sociais. As plataformas digitais contratam
trabalhos que se organizam em uma cadeia produtiva, tais
como o eBay e o Walmart, aonde se abre a possibilidade
de interligar o cliente, a plataforma e o trabalhador com o
sistema operacional, realizando a automatização da junção
do cliente com o serviço requisitado.
HIPÓTESE
A hipótese discutida no presente trabalho é a necessidade da
efetiva aplicação da Consolidação das Leis Trabalhistas nas
atividades dos trabalhadores que se utilizam das plataformas
digitais para o seu sustento.
OBJETIVOS
Essa pesquisa busca avaliar o caso concreto com fundamentos nas leis e
princípios vigentes no país, realizando uma análise técnica e realista, buscando
alcançar como objetivo geral a relação empregatícia entre os “Prestadores de
serviços” das Startups digitais, à luz das normas trabalhistas previstas no
ordenamento brasileiro e com base nos princípios fundamentais, individuais e
coletivos
METODOLOGIA
A metodologia de revisão bibliográfica é um processo sistemático e crítico de análise da literatura
existente sobre um determinado tema ou problema de pesquisa. Essa abordagem busca identificar,
avaliar e sintetizar as principais contribuições teóricas e empíricas disponíveis na literatura
relacionada ao assunto em questão. O objetivo fundamental da revisão bibliográfica é fornecer uma
base sólida de conhecimento sobre o tema, contextualizando-o historicamente e identificando lacunas
ou áreas de conflito no conhecimento existente. Essa metodologia envolve a seleção criteriosa de
fontes, a análise cuidadosa do conteúdo dessas fontes e a organização coerente das informações para
oferecer uma visão abrangente e aprofundada do estado atual do conhecimento na área. Além disso, a
revisão bibliográfica desempenha um papel crucial na fundamentação teórica de uma pesquisa,
orientando a formulação de hipóteses, delineando a metodologia e contribuindo para o
desenvolvimento de novas perspectivas e abordagens.
FUNDAMENTAÇÃO
• Na atualidade, a sociedade enfrenta os desafios impostos pela 4ª Revolução Industrial,
impulsionada pelo avanço contínuo da inteligência artificial e da robótica.
• Paralelamente às revoluções industriais anteriores, essa fase também é marcada pela
persistente exploração da força de trabalho, destacando-se o fenômeno recente da
"uberização".
• Para uma análise abrangente desse tema, é fundamental contextualizar as origens históricas
que propiciaram essa forma de exploração contemporânea.
• No contexto atual da 4ª Revolução Industrial, impulsionada pelo progresso da inteligência
artificial, a produção humana se descentraliza devido a estratégias de gestão das empresas
com a utilização de tecnologia.
UBERIZAÇÃO
A uberização, nada mais é do que uma atividade laboral informal, flexível e por demanda, tendo
como exemplos principais as plataformas de entregas e transportes. A uberização foi se
intensificado e, atualmente, faz parte da vida de vários trabalhadores, contudo, embora haja a
CLT para regularas relações trabalhistas, a mesma não é devidamente aplicada neste cenário.
RELAÇÃO DE EMPREGO X RELAÇÃO DE
TRABALHO

A diferença existente entre a relação de emprego e a relação de trabalho é a


existência ou não do vínculo empregatício
DIREITO DO TRABALHO E
A UBERIZAÇÃO: A
CARACTERIZAÇÃO DO
VÍNCULO EMPREGATÍCIO
o fenômeno da uberização consiste no modelo de trabalho em que, segundo
tese empresarial, o profissional presta serviços de forma autônoma, de acordo
com a demanda. Essa configuração de trabalhador autônomo para essa
categoria de trabalhadores é visivelmente errônea, pelo fato de que ao fazer
uma análise como será feito no presente tópico, chega-se facilmente a
conclusão de que esses obreiros possuem as características necessárias para
configurar uma relação empregatícia com as respectivas empresas.

O que vem acontecendo na prática é uma tentativa de burlar a legislação


trabalhista vigente, já que essas empresas difundem a mascarada ideia de um
falso empreendedorismo/autonomia por parte de seus entregadores, negando
assim, a existência de subordinação e não eventualidade na prestação dos
serviços, elementos estes essenciais para a caracterização do vínculo
empregatício.
O PREJUÍZO SOFRIDO PELOS
TRABALHADORES
Além da relevante discussão acerca do
enquadramento dessas pessoas como
empregados, outro grave ponto a ser
debatido, consiste na inexistência de
condições mínimas de segurança para esses
trabalhadores. Um exemplo que infelizmente
é comum, é o fato de que esses trabalhadores
precisam enfrentar longas e exaustivas
jornadas para que consigam uma
remuneração adequada para o sustento.
Entretanto, essa prática pode surtir reflexos
perigosos no trânsito, de maneira a colocar a
sua própria vida e integridade física em risco
CASO DO IFOOD
Um exemplo claro dessa situação, é o que
acontece na rede IFOOD, aonde o entregador
vai até o restaurante e fica aguardando o
preparo do alimento para sair de fato para a
entrega. Entretanto, esse tempo de espera não
é computado como tempo efetivo de serviço,
o que é oposto ao assegurado pelo artigo 4º
da CLT, que traz a seguinte redação:
Considera-se como se de serviço efetivo o
período em que o empregado esteja à
disposição do empregador, aguardando ou
executando ordens, salvo disposição especial
expressamente consignada
CAMINHO PARA O RECONHECIMENTO DO
VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Em 11/04/22, a 3ª Turma do TST, com o Ministro


relator Maurício Godinho Delgado, reconheceu o
vínculo empregatício entre motorista e empresa de
plataforma digital, no processo 100353-
02.2017.5.01.00661.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A uberização que antes já estava em expansão em todo mundo devido a combinação dos anseios da sociedade com o
emprego de novas tecnologias, ganhou ainda mais espaço com a pandemia de covid-19, que culminou em
isolamento social, abalou a economia e aumentou o desemprego, o que alavancou o cenário das empresas
plataformas. Entretanto, uberização é sinônimo de precarização das relações de trabalho. É evidente que tal modelo
acarreta retrocesso. Ao longo do presente estudo, demonstramos que estes trabalhadores são alvos de estratégias
utilizadas pelas empresas a fim de desvincular das garantias trabalhistas previstas na Consolidação das Leis
Trabalhistas, haja vista que há uma falsa percepção de um trabalho autônomo realizado por eles, que faz com que
estes sejam vítimas de uma supressão de direitos e proteção celetista.o
REFERÊNCIAS
• BRASIL. DECRETO-LEI Nº 5.452, DE 1º De Maio de 1943
• DE MACEDO, Emili Fraga. A RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE ENTREGADORES E APLICATIVOS DE DELIVERY: VÍNCULO EMPREGATÍCIO OU
CONTRATO DE PARCERIA. 2021. 23 fls.Trabalho de conclusão de curso – Direito – Centro Universitário FG – UNIFG, Guanambi, 2021.
• MARTINS, Raphael. Uber exclui motoristas por cancelamento constante de corridas. G1. 24 Set. 21. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/noticia/2021/09/24/uber-exclui-maisde-15-mil-motoristas-por-cancelamento-constante-de-corridas-diz-associacao.ghtml
• ÍNDIO, Cristina. IBGE: país tem 2,1 milhões de trabalhadores de plataformas digitais. Agência Brasil. 25 Out. 23. Disponível em:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-10/ibge-paistem-21-milhoes-de-trabalhadores-de-plataformas-digitais
• ESTADÃO CONTEÚDO. Reforma trabalhista completa 4 anos sem conseguir estimular empregos. Exame. 21 Nov 21. Disponível em:
https://exame.com/economia/reforma-trabalhista-completa-4-anossem-conseguir-estimular-empregos/.
• BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho (3ª turma). Acordão. 100353- 02.2017.5.01.00661. Uber do Brasil Tecnologia LTDA e outros e Ministério Público
do Trabalho. Relator: Ministro Maurício Godinho Delgado. Brasília, DF, 11 Abr. 2022.
• BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho (4ª Vara do Trabalho de São Paulo). Sentença. 1001379-33.2021.5.02.0004. Uber do Brasil Tecnologia LTDA e
Ministério Público do Trabalho. Mauricio Pereira Simões. São Paulo, SP, 14 Set. 2023

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