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PATOS DE MINAS
2021
ELTON NETTO MOREIRA
PATOS DE MINAS
2021
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE ENTREGA DO PROJETO DE PESQUISA
CURSO DE DIREITO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS – UNIPAM
Observações_________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Patos de Minas/MG, _____ de _______________________ de 2021.
Orientador(a)________________________________________________________________
Prof. Me. Wânia Alves Ferreira Fontes
NOTA
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 4
2 PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................. 6
3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 7
3.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 7
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................ 7
4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 8
5 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 9
6 METODOLOGIA ......................................................................................................... 17
7 CRONOGRAMA .......................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 19
4
1 INTRODUÇÃO
2 PROBLEMATIZAÇÃO
3 OBJETIVOS
4 JUSTIFICATIVA
5 REVISÃO DE LITERATURA
destaca-se pela rápida expansão e pelas polêmicas que gera onde quer que
passe.
Kalil (2020, p. 123) aduz que a Uber, em particular, sustenta que é apenas uma
plataforma que conecta motoristas autônomos e usuários dos serviços de transporte individual
de passageiros, buscando eximir-se da responsabilidade do negócio e afastar-se de polêmicas
sobre a existência de uma estrutura de cadeia hierárquica.
Com efeito, as proprietárias de plataformas digitais negam que são empresas de
transporte, autointitulando-se empresas de tecnologia, e mantêm um discurso de parceria com
os motoristas, afirmando que estes possuem plena liberdade para determinar sua rotina de
trabalho, ante a flexibilidade de horário.
No entanto, Carelli (2020, p. 81-82) entende que
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Desse modo, ainda que se alegue não existir vínculo empregatício em determinada
relação contratual, se estiverem presentes os elementos constitutivos de uma relação de
emprego, compete ao aplicador do direito primar pela realidade sobre a forma.
Conforme mencionado acima, a relação de emprego é caracterizada pela presença
simultânea de alguns elementos fático-jurídicos, quais sejam, trabalho realizado por pessoa
física, pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação. Na relação entre
empresas e motoristas de aplicativos, o elemento da subordinação tem suscitado bastante
controvérsia, vez que aquelas consideram estes como trabalhadores autônomos, em razão de
sua liberdade na fixação da rotina de trabalho. Aduzem, portanto, a ausência de subordinação.
Para a melhor compreensão do que vem a ser autonomia e subordinação, Delgado
(2019, p. 397) ensina que
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detém a autonomia para organizar o trabalho, haverá subordinação, mesmo que não receba
comandos diretos e constantes do tomador de serviços.
Delgado (2019, p. 397-398) ensina que a subordinação possui três dimensões,
quais sejam, a clássica, a objetiva e a estrutural. A subordinação clássica ou tradicional
acontece ―quando o poder de direção empresarial exerce-se com respeito à atividade
desempenhada pelo trabalhador, no modus faciendi da prestação de trabalho‖. A subordinação
objetiva é evidenciada pela conformação da atividade do obreiro aos fins do empreendimento
a que se vincula. A subordinação do tipo estrutural, por seu turno, aparece quando o
trabalhador harmoniza-se à organização, cultura e diretrizes do tomador de serviços.
Para Delgado (2019, p. 354),
Baboin (2017, p. 353) aduz que por qualquer uma das dimensões da subordinação,
o motorista de aplicativo encontra-se subordinado à empresa, seja porque acata várias ordens
e está sujeito ao gerenciamento de sua prestação laboral, conforme a visão clássica, seja
porque está integrado nas atividades fins da empresa, de acordo com a dimensão objetiva, ou,
porque está introduzido na dinâmica estrutural da empresa, nos termos da visão estrutural.
Com efeito, percebe-se que a promessa de liberdade e autonomia do motorista não
passa de um artifício utilizado pelas empresas para seduzi-lo. Uma vez que o motorista se
conecta ao aplicativo, a empresa passa a ter total controle de sua prestação laboral. A este
incumbe somente sujeitar-se à direção da empresa se quiser continuar a trabalhar com o
aplicativo.
Segundo Carelli (2020, p. 81),
Por derradeiro, cumpre salientar, com escoro na Carta Maior e nos princípios que
informam o Direito do Trabalho, que as relações jurídicas havidas entre trabalhador e
empregador devem observar e respeitar as conquistas sociais, a fim de que o elo mais frágil
não seja submetido a formas de precarização do trabalho e tenha o reconhecimento do vínculo
empregatício assegurado sempre que presentes, ainda que de forma implícita, os elementos
fático-jurídicos que compõem a relação de emprego.
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6 METODOLOGIA
7 CRONOGRAMA
MESES/2021
ETAPAS
FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT
Escolha do tema e do
x
orientador
Problematização x
Objetivos e
x
justificativa
Metodologia e
x
cronograma
Levantamento
x x x
bibliográfico
Revisão de literatura x x
Introdução do projeto x
Sumário e início da
x x
feitura do artigo
Desenvolvimento do
x x x
artigo
Conclusão, resumo e
x
referências
Correção parcial x
Correção final e
x
depósito do TCC
Apresentação para a
x
banca examinadora
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2021.
DESENVOLVIMENTO DO ARTIGO
afastada está a relação de emprego. Não se pode olvidar, contudo, o que dispõe o art. 9º, CLT,
no tocante à possibilidade de simulação, no caso concreto, da utilização de pessoa jurídica
para mascarar uma realidade que demonstra a efetiva prestação de serviço por pessoa física.
O pressuposto da pessoa física está diretamente ligado ao da pessoalidade. No
entanto, tal afirmação não pode conduzir à conclusão de que o trabalho exercido por pessoa
física pressupõe a pessoalidade. Com efeito, um serviço pode ser prestado por pessoa física
que pode se fazer substituir por outra. Caso isso ocorra, a pactuação não poderá ser
classificada como um contrato de emprego.
A pactuação, apenas com respeito ao trabalhador, deve ser intuitu personae, é
dizer, com caráter de infungibilidade. A contratação de um empregado leva em consideração
todas as qualidades pessoais. Em razão disso, o empregador espera que o serviço seja
realizado por aquele contratado para tal, e não por outra pessoa (MARTINEZ, 2021, p. 174).
Na relação de trabalho sob análise, percebe-se, claramente, que os motoristas de
aplicativos são admitidos mediante o cadastramento prévio, com a apresentação de
documentos pessoais e a satisfação de requisitos individuais que os qualifiquem para a
prestação do serviço contratado.
Ainda que seja possível o cadastramento de pessoa jurídica com frota de veículos
própria e vinculação de motoristas auxiliares, há a necessidade do cadastro individualizado,
pessoal e intransferível, de cada motorista, o qual é individualmente avaliado pelas empresas
provedoras dos aplicativos. A imposição de cadastramento prévio e individualizado, aliado à
vedação de transferência de acesso da conta pessoal a terceiros, evidenciam a pessoalidade da
relação de trabalho (PIRES, 2019, p. 113).
No tocante ao requisito da não eventualidade, tem-se que o trabalho deve ser
prestado habitualmente, fixando-se o obreiro à empresa com caráter de permanência e ânimo
definitivo, é dizer, não pode ser realizado de forma esporádica e condicionado a um evento
incerto.
Uma análise perfunctória poderia conduzir à ideia de que o serviço prestado pelo
motorista de aplicativo é eventual, em razão da flexibilidade de horário. No entanto, a não
eventualidade deve ser examinada sob o enfoque de que a intermitência e a inexistência de
fixação de jornada de trabalho não são elementos que desnaturam a relação de emprego,
mormente após a introdução do trabalho intermitente na CLT.
Ademais, ―a eventualidade, para fins celetistas, não traduz intermitência; [...] se a
prestação é descontínua, mas permanente, deixa de haver eventualidade‖ (DELGADO, 2019,
p. 344). Com efeito, a habitualidade não se configura pela existência de horários fixos,
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