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Introdução
Muito embora, o trabalho prestado pelos trabalhadores seja essencial para a conclusão
destes serviços, estes não são sujeitos de direitos trabalhistas, o que possibilita que estes
trabalhadores vivenciem situações precárias de trabalho. Como o excesso de horas
trabalhadas para conseguir uma boa remuneração semanal, visto que o valor recebido
vai depender da oscilação de entregas durante o turno trabalhado; entregas realizadas
debaixo de chuva para não atrasar o tempo de entrega determinado pela plataforma; ou
até mesmo enfrentar a grosseria e humilhações oferecidas pelos clientes no momento da
entrega; assim como também o direito a folga remunerada caso adoeça ou precise ir a
um velório de um ente querido.
Sendo assim, sem a proteção dos direitos trabalhistas, a única maneira de proteger
estes trabalhadores, faz-se por meio de organização coletiva de trabalho, isto é, os
sindicatos, um órgão fundamental que visa a proteção de uma classe trabalhadora com
base na melhoria das condições de trabalho, valorização da classe, e uma remuneração
adequada.
No entanto, a formação de um sindicato de tal classe trabalhadora não é uma tarefa
fácil, visto que poderá haver uma certa dificuldade em reunir todos ou uma boa parte
desses trabalhadores, fazendo um trabalho de conscientização para que os mesmos
adiram ao sindicato visando a melhoria das condições de trabalho da sua própria classe.
Sem falar na dificuldade do próprio sindicato em se manter existindo, pois, a falta de
verba e investimentos podem afetar a existência desta categoria sindical.
Com a aderência dos trabalhadores ao sindicato, o mesmo buscará junto aos poderes
públicos, a elaboração de leis que considerem e determinem o vínculo empregatício
destes trabalhadores para com as plataformas digitais, visto que há relação de trabalho, e
os prestadores de serviços senguem trabalhando sem nenhuma proteção.
Como por exemplo, em caso de acidente no momento em que o entregador estiver
indo realizar a entrega, muitas plataformas digitais não arcavam com nem 1%, ou
melhor dizer, não arcavam com nada na realização do tratamento para a recuperação do
trabalhador. No entanto, após muita luta, a breve lei temporária nº 14.297/2022,
estabelece alguns direitos aos entregadores que prestam serviço por intermédio de
plataformas digitais.
Com base no exemplo citada acima, a lei nº 14.297/2022 estabelece em seu art. 3º que
a empresa de aplicativo obrigasse a contratar seguro contra acidentes em beneficio do
entregador cadastrado na sua plataforma, assim como, obrigasse também a cobrir e
indenizar em casos de acidentes que cause invalidez permanente ou temporária, ou até
mesmo morte.
Entretanto, o iFood oferece estas condições de trabalho desde 2019, ofertando esse
seguro aos entregadores cadastrados nas plataformas. Mas será isso suficiente para a
proteção dos trabalhadores da classe? Este direito seria suficiente no que tange a
proteção destinada a condições dignas de trabalho? Muito embora seja um direito
essencial, este não deve ser o único.
A lei nº14.297/2022 também estabelece direitos como o acesso a instalações sanitárias
e a água portável (art. 6º, inciso II e III), portanto, sim, embora estejamos no século
XXI, faz-se necessário que uma lei determine que as empresas são obrigadas a oferecer
direitos tão básicos a estes trabalhadores, que muito embora não tenha vinculo com ela,
ainda prestam serviço fundamental para a mesma por intermédio de plataformas
digitais, neste caso, o iFood.
Conclusão
Sendo assim, a certeza extraída desta análise, só escancara a importância da criação dos
sindicatos dos entregadores que trabalham por meio das plataformas digitais, para que
esta organização coletiva permaneça lutando para reconhecer o vínculo empregatício
entre os entregadores e as plataformas, neste caso, o iFood, bem como a necessidade de
criação de leis que protejam e determinem condições de trabalho e salarial adequadas
para a classe.
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https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/juizo-de-valor/lei-14-297-22-
entregadores-de-aplicativos-ainda-estao-protegidos-24062022