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Aula 03 - Prof.

Antonio
Daud (Somente PDF)
CNU - Concurso Nacional Unificado
(Bloco 4 - Trabalho e Saúde do
Trabalhador) Conhecimentos Específicos
- Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho -
Autor:
2024 (Pós-Edital)
Antonio Daud, Mara Queiroga
Camisassa de Assis, Equipe Mara
Camisassa

24 de Janeiro de 2024
Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa
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Índice
1) Terceirização Trabalhista
..............................................................................................................................................................................................3

2) Trabalho Temporário
..............................................................................................................................................................................................
18

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TERCEIRIZAÇÃO NO DIREITO DO TRABALHO


Estudamos até o momento os casos em que há vínculo empregatício (relação bilateral, nas figuras de
empregado e empregador) e, também, casos em que existe a relação de trabalho lato sensu (relação entre
prestador de serviços e tomador de serviços).

Na terceirização, por sua vez, estaremos diante de relação trilateral, onde terão lugar:

✓ Empregado
✓ Empregador (empresa prestadora de serviços - EPS)
✓ Empresa contratante de serviços

Neste contexto, haverá contrato de trabalho entre a empresa prestadora de serviços e o empregado, e, entre
as empresas prestadora e contratante, um contrato de natureza civil.

Exemplo: o Supermercado Alfa contrata a empresa de limpeza Limpatudo para realizar a manutenção de
suas instalações.

Entre o Supermercado Alfa e a Limpatudo haverá um contrato de direito civil; entre a Limpatudo e seus
empregados haverá, naturalmente, um contrato de trabalho e teremos, assim, a terceirização das atividades
de limpeza e conservação tendo a Limpatudo como prestadora de serviços e o Supermercado Alfa como
contratante dos serviços.

Até a publicação da Lei 13.429/2017 (que alterou a Lei 6.019/1974), o tema exigia o conhecimento da Súmula
331 do TST:

SUM-331 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE


I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo
diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº
6.019, de 03.01.1974).
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo
de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art.
37, II, da CF/1988).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância
(Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços
especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade
e a subordinação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a
responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde
que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial.
V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem
subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta

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culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na


fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço
como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das
obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada.
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas
decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.

Com a alteração promovida pela Lei 13.429/2017, a redação da súmula perdeu grande parte de sua
relevância.

Vamos agora passar a tratar das novas regras da terceirização.

A lei define “empresa prestadora de serviços” como sendo:

Lei 6.019, art. 4o-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita
pela contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade
principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua
capacidade econômica compatível com a sua execução.

Pela parte final do caput acima, percebemos que a contratante dos serviços não poderia contratar uma
empresa prestadora de serviços (EPS) qualquer, ele deve ter “capacidade econômica” compatível, com, por
exemplo, patrimônio e capital de giro suficiente para o contrato celebrado.

Após a reforma trabalhista, foi excluída a necessidade de que os serviços terceirizados fossem “determinados
e específicos”. Veja como era a redação anterior:

Lei 6.019, art. 4º-A. Empresa prestadora de serviços a terceiros é a pessoa jurídica de
direito privado destinada a prestar à contratante serviços determinados e específicos.

Aqui um parêntese antes de avançarmos. Muito embora não mais se exija expressamente que os serviços
contratados sejam “determinados e específicos”, como alerta Raphael Miziara1, eles devem ser especificados
no contrato de prestação de serviços2, além do que é vedada3 a utilização dos terceirizados em atividades
distintas daquelas contratadas (desvio de função).

Seguindo adiante, a Lei 6.019 destaca também que o trabalhador terceirizado (diferentemente do
trabalhador temporário) não se subordina diretamente à contratante:

Lei 6.019/1974, art. 4º-A, § 1º A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e


dirige o trabalho realizado por seus trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para
realização desses serviços.

1
MIZIARA, Raphael. PINHEIRO, Iuri. A Regulamentação da Terceirização e o Novo Regime do Trabalho Temporário. LTr, 2017. p.
54
2
Lei 6.019/1974, art. 5º-B. O contrato de prestação de serviços conterá: (..) II - especificação do serviço a ser prestado
3
Lei Art. 5o-A, § 1º É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que foram objeto do
contrato com a empresa prestadora de serviços.

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Portanto, na terceirização, é a EPS quem dirige a prestação laboral (como já dizia a SUM-331 do TST, item III,
parte final).

Outra observação a respeito do §1º acima, é a possibilidade de a empresa prestadora (EPS) de serviços
subcontratar outras empresas (chamada, por alguns, de “terceirização em cadeia”4 ou, por outros,
“quarteirização”5).

Exemplo: o Supermercado Alfa contrata a empresa de limpeza Limpatudo para realizar a manutenção de
suas instalações. A Limpatudo, por sua vez, subcontrata estes serviços da empresa FazdeTudo, cujos
trabalhadores irão efetivamente realizar a tarefa.

Na sequência, a Lei deixa claro que, sendo caso de terceirização lícita6, não haverá formação de vínculo de
emprego dos trabalhadores terceiros (ou sócios das EPS) com a empresa contratante dos serviços:

Lei 6.019/1974, art. 4º-A, § 2º Não se configura vínculo empregatício entre os


trabalhadores, ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu
ramo, e a empresa contratante.

Existe uma disposição muito semelhante em relação ao trabalho temporário 7.

Empresa prestadora de serviços (EPS)


INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA

Como já vimos, a empresa prestadora de serviços deve ser uma pessoa jurídica de direito privado com
capacidade econômica para o contrato.

Nesse sentido, a lei da terceirização prevê alguns requisitos para funcionamento desta empresa, em especial
exigências do capital social da empresa:

Lei 6.019/1974, art. 4º-B. São requisitos para o funcionamento da empresa de prestação
de serviços a terceiros:
I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ);
II - registro na Junta Comercial;
III - capital social compatível com o número de empregados, observando-se os seguintes
parâmetros:
a) empresas com até dez empregados - capital mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil reais);

4
MIZIARA, Raphael. PINHEIRO, Iuri. A Regulamentação da Terceirização e o Novo Regime do Trabalho Temporário. LTr, 2017. p.
59-66
5
AIRR - 1818-52.2012.5.12.0019. Data de Julgamento: 3/12/2014, Data de Publicação: DEJT 5/12/2014
6
Aproveitando-se o teor da SUM-331, I.
7
Lei 6.019/1974, art. 10. Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe vínculo de emprego entre ela e
os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho temporário.

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b) empresas com mais de dez e até vinte empregados - capital mínimo de R$ 25.000,00
(vinte e cinco mil reais);
c) empresas com mais de vinte e até cinquenta empregados - capital mínimo de R$
45.000,00 (quarenta e cinco mil reais);
d) empresas com mais de cinquenta e até cem empregados - capital mínimo de R$
100.000,00 (cem mil reais); e
e) empresas com mais de cem empregados - capital mínimo de R$ 250.000,00 (duzentos e
cinquenta mil reais).

Compilando o inciso III acima, temos:

Quantidade de
Capital social mínimo (R$)
empregados da EPS
Até 10 10.000,00
de 11 até 20 25.000,00
de 21 até 50 45.000,00
de 51 até 100 100.000,00
mais de 100 250.000,00

Contratante dos serviços


INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA

A lei define como:

Lei 6.019, art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com
empresa de prestação de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive
sua atividade principal.

Portanto, a lei facultou que até mesmo pessoas físicas (isto é, naturais) terceirizem serviços 8.

E para preservar o contrato de prestação de serviços:

Lei 6.019/1974, art. 5o-A, § 1º É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em


atividades distintas daquelas que foram objeto do contrato com a empresa prestadora de
serviços.

8
A nova lei não deixou claro se a Administração Pública poderia ou não se escorar em tal definição para terceirizar amplamente
suas atividades. De toda forma, a ampliação irrestrita da terceirização pelo Estado esbarra no mandamento do concurso público
(CF, art. 37, II).

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Os serviços terceirizados poderão ser prestados em qualquer local, desde que seja de comum acordo entre
EPS e contratante:

Lei 6.019/1974, art. 5o-A, § 2º Os serviços contratados poderão ser executados nas
instalações físicas da empresa contratante ou em outro local, de comum acordo entre as
partes.

Agora, importante conhecer as obrigações da contratante em uma terceirização.

Por meio do art. 5º-A, §3º, o legislador afirma que é a contratante é obrigada a garantir um ambiente de
trabalho seguro:

Lei 6.019/1974, art. 5o-A, § 3o É responsabilidade da contratante garantir as condições de


segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em
suas dependências ou local previamente convencionado em contrato.

A par da previsão legal transcrita acima, a doutrina9 entende que tal disposição não afasta a responsabilidade
da EPS, a qual seria solidariamente responsável (juntamente com a contratante), conforme se extrai do
enunciado da 1º Jornada de Direito do Trabalho:

44. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. TERCEIRIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE.


Em caso de terceirização de serviços, o tomador e o prestador respondem solidariamente
pelos danos causados à saúde dos trabalhadores. Inteligência dos artigos 932, III, 933 e 942,
parágrafo único, do Código Civil e da Norma Regulamentadora 4 (Portaria 3.214/77 do
Ministério do Trabalho e Emprego).

9
MIZIARA, Raphael. PINHEIRO, Iuri. A Regulamentação da Terceirização e o Novo Regime do Trabalho Temporário. LTr, 2017. p.
97-99.

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Como regra geral, a Lei faculta (não torna obrigatória) a extensão aos trabalhadores terceirizados das
facilidades médicas e de refeição dos próprios empregados da contratante:

Lei 6.019/1974, art. 5o-A, § 4o A contratante poderá estender ao trabalhador da empresa


de prestação de serviços o mesmo atendimento médico, ambulatorial e de refeição
destinado aos seus empregados, existente nas dependências da contratante, ou local por
ela designado.

Entretanto, caso os serviços sejam prestados nas dependências da tomadora dos serviços, torna-se
obrigatório à contratante estender tais facilidades aos terceirizados:

Lei 6.019, art. 4o-C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços
a que se refere o art. 4o-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de
qualquer uma das atividades da contratante, forem executados nas dependências da
tomadora, as mesmas condições:
I - relativas a:
a) alimentação garantida aos empregados da contratante, quando oferecida em
refeitórios;
b) direito de utilizar os serviços de transporte;
c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas dependências da contratante ou
local por ela designado;
d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, quando a atividade o exigir.
II - sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança no trabalho e de instalações
adequadas à prestação do serviço.

Exemplo 1: a empresa tomadora dos serviços possui refeitório para seus empregados e contrata prestação
de serviços terceirizados em suas dependências: deverá facultar também aos terceirizados a mesma
condição.

Exemplo 2: a empresa tomadora dos serviços possui refeitório para seus empregados, mas a prestação de
serviços terceirizados ocorre fora das suas dependências: poderá facultar também aos terceirizados a
mesma condição.

O mesmo vale para transporte, atendimento médico e ambulatorial, treinamento, condições sanitárias e de
SST.

Embora parte da doutrina tenha entendido inicialmente que o art. 4o-C (inserido pela Lei 13.467/2017)
revogou tacitamente o art. 5o-A, § 4o (inserido pela Lei 13.429/2017), as Bancas têm entendido pela
coexistência das duas regras, de modo que uma seria exceção à regra da outra.

Este detalhe foi cobrado na questão abaixo, incorreta, já que não se mencionou que a prestação ocorria nas
dependências da contratante:

FCC/TST – Analista Judiciário–Área Judiciária – 2017 (adaptada)

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A contratante deverá estender ao trabalhador da empresa de prestação de serviços o mesmo atendimento


médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existente nas dependências da
contratante, ou local por ela designado.

Por outro lado, a questão abaixo foi considerada correta:

FCC/TST – Analista Judiciário–Área Administrativa – 2017 (adaptada)


Gosto Bom Ltda., indústria alimentícia, terceirizou os serviços do setor de embalagens dos seus produtos e,
para tanto, contratou a empresa Pacote Forte Embalagens Ltda., de propriedade de seu antigo gerente
industrial, que pediu demissão exatamente para fundar esta empresa. Esse é o primeiro contrato de
prestação de serviços firmado pela Pacote Forte Embalagens Ltda., quatro meses depois de iniciar suas
atividades. No contrato de prestação de serviços pactuado restou previsto que os empregados da contratada
farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante. Os serviços contratados são
executados nas dependências da tomadora. Considerando as regras legais sobre terceirização de serviços,
julgue:
( ) os empregados da Pacote Forte Embalagens Ltda. que prestam serviços à Gosto Bom Ltda. têm
asseguradas as mesmas condições relativas a atendimento médico ou ambulatorial existente nas
dependências da contratante ou local por ela designado.

E se, por exemplo, a quantidade de terceirizados for tão grande que o refeitório da
tomadora não seja suficiente para acomodar todos?

Antevendo esta situação, o legislador autorizou que os “serviços de alimentação” e de “atendimento


ambulatorial” fossem fornecidos aos terceirizados em outro local, nas hipóteses em que os terceirizados
forem em número igual ou superior a 20% dos empregados próprios da tomadora:

Lei 6.019, art. 4o-C, § 2o Nos contratos que impliquem mobilização de empregados da
contratada em número igual ou superior a 20% (vinte por cento) dos empregados da
contratante, esta poderá disponibilizar aos empregados da contratada os serviços de
alimentação e atendimento ambulatorial em outros locais apropriados e com igual padrão
de atendimento, com vistas a manter o pleno funcionamento dos serviços existentes.
----

Reparem, portanto, que, em se tratando de ambiente de trabalho, há equivalência de direitos entre o


terceirizado e o empregado próprio do tomador, nas situações em que a prestação ocorrer dentro das
dependências da tomadora.

Todavia, em se tratando de salário, veremos mais à frente que não existe tal equivalência.

----

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Por fim, a lei deixa clara a responsabilidade subsidiária da contratante pelas obrigações trabalhistas em uma
terceirização lícita10:

Lei 6.019/1974, art. 5o-A, § 5º A empresa contratante é subsidiariamente responsável


pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de
serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art.
31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 199111.

Responsabilidade subsidiária pelas


obrigações trabalhistas (regra)

Responsável por gerar ambiente de


Contratante trabalho seguro aos terceirizados
dos serviços regra: poderá dar o mesmo
(tomadora) atendimento tratamento dado aos
médico, empregados próprios Se terceirizados
ambulatorial e forem 20% ou mais
de refeição aos exceção: serviços prestados
dos empregados
terceirizados nas dependências da próprios: outros
contratante locais com mesmo
padrão

Atividades que podem ser terceirizadas


INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA

Antes da publicação da Lei, permitia-se (por meio da SUM-331 do TST) somente a terceirização de serviços
especializados ligados à atividade-meio do contratante, atividades de limpeza e conservação e de vigilância.

A nova lei, por sua vez, não faz qualquer restrição nesse sentido, possibilitando expressamente a
terceirização das atividades principais da empresa contratante. Ou seja, segundo dispõe a Lei 6.019, com

10
Aproveitando-se o teor da SUM-331, itens I e IV.
11
Lei 8.212/1991, art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime
de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e
recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da
emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele
dia, observado o disposto no § 5º do art. 33 desta Lei.

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redação dada pela Lei 13.467, de julho de 2017, quaisquer atividades podem ser objeto de terceirização, seja
atividade-meio ou atividade-fim.

Na sequência, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu12 que é lícita a terceirização em todas as etapas do
processo produtivo, seja meio ou fim, tendo fixado a seguinte tese:

É licita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do trabalho entre pessoas


jurídicas distintas, independentemente do objeto social das empresas envolvidas,
mantida a responsabilidade subsidiária da empresa contratante.

Contrato de prestação de serviços


INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA

O art. 5º-B da Lei 6.019 elenca alguns requisitos do contrato de prestação de serviços:

Lei 6.019/1974, art. 5º-B. O contrato de prestação de serviços conterá:


I - qualificação das partes;
II - especificação do serviço a ser prestado; 13
III - prazo para realização do serviço, quando for o caso;
IV - valor.

Quarentena para terceirização


INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA

Objetivando minimizar as chances de que as empresas dispensem seus empregados próprios para
terceirizarem, com os mesmos trabalhadores, as atividades por eles exercidas, criou-se uma quarentena de
18 meses.

Exemplo: Francisco é empregado da empresa QueBrada Ltda. Se Francisco é dispensado, ele somente poderá
prestar serviços, enquanto trabalhador terceirizado, àquela empresa após o decurso de 18 meses (seja como
empregado da empresa prestadora de serviços, seja como sócio da prestadora).

A ideia é evitar que os empregados sejam demitidos e forçados a constituírem empresas próprias
(pejotização) para prestarem serviços ao antigo empregador, no intuito de burlar a legislação trabalhista.

12
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário (RE) 958252, com repercussão
geral reconhecida. Julgamento em 30/8/2018.
13
Aproveito para destacar que a Lei 6.019 não se aplica à terceirização dos serviços de vigilância e transporte de valores, os quais
continuam sendo regidos por lei própria (Lei nº 7.102/1983).

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A única exceção refere-se ao empregado que se aposenta. Neste caso, não há que se falar em quarentena
de 18 meses:

Lei 6.019, art. 5º-C. Não pode figurar como contratada, nos termos do art. 4º-A desta Lei,
a pessoa jurídica cujos titulares ou sócios tenham, nos últimos dezoito meses, prestado
serviços à contratante na qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo
empregatício, exceto se os referidos titulares ou sócios forem aposentados.
Lei 6.019, art. 5º-D. O empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta
mesma empresa na qualidade de empregado de empresa prestadora de serviços antes do
decurso de prazo de dezoito meses, contados a partir da demissão do empregado.

Não obrigatoriedade de salário equivalente aos terceirizados


INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA

O TST vinha entendendo que os trabalhadores terceirizados tinham direito à isonomia salarial com o
empregado próprio do tomador dos serviços, em especial nas situações de terceirização ilícita, conforme se
depreende da OJ 383 da SDI-114.

Todavia, a Lei não exige isonomia entre os terceirizados e os empregados próprios do tomador. Isto porque,
por meio da Lei 13.467, que alterou a Lei 6.019/1974, ficou estabelecido que não há obrigatoriedade de
equivalência salarial entre o empregado próprio do tomador dos serviços e o trabalhador terceirizado:

Lei 6.019, art. 4o-C, § 1o Contratante e contratada poderão estabelecer, se assim


entenderem, que os empregados da contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos
empregados da contratante, além de outros direitos não previstos neste artigo.

Em outras palavras, até pode ser estabelecida a equivalência salarial, no âmbito do contrato de prestação de
serviços, mas esta não é uma obrigação das empresas.

Sintetizando, temos o seguinte:

14
383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS E DA TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12,
“A”, DA LEI Nº 6.019, DE 03.01.1974.
A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com ente da Administração
Pública, não afastando, contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos empregados terceirizados às mesmas verbas trabalhistas
legais e normativas asseguradas àqueles contratados pelo tomador dos serviços, desde que presente a igualdade de funções.
Aplicação analógica do art. 12, “a”, da Lei nº 6.019, de 03.01.1974.

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Nesse sentido, destaco que a equivalência salarial ficou mantida apenas para o trabalhador temporário – Lei
6.019, art. 12, ‘a’.

Para encerrar este tópico, trago as críticas do Ministro Godinho em relação à mudança promovida 15:

A segunda mudança muito impactante promovida pela Lei n. 13.467/2017 consiste na


consagração da ideia da discriminação salarial entre os trabalhadores terceirizados e os
empregados da empresa contratante (art. 4º-C, §1º, Lei 6.019/1974). Ou melhor: a
possibilidade de escolha contratual, pelas empresas, entre se adotar uma prática
discriminatória ou não quanto aos salários dos trabalhadores terceirizados.

Terceirização na Administração Pública


INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA

A terceirização no âmbito público em geral é realizada por meio de contratos administrativos de prestação
de serviços, celebrados entre o ente público e o prestador privado.

A regra geral, de sede constitucional, é de que tais contratos sejam resultantes de um procedimento
licitatório.

E, uma vez celebrado o contrato, como vocês sabem, a Lei de Licitações atribuiu à Administração Pública o
dever de fiscalizar os contratos administrativos que vier a celebrar:

Art. 117. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por 1 (um) ou
mais fiscais do contrato, representantes da Administração especialmente designados
conforme requisitos estabelecidos no art. 7º desta Lei, ou pelos respectivos substitutos,

15
DELGADO, Maurício Godinho. DELGADO, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n.
13.467/2017. 1ª ed. São Paulo: LTr, 2017. P. 209

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permitida a contratação de terceiros para assisti-los e subsidiá-los com informações


pertinentes a essa atribuição.

Esta atribuição é desempenha por um servidor, muitas vezes chamado de “fiscal de contrato” ou “gestor de
contrato”.

Considerando esta atribuição, o TST vinha entendendo que, caso esta fiscalização não fosse realizada de
forma adequada, a Administração Pública poderia ser chamada a responder pelos créditos trabalhistas não
pagos aos terceirizados.

Exemplo: a empresa XYZ foi contratada pelo Tribunal 234 para prestar serviços de vigilância. Pois bem, a
empresa decretou sua falência e deixou de pagar uma série de direitos aos seus empregados que prestavam
serviços àquele Tribunal.

Nesse cenário, o TST vinha entendendo que, caso o Tribunal não houvesse fiscalizado de forma adequada a
prestação dos serviços, o próprio Tribunal 234 poderia ser chamado a responder pelos direitos dos
empregados da empresa XYZ.

Neste aspecto convém mencionar as culpas in eligendo e in vigilando.

O conceito de culpa in eligendo decorre do tomador de serviços ter elegido mal seu prestador de serviços,
que não cumpriu suas obrigações perante os empregados.

A culpa in vigilando se relaciona à fiscalização deficiente da tomadora, que permitiu a prática de


irregularidades trabalhistas por parte da prestadora, o que implica em sua responsabilidade subsidiária.

Para que o tomador de serviços seja responsabilizado subsidiariamente me face de obrigações trabalhista
oriundas da terceirização, este deve ter participado da relação processual e deve constar também do título
executivo judicial.

Tendo em vista evolução jurisprudencial com relação à responsabilização da Administração Pública em


terceirizações, em 2011 o TST inseriu o item V na Súmula 331, que trata especificamente da responsabilidade
subsidiária de órgão e entidades públicos:

SUM-331, V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem


subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta
culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente
na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de
serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
contratada.
Esta alteração decorreu de ação judicial (Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC) envolvendo a
revogada Lei 8.666/93, que em seu artigo 71 dispunha:
Lei 8.666/93, art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,
previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.

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§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e


comerciais não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento,
nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e
edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis.

Além disso, a NLL estabelece que a Administração contratante fiscalizará a execução do contrato e o
cumprimento das obrigações contratuais da empresa contratada.

Deste modo, o item V deixa claro que a responsabilização do ente público “não decorre de mero
inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada”, mas terá
lugar quando se verifique que o ente público contratante aja de forma culposa no cumprimento
(descumprimento, no caso) de sua obrigação de fiscalizar o contato – configurar-se-ão, neste caso, as culpas
in eligendo e in vigilando.

Em outro giro, no julgamento do RE nº 760.931/DF, com repercussão geral reconhecida, o STF firmou a tese
==14b95d==

de que:

o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere


automaticamente ao Poder Público contratante a responsabilidade pelo seu pagamento,
seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93

Isto porque o STF entendeu que a responsabilização do ente público apenas está autorizada quando comprovada
a ausência de fiscalização quanto ao cumprimento das obrigações trabalhistas pela prestadora.

E quem detém o ônus de comprovar a realização da fiscalização? Ou de provar a


inexistência de fiscalização sistemática?

Até pouco tempo atrás, vinha se entendendo que a definição do ônus da prova caberia ao TST, diante de sua
natureza eminentemente infraconstitucional. E, nesse sentido, vinha defendendo o TST 16 que a
Administração Pública é quem detinha o ônus de provar que fiscalizou diligentemente os contratos por ela
firmados. Não havendo tal comprovação, o poder público seria chamado a responder em caráter subsidiário.
Na prática, tal entendimento acabava apequenando o entendimento do STF no sentido de que a
Administração não responderia automaticamente. Isto porque, caso não houvesse provas de fiscalização
adequada, haveria a responsabilização subsidiária do poder público "automaticamente".

Ocorre que, a partir de setembro de 2020, interpretando-se julgados do STF17, o TST curvou-se à tese de que
é do empregado (e não da Administração Pública) o ônus de se comprovar a culpa in vigilando da
Administração:

16
A exemplo do TST-E-RR-925-07.2016.5.05.0281, SBDI-I, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão,
12.12.2019. Informativo TST 214
17
Em especial o RE 760.931 (tema de repercussão geral 246)

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1. O Supremo Tribunal Federal, ao revisitar o tema específico da responsabilidade


subsidiária, após o reconhecimento da constitucionalidade do art. 71, § 1º, da Lei 8.666/93,
que exime a administração pública nos casos de terceirização de serviços (ADC 16, Rel. Min.
Cezar Peluso, DJe de 08/09/11), reafirmou o entendimento anterior, que veda a
responsabilização automática da administração pública, só cabendo sua condenação se
houver prova inequívoca de sua conduta omissiva ou comissiva na fiscalização dos
contratos (RE 760.931, Red. Min. Luiz Fux, julgado em 30/03/17, leading case do Tema 246
de Repercussão Geral do STF). Nesse sentido, apenas nas hipóteses em que fique claro na
decisão regional que foi comprovada pelo reclamante a culpa in eligendo ou in vigilando da
administração pública é que se poderia condená-la subsidiariamente. As hipóteses de culpa
presumida ou decorrente de inversão do ônus da prova, como também a de atribuição da
responsabilidade por mero inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do
prestador de serviços, foram descartadas pelo Pretório Excelso nesse último julgamento.
2. Sobreleva notar que a tese da Relatora originária do RE 760.931 (Min. Rosa Weber), de
que o ônus da prova era da Administração Pública, restou vencida, e a decisão do TST,
calcada na culpa in vigilando do ente público, por não ter provado que fiscalizou o
cumprimento das obrigações trabalhistas, foi reformada. Assim, os embargos declaratórios
foram rejeitados ao fundamento de que a decisão não carecia de maiores esclarecimentos
(RE 760.931-ED, Red. Min. Edson Fachin, DJe de 06/09/19). Ou seja, nem se adotou a tese,
a contrario sensu, do ônus da prova do reclamante nos embargos declaratórios, nem se
afirmou ser tal matéria infraconstitucional, já que, repita-se, ficou vencida a tese do ônus
da prova da administração pública no julgamento originário do Supremo, com cassação da
decisão do TST que se firmava nessa tese específica (Rel. Min. Freire Pimenta).
3. Ademais, ambas as Turmas do STF, apreciando reclamações contra decisões do TST,
vencidos os Min. Marco Aurélio e Rosa Webrer, deixaram claro que, de acordo com o
figurino dos precedentes vinculantes do STF quanto ao Tema 246, é do reclamante o ônus
da prova da culpa in vigilando da administração pública (cfr. AgRg-ED-Rcl 36.836-MA, 1ª
Turma, Red. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/2/2020; AgRg-Rcl 37.035-MA, 2ª
Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2019). 4. Assim, a regra é a não
responsabilização da administração pública pelos créditos judiciais trabalhistas de
empregados terceirizados, e a contemporização do STF, abrindo exceção à regra, fica
limitada e balizada pelas decisões da própria Suprema Corte, que, portanto, não
comportam elastecimento por parte da Justiça do Trabalho.
TST-RR-83- 97.2018.5.20.0003, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra Martins Filho, julgado em
29/9/2020. Informativo TST 226.

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Para finalizar a Súmula 331 vamos reler o item VI:

VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas


decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral.

Este item também foi inserido em 2011, para deixar claro que a responsabilidade subsidiária na terceirização
não se refere apenas ao salário, mas também às demais verbas trabalhistas remuneratórias e indenizatórias.

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Como já ressaltamos anteriormente, a súmula comentada acima não foi objeto de cancelamento ou reforma
pelo TST, mesmo após a publicação da nova lei de terceirização (Lei 13.429/2017).

As alterações promovidas pela nova lei exigirão o cancelamento ou a revisão da Súmula no 331 do TST, pois,
até então, esta súmula era a principal diretriz que tínhamos a respeito do assunto, já que, em todos estes
anos de terceirização no Brasil, o assunto ainda não havia sido regulamentado por lei.

Com a alteração promovida pela Lei 13.429/2017, a redação da súmula, no geral, perdeu parte de sua
relevância.

Todavia, no que diz respeito à responsabilidade do tomador, a regra continua sendo a responsabilidade
subsidiária de quem contrata a prestação dos serviços.

Nesse sentido, a lei da terceirização reforça a responsabilidade subsidiária da contratante pelas obrigações
trabalhistas em uma terceirização lícita18:
Lei 6.019/1974, art. 5o-A, § 5o A empresa contratante é subsidiariamente responsável
pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de
serviços, e o recolhimento das contribuições previdenciárias observará o disposto no art.
31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 199119.

Por fim, ressalte-se que, em junho de 2020, ao apreciar a constitucionalidade da alteração promovida pela
Lei 13.429/2017, o STF20 confirmou sua constitucionalidade, inclusive quanto à possibilidade de terceirização
no âmbito da Administração Pública.

18
Aproveitando-se o teor da SUM-331, itens I e IV.
19
Lei 8.212/1991, art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime
de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e
recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da
emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele
dia, observado o disposto no § 5º do art. 33 desta Lei.
20
ADIs 5.735, 5.695, 5.685, 5.686 e 5.687

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TRABALHO TEMPORÁRIO
Em relação ao trabalho temporário, considero importante frisar que o trabalhador temporário não se
confunde com o empregado contratado a prazo determinado (art. 443 da CLT).

No trabalho temporário regido pela Lei 6.019/74 temos uma relação jurídica trilateral, com a empresa de
trabalho temporário (ETT), empresa tomadora de serviços e o trabalhador, vinculado à primeira.

No contrato a prazo determinado, conforme delineado pelo art. 443 da CLT, não existe empresa de trabalho
temporário; é a própria empresa interessada que irá contratar o empregado a prazo determinado nas
hipóteses previstas, quais sejam:

a) de serviço cuja natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo;

b) de atividades empresariais de caráter transitório;

c) de contrato de experiência.

Acerca da similitude das hipóteses autorizativa das contratações em ambos os casos, Mauricio Godinho
Delgado1 explica que

“O exame dessas duas hipóteses de pactuação temporária evidencia que não se


diferenciam substantivamente das hipóteses celetistas de pactuação de contrato
empregatício por tempo determinado (art. 443, CLT). De fato, sob a ótica socioeconômica,
as mesmas necessidades empresariais atendidas pelos trabalhadores temporários (Lei n.
6.019) sempre puderam (e podem) ser preenchidas por empregados submetidos a
contratos celetistas por tempo determinado (art. 443, CLT).”

-----

Voltando ao trabalho temporário, regido pela Lei 6.019/74, pode-se defini-lo como:

Lei 6.019/74, art. 2º - Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada
por uma empresa de trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa
tomadora de serviços, para atender à necessidade de substituição transitória de pessoal
permanente ou à demanda complementar de serviços.

Antes da Lei 13.429/2017, a definição era a seguinte:

1
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 463.

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Lei 6.019/74, art. 2º - Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma
empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e
permanente ou à acréscimo extraordinário de serviços.

É nesta mesma lei onde consta a definição de empresa de trabalho temporário:

Lei 6.019/74, art. 4º - Empresa de trabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente


registrada no Ministério do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à
disposição de outras empresas temporariamente.

A definição anterior era a seguinte:

Lei 6.019/74, art. 4º - Compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa


física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras
empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas
remunerados e assistidos.

Como a empresa de trabalho temporário (ETT) não é contratada para realizar serviços, mas sim intermediar
mão de obra, percebam que este é um caso em que o trabalhador da empresa prestadora será alocado na
dinâmica industrial da tomadora, ou seja, realizará suas atividades de forma subordinada à tomadora.

Segue abaixo um esquema envolvendo o trabalho temporário:

Empresa tomadora de mão de Contrato de natureza civil Empresa de trabalho


«» «»
obra (intermediação de mão de obra) temporário (ETT)

Trabalho subordinado
(entretanto não há vínculo de Relação de trabalho
emprego)

Trabalhador temporário

Hipóteses do trabalho temporário


INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA

O trabalho temporário se destina a permitir que a empresa de trabalho temporário (ETT) forneça
trabalhadores a outras empresas, sendo relação excepcional que só é admitida nas estritas hipóteses do art.
2º da Lei 6.019/74, a saber:

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• necessidade de substituição transitória de pessoal permanente2


• demanda complementar de serviços3

Acerca desta última hipótese, a própria lei dispôs da seguinte forma:

Lei 6.019/74, art. 2º, § 2º Considera-se complementar a demanda de serviços que seja
oriunda de fatores imprevisíveis ou, quando decorrente de fatores previsíveis, tenha
natureza intermitente, periódica ou sazonal.

Resumindo, será complementar a demanda decorrente de fatores:

✓ imprevisíveis ou
✓ previsíveis, com natureza
o periódica
o intermitente
o sazonal

Por outro lado, o Decreto 10.854/2021 deixa claro que:

Art. 43, Parágrafo único. Não se considera demanda complementar de serviços:

I - as demandas contínuas ou permanentes; ou

II - as demandas decorrentes da abertura de filiais.

----

Além das hipóteses, é importante se atentar para duas novidades trazidas com a Lei 13.429/2017:

• atualmente apenas pessoa jurídica pode ser empresa de trabalho temporário4


• poderá existir trabalho temporário também no meio rural5

A lei autoriza, excepcionalmente, a utilização do trabalho temporário para substituir grevistas em algumas
raras situações6, como no caso de greve considerada abusiva:

2
Decreto 10.854/2021, art. 45, V - substituição transitória de pessoal permanente - substituição de trabalhador permanente da
empresa tomadora de serviços ou cliente afastado por motivo de suspensão ou interrupção do contrato de trabalho, tais como
férias, licenças e outros afastamentos previstos em lei;
3 Que substituiu a hipótese anterior de acréscimo extraordinário de serviços.
4 A definição anterior dava margem a que pessoas físicas também o fossem.
5 A definição anterior restringia o trabalho temporário ao meio urbano.
6
Lei 7.783, art. 9º Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou
diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja
paralisação resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a
manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento.
Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurar a greve, o direito de contratar
diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo.

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Lei 6.019/74, art. 2º, § 1o É proibida a contratação de trabalho temporário para a


substituição de trabalhadores em greve, salvo nos casos previstos em lei7.

Portanto, vejam que, regra geral, não se pode utilizar do trabalho temporário para substituir grevistas
indiscriminadamente.

A adoção do trabalho temporário, na situação de greve, se dá apenas em casos específicos, previstos na Lei
de Greve.

Por fim, a lei esclarece que o trabalho temporário pode se dar em atividades-meio ou atividades-fim da
tomadora dos serviços:

Lei 6.019/74, art. 9º, § 3o O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o
desenvolvimento de atividades-meio e atividades-fim a serem executadas na empresa
tomadora de serviços.

Esta regra não traz novidades quanto ao trabalho temporário, eis que este já era o entendimento vigente
com a SUM-331 (apenas a “terceirização” é que não era admitida em atividades-fim).

Prazo do trabalho temporário


INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA

Em regra, o atual8 prazo do trabalho temporário, considerando o mesmo trabalhador e o mesmo tomador,
é de 180 dias (ainda que não consecutivos):

Lei 6.019, art. 10, § 1º O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo
empregador, não poderá exceder ao prazo de cento e oitenta dias, consecutivos ou não.

Todavia, a lei prevê uma possibilidade de prorrogação por mais 90 dias, caso mantidas as condições que
ensejaram a contratação:

Lei 6.019, art. 10, § 2º O contrato poderá ser prorrogado por até noventa dias,
consecutivos ou não, além do prazo estabelecido no § 1º deste artigo, quando comprovada
a manutenção das condições que o ensejaram.

Portanto:

Prazo de 180 dias, prorrogável por mais 90 dias, consecutivos ou não.

Art. 14 Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da
paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho.
7
Estes casos encontram-se previstos nos arts. 9º e 14 da Lei de Greve.
8
Antes da Lei 13.429, o prazo do contrato de trabalho temporário era de até três meses, salvo autorização do Ministério do
Trabalho.

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Ora, mas como assim, “prazo não consecutivo”?

Quer dizer que um trabalhador, em toda sua vida, pode ser temporário de um mesmo tomador somente
durante esse prazo?

Não é bem assim!

A lei criou uma “quarentena” de 90 dias:

Lei 6.019, art. 10, § 5º O trabalhador temporário que cumprir o período estipulado nos §§
1º e 2º deste artigo somente poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de
serviços em novo contrato temporário, após noventa dias do término do contrato
anterior.

Exemplo: se Pedro tiver sido trabalhador temporário na empresa XisMais por 270 dias (180+90), passados
90 dias do final do contrato anterior, ele poderia ser novamente “colocado à disposição” da empresa XisMais.

Entendi! Mas, e se o prazo for descumprido?

A resposta está na própria lei: vínculo de emprego com o tomador dos serviços:

Lei 6.019, art. 10, § 6º A contratação anterior ao prazo previsto no § 5º deste artigo
caracteriza vínculo empregatício com a tomadora.

Empresa de trabalho temporário (ETT)


INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA

A Lei 6.019 exige o registro da empresa de trabalho temporário junto ao Ministério do Trabalho (MTb):

Lei 6.019/74, art. 4o Empresa de trabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente


registrada no Ministério do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à
disposição de outras empresas temporariamente.

Neste aspecto, não houve novidades com a Lei 13.429/2017. A alteração ficou por conta dos requisitos para
funcionamento e registro da ETT. A nova lei resumiu os requisitos aos seguintes:

Lei 6.019/1974, art. 6º, I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
(CNPJ), do Ministério da Fazenda;

II - prova do competente registro na Junta Comercial da localidade em que tenha sede;

III - prova de possuir capital social de, no mínimo, R$ 100.000,00 (cem mil reais).9

9
Anteriormente, a exigência de capital social era de 500 salários-mínimos.

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Comparando as exigências de capital social entre a ETT (trab. Temporário) e a EPS (terceirização), temos o
seguinte:

Trabalho temporário (ETT) Terceirização (EPS)

Capital Social compatível com o número de empregados,


observando-se os seguintes parâmetros:

a) empresas com até dez empregados - capital mínimo de R$


10.000,00;
Capital Social de, no mínimo, R$ 100.000,00
(independentemente da quantidade de b) mais de dez e até vinte - R$ 25.000,00;
trabalhadores temporários)
c) mais de vinte e até cinquenta - R$ 45.000,00;

d) mais de cinquenta e até cem - R$ 100.000,00; e

e) mais de cem empregados - R$ 250.000,00.

Tomador dos serviços


INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA

A lei não traz grandes novidades ao definir a empresa tomadora de serviços, em seu art. 5º:

Lei 6.019, art. 5º Empresa tomadora de serviços é a pessoa jurídica ou entidade a ela
equiparada que celebra contrato de prestação de trabalho temporário com a empresa
definida no art. 4o desta Lei.

Buscando conferir segurança jurídica ao tomador dos serviços, a nova lei assegura que, em uma relação de
trabalho temporário, não haverá formação de vínculo de emprego entre o trabalhador e o tomador dos
serviços:

Lei 6.019, art. 10. Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe
vínculo de emprego entre ela e os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho
temporário.

Apesar de não ter deixado expresso, subentende-se que tal dispositivo aplica-se somente ao trabalho
temporário lícito.

Seguindo adiante, assim como fez em relação à terceirização de serviços, a Lei deixa claro que é o tomador
quem deve garantir um ambiente de trabalho seguro:

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Lei 6.019, art. 9º, § 1º É responsabilidade da empresa contratante garantir as condições de


segurança, higiene e salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em
suas dependências ou em local por ela designado.

Portanto, cabe ao tomador dos serviços assegurar condições adequadas de segurança e saúde no trabalho
aos trabalhadores terceirizados.

Nessa esteira, no §2º abaixo a lei também obriga o tomador do trabalho temporário a estender aos
trabalhadores temporários as facilidades médicas e de refeição dos próprios empregados da empresa
tomadora:

Lei 6.019, art. 9º, § 2º A contratante estenderá ao trabalhador da empresa de trabalho


temporário o mesmo atendimento médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus
empregados, existente nas dependências da contratante, ou local por ela designado.

Comparando estas regras do trabalho temporário com aquelas estudadas sobre a terceirização de serviços,
temos o seguinte:

Por fim, a lei deixa clara a responsabilidade do tomador dos serviços pelas obrigações trabalhistas em um
trabalho temporário.

Em regra, haverá responsabilidade subsidiária do tomador:

Lei 6.019, art. 10, § 7º A contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações


trabalhistas referentes ao período em que ocorrer o trabalho temporário, e o recolhimento
das contribuições previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de
julho de 199110.

10
Lei 8.212/1991, art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime
de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e

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Entretanto, mantendo uma regra que já existia antes da Lei 13.429/2017, no caso de falência da ETT, o
tomador responderá de forma solidária:

Lei 6.019/1974, art. 16 - No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a


empresa tomadora ou cliente é solidariamente responsável pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias, no tocante ao tempo em que o trabalhador esteve sob suas
ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização
previstas nesta Lei.

Esquematizando, portanto, a responsabilidade do tomador de trabalho temporário, temos:

- regra geral: responsabilidade subsidiária


- falência da ETT: responsabilidade solidária

Tal responsabilidade foi delimitada pelo Decreto 10.854/2021 da seguinte forma:

Art. 74, Parágrafo único. Na hipótese de falência da empresa de trabalho temporário, a


empresa tomadora de serviços ou cliente responderá solidariamente pelas verbas relativas
ao período para o qual o trabalhador tiver sido contratado.

Contrato entre ETT e tomador


INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA

A lei deixa claro que o contrato de intermediação de mão de obra, celebrado entre a ETT e a tomadora dos
serviços, deverá ser por escrito e conter os seguintes elementos:

Lei 6.019, art. 9º O contrato celebrado pela empresa de trabalho temporário e a tomadora
de serviços será por escrito, ficará à disposição da autoridade fiscalizadora no
estabelecimento da tomadora de serviços e conterá:

I - qualificação das partes;

II - motivo justificador da demanda de trabalho temporário;

III - prazo da prestação de serviços;

IV - valor da prestação de serviços;

V - disposições sobre a segurança e a saúde do trabalhador, independentemente do local


de realização do trabalho.

recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da
emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele
dia, observado o disposto no § 5º do art. 33 desta Lei.

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Contrato entre ETT e trabalhador temporário


INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA

Assim como ocorria antes da Lei 13.429, o contrato entre o trabalhador temporário e a ETT também deve
ser necessariamente por escrito:

Lei 6019, art. 11 - O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário
e cada um dos assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente
será, obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos
conferidos aos trabalhadores por esta Lei.

Apesar de se referir a um “contrato de trabalho”, há divergências11 quanto ao enquadramento ou não do


trabalhador temporário como um empregado, havendo precedentes recentes do TST pelo não
enquadramento12. A despeito disso, a lei determina que a condição de trabalhador temporário seja anotada
na CTPS do obreiro:

Lei 6019, art. 12, § 1º - Registrar-se-á na Carteira de Trabalho e Previdência Social do


trabalhador sua condição de temporário.

Caso a tomadora se interesse por contratar o temporário (que originalmente era trabalhador da empresa de
trabalho temporário) isto deve ser permitido, não sendo admitida cláusula de reserva:

Lei 6.019/74, art. 11, parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de
reserva, proibindo a contratação do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim
do prazo em que tenha sido colocado à sua disposição pela empresa de trabalho
temporário.

Em relação a essa contratação, é importante se atentar para a regra abaixo:

Lei 6.019, art. 10, § 4º Não se aplica ao trabalhador temporário, contratado pela tomadora
de serviços, o contrato de experiência previsto no parágrafo único do art. 445 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio
de 1943.

Ou seja, caso o tomador dos serviços decida contratar diretamente a pessoa que lhe prestava serviços como
trabalhador temporário, não poderá celebrar contrato de experiência com este trabalhador. As partes já se
conhecem, de modo que não faria sentido algum um contrato de experiência nessa situação.

Além disso, o trabalhador temporário será cadastrado junto ao Ministério do Trabalho:

11
DELGADO, Mauricio Godinho. 9ª ed., p. 432.
12
RR - 1342-91.2010.5.02.0203; Red. Min. Renato de Lacerda Paiva; 30/4/2015; RR – 1000-46.2014.5.09.0009, rel. Min. Alexandre
de Souza Agra Belmonte; 28/9/2016

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Decreto 10.854/2021, Art. 47. O cadastramento dos trabalhadores temporários será feito
junto ao Ministério do Trabalho e Previdência.

Direitos do trabalhador temporário


INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA

A Lei 13.429 não alterou os direitos do trabalhador temporário, que já eram previstos no art. 12 da Lei 6.019:

Lei 6.019, art. 12 - Ficam assegurados ao trabalhador temporário os seguintes direitos:

a) remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da


empresa tomadora ou cliente calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese,
a percepção do salário mínimo regional; [leia-se salário-mínimo nacionalmente unificado –
após CF88]

b) jornada de oito horas, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de duas,


com acréscimo de 20% (vinte por cento) [leia-se 50% – após CF88];

c) férias proporcionais, nos termos do artigo 25 da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de


1966;

d) repouso semanal remunerado;

e) adicional por trabalho noturno;

f) indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato,


correspondente a 1/12 (um doze avos) do pagamento recebido;

g) seguro contra acidente do trabalho;

h) proteção previdenciária nos termos do disposto na Lei Orgânica da Previdência Social,


com as alterações introduzidas pela Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973 (art. 5º, item III,
letra "c" do Decreto nº 72.771, de 6 de setembro de 1973).

Acrescente-se a esta lista o direito ao FGTS, por força da Lei 8.036/1990!

FLEXIBILIZAÇÃO E DESREGULAMENTAÇÃO
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA

Avançando, salienta-se que a Constituição Federal, apesar de ter reforçado a proteção e garantido direitos
mínimos ao trabalhador, autorizou a flexibilização dos direitos trabalhistas que sejam de indisponibilidade
relativa, como sendo aqueles de caráter privado, não previstos em lei ou na própria CF como tal (por
exemplo, direitos estipulados em acordo ou convenção coletiva de trabalho ou no regulamento da empresa).

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Nos últimos tempos, como destacado pela Profa. Vólia Bomfim13

A lei tem autorizado, cada vez mais, outras hipóteses de flexibilização além daquelas
previstas na Constituição (..)

a Lei 13.429/17 ampliou as hipóteses de terceirização, e a Lei 13.467/17 (Reforma


Trabalhista) alterou a CLT para reduzir direitos dos empregados, autorizar que o ajuste
escrito entre as partes possa flexibilizar algumas regras trabalhistas e deu maior amplitude
à flexibilização coletiva, pois permite a redução de direitos desde que autorizada pelo
acordo ou convenção coletiva, prevalecendo sobre o legislado.

De toda forma, distinguindo flexibilização e desregulamentação, podemos dizer que, na flexibilização, o


Estado mantém sua intervenção nas relações de trabalho. O que acontece quando se autorizam regras
menos rígidas, mas mantém-se o chamado “mínimo existencial”.

Já quando se fala em desregulamentação, observa-se um fenômeno mais radical, em que o Estado deixa de
intervir nas relações de trabalho, deixando que as partes negociem livremente.

Além disso, entende-se incompatível com o Direito do Trabalho a desregulamentação das relações
trabalhistas. Notem que a desregulamentação (diferentemente da “flexibilização”) pressupõe a ausência de
intervenção estatal, de modo que as partes poderiam estipular livremente os contratos de trabalho. Tal
situação tende a não ser admitida no âmbito do Direito do Trabalho.

COOPERATIVAS DE TRABALHO
INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA

Inicialmente cumpre esclarecer que já em 1994 foi incluído no CLT dispositivo que permitia a contratação de
cooperativas para a realização de atividades que, antes, eram desenvolvidas pelos próprios empregados da
contratante:

CLT, art. 442, parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade
cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes
e os tomadores de serviços daquela.

A CLT, portanto, abriu a possibilidade de prestação de serviços por meio de cooperativa, indicando que não
há, em princípio, vínculo de emprego entre o associado e a cooperativa (e nem entre o tomador de serviços
e o associado).

Trata-se, no caso, de presunção relativa, e não absoluta: é que a realidade fática pode demonstrar típica
relação de emprego mascarada por meio de cooperativa fraudulenta.

13
CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14ª ed. Ed. Método. 2017. p. 39.

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O problema todo é que um simples parágrafo foi inserido na CLT (visto acima), e a partir dele foi realizada
uma onda de terceirizações por meio de cooperativas de trabalho, muitas vezes envolvendo fraudes às
relações de emprego.

Sobre o desvirtuamento das finalidades da cooperativa o Ministro Godinho 14 explica que

“(...) a ordem jurídica apenas favoreceu a prática cooperativista, envolvendo produtores e


profissionais efetivamente autônomos (como cabe às cooperativas); neste favorecimento,
criou, em favor dessas entidades, a presunção de ausência de vínculo empregatício. Porém
não conferiu ao cooperativismo instrumental para obrar fraudes trabalhistas. Em
decorrência, comprovado que o envoltório cooperativista não lida com profissionais
efetivamente autônomos e desatende, ainda, às finalidades e princípios imanentes ao
cooperativismo (princípio da dupla qualidade e princípio da retribuição pessoal
diferenciada, por exemplo), fixando, por fim, vínculo caracterizado por todos os elementos
fático-jurídicos da relação de emprego, não há como evitar-se o reconhecimento desta
relação empregatícia, afastando-se a simulação perpetrada.”

A regulamentação das cooperativas de trabalho enfim foi publicada em 2012, por meio da Lei nº 12.690, de
19 de julho de 2012, que dispõe sobre a organização e o funcionamento das Cooperativas de Trabalho.

Preliminarmente é de se destacar a ementa15 da lei nº 12.690/12 indica a revogação do parágrafo único do


art. 442 da CLT (visto acima); entretanto, o artigo do projeto de lei que pretendia revogar tal dispositivo foi
vetado pela Presidente da República.

A razão do veto foi que a Lei 12.690/12 trata especificamente das cooperativas de trabalho, e o dispositivo
da CLT é mais amplo (abrange outros tipos de cooperativa); vejamos a razão do veto constante da Mensagem
Presidencial 331:

“O dispositivo da CLT que se pretende revogar disciplina a matéria de forma ampla e


suficiente, sendo desnecessária regra específica para as cooperativas de trabalho.”

Para comentar a Lei 12.690/12 utilizarei a mesma estrutura (Capítulos) por meio dos quais os artigos foram
divididos.

➢ Das cooperativas de trabalho


A Lei 12.690/12 inicia seu texto indicando que regula as cooperativas de trabalho e, também, menciona que
estas entidades são regidas por dispositivos das Leis 5.764/71 e 10.406/02:

14
DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 442.
15
Dispõe sobre a organização e o funcionamento das Cooperativas de Trabalho; institui o Programa Nacional de
Fomento às Cooperativas de Trabalho - PRONACOOP; e revoga o parágrafo único do art. 442 da Consolidação das
Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

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Lei 12.690/12, art. 1º A Cooperativa de Trabalho é regulada por esta Lei e, no que com ela
não colidir, pelas Leis nos 5.764, de 16 de dezembro de 1971, e 10.406, de 10 de janeiro de
2002 - Código Civil.

A Lei 5.764/71 define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades
cooperativas, e dá outras providências. Nesta lei são descritas as características das sociedades cooperativas,
conteúdo do Estatuto Social, etc.

O Código Civil (Lei 10.406/02) também possui artigos que normatizam as sociedades cooperativas.

Uma regra interessante consta do seu art. 1.095:

CCB, art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada
ou ilimitada.
==14b95d==

§ 1º É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde somente pelo


valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a
proporção de sua participação nas mesmas operações.

§ 2º É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o sócio responde solidária e


ilimitadamente pelas obrigações sociais.

Esses dispositivos foram cobrados na questão abaixo, correta:

MPT – Procurador - 2012


Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ao valor das suas
quotas e pelo prejuízo nas operações sociais guardada a proporção de sua participação nas
mesmas operações; ou ilimitada, em que o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas
obrigações sociais.

Voltando ao nosso grande objeto de estudo, a Lei 12.690/12, notamos que logo no seu artigo inaugural a Lei
exclui de seu campo de aplicação algumas cooperativas de serviços, que são as seguintes:

Lei 12.690/12, art. 1º, parágrafo único. Estão excluídas do âmbito desta Lei:

I - as cooperativas de assistência à saúde na forma da legislação de saúde suplementar;

II - as cooperativas que atuam no setor de transporte regulamentado pelo poder público e


que detenham, por si ou por seus sócios, a qualquer título, os meios de trabalho;

III - as cooperativas de profissionais liberais cujos sócios exerçam as atividades em seus


próprios estabelecimentos; e

IV - as cooperativas de médicos cujos honorários sejam pagos por procedimento.

Acerca da definição de cooperativa de trabalho, a lei 12.690/12 assim conceituou tais entidades:

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Lei 12.690/12, art. 2º Considera-se Cooperativa de Trabalho a sociedade constituída por


trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou profissionais com proveito
comum, autonomia e autogestão para obterem melhor qualificação, renda, situação
socioeconômica e condições gerais de trabalho.

§ 1º A autonomia de que trata o caput deste artigo deve ser exercida de forma coletiva e
coordenada, mediante a fixação, em Assembleia Geral, das regras de funcionamento da
cooperativa e da forma de execução dos trabalhos, nos termos desta Lei.

§ 2º Considera-se autogestão o processo democrático no qual a Assembleia Geral define


as diretrizes para o funcionamento e as operações da cooperativa, e os sócios decidem
sobre a forma de execução dos trabalhos, nos termos da lei.

A Lei também elencou uma série de princípios e valores das cooperativas de trabalho, quais sejam:

Lei 12.690/12, art. 3º A Cooperativa de Trabalho rege-se pelos seguintes princípios e


valores:

I - adesão voluntária e livre;

II - gestão democrática;

III - participação econômica dos membros;

IV - autonomia e independência;

V - educação, formação e informação;

VI - intercooperação;

VII - interesse pela comunidade;

VIII - preservação dos direitos sociais, do valor social do trabalho e da livre iniciativa;

IX - não precarização do trabalho;

X - respeito às decisões de asssembleia, observado o disposto nesta Lei;

XI - participação na gestão em todos os níveis de decisão de acordo com o previsto em lei


e no Estatuto Social.

Menção especial deve ser feita ao item IX, não precarização do trabalho.

Um dos principais objetivos da Lei é evitar que a cooperativa de trabalho se transforme em elemento
precarizador, que represente prejuízo ao empregado que perde seu posto de trabalho e é obrigado a exercer
as mesmas tarefas de antes, só que, ao invés de empregado, passa a ser cooperado.

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Isto ocorreu de forma acentuada quando as empresas passaram a demitir empregados que, posteriormente,
eram obrigados a se associar a cooperativas de trabalho que, por sua vez, eram contratadas pelo antigo
empregador para a prestação de serviços.

Ainda sobre os princípios e valores elencados na Lei 12.690/12 é interessante notar que foram baseados no
texto da Recomendação 193 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), intitulada “Sobre a Promoção
de Cooperativas”, onde encontramos o seguinte:

Recomendação 193, item 3. A promoção e o fortalecimento da identidade das cooperativas


deveriam ser incentivados com base:

(...)

(b) nos princípios cooperativos conforme desenvolvidos pelo movimento cooperativo


internacional e aqui transcritos em Anexo a esta Recomendação. Estes princípios são:
associação voluntária e acessível; controle democrático pelo associado; participação
econômica do associado; autonomia e independência; educação, formação e informação;
cooperação entre cooperativas e interesse pela comunidade.

No que tange ao objeto social, a cooperativa de trabalho poderá se organizar em dois grupos distintos:

Lei 12.690/12, art. 4º A Cooperativa de Trabalho pode ser:

I - de produção, quando constituída por sócios que contribuem com trabalho para a
produção em comum de bens e a cooperativa detém, a qualquer título, os meios de
produção; e

II - de serviço, quando constituída por sócios para a prestação de serviços especializados


a terceiros, sem a presença dos pressupostos da relação de emprego.

A forma cooperativista de trabalho pressupõe que não exista a subordinação jurídica entre o associado e a
cooperativa, nem entre associado e empresa tomadora de serviços.

O artigo 5º reforça tal característica, nos seguintes termos:

Lei 12.690/12, art. 5º A Cooperativa de Trabalho não pode ser utilizada para intermediação
de mão de obra subordinada.

Para fins de dimensionamento da cooperativa, a Lei houve por bem determinar quantidade mínima de sócios
para viabilizar sua constituição:

Lei 12.690/12, art. 6º A Cooperativa de Trabalho poderá ser constituída com número
mínimo de 7 (sete) sócios.

Sobre este aspecto ressalte-se que a Lei 5.754/71, que define a Política Nacional de Cooperativismo, institui
o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências, prevê que as sociedades
cooperativas poderiam ser compostas por, no mínimo, 20 (vinte) associados pessoas físicas.

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Entretanto, a regra específica da Lei 12.690/12 é que prevalece para as cooperativas de trabalho: mínimo de
7 (sete) sócios.

Como comentado anteriormente, atendidos os requisitos legais quanto à forma cooperativa de se organizar
não haverá relação de emprego em relação aos associados.

Entretanto, tendo em vista a necessidade de que este modelo represente benefício para os cooperados, a
Lei 12.690/12 procurou garantir direitos mínimos em termos de condições de trabalho (comparativamente
aos direitos dos trabalhadores regidos pela CLT).

Estas garantias mínimas exigidas pela Lei são as seguintes:

Lei 12.690/12, art. 7º A Cooperativa de Trabalho deve garantir aos sócios os seguintes
direitos, além de outros que a Assembleia Geral venha a instituir:

I - retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional e, na ausência deste, não


inferiores ao salário mínimo, calculadas de forma proporcional às horas trabalhadas ou às
atividades desenvolvidas;

Como cooperado não se confunde com empregado, a contraprestação recebida pelo trabalho prestado não
é chamada de salário, e sim de retirada.

Assim, a cooperativa irá ter um resultado de suas atividades e os associados irão receber um valor de acordo
com o trabalho desenvolvido, que é a retirada.

II - duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e


quatro) horas semanais, exceto quando a atividade, por sua natureza, demandar a
prestação de trabalho por meio de plantões ou escalas, facultada a compensação de
horários;

Para evitar excessos em relação à duração do trabalho dos associados, a Lei entendeu necessário estipular a
duração dos módulos diários e semanal à semelhança do disposto na Constituição Federal para os
empregados em geral: 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais.

A ressalva constante do inciso também pode ser visualizada para os empregados, visto que se admite, por
exemplo, os plantões de 12 x 36 horas. A compensação de horas existe também para os empregados, nas
modalidades acordo de prorrogação de jornada e banco de horas.

III - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

Outra garantia constitucional dos empregados estendida pela Lei 12.690/12 aos cooperados, com vistas e
evitar o labor sem a interrupção semanal. Esta garantia é ressalvada no parágrafo seguinte para os casos de
trabalho eventual do cooperado.

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IV - repouso anual remunerado;

Repouso anual remunerado seria o equivalente às férias do empregado. A lei não definiu duração ou demais
condições de tal direito. Esta garantia é ressalvada no parágrafo seguinte para os casos de trabalho eventual
do cooperado.

V - retirada para o trabalho noturno superior à do diurno;

Este seria o equivalente do adicional noturno dos empregados urbanos e rurais. A lei não definiu percentuais
e demais requisitos deste “adicional” da retirada de trabalho noturno do cooperado.

VI - adicional sobre a retirada para as atividades insalubres ou perigosas;

Este seria o equivalente do adicional de insalubridade e periculosidade dos empregados urbanos e rurais. A
lei não definiu percentuais e demais requisitos deste “adicional” da retirada de trabalho perigoso ou
insalubre do cooperado.

VII - seguro de acidente de trabalho.

Como indicado pelo caput do artigo estudado acima, a Assembleia Geral pode instituir outros direitos aos
associados.

Em relação aos direitos elencados nos incisos III e IV (repousos semanal e anual remunerados), a Lei os
restringiu aos cooperados que exerçam atividades de modo não eventual – ou seja, não os garantiu para
associados que exerçam suas atividades apenas eventualmente (com a ressalva de que, mesmo neste último
caso, a Assembleia pode garanti-los):

Lei 12.690/12, art. 7º, § 1º Não se aplica o disposto nos incisos III e IV do caput deste artigo
nos casos em que as operações entre o sócio e a cooperativa sejam eventuais, salvo decisão
assemblear em contrário.

Para assegurar recursos financeiros suficientes para a satisfação dos direitos previstos no seu artigo 7º pelos
associados, a Lei determinou que a cooperativa busque meios para tanto, inclusive constituindo provisões:

Lei 12.690/12, art. 7º, § 2º A Cooperativa de Trabalho buscará meios, inclusive mediante
provisionamento de recursos, com base em critérios que devem ser aprovados em
Assembleia Geral, para assegurar os direitos previstos nos incisos I, III, IV, V, VI e VII do
caput deste artigo e outros que a Assembleia Geral venha a instituir.

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O direito do inciso II não constou do rol porque não se reveste de expressão monetária: ele trata de duração
máxima de trabalho na jornada diária (8 horas) e no módulo semanal (44 horas).

Ainda com relação aos direitos dos associados, a Lei 12.690/12 previu que, no caso específico das
cooperativas de produção, a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) poderá estabelecer carência para fruição
da retirada não inferior ao piso da categoria profissional (ou salário mínimo) e do seguro de acidente de
trabalho:

Lei 12.690/12, art. 7º, § 5º A Cooperativa de Trabalho constituída nos termos do inciso I do
caput do art. 4º desta Lei poderá, em Assembleia Geral Extraordinária, estabelecer carência
na fruição dos direitos previstos nos incisos I e VII do caput deste artigo.

Esquematizando as regras que acabamos de estudar sobre o artigo 7º da Lei das Cooperativas de Trabalho:

Retiradas não inferiores ao piso da categoria AGE da


profissional e, na ausência deste, não inferiores cooperativa de
> ao salário mínimo, calculadas de forma trabalho pode
>>
> proporcional às horas trabalhadas ou às estabelecer
atividades desenvolvidas. carência para
fruição
Duração do trabalho normal não superior a 8
(oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro)
> horas semanais, exceto quando a atividade, por
> sua natureza, demandar a prestação de trabalho
por meio de plantões ou escalas, facultada a
compensação de horários.

A Cooperativa Não se aplica


de Trabalho > Repouso semanal remunerado, nos casos em
>>
deve garantir > preferencialmente aos domingos. que as
aos sócios os operações entre
seguintes o sócio e a
direitos cooperativa
> sejam eventuais
Repouso anual remunerado. >> (salvo decisão
>
assemblear em
contrário)
Retirada para o trabalho noturno superior
>
>
à do diurno.
> Adicional sobre a retirada para as atividades
> insalubres ou perigosas.
AGE da
>
Seguro de acidente de trabalho. >> cooperativa de
>
trabalho pode

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estabelecer
carência para
fruição
Outros que a Assembleia Geral
>
>
venha a instituir.

A Lei também se preocupou com a questão de saúde e segurança do trabalho, tendo em vista que a
cooperativa deverá garantir condições seguras de trabalho aos seus associados.

Lei 12.690/12, art. 8º As Cooperativas de Trabalho devem observar as normas de saúde e


segurança do trabalho previstas na legislação em vigor e em atos normativos expedidos
pelas autoridades competentes.

Encerrando o tópico, é interessante conhecer (tanto em provas de Direito do Trabalho quanto de Segurança
e Saúde no Trabalho) a previsão legal sobre responsabilidade solidária entre contratante e cooperativa
quanto às normas de segurança e saúde no trabalho:

Lei 12.690/12, art. 9º O contratante da Cooperativa de Trabalho prevista no inciso II do


caput do art. 4º desta Lei responde solidariamente pelo cumprimento das normas de
saúde e segurança do trabalho quando os serviços forem prestados no seu
estabelecimento ou em local por ele determinado.

➢ Do funcionamento das cooperativas de trabalho


Acerca do objeto social da cooperativa de trabalho, a Lei 12.690/12 foi bastante abrangente:

Lei 12.690/12, art. 10. A Cooperativa de Trabalho poderá adotar por objeto social qualquer
gênero de serviço, operação ou atividade, desde que previsto no seu Estatuto Social.

Lei 12.690/12, art. 10, § 1º É obrigatório o uso da expressão “Cooperativa de Trabalho” na


denominação social da cooperativa.

O caput do artigo 10 foi redigido de modo bastante semelhante ao que já havia sido previsto na Lei 5.764/71;
o seu parágrafo único exigiu a expressão Cooperativa de Trabalho na denominação social, enquanto a Lei
5.764/71 prevê Cooperativa:

Lei 5.764/71, art. 5° As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer
gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e
exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão "cooperativa" em sua denominação.

Outra disposição constante da Lei 12.690/12 é sobre participação de cooperativas de trabalho em licitações
públicas:

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Lei 12.690/12, art. 10, § 2º A Cooperativa de Trabalho não poderá ser impedida de
participar de procedimentos de licitação pública que tenham por escopo os mesmos
serviços, operações e atividades previstas em seu objeto social.

Sobre este aspecto é oportuno destacar que o dispositivo se alinha com a alteração ocorrida, em 2010, na
Lei 8.666/91 (Lei de Licitações e Contratos – LLC), que buscou evitar discriminação das cooperativas de
trabalho em licitações:

Lei 8.666/91, art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio


constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a
promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade
(...).

§ 1º É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam
preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou
de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do
contrato;

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância
impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato (...).

➢ Da fiscalização e das penalidades


Como meio de coibir fraudes às relações de emprego que continuem a ser perpetradas sob a égide da nova
lei, o legislador inseriu alguns dispositivos que regulam medidas aplicáveis nestes casos.

Inicialmente foi disposto que caberá ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a competência para
fiscalização da Lei 12.690/12:

Lei 12.690/12, art. 17. Cabe ao Ministério do Trabalho e Emprego, no âmbito de sua
competência, a fiscalização do cumprimento do disposto nesta Lei.

O verdadeiro cooperado (associado) não labora com subordinação, como vimos. Em casos de fraude
comprovada, quando a cooperativa de trabalho é utilizada para simular autêntica relação de emprego,
consta da lei que

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Lei 12.690/12, art. 17, § 1º A Cooperativa de Trabalho que intermediar mão de obra
subordinada e os contratantes de seus serviços estarão sujeitos à multa de R$ 500,00
(quinhentos reais) por trabalhador prejudicado, dobrada na reincidência, a ser revertida
em favor do Fundo de Amparo ao Trabalhador - FAT.

Esta preocupação legislativa visa a combater falsas cooperativas, também chamadas de “coopergatos” e
“cooperfraudes”.

Sobre o elemento fático-jurídico subordinação, sua inexistência será essencial para não se desvirtuar a
condição do cooperado (associado); em outras palavras, se houver subordinação do cooperado ao tomador
de serviços restará configurada a fraude.

Consta da Lei que será possível a presunção de intermediação de mão de obra subordinada caso
desatendidos alguns requisitos:

Lei 12.690/12, art. 17, § 2º Presumir-se-á intermediação de mão de obra subordinada a


relação contratual estabelecida entre a empresa contratante e as Cooperativas de Trabalho
que não cumprirem o disposto no § 6º do art. 7º desta Lei.

O mencionado dispositivo, por sua vez, também remete a outro dispositivo da mesma lei, a saber

Lei 12.690/12, art. 7º, § 6º As atividades identificadas com o objeto social da Cooperativa
de Trabalho prevista no inciso II do caput do art. 4º desta Lei, quando prestadas fora do
estabelecimento da cooperativa, deverão ser submetidas a uma coordenação com
mandato nunca superior a 1 (um) ano ou ao prazo estipulado para a realização dessas
atividades, eleita em reunião específica pelos sócios que se disponham a realizá-las, em
que serão expostos os requisitos para sua consecução, os valores contratados e a
retribuição pecuniária de cada sócio partícipe.

Assim, o objetivo de tal previsão legal é evitar que se configure a subordinação jurídica do cooperado junto
ao tomador de serviços, que, sem a aludida coordenação, estaria laborando no estabelecimento do tomador
de serviços sem qualquer coordenação a cargo da cooperativa.

Esquematizando a relação entre os dispositivos estudados para facilitar a visualização e compreensão do


assunto:

Lei 12.690/12, art. 4º A Cooperativa de Trabalho pode ser:

(...)

II - de serviço, quando constituída por sócios para a prestação de serviços


especializados a terceiros, sem a presença dos pressupostos da relação de emprego.

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Lei 12.690/12, art. 7º, § 6º As atividades identificadas com o objeto social da Cooperativa
de Trabalho prevista no inciso II do caput do art. 4º desta Lei, quando prestadas fora do
estabelecimento da cooperativa, deverão ser submetidas a uma coordenação com
mandato nunca superior a 1 (um) ano ou ao prazo estipulado para a realização dessas
atividades, eleita em reunião específica pelos sócios que se disponham a realizá-las,
em que serão expostos os requisitos para sua consecução, os valores contratados e a
retribuição pecuniária de cada sócio partícipe.

Lei 12.690/12, art. 17, § 2º Presumir-se-á intermediação de mão de obra subordinada


a relação contratual estabelecida entre a empresa contratante e as Cooperativas de
Trabalho que não cumprirem o disposto no § 6º do art. 7º desta Lei.

A aplicação das penalidades caberá à autoridade competente do MTE, consoante o Título VII da CLT (Do
Processo de Multas Administrativas, que será detalhado em outro tópico do curso):

Lei 12.690/12, art. 17, § 3º As penalidades serão aplicadas pela autoridade competente do
Ministério do Trabalho e Emprego, de acordo com o estabelecido no Título VII da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio
de 1943.

Sobre implicações penais, civis e administrativas de cooperativas fraudulentas, o artigo 18 encerra o capítulo,
estabelecendo que

Lei 12.690/12, art. 18. A constituição ou utilização de Cooperativa de Trabalho para fraudar
deliberadamente a legislação trabalhista, previdenciária e o disposto nesta Lei acarretará
aos responsáveis as sanções penais, cíveis e administrativas cabíveis, sem prejuízo da ação
judicial visando à dissolução da Cooperativa.

§ 2º Fica inelegível para qualquer cargo em Cooperativa de Trabalho, pelo período de até
5 (cinco) anos, contado a partir da sentença transitada em julgado, o sócio, dirigente ou o
administrador condenado pela prática das fraudes elencadas no caput deste artigo.

➢ Do Programa Nacional de Fomento às Cooperativas


Para incentivar o cooperativismo e permitir que as cooperativas deem condições dignas aos cooperados, a
Lei 12.690/12 instituiu um Programa de fomento às cooperativas de trabalho:

Lei 12.690/12, art. 19. É instituído, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego, o


Programa Nacional de Fomento às Cooperativas de Trabalho - PRONACOOP, com a
finalidade de promover o desenvolvimento e a melhoria do desempenho econômico e
social da Cooperativa de Trabalho.

Apesar de não ser uma empresa, a adequada organização da cooperativa (e sua sobrevivência) demandará
conhecimento sobre gestão financeira, administração de recursos humanos, organização do trabalho, etc.

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Para a aquisição (ou locação) de espaço físico, mobiliário, equipamentos, veículos, serviços e tudo o que for
necessário para a execução das atividades da cooperativa também será necessário acesso a linhas de crédito
bancário, cuja viabilização o PRONACOOP apoiará.

Estas são, entre outras, as finalidades de se instituir o PRONACOOP. A enumeração das finalidades do
Programa, que será gerido por um Comitê Gestor (que terá composição paritária entre o governo e entidades
representativas do cooperativismo de trabalho), consta do mesmo artigo 19, em seu parágrafo único:

Lei 12.690/12, art. 19, parágrafo único. O Pronacoop tem como finalidade apoiar:

I - a produção de diagnóstico e plano de desenvolvimento institucional para as


Cooperativas de Trabalho dele participantes;

II - a realização de acompanhamento técnico visando ao fortalecimento financeiro, de


gestão, de organização do processo produtivo ou de trabalho, bem como à qualificação dos
recursos humanos;

III - a viabilização de linhas de crédito;

IV - o acesso a mercados e à comercialização da produção;

V - o fortalecimento institucional, a educação cooperativista e a constituição de


cooperativas centrais, federações e confederações de cooperativas;

VI - outras ações que venham a ser definidas por seu Comitê Gestor no cumprimento da
finalidade estabelecida no caput deste artigo.

➢ Disposições finais
Os empregadores são obrigados, por lei, a informar anualmente ao governo dados relativos aos empregados
que lhe prestaram serviços no ano-base anterior: é a Relação Anual de Informações Sociais – RAIS.

Para as cooperativas de trabalho, foi instituída a RAICT:

Lei 12.690/12, art. 26. É instituída a Relação Anual de Informações das Cooperativas de
Trabalho - RAICT, a ser preenchida pelas Cooperativas de Trabalho, anualmente, com
informações relativas ao ano-base anterior.

Parágrafo único. O Poder Executivo regulamentará o modelo de formulário da RAICT, os


critérios para entrega das informações e as responsabilidades institucionais sobre a coleta,
processamento, acesso e divulgação das informações.

A lei também instituiu prazo para que as atuais cooperativas de trabalho façam a adequação de seus
estatutos às disposições legais (quórum para realização de assembleias, incentivos à participação dos sócios
nas assembleias, etc.):

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Lei 12.690/12, art. 27. A Cooperativa de Trabalho constituída antes da vigência desta Lei
terá prazo de 12 (doze) meses, contado de sua publicação, para adequar seus estatutos às
disposições nela previstas.

Por fim, vale comentar a inserção do dispositivo abaixo, em janeiro de 2019, dispondo que:

Art. 88-A. A cooperativa poderá ser dotada de legitimidade extraordinária autônoma


concorrente para agir como substituta processual em defesa dos direitos coletivos de seus
associados quando a causa de pedir versar sobre atos de interesse direto dos associados
que tenham relação com as operações de mercado da cooperativa, desde que isso seja
previsto em seu estatuto e haja, de forma expressa, autorização manifestada
individualmente pelo associado ou por meio de assembleia geral que delibere sobre a
propositura da medida judicial.

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RESUMO

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CONCLUSÃO
Bom pessoal,

Chegamos ao final da nossa aula. O tema é atual e relevante, mas ainda não conta com muitas questões de
prova.

Sugerimos ler e reler a Lei 6019, transcrita logo abaixo.

Esperamos que tenham gostado da aula, e se surgir alguma dúvida quanto ao assunto apresentado, estamos
à disposição para auxiliá-los (as).

Grande abraço e bons estudos,

Prof. Antonio Daud

https://www.facebook.com/professordaud

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LISTA DE LEGISLAÇÃO, SÚMULAS E OJ DO TST


RELACIONADOS À AULA

CF/88

CF/88, art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...)

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público


de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração;

CLT

CLT, art. 442, parágrafo único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa,
não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de
serviços daquela.

Legislação específica

Lei 6019, art. 1o As relações de trabalho na empresa de trabalho temporário, na empresa de


prestação de serviços e nas respectivas tomadoras de serviço e contratante regem-se por esta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 2o Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física contratada por uma empresa de
trabalho temporário que a coloca à disposição de uma empresa tomadora de serviços, para
atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda
complementar de serviços. (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 1o É proibida a contratação de trabalho temporário para a substituição de trabalhadores em


greve, salvo nos casos previstos em lei. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 2o Considera-se complementar a demanda de serviços que seja oriunda de fatores imprevisíveis


ou, quando decorrente de fatores previsíveis, tenha natureza intermitente, periódica ou
sazonal. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 3º - É reconhecida a atividade da empresa de trabalho temporário que passa a integrar o


plano básico do enquadramento sindical a que se refere o art. 577, da Consolidação da Leis do
Trabalho.

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Art. 4o Empresa de trabalho temporário é a pessoa jurídica, devidamente registrada no Ministério


do Trabalho, responsável pela colocação de trabalhadores à disposição de outras empresas
temporariamente. (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

Lei 6.019, art. 4o-A. Considera-se prestação de serviços a terceiros a transferência feita pela
contratante da execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade principal, à
pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços que possua capacidade econômica
compatível com a sua execução.

§ 1o A empresa prestadora de serviços contrata, remunera e dirige o trabalho realizado por seus
trabalhadores, ou subcontrata outras empresas para realização desses serviços. (Incluído pela
Lei nº 13.429, de 2017)

§ 2o Não se configura vínculo empregatício entre os trabalhadores, ou sócios das empresas


prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo, e a empresa contratante. (Incluído pela
Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 4o-B. São requisitos para o funcionamento da empresa de prestação de serviços a


terceiros: (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); (Incluído pela Lei nº 13.429,
de 2017)

II - registro na Junta Comercial; (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

III - capital social compatível com o número de empregados, observando-se os seguintes


parâmetros: (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

a) empresas com até dez empregados - capital mínimo de R$ 10.000,00 (dez mil reais); (Incluído
pela Lei nº 13.429, de 2017)

b) empresas com mais de dez e até vinte empregados - capital mínimo de R$ 25.000,00 (vinte e
cinco mil reais); (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

c) empresas com mais de vinte e até cinquenta empregados - capital mínimo de R$ 45.000,00
(quarenta e cinco mil reais); (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

d) empresas com mais de cinquenta e até cem empregados - capital mínimo de R$ 100.000,00
(cem mil reais); e (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

e) empresas com mais de cem empregados - capital mínimo de R$ 250.000,00 (duzentos e


cinquenta mil reais). (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 4º-C. São asseguradas aos empregados da empresa prestadora de serviços a que se refere o
art. 4o-A desta Lei, quando e enquanto os serviços, que podem ser de qualquer uma das
atividades da contratante, forem executados nas dependências da tomadora, as mesmas
condições:

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I - relativas a:

a) alimentação garantida aos empregados da contratante, quando oferecida em refeitórios;

b) direito de utilizar os serviços de transporte;

c) atendimento médico ou ambulatorial existente nas dependências da contratante ou local por


ela designado;

d) treinamento adequado, fornecido pela contratada, quando a atividade o exigir.

II - sanitárias, de medidas de proteção à saúde e de segurança no trabalho e de instalações


adequadas à prestação do serviço.

§ 1o Contratante e contratada poderão estabelecer, se assim entenderem, que os empregados


da contratada farão jus a salário equivalente ao pago aos empregados da contratante, além de
outros direitos não previstos neste artigo.

§ 2o Nos contratos que impliquem mobilização de empregados da contratada em número igual


ou superior a 20% (vinte por cento) dos empregados da contratante, esta poderá disponibilizar
aos empregados da contratada os serviços de alimentação e atendimento ambulatorial em
outros locais apropriados e com igual padrão de atendimento, com vistas a manter o pleno
funcionamento dos serviços existentes.

Art. 5o Empresa tomadora de serviços é a pessoa jurídica ou entidade a ela equiparada que
celebra contrato de prestação de trabalho temporário com a empresa definida no art. 4 o desta
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

Lei 6.019, art. 5º-A. Contratante é a pessoa física ou jurídica que celebra contrato com empresa
de prestação de serviços relacionados a quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade
principal.

§ 1o É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que


foram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços. (Incluído pela Lei nº 13.429,
de 2017)

§ 2o Os serviços contratados poderão ser executados nas instalações físicas da empresa


contratante ou em outro local, de comum acordo entre as partes. (Incluído pela Lei nº 13.429,
de 2017)

§ 3o É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança, higiene e salubridade


dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependências ou local previamente
convencionado em contrato. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 4o A contratante poderá estender ao trabalhador da empresa de prestação de serviços o mesmo


atendimento médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existente nas
dependências da contratante, ou local por ela designado. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

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§ 5o A empresa contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas


referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, e o recolhimento das contribuições
previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. (Incluído
pela Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 5o-B. O contrato de prestação de serviços conterá: (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

I - qualificação das partes; (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

II - especificação do serviço a ser prestado; (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

III - prazo para realização do serviço, quando for o caso;

IV - valor. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 5o-C. Não pode figurar como contratada, nos termos do art. 4o-A desta Lei, a pessoa jurídica
cujos titulares ou sócios tenham, nos últimos dezoito meses, prestado serviços à contratante na
qualidade de empregado ou trabalhador sem vínculo empregatício, exceto se os referidos
titulares ou sócios forem aposentados.

Art. 5o-D. O empregado que for demitido não poderá prestar serviços para esta mesma empresa
na qualidade de empregado de empresa prestadora de serviços antes do decurso de prazo de
dezoito meses, contados a partir da demissão do empregado.

Art. 6o São requisitos para funcionamento e registro da empresa de trabalho temporário no


Ministério do Trabalho: (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

d) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

e) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

f) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

I - prova de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), do Ministério da


Fazenda; (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

II - prova do competente registro na Junta Comercial da localidade em que tenha sede; (Incluído
pela Lei nº 13.429, de 2017)

III - prova de possuir capital social de, no mínimo, R$ 100.000,00 (cem mil reais). (Incluído pela
Lei nº 13.429, de 2017)

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Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 7º - A empresa de trabalho temporário que estiver funcionando na data da vigência desta Lei
terá o prazo de noventa dias para o atendimento das exigências contidas no artigo anterior.

Parágrafo único. A empresa infratora do presente artigo poderá ter o seu funcionamento
suspenso, por ato do Diretor Geral do Departamento Nacional de Mão-de-Obra, cabendo recurso
ao Ministro de Estado, no prazo de dez dias, a contar da publicação do ato no Diário Oficial da
União.

Art. 8º - A empresa de trabalho temporário é obrigada a fornecer ao Departamento Nacional de


Mão-de-Obra, quando solicitada, os elementos de informação julgados necessários ao estudo do
mercado de trabalho.

Art. 9o O contrato celebrado pela empresa de trabalho temporário e a tomadora de serviços será
por escrito, ficará à disposição da autoridade fiscalizadora no estabelecimento da tomadora de
serviços e conterá: (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

I - qualificação das partes; (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

II - motivo justificador da demanda de trabalho temporário; (Incluído pela Lei nº 13.429, de


2017)

III - prazo da prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

IV - valor da prestação de serviços; (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

V - disposições sobre a segurança e a saúde do trabalhador, independentemente do local de


realização do trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 1o É responsabilidade da empresa contratante garantir as condições de segurança, higiene e


salubridade dos trabalhadores, quando o trabalho for realizado em suas dependências ou em
local por ela designado. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 2o A contratante estenderá ao trabalhador da empresa de trabalho temporário o mesmo


atendimento médico, ambulatorial e de refeição destinado aos seus empregados, existente nas
dependências da contratante, ou local por ela designado. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 3o O contrato de trabalho temporário pode versar sobre o desenvolvimento de atividades-meio


e atividades-fim a serem executadas na empresa tomadora de serviços. (Incluído pela Lei nº
13.429, de 2017)

Art. 10. Qualquer que seja o ramo da empresa tomadora de serviços, não existe vínculo de
emprego entre ela e os trabalhadores contratados pelas empresas de trabalho
temporário. (Redação dada pela Lei nº 13.429, de 2017)

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§ 1o O contrato de trabalho temporário, com relação ao mesmo empregador, não poderá exceder
ao prazo de cento e oitenta dias, consecutivos ou não. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 2o O contrato poderá ser prorrogado por até noventa dias, consecutivos ou não, além do prazo
estabelecido no § 1o deste artigo, quando comprovada a manutenção das condições que o
ensejaram. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 3o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

§ 4o Não se aplica ao trabalhador temporário, contratado pela tomadora de serviços, o contrato


de experiência previsto no parágrafo único do art. 445 da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela Lei nº 13.429,
de 2017)

§ 5o O trabalhador temporário que cumprir o período estipulado nos §§ 1o e 2o deste artigo


somente poderá ser colocado à disposição da mesma tomadora de serviços em novo contrato
temporário, após noventa dias do término do contrato anterior. (Incluído pela Lei nº 13.429,
de 2017)

§ 6o A contratação anterior ao prazo previsto no § 5o deste artigo caracteriza vínculo


empregatício com a tomadora.

§ 7o A contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao


período em que ocorrer o trabalho temporário, e o recolhimento das contribuições
previdenciárias observará o disposto no art. 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Incluído
pela Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 11 - O contrato de trabalho celebrado entre empresa de trabalho temporário e cada um dos
assalariados colocados à disposição de uma empresa tomadora ou cliente será,
obrigatoriamente, escrito e dele deverão constar, expressamente, os direitos conferidos aos
trabalhadores por esta Lei.

Parágrafo único. Será nula de pleno direito qualquer cláusula de reserva, proibindo a contratação
do trabalhador pela empresa tomadora ou cliente ao fim do prazo em que tenha sido colocado à
sua disposição pela empresa de trabalho temporário.

Art. 12 - Ficam assegurados ao trabalhador temporário os seguintes direitos:

a) remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa


tomadora ou cliente calculados à base horária, garantida, em qualquer hipótese, a percepção do
salário mínimo regional;

b) jornada de oito horas, remuneradas as horas extraordinárias não excedentes de duas, com
acréscimo de 20% (vinte por cento);

c) férias proporcionais, nos termos do artigo 25 da Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966;

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d) repouso semanal remunerado;

e) adicional por trabalho noturno;

f) indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a
1/12 (um doze avos) do pagamento recebido;

g) seguro contra acidente do trabalho;

h) proteção previdenciária nos termos do disposto na Lei Orgânica da Previdência Social, com as
alterações introduzidas pela Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973 (art. 5º, item III, letra "c" do
Decreto nº 72.771, de 6 de setembro de 1973).

§ 1º - Registrar-se-á na Carteira de Trabalho e Previdência Social do trabalhador sua condição de


temporário.

§ 2º - A empresa tomadora ou cliente é obrigada a comunicar à empresa de trabalho temporário


a ocorrência de todo acidente cuja vítima seja um assalariado posto à sua disposição,
considerando-se local de trabalho, para efeito da legislação específica, tanto aquele onde se
efetua a prestação do trabalho, quanto a sede da empresa de trabalho temporário.

Art. 13 - Constituem justa causa para rescisão do contrato do trabalhador temporário os atos e
circunstâncias mencionados nos artigos 482 e 483, da Consolidação das Leis do Trabalho,
ocorrentes entre o trabalhador e a empresa de trabalho temporário ou entre aquele e a empresa
cliente onde estiver prestando serviço.

Art. 14 - As empresas de trabalho temporário são obrigadas a fornecer às empresas tomadoras


ou clientes, a seu pedido, comprovante da regularidade de sua situação com o Instituto Nacional
de Previdência Social.

Art. 15 - A Fiscalização do Trabalho poderá exigir da empresa tomadora ou cliente a apresentação


do contrato firmado com a empresa de trabalho temporário, e, desta última o contrato firmado
com o trabalhador, bem como a comprovação do respectivo recolhimento das contribuições
previdenciárias.

Art. 16 - No caso de falência da empresa de trabalho temporário, a empresa tomadora ou cliente


é solidariamente responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias, no tocante ao
tempo em que o trabalhador esteve sob suas ordens, assim como em referência ao mesmo
período, pela remuneração e indenização previstas nesta Lei.

Art. 17 - É defeso às empresas de prestação de serviço temporário a contratação de estrangeiros


com visto provisório de permanência no País.

Art. 18 - É vedado à empresa do trabalho temporário cobrar do trabalhador qualquer


importância, mesmo a título de mediação, podendo apenas efetuar os descontos previstos em
Lei.

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Parágrafo único. A infração deste artigo importa no cancelamento do registro para


funcionamento da empresa de trabalho temporário, sem prejuízo das sanções administrativas e
penais cabíveis.

Art. 19 - Competirá à Justiça do Trabalho dirimir os litígios entre as empresas de serviço


temporário e seus trabalhadores.

Art. 19-A. O descumprimento do disposto nesta Lei sujeita a empresa infratora ao pagamento de
multa. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

Parágrafo único. A fiscalização, a autuação e o processo de imposição das multas reger-se-ão


pelo Título VII da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1o de maio de 1943.

Art. 19-B. O disposto nesta Lei não se aplica às empresas de vigilância e transporte de valores,
permanecendo as respectivas relações de trabalho reguladas por legislação especial, e
subsidiariamente pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei
no 5.452, de 1o de maio de 1943. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

Art. 19-C. Os contratos em vigência, se as partes assim acordarem, poderão ser adequados aos
termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.429, de 2017)

Lei 8.666/91, art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da


isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do
desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com
os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade (...).

§ 1º É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou
distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato;

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da
sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante
para o específico objeto do contrato (...).

Lei 8.666/93, art. 71. O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários,
fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato.

§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais


não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem poderá
onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive
perante o Registro de Imóveis.

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TST

SUM-331 CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE

I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o

vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº
6.019, de 03.01.1974).

II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de


emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da
CF/1988).

III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de

vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a

de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a


pessoalidade e a subordinação direta.

IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a


responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja
participado da relação processual e conste também do título executivo judicial.

V - Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente,


nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das
obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das
obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida
responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas
pela empresa regularmente contratada.

VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes


da condenação referentes ao período da prestação laboral.

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