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CONFLITOS
JURÍDICOS
Eduardo Zaffari
Negociação:
procedimento, integração
e distribuição de valor
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A negociação é uma ciência e, ao mesmo tempo, uma técnica comunica-
tiva. Superada a ideia de que a negociação necessita ter um vencedor e
um perdedor, é possível a prática de princípios que possibilitarão sucesso
na negociação e ganhos para todos os negociadores.
A mediação é um procedimento complexo em que os envolvidos
buscarão construir a melhor e mais adequada solução para o seu conflito.
Para que sejam obtidos resultados que atendam a todos os envolvidos, a
legislação prescreve princípios norteadores que contribuirão para a resolu-
ção do litígio, como a boa-fé das partes, a confidencialidade e a cooperação.
No entanto, além desses, não se devem desconsiderar outros princípios
implicitamente existentes no ordenamento jurídico. A criação de valor em
uma negociação é importante para que todos possam ganhar, e a sua
correta distribuição auxiliará para que a satisfação seja recíproca.
2 Negociação: procedimento, integração e distribuição de valor
Princípios da mediação
Os princípios norteadores da mediação, mais do que apenas diretrizes orien-
tadoras do instituto, importam no reconhecimento da dignidade da pessoa
humana, conforme cláusula constante no art. 1º, III, da Constituição Federal
de 1988. Trata-se de exteriorização da participação democrática do cidadão
nas decisões que afetarão a sua vida.
Nesse sentido, buscam-se princípios nos dispositivos legais de forma expressa,
tanto aqueles que tratam do processo quanto aqueles que tratam dos meios de
resolução de conflito. Observe-se que a existência de princípios expressos não
exclui outros decorrentes da Constituição Federal e do processo civil que possam
ser implicitamente deduzidos. No plano normativo, encontram-se os princípios
da mediação no CPC de 2015, em seu art. 166: os princípios da independência,
da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da orali-
dade, da informalidade e da decisão informada. Igualmente, no art. 2º, da Lei
nº. 13.140, de 26 de junho de 2015, a chamada Lei da Mediação, a qual trata
especificamente da mediação, consta que esse meio de resolução deverá observar,
obrigatoriamente, os seguintes princípios (BRASIL, 2015, documento on-line):
imparcialidade do mediador;
isonomia entre as partes;
oralidade;
informalidade;
autonomia da vontade das partes;
Negociação: procedimento, integração e distribuição de valor 5
busca do consenso;
confidencialidade;
boa-fé.
este gozará para conduzir as partes à construção de uma solução para o litígio.
Por esse motivo, o mediador deverá revelar, antes do início do procedimento,
qualquer situação que embarace sua participação. Trata-se de um dever de
revelação. Observe, contudo, que a adoção de técnicas de negociação não
importa em comprometimento da imparcialidade do mediador.
Para o reestabelecimento da comunicação, o princípio da oralidade
é essencial. Nas sessões, as partes terão a oportunidade de verbalizar,
passar suas impressões, construir reflexões, escutar outras perspectivas
e responder e formular questionamentos. É o momento de participação,
que permitirá a construção da solução mais adequada à crise discutida.
Lembrando que o processo oral não exclui a utilização da escrita para a
formalização do acordo; Spengler (2017, p. 148) afirma que a oralidade
advém dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, Lei nº. 9.099, de 26 de
setembro de 1995.
O Código Civil traz inúmeros exemplos em que a boa-fé vem prescrita como um
pressuposto das relações civis, como nos arts. 128, 164, 167, 187, 242, 286, 307, 309,
entre inúmeros outros.
preparação;
criação de valor;
negociação;
fechamento;
reconstrução.
A técnica da escuta ativa, segundo Tartuce (2018), preconiza não apenas escutar o
outro, mas considerar atentamente as mensagens verbais e não verbais ditas pelo outro.
BRASIL. Lei nº. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Diário Oficial [da] República Federa-
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13 Negociação: procedimento, integração e distribuição de valor
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MARASCHIN, M. U. (Coord.). Manual de negociação baseado na teoria de Harvard.
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