Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GESTÃO E MEDIAÇÃO
DE CONFLITOS
Conflitos são inevitáveis fatos da vida, operações diárias, fruto das relações
interpessoais que movem os seres humanos e a sociedade. Dado que são
necessários ao progresso da humanidade, devem ser administrados de forma
adequada para que, a partir deles, o relacionamento entre os envolvidos em uma
mesma situação seja fortalecido, o impasse resolvido e os interesses de cada qual
satisfeitos.
A solução para os mais variados tipos de conflitos perpassa diversas
técnicas. Eles precisam ser geridos da forma menos morosa, custosa e
desgastante possível.
Nesta etapa, iremos abordar técnicas promissoras de resolução de
conflitos, baseado no emprego das técnicas de Harvard, da teoria dos jogos e do
equilíbrio de John Nash no processo de mediação, conjuntamente com o trabalho
desenvolvido pelo gestor organizacional amparado nas concepções do equilíbrio
emocional, bem como em processos de mediação e conciliação comunitária
propulsora da cidadania plena. Sob este prisma, a mediação vem ganhando
magnitude como processo de autocomposição, uma vez que permite enxergar
novos horizontes e perspectivas, emancipa as partes e fomenta a cultura da paz.
2
aumentaram adeptos de muitas formas alternativas de resolução de conflitos para
diminuir o congestionamento no judiciário e cooperar no desempenho da própria
economia empresarial. Além disso, essa questão é uma discussão importante,
pois a todos os cidadãos deve ser garantido o acesso à justiça de forma eficiente.
Assim, a utilização de diferentes métodos pode ser uma alternativa ao processo
judicial, que atualmente atinge números simplesmente inviáveis de resolver, a
curto e médio prazo.
É fato que a crise do Poder Judiciário se pauta na busca por melhores
condições para resolver os conflitos da sociedade e no uso de técnicas
alternativas que devem ser melhor recepcionadas. Sendo assim, constata-se que
a negociação bem definida fornece diferentes conhecimentos, visões ampliadas
da realidade e a quebra de preconceitos que abrem a comunicação de todos os
ângulos para garantir que todas as partes expressem suas opiniões e demonstrem
sua conduta.
Nesse sentido, o método de Harvard garante que os processos de
negociação prossigam pautados no respeito pelos valores e princípios, que são
essenciais para garantir uma solução pacífica. É importante também
considerarmos, nesta etapa, uma descrição no que se refere à abordagem da
escola linear Harvard, pois está diretamente relacionada com os conceitos da
mediação e como ela é usada no processo de negociação.
É importante considerar que a teoria de negociação da Universidade de
Harvard, com característica que se fundamenta na teoria da compreensão do
conflito, é aplicada em diversas áreas de conhecimento, inclusive no mundo
jurídico, onde se destaca por meio do instituto da mediação.
Sendo então a negociação importante para manter o equilíbrio das
relações, sejam elas sociais, comerciais ou organizacionais, esta temática foi
muito bem abordada pela Universidade de Harvard, quando no ano de 1979 foi
instituído o Projeto (ou Método) de Negociação de Harvard, também denominado
Harvard Negotiation Project (HNP), como é comumente conhecido. Um dos livros
mais famosos que apresenta o método é Getting a Yes, escrito pelos autores
Roger Fisher, William Ury e Bruce Patton, que descreve uma abordagem de senso
comum à negociação.
O livro, cuja versão para português é intitulada Como chegar ao sim, tem
como dimensionamento demonstrar um método de negociação que pode ser
usado em vários negócios, nas mais diversas situações, com base nos princípios
de uso. Os autores do projeto HNP tratam na obra original sobre os métodos da
3
negociação e colocam os princípios como base central, cujo objetivo é alcançar
os méritos e benefícios mútuos mediante uma questão conflituosa, conforme
explicado a seguir:
4
legitimidades – como elementos objetivos – e a comunicação, o relacionamento e
o compromisso – como elementos de subjetividade (Maraschin, 2017).
5
Sobre essas divergências de posições, Peixoto (2017, p. 23) apresenta
algumas ponderações:
6
É possível concluir que os interesses das partes litigantes podem ser
efetivamente ratificados ao utilizar os sete passos indicados por Peixoto (2017).
Consequentemente, as partes que estão em litígio podem chegar a uma situação
recíproca de empatia, a um pensamento racional, comutativo, livre de emoções,
focado nos interesses das duas partes e, ao mesmo tempo, respeitoso e objetivo.
Na metáfora da laranja, por exemplo, cada uma das irmãs poderia ter recebido
100% do que realmente desejavam.
1.1.3 Da Legitimidade
7
mútuos (Ferreira, 2016, p. 169). Nota-se que demonstrar à outra parte a
legitimidade das alegações traz mais segurança para possíveis deliberações.
1.1.5 A Comunicação
8
1.1.6 Do Relacionamento
1.1.7 Do Compromisso
Outro ponto primordial que está relacionado à Teoria dos Jogos e que foi
difundido por John Nash é a noção do equilíbrio, que consiste em estratégias que
podem ser utilizadas pelos sujeitos tendo como técnica as melhores respostas, ou
seja, é o ponto em que, dadas as estratégias escolhidas, nenhum dos jogadores
se arrepende. Por esse motivo, não há necessidade de mudá-las, caso jogassem
o jogo novamente.
Almeida (2003) elenca que se todos fizerem o melhor para si e para os
outros, todos ganham, pois essa é a essência da cooperação e equilíbrio difundido
por John Nash. A ideia de cooperação não está desvinculada do ganho individual,
porém é preciso entender que a cooperação traz a noção de que é possível
maximizar ganhos individuais cooperando com o adversário, pois a estratégia está
vinculada ao mesmo tempo no individual e no coletivo.
11
TEMA 3 – A TRANSFORMAÇÃO PELA MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS: A
PRÁTICA DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA
13
TEMA 4 – A NEGOCIAÇÃO COMO FERRAMENTA DOS CONFLITOS
ORGANIZACIONAIS: PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS
16
colaboradores, ser um bom ouvinte, ter comunicação assertiva, ser flexível e ter
equilíbrio em suas ações e emoções. Isso porque, ainda segundo o autor,
solucionar conflitos significa, na maioria das vezes, tentar entender as causas e
conduzir ações para que se chegue a um ponto de equilíbrio aceito pelas partes
envolvidas, minimizando o máximo das possíveis perdas para cada indivíduo e
até mesmo para a organização.
De acordo com Fernandes Neto (2005), para que injustiças não sejam
cometidas e para que o conflito tenha um desfecho positivo, é essencial que antes
de qualquer decisão ou ação o gestor conheça detalhes dos fatos ocorridos, o que
pode ser empreendido por intermédio de uma escuta ativa, análise dos fatos,
identificação dos envolvidos, suas condutas, contexto histórico, entre outros
fatores. Considerando essas habilidades que devem ser desenvolvidas pelo
gestor, nos baseamos em Goleman (2011), que aponta a necessidade de
Inteligência Emocional para saber lidar com pessoas, chamando atenção à
importância das emoções nos fenômenos humanos, e assim caracterizando-a
como a capacidade de saber identificar suas próprias emoções e também as dos
outros, bem como de alguma maneira controlar essas emoções, tanto em si
quanto nos outros, e guiá-las para a produção de resultados.
Ferreira (2016) reforça a ideia de que o desenvolvimento da Inteligência
Emocional gera autocontrole, hábito da crítica aos próprios pensamentos e poderá
dar maior controle e reflexão ao gestor ou sobre suas decisões em momentos de
tensão, baseando suas decisões em variáveis que irão favorecer as ações, pois
ele poderá perceber as necessidades emocionais da equipe, bem como perceber
seus anseios, aquilo que pode lhes motivar, desmotivar.
Em conformidade com Silva (2010), a Inteligência Emocional e as emoções
em si são pontos fundamentais para a tomada de decisão e são determinantes
nas relações interpessoais, principalmente quando se trata de questões
conflituosas.
Para que o gestor organizacional possa desenvolver habilidades
necessárias para lidar com o conflito, nos pautamos nos estudos de Goleman
(2011), que dividiu a Inteligência Emocional em 5 domínios que são o alicerce
para atitudes que impactem no sucesso pessoal e profissional.
17
Quadro 1 – Alicerces da Teoria da Inteligência Emocional
19
REFERÊNCIAS
20
9354) & III INOVARSE - Inovação & Responsabilidade Social. ISSN 1984-9354.
Rio de Janeiro, 2016.
FIANI, R. Teoria dos jogos: para cursos de administração e economia. 2. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2006.
MALLORY, G. A. Acredite ou não: o conflito pode ser saudável uma vez que você
entender e aprender a gerenciá-lo. Nursing81, Nova Iorque, p. 97-102, jun. 1997.
21
WOLKMER, A. C. Introdução aos fundamentos de uma teoria geral dos
“novos” direitos. In: WOLKMER, A. C.; MORATO LEITE, J. R. (Org.). Os “novos”
direitos no Brasil: natureza e perspectivas: uma visão
básica das novas conflituosidades jurídicas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p.
17-50.
22