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MATEMÁTICA

FINANCEIRA
Rodolfo Vieira Nunes
Séries uniformes de
pagamentos: aplicações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os tipos de séries uniformes.


„ Desenvolver séries antecipadas.
„ Analisar séries postecipadas.

Introdução
De acordo com Assaf Neto (2016), uma série uniforme de pagamentos
é vista como uma sucessão de recebimentos, desembolsos ou presta-
ções de mesmo montante, representadas pelo valor da parcela (PMT) e
divididas regularmente num período de tempo. Em essência, uma série
de capitais pode ser caracterizada como uma sequência de pagamentos
ou recebimentos periódicos e consecutivos que apresentem alguma lei
de formação.
Uma série de pagamentos se caracteriza pela definição dos critérios
de quanto e quando deve ser paga cada parcela, como valor futuro,
taxa de juros e número de períodos. Há basicamente cinco principais
séries de pagamentos: antecipadas, postecipadas, infinitas, diferidas e
variáveis. Essas modalidades diferem entre si pelo modo como o devedor
pagará a dívida: à vista ou a prazo. Em essência, o pagamento poderá
contar ou não com prazo de carência, além do valor do pagamento ou
recebimento da série.
Neste capítulo, você vai entender alguns conceitos sobre as séries de
pagamentos e estudar quais são os principais tipos de séries de paga-
mentos, bem como as diferenças existentes entre elas. Além disso, vai
aprender ainda sobre as séries antecipadas e postecipadas.

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Tipos de séries uniformes


Antes de se aprofundar nos estudos sobre as séries uniformes, veja alguns
aspectos importantes para a classificação das séries de pagamento, de acordo
com Hoji (2016):

„ Quanto ao tempo:
■  temporária – quando há um número limitado de pagamentos;
■  infinita – quando há um número infinito de pagamentos.
„ Quanto à periodicidade:
■  periódica – quando os pagamentos ocorrem em intervalos de tempo
iguais;
■  não periódica – quando os pagamentos ocorrem em intervalos de
tempo variáveis.
„ Quanto ao valor de pagamento:
■  uniforme – quando todos os pagamentos são iguais;
■  variável – quando os valores dos pagamentos variam.
„ Quanto ao vencimento do primeiro pagamento:
■  imediata – quando o primeiro pagamento ocorre exatamente no
primeiro período da série;
■  diferida – quando o primeiro pagamento não ocorre no primeiro
período da série, ou seja, ocorrerá em períodos subsequentes.
„ Quanto ao momento do pagamento:
■  antecipada – quando o primeiro pagamento ocorre no momento “0”
da série de pagamentos (ato do negócio);
■  postecipada – quando o primeiro pagamento ocorre após o momento
de fechamento do negócio.

A compreensão sobre esses conceitos servirá como um pilar de apoio para


esclarecer ou facilitar o seu entendimento sobre o assunto deste capítulo. Assim,
entender os conceitos básicos é crucial para conhecer a temática estudada, de
modo a ser capaz de explicar esses elementos.

„ Present value – PV (valor presente): é o capital inicial sobre o qual os


juros, prazos e amortizações serão aplicados. Em outras palavras, é o valor
de um fluxo de renda esperado, determinado a partir da data de avaliação.

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„ Future value – FV (valor futuro): é o montante final resultante da soma


dos juros acumulados com o capital inicial, descontados os pagamentos (se
houver). Mede a soma nominal futura do dinheiro que determinada quantia
de dinheiro é "válida" em um período especificado no futuro. Também pode
ser visto como o valor presente multiplicado pela função de acumulação.
„ Número de períodos – (n): indica o prazo que deve ser considerado
nas transações. Pode ser dado em dias, meses, trimestres, anos, desde
que esteja de acordo com a taxa de juros.
„ Taxa de juros do período – (i): indica a taxa de juros usada no trabalho
com o capital, ou seja, na remuneração do dinheiro. Deve estar de acordo,
na mesma ordem de valor, com o indicador de tempo.
„ Payment - PMT (valor da parcela): é o valor de uma parcela que pode
ser adicionada ou subtraída do montante a cada período. Desse modo,
são pagamentos de mesmo valor, ou seja, registrados pelo fluxo de
caixa (pessoal ou empresarial) de forma recorrente.

O foco deste capítulo é explicar e demonstrar as diferenças entre as séries de pagamento


uniformes: antecipadas e postecipadas com carência. Não vamos abordar o modelo
de séries de pagamento infinitas e diferidas. No caso da série variável, ela faz parte do
estudo das séries não uniformes de pagamento.

Desenvolvimento de séries antecipadas


Séries antecipadas de pagamentos são aquelas que exigem um depósito inicial
ou uma entrada, sendo mais utilizadas em investimentos (SILVA, 2012).
Trata-se daquelas séries em que o primeiro pagamento ocorre na data focal
zero. Esse tipo de sistema de pagamento também é chamado de sistema de
pagamento com entrada (1 + n).
No entanto, atente para o fato de que nem todas as operações que possuem
entrada são séries antecipadas. Para que isso ocorra, é necessário que o valor
da entrada seja o mesmo que o valor das demais prestações. Veja o compor-
tamento descrito na Figura 1.

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Figura 1. Séries de parcelas iguais e consecutivas


com entrada, ou seja, a primeira parcela é paga ou
aplicada na data zero.

Veja as principais fórmulas utilizadas para encontrar o PV, o FV e o PMT


das séries antecipadas.

Veja esse sistema aplicado a um exemplo. Você está em uma loja comprando
a sua tão sonhada TV de plasma, quando recebe a seguinte oferta: R$ 12.000
à vista ou 10 suaves parcelas mensais de R$ 1.300, com entrada, com juros
de 1%. Nessa situação, precisamos fazer o seguinte cálculo:

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Por meio dessa metodologia, a série uniforme de pagamento antecipada


é definida como sendo a sucessão de pagamentos iguais (PMT) efetuada em
intervalos regulares e constantes, cujo primeiro pagamento ocorra na data da
operação financeira que lhe deu origem (ASSAF NETO, 2016).
Ao analisarmos o resultado do exemplo acima e compararmos com o valor
original (à vista), temos um montante maior: R$ 12.435,83. Assim, note que,
em uma série de pagamento antecipada, haverá um aumento no valor final
do produto ou serviço (HOJI, 2016).
Em síntese, o método de pagamento antecipado se refere a operações em
que os pagamentos ou recebimentos começam no início do primeiro período,
ou seja, no ato do fechamento do negócio. No mercado, é comum ver essa
situação em ofertas de pagamentos com entrada mais “n” parcelas, ou 30%
de entrada e o saldo restante em 30, 60 e 90 dias.

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Uma série de pagamentos é dita diferida quando a primeira prestação ocorrer após o
primeiro período. O processo de calcular o valor presente, o valor futuro e a prestação
de uma operação financeira em que o primeiro pagamento é diferido é comum no
comércio varejista.
Qualquer tipo de série pode ser considerada diferida, seja ela uma série uniforme,
uma série gradiente ou mesmo uma sequência qualquer de pagamentos, já que, em
termos financeiros, diferir significa adiar a data do primeiro pagamento.

Análise de séries postecipadas


Por definição, uma série de pagamento postecipada é aquela que não exige
um depósito inicial, isto é, não existe uma entrada. Esse costuma ser o
caso de empréstimos e financiamentos (CARVALHO; ELIA; DECOTELLI,
2009), sendo caracterizados por séries cujo primeiro pagamento ocorre no
momento 1. Esse sistema também é denominado sistema de pagamento ou
recebimento sem entrada (0 + n). A Figura 2 descreve o comportamento
dessa série de pagamento.

Figura 2. Série de pagamento postecipada.

Assim, a Figura 2 demonstra que, quando ocorre uma sucessão de pagamen-


tos iguais (PMT), efetuados em intervalos regulares e constantes, o primeiro
pagamento é realizado concomitantemente ao primeiro período posterior à
data da operação financeira que lhes deu origem (GIMENES, 2006).

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Veja a seguir as principais fórmulas utilizadas para encontrar o PV, o FV


e o PMT das séries postecipadas.

Portanto, retomando o exemplo anterior da compra da TV de plasma, você recebe


a mesma oferta: R$ 12.000 à vista ou 10 suaves parcelas mensais de R$ 1.300, sem
entrada. Veja a seguir a fórmula e o cálculo da série de pagamento postecipada.

Note que o valor presente também ficou distante do valor da TV à vista.


Porém, se comparado ao fluxo antecipado, o valor presente pelo método do
fluxo postecipado é mais barato (HOJI, 2016). Em resumo, as operações
postecipadas caracterizam-se como sendo aquelas em que o vencimento
da primeira prestação é no final do período. Um termo de mercado, por
exemplo, para essa operação são as ofertas com o primeiro pagamento
só em 30 dias.

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8 Séries uniformes de pagamentos: aplicações

O vídeo do Mundo Financeiro, disponível no link a seguir, trata de dois conceitos


essenciais da matemática financeira, partindo da compreensão de fluxo de caixa e
da noção do valor do dinheiro no tempo. Assista ao material e entenda as principais
diferenças entre valor presente e valor futuro.

https://qrgo.page.link/XRqqL

Se você tem R$ 1.500,00 aplicados na poupança e for colocando R$ 100,00 todos


os meses durante 10 anos (120 meses), quanto dinheiro você vai ter no final desse
período?
A taxa anual nominal da poupança é de 6% ao ano, mas é capitalizada mensalmente.
Assim, a taxa mensal é de 0,5% (ao mês), que, capitalizada (composta) em 12 meses,
resulta em 6,1678% ao ano.
Para fazer esse cálculo em uma calculadora HP 12C, você deverá digitar os valores
e apertar os botões indicados:

1500 <CHS> <PV>


100 <CHS> <PMT>
0.5 < i>
120 <n>
<FV>

O resultado (FV) será de R$ 19.117,03

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ASSAF NETO, A. Matemática financeira e suas aplicações. 13. ed. São Paulo: Atlas. 2016.
CARVALHO, L. C. S.; ELIA, B. S.; DECOTELLI, C. A. Matemática financeira aplicada. Rio de
Janeiro: FGV, 2009.
GIMENES, C. M. Matemática financeira com HP 12c e Excel: uma abordagem descompli-
cada. São Paulo: Pearson, 2006.
HOJI, M. Matemática financeira: didática, objetiva e prática. São Paulo: Atlas, 2016.

Leitura recomendada
BREALEY, R.; MYERS, S.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 12. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2018.
GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2009.
ROSS, S. A. et al. Fundamentos de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
SILVA, J. P. Análise financeira das empresas. 13. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

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