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Curso Online:

Conciliação e Mediação
Conciliação e mediação extrajudicial...................................................................2

Comunicação não-violenta..................................................................................4

Análise e compreensão do conflito......................................................................6

Fundamentos da negociação aplicados à mediação de conflitos.......................8

O Papel do mediador...........................................................................................9

Ferramentas utilizadas na Mediação.................................................................11

Conflitos interpessoais nas organizações..........................................................13

Lei n.º 13.140/2015............................................................................................15

Referências bibliográficas..................................................................................18

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CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO EXTRAJUDICIAL

Conciliação e mediação nas serventias extrajudiciais: uma nova atribuição


Na aplicação do método, conciliadores e mediadores se destacam de qualquer
profissão originária e atuam com finalidade própria, especificamente
relacionada ao tratamento dos conflitos. Conciliadores e mediadores não
apontam soluções jurídicas, como faria um advogado; não decidem de forma
impositiva, como o juiz; não analisam conflitos intrapsíquicos, como o
psicólogo. Atuam aplicando técnica própria, a partir da tipologia do conflito e
buscando uma transformação da comunicação, como terceiro neutro e
imparcial. Por isso é fundamental a correta compreensão dos meios
consensuais.

O regramento ético é a garantia da lisura do método e seu desenvolvimento


apropriado, favorecendo o engajamento das partes. Conciliadores e
mediadores devem informar às partes sobre os princípios deontológicos, as
regras de conduta e as etapas da conciliação, principalmente favorecendo a
autonomia das partes, que devem chegar a uma decisão voluntariamente, sem
pressões ou ameaças.

A conciliação consiste em um meio alternativo de solução de conflitos, que


possibilita a autocomposição das partes e consequente desnecessidade de um
processo superveniente.

Essa forma de solução de conflitos difere da mediação porque em sua


configuração permite a intervenção do conciliador realizando propostas de
soluções, o que é vedado no instituto da mediação.

Os princípios da conciliação são estabelecidos pelo art. 166 do Código de Processo


Civil, os quais podem ser aproveitados em qualquer caso, ainda que seja extrajudicial.

“Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da


independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da
confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.

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§ 1o A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no
curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso
daquele previsto por expressa deliberação das partes.

§ 2o Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o


mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou
depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação.

§ 3o Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de


proporcionar ambiente favorável à autocomposição.

§ 4o A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos


interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras
procedimentais”.

Para o conciliador extrajudicial, não há lei específica para regular o


procedimento ou sua atuação. Além disso, as regras da Lei 13.140/2015 serão
aplicadas por extensão para as duas formas de atuação do conciliador.

“Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de


conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de
tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de
profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional”.

É preciso observar que o „princípio da decisão informada‟ estabelece como


condição de legitimidade da autocomposição por meio da conciliação a
absoluta consciência e conhecimento das partes quanto aos seus direitos e
quanto aos fatos estabelecidos pelo conflito, o que somente pode ser atingido,
na nossa opinião, se o conciliador tiver formação jurídica.

Os processos extrajudiciais são ações intermediadas por um advogado e que


não são levadas para a justiça, são resolvidas de forma conciliatória, ou
amigável.

A notificação extrajudicial é uma ferramenta usada pelos advogados, como


uma documentação inicial de suas provas para tentativa de conciliação por via
amigável, ou como passo inicial para a tomada de medidas judiciais.

A notificação extrajudicial é feita no Cartório de Registro de Títulos e


Documentos. É um meio de levar ao conhecimento de terceiros, envolvidos no
caso, o conteúdo de um documento oficial e legal.

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COMUNICAÇÃO NÃO-VIOLENTA

A Comunicação Não Violenta (CNV) (também conhecida como comunicação


compassiva) é um processo de pesquisa contínua desenvolvido por Marshall
Bertram Rosenberg e uma equipe internacional de colegas, que apoia o
estabelecimento de relações de parceria e cooperação, em que predomina
comunicação eficaz e com empatia. Enfatiza a importância de determinar
ações à base de valores comuns. Quando usada como guia na coconstrução
de acordos, a CNV pode tomar a forma de uma série de distinções, entre as
quais:

Distinção entre observações e juízos de valor;

Distinção entre sentimentos e opiniões;

Distinção entre necessidades (ou valores universais) e estratégias;

Distinção entre pedidos e exigências/ameaças.

Uma comunicação à base destas distinções tende a evitar dinâmicas


classificatórias, dominatórias e desresponsabilizantes, que rotulem ou
enquadrem os interlocutores ou terceiros.

A comunicação não-violenta (abreviada como CNV) é uma técnica de


comunicação desenvolvida por Rosenberg que pode ajudar qualquer pessoa,
mesmo em situações cheias de conflito como a guerra, a se comunicar de
modo mais eficaz.

Para ajudar as pessoas a melhorarem a qualidade de seus relacionamentos,


Marshall criou um framework baseado em quatro pilares:

Observação (em vez de Julgamento)

Sentimentos (em vez de Avaliações)

Necessidades (em vez de Estratégias)

Pedidos (em vez de Ordens)

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O primeiro passo para melhorar a sua CNV é estar ciente de que você pode
estar com algum bloqueio que lhe impede de se conectar plenamente com a
sua essência.

Aplicável em centenas de situações que exigem clareza na comunicação: em


fábricas, escolas, comunidades carentes e até em graves conflitos políticos.

 Leitura Complementar:

Livro: Comunicação não-violenta: técnicas para

aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais

Autor: Marshall Rosenberg

Editora: Ágora

Marshall Rosenberg escreveu o livro “Comunicação Não – Violenta – Técnicas


Para Aprimorar Relacionamentos Pessoais e Profissionais” com quatro passos
de uma comunicação baseada na empatia e compaixão. É uma técnica já
comprovada que evita conflitos desnecessários quando o foco da mensagem
central se perde no julgamento. Ao expressar um ponto de vista ouvindo a
opinião do outro com o objetivo de entendê-la, a chance de haver um mal-
entendido é menor.

Dentro de uma organização é essencial reduzir os conflitos disfuncionais, que


prejudicam o desempenho da equipe porque geram incertezas sobre os papéis
de cada um. Isso aumenta o tempo de realização das tarefas, já que parte do
tempo é dedicado para debater a maneira como tarefa deve ser feita, os
objetivos do trabalho e as pessoas envolvidas no processo. Não contribuem
para o desenvolvimento individual dos colaboradores e nem da empresa.

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ANÁLISE E COMPREENSÃO DO CONFLITO

O conflito nem sempre foi encarado positivamente pela administração,


especialmente pela chamada abordagem ou escola clássica de administração.
Mesmo a teoria das relações humanas tendia a vê-lo como algo que precisava
ser resolvido para se evitar maiores problemas.

Seu atributo qualificativo depende de se e como ele afeta o desempenho e o


clima do grupo.

Conflito disfuncional: quando prejudica o desempenho do grupo.

Conflito funcional: quando contribui para o desempenho do grupo.

Os modelos estruturais e processuais são complementares no entendimento do


fenômeno e destes pode-se construir uma abordagem diagnóstica do
entendimento do conflito, composta por três níveis de análise, a saber:

• Análise Estrutural do conflito;

• Análise Dinâmica do conflito;

• Análise Diacrônica do conflito.

Acrescentamos 2 questões a serem consideradas na “escolha” do


comportamento:

- pressão do tempo;

- necessidade de aceitação da solução x decisão técnica.

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Em uma resolução de conflitos, o que vai ser crucial em uma decisão não é
apenas a interpretação dos fatos que levaram aquele conflito e sim como foram
interpretados. Por isso a análise individual, em conjunto e o histórico dos
colaboradores envolvidos devem ser analisados com muita calma e precisão.

O gestor deve se impor mostrar para que esta ali, esta ali para resolver a
situação, como facilitador e que as pessoas devem respeitar sua decisão. Um
bom gestor não se deixa intimidar pela situação.

Em alguns casos de resolução de conflitos, muitas das vezes os envolvidos


não demonstram respeito pelo gestor por serem mais velhos que ele, ou por
terem mais tempo de empresa que ele. Por isso a questão de se impor, porém
sem se envolver.

Podemos dizer que conflito é quando há um assunto de interesse comum entre


duas ou mais pessoas, que venham a ter opiniões divergentes sobre esse tema
e que não conseguem lidar com as diferentes opiniões apresentadas, vindo a
gerar uma situação tal que poderá acarretar a necessária gestão do fato em
litígio, pois a situação envolve expectativas, por vezes, valores e inspirações
próprias.

Os conflitos, para ter uma solução pacífica, devem ter todos os meios possíveis
de negociação de controvérsias, estas, precisam ser executadas
com diplomacia, bons ofícios, arbitragem e conciliação.

Na sociedade os conflitos podem ser considerados com o suposto "dualismo"


que há na mesma. Este dualismo manifesta-se através das opiniões aderidas
pelas pessoas em questões ideológicas, filosóficas e tudo o que tange a
abordagem de formulação de opiniões e crenças sobre o que pode ser definido
como certo e o que é errado. Desta forma cabe a nós decidirmos qual
posicionamento devemos tomar e sempre respeitar a opinião do próximo.

Consentir não significa necessariamente que a proposta sendo considerada é a


primeira escolha de quem consente. Os membros do grupo decisório podem
consentir com uma proposta simplesmente por que escolheram cooperar com a
direção geral do grupo ao invés de insistir em suas próprias preferências. Às
vezes, a opinião numa proposta já é direcionada, como "Esta proposta é algo
que você consegue tolerar?" Este tipo de limiar mais flexível para um "sim" ou
"não" geralmente consegue atingir um consentimento pleno. Porém, este
consentimento pleno não significa que todos concordam plenamente.
Consentimento deve ser "genuíno e não deve ser obtido por coação, pressão
ou fraude". Os valores basais de um consenso também não se realizam se o
"consentimento" acontece apenas por que os participantes estão frustrados
com o processo em si e querem apenas seguir com suas vidas.

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FUNDAMENTOS DA NEGOCIAÇÃO APLICADOS À

MEDIAÇÃO DE CONFLITOS

 Separe as pessoas do problema;


 Foque nos interesses e não na sua posição;
 Crie, invente, e desenvolva formas criativas de resolução para o conflito;
 Eleja critérios objetivos como bases da negociação.

As pessoas que estão em um conflito frequentemente se envolvem tanto no


problema e desgastam tanto sua relação com a outra parte que veem esta
como o seu problema, o que não é verdade.

O problema das partes é algo distinto a elas, por isso as partes juntas devem
atacar seus problemas e não uma a outra. Atacar o outro desgasta a relação e
só posterga ou impossibilita a solução do problema. Imagine um litígio a
respeito da partilha de bens de um divórcio, em que a relação entre as partes já
está totalmente desgastada, no qual as partes atacam uma à outra. Dessa
forma, a simples partilha demorará muito tempo, quem sabe anos, se as partes
se atacarem, recorrerem e fizerem tudo para abalar, direta ou indiretamente, a
outra parte.

No processo de negociação o controle emocional e a comunicação são


extremamente importantes para a resolução efetiva. Assim, as partes devem
controlar suas emoções, serem sinceras quanto ao que pensam e buscar por
meio do diálogo, sempre atacando o problema, a solução que será proveitosa
para ambas.

Julgar antecipadamente, buscar apenas uma resposta e pensar que o


problema da outra parte é só dela, constituem-se os grandes impasses para a
criatividade na hora de fazer o acordo.

Os meios alternativos soluções de conflitos têm crescido paulatinamente sendo


uma evolução para soluções de conflitos jurídicos.

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O PAPEL DO MEDIADOR

O conflito pode ser definido como uma divergência percebida de interesses ou


uma crença de que as aspirações atuais das partes não podem ser alcançadas
simultaneamente. Em geral as pessoas associam um conflito à algo negativo.
As crenças pessoais e experiências passadas nos levam a ter uma visão
negativa do conflito, que é um fato ruim da vida e que conduz à perda de
energia, amizades, tempo, dinheiro, felicidade, entre outras coisas.

A escuta ativa é a capacidade de escutar, receber informações das outras


pessoas, entender a mensagem que está sendo transmitida, aquilo que muitas
vezes está por trás de um discurso ou fala. Para uma boa escuta pode ser
importante fazer perguntas - abertas de preferencia - resumos e paráfrases
para confirmar a mensagem que se está recebendo, assim como poder
reconhecer os sentimentos e as necessidades das pessoas. A linguagem não-
verbal também exerce um papel importante na comunicação e o receptor deve
atentar-se aos sinais não verbais.

Sem a intenção de definir a empatia com um rigor cientifico, pode-se conceituá-


la como a capacidade que as pessoas têm de compreenderem e entenderem
os outros. Não se trata de estar de acordo com o outro, mas sim entendê-lo e
se colocar em seu lugar. Para isso, é importante abster-se de juízos de valores
e sempre buscar se relacionar com base na igualdade, tratando os demais
como semelhantes e respeitando as diferenças de cada um. É também ter a
capacidade de perceber e sentir o estado emocional das pessoas e saber que
isso vai muito além do seu discurso ou posição, que muitas vezes demonstram
o contrário do que realmente se está sentindo.

Atuando com base na escuta ativa e fomentando a empatia o mediador pode


desempenhar o papel de um agente de mudança na perspectiva negativa do
conflito.

Por meio da interação das partes em uma mediação, na qual o ambiente de


comunicação é bom, elas têm a oportunidade de em conjunto, em um contexto
de colaboração, reconstruírem o conflito de uma forma positiva e olharem para
o problema de outra forma. Também podemos concluir que uma das principais
atribuições do mediador é fazer com que as partes percebam que seus desejos

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podem ser alcançados simultaneamente, fazendo-os
afastar a ideia de que suas aspirações são totalmente incompatíveis o que faz
com que percebam o conflito de uma forma negativa.

O que faz de uma pessoa uma boa mediadora de conflitos, no geral, é a


capacidade de ouvir os envolvidos no problema, de ser imparcial e agir sempre
com bom senso e justiça, além de ser alguém de referência, legitimada pelas
partes envolvidas e que transmita confiança. O mediador de conflitos acaba
funcionando como “filtro”, ajudando com que apenas os problemas mais
relevantes e complexos sejam levados para os gestores ou dirigentes da
organização.

A princípio o principal ponto característico do mediador é o da pessoa neutra,


conduzindo sem decidir, sendo assim neutro em tudo que parta dele como
intervenção na decisão tomada.

A paciência tende a ser classificada como um grande norte para o mediador,


que precisa ser sábio e ouvir ambas as partes conflitantes com cautela para
que a medida tomada não venha a causar consequências preocupantes para
todos os lados. Deve ele ser criativo também, para achar a solução adequada
de forma a equilibrar a justiça do caso aplicada em consonância com a
habilidade e imparcialidade na comunicação com as partes.

Aparecem conflitos em nossas vidas, seja no campo profissional, pessoal,


social ou familiar. Apesar da palavra parecer estar recheada de negatividade, o
conflito pode ser visto como uma oportunidade de oferecer aprendizados e
crescimento, onde quer que ele surja.

Não é papel do mediador chega a conclusões sobre como resolver o caso.


Caberá a ele apenas manter-se aberto a ouvir e que, através desta escuta
ativa, possa identificar as emoções presentes nas partes em determinado
conflito. O psicólogo precisa também estar atento aos fatos reais que motivam
o conflito, utilizando-se da percepção para captar emoções e intenções
insconscientes por trás das palavras ditas.

Torna-se, portanto, de grande relevância um psicólogo nesse processo de


mediação familiar, pois só ele tem o conhecimento para decodificar a
complexidade da rede inconsciente dos indivíduos e, através das técnicas
utilizadas, pode levar a um resultado de novas comunhões, estabelecendo um
acordo entre as partes.

Sua conduta de imparcialidade e neutralidade deve estar sempre presente,


atuando de forma ética e singular nesse processo que emana tanta hostilidade.
Só o psicólogo jurídico saberá fazer uma leitura psicológica da subjetividade
humana das partes envolvidas.

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FERRAMENTAS UTILIZADAS NA MEDIAÇÃO

 Escuta ativa
 Rapport
 Sessões individuais (caucus)
 Brainstorming
 Parafraseamento

O mediador tem um papel essencial na resolução do conflito, pois ele é o


responsável por fazer com que as partes se entendam.

Os participantes do conflito costumam adotar muitas práticas ruins como


culpabilizar outras pessoas integralmente, responsabilizar o outro pelos seus
problemas, reprimir comportamentos, julgar a forma de agir e de pensar do
opositor, dentre outras coisas.

A escuta ativa é uma técnica na qual passamos a prestar mais atenção ao que
o outro tem a dizer, prestando atenção não apenas nas palavras, mas também
na linguagem não-verbal como gestos, expressões faciais, entre outras coisas.

Ao ouvir com mais atenção conseguimos compreender melhor as


necessidades e os desejos do outro, podemos colher certas informações e as
utilizar para produzir uma solução positiva.

Existem alguns passos que podem te ajudar a executar essa técnica da melhor
forma possível:

 mantenha o contato visual com a pessoa com a qual está falando;


 tenha a mente aberta a todo momento para não julgar ou tirar
conclusões precipitadas;
 faça perguntas para ter a certeza de que a outra parte entendeu as
informações da forma correta;
 se coloque no lugar da pessoa, isso o ajudará a compreender melhor as
suas opiniões e emoções.

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O rapport é uma das principais técnicas utilizadas na mediação, pois é ela que
consegue criar empatia entre as partes e também um maior vínculo com o
mediador, fazendo que os participantes confiem nele para guiar a mediação.

O rapport deve ter alguns elementos para que consiga ser efetivo:

 expressão facial;
 postura corporal;
 equilíbrio emocional;
 contato visual;
 volume, também chamado de intensidade da voz;
 andamento;
 comunicação verbal e não-verbal;
 tom de voz.

Apesar do nome um pouco diferente, a técnica do caucus é bastante utilizada


na mediação. Nesse caso, o mediador se reúne, de forma privada, com cada
uma das partes, com sessões de mesma duração e uma logo após a outra.

Ela é utilizada para criar um vínculo maior com os participantes e também nos
casos em que a comunicação entre as partes esteja realmente difícil.

A palavra inglesa brainstorming significa, ao pé da letra, tempestade de ideias


e tem a ver com a questão de dar a autonomia necessária às partes. É uma
forma de fazer com que os participantes tenham ideias sobre como resolver o
conflito de forma que todos saiam ganhando na medida do possível e, o
mediador é o responsável por estimular esse comportamento.

O parafraseamento é quando o mediador reformula as frases da parte sem


nenhuma alteração no sentido original. Para isso, ele pode utilizar sinônimos,
resumir as ideias principais e reorganizar o conteúdo a fim de torná-lo mais
claro para todos os participantes.

Ademais, a estratégia pode ser utilizada para reduzir as tensões durante a


negociação, pois neutraliza um discurso ao substituir termos com uma
semântica ou uma pronúncia mais agressiva.

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CONFLITOS INTERPESSOAIS NAS ORGANIZAÇÕES

A mediação é um processo que pode ser exercido por qualquer pessoa


capacitada (há cursos específicos na área) e que objetiva a resolução
satisfatória de um impasse. No entanto, ao contrário do que possa parecer, a
solução de um conflito requer habilidades multidisciplinares.

Com a escuta ativa, o mediador estimula os mediandos a se ouvirem um ao


outro, proporcionando a expressão das emoções; no parafraseamento, o
mediador reformula as frases sem alterar seus sentidos com o intuito de
organizá-las, sintetizá-las e neutralizar os conteúdos; a partir da formulação de
perguntas, o mediador faz indagações pertinentes à compreensão do conflito
para explorar soluções viáveis; o resumo seguido de confirmações permite que
os mediandos observem como seus relatos foram registrados; no caucus (em
latim significa "copos" - linguagem figurada que indica um encontro amistoso),
o mediador promove encontros em separado com os mediandos, sob
confidencialidade; o brainstorming (em inglês, tempestade de ideias), muito
usado na Publicidade e em ações de Marketing, incentiva a criatividade e faz
com que os mediandos possam expressar o que vêm na mente para garimpar
as ideias mais valiosas; por fim, o teste de realidade, busca uma reflexão
objetiva dos mediandos acerca do que está sendo colocado ou proposto.

O conceito de relacionamento interpessoal envolve associações sociais,


conexões ou afiliações entre duas ou mais pessoas. As relações interpessoais
variam no grau de intimidade ou auto-revelação, mas também na duração, na
reciprocidade e na distribuição de poder, para citar apenas algumas
dimensões. O contexto pode variar desde relações familiares ou
de parentesco , amizade , casamento , relações com
associados, trabalho , clubes , vizinhanças e locais de culto . Os
relacionamentos podem ser regulamentados por lei , costume, ou acordo
mútuo, e constituem a base dos grupos sociais e da sociedade como um todo.

De acordo com Chiavenato (2010), o relacionamento interpessoal é uma


variável do sistema de administração participativo, que representa o
comportamento humano que gera o trabalho em equipe, confiança e
participação das pessoas. “As pessoas não atuam isoladamente, mas por meio

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de interações com outras pessoas para poderem alcançar seus objetivos”
(CHIAVENATO, 2010, p. 115).

Um relacionamento interpessoal saudável entre o líder e seus liderados facilita


no desbloqueio da insegurança que rodeiam os colaboradores no dia a dia, o
respeito e admiração trazem harmonia para o ambiente de trabalho.

“As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de


interação” (MOSCOVICI, 2011, p. 69). É uma maneira de conhecer mais,
aprender com situações diversas no grupo social, vivenciando e trocando
informações.

“Influenciar pessoas é conseguir colaboração e cooperação. A cooperação vai


além do favor, que é uma gentileza espontânea, além da obrigação e do poder
de mando” (ALBUQUERQUE, 2012, p. 84). As pessoas se sentem parte do
grupo quando podem colaborar.

O trabalho em equipe também é muito característico do relacionamento


interpessoal, o individuo precisa aprender a trabalhar dentro de uma
organização.

O relacionamento interpessoal implica uma relação social, ou seja, um conjunto


de normas comportamentais que orientam as interações entre membros de
uma sociedade. O conceito de relação social, da área da sociologia, foi
estudado e desenvolvido por Max Weber.

No contexto das organizações, o relacionamento interpessoal é de extrema


importância. Um relacionamento interpessoal positivo contribui para um bom
ambiente dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da
produtividade. No trabalho, esse relacionamento saudável entre duas ou mais
pessoas é alcançado quando as pessoas conhecem a si mesmas, quando são
capazes de se colocar no lugar dos outros (demonstram empatia), quando
expressam as suas opiniões de forma clara e direta sem ofender o outro
(assertividade), são cordiais e têm um sentido de ética.

Relacionamento interpessoal é um conceito do âmbito da sociologia e


psicologia que significa uma relação entre duas ou mais pessoas.

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LEI N.º 13.140/2015

Art. 2º A mediação será orientada pelos seguintes princípios:

I - imparcialidade do mediador;

II - isonomia entre as partes;

III - oralidade;

IV - informalidade;

V - autonomia da vontade das partes;

VI - busca do consenso;

VII - confidencialidade;

VIII - boa-fé.

§ 1º Na hipótese de existir previsão contratual de cláusula de mediação, as


partes deverão comparecer à primeira reunião de mediação.

§ 2º Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de mediação.

Art. 3º Pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre direitos
disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação.

§ 1º A mediação pode versar sobre todo o conflito ou parte dele.

§ 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas transigíveis,


deve ser homologado em juízo, exigida a oitiva do Ministério Público.

Com a sanção da Lei nº 13.140/2015 (Lei de Mediação), a mediação ganhou


um marco legal próprio, vez que a citada lei regulamenta a mediação entre
particulares como meio de solução de controvérsias, e sobre a autocomposição
de conflitos no âmbito da administração pública.

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Verifica-se, portanto, que a mediação, dentre os meios alternativos para
resolução de conflitos, é a que vem chamando maior atenção dos estudiosos, e
que está sendo mais enfatizada pelo legislador, merecendo a total atenção
pelos aplicadores do Direito.

A própria Lei nº 13.140/2015, que regulamenta sobre a mediação, se


encarregou de conceituá-la, no seu Art. 1º, Parágrafo Único, como: a atividade
técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou
aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções
consensuais para a controvérsia.

Diante dos conceitos supracitados, consegue-se extrair algumas conclusões


sobre este instituto:

1) que a mediação é um modelo de resolução de conflitos sem poder decisório,


ou seja, as partes que deverão chegar a um denominador comum;

2) que o mediador não poderá incitar uma solução que achar conveniente, este
deverá apenas auxiliar as partes;

3) que a mediação somente será possível com a anuência das partes.

De forma taxativa, a Lei nº 13.140/2015 ainda estabelece os princípios aos


quais a mediação deverá ser orientada, quais sejam: a imparcialidade do
mediador, a isonomia entre as partes, a oralidade, a informalidade, a
autonomia da vontade das partes, a busca do consenso, a confidencialidade, e
a boa-fé (BRASIL, 2015).

Percebe-se que a orientação principiológica da mediação é norteada pela


equidade. Assim, o objetivo da mediação é a resolução de conflitos entre as
partes. Não se trata, portanto, de ganhar ou perder, mas sim chegar-se a um
consenso, em que ambas as partes deverão ceder em algo, para ter seu direito
concedido em contrapartida.

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Site https://iestudar.com/

17
Referências Bibliográficas

Érica Barbosa e Silva. Conciliação e mediação nas serventias extrajudiciais.

Disponível em:

https://www.conjur.com.br/2018-abr-09/erica-silva-conciliacao-mediacao-
serventias-extrajudiciais

VICTORIA DE MENEZES HALSMAN.A conciliação como meio alternativo de


solução de lítigios.

Disponível em:

https://jus.com.br/artigos/66445/a-conciliacao-como-meio-alternativo-de-
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Disponível em:

https://www.significados.com.br/extrajudicial/

Wikipédia, a enciclopédia livre.Comunicação não violenta.

Disponível em:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunica%C3%A7%C3%A3o_n%C3%A3o_violent
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Trello. Alexia. Pratique a comunicação não-violenta e evite mal-entendidos no


trabalho.

Disponível em:

https://blog.trello.com/br/comunicacao-nao-violenta

18
DUOMO. Conflitos no ambiente de trabalho: como a CNV pode ajudar.

Disponível em:

https://duomo.com.br/conflitos-no-ambiente-de-trabalho-como-a-cnv-pode-
ajudar/?gclid=Cj0KCQjwk8b7BRCaARIsAARRTL43ozYxRrAXCp-
kDQt964W8j9KvWF7DWy7ITKKK7D_9frdp_pfAoREaAhZwEALw_wcB

Prof. Angelo Brigato Ésther. GESTÃO DE CONFLITOS,.

Disponível em:

https://www.ufjf.br/

Heverton Heverton. Estratégias de Resoluções de Conflitos.

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https://administradores.com.br/artigos/estrategias-de-resolucoes-de-conflitos

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Wikipédia, a enciclopédia livre.Decisão por consenso.

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Jusbrasil. Weverton Ayres. Os 4 princípios para uma negociação efetiva


segundo Harvard.

Disponível em:

https://wevertonayres.jusbrasil.com.br/artigos/676118338/os-4-principios-para-
uma-negociacao-efetiva-segundo-harvard

19
Mediativa.Flávio de Freitas Gouvêa Neto, associado do Mediativa, advogado e
mediador do escritório Freitas Gouvea – Advocacia e Mediação.O papel do
mediador como agente transformador da percepção que as pessoas têm sobre
o conflito.

Disponível em:

https://mediativa.org.br/artigos/o-papel-do-mediador-como-agente-
transformador-da-percepcao-que-as-pessoas-tem-sobre-o-conflito/

AgilisRH.O papel do mediador de conflitos nas empresas.

Disponível em:

http://blogconexaoprofissional.com.br/blog/2019/02/26/o-papel-do-mediador-de-
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Lucas Andrade de Lima.Características essenciais do Mediador.

Disponível em:

https://juridicocerto.com/p/lucasandradelima/artigos/caracteristicas-essenciais-
do-mediador-5121

Tau Psicologia.Taiza Renata. O PAPEL DO MEDIADOR EM CONFLITOS


FAMILIARES.

Disponível em:

http://www.taupsicologia.com.br/2016/09/o-papel-do-mediador-em-
conflitos.html

Content Team Direito Profissional.5 técnicas que vão te ajudar a fazer


mediação de conflitos.

Disponível em:

https://www.direitoprofissional.com/tecnicas-de-mediacao-de-conflitos/

20
Luciana Otoni.Agência CNJ de Notícias. Manual apresenta técnicas para
formar mediadores e conciliadores.

Disponível em:

https://www.cnj.jus.br/manual-apresenta-tecnicas-para-formar-mediadores-e-
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Disponível em:

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