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RELATÓRIO
O PROCON/SC tomou conhecimento, por meio de diversos contatos
telefônicos recebidos pelo canal de dúvidas 151, a respeito de conduta abusiva das
empresas de serviços telefônicos, internet, tv a cabo e similares, que prestam o serviço
de visita técnica, por elas próprias, ou por terceirizadas, seja para instalação,
manutenção, ou remoção de aparelhos, na residência domiciliar ou demais localidades
que vigoram contrato de seus de consumidores.
Segundo informações coletadas em atendimento no canal supracitado, as
companhias que prestam os serviços mencionados estão deixando de fornecer horário
agendado aos seus consumidores que dependem dessa visita. Há, ainda, aquelas
empresas que, apesar de disporem de agenda para prestação desse serviço, deixam de
cumprir o horário acordado, ou simplesmente fazem mera menção do período
esperado para a realização do serviço, como por exemplo “manhã, tarde ou noite”,
desrespeitando, portanto, o tempo do consumidor como um bem jurídico a ser
tutelado, de dimensão de direito fundamental, intimamente correlato ao princípio da
dignidade da pessoa humana.
O direito ao tempo adequado e eficiente está ligado ao princípio da
dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, III, da Constituição Federal, que
consagra a busca pela realização plena e harmoniosa do indivíduo. Portanto, o tempo
do consumidor não deve ser encarado apenas como uma commodity, mas como um
aspecto crucial para o desenvolvimento integral de sua personalidade.
A correlação entre o tempo do consumidor e a abusividade das empresas
de telefonia em não respeitar horários de agendamento para visitas técnicas é
evidente. O descumprimento desses horários impacta diretamente a rotina e a
disponibilidade do consumidor, infringindo seus direitos fundamentais. Além disso,
fere princípios basilares do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que objetiva a
proteção contra práticas abusivas e a efetiva reparação de danos.
O artigo 6º, inciso VI, do CDC, preconiza o direito à informação adequada e
clara sobre os produtos e serviços, com especificação correta de quantidade,
características, composição, preço e riscos. Nesse contexto, o respeito e a existência
do horário agendado para visitas técnicas é parte integrante da informação adequada,
pois afeta diretamente a expectativa do consumidor quanto à prestação do serviço.
Além disso, o não cumprimento dos horários estabelecidos configura
prática abusiva, nos termos do artigo 39, V, do CDC, que proíbe condutas que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada. A desatenção aos horários
acordados representa uma quebra de confiança e gera desequilíbrio na relação de
consumo, prejudicando o consumidor de maneira desproporcional.
Diante desse cenário, é imperativo que as empresas de telefonia respeitem
os horários de agendamento para visitas técnicas, não apenas como uma obrigação
contratual, mas como um dever ético e jurídico inerente à tutela do tempo do
consumidor. A efetiva proteção desse bem jurídico contribui para a construção de uma
sociedade mais justa, fundamentada nos princípios da equidade e respeito aos direitos
fundamentais do cidadão catarinense.
Com efeito, dispõe o art. 931 do Código Civil: ‘’ Ressalvados outros casos
previstos em leis especial, os empresários individuais e empresas respondem
independente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação’’.
I - reconhecimento da vulnerabilidade do
consumidor no mercado de consumo;
(...)
Art. 56. As infrações das normas de defesa do consumidor ficam sujeitas, conforme o
caso, às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil, penal e
das definidas em normas específicas:
(...)
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade;
(...)
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade
administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente,
inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de procedimento
administrativo.
Vejamos: