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FACULDADES INTEGRADAS DE ARACRUZ (FAACZ)

BACHARELADO EM DIREITO

NAYARA DOS ANJOS DE ASSIS

DIREITO PROCESSUAL DO CONSUMIDOR: COMO FUNCIONA O ÔNUS


DA PROVA NAS AÇÕES DE CONSUMO SOBRE VÍCIOS E DEFEITOS DO
PRODUTO OU DO SERVIÇO, INCLUSIVE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS?

ARACRUZ
2023

NAYARA DOS ANJOS DE ASSIS


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DIREITO PROCESSUAL DO CONSUMIDOR: COMO FUNCIONA O ÔNUS
DA PROVA NAS AÇÕES DE CONSUMO SOBRE VÍCIOS E DEFEITOS DO
PRODUTO OU DO SERVIÇO, INCLUSIVE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS?

Trabalho como requisito de avaliação da matéria


de Direito do Consumidor do Curso Bacharelado
em Direito.
Orientador: Professor Doutor Diego Crevelin de
Souza.

ARACRUZ
2023

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RESUMO

Vivemos num mundo difícil de confiar, por isso firmamos contratos e temos a lei
para nos ajudar, mas ainda assim pode acontecer certos desacertos com o
passar do tempo e desacertos estes, que trazem prejuízos para o consumidor,
o qual é considerado vulnerável pelo Código do Consumidor. O presente
trabalho vem para informá-los sobre algumas considerações trazidas pelo
Código de Defesa do Consumidor uma delas foi o Ônus da prova, será
descrito: como ele pode ser utilizado nas ações de consumo sobre vício e
defeito e explicar a diferença entre ambos e será trazido também, decisões do
Supremo Tribunal de Justiça sobre o assunto.

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SUMÁRIO

1. O QUE É ÔNUS DA PROVA? 5


2. QUAL A IMPORTÂNCIA DO ÔNUS DA PROVA? 5
3. ÔNUS DA PROVA NO CÓDIGO DO CONSUMIDOR 5
4. O QUE É PROFISSIONAL LIBERAL? 6
5. DISTINÇÃO ENTRE VÍCIO E DEFEITO NO PRODUTO E NO SERVIÇO
6
6. JULGADO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 8
7. CONCLUSÃO 8
8. REFERÊNCIAS 10

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1. O QUE É ÔNUS DA PROVA?

Conforme o ordenamento jurídico brasileiro, ônus da prova é a responsabilidade


que um indivíduo ou uma parte, em casos jurídicos, tem de demonstrar que as suas
afirmações e pedidos são verdadeiros. Isso é possível através de documentos ou
testemunhas que justifiquem o que o julgado apresenta. Quando abordamos o ônus da
prova, tratamos de quem tem a incumbência de provar determinado fato ou alegação num
processo judicial. O ordenamento jurídico brasileiro estabelece que, em regra, quem faz a
alegação tem a responsabilidade de comprovar que a alegação é verdadeira.

2. QUAL A IMPORTÂNCIA DO ÔNUS DA PROVA?

A busca pela verdade processual é o grande intuito quando tratamos de produção


de provas, por isso o ônus é tão importante. No direito, há a distinção entre “verdade real”
– aquela que existe no mundo – e a “verdade formal”.
A verdade formal é considerada por doutrinadores, tais como Humberto Theodoro
Junior, como aquela que é apresentada no processo. Existe ainda a máxima do direito
processual: “o que não está nos autos, não está no mundo”. Por isso a verdade formal.

3. ÔNUS DA PROVA NO CÓDIGO DO CONSUMIDOR

Independentemente de saber se o CDC (Código do Consumidor) é norma de


proteção ou apenas norma regulatória das relações de consumo, o certo é que várias
disposições nele contidas são nitidamente favoráveis ao consumidor.
Particularmente para assegurar o que os italianos chamam expressivamente
de parità di armi, ou seja, possibilitar o restabelecimento do equilíbrio processual
quebrado pelas diferenças econômicas ou culturais, o inciso VIII, do art. 6º, dispõe sobre
a inversão do ônus da prova, verbis: “São direitos básicos do consumidor: VIII – a
facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu
favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for
ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.”

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Como decorre claramente do texto legal, a inversão do ônus da prova em favor do


consumidor não é automática, mas depende de apreciação criteriosa do juiz nas
hipóteses de verossimilhança da alegação ou hipossufiência.
Por verossimilhança devem entender-se o que tem aparência de verdade. É
suficiente, ao propósito, a plausibilidade (aceitabilidade) da versão apresentada pelo
autor. Naturalmente, terá o autor de provar a existência de relação de consumo como
requisito prévio para se cogitar da inversão.
Por hipossufiência deve ser considerada a situação de necessidade econômica ou
de insuficiência intelectual. Tanto é hipossuficiente, por exemplo, quem ganha o salário
mínimo como quem, em razão de seu nível intelectual ou por falta de informação tem
dificuldade de lutar por seus direitos. Ao referir-se à hipossufiência, a lei não fez qualquer
distinção, razão por que não cabe ao intérprete fazê-la (quod lex non distinguet, nec nos
distinguere debemus).

4. O QUE É PROFISSIONAL LIBERAL?

Profissional liberal é uma pessoa habilitada a exercer uma profissão legalmente


reconhecida e fiscalizada, podendo prestar seus serviços com ou sem um vínculo
empregatício.
Essas atividades são regulamentadas e fiscalizadas por entidades de classe —
Conselhos Profissionais como OAB, CRC, CRM, CREA etc. — que também definem os
procedimentos técnicos e éticos de cada profissão. Em outras palavras, o profissional
liberal exerce atividade intelectual, podendo responder cível e até criminalmente pelo
produto de seu trabalho e, portanto, deve estar devidamente registrado.
Esse profissional pode optar por trabalhar sozinho, abrir uma empresa ou ainda
ser empregado pelo regime Consolidação das Leis do Trabalho. Por dispor de
autonomia para trabalhar, o profissional liberal muitas vezes é confundido com o
autônomo, o que é um grande equívoco, pois ambas as ocupações têm características
bem distintas.

5. DISTINÇÃO ENTRE VÍCIO E DEFEITO NO PRODUTO E NO SERVIÇO

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O Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90, garante uma proteção ao


consumidor que se manifesta de forma pré contratual, contratual e pós contratual.
O vício e o defeito no produto recebem disciplinas distintas por parte do Código de
Defesa do Consumidor, tratando-se, efetivamente, de desvios de qualidade com
consequências diversas na esfera do consumidor.
O vício no produto está disciplinado no art. 18 do CDC e refere-se a falhas de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo ou que
lhes diminuam o valor. Os vícios referem-se, pois, à inadequação do produto à
expectativa legítima do consumidor, cujas consequências estão disciplinadas no
parágrafo primeiro do art. 18 do CDC. Caso o fornecedor não sane o vício em trinta dias,
o consumidor pode optar pela substituição do produto; restituição da quantia paga; ou
abatimento proporcional do preço.
Já o defeito no produto extrapola o vício de qualidade ou adequação para atingir a
esfera de segurança do consumidor, causando um acidente de consumo. Trata-se do
vício acrescido de uma circunstância externa, que causa ao consumidor um dano além da
mera impossibilidade de fruição do produto ou perda de valor. Pode haver vício sem
defeito, mas não defeito sem vício1, já que aquele pressupõe este.
O defeito no produto está disciplinado no art. 12 do CDC, que inaugura a seção
sobre a responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço. O dispositivo estabelece a
responsabilidade objetiva do fornecedor (independentemente de culpa) pelos danos
causados por defeitos de concepção, fabricação e informação.
O parágrafo primeiro do dispositivo define produto defeituoso como sendo aquele
que não oferece a segurança legitimamente esperada pelo consumidor, levando em conta
circunstâncias concretas, como a apresentação do produto, o uso e os riscos
razoavelmente esperados e a época em que foi colocado em circulação. Portanto, o
defeito no produto liga-se a questões de segurança do consumidor.
Por exemplo, se consumidor compra um telefone celular que não funciona ou não
funciona adequadamente, estar-se-á diante de um vício no produto, aplicando-se as
consequências previstas no art. 18, §1º, do Código de Defesa do Consumidor. Já se o
não funcionamento adequado do aparelho provoca uma explosão e causa queimaduras
no consumidor, estar-se-á diante de um defeito no produto (acidente de consumo),

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devendo o fornecedor indenizar o consumidor pelos danos materiais e morais causados,


independentemente de culpa.

6. JULGADO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

APELAÇÃO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. FATO DO PRODUTO.


ÔNUS DO FORNECEDOR. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INDEPENDE DE CULPA.
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE CAUSA EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE. DANOS MORAIS. INOCORRÊNCIA. SENTENÇA REFORMADA
O Código de Defesa do Consumidor atribui ao fornecedor o ônus de demonstrar as
hipóteses elencadas como necessárias para afastar o seu dever de indenizar, em sintonia
com a teoria da responsabilidade civil objetiva do fornecedor. Trata-se de
responsabilidade objetiva, razão pela qual independe da existência de culpa e somente
poderá ser afastada caso haja a comprovação de que não colocou o produto no mercado,
de que inexiste o defeito, culpa exclusiva do consumidor ou terceiro. Não demonstrado o
fornecedor qualquer causa excludente de responsabilidade prevista no art. 12, §3º, do
CDC (Código de Defesa do Consumidor), notadamente a culpa exclusiva do consumidor,
não há como ilidir a sua responsabilidade pelo incidente. O proprietário de veículo que
sofre decorrência de problema de superaquecimento ocasionado pelo rompimento da
parte superior do radiador não tem direito à indenização por danos morais, pois não se
vislumbra a violação de direito da personalidade do autor capaz de ofendê-lo em sua
dignidade. Os fatos orbitam no campo do mero aborrecimento, da chateação cotidiana, do
que propriamente na violação dos direitos de personalidade. Apelação parcialmente
provida.

7. CONCLUSÃO

Em vista da satisfação de suas necessidades pessoais, o ordenamento jurídico


brasileiro cria uma de suas obras primas, consideradas por muitos doutrinadores a
excelência das leis, através da qual se pode ter criado um minissistema jurídico dotado de
regras próprias capazes de regulamentar a relação de consumo. Primeiramente esta lei,
dotada de princípios, destacou um considerado importante – o princípio do equilíbrio – no

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qual coloca os sujeitos da relação no mesmo patamar e poderá se tratar eventuais


prejuízos em atenção ao critério de igualdade. A satisfação das necessidades pode ser
obstada por problemas decorrentes no que é colocado no mercado de consumo pelo
fabricante seja ele produto ou serviço, pelos quais o consumidor poderá sofrer tanto pelo
vício ou defeito, sendo este último mais grave. Diz a lei que o fabricante é responsável
objetivamente pelos danos causados aos consumidores decorrentes de seus produtos e
nesse ponto se observa que o defeito é aquele que vai além da esfera do próprio produto
caracterizado como vício. Aqui o defeito é disposto como aquele que fere a esfera de
interesses pessoas do consumidor propriamente dita, denominado de fato do produto.
Pesquisando no Código de Defesa do Consumidor e em súmulas do Supremo Tribunal de
Justiça, verifiquei que no caso do Ônus da prova não tem algo certo, pois depende do
caso.

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8. REFERÊNCIAS

Aurum, 2023, Ônus da prova no novo CPC: Tudo o que um advogado deve saber.
Disponível em https://www.aurum.com.br/blog/onus-da-prova/ . Acesso em 13/10/2023.

Enciclopédia Jurídica da PUCSP, 2021, Ônus da prova. Disponível em:


https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/461/edicao-2/onus-da-prova . Acesso em
13/10/2023.

Migalhas, 2022, Distinção entre vício e defeito no produto e no serviço. Disponível


em: https://www.migalhas.com.br/depeso/366079/distincao-entre-vicio-e-defeito-no-
produto-e-no-servico . Acesso em: 13/10/2023.

ALMEIDA, Fabrício Bolzan de. Direito do Consumidor. (Coleção Esquematizado®).


Editora Saraiva, 2022. E-book. ISBN 9786553622166. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786553622166/. Acesso em: 13 out.
2023.

FERNANDES, José Brito Júnior. OLIVEIRA, Daniel Gustavo Colnago Rodrigues,


Fato e vício do produto: responsabilidade no Código de Defesa do Consumidor,
2014. Disponível em:
http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/viewFile/3365/3116 .
Acesso em 13/10/2023.

Revista dos Tribunais, 2017, Responsabilidade Civil. Disponível em:


https://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/
bibli_servicos_produtos/bibli_boletim/bibli_bol_2006/RTrib_n.965.41.PDF . Acesso em:
16/10/2023.

STJ, 2022, Fornecedor pode ser responsabilizado por defeito oculto apresentado
em produto fora do prazo de garantia. Disponível em:
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/11042022-Fornecedor-

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garantia.aspx#:~:text=%C3%94nus%20da%20prova%20quanto%20ao%20v%C3%ADcio
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%20magistrado%2C%20na%20ocasi%C3%A3o,conta%20a%20favor%20do
%20consumidor. Acesso em: 16/10/2023.

INDEED, 2023, Quem são os profissionais liberais e como podem trabalhar.


Disponível em: https://br.indeed.com/conselho-de-carreira/encontrando-emprego/quem-
sao-profissionais-liberais. Acesso em: 19/10/2023.

Jusbrasil, 2019, Profissional liberal: o que é e onde atuam? Disponível em:


https://www.jusbrasil.com.br/artigos/profissional-liberal-o-que-e-e-onde-atuam/713948562.
Acesso em: 19/10/2023.

PROCONRS, 2021, Vício ou defeito? Disponível em:


https://www.procon.rs.gov.br/vicio-ou-defeito. Acesso em: 19/10/2023.

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