Você está na página 1de 10

Legislação

Dia do Consumidor: Conheça 10 Princípios do Código do Consumidor

By DOC915 de março de 2018

Nesta data tão importante que é o dia do consumidor, resolvemos trazer alguns pontos
importantes presentes no Código do Consumidor para lembrá-los dos nossos direitos quando
clientes e também dos nossos deveres como empresa.

Uma Volta pela História do Consumo

O século XX foi marcado pela Era da Industrialização no Brasil, e como não poderia ser
diferente, surgiu um novo segmento chamado de “a sociedade do consumo” que tinha as
seguintes características: produção em série, distribuição em massa de produtos e de serviços,
publicidade em larga escala, oferecimento exagerado de crédito e a formalização de aquisições
por contratos de adesão. Essa situação acarretou na desigualdade entre fornecedores e
consumidores, sendo necessária a criação de uma legislação que protegesse o consumidor.

O Código do Consumidor

O Direito do Consumidor teve origem na Constituição de 1988, devido toda a preocupação


acerca do desequilíbrio de consumo. Com isso foram criadas diversas normas, resumidas em
alguns princípios, visando garantias e segurança aos consumidores.

Os princípios do Código do Consumidor incidem não apenas nas regras do próprio código, mas
também em relação a regras previstas em leis especiais, que possuam alguma relação de
consumo. Existe uma hierarquia material, onde princípios prevalecem às regras. Como
exemplo usamos a Lei do Plano de Saúde, onde caso existam conflitos entre uma regra do CDC
e uma regra da Lei do Plano de Saúde, a regra que prevalecerá será a do Plano de Saúde. Em
contrapartida, se houver um conflito entre um regra da Lei do Plano de Saúde e um princípio
do CDC, prevalecerá o princípio do CDC.

A seguir explicaremos 10 princípios do Código do Consumidor.

1- Princípio da Vulnerabilidade
O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor faz com que a lei trate o consumidor de
modo diferenciado. Podem ser considerados aspectos econômicos, físicos, informativos,
técnicos e científicos. Veja os casos abaixo:

a) O artigo nº 47 do CDC diz que “as cláusulas contratuais serão interpretadas de


maneira mais favorável ao consumidor”;

b) O artigo nº 49 explica que o consumidor pode desistir do contrato feito fora do


estabelecimento. O artigo nº 53 ainda complementa que o consumidor
também pode desistir de outros contratos, em alguns casos com direito ao
reembolso de quantias pagas, ressalvados alguns descontos.

2- Princípio da Ordem Pública e do Interesse Social

Esse princípio pode ser traduzido como aquele que se dispõe ser o Código do Consumidor,
uma lei que estabelece normas de ordem pública e de interesse social.

a) O juiz pode conhecer de ofício o foro de eleição abusivo;

b) Consta no artigo nº 51, que não há preclusão para alegação de uma nulidade
de pleno direito, que pode ser suscitada em qualquer grau de jurisdição.

Pelo CDC ser uma norma de interesse social, o Ministério Público também pode defender
certos interesses individuais do consumidor. Assim, o MP pode defender interesses individuais
homogêneos quando houver interesse social envolvido, como nos casos de educação e saúde.

3- Princípio do Dever de Informar

Esse princípio leva em conta que o fornecedor tem o dever de informar as características, o
uso, o risco e o preço dos produtos ou serviços, de modo adequado e claro.

O contrato não gera obrigação ao consumidor, nos caso em que ele não tenha tomado
conhecimento prévio do risco do produto. Esse caso também se aplica nos casos em que o
contrato é redigido de forma inadequada.
O princípio da informação não impõe apenas informações, mas também explicações
necessárias. Como, por exemplo, na venda de alimentos, “não é suficiente apenas informar
que contém glúten”, “é preciso apresentar as consequências da ingestão do glúten”.

4- Princípio da Prevenção

Esse princípio que determina as precauções que o fornecedor precisa tomar para evitar
quaisquer tipo de dano ao consumidor, como por exemplo:

a) Necessidade de informar os perigos e como deve ser a forma de uso do


produto, previsto nos artigos 8 e 9 do CDC;

b) O artigo nº 10 indica a proibição da venda de produtos que com auto grau de


nocividadee periculosidade;

c) Ainda no artigo nº 10, nos casos de conhecimento posterior do perigo, o


fornecedor deve comunicar às autoridades e aos consumidores por anúncios
publicitários efetivando-se o “recall”.

5- Princípio da Reparação Integral de Danos

Esse princípio que determina que o fornecedor precisa reparar todos os danos causados ao
consumidor, e isso gera algumas consequências:

a) O artigo nº 6 prevê que o fornecedor terá que que reparar danos patrimoniais
e morais (art. 6º);

b) Também consta no artigo nº 6, que o fornecedor terá que que reparar danos
individuais, coletivos e difusos.

E além disso o STF compreende que não pode haver tabelamento para a fixação de danos
materiais e morais, assim eles variam dependendo do caso. Por consequência, não
prevalecerão em face do CDC as leis que limitam a indenização em favor do consumidor, como
o caso da Convenção de Varsóvia, que é aplicável para os casos de atrasos de voos e também
extravio de bagagem. Essa lei vem a estabelecer limites, que não estão de acordo com o
princípio dito neste presente item, conforme o entendimento do STJ.
6- Princípio da Responsabilidade Objetiva

Esse princípio trata-se da responsabilidade do fornecedor, independentemente da existência


de culpa, pelos danos causados aos consumidores. Devido a isso, o fornecedor só conseguirá
se eximir da sua responsabilidade nos casos em que:

a) Provar que não colocou o produto no mercado;

b) Provar que o produto ou o serviço não é defeituoso;

c) Provar que a culpa é exclusivamente da vítima ou de um terceiro.

Porém, vale também lembrar de uma exceção existente, que é a da Responsabilidade do


Profissional Liberal, onde a apuração do caso acontece mediante a verificação de culpa (art.
14, § 4º , do CDC). Logo, a responsabilidade do fornecedor profissional liberal nos casos de
danos, é subjetiva no âmbito das relações de consumo.

7- Princípio da Solidariedade

Princípio que estabelece que na existência de mais de um autor a ofensa, todos irão responder
solidariamente, independente da existência da culpa, conforme artigo nº 7. Isso impõe que:

a) O plano de saúde responderá por danos causados por médicos conveniados;

b) A agência de turismo também responderá por danos causados por hotéis


conveniados;

c) A corretora de seguros também poderá responder junto a seguradora, quando


a segunda não apresentar informações adequadas;

d) A empresa aérea irá responder junto a fabricante de um avião caso esse venha
a cair por problema de fabricação;

e) A concessionária de veículos responde junto com a montadora pelo conserto


de veículo vindo com vício de fabricação.
Para casos de responsabilidade por defeito ou acidente de consumo, o comerciante não
responderá junto ao fabricante do objeto que tiver causado o acidente, segundo o artigo nº
12. Logo, se um veículo vier a ter um defeito de fabricação e esse defeito vier causar um
acidente de consumo, o comerciante não irá ser responsabilizado pelos danos morais e
materiais causados, mas só a montadora irá responder e esta é uma exceção desse princípio.

Além disso, devemos lembrar que, havendo solidariedade entre os fornecedores, o


consumidor só poderá acionar apenas um e cobrar desse a obrigação por inteiro. E, então, o
fornecedor que estará respondendo, poderá ingressar com uma ação de de regresso contra os
demais fornecedores.

8- Princípio da Facilitação da Defesa do Direito do Consumidor

Princípio que estabelece que a defesa do consumidor será facilitada por meio de normas de
direito material e processual, bem como por atuação específica do Estado. Algumas das
consequências são:

a) De acordo com o artigo nº 5, o Estado precisa manter assistência jurídica


gratuita e promotorias, delegacias e juizados específicos,

b) A responsabilidade objetiva deverá facilitar a defesa dos direitos do


consumidor;

c) As ações coletivas deverão facilitar a defesa do consumidor;

d) A possibilidade de inversão do ônus da prova também deverá facilitar a defesa


do consumidor em juízo.

9- Princípio da Modificação e da Revisão Contratual

Estabelece o direito de modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam a prestação de


serviços desproporcionais, bem como o direito a revisão de cláusulas contratuais em razão de
fatos supervenientes que venha a se tornar excessivamente onerosas.

Esse direito a modificação incide sobre aquelas cláusulas que já nascem de forma
desproporcional e abusivas, onde diz que somente o fornecedor pode rescindir o contrato, por
exemplo. O direito de revisão incide sobre cláusulas que eram proporcionais, mas que ao longo
do tempo se tornaram onerosas devido a algum fato superveniente.

10- Princípio da Boa-fé Objetiva

Princípio que impõe ao fornecedor e ao consumidor a presunção e a prática de atos com


relação ao consumo de boa-fé, eentendida como aquela extraída da ética. Ou seja, esse
princípio exige que o juiz verifique se os contratantes agiram de boa-fé, comparando as
atitudes destes, com a boa-fé extraída da sociedade.

Alteração Recente no Código do Consumidor

Após elencar alguns dos princípios do Código do Consumidor, incluímos também nesse
material, uma importante atualização que aconteceu recentemente, que é a Lei de Preços para
E-commerce. Mais uma importante garantia aos consumidores, ainda mais por se tratar um
mercado que tanto cresce, que é o consumo através de compras virtuais.

Nova Lei de Preços Para E-commerce

Sabe-se que as vendas por e-commerce ultrapassaram a barreira de R$ 21 bilhões no primeiro


semestre de 2017, gerando um aumento de 7,5% quando comparamos ao ano anterior.
Porém, com essas compras também nascem as preocupações referentes a qualidade do
negócio. Será que o consumidor está sendo enganado ou não?

Para tal, surgiu uma nova garantia, a Lei 13.543/17, que foi sancionada em dezembro,
objetivando mais clareza nesses tipos de transações. Ela explora fatos como a forma que os
preços precisam aparecer em lojas virtuais, estabelecendo um tamanho mínimo da fonte, que
precisa ser sempre 12 e estar próximo ao produto. As empresas que não cumprirem essa
regra, estão sujeitas a multas e a sanções previstas no CDC.

Love2 Share Tweet Share

DOC9

Somos uma empresa que realiza o controle e a gestão de diligências jurídicas através do
repasse para advogados correspondentes qualificados através de processos de seleção e
treinamento. Operamos em todo o território nacional, concentrando todas as diligências
jurídicas em um único sistema: o sistema DOC9. Nossas diligências passam por um fluxo de
controle e conferência, através de passos de auditoria estabelecidos e padronizados.
Search...

Categorias

Conteúdos Exclusivos

Correspondentes Jurídicos

Curiosidades Jurídicas

Gestão

Institucional

Legislação

Marketing Jurídico

Profissionalização

Serviços

Serviços Forenses

Tecnologia Jurídica

Escritório de advocacia: conheça os 10 mais admirados

20 de agosto de 2021

Advogar em Outro Estado: o que você precisa saber

9 de julho de 2021

Cópia de Processo Judicial: Tudo o Que Você Precisa Saber

9 de setembro de 2021

10 sites jurídicos que todo Estudante de Direito deve Acompanhar

9 de setembro de 2021

Linguagem formal: 9 dicas práticas para melhorar a sua!

2 de setembro de 2021

RECEBA NOSSO CONTATO

Nome*

Seu nome completo

E-mail*

E-mail para contato

Telefone*
Telefone preferencial

Motivo do contato*

Selecione

Recommended For You

FGTS digital: como usar e benefícios

DOC9

17 de março de 2023

Tipos de contrato de trabalho: tudo sobre, vantagens e desvantagens

DOC9

3 de março de 2023

Cálculo de rescisão: como fazer detalhadamente

DOC9

5 de janeiro de 2023

Início » Dia do Consumidor: Conheça 10 Princípios do Código do Consumidor

Somos uma Lawtech que atua em duas frentes:

Logística Jurídica – Realizamos o controle e a gestão de diligências jurídicas através do repasse


para advogados correspondentes qualificados através de processos de seleção e treinamento.

Software as a Service – Desenvolvemos soluções tecnológicas para automatizar e


desburocratizar rotinas jurídicas de escritórios e grandes empresas.

Operamos em todo o território nacional e já estamos presentes nos maiores escritórios e


companhias do país.

Certificações
Menu

Home

A Doc9

Carreiras

Para Escritórios e Empresas

Para Correspondentes Jurídicos

Blog

Contato

FAQ

Política de Privacidade

Canal de ética

Soluções

Audiências Presenciais e Online

Cálculos Judiciais

Diligências Judiciais

Whom? Gerenciador de Certificados Digitais

Publicações Jurídicas Inteligentes

Contato

Todas as cidades do Brasil

0800 400 2988

Porto Alegre

Rua Dona Margarida nº 501, Bairro Navegantes

(51) 3021.8888

© 2023 DOC9.

Linkedin

Youtube

Instagram
Close Menu

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar sua navegação. Ao continuar


navegando você concorda com a nossaPolítica de Privacidade

Aceitar cookies

Você também pode gostar