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Uma vez que o fornecedor posiciona-se mais favorável que o consumidor no mercado, é
direito deste úl mo ser protegido contra todo e qualquer po de abuso de direito come do pelo
fornecedor, seja ele no momento de anunciar seus produtos e serviços (proteção contra publicidade
enganosa e abusiva), no trato direto com o consumidor nos momentos anteriores ou concomitantes à
venda (proteção contra métodos comerciais coerci vos ou desleais) e, ainda, não impondo
condições contratuais injustas aos que com ele contratam (proteção contra cláusulas abusivas ou
impostas no fornecimento de produtos e serviços) – art. 6º, III, CDC.
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A palavra abuso (ou abusivo, abusiva), muito u lizada pelo CDC, na doutrina e na
jurisprudência, diz respeito à caracterís ca de quem extrapola o exercício de um direito, uma
faculdade, ultrapassando os limites da normalidade, do costume e do bom senso.
Sob este panorama, se uma empresa não recebeu o pagamento de um consumidor que com
ela adquiriu determinado produto ou serviço, o seu direito/faculdade de cobrar esta dívida não
poderá, por exemplo, ser exercido mediante agressões sicas ou com o envio de ameaças escritas ao
endereço de trabalho/residência do consumidor. Apesar de ser direito do fornecedor cobrar pela
dívida, este direito não pode ser pra cado de modo abusivo, sob pena de não ser válido frente ao
CDC. Este disposi vo legal descreve as fases pela qual o consumidor tem contato com o fornecedor: a
fase da oferta e das prá cas comerciais (normalmente pré-vendas) e a fase da contratação (durante e
após a realização do contrato).
O Código estabelece diretrizes para as diversas fases da contratação de um produto ou
serviço, balizando a fase da oferta e das prá cas comerciais (normalmente pré-vendas) e a fase da
contratação (durante e após a realização do contrato).
Portanto, mesmo na fase pré-contratual encontra-se o consumidor protegido pelo Código,
que traz balizas relacionadas à difusão de oferta e publicidade. A publicidade pode ser entendida
como o instrumento pelo qual o fornecedor faz com que seu produto ou serviço seja conhecido pela
cole vidade. Mas, em verdade, é muito mais do que isso. A publicidade, na atual sociedade de massa
de consumo, es mula não apenas o interesse dos consumidores sobre determinados bens, como
também induz ao seu consumo.
Alguns doutrinadores diferenciam publicidade de propaganda, sendo a primeira aquela com
o intuito manifestamente venal e a segunda com o obje vo de disseminar ideias polí cas, filosóficas,
religiosas (campanhas polí cas, governamentais, etc.). Para fins de estudo e aplicação do Código de
Defesa do Consumidor, neste trabalho será u lizado apenas o termo publicidade, que é a mensagem
que se insere no contexto de uma relação de consumo.
A publicidade, na sociedade de massa, dissemina, portanto, não apenas informações sobre
os produtos, mas busca convencer os consumidores da imprescindibilidade, conveniência ou
importância de se adquirir certos bens. Com isso, difunde também valores e noções sobre es los de
vida e padrões do que pode ser considerado normal, interessante ou mesmo desejável. Para ser bem
sucedida, a mensagem deve dialogar ou refle r, em alguma medida, valores e sen mentos dos
indivíduos de determinada sociedade.
As questões relacionadas à proteção pré-contratual, no âmbito da oferta e publicidade serão
aprofundadas no Capítulo 5.
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2.4.4. Direito à proteção contratual
Muito pouco adiantaria o Código de Defesa do Consumidor assegurar tantos direitos aos
cidadãos se não previsse também formas de se garan r a efe vidade destes direitos, em par cular no
âmbito daquelas relações conflituosas entre consumidor e fornecedor.
Nesse sen do, prevê o ar go 6º, inciso VI do Código, que o consumidor terá direito à “efe va
reparação e prevenção de danos patrimoniais e morais, individuais, cole vos e difusos”.
O direito à indenização é um dos fundamentos da vida em sociedade e assegura a todos que o
Estado promoverá, na forma da lei, que o causador de um dano recompense-o obrigatoriamente,
caso ele não cumpra sua obrigação espontaneamente. A presença do Estado nestas situações é muito
importante para evitar que as pessoas tentem fazer jus ça com as próprias mãos, buscando outros
meios para garan r a reparação dos danos sofridos. O valor da reparação deve ser efe vo, isto é,
buscando devolver ao consumidor exatamente aquilo que ele empregou ao se relacionar com o
fornecedor. A jurisprudência tem asseverado que as indenizações devidas aos consumidores não
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