Você está na página 1de 30

Direito Civil – Direito do Consumidor – prof.

Bruno Giancoli – 1º
semestre – Aula 1 –

1) Caracterização da relação de consumo tutelada pelo CDC


Existem alguns elementos necessários para a caracterização da
relação de consumo, quais sejam, os sujeitos (fornecedor,
consumidor) e objetos (produtos e serviços).
Elemento finalístico + destinação final.

Fornecedor
Definição legal  art. 3º do CDC
O CDC optou por uma definição ampla.

O fornecedor pode ser pessoa física, pessoa jurídica, inclusive os


entes despersonalizados (camelô pode ser fornecedor, ente
despersonalizado também). O que caracteriza o ente como
fornecedor é o que ele faz, ou seja, desenvolve atividade econômica
de circulação ou inserção de produtos e serviços no mercado de
consumo.
Atividade é diferente de ato.

A atividade se traduz por um complexo de atos realizados de forma


reiterada e estruturada, tendo como objetivo obrigatório ganho
patrimonial.
Dentro dessa expressão a doutrina costuma identificar duas
características importantes:
1) habitualidade – é a noção de fazer de forma reiterada;
2) profissionalidade – ter uma técnica utilizada bem apurada para a
conduta;
3) lucratividade – intuito lucrativo (o prejuízo não descaracteriza o
intuito lucrativo da atividade).

P: Fornecedor é a mesma coisa que empresário?


R: Não, são conceitos completamente diferentes. Tanto fornecedor
quanto empresário realizam atividade econômica. Todavia, de acordo
com o artigo 966 do CC, para ser tratado como empresário, a
atividade econômica precisa ser organizada (é aquela que articula os
fatores de produção econômica – mão-de-obra, insumo, capital e
tecnologia).

Atenção: Doutrina e jurisprudência enfrentam uma dificuldade na


caracterização das pessoas jurídicas sem finalidade econômica como
fornecedores (Exemplos: associações, fundações e cooperativas).

Obs. De acordo com o STJ (RESP 519.310/SP), a natureza da pessoa


jurídica é irrelevante para sua caracterização como fornecedora,

1
desde que desenvolva atividade no mercado de consumo mediante
remuneração.

Consumidor  consumidor pode ser pessoa física, pode ser pessoa


jurídica que utiliza ou adquire produtos e serviços como
destinatário final.
No que diz respeito aos entes despersonalizados, não há expressa
previsão no CDC. Contudo, a doutrina e a jurisprudência reconhecem
esta possibilidade.

A expressão “destinação final”, que caracteriza o conceito de


consumidor é de difícil enquadramento. Do ponto de vista econômico,
destinatário final é o sujeito que retira de circulação o produto ou
serviço para o seu uso (não transforma e não comercializa).
O direito do consumidor vai cuidar, exclusivamente, do consumo
final. O consumo intermediário passa a ser tutelado por regras do
Direito Civil e especialmente do direito empresarial. Exemplo: compra
pra revenda.
Tendo em vista que a definição econômica de destinatário
final gera dúvidas jurídicas sobre a condição do consumidor,
doutrina e jurisprudência desenvolvem atualmente três
teorias explicativas sobre o tema, a saber:
a) teoria maximalista:
b) teoria finalista:
c) teoria híbrida (finalismo aprofundado):

O artigo 2º, caput, CDC, nos traz uma definição chamada de


consumidor negocial/padrão/stricto sensu  A proteção do
consumidor não se limita, contudo, ao consumidor contratante, pois a
proteção é ampla e permite que em determinadas situações, ainda
que não exista relação de consumo, o CDC pode ser aplicado. Daí
surge os chamados consumidores por equiparação.
A situação jurídica com que se encontra autoriza a aplicação do CDC.
Há três hipóteses de aplicação:
1) parágrafo único do art. 2  coletividade, mesmo que
indeterminada;
2) art. 17  vítima do evento, a qual é a pessoa que sofre um
acidente de consumo, muito embora não tenha feito aquisição do
produto ou do serviço que lhe deu causa;
3) art. 29 do CDC  pessoas expostas às práticas comerciais (basta a
simples exposição). Essas pessoas podem ser determinadas como
indeterminadas. Exemplo: diferenciar uma ação de direito difuso e
coletivo de individual homogêneo.

Aula 2 – 29/08/2011

2
1) Teoria maximalista  surgiu junto com o CDC. Para essa teoria,
basta a condição de destinatário final para a caracterização do
consumidor.
O precedente mais importante do STJ é o recurso especial
208.793/MT.
O maximalismo perde a carga de norma especial e passa a ser
tratado como norma geral. O direito do consumidor não serve para
tutelar todas as relações de consumo, mas sim as relações de
consumo especializadas, ou seja, que tenham tratamento
diferenciado.

Crítica ao maximalismo: Atualmente a doutrina e jurisprudência


majoritária rechaçam o maximalismo. Porém, essa teoria se justifica
nos idos de 1990, pois serviu de reação às normas liberais do Código
Civil de 1916 que prestigiava a autonomia privada.
O maximalismo precedeu até 2004.

2) Teoria finalista  atualmente é a posição da 2º seção do STJ.


Tal corrente entende que “o consumidor é o destinatário final não
econômico, ou seja, aquele que adquire produtos e serviços sem
intuito empresarial ou profissional”.
Exemplo: A pessoa que de alguma maneira adquire um produto para
fins empresariais ou profissionais consegue passar o custo da
aquisição desses produtos ao cliente final. Este destinatário final não
está em uma posição de desequilíbrio, pois ele consegue passar o
produto adiante, logo, não está em uma linha de parte mais fraca da
relação.

3) Teoria do finalismo aprofundado (Cláudia Lima Marques);


teoria mista ou teoria híbrida  Consumidor é o destinatário final
vulnerável, ou seja, é aquele que se encontra numa situação de
desequilíbrio nas relações de consumo.
O finalismo aprofundado tem como vantagem permitir a inclusão dos
consumidores, pessoas jurídicas, no seu campo de proteção, fato este
que gerava uma enorme dificuldade para o finalismo clássico.
A vulnerabilidade vai ser vista como o pressuposto de classificação.

!Atenção! Os modernos precedentes do STJ permitem,


inclusive, a caracterização do Estado como consumidor, desde
que presente a vulnerabilidade na relação negocial. Ex. existe
um precedente do STJ que permitiu a aplicação do CDC para o
município na compra de um produto.

Na prova de Defensoria, que permite a posição mais protetiva (teoria


maximalista), já na prova de procurador de Estado não. Magistratura
pode ter uma posição neutra.

3
Ao lado dos sujeitos, também existem os objetos da relação de
consumo, a iniciar pelos produtos, os quais estão definidos no artigo
3º, § 1º do CDC  produto vem a ser qualquer bem móvel ou
imóvel, material ou imaterial.

Obs. Os produtos representam uma categoria residual no Código de


Defesa do Consumidor.
Atualmente, estamos enquadrando como produtos, as informações
mercadológicas (é um produto imaterial). Dentro deste contexto o
google servirá como produtos de informação de consumo.

Principais características dos produtos no mercado de


consumo:

1) a forma de aquisição de um produto é irrelevante para sua


caracterização e aplicação no CDC (seja aquisição gratuita ou
onerosa, o CDC é aplicado da mesma maneira, exemplo disto são
as amostras grátis. Do mesmo modo, o produto pode ser tanto novo
quanto usado, que o regime jurídico será exatamente o mesmo).

2) o CDC tutela tanto o adquirente do produto como aquele que


simplesmente utiliza-o, independentemente da relação negocial de
base.
Exemplo: um carro comprado que falhou o freio – aplica-se o CDC;
um carro locado que falhou o freio – aplica-se o CDC.
O sentido normativo é evitar qualquer exclusão.

** Serviços  a definição legal é encontrada no artigo 3º, § 2º, do


CDC. O serviço é uma atividade remunerada, inserida no
mercado de consumo. Logo, não existe serviço gratuito no mercado
de consumo, pois se ele for gratuito não terá natureza econômica e,
portanto, foge da aplicação do CDC.
O CDC não evidencia como essa remuneração pode ser feita.

Obs. A remuneração dos serviços sempre será realizada pelo


consumidor. Porém esta pode ocorrer tanto de forma direta como
também indireta.
A remuneração indireta pressupõe a existência de contratos
coligados. Nesta situação, a remuneração do serviço é deslocada para
a remuneração de outro produto ou de outro serviço. Com a
remuneração indireta, cria-se uma vantagem competitiva, pois o
consumidor tem uma falsa percepção de estar recebendo
gratuitamente o serviço prestado.

4
**Diferença entre remuneração direta e venda casada (Art. 39
do CDC)
Na venda casada haverá a imposição ao consumidor a aquisição de
um produto em razão da aquisição de outro produto ou serviço. Para
que ocorra a venda casada é preciso visar uma imposição por parte
do fornecedor.
A venda casada é uma prática comercial abusiva que impõe ao
consumidor aquisição de um produto ou serviço para que ele tenha
acesso a outro produto ou serviço de seu interesse.

**Serviços Públicos
O usuário dos serviços públicos em algumas situações poderá ser
tratado como consumidor. Porém, para que isso ocorra, é necessário
verificar dois pressupostos e um requisito, a saber:

1. O Estado enquanto agente econômico no mercado de consumo;


2. Exercício de atividade delegável ao particular ou de exclusivo
monopólio econômico do Estado.

Para que o serviço público seja enquadrado como relação de


consumo, a remuneração tem que ser feita por tarifa, preço público
ou taxa (STJ, 2º seção).

Aula 3 – 12/09/2011

Serviços públicos essenciais


O CDC, nesse artigo 22, dispõe que os serviços públicos devem
ser prestados de forma contínua. Essa ideia de continuidade dos
serviços públicos acaba gerando algumas dúvidas. A primeira é o que
se entende por serviços públicos e a segunda é a de que o que essa
continuidade representa.

A doutrina, ao tratar desses serviços públicos essenciais, aduz


que se trata daqueles elencados na lei de greve. Todavia, desse
rol, apenas dois são relevantes para o direito do consumidor, quais
sejam, o abastecimento de água e luz, bem como os serviços de
telecomunicação.

STJ  Entende que tais serviços devem estar a disposição de toda


coletividade. Todavia, a continuidade pressupõe adimplemento,
logo, ao inadimplente, o serviço pode ser cortado.
A continuidade dos serviços públicos essenciais é uma garantia da
coletividade dos consumidores. Para um consumidor individual, de
acordo com o STJ, a continuidade pressupõe o regular adimplemento.
Assim, a suspensão é possível desde que o mesmo seja comunicado
de forma antecipada.

5
Ainda que esse corte seja considerado lícito pelo STJ ele não pode ser
feito de maneira generalizada. Exemplo: em um hospital particular
não pode ser feito o corte de energia elétrica, ou seja, quando se tem
um conflito de direito fundamentais entre um crédito e o direito a
vida, prevalece o direito que tem um status constitucional maior.
O abastecimento não poderá ser interrompido nas hipóteses de
interesse público relevante, ou mesmo quando esta situação violar
outros direitos e garantias do consumidor. Exemplo. Direito à vida.
Desta forma, a concessionária deve se utilizar da via executiva para
receber o seu crédito, ou seja, de outra forma que não o corte.

POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO (Artigos 4º


e 5º do CDC).

Política se traduz por um conjunto de ações com maneira de


agir. A política nacional das relações de consumo é a maneira que o
consumidor encontra para agir no mercado. Como se trata de uma
norma protetiva, ele acaba definindo uma série de condutas que são
possíveis ou até mesmo proibindo certas condutas.
A política nacional é um conjunto de normas programáticas.
Através delas serão implementadas diversas ações e condutas que
permite tutelar a segurança do consumidor e de maneira geral da
coletividade.
É composta de objetivos, princípios e instrumentos.

Objetivos – art. 4º, caput, CDC


Princípios – art. 4º, caput e incisos, CDC
Instrumentos – art. 5º, CDC

Objetivos  O mais importante é a preservação dos interesses


dos consumidores (Ex. pessoas buscam os carros mais
econômicos);
O segundo é a harmonização do mercado (é preciso equacionar os
interesses dos fornecedores com os dos consumidores) – esta é a
tarefa mais complexa do mercado.
O terceiro objetivo é o que está em evidência, é a chamada
sustentabilidade do mercado de consumo . A sustentabilidade é a
reunião ou a síntese de um objetivo. Sustentar um mercado é
preservar interesses e garantir a proteção. Mercado sustentável é
aquele que cresce de maneira adequada, ou seja, atende os
fins sociais. Essa sustentabilidade está muito relacionada ao aspecto
ambiental no sentido de preservação de recursos naturais. Exemplo:
carros híbridos e sacolas que não são descartáveis.

6
Princípios  Os princípios (Robert Alexy) são normas de
otimização do sistema. A vantagem de um princípio é que ele
permite que um sistema continue sendo estruturado, mantido sem
necessidade de uma regra especial. Diante disso, pode-se concluir
que o direito do consumidor é uma norma protetiva, logo, a disciplina
acaba estabelecendo alguns vetores de interpretação que marcam
suas peculiaridades.
O primeiro princípio é o da vulnerabilidade, o qual está previsto
expressamente no artigo 4º, I, do CDC. A vulnerabilidade é o
reconhecimento jurídico da fragilidade do consumidor no
mercado de consumo. Trata-se de uma qualidade intrínseca e
indissociável de todos os consumidores (presunção absoluta).

A vulnerabilidade é geral, porém a doutrina vai analisar essa


vulnerabilidade sob diferentes matizes.

P: Se a vulnerabilidade é um conceito só, como ela se manifesta?


R: A vulnerabilidade é uma qualidade única, porém ela se manifesta
de diferentes formas, com maior ou menor intensidade. A doutrina
apresenta várias espécies/formas de representação.
A primeira manifestação é chamada de vulnerabilidade
técnica. A vulnerabilidade técnica se traduz na falta de
conhecimentos específicos que o consumidor tem sobre os produtos e
serviços que está adquirindo (o consumidor não tem como avaliar o
que está comprando, ele apenas acredita; é uma relação de
confiança; o consumidor médio não tem nohal para avaliar).

A segunda espécie é a vulnerabilidade jurídica, a qual resulta da


falta de informação do consumidor a respeito dos seus direitos,
inclusive no que diz respeito a quem recorrer ou reclamar.

A terceira espécie de vulnerabilidade é a fática ou


socioeconômica, a qual, trata-se da exposição do consumidor às
mais variadas técnicas de marketing, as quais interferem e
manipulam o poder de decidibilidade do consumidor, ou seja, a
pessoa compra porque o mercado estimula a comprar ou porque a
publicidade o induz a tanto. O consumidor perde o poder de avaliar
concretamente a necessidade e conveniência. Esse consumo
exacerbado não é saudável.

Obs. Ao lado dessas expressões da vulnerabilidade, a doutrina já


identifica outras forma e expressões deste conceito a exemplo da
vulnerabilidade política ambiental e neuropsicológica.

VULNERABILIDADE INFORMACIONAL
Trata-se de uma nova categoria, antes enquadrada como
vulnerabilidade técnica.

7
A vulnerabilidade informacional ocorre quando o consumidor não
detém as informações suficientes para realizar o processo decisório
de aquisição ou não do produto ou serviço.

Existem categorias de consumidores em que a vulnerabilidade


encontra-se de forma acentuada, dando origem ao tema da
hipervulnerabilidade. As principais categorias de
hipervulneráveis são: 1 – criança e adolescente; 2 – idoso; 3 –
portadores de necessidades especiais; 4 – consumidor virtual;

Aula 4 – 26/09/2011

É preciso diferenciar vulnerabilidade de hipossuficiência.


A hipossuficiência vai surgir de maneira clara, no artigo 6º do CDC
como Direito básico dos consumidores. A hipossuficiência
depende de uma decisão judicial que caracterize esta situação (é uma
condição de natureza processual e não material).

Princípio da harmonização de interesses


Será buscado equilíbrio e uma compatibilidade de interesses. Tal
princípio utiliza como instrumento o dirigismo contratual, ou seja,
o Estado acaba intervindo na relação jurídica, a fim de compatibilizar
todos esses interesses possíveis.
Tal princípio busca a sustentabilidade do mercado de consumo.

Princípio da segurança
Não é muito estudado pela doutrina de maneira isolada, mas ele
ganha um grande relevo em vista da responsabilidade pelo fato, que
cuida da falha na elaboração de produtos e serviços.
Este princípio garante aos consumidores que os bens de consumo não
causem lesões à vida, à saúde e integridade física.
A atuação é de forma preventiva, e a prevenção, via de regra, está
relacionada aos órgãos reguladores (agências reguladoras e alguns
outros órgãos) ou de forma repressiva, a qual se desenvolve na
esfera cível (responsabilidade civil, penal e administrativa).
Normalmente, quando se está falando de sanção administrativa, esta
acaba sendo aplicada pelos mesmos órgãos que deveriam ter agido
de forma preventiva. Ex. vigilância sanitária autua, multa e pode até
mesmo fechar o estabelecimento.

**Questões importantes

1) A segurança dos produtos e dos serviços não é absoluta, mas sim


regulamentada; É proibida sua circulação.

2) produto ou serviço inseguro é diferente de produto ou serviço


nocivo e perigoso; Tais produtos podem circular no mercado de

8
consumo, a única questão que surge é a de que cabe ao
fornecedor informar ostensivamente esta condição.
Exemplo: bula do remédio (informação detalhada/ostensiva).

Obs. Se o produto é nocivo/perigoso, a falta de informações técnicas


de como utilizá-lo o torna inseguro e, via de consequência, tornará
proibida sua circulação.

Produto nocivo é aquele cujo uso pelo consumidor pode lhe


causar um dano. Já os produtos perigosos são aqueles cuja
manipulação e não uso pode lhe causar um risco.

Obs. Se eventualmente você não informar da


nocividade/periculosidade este produto se tornará inseguro.

** Princípio da segurança e risco do desenvolvimento


O risco do desenvolvimento é o resultado de uma percepção de uma
falha de segurança, de um produto ou de um serviço, após a sua
inserção no mercado de consumo. É importante observar que a época
em que o produto ou serviço foi inserido, esta falha ou risco não
existiam.
A doutrina majoritária entende que o risco do
desenvolvimento não autoriza a imputação de
responsabilidade civil (a segurança será avaliada a época em que o
serviço foi colocado no mercado – se atendeu os padrões de
segurança, depois não poderá ser acionado).

Princípio da informação
Está atrelado ao princípio da educação. É uma derivação do princípio
da boa-fé objetiva. No direito do consumidor, portanto, é tratado
como teoria geral de conduta e será elevado como status de
princípio.
Tanto a boa-fé quanto a informação estão relacionados à confiança,
que acaba se traduzindo no padrão ético de conduta exigido.
P: O que é informação enquanto princípio?
R: É uma base valorativa, pois interfere na decidibilidade do
consumidor para aquisição de produtos e serviços.

P: Quais são as projeções do princípio da informação?


R: É o acesso a informação (é um dever permitir ao consumidor que
tenha informação); é a compreensão da informação (oferta tem que
ser em língua portuguesa, ser clara, ser objetiva – neste caso, atua-
se na compreensão do consumidor, a teor do artigo 31 do CDC);
Atrelado ao princípio da informação, surge o da educação para o
consumo, a qual é vista, atualmente, como uma norma

9
programática, sendo que a sua efetividade depende de políticas
públicas além da atuação direta de toda a sociedade.

Princípio da repressão de práticas abusivas e desleais no


mercado de consumo. Este princípio tem base normativa no artigo
39 do CDC. Esse princípio também é exemplo de dirigismo estatal
(o Estado intervindo nas relações de consumo a fim de compatibilizar
todos os interesses possíveis).

A concorrência para o mercado de consumo é positiva, ou seja,


quanto mais acirrada a competição é melhor para o consumidor. De
outro lado, quando há concentração de mercado e acaba a
concorrência, o consumidor efetivamente fica preso a um fornecedor.

O princípio da repressão com cláusula geral tem especial


importância para análise jurídica das novas práticas comerciais
inseridas no mercado que ainda não foram regulamentadas pelo CDC.
Exemplo: branding e o chamado marketing viral (muito utilizado
ultimamente, comum na internet).
O branding é um estudo em que as pessoas compram a marca, ou
seja, esta acaba tendo mais peso do que o produto. Ex. Caneta
esfereográfica continua sendo BIC; Não se compra barbeador, mas
sim Gillete;

Estudar muito: Vulnerabilidade; Segurança; Informação.

Aula 5 - 13/10/2011

Política (art. 4º e 5º)

Art. 5º. Objetivos, princípios e instrumentos (rol exemplificativo).


As ações constituídas há mais de um ano e que tenham por objeto a
proteção de interesses de seus consumidores (entra no rol dos
legitimados para a propositura de ações individuais).

Direito básicos dos consumidores


Art. 6 e 7 do CDC  são os núcleos fundamentais de proteção.

Os direitos coletivos são expressões de princípios já tratados na


política nacional, a exemplo da segurança, da informação e da
adequação.

A aplicação do artigo 6 e 5 depende da onerosidade da prestação;


fato/ato superveniente.

TEORIA DA IMPREVISÃO  adotada no artigo 317 do Código Civil.

10
A teoria da imprevisão, ao exigir a imprevisibilidade torna sua
aplicação restrita. O CDC adotou esta teoria da imprevisão, para
exigir apenas a onerosidade da prestação, e que esta onerosidade
tenha ocorrido em virtude de um fato ou ato superveniente.
A teoria adotada pelo Código Civil que trata de revisão de cláusulas
contratuais é mais ampla do que a teoria da imprevisão. A maior
parte da doutrina afirma que o CDC adotou a teoria da quebra
da base objetiva do negócio jurídico. Tal teoria foi desenvolvida
por muitos autores, dentre eles (com mais destaque) o professor Karl
Larenz – afirma que qualquer negócio jurídico é formado por uma
base subjetiva e uma objetiva. A base subjetiva está relacionada a
um contrato volitivo (quando há interferência nesse contrato
volitivo, haverá um vício de consentimento). Presente esse vício, é o
juiz autorizado anular o negócio jurídico.
A base objetiva é toda a circunstância que permitiu o
surgimento do contrato. Nesse caso, o banco só aprovou o crédito
porque o valor que ele auferia garantia a possibilidade do
adimplemento. Assim, são circunstancias objetivamente consideradas
que permitem a formação do contrato.

Obs. O inciso V do artigo 6º do CDC serve de base teórica para a


propositura de ações revisionais em razão do superendividamento do
consumidor. O consumidor que se encontra nesta situação não
apresenta condições de adimplemento, daí a necessidade de
modificação contratual para adaptar a realidade a circunstâncias
negociais.

Facilitação da defesa do consumidor


Uma das formas de facilitação da defesa do consumidor ocorre por
meio de caracterização da hipossuficiência, que traz como
consequência a inversão do ônus da prova no processo civil.

 A hipossuficiência não tem nada a ver com vulnerabilidade.

P: É possível perder o ônus da prova sem caracterizar a


hipossuficiência do consumidor?
R: Sim.

Obs. É importante destacar que a inversão do ônus da prova


poderá ser caracterizada quando a alegação for verossímil e o
consumidor demonstrar dificuldade na produção probatória.

Esta hipótese ocorre, via de regra, com as provas periciais e técnicas.

Obs. Se o juiz defere a caracterização da hipossuficiência, inverte-se


o ônus da prova.

11
Obs. A definição de hipossuficiência não é pacífica na doutrina nem
tampouco na jurisprudência. Via de regra, são destacados dois
aspectos do consumidor que autorizam a caracterização, a saber:
vulnerabilidade técnico-processual e a fragilidade financeira
(consumidor carente).

No que diz respeito ao momento da caracterização da


hipossuficiência, o STJ já definiu uma linha de caracterização.
Sobre o momento da caracterização da hipossuficiência, o STJ
afirma nos seus precedentes mais recentes, que ela deve
ocorrer até o saneamento (É REGRA DE JULGAMENTO). Assim,
quando da instrução, a inversão já está definida.

O STJ não definiu o momento adequado da caracterização da


hipossuficiência nos processos que tramitam pelo juizado especial.
Restam, portanto, duas posições distintas sobre o tema:

1) a hipossuficiência deve ser caracterizada ao despachar a inicial;

2) a caracterização da hipossuficiência é regra de julgamento, e por


esta razão, pode o juiz em sentença, decidir pela caracterização.

A vulnerabilidade é presunção absoluta, logo, não comporta exceção.

Hipossuficiência  é uma condição processual (consumidor


demandando fornecedor).

Atenção: resta dúvida na doutrina se a hipossuficiência é uma


condição que pode ser deferida aos consumidores pessoa jurídica.
Não há sobre o tema uma posição majoritária.

Os direitos básicos elencados nesse artigo 6 e 7 não são taxativos,


pois outros acabam surgindo em tratados e etc (básicos – segurança,
informação, etc).

Aula 6 – 18/10/2011

O direito do consumidor possui regimes de responsabilidade


próprios, quais sejam, responsabilidade pelo fato do
produto/serviço.

Produto/serviço (arts. 12, 13 e 14 do CDC)  a origem base do


estudo da responsabilidade pelo fato está ligada a uma falha de
segurança. Esta falha de segurança que propicia o surgimento da
responsabilidade pelo fato, porém, não basta a falha de segurança,
pois necessariamente, deve-se vislumbrar uma consequência.

12
P: Qual a consequência de caracterização desse regime jurídico?
R: A consequência é um acidente de consumo (art. 12 – defeito no
produto ou no serviço).

A caracterização da responsabilidade pelo fato basta a falha de


segurança ou exige que a falha de segurança tenha causado um
acidente de consumo. Que dano é esse, um dano causa ou
consequência?

Obs. Atualmente existe uma divergência na caracterização do modelo


da responsabilidade pelo fato. O STJ ora caracteriza esta hipótese
como um dano causa, ora como um dano consequência.

Exemplo: sujeito comprou um refrigerante com uma barata dentro.


Esse caso chegou até o STJ e este disse que não cabe dano moral
porque o consumidor não tomou, ou seja, não teve o acidente de
consumo.
Neste caso, cogitou-se de que o consumidor tinha enfiado o inseto,
assim, este seria o típico dano consequência, ou seja, é preciso
obrigatoriamente o acidente de consumo.

Num precedente mais recente, também relacionado a alimentos, foi o


leite condensado que tinha em seu interior uma barata em estado de
decomposição. Neste caso, ingeriram o alimento e o STJ reconheceu
o dano moral.

Obs. A posição dominante da doutrina e da jurisprudência exigem a


caracterização fática do acidente para a imputação de
responsabilidade. Contudo, é importante destacar que a falha de
segurança autoriza outras sanções penais e administrativas.
Exemplo: recolhimento do produto.
Para que se possa falar, propriamente em responsabilidade civil, é
necessário que tenha ocorrido o acidente. O escopo desse regime é
bem específico/determinado.

A principal questão em torno da responsabilidade pelo fato é a forma


de imputação, ou seja, quais são os responsáveis pela falha de
segurança que provocou o acidente?

Responsáveis pelo fato do produto


Ao tratar do fato do produto o artigo 12 estabelece uma regra de
imputação específica.
Se o acidente tenha sido provocado por uma falha de segurança de
um produto, os responsáveis são o fabricante, produtor,
construtor e o importador.
Na maioria das vezes não fazemos aquisição de produtos diretamente
do fabricante, do importador, mas sim, sempre utilizamos de um

13
intermediário da relação, que é o comerciante. Neste sentido, de
acordo com o artigo 13, o comerciante tem uma responsabilidade
subsidiária (responsabilidade indireta).
O controle de segurança está relacionado muito mais a fabricação, ou
seja, em regra, o comerciante não controla a segurança do produto.

Obs. O comerciante será responsabilizado quando as pessoas


indicadas no artigo 12 não forem encontradas ou a sua identificação
for capaz de prejudicar a indenização do consumidor.

O artigo 13, III, estabelece uma hipótese de responsabilidade


direta do comerciante, qual seja, quando o acidente de
consumo tiver como causa a má conservação de produtos
perecíveis.
O comerciante será responsabilizado na hipótese de produto
perecível. Se ele não tem essa característica, não se pode imputar
responsabilidade.

Responsáveis pelo fato do serviço: a regra da responsabilidade


pelo fato do serviço é encontrada no artigo 14 do CDC. Neste
dispositivo, é afirmado que são responsáveis o fornecedor de serviço .
O ponto importante é que a lei utilizou essa expressão no singular “o
fornecedor”. Surge uma dúvida, pois nesse caso o que impede o dano
causado por mais de um serviço prestado?
Na relação de aquisição de um produto, existe mais de um fornecedor
na cadeia. Já a tomada da prestação de serviços é feito diretamente
entre o tomador e o prestador de serviços. O fato de a lei utilizar uma
expressão no singular não significa que todos os fornecedores
envolvidos não possam ser responsabilizados.

Obs. O CDC utiliza no artigo 14 a expressão “fornecedor” no singular.


Porém é possível imputar responsabilidade em todos os prestadores
envolvidos com evento danoso (concausalidade).

Responsabilidade subjetiva  o profissional liberal será ou não


será responsabilizado pelo acidente de serviço de forma subjetiva. O
ponto importante é que o parágrafo quarto é a única hipótese
importante de responsabilidade subjetiva do CDC. A responsabilidade
civil no CDC é, como regra, objetiva, logo, não se discute culpa.
Já em se tratando do profissional liberal, ele responde de forma
subjetiva (pessoal).

Obs. O médico responde de forma subjetiva e a sociedade de


médico de forma objetiva.

O parágrafo 4º também não deve ser aplicado na hipótese das


sociedades unipessoais. Este modelo, ainda no período de vacatio

14
legis, estabelece uma mudança no paradigma das sociedades
brasileiras e também nos mecanismos de imputação de
responsabilidade.

Obs. A sociedade unipessoal responde objetivamente, pois é pessoa


jurídica.

Adquirente: a vítima pode ser consumidor adquirente que mantém


com o fornecedor uma relação contratual. Há também a hipótese
importante da vítima do evento, prevista no artigo 17 do CDC.
A vítima do evento é a pessoa que sofre um acidente de
consumo, muito embora não tenha adquirido o produto ou
serviço que lhe deu causa.

EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE PELO FATO DO


PRODUTO

1) ausência de conduta: o fornecedor alega que não colocou o


produto em circulação no mercado.

2) ausência de defeito: o produto não ostenta nenhum defeito;


costumam alegar o mau uso, para invocar a ausência de defeito.

EXCLUDENTES DE NEXO CAUSAL

1) culpa exclusiva da vítima

2) ato de terceiro

Aula 7 – 07/11/2011

Problemática do caso fortuito e da força maior do direito do


consumidor
A posição dominante entende que é plenamente possível a alegação
de caso fortuito e força maior nas relações de consumo, até porque
estes funcionam como excludentes causais e estruturais,
independentemente de se tratar de relação de consumo.

Responsabilidade pelo vício


CDC  arts. 18, 19 (vício do produto) e 20 (vício do serviço)

Na responsabilidade pelo fato, deve se imaginar uma falha de


segurança que culminou num acidente de consumo. Já na
responsabilidade pelo vício, a origem vem a ser uma falha do dever
de adequação. Este é o tema da qualidade e quantidade.

15
P: Qual é a consequência que ocorre nessa situação (o que o vício
propicia ao adquirente)?
R: Propicia uma frustração de consumo, ou seja, quebra de
expectativa.

Obs. A expectativa do consumidor deve ser avaliada de forma


objetiva. Assim, percepções pessoais são irrelevantes para a
caracterização do vício.

Quando se fala em responsabilidade pelo fato, ocorrendo o


acidente o único caminho a ser seguido é a tutela da ação
indenizatória, pois somente vai ser utilizado essas regras partindo da
ideia de que o acidente já aconteceu.
Enquanto o acidente não pode ser sanado, o vício pode, logo, a
responsabilidade civil tem dois mecanismos.

Mecanismos da responsabilidade pelo vício:

1) tutela indenizatória  o artigo 6º do CDC que trata dos direitos


básicos, garante ao consumidor lesado que proponha uma ação
indenizatória.

A grande questão que existe é a existência de outro mecanismo, qual


seja:

2) direito de reclamação  é um mecanismo específico. Trata-se


de um direito potestativo do consumidor que lhe permite o
saneamento dos vícios do produto ou a possibilidade de exigir
uma obrigação equivalente, observado um procedimento em
lei.
O direito de reclamação serve para que a falha do produto seja
corrigida. Se não for possível sanar o vício, pode haver a substituição
do produto, abatimento proporcional ou dinheiro de volta, ou seja,
pode-se exigir uma obrigação equivalente para satisfazer os
interesses do consumidor.

Procedimento para o exercício do direito de reclamação:

1) prazo de exercício do direito (consumidor). O CDC, no artigo 26,


cria a chamada garantia legal dos produtos e dos serviços.
Portanto, o exercício do direito de reclamação somente pode ocorrer
durante o prazo da garantia legal (prazo estabelecido por lei em que
o produto deve ser adequado). O período de adequação é aquele
fixado pela lei, sofrendo influência direta das eventuais disposições
contratuais.

16
Atenção: O produto não deve ser adequado permanentemente. O
desgaste é um fenômeno natural aos bens de consumo. Para os
produtos e para os serviços duráveis o prazo é de 90 dias. Já
para os produtos e serviços não duráveis o prazo é de 30 dias.
Desta forma, todos os produtos e todos os serviços sempre
apresentam esse prazo de garantia legal, pois este tem natureza
jurídica de norma de ordem pública, logo, não pode ser afastado.

Obs. A existência de uma garantia contratual (artigo 50 do CDC)


afeta o exercício do direito de reclamação. A GARANTIA
CONTRATUAL IMPEDE A FLUÊNCIA DO PRAZO DA GARANTIA
LEGAL. A outra expressão técnica usada pelo Código para impedir é
“não corre”.
No exemplo de um carro novo, há, em regra, 01 ano da garantia
contratual e mais os 03 meses da garantia legal.
Essa maneira de enxergar é a posição majoritária do STJ e STF.
Todavia, existem alguns autores (posição minoritária) que entendem
o contrário – Bruno entende que é uma interpretação contra legem.

Formas de contagem desse prazo: Tais formas dependem da


natureza dos vícios.

a) Vícios aparentes, ou chamados de vícios de fácil


constatação  é contado da entrega do produto ou do término do
serviço (a nota fiscal não é obrigatória para o exercício do direito de
reclamação – é prova importante, mas não a única a ser utilizada
para exercer o direito, como por exemplo, no caso da doação);

b) Vícios ocultos  a contagem dos vícios ocultos é a partir da


constatação pelo consumidor.
A expressão utilizada no CDC para a contagem do prazo dos vícios
ocultos cria uma enorme dificuldade prática, pois não é possível
estabelecer um marco temporal. Por esta razão a doutrina e a
jurisprudência do STJ desenvolvem uma teoria explicativa que
permite a limitação temporal dos vícios redibitórios (ocultos).

Leading case da matéria: Consumidor comprou um televisor de


plasma de 40 polegadas. Toda campanha versava no seguinte
“compre o televisor e assista a próxima copa”, todavia o televisor era
vendido pelo fabricante com apenas 01 ano de garantia e mais os 90
dias da garantia legal. Depois de 2 anos e meio o televisor pifou e a
fornecedora não quis trocar o produto. Foi ajuizada ação e a defesa
da ré versou sob o fundamento de que o prazo de garantia havia se
escoado.
O STJ resolveu no sentido de que os vícios ocultos devem ser
solucionados durante a vida útil do produto. Portanto, quando se faz

17
um marketing de que o televisor duraria 04 anos, a alegação do vício
oculto é plenamente possível.

Obs. Os vícios ocultos somente poderão ser alegados durante o


período da vida útil do produto. Porém, a problemática advinda dessa
teoria está justamente em determinar qual é a vida útil do bem.

Obs. Para se determinar a vida útil dos produtos e dos serviços


surgem três mecanismos possíveis, a saber:

1) fixação do prazo pelo próprio fornecedor (exemplo: prazo de


validade);

2) vida útil determinada por normas regulamentares ou


regulamentos;

3) usos e costumes obrigacionais:

A teoria dos vícios no direito do consumidor é uma teoria mais ampla.


Vício aparente não existe no direito civil, só no direito do
consumidor. O direito civil só trabalha com o vício oculto.

Aula 8 – 08/11/2011

A partir do momento em que o consumidor exerce o direito de


reclamação a lei estabelece objetivamente uma providência que ele
deve adotar, qual seja, a de permitir ao fornecedor que este possa
sanar o vício, dando origem ao direito de saneamento.
Logo, o fornecedor tem por lei um prazo para corrigir o vício.

Direito de Saneamento: permitir ao fornecedor sanar o vício do


produto ou do serviço.
Como regra, o fornecedor terá o prazo de 30 dias para saná-lo. O
consumidor deve apresentar o produto viciado e ele pode reter esse
produto por 30 dias para sanar seu vício.

Obs. Esse prazo pode sofrer uma alteração, qual seja, uma
ampliação para 180 dias ou uma redução para 7 dias. Essa
modificação do prazo depende de uma cláusula contratual expressa
fixada de forma apartada.

P: Para qual fornecedor devem ser encaminhados os produtos


viciados?
R: No caso do saneamento é uma responsabilidade solidária,
ou seja, pode-se exigir o saneamento a qualquer das pessoas
envolvidas. Ex. carro com vício, pode se acionar a concessionária e a
fabricante.

18
P: Esse prazo para sanar o vício sempre será utilizado?
R: Não, pois há situações em que o próprio CDC exclui esse prazo em
favor do fornecedor. Assim, o prazo de saneamento não será aplicado
em qualquer situação. Existem diversas situações descritas que criam
uma exceção:

1) vício que comprometa a qualidade ou característica do produto;


2) vício que afete o seu valor econômico;
3) quando se tratar de produto essencial;

P: O que é um produto essencial?


R: O MPSP tem uma resolução dizendo que o celular é produto
essencial, logo, acontecendo uma falha no aparelho de celular, não
poderia o fornecedor retê-lo para sanar o vício, desta forma,
automaticamente o consumidor exercerá as funções que a lei lhe
garante.

Obs. Numa prova teste, este precisa afirmar que o produto é


essencial para o prazo não ser utilizado.

O CDC ao tratar dos vícios de quantidade (art. 19) e dos vícios de


serviço (art. 20) não trouxe expressamente a possibilidade de
saneamento. Porém o prazo pode surgir em razão de uma disposição
contratual.
Passado esse prazo de saneamento, se o vício não for corrigido, o
consumidor tem algumas opções.

Opções do consumidor:

1) substituição do produto por outro da mesma espécie ou similar.


A intenção é o interesse primordial.

P: Esse similar pode ser mais caro?


R: Sim, tanto mais caro quanto mais barato, pois quando se fala em
produto similar, se eventualmente for mais caro o consumidor paga a
diferença, todavia se for mais barato, a diferença existente é
restituída pelo fornecedor.

2) abatimento proporcional (extensão do dano);

3) restituição da quantia paga mais perdas e danos.

Observações:

1) as opções serão exercidas pelo consumidor de forma


discricionária, ou seja, não há qualquer necessidade de justificação;

19
2) para cada opção exercida existe um instrumento de tutela
processual para garantir a efetividade da norma.

**Para tutelar a substituição o CDC estabelece a ação de


obrigação de fazer, que está prevista no artigo 84. É um dos
instrumentos mais poderosos que o consumidor tem, mas não muito
utilizado – pode se pedir a obrigação de fazer, cumulado com dano
moral.

**A ação para pleitear o abatimento proporcional é a ação


estimatória ou quanti minoris.

Quem vai optar é o consumidor e caso o fornecedor se recuse


voluntariamente a fazê-lo, o consumidor pode optar por esse
instrumento processual de defesa.

3) os artigos 19 e 20 trazem outras opções especificas para o


consumidor nas hipóteses de vício.
- Abatimento proporcional ou complementação do peso ou
medida. Complementar é o oposto do abatimento proporcional, ou
seja, restituição daquilo que foi ofertado.
- reexecução dos serviços

Práticas comerciais: ao falar das práticas comerciais o CDC


disciplina 5 delas:

1) *Oferta; Art. 30, CDC.


Oferta se traduz por um conjunto de informações sobre produtos e
serviços no mercado de consumo. Esse conjunto de informações
independe da mídia utilizada.

Aula 9 – 28/11/2011

Obs. O conceito de proposta encontrado no Código Civil é diferente


do conceito de oferta encontrado no CDC. A proposta no Direito Civil
nada mais é do que o negócio jurídico unilateral. Já no tocante a
oferta no CDC, está é tida como sinônimo de marketing, ou
seja, toda conduta de estímulos informacionais configuram
ofertas.

O conceito de oferta no CDC é muito mais amplo do que no Código


Civil. No Código Civil a proposta é um negócio unilateral, ou seja,
uma fase de formação do negócio.
Oferta e proposta apresentam um elemento comum. A principal
característica da oferta é a sua força vinculante ou
obrigatória.

20
!ATENÇÃO! A força vinculante somente existirá se as informações
constantes na oferta forem suficientemente precisas.
A doutrina entende que a informação é precisa quando for capaz de
afetar a decisão do consumidor, ou seja, a precisão reside na análise
negocial que poderá ser firmada.

P: Quais são as consequências quando há violação dessa oferta?


R: Art. 33, CDC (efeitos jurídicos da violação da força vinculante da
oferta). O primeiro efeito possível é a tutela específica da oferta. O
consumidor pode se valer de ação de obrigação de fazer.
A segunda hipótese consiste na rescisão do contrato mais perdas e
danos, por fim, a última hipótese aceita o abatimento proporcional do
bem.

Obs. A oferta não é SEMPRE vinculante, pois ela pode conter certos
exageros e estes não terão carga vinculante.

2) *Publicidade; art. 37, CDC (é o mais cobrado em concurso,


sobretudo nos do MP)
A publicidade está prevista nos artigos 36 e 37 do CDC. Trata-se de
um mecanismo informacional de caráter econômico utilizado pelos
fornecedores para estimular objetivamente e subjetivamente os
consumidores para aquisição de produtos e serviços.
A publicidade traz uma informação que pode estar ligada ao contexto
do produto. O objetivo dela é criar reações, as quais podem ser
reações ruins, criticáveis. Todas as vezes em que alguém estiver
comentando sobre um material publicitário, estará gerando
informação.

Informação residual é o que se lembra.

Deve ter, necessariamente, caráter econômico. O caráter


econômico da publicidade significa que o seu objetivo central
é estimular as vendas aumentando as margens de ganho do
fornecedor (para estímulo objetivo e subjetivo dos consumidores).

Obs. Parte da doutrina costuma distinguir a publicidade da


propaganda. A propaganda que também é um mecanismo
informacional tem aplicação apenas e tão somente no campo
da filosofia e da política, pois serviria apenas para divulgação de
ideias, doutrinas e filosofias.
Muitos autores e consequentemente muitos concursos continuam
fazendo a distinção.
A publicidade, por si só, não é uma prática comercial proibida. O CDC
apenas veda determinadas formas publicitárias. Também é
importante destacar que a Constituição Federal limita algumas

21
hipóteses publicitárias que não foram explicitamente tratadas no
CDC.

O CDC traz as formas de publicidades proibidas e a


Constituição Federal as formas publicitárias controladas.

Formas publicitárias proibidas pelo CDC

a) publicidade clandestina (art. 36 do CDC) – é aquela que o


consumidor não identifica com facilidade. A publicidade clandestina é
uma publicidade oculta;

b) publicidade enganosa (art. 37, § 1º do CDC) – é uma


publicidade falsa, que tanto pode ser falsidade por ação ou por
omissão (como, por exemplo, deixar de prestar uma informação);

c) publicidade abusiva (art. 37, § 2º, do CDC) – é aquela que viola


valores protegidos pela política nacional de consumo.

Aula 10 – 05/12/2011

d) publicidade controlada  agrotóxico passa por controle de


publicidade e também o cigarro que a cada dia passa por uma
restrição maior. Há uma restrição porque a publicidade controlada
deriva de um interesse da política nacional de consumo que pretende
reduzir e desestimular a aquisição de determinados bens.
A terceira pratica comercial que se tem na sequência são as
chamadas práticas comerciais abusivas. As práticas comerciais
abusivas estão indicadas no artigo 39 do CDC, que é rol
exemplificativo.
A doutrina costuma afirmar que as práticas comerciais abusivas são
condutas desleais ou antiéticas no mercado de consumo.

3) Práticas Comerciais Abusivas; art. 39, CDC.


Este dispositivo legal tem rol exemplificativo.
A doutrina define como condutas desleais ou antiéticas no mercado
de consumo. Essas práticas atingem tanto a concorrência quanto o
consumidor.

Existem 3 práticas que realmente é necessário entender. Quais são


essas importantes práticas?

i. venda casada ou venda condicionada  ocorre quando o


fornecedor impõe para a aquisição de um determinado produto ou
serviço de interesse do consumidor a aquisição de um outro que o
consumidor não tem interesse.

22
P: Os pacotes turísticos podem ser encarados como venda casada?
R: Não, pois quando se tem pacotes turísticos, vários serviços estão
sendo oferecidos para o consumidor. A partir do momento em que
pode adquirir qualquer dos serviços de forma separada, a venda não
é casada.
Obs. A aquisição de pacotes promocionais compostos de diversos
serviços não configura, por si só, uma venda casada, desde que o
consumidor possa adquirir de maneira isolada qualquer um dos
produtos ou serviços.

ii. venda com limitação quantitativa  se limita a aquisição do


consumidor a um determinado número de produtos.

P: A limitação quantitativa sempre é considerada uma prática abusiva


ou pode ser justificada em determinados casos?
R: Esta limitação é possível, desde que exista uma justa causa, ou
seja, uma causa que autorize esta limitação. A limitação quantitativa
pode existir desde que exista “uma justa causa” que a autorize. É
importante observar que em momento algum o CDC define o que é
uma justa causa. Trata-se de um conceito indeterminado que deverá
ser investigado de forma casuística. Ex. limitações promocionais.

iii. envio de produtos e serviços não solicitados pelo


consumidor  os produtos enviados serão tratados como amostra
grátis, não permitindo qualquer tipo de cobrança (parágrafo único
do art. 39 do CDC).

P: As práticas comerciais abusivas são definidas no CDC, mas elas


poderiam ser definidas em outras normas, como portarias,
resoluções, etc?
R: Sim, não há nenhuma objeção.

Obs. É possível a previsão de outras práticas abusivas por meio de


leis esparsas e até mesmo atos administrativos a exemplo das
portarias e resoluções da SDE (secretaria de direito econômico).

4) cobrança de dívida; art. 42 e 42-A, CDC.


É uma prática comercial lícita, mas para que ocorra essa cobrança
existe um pressuposto, que é o inadimplemento do consumidor
(apenas o consumidor inadimplente pode ser cobrado).

P: De que forma esta cobrança pode acontecer?


R: Pode ser judicial ou também uma cobrança extrajudicial.

23
A cobrança judicial se faz pelos meios processuais adequados, dentre
outras formas. Já a cobrança extrajudicial é a que gera maiores
interesses no direito do consumidor.

O art. 42 teria campo de aplicação mais adequado não a cobrança


judicial, mas sim a extrajudicial. A lei não diz isso, mas de fato, se
analisa afundo o problema é esta a conclusão que se chega, pois já
há regras a serem seguidas na cobrança judicial.

Obs. Tanto a cobrança judicial como também as formas extrajudiciais


são permitidas no direito do consumidor. O CDC não veda a cobrança
em si, mas sim as formas abusivas pelas quais o ato se desenvolve.

Todas as vezes em que o consumidor for exposto a um


constrangimento, a uma situação vexatória, será enquadrada como
conduta abusiva.
O artigo 42 do CDC cria uma cláusula geral sobre cobrança abusiva,
estabelecendo de forma genérica que a cobrança constrangedora,
ameaçadora e ridicularizante é vedada pelo sistema.

P: O que é uma cobrança ridicularizante/constrangedora?


R: Existem milhares de situações de enquadramento. Exemplo típico
são estas empresas que ganham um crédito podre e ligam
ameaçando o devedor. Esta conduta é aquela que expõe de uma
maneira a situação do devedor.
A insistência pode ser vista como uma forma abusiva de cobrança.

Obs. A cobrança abusiva permite a aplicação tanto de sanções civis


como também de sanções penais. A principal sanção civil é a
configuração do dano moral. Já em relação a tipificação penal, o CDC
nos traz uma regra expressa no artigo 71.

Repetição de indébito – (art. 42, parágrafo único) – devolver o


indevido.
Essa regra geral existe porque existe um princípio no sistema privado
que veda o enriquecimento sem causa. A repetição de indébito tem
como principal fundamento o princípio geral que veda o
enriquecimento sem causa. Portanto, aquele que pagou uma quantia
maior deverá ser restituído.
Quando falamos de repetição existe a repetição simples e a
repetição em dobro.

A repetição em dobro é uma hipótese de sanção e está ligada


justamente à cobrança abusiva. A repetição simples ocorre na
hipótese de erro escusável havendo justa causa.

24
Obs. Na repetição em dobro, o cálculo da quantia tem como
referência o valor pago a maior e não a totalidade da dívida.

Observação final
A hipótese de artigo 42 somente poderá ser aplicada quando o
consumidor efetivamente tiver realizado o pagamento.

Aula 11 – 07/12/2011

5) *Cadastros/Bancos De Dados; art. 43, CDC.


Estão atrelados a uma ideia essencial, que é a coleta de informações.
Esses cadastros servem para dirigir essas informações, logo, quanto
maior for o nível de informações que tiverem sobre esse cliente,
melhor é.

Tanto os cadastros quanto bancos de dados fazem parte de um


gênero, que são os arquivos de consumos, os quais têm como
objetivo a coleta de informações dos consumidores (Ex. em
determinado site você preenche um banco de dados para receber
uma newsletter).

O tema de cadastro é um tema vasto, mas para o concurso público,


relevante é o serviço de proteção ao crédito. Os serviços de
proteção ao crédito fazem a coleta de informações sobre relações
jurídicas que interferem na política de concessão de crédito do
fornecedor.

P: Os fornecedores, em geral, são obrigados a conceder crédito?


R: Não, pois é decisão dele. No entanto, o modelo creditício é um
modelo mundial, ou seja, muito mais eficaz.

O modelo da concessão de crédito é interessante porque ele é capaz


de dinamizar o mercado de consumo.

Obs. Os arquivos de consumo que coletam informações


creditícias desempenham importante papel na sociedade. O
modelo econômico atual depende desse instrumento e, portanto,
definir como e para quem conceder crédito passou a ser o aspecto
estratégico (Ex. existem departamentos inteiros em banco sobre
análise de crédito).

A concessão de crédito e a coleta de informações é um instrumento


lícito no mercado de consumo, desde que observadas as regras e os
limites impostos pelo CDC. Ao coletar as informações creditícias sobre
o consumidor o fornecedor deve observar os limites impostos pelo
CDC.

25
Estas regras são:

1) natureza das informações coletadas – a inserção básica está


relacionada a obrigações negociais inadimplidas (Ex: contrato que
não foi cumprido). Isto dá origem às chamadas informações
negativas ou restritivas.
A concessão de crédito é baseada numa relação de confiança, ou
seja, se a pessoa não tem no cadastro nenhum apontamento
negativo, pressupõe que é bom pagador.
Desta forma, todos os cadastros manipulam informações dessa
natureza (acerca de inadimplência dos consumidores). No entanto,
existem ainda algumas informações secundárias, como por
exemplo, informações sobre cheques (alínea 12 – cheque sem
fundo - e 13 – conta fechada/encerrada). No caso de cheque sem
fundos, quem controla é o CCF (cadastro gerido pelo banco central).

Obs. A segunda informação é acerca do PROTESTO e a terceira


informação secundária existente é da distribuição (distribuidor cível).
As ações informadas pelo distribuidor cível são ação de cobrança,
monitória, execução, despejo por falta de pagamento, etc.

Obs. A inserção do nome do consumidor em cadastros restritivos, por


si só, não inibe a concessão de crédito.
As informações cadastradas no SPC e no SERASA são informações
negativas ou restritivas.

2) a inserção de registros e informações em cadastros e bancos de


dados exigem a comunicação ao consumidor, que deve ser feita de
forma expressa, por escrito e com antecedência.

A carta enviada pelo SPC ou SERASA é um dever legal imposto pelo


artigo 43 do CDC, pois tem como objetivo permitir ao fornecedor
tomar conhecimento dessa negativação.
A comunicação realizada ao consumidor é instrumentalizada por carta
e deve ser enviada com uma antecedência mínima capaz de propiciar
ao consumidor uma oportunidade de retificar os dados ou negociar a
dívida.

P: Sempre tem que ser por carta ou pode ser por e-mail?
R: Esta comunicação deve ser instrumentalizada, obrigatoriamente,
por carta.

Observação jurisprudencial
É dever do arquivista apenas comunicar o consumidor. A
comprovação do envio por meio de AR foi dispensada pela atual
jurisprudência do STJ. Contudo, ainda restam dúvidas a respeito da
necessidade de comunicação em relação às informações secundárias

26
(por exemplo, cheque o banco informa, cartão de crédito também,
distribuidor judicial a pessoa é avisada a partir da citação, etc).

O consumidor tem direito de retificar as informações inseridas em seu


nome, tanto pela via administrativa como pela via judicial com a
possibilidade, inclusive, de impetração de um habeas data.

A retificação das informações constantes em bancos de dados é dever


dos arquivistas, cuja violação sujeita o infrator a sanções civis e
penais.

Prazo de permanência das informações restritivas


O prazo de permanência é de 05 anos (prazo de natureza
decadencial). A primeira grande discussão surgida em relação aos
bancos de dados foi justamente a briga do consumidor por prazo.

O STJ entende que o prazo de apontamento não tem nada a ver com
a prescrição da dívida. Tal prazo é contado a partir do momento em
que a dívida vence. O prazo de permanência das informações
negativas não se confunde com o prazo de prescrição da dívida. A
jurisprudência do STJ entende que há uma completa autonomia em
relação a estes temas.
É importante destacar que o prazo tem como termo inicial o
vencimento da dívida e não a data de solicitação do registro.

Atualmente o sistema jurídico brasileiro incorpora ao lado dos


serviços de proteção ao crédito, que coletam informações negativas,
o chamado cadastro positivo. Este segundo cadastro tem como
objetivo a coleta de informações a respeito do adimplemento do
consumidor, justamente para garantir a formação do seu histórico de
crédito e modelar de forma mais eficiente a concessão.

Aula 12 -

Principais regras do cadastro positivo

Para cada uma dessas práticas existe um dispositivo legal a ela


correlata.

Obs. Quando se fala nesses 5 artigos, nos últimos 2 anos não teve
nenhum pergunta em concurso público que não tratava desses
dispositivos (pergunta que cria uma situação hipotética e pede a
aplicação do dispositivo)  Artigos de leitura imprescindível.

6) Cadastro Positivo

27
a) Formação do histórico de crédito  adimplemento. Tem objetivo
de proporcionar a avaliação de risco.

b) a abertura do cadastro depende de pedido do consumidor e


depende de termo negocial específico. As informações inseridas no
cadastro positivo após a abertura não serão comunicadas ao
consumidor, nos termos do artigo 43 do CDC.

c) O cadastro pode ser cancelado a pedido do consumidor (lembrar


que o cadastro negativo existe para regulamentação do mercado e
que, portanto, não há esse pedido de cancelamento do cadastro)

d) as informações devem ser claras e objetivas, ligadas ao


adimplemento. Vedação de informações sensíveis, que são subjetivas
ligadas a etnia, credo, orientação sexual.

e) o prazo de permanência de informação restritiva é de 05 anos e o


de informação positiva é de 05 anos.

PROTEÇÃO CONTRATUAL
O direito do consumidor em momento algum regula tipologia do
contrato. Estas regras que são passadas para o direito do consumidor
exige apenas a observância de normas especificas que dizem respeito
ao fenômeno contratual no CDC.

1) direito de arrependimento: art. 49 do CDC. O direito de


arrependimento garante ao consumidor a possibilidade de desistir do
contrato firmado. Esta desistência, inclusive, é realizada de forma
imotivada. O direito de arrependimento do consumidor somente será
exercido em uma situação:
A hipótese de aplicação do artigo 49 ocorrerá quando a contratação
se der fora do estabelecimento comercial.

P: Quais são as principais hipóteses?


R: contratação por internet, por telefone, venda a domicílio e também
algumas outras menos praticadas (feirões de automóveis em pátios e
etc).

Em ocorrendo a desistência, deverá ser observado o prazo de 07 dias


a contar da entrega do produto ou do término do serviço.

Quando o consumidor contrata a distância, ele não tem condições


reais de avaliar esse bem. Na origem da norma há um controle muito
grande dessas compras que são emocionais (dá o tempo ao credor
decidir se é aquilo que ele queria ou quer).

28
Exemplo: uma pessoa que compra uma passagem aérea pode
desistir. Como a garantia do consumidor, não importa se a compra foi
emocional ou não, ainda que se trate de serviço de transporte
(compra de passagem aérea pela internet).
Obs. Quando o consumidor exerce o direito de arrependimento, é
obrigatória a devolução integral das quantias eventualmente pagas
sem qualquer sanção obrigacional ao consumidor. Se a contratação
foi feita no estabelecimento não existe o direito de arrependimento.

Cláusulas abusivas são aquelas que criam uma desvantagem aos


consumidores, genericamente considerando (art. 51  rol
exemplificativo de cláusulas abusivas).
**A cláusula abusiva é nula de pleno direito.

Obs. O STJ firmou entendimento de que a nulidade das cláusulas


abusivas não pode ser conhecida de ofício pelo magistrado, mas tão
somente alegada pelas partes.

!ATENÇÃO! Os concursos públicos costumam cobrar com maior


incidência a hipótese de abusividade prevista no inciso I do artigo 51.
Este dispositivo afirma que a exoneração de responsabilidade
pelo fornecedor é cláusula abusiva. Este mesmo dispositivo cria
uma flexibilização.
Se o consumidor for pessoa jurídica, a limitação de responsabilidade
por disposição contratual é válida em casos justificáveis.

Concessão de crédito: o artigo 52 do CDC estabelece algumas


regras gerais para os que envolvam outorga de crédito. Estão ligadas
a:

a) dever de informação ostensivo – o consumidor tem que ser


detalhadamente informado sobre o contrato, principalmente sobre os
encargos obrigacionais, em especial juros, número de parcelas,
quantia a pagar.

b) estabelece a multa máxima penal moratória: de 2%

c) direito ao abatimento dos juros no caso de pagamento antecipado:


o abatimento é proporcional, ou seja, quanto mais cedo abater menor
serão os juros.

d) superendividamento do consumidor: é tema novo no tocante à


proteção contratual dentro de concessão de crédito. Existe um
estimulo exagerado para compra e o consumidor não tem capacidade
para adimplir tudo de uma vez; o crédito é o fenômeno que permite a

29
compra dos bens de consumo, mas se não for bem controlado
gera o superendividamento.

O superenvidamento do consumidor é fenômeno intimamente


relacionado com a massificação do crédito, que funciona como um
indutor de consumo. O uso maciço do crédito pode provocar como
efeito colateral o fenômeno do superendividamento. Neste caso, a
doutrina caminha para criar mecanismos de tutela deste consumidor
endividado, permitindo a revisão e modificação dos contratos e das
cláusulas negociais que criam um ambiente de excessiva
onerosidade.
Trata-se de um instituto que tem como base o princípio da
solidariedade negocial e tem seu fundamento no artigo 6º, V, do
CDC.

30

Você também pode gostar