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DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR
Consumidor, fornecedor e produto e
serviço
Aplicação do microssistema do
consumidor
• Cabe ao intérprete ou aplicador da lei determinar com exatidão que se trata de uma relação de
consumo e aplicar o microssistema tutelar do consumidor;
• saber diferenciar e saber “ver” quem é comerciante, quem é civil, quem é consumidor, quem
é fornecedor, quem faz parte da cadeia de produção e de distribuição e quem retira o bem
do mercado como destinatário final, quem é equiparado a este, seja porque é uma
coletividade que intervém na relação, porque é vítima de um acidente de consumo ou
porque foi quem criou o risco no mercado
• Aplicação do CDC – ratio personae - ele se aplica em princípio a todas as relações contratuais e
extracontratuais (campo de aplicação ratione materiae) entre consumidores e fornecedores
Aplicação do microssistema tutelar do
consumidor
• Aplicação do CDC – ratio personae - ele se aplica em princípio a todas as relações contratuais e
extracontratuais (campo de aplicação ratione materiae) entre consumidores e fornecedores;
• A CF não definiu quem é o consumidor, logo temos que recorrer à legislação infraconstitucional
(CDC).
CONSUMIDOR
CONSUMIDOR
• A complexidade do sistema do CDC inicia justamente pela definição do sujeito a proteger, o
consumidor, que não é definido em apenas um artigo, mas em quatro dispositivos diferentes,
como veremos:
• Art. 2.°, caput;
• Art. º, parágrafo único;
• Art. 17 ;
• Art. 29;
• Não é só definido pela ótica individual, mas também pela ótica meta ou transindividual ou
de grupo (art. 81)
• O consumidor é uma definição também ampla em seu alcance material → o consumidor não é
uma definição meramente contratual (o adquirente), mas visa proteger as vítima de atos ilícitos
pré-contratuais, como publicidade enganosa, e das práticas comerciais abusivas, sejam elas ou
não compradoras, sejam elas ou não destinatárias finais.
“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço
como destinatário final.
• Nesta definição legal, a única característica restritiva seria a aquisição ou utilização do bem como
destinatário final.
• Destinatário final – ser destinatário final é retirar o bem do mercado (ato objetivo);
• Mas se o sujeito adquire o bem para utilizá-lo em sua profissão, com o fim de lucro?
• Se o sujeito adquire como meio para produção de outros bens?
• Se o profissional adquire o produto/serviço e não utiliza na sua atividade-fim?
• TRÊS TEORIAS:
a) teoria finalista;
b) teoria maximalista
c) Finalista mitigada
CONSUMIDOR
ART. 2º - NOÇÃO SUBJETIVA DE CONSUMIDOR
DUAS TEORIAS:
a) TEORIA FINALISTA - Os finalistas propõem, então, que se interprete a expressão
“destinatário final” do art. 2.° de maneira restrita, como requerem os princípios básicos do CDC,
expostos nos arts. 4.° e 6.
• Destinatário final seria aquele destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele
pessoa jurídica ou física. Logo, segundo esta interpretação teleológica, não basta ser
destinatário fático do produto, retirá-lo da cadeia de produção, levá-lo para o escritório ou
residência – é necessário ser destinatário final econômico do bem, não adquiri-lo para
revenda, não adquiri-lo para uso profissional, pois o bem seria novamente um
instrumento de produção cujo preço será incluído no preço final do profissional que o
adquiriu.
• Esta interpretação restringe a figura do consumidor àquele que adquire (utiliza) um produto
para uso próprio e de sua família, consumidor seria o não profissional, pois o fim do CDC é
tutelar de maneira especial um grupo da sociedade que é mais vulnerável.
CONSUMIDOR
ART. 2º - NOÇÃO SUBJETIVA DE CONSUMIDOR
DUAS TEORIAS:
b) TEORIA MAXIMALISTA - Consideram que a definição do art. 2.° é puramente objetiva, não
importando se a pessoa física ou jurídica tem ou não fim de lucro quando adquire um produto ou utiliza
um serviço.
• Destinatário final seria o destinatário fático do produto, aquele que o retira do mercado e o utiliza,
consome, por exemplo, a fábrica de toalhas que compra algodão para reutilizar.
• Defende que, diante de métodos contratuais massificados, como o uso de contratos de adesão, todo
e qualquer cocontratante seria considerado vulnerável.
• O problema desta visão é que transforma o direito do consumidor em direito privado geral, pois
retira do Código Civil quase todos os contratos comerciais, uma vez que comerciantes e profissionais
consomem de forma intermediária insumos para a sua atividade-fim, de produção e de distribuição.
CONSUMIDOR
ART. 2º - NOÇÃO SUBJETIVA DE CONSUMIDOR
POSIÇÃO MAJOITÁRIA
• Note-se que neste caso se presume que a pessoa física seja sempre consumidora frente a
um fornecedor e se permite que a pessoa jurídica vulnerável prove sua vulnerabilidade;
• Não se pode considerar destinatário final para efeito da lei protetiva aquele que, de alguma
forma, adquire o produto ou serviço com intuito profissional, com a finalidade de integrá-lo
no processo de produção, transformação ou comercialização
“O fato de a pessoa empregar em sua atividade econômica os produtos que adquire não implica, por si
só, desconsiderá-la como destinatária final e, por isso, consumidora. No entanto, é preciso considerar a
excepcionalidade da aplicação das medidas protetivas do CDC em favor de quem utiliza o
produto ou serviço em sua atividade comercial. Em regra, a aquisição de bens ou a utilização de
serviços para implementar ou incrementar a atividade negocial descaracteriza a relação como de
consumo.” (REsp 1.038.645- RS, j. 19.10.2010, rel. Min. Sidnei Beneti);
CONSUMIDOR
ART. 2º - NOÇÃO SUBJETIVA DE CONSUMIDOR
• Após 14 anos de discussões, em 2004, o STJ manifestou-se pelo finalismo e criou inclusive um
“finalismo aprofundado” ou “finalismos mitigado”, baseado na utilização da noção maior de
vulnerabilidade, exame in concreto e uso das equiparações a consumidor conhecidas pelo
CDC;
• Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise da hipótese concreta decorrer
inegável vulnerabilidade entre a pessoa jurídica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar
o CDC na busca do equilíbrio entre as partes.
• “A jurisprudência desta Corte tem mitigado a teoria finalista para autorizar a incidência do Código
de Defesa do Consumidor nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou jurídica), embora não
seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresenta em situação de
vulnerabilidade. Precedentes” (AgRg no AREsp 402.817/RJ, j. 17.12.2013, rel. Min. Sidnei Beneti,
DJe 04.02.2014).
• Aplicação temperada da teoria finalista frente às pessoas jurídicas, processo denominando pela
doutrina como FINALISMO MITIGADO/APROFUNDADO;
CONSUMIDOR
ART. 2º - NOÇÃO SUBJETIVA DE CONSUMIDOR
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestação de serviços.
◦ A definição de fornecedor do art. 3.° do CDC é tão ampla, para que um maior número de
relações possa estar no campo de aplicação do CDC, uma vez que decisiva é mesmo – por
mandamento constitucional – a presença de um consumidor.
PRODUTO E SERVIÇO
ART. 3º
Fornecimento de produtos e prestação de serviços
Art. 3º § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração,
inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das
relações de caráter trabalhista
◦ O fato de o serviço prestado pelo provedor de serviço de internet ser gratuito não desvirtua a
relação de consumo, pois o termo ‘mediante remuneração’, contido no art. 3.°, § 2.°, do CDC,
deve ser interpretado de forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor”
(REsp 1.186.616-MG, j. 23.08.2011, rel. Min. Nancy Andrighi).
EXERCÍCIOS