Você está na página 1de 233

DIREITO EMPRESARIAL DIREITO EMPRESARIAL

Direito Empresarial
Organizadora Livia Regina de Figueiredo Organizadora Livia Regina de Figueiredo

CM

MY

CY

CMY

K
GRUPO SER EDUCACIONAL

gente criando o futuro


Direito Empresarial

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 1 29/07/2020 18:33:58


© by Editora Telesapiens
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro
tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia
autorização, por escrito, da Editora Telesapiens.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

F475d Figueiredo, Livia Regina de.


Direito empresarial[recurso eletrônico]/ Livia Regina de
Figueiredo. – Recife: Telesapiens, 2020.
232 p. : pdf
ISBN: 978-65-86073-03-4
1. Direito empresarial I. Título.
CDU 347.72

(Bibliotecário responsável: Nelson Oliveira da Silva – CRB 10/854)

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 2 29/07/2020 18:33:58


Direito Empresarial

Créditos Institucionais

Fundador e Presidente do Conselho de Administração:


Janguê Diniz
Diretor-Presidente:
Jânyo Diniz
Diretor de Inovação e Serviços:
Joaldo Diniz
Diretoria Executiva de Ensino:
Adriano Azevedo
Diretoria de Ensino a Distância:
Enzo Moreira

2020 by Telesapiens
Todos os direitos reservados

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 3 29/07/2020 18:33:58


A AUTORA
LIVIA REGINA DE FIGUEIREDO
Olá. Meu nome é Livia Regina de Figueiredo. Sou
Bacharel em Direito, Pós-graduada em Magistério Superior
em Direito, cursei Mestrado em Direito e Desenvolvimento
e, atualmente, curso o Doutorado em Direito Privado na
Universidade de Salamanca, na Espanha. Advogo desde 1989 e
há alguns anos presto serviços para grandes grupos econômicos
na área de medicamentos e alimentos. Amo advogar e sou
apaixonada pela docência. Também gosto muito de compartilhar
minha experiência com aqueles que estão iniciando suas vidas
profissionais. Em razão da minha experiência e qualificação fui
convidada pela Editora Telesapiens para integrar o seu elenco
de autores independentes e me sinto muito honrada com esse
convite. Estou feliz por ajudá-lo nesta fase de estudo e trabalho.
Tenho certeza de que o seu esforço e empenho nos estudos lhe
trará muito sucesso.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 4 29/07/2020 18:33:58


ICONOGRÁFICOS
Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem
significam:
OBSERVAÇÃO
OBJETIVO
Uma nota explicativa
Breve descrição do objetivo
sobre o que acaba de
de aprendizagem; +
ser dito;

RESUMINDO
CITAÇÃO
Uma síntese das
Parte retirada de um texto;
últimas abordagens;

TESTANDO
DEFINIÇÃO
Sugestão de práticas ou
Definição de um
exercícios para fixação do
conceito;
conteúdo;

IMPORTANTE ACESSE
O conteúdo em destaque Links úteis para
precisa ser priorizado; fixação do conteúdo;

DICA SAIBA MAIS


Um atalho para resolver Informações adicionais
algo que foi introduzido no sobre o conteúdo e
conteúdo; temas afins;

++
EXPLICANDO
SOLUÇÃO
+ DIFERENTE Resolução passo a
Um jeito diferente e mais passo de um problema
simples de explicar o que ou exercício;
acaba de ser explicado;

EXEMPLO CURIOSIDADE
Explicação do conteúdo ou Indicação de curiosidades
conceito partindo de um e fatos para reflexão sobre
caso prático; o tema em estudo;

PALAVRA DO AUTOR REFLITA


Uma opinião pessoal e O texto destacado deve
particular do autor da obra; ser alvo de reflexão.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 5 29/07/2020 18:33:58


SUMÁRIO
UNIDADE 01

Personificação das sociedades, contrato e registro mercantil .12

A união das pessoas com um fim comum .......................... 12

Pessoa jurídica .................................................................. 14

Sociedade e empresa.......................................................... 16

Elementos essenciais do contrato ...................................... 17

Registros mercantis.......................................................... 23

Importância dos registros mercantis................................... 23

Atos constitutivos.............................................................. 24

Concretização do registro mercantil................................... 25

Trâmite dos registros – controle e fiscalização................... 27

Do sigilo............................................................................ 35

O significado do sigilo....................................................... 35

Nome empresarial.............................................................. 38

Estabelecimento empresarial.............................................. 42

Microempresas e empresas de pequeno porte................. 43

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 6 29/07/2020 18:33:58


Compreendendo o significado das microempresas e empresas
de pequeno porte................................................................ 44

Sociedades simples e sociedades empresárias ................... 46

Sociedades não personificadas........................................... 48

UNIDADE 02

Teoria geral do direito empresarial................................. 54

Sociedades Empresárias..................................................... 54

Classificação quanto à sua natureza............................. 54

Sociedade unipessoal.................................................. 60

Sociedade limitada entre cônjuges.............................. 64

Capacidade jurídica empresarial.................................... 67

Capacidade civil empresarial............................................. 67

O Capital social e a sua integralização............................ 75

O significado do capital social .......................................... 75

Alterações Contratuais e o Registro das Modificações....... 78

Administração e representação social............................. 80

O significado da administração.......................................... 80

Lucros e perdas.................................................................. 82

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 7 29/07/2020 18:33:58


Direitos e obrigações dos sócios........................................ 83

Relações jurídicas e sociais................................................ 85

UNIDADE 03

Dissolução da sociedade .................................................. 92

Dissolução das sociedades................................................. 92

Transformação................................................................... 93

Incorporação...................................................................... 94

Fusão................................................................................. 95

Cisão.................................................................................. 96

Direito de terceiros............................................................ 97

Regras para a dissolução da sociedade............................... 99

Dissolução Parcial da Sociedade............................... 102

Dissolução total da sociedade................................... 105

Liquidação das sociedades............................................... 106

Desconsideração da personalidade jurídica...................111

A desconsideração da pessoa jurídica................................111

Recuperação de empresas.............................................. 115

Lei de Recuperação e Falência de Empresas.................... 115

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 8 29/07/2020 18:33:58


Pessoas jurídicas na lei 11.101/2005 - LRF...................... 117

Aspectos processuais relevantes da LRF.......................... 120

Comitê de credores.......................................................... 124

Assembleia-geral de credores........................................... 125

Recuperação judicial........................................................ 126

Microempresas e empresas de pequeno porte................... 133

Falência........................................................................... 135

Compreendendo o significado da falência ....................... 135

UNIDADE 04

Sociedades empresárias................................................. 142

Da sociedade comercial à sociedade empresária............... 142

Sociedades personificadas.............................................. 147

Classificação das sociedades personificadas..................... 147

Sociedades simples................................................... 148

Sociedade limitada.................................................... 150

Sociedade em nome coletivo..................................... 156

Sociedade em comandita simples.............................. 160

Sociedades personificadas por ações............................. 165

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 9 29/07/2020 18:33:58


Sociedades anônimas....................................................... 165

Das ações.................................................................. 173

Constituição das Sociedades Anônimas..................... 179

Valores mobiliários................................................... 183

Capital social............................................................ 185

Administração social................................................. 187

Direitos e deveres dos acionistas............................... 195

Demonstrações contábeis e partilha do lucro e prejuízos..200

Dissolução da sociedade anônima............................. 203

Sociedade em comandita por ações.................................. 206

Sociedades cooperativas................................................. 208

O nascimento do cooperativismo .................................... 208

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 10 29/07/2020 18:33:58


Direito Empresarial 11

01
UNIDADE

INTRODUÇÃO AO DIREITO EMPRESARIAL

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 11 29/07/2020 18:33:58


12 Direito Empresarial

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área do direito empresarial é uma das
mais importantes demandas na atual realidade brasileira e
mundial? O empreendedorismo é cada vez mais incentivado
nos países ocidentais e a iniciativa privada não pode prescindir
de advogados especializados no Direito Empresarial. Cada
vez mais, grandes escritórios e empresas buscam advogados
especializados para assessoria na área, que também remunera
bem esses especialistas. Nesta unidade estudaremos sobre a
sociedade empresária e os empresários, os atos constitutivos
e o registro das sociedades e, por fim, os direitos e obrigações
das pessoas jurídicas. Tenho certeza de que você amará essa
introdução dos meandros do Direito Empresarial. Vamos
começar?

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 12 29/07/2020 18:33:58


Direito Empresarial 13

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 01 – Teoria
Geral do Direito Empresarial. Nesta unidade, o nosso objetivo
é auxiliá-lo no desenvolvimento das seguintes competências

1
profissionais:

Compreender o empresário individual e a sociedade


empresária;

2 Conhecer os requisitos e as razões legais para o


registro mercantil;

3 Entender os trâmites para os registros;

4 Entender a razão dos procedimentos simplificados


para micro e pequenos empresários.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 13 29/07/2020 18:33:58


14 Direito Empresarial

Personificação das sociedades, contrato e


registro mercantil

OBJETIVO

Neste capítulo você aprenderá como se formam as sociedades e


quais as exigências legais para os registros mercantis, lembrando
que podem nominar as relações jurídicas empresariais como
Direito Empresarial, termo preferido pelos civilistas, ou como
Direito Comercial, termo contido na Constituição Federal. Além
disso, o Código Civil de 2002 revogou apenas a parte geral do
Código Comercial de 1850, seguindo vigente a parte especial.
Conhecer as exigências legais para a formação e desempenho
das sociedades, bem como a importância dos registros e os
riscos da sua ausência, é importante para que você entenda,
posteriormente as características de cada uma das espécies de
sociedades e seu papel no nicho de mercado que ocupam. E
então, motivado para desenvolver essa competência e vencer?
Vamos lá?

A união das pessoas com um fim comum


Os interesses sociais têm sua base na assunção de
obrigações, cujas fontes estão na lei, nas declarações unilaterais
de vontade, nos contratos e nos atos ilícitos.
A lei é classicamente definida como norma escrita emanada
de um poder competente e é base para as relações sociais, por
força do art. 5°, inciso II, da Constituição Federal, que reza:
“ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa, senão em virtude de lei”.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 14 29/07/2020 18:33:58


Direito Empresarial 15

As declarações unilaterais de vontade obrigam apenas


aqueles que as firmam. Subdividem-se em unilaterais, quando as
obrigações são apenas de quem firma o documento, a exemplo do
doador ou do emitente de um cheque, e bilaterais ou plurilaterais,
quando as obrigações são mútuas, como no caso dos contratos.
Os contratos são negócios jurídicos bilaterais ou
plurilaterais que obrigam dois ou mais contratantes, cuja vontade
converge para a concretização de interesses comuns. Quanto aos
seus efeitos estes podem ser unilaterais pois se obrigam apenas
uma das partes, ou bilaterais, pois se obrigam duas ou mais
partes.
Atos ilícitos ou antijurídicos são faculdades de agir
direcionadas para a infração às leis penais ou civis, que podem
ou não resultar em danos e no consequente dever de ressarcir a
lesão.
Ao longo da história, as pessoas uniram esforços para
produzir e comercializar mais e melhor, obtendo maiores lucros,
inicialmente reunidas em pequenos grupos familiares. Com
a Revolução Industrial, expandiram essa união e formaram
sociedades empresarias, que por sua vez evoluíram para as
atuais pequenas, médias e grandes empresas com atuação em
todos os segmentos econômicos. Essa diversidade e quantidade
de sociedades comerciais precisaram ser regulamentadas para
exercerem a função social que lhes é designada pela Constituição
Federal.
Dessa forma, de 1850 a 2003, quando entrou em vigência
o Código Civil de 2002, as relações empresariais foram
regulamentadas no Brasil pelo Código Comercial.
Nos dias atuais, o Direito Empresarial está regulamentado
no Código Civil de 2002, que define as regras gerais para
a constituição e gestão das sociedades empresárias e não
empresárias.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 15 29/07/2020 18:33:58


16 Direito Empresarial

Porém, o Código Comercial não foi integralmente


revogado. A parte especial segue vigente e regulamenta o
comércio marítimo, as quebras e falências.

Pessoa jurídica
Acreditamos que você já tenha ouvido falar no termo
Pessoa Jurídica (PJ). Vejamos o que a ciência jurídica diz sobre
isso.
Pessoa Jurídica é um termo extremamente amplo, que
abrange tanto organizações da área pública como da área
privada. Pode referir-se a órgãos públicos, autarquias, empresas
e fundações públicas, e empresas privadas de qualquer porte.
A Pessoa Jurídica é definida como uma entidade criada nos
termos da lei, com finalidade específica, dotada de personalidade
jurídica própria e independente dos seus representantes legais,
detentora de honra subjetiva (pode sofrer dano moral), que se
subdivide em pessoa jurídica de direito público, interno ou
externo, e de direito privado (art. 40, CC).
Vejamos a seguir a sua subdivisão.
a. Pessoas jurídicas de direito público externo: são os
Estados dotados de soberania, como: os Estados Unidos, a
França, a China, a Argentina, dentre outros, além dos organismos
internacionais dotados de personalidade jurídica regida pelo
direito internacional público, como a Organização das Nações
Unidas (ONU), a Organização Mundial do Comércio (OMC),
o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) etc. (art. 42, CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 16 29/07/2020 18:33:58


Direito Empresarial 17

Figura 1 – Logotipo da ONU

Fonte:Pixabay

Você sabe o que é a ONU? A ONU é uma organização


intergovernamental criada para promover a cooperação
internacional.
b. Pessoas jurídicas de direito público interno: considera-
se a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios –
lembrando que na atual organização estatal não temos territórios
–, os municípios, as autarquias (INSS, agências reguladoras,
etc.), as associações públicas (consórcios públicos, Lei nº
11.107/2005), as fundações públicas, e todas aquelas a que a
lei conferir este status (art. 41, CC). Todas as pessoas jurídicas
de direito público interno são criadas por lei, que estabelece se
elas submeter-se-ão ao regime público ou ao regime privado
do Código Civil. São também civilmente responsáveis pelos
atos praticados pelos seus agentes, que resultarem em danos a

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 17 29/07/2020 18:33:58


18 Direito Empresarial

terceiros, ressalvado o direito regressivo contra os causadores do


dano em caso de culpa ou dolo (art. 43, CC).
c. Pessoa jurídica de direito privado: são pessoas jurídicas
constituídas com base no princípio da liberdade e da autonomia
privada, fundadas em relações e interesses particulares, com
objetivo lucrativo ou filantrópico, criadas a partir dos registros
dos seus atos constitutivos nas Juntas Comerciais ou nos
Cartórios do Registro Civil das Pessoas Jurídicas. São pessoas
de direito privado as associações, as sociedades, as fundações,
as organizações religiosas, os partidos políticos e as empresas
individuais de responsabilidade limitada. Com base nos recursos
utilizados para a sua constituição, as empresas privadas podem
ter caráter público, se o capital em sua maior parte vier do Poder
Público, ou privado, se o capital em sua maior parte vier de fonte
privada (art. 44, CC).
No tópico a seguir apresentaremos os conceitos de
sociedade e empresa. Vejamos.

Sociedade e empresa
Ao longo dos seus estudos você deve ter aprendido o
conceito de sociedade e o que os autores da área das ciências
sociais tem a dizer a esse respeito. Também deve ter estudado
as características atribuídas pelos estudiosos com relação a
sociedade. Então, para você, qual o conceito de sociedade?
Ao responder a indagação anterior é comum falarmos que
a sociedade é composta por pessoas que possuem por objetivo o
bem comum. E o que significa empresa? Pois bem, a sociedade
e a empresa não são institutos sinônimos. Agora, vejamos o que
a ciência jurídica tem a nos dizer sobre isso.
A sociedade é a forma jurídica resultante da união de uma
ou mais pessoas que objetivam alcançar um fim comum. Em
uma sociedade prevalecem os interesses dos sócios, mas é a lei
que regulamenta as suas obrigações, a sua estrutura interna e a

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 18 29/07/2020 18:33:58


Direito Empresarial 19

responsabilidade civil perante terceiros. O Código Civil divide


as sociedades entre empresárias e não empresárias ou simples.
Já a empresa é a atividade econômica. Para a caracterização
da empresa o importante é a forma “como” a atividade econômica
é desenvolvida. Por esta razão ela é mais abrangente que a
sociedade, pois envolve os interesses dos sócios e de terceiros,
como empregados, consumidores, fornecedores, Fisco etc.
A sociedade pode existir sem que haja uma empresa, da
mesma forma que uma empresa pode existir sem que haja uma
sociedade. Exemplos disso são o MEI, o Empresário Individual
e a EIRELI, nos quais não há sócios e centram na pessoa de
um único indivíduo os direitos e obrigações empresariais; e as
sociedades simples, ou não empresariais, que exercem atividades
voltadas para a produção de bens e serviços.
Um outro ponto importante refere-se ao contrato.
Abordaremos a seguir a sua definição e os seus elementos
essenciais.

Elementos essenciais do contrato


Muitos de nós já assinamos um contrato de aluguel de um
imóvel, um contrato de prestação de serviços ou até mesmo um
contrato de franquia. Mas o que seria um contrato? Qual a sua
importância? Para que serve um contrato? Ao longo desse tópico
iremos responder aos questionamentos anteriores.
Os contratos podem ser definidos como um acordo entre
duas ou mais pessoas, de caráter patrimonial, fundado na boa-
fé e na função social, que tem por finalidade regulamentar e
delimitar interesses comuns, de acordo com o estabelecido na
ordem jurídica brasileira, e por objetivo a aquisição, alteração e
extinção de direitos em proveito econômico das partes.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 19 29/07/2020 18:33:58


20 Direito Empresarial

São princípios formadores do contrato:


a. Autonomia da vontade: é a exteriorização de vontade
das pessoas físicas e jurídicas na prática de atos jurídicos, para
determinar a sua forma, efeitos e conteúdo sempre que não
contrariem as leis, a ordem pública e os bons costumes. Abrange
todos os aspectos dos negócios jurídicos, inclusive as opções de
contratar, distratar ou não contratar.
b. Consensualismo: é a essência do contrato, o acordo
mútuo acerca do seu objeto. Pode ser manifestado de forma
verbal ou escrita, expressa ou tácita. Subdivide-se em:
consensualismo puro quando se trata de acordo de vontades,
tendo como exemplo o contrato de compra e venda (art. 482,
CC); consensualismo real, quando além do acordo de vontades
ocorre a tradição da coisa, tendo como exemplo o comodato (art.
579, CC) e o contrato de depósito (art. 627, CC).
c. Obrigatoriedade ou força obrigatória: esse princípio é
expresso no direito pelo brocardo latino pacta sunt servanda,
ou seja, o que foi pactuado em contrato deve ser respeitado e
cumprido pelas partes. É um princípio do liberalismo de que
o contrato faz lei entre as partes. Esse princípio é relativizado
pela cláusula rebus sic stantibus, ou seja, enquanto as condições
contratadas não se alterarem criando ônus que torne difícil para
qualquer das partes cumprir o acordado. É a chamada Teoria da
Imprevisão.
d. Relatividade dos efeitos: segundo esse princípio,
os efeitos dos contratos só obrigam as partes contratante e
contratada, vinculando-as ao objeto do contrato, e não atingem
terceiros ou o seu patrimônio.
e. Boa-fé: se traduz pela boa intenção, lealdade e confiança
que deve nortear as partes contratantes desde a formação
até a execução do contrato (arts. 113 e 422 do CC). A boa-fé
contratual se subdivide em: objetiva - é um dever de conduta,
de honestidade mútua que traduz pelo repeito de uma parte com

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 20 29/07/2020 18:33:58


Direito Empresarial 21

relação à outra; subjetiva - é um valor interno, uma qualidade


das partes de dizer aquilo em que acreditam e ter convicção no
que dizem.
f. Probidade: é o dever de honestidade, decoro, eticidade e
lealdade contratual que deve nortear os atos das partes contratante
e contratada durante toda a relação contratual.
g. Equilíbrio econômico: o princípio do equilíbrio
econômico decorre do princípio constitucional da igualdade
substancial (art. 3°, III, CF) e se traduz por paridade, simetria nas
prestações recíprocas contratadas, de forma a evitar que, diante
de fatos concretos, uma das partes seja excessivamente onerada
pelas obrigações contratadas, em detrimento do benefício ou
lucro monetário muito superior da outra parte. Vantagens e
encargos devem estar sempre em equilíbrio e em harmonia para
as partes contratante e contratada.
h. Função social: o princípio da função social do contrato
decorre do princípio da solidariedade e está ligado não só à
proteção dos interesses privados em favor do ser humano, mas
à própria dignidade da pessoa humana (art. 421 e parágrafo
único do art. 2.035, CC). É um conceito aberto que extrapola os
interesses unicamente privados para abranger toda a sociedade
e o seu bem-estar. Isso significa dizer que o contrato deve ser
instrumento de progresso e pacificação social.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 21 29/07/2020 18:33:58


22 Direito Empresarial

++
+
EXPLICANDO DIFERENTE

A lei relativiza o pacta sunt cervanda em prol da igualdade e da


harmonia social, ordenando que o contrato seja um instrumento
de progresso em favor da sociedade. Por isso, as cláusulas
contratuais que ofendem a ordem pública e a dignidade da
pessoa humana são nulas de pleno direito.

Além do respeito e obediência aos princípios, a norma


civil exige, para a validade dos negócios jurídicos que os agentes
sejam capazes, que o objeto do contrato seja lícito, possível,
determinado ou determinável, e que obedeça à forma prescrita
ou não defesa em lei.
A capacidade é uma qualidade mental do contratante para
exercer os atos da vida civil. Está ligada à consciência do sujeito
quanto ao ato em si e às consequências e responsabilidades que
advêm das suas escolhas (art. 972, CC).
Isso não significa que os incapazes ou os relativamente
capazes não possam contratar. Os interditos (incapazes) ou
curatelados (relativamente capazes) podem fazê-lo por meio
de pessoas que os representem legalmente (art. 974, III). A Lei
nº 13.146/2015, chamada Estatuto da Pessoa com Deficiência,
por sua vez, tem por norte a plena integração na sociedade das
pessoas com deficiência, estimulando a sua participação na
economia nacional, na medida da sua capacidade física e mental,
seja através de empregos públicos ou privados, seja participando
como sócios ou cotistas em empresas, independente do seu porte.
O objeto lícito, possível, determinado ou determinável:
a. Licitude: se traduz por objeto que não esteja em
desacordo com as leis;

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 22 29/07/2020 18:33:58


Direito Empresarial 23

b. Possível: é sinônimo de viável, de objeto que possa ser


concretizado. Ninguém pode contratar uma viagem de turismo
para o sol, pois, por impossibilidade absoluta, é impossível
concretizar o traslado e a estadia no sol. Mas alguém pode
contratar uma viagem para a lua, pois existe tecnologia para
isso, o que torna a impossibilidade relativa, dependente de
condições externas para a concretização do objeto. Exemplo
são as condições físicas do viajante, que durante os meses de
preparação para a viagem passa de 70 Kg a 150 kg de massa
corporal. O peso excessivo inviabiliza uma viagem ao espaço,
mas, como a impossibilidade relativa está no plano das eficácias,
isso pode ser revertido se o contratante emagrecer e voltar aos
70 Kg.
c. Determinado ou determinável: determinado é o objeto
que pode ser perfeitamente identificado e delimitado, como, por
exemplo, uma casa e os limites do seu terreno. Determinável é
um objeto que pode ser identificado no momento da assinatura do
contrato em seus elementos mínimos, mas que será delimitado e
melhor especificado no futuro. Um exemplo de determinável é a
compra de uma unidade habitacional em regime de cooperativa,
cujas unidades serão sorteadas entre os compradores depois do
prédio pronto.
Em resumo, são três os elementos essenciais do contrato: a
res, o pretium e o consensum, ou seja, a coisa objeto do contrato,
o preço e a livre vontade de contratar.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 23 29/07/2020 18:33:58


24 Direito Empresarial

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Agora, para termos


certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo
deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter
aprendido no capítulo o conceito de sociedade e empresa e viu
o que a ciência jurídica tem a dizer sobre isso. Também lhe foi
apresentado o conceito de contrato, sua finalidade e importância.
O contrato é uma celebração entre duas ou mais pessoas com
um propósito; seria um acordo entre duas ou mais vontades na
conformidade da ordem. É um vínculo jurídico resguardado pela
segurança jurídica. As empresas iniciam sua vida por meio de
um contrato ou um estatuto, que deve ser levado a registro na
Junta Comercial. A importância dos registros dos trâmites legais
para aquisição de personalidade jurídica pelas empresas permite
que elas negociem, recolham impostos e se desenvolvam no
nicho de mercado onde desempenham as suas atividades.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 24 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 25

Registros mercantis

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender a


importância dos registros mercantis e dos atos constitutivos.
E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

Importância dos registros mercantis


A partir da Revolução Industrial os atos negociais se
diversificaram de tal modo que se tornou imprescindível para
os Estados estabelecer uma forma de controle sobre as empresas
responsáveis pela produção e circulação de bens e serviços,
inicialmente para o recolhimento dos impostos e, no decorrer
dos anos, na medida que a dignidade da pessoas humana passou
a ser mais e mais valorada, também para facilitar a fiscalização
das atividades, a segurança dos trabalhadores, o acatamento das
leis trabalhistas, etc.
Atualmente, os registros públicos mercantis são serviços
públicos prestados por órgãos federais e estaduais para dar vida
às pessoas jurídicas, guardar o histórico dos seus atos - do registro
inicial à extinção -, e publicitar esses atos para conhecimento de
toda a sociedade.
Os registros mercantis e atividades afins estão
regulamentados em Lei Especial, Lei nº 8.934/94, são
obrigatórios em todo território nacional e devem ser feitos de
forma sistêmica por órgãos federais, estaduais e distrital, com as
seguintes finalidades:

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 25 29/07/2020 18:33:59


26 Direito Empresarial

“Art. 1°. (...)


I - dar garantia, publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia aos atos jurídicos das
empresas mercantis, submetidos a registro na
forma desta lei;
II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras
em funcionamento no País e manter atualizadas as
informações pertinentes;
III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares
do comércio, bem como ao seu cancelamento.”
O registro confere credibilidade aos atos empresariais,
criando presunção relativa de verdade aos negócios jurídicos e
aos atos negociais, protege o nome empresarial e os direitos da
empresa frente à concorrência desleal, garante externalidades
positivas para a sociedade ao reduzir riscos para quem negocia
com as empresas e possibilita ao Estado administrar a tributação
do sistema econômico.
A única exceção à imposição legal do registro diz respeito
à atividade rural. Mas, em que pese facultativo, uma vez efetuado
o registro, o empresário rural equipara-se aos empresários para
todos os efeitos legais (art. 971, CC).

Atos constitutivos
Ato constitutivo é o documento inicial para registro da
vontade do empresário de constituir empresa. Regra geral é
um Contrato Social ou, no caso da empresa individual, uma
Declaração de Empresário, nos quais constará o tipo jurídico da
empresa, o objetivo social, as regras para o funcionamento e a
administração, os bens que integrarão o patrimônio da empresa,
os direitos e obrigações dos sócios, a forma como se dará a
dissolução da sociedade e a destinação final dos bens, etc.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 26 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 27

Os atos constitutivos são elaborados pelo próprio


interessado ou pelos seus contadores e, posteriormente, levados
a registro nos termos do Código Civil, Lei Complementar
nº 123/2006, Lei nº 11.107/2005, Lei nº 8.934/1994, Lei nº
6.404/1976, dentre outros diplomas legais, dependendo da
exigência legal para cada tipo empresarial.

Concretização do registro mercantil


Para o exercício do registro público, a Lei nº 8.934/94
criou o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis
(SINREM), integrado pelo Departamento Nacional de Registro
Empresarial e Integração, gestor central técnico, normativo e
administrativo, e pelas Juntas Comerciais, órgãos locais que
executam e administram os serviços registrais.
O Código Civil também estabelece regras para os registros
públicos de empresas mercantis, mas, em que pese a exigência do
registro de empresário antes do início da atividade empresarial
(art. 967, CC), esse ato é meramente declaratório frente à
exigência legal do exercício profissional e habitual de atividades
efetivamente empresariais para a constituição de empresário
(art. 966, CC).
Ou seja, mesmo que o empresário ou a sociedade não
estejam registrados na Junta Comercial antes do início das
suas atividades, ainda assim serão considerados empresário
individual ou sociedade empresária, nos termos do Enunciado
198, do Conselho da Justiça Federal, muito embora sofram
as consequências limitativas da falta do registro, como a
impossibilidade de requerer recuperação judicial (art. 48, Lei
11.101/2005):
Cada estado-membro da federação tem uma Junta
Comercial, responsável por executar e administrar os registros
empresariais.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 27 29/07/2020 18:33:59


28 Direito Empresarial

Para efetivar a inscrição o empresário deve atender também


as formalidades legais do art. 968, do Código Civil, e protocolar
um requerimento na Junta Comercial do estado onde exercerá
suas atividades, no qual conste a sua qualificação completa
(nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado,
o regime de bens), assinatura autógrafa ou digital, o capital
da empresa, seu objeto e sede, e esteja visado por advogado,
exigência da Lei 8.906/94, art. 1°, parágrafo 2°.
Pelo fato das Juntas Comerciais integrarem a estrutura
administrativa dos estados-membros, elas se submetem
tecnicamente ao Departamento Nacional de Registro
Empresarial e Integração, órgão central do Sistema Nacional
de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), que é federal,
mas administrativamente segue as regras administrativas
estatais. Por isso, não são raras as variantes protocolares e de
prazos administrativos nas Juntas Comerciais dos diferentes
estados-membros. Esse caráter híbrido interfere também na
competência jurisdicional. A análise judicial dos atos técnicos
do registro de empresa no Departamento Nacional de Registro
Empresarial e Integração, órgão do SINREM, é de competência
da Justiça Federal; já a dos atos administrativos de competência
exclusivamente das Juntas Comerciais é de competência da
Justiça Estadual (art. 8°, da Lei nº 8.934/1994).
Filiais, sucursais ou agências abertas em estado diferente
daquele no qual foi feito o registro da matriz devem ser
registradas na Junta Comercial estadual mediante apresentação
da inscrição originária. Estabelecimentos secundários, ainda que
na mesma sede da matriz, também devem ser registrados (art.
969 e parágrafo único, CC).
Para efeitos jurídicos: filial é um estabelecimento
subordinado à matriz, mas que tem gestão própria; sucursal
é um ponto de negócio acessório, subordinado à matriz
administrativamente; agência é um estabelecimento que atua de
forma intermediária em prestação de serviços.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 28 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 29

Para efeitos de competência jurisdicional territorial, a


súmula 363 do Supremo Tribunal Federal estabelece que “a
pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no
domicílio da agência, ou estabelecimento, em que se praticou o
ato”. Neste sentido também o art. 75, parágrafo 1°, do Código
Civil: “tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em
lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio
para os atos nele praticados”. Porém, se no local da prática do
ato ou do evento danoso não houver agência ou estabelecimento,
a competência é do juízo da sede da empresa.
A exceção à exigência do registro na Junta Comercial
é o processo de abertura, registro, alteração e baixa das
microempresas e empresas de pequeno porte, cujo trâmite é
especial, simplificado e eletrônico, sendo possível a dispensa
das informações relativas a estado civil e regime de bens,
remessa de documentos e firma (art. 4°, parágrafo 1°, inciso I,
Lei Complementar 123/2006, c/c o art. 468, parágrafo 4°, do
CC).

Trâmite dos registros – controle e


fiscalização
Nos termos do art. 8°, da Lei nº 8.934/1994, a competência
das Juntas Comerciais é executiva e todos os seus atos devem
ser publicitados através de publicação no Diário Oficial dos
Estados ou do Distrito Federal, conforme o caso. Ou seja, cabe a
ela executar os atos de registro dos empresários que se dividem
em matrícula, cancelamento, arquivamento e autenticação (art.
32, Lei nº 8.934/1994).
Conheça os termos a seguir:
a. Matrícula: é o ato de registro nas Juntas Comerciais
de profissionais específicos: leiloeiros, tradutores públicos
e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de
armazéns-gerais;

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 29 29/07/2020 18:33:59


30 Direito Empresarial

b. Cancelamento: é o ato de revogação do registro de


matrícula. A inscrição do nome empresarial, a requerimento
do interessado, será cancelada quando cessar o exercício da
atividade empresária ou quando a sociedade for liquidada (art.
1.168, CC).
c. Arquivamento: é o ato de registro nas Juntas Comerciais
dos atos constitutivos do empresário individual e das sociedades
empresárias. São arquivados: os documentos de constituição,
alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais,
sociedades mercantis e cooperativas; os atos relativos a consórcio
e grupo de sociedades anônimas (Lei nº 6.404/1976); os atos
de empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no
Brasil; as declarações de microempresa; os atos ou documentos
legalmente atribuídos ao Registro Público de Empresas
Mercantis e Atividades Afins, ou que interessem ao empresário
e às empresas mercantis;
d. Autenticação: é o ato de registro dos livros empresariais
obrigatórios, destinados à escrituração contábil das empresas
mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio.
Esse é um pré-requisito de regularidade contábil e está previsto
também no art. 1.181, do Código Civil.
Como o objetivo primeiro do ato registral é a publicidade,
antes de formalizado, ele não pode ser oposto a terceiros, exceto
quando provado que este o conhecia. Porém, concretizado o
registro, é vedado ao terceiro alegar desconhecimento (art. 1.154
e parágrafo único, CC).
A proteção do nome empresarial é consequência automática
dos atos de registro (art. 33, Lei 8.934/1994).
Os seguintes órgãos integram as juntas comerciais:
[...] a Presidência, como órgão diretivo e representativo;
o Plenário, como órgão deliberativo superior; as Turmas, como
órgãos deliberativos inferiores; a Secretaria Geral, como órgão
administrativo; a Procuradoria, como órgão de fiscalização

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 30 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 31

e de consulta jurídica; e, a critério de cada uma, assessoria


técnica constituída por advogados, economistas, contadores ou
administradores de empresa. (art. 9°, Lei nº 8.934/1994)
O plenário é composto por vogais e suplentes, formado por
brasileiros natos ou naturalizados de conduta ilibada, em gozo
dos direitos civis e políticos, quites com o serviço militar e com
as obrigações eleitorais, nomeados pelos governos dos Estados
e do Distrito Federal para mandatos de 04 anos, permitida uma
recondução (art. 11 e 16, Lei nº 8.934/1994).
Às Turmas, compostas por 03 vogais, cabe julgar
originariamente os pedidos de registro, à Secretaria Geral cabe
executar os serviços de registro e administração das Juntas
Comerciais, e à Procuradoria cabe fiscalizar e promover o
cumprimento das normas legais e executivas, oficiando interna
e externamente em atos e feitos de natureza jurídica, inclusive
judiciais (arts. 23 a 28, Lei nº 8.934/1994).
Os interessados têm prazo de 30 dias corridos da
assinatura dos documentos descritos no inciso II, do art. 32,
da Lei nº 8.934/1994, para protocolar os documentos para
arquivo na Junta Comercial, que serão decididos pelos vogais
de forma singular em dois dias úteis, com efeitos ex tunc, ou
seja, retroagindo à data da assinatura pelos sócios. Protocolado
extemporaneamente, o efeito é ex nunc, ou seja, o arquivamento
será decidido no mesmo prazo de dois dias úteis, mas a eficácia
se dará a partir da data do despacho que o deferir (art. 36, Lei nº
8.934/1994).
O Código Civil praticamente replica o art. 36, da Lei nº
8.934/1994, no art. 1.151, mas acrescenta no inciso 3°, norma de
responsabilidade civil pela demora ou omissão do responsável
por providenciar os registros:
Art. 1.151. O registro dos atos sujeitos à
formalidade exigida no artigo antecedente será
requerido pela pessoa obrigada em lei, e, no caso

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 31 29/07/2020 18:33:59


32 Direito Empresarial

de omissão ou demora, pelo sócio ou qualquer


interessado.
§ 1° Os documentos necessários ao registro
deverão ser apresentados no prazo de trinta dias,
contado da lavratura dos atos respectivos.
§ 2 Requerido além do prazo previsto neste
artigo, o registro somente produzirá efeito a partir
da data de sua concessão.
§ 3 As pessoas obrigadas a requerer o registro
responderão por perdas e danos, em caso de
omissão ou demora.
Alguns atos, pelo nível de complexidade envolvido no
exame dos documentos e consequências advindas dos registros,
são julgados de forma colegiada, no prazo de cinco dias
úteis, o arquivamento dos atos de constituição das sociedades
anônimas, atas de assembleias gerais, dentre outros atos sujeitos
ao Registro Público, os atos de transformação, incorporação,
fusão e cisão de empresas mercantis, e os atos de constituição e
alterações de consórcio e de grupo de sociedades nos termos da
Lei nº 6.404/1976, que dispões sobre as Sociedades por Ações,
e, finalmente, o julgamento dos recursos interpostos contra
decisões singulares dos vogais.
Os prazos para recursos ao Plenário, sem efeito suspensivo,
são de 10 dias úteis para o interessado. A Procuradoria, se não
interpôs o recurso, é ouvida no mesmo prazo e, posteriormente,
o feito julgado no prazo de 30 dias.
Da decisão do Plenário cabe recurso ao Ministro da
Economia, Indústria, Comercio Exterior e Serviços em última
instância administrativa.
Importante ressalvar que, na análise dos documentos
levados ao registro, as juntas comerciais analisam tão somente
os aspectos formais exigidos nas leis. O exame de mérito do

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 32 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 33

contido nos documentos, o acordado entre sócios ou decidido em


reuniões de acionistas não é competência das Juntas Comerciais.
Algumas empresas, além do registro nas juntas comerciais,
precisam ter registros em outros órgãos. Exemplo são as empresas
de auditoria, que devem se registrar também na Comissão de
Valores Mobiliários (CVM).
Como os assentamentos nas juntas comerciais são
públicos, qualquer pessoa, sem necessidade de justificar razões,
pode consultar os atos registrados e pedir certidões, pagando
taxas administrativas (art. 29, Lei nº 8.934/1994).
Para desburocratizar os registros das empresas, a Lei
Complementar nº 123/2006, criou a Rede Nacional para a
Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e
Negócios (REDESIM), regulamentada pela Lei nº 11.598/2007,
que na atual estrutura administrativa federal está sob gestão
do Ministério da Economia, Indústria, Comercio Exterior e
Serviços, e simplificou os atos de registro, que hoje podem,
em grande parte, tramitar pela internet, e diminuiu prazos nos
processos administrativos.

ACESSE

Acesse a REDESIM no site http://bit.ly/31P29E9, para conferir


como as atividades de registro foram desburocratizadas pelo uso
da internet.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 33 29/07/2020 18:33:59


34 Direito Empresarial

Os empresários individuais ou sociedades empresárias


devem manter um sistema de escrituração contábil que varia
de acordo com a complexidade das atividades produtivas e
negociais.
Diz o Código Civil:
Art. 1.179. O empresário e a sociedade
empresária são obrigados a seguir um sistema
de contabilidade, mecanizado ou não, com base
na escrituração uniforme de seus livros, em
correspondência com a documentação respectiva,
e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o
de resultado econômico.
§ 1 Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a
espécie de livros ficam a critério dos interessados.
§ 2 É dispensado das exigências deste artigo o
pequeno empresário a que se refere o art. 970.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos
por lei, é indispensável o Diário, que pode ser
substituído por fichas no caso de escrituração
mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa
o uso de livro apropriado para o lançamento do
balanço patrimonial e do de resultado econômico.
A escrituração é tão importante que a lei que regulamenta
a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário
e da sociedade empresária, tipifica como crime a falta de
elaboração, escrituração ou autenticação do livro contábil diário,
antes ou após a decretação judicial da falência, concessão da
recuperação judicial ou homologação do plano de recuperação
extrajudicial, com pena de detenção de um a dois anos e multa,
se o fato não constituir crime mais grave (art. 178 e 180, Lei
11.101). O livro diário pode ser substituído por um sistema de

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 34 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 35

lançamento de fichas e pelo livro Balancetes Diários e Balanços


(art. 1.185 e 1.186, CC).
Pelo Código Civil, afora o Livro Diário, balanço
patrimonial e do de resultado econômico, os demais livros “em
tese” seriam opcionais e para controle interno das empresas,
como livro-caixa, razão, estoque etc. Porém, os dados inseridos
no livro diário precisam ser comprovados através de informações
contidas nos livros auxiliares, tornando-os obrigatórios por
conexão.
Leis trabalhistas, previdenciárias e fiscais, por sua
vez, também exigem escrituração em livros específicos que,
entretanto, não são considerados legalmente livros empresariais.
São exemplos: os leiloeiros, que devem ter os Livros de Registro
Diário de Entradas, Diário de Saída, Contas Correntes, Protocolo,
Diário de Leilões e Livro Talão, por forma de comando legal
contido nos arts. 31 e 32 do Decreto 21.981/1932; as Sociedades
Anônimas, que devem ter os Livros de Registro de Ações
Nominativas, Transferência de Ações Nominativas, Registro
de Partes Beneficiárias Nominativas, Atas das Assembleias
Gerais, Presença dos Acionistas, Atas das Reuniões do Conselho
de Administração e Atas e Pareceres do Conselho Fiscal, nos
termos do art. 100, da Lei nº 6.404/1976.
Para fins penais, os livros mercantis são equiparados a
documentos públicos e sua falsificação, no todo ou em parte,
também é tipificada como crime de falsificação de documento
público, com pena de reclusão de dois a seis anos e multa (art.
297, § 2.º, do Código Penal).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 35 29/07/2020 18:33:59


36 Direito Empresarial

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Então vamos ao


resumo dos assuntos tratados. Você deve ter aprendido sobre
a importância do registro mercantil bem como os trâmites do
registro e a sua fiscalização. Também aprendeu sobre as juntas
comerciais o seu significado. Você certamente entendeu que as
sociedades empresariais nascem da vontade dos sócios (affectio
societatis) ou acionistas (interesse no capital) em torno de um
objetivo comercial comum.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 36 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 37

Do sigilo

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que


significa o sigilo, o nome empresarial e o estabelecimento
comercial. Isto será fundamental para o seu aprendizado e estudos
na área. E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

O significado do sigilo
Muitas empresas, especialmente as de grande porte,
investem em pesquisas, têm produtos protegidos por regras de
patentes, investem dinheiro de pessoas que não querem, até por
segurança, para não ter os seus nomes divulgados, dentre muitas
outras situações que não devem se tornadas públicas.
Pensando nisso, o legislador estabeleceu, no art. 1.190 do
Código Civil, que ressalvados os casos previstos em lei, para
exibição e/ou publicidade obrigatórios:
[...] nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob
qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar
diligência para verificar se o empresário ou a
sociedade empresária observam, ou não, em seus
livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
À primeira vista este artigo passa a impressão de que as
empresas estão blindadas contra as ordens judiciais para a exibição
dos seus livros e análise por juízes, peritos, fiscais, procuradores
e outros operadores do direito, mas não é bem assim. Afinal,
nos termos do entendimento consagrado pelo Supremo Tribunal

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 37 29/07/2020 18:33:59


38 Direito Empresarial

Federal, nenhuma norma é absoluta e nem deve ser interpretada


de forma isolada do restante do ordenamento jurídico.
O que a lei veda neste artigo é a arbitrariedade; a
solicitação e exibição dos livros sem uma razão respaldada na
lei, protegendo-os da mera curiosidade alheia.
Sempre que houver previsão legal os livros devem ser
apresentados e podem ser examinados, e o próprio Código Civil
elenca algumas exceções, como no art. 1.191 e 1.193:
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição
integral dos livros e papéis de escrituração quando
necessária para resolver questões relativas a
sucessão, comunhão ou sociedade, administração
ou gestão à conta de outrem, ou em caso de
falência.
Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste
Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por
inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias,
no exercício da fiscalização do pagamento de
impostos, nos termos estritos das respectivas leis
especiais. (grifo nosso)
Mas, a Lei também teve o cuidado de restringir o exame dos
livros aquilo que interessar para o esclarecimento do problema
levado a exame judicial (art. 1.191, parágrafo 1°, CC).
Há uma exceção importante também no art. 195 e parágrafo
único da Lei nº 5.172/1966, Código Tributário Nacional, que
torna sem aplicação quaisquer normas que excluam ou limitem
os exames de mercadorias, livros, arquivos, documentos, papeis
e efeitos comerciais ou fiscais de todos os empresários, até à
prescrição, determinando ainda a obrigatoriedade da guarda de
todos os livros e documentos até a sua ocorrência.
A Súmula 439 do Supremo Tribunal Federal, por sua vez,
reconhece o direito fiscalizador do Estado e a obrigação de
exibição dos livros com limites: “estão sujeitos à fiscalização

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 38 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 39

tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado


o exame aos pontos objeto da investigação”.
O Código de Processo Civil autoriza o juiz a ordenar, a
requerimento da parte, a exibição integral ou parcial dos livros
empresariais e documentos de arquivo nos casos de liquidação
de sociedade, sucessão por morte de sócio ou quando e como
determinarem as leis, extraindo deles o que interessar ao litígio,
inclusive reproduções autenticadas (arts. 420 e 421, Lei nº
13.105/2015).
A mesma norma estabelece que a recusa de exibição de
documentos não será admitida quando a parte tiver o dever
legal de exibi-lo, quando o objetivo da exibição é constituir
prova e quando o documento, pelo seu conteúdo, for comum às
partes, podendo o juiz penalizar a recusa na apresentação com
a pena de confissão ou adotar medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais ou sub-rogatórias para obrigar a exibição do
documento.
A Lei das Sociedades Anônimas, Lei nº 6.404/1976, prevê
a exibição dos livros:
Art. 105. A exibição por inteiro dos livros da
companhia pode ser ordenada judicialmente
sempre que, a requerimento de acionistas que
representem, pelo menos, 5% (cinco por cento)
do capital social, sejam apontados atos violadores
da lei ou do estatuto, ou haja fundada suspeita de
graves irregularidades praticadas por qualquer
dos órgãos da companhia.
E há outras normas no mesmo sentido, ou seja, a vedação
de exibição prevista no Código Civil é relativa ante à previsão
em várias normas legais de exibição dos livros mercantis,
especialmente para fins de fiscalização e prova judicial.
Um questionamento doutrinário é se os livros auxiliares,
não obrigatórios, também precisam ser exibidos.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 39 29/07/2020 18:33:59


40 Direito Empresarial

A resposta é sim. Desde que haja previsão legal para a


exibição de documentos, ordem judicial ou requisição justificada
do fisco, os livros auxiliares devem ser exibidos. Além disso, a
escrituração contábil é indivisível, não fazendo diferença como
valor probante se os livros são obrigatórios ou auxiliares (art.
419, CPC).
Esse entendimento encontra respaldo também no
art. 1.194 do Código Civil, que ordena ao empresário e à
sociedade empresária a guarda adequada de toda a escrituração,
correspondência e demais papeis concernentes à sua atividade
até a ocorrência da prescrição ou da decadência.
Os micro e pequenos empresários, inclusive rurais, são
desobrigados de manter escrituração mercantil, mas não são
desobrigados da guarda dos documentos comprobatórios de
renda e despesas (Decreto-Lei nº 486/69, Lei Complementar nº
123/2006, Lei nº Complementar 48/84, Decreto nº 3.474/2000,
Decreto nº 9.580/2018).
Por fim, cabe ressaltar o valor probante dos documentos
empresariais, reconhecidos expressamente nos arts. 417 e 419
do Código de Processo Civil:
Art. 417. Os livros empresariais provam contra
seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia,
demonstrar, por todos os meios permitidos em
direito, que os lançamentos não correspondem à
verdade dos fatos.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham
os requisitos exigidos por lei provam a favor de
seu autor no litígio entre empresários.

Nome empresarial
O nome empresarial, ainda denominado popularmente
“razão social”, recebe proteção especial da lei, tanto por ter
conteúdo econômico, como pela sua importância subjetiva

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 40 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 41

enquanto designação e individuação do exercício de empresa


pelo empresário individual ou da sociedade empresária, e ainda
por ter a capacidade de se tornar marca, designação que permite
a pronta e imediata identificação da empresa, do produto ou
serviço que oferece. Um exemplo clássico é a Coca-Cola
Company, nome empresarial que se tornou marca de um dos
refrigerantes mais consumidos no mundo, a Coca-Cola.
O nome empresarial também desempenha papel de ordem
objetiva ao espelhar o bom nome, a reputação, a fama do
empresário individual ou da sociedade empresária.
Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos
de proteção legal, a denominação das sociedades simples,
associações e fundações (art. 1.155, parágrafo único, CC).
É importante ressalvar que se aplica às pessoas jurídicas,
no que couber, os direitos da personalidade (art. 52, CC).
Sendo assim, o nome das pessoas jurídicas, independente da
sua natureza pública ou privada, é direito personalíssimo, e
por isso intransferível e inalienável, passível de ser atingido
moralmente. Porém, não há impedimento legal de uso do nome
pelo comprador em caso de venda da empresa.
O Código Civil prevê ainda dois tipos de nomes
empresariais: a firma, individual ou social, e a denominação (art.
1.155, CC). A firma individual é o nome do próprio empresário,
utilizado, por exemplo, na designação do microempresário
individual. A firma social é o nome de um ou mais sócios
como, por exemplo, a que nomina sociedade de advogados. A
firma pode também designar o ramo de atividade empresarial.
Exemplo: Barros, Silva e Figueiredo Advogados Associados,
Instituto Clara de Beleza, Cícero Romano Curso Jurídico etc.
A denominação social, por sua vez, é o nome dado a uma
empresa, que pode ser uma palavra à escolha dos sócios, ou uma
expressão fantasia, acrescida ou não de expressão que caracterize

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 41 29/07/2020 18:33:59


42 Direito Empresarial

a sociedade. Os sócios podem escolher também o nome de uma


pessoa física, sob sua responsabilidade exclusiva.
Em caso de falecimento, exclusão ou retirada do sócio o
seu nome deve ser excluído da firma social (art. 1.165, CC).
De acordo com o tipo societário, o nome variará de
acordo com a espécie e estrutura da sociedade a ser constituída.
Exemplo: a sociedade anônima deve conter o S.A. no final do
nome; e a sociedade limitada deve conter a expressão limitada
ou LTDA também no final do nome.
Cabe ressalvar o princípio da novidade do nome
empresarial, inserido pelo legislador no art. 1.163 do Código
Civil:
Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-
se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro.
Parágrafo único. Se o empresário tiver nome
idêntico ao de outros já inscritos, deverá
acrescentar designação que o distinga.
Ou seja, é possível haver dois nomes empresariais
idênticos, desde que a designação os distinga. Exemplo: Sol e
Mar Restaurante Ltda. e Sol e Mar Cosméticos Ltda.
Esta restrição, entretanto, está limitada ao âmbito estatal
da Junta Comercial responsável pelo registro da inscrição do
empresário ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou
averbações no registro apropriado, exceto os casos de registro
especial, cujo âmbito se estende a todo o território nacional (art.
1.166 e parágrafo único, CC).
Por fim, uma inovação relevante trazida pelo Código Civil
de 2002 é a imprescritibilidade da ação para anular a inscrição do
nome empresarial decorrente de violação da lei ou do contrato
(art. 1.167, CC).
Isso não se pode dizer sobre o registro empresarial. O
Código Civil estabelece o prazo decadencial de 03 (três) anos

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 42 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 43

para anular registros com defeitos nos atos constitutivos, no


parágrafo único, do art. 45, do Código Civil:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas
jurídicas de direito privado com a inscrição do
ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas
as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de
anular a constituição das pessoas jurídicas de
direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição
no registro.
O art. 116, da Lei de Registros Públicos, Lei nº 6.015/1973,
coaduna com a Lei Civil quando proibe:
O registro dos atos constitutivos de pessoas
jurídicas, quando o seu objeto ou circunstâncias
relevantes indiquem destino ou atividades ilícitos
ou contrários, nocivos ou perigosos ao bem
público, à segurança do Estado e da coletividade,
à ordem pública ou social, à moral e aos bons
costumes.
A proibição é abrangente e, em parte, de avaliação subjetiva,
o que deixa a critério do Tabelião do Registro Civil das Pessoas
Jurídica, num primeiro momento, a avaliação e a negativa do
registro de atos constitutivos. Os interessados podem recorrer ao
Judiciário para revisão da avaliação e recusa de registrar.
Porém, se acaso o registro for realizado e, a posteriori, se
constatar o defeito no ato constitutivo, o prazo para o pedido de
anulação é de 03 (três) anos. Passado este prazo, prevalecerá o
registro.
Quanto à nulidade, ela está prevista na Lei de Registros
Públicos, art. 216, para os registros feitos após a sentença de

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 43 29/07/2020 18:33:59


44 Direito Empresarial

abertura de falência ou do termo legal nele afixado. Se o registro


for feito antes, não há nulidade.
O Código Civil prevê a nulidade quando os atos
constitutivos das associações desatenderem os incisos do art.
54, ou quando os atos forem simulados, nos termos do art. 167.

Estabelecimento empresarial
Nos termos do art 1.142 e 1.143, do Código Civil:
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo
complexo de bens organizado, para exercício
da empresa, por empresário, ou por sociedade
empresária.
Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto
unitário de direitos e de negócios jurídicos,
translativos ou constitutivos, que sejam
compatíveis com a sua natureza.
O estabelecimento comercial não é mais apenas o local
onde o empresário exercia as suas atividades. Hoje ele engloba
os bens materiais e imateriais, consumíveis, fungíveis e
infungíveis utilizados pelo empresário para o desenvolvimento
da sua atividade econômica. É um conjunto de bens e direitos
que possibilita a concretização da atividade-fim do empresário.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 44 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 45

RESUMINDO

Vamos recapitular o que aprendemos? Abordamos a importância


do sigilo e do nome empresarial. Você também viu como é
importante sabermos o significado desses conceitos para a área
do direito empresarial. Então, o sigilo, o nome empresarial e o
estabelecimento empresarial são importantes para distinguir as
empresas nesse nicho, proteger suas atividades.

Microempresas e empresas de pequeno


porte

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como


funcionam as microempresas, as empresas de pequeno e a
importância das duas em nossa economia. Você também terá
acesso a informações referentes às características dessas
empresas e as suas responsabilidades perante o Estado brasileiro.
E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 45 29/07/2020 18:33:59


46 Direito Empresarial

Compreendendo o significado das


microempresas e empresas de pequeno
porte
As micro e pequenas empresas têm um papel fundamental
na economia do país e na geração de mão de obra, sendo
responsáveis por parte importante do Produto Interno Bruto
Nacional anualmente.
Muito se tem falado e abordado, na grande mídia em nosso
país, acerca da importância das microempresas e empresas de
pequeno porte para a nossa economia. Há inclusive programa de
televisão no qual apresenta casos empreendedores, inovadores
e de sucesso sobre esses tipos de empresas. A mídia também
divulga as quantidades crescentes anuais dessas empresas que
são abertas em nosso país.
Em um país com um índice de desemprego crescente,
tal cenário, nos últimos anos, tem feito com que pessoas que
até então eram empregados de empresas passassem a ser
empreendedores. Então, diante dessa nova realidade que nos
apresenta, é fundamental conhecermos mais a fundo o que
significam as microempresas e as empresas de pequeno porte.
Você já ouvir falar ou conhece alguma microempresa? E
empresa de pequeno porte? Já consumiu algum serviço oferecido
por elas?
Não sem razão, a Constituição Federal de 1988, no art.
179, estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, devem dispensar às micro e pequenas empresas
tratamento especial, a serem definidos na lei infraconstitucional,
e tratamento jurídico diferenciado e simplificado nas áreas
administrativa, tributárias, previdenciárias e creditícias, com
vistas à diminuição da burocracia e à facilitação de acesso ao
crédito.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 46 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 47

No esteio do comando constitucional, os microempreen-


dedores, o empresário rural e o pequeno empresário recebem
tratamento especial em todo o processo de inscrição do empre-
sário e facilitação para o cumprimento das obrigações empresa-
riais tributárias e administrativas, melhor explicitadas nos arts.
968, parágrafo 4°, e 970, do Código Civil:
Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á
mediante requerimento que contenha:
(...)
§ 4. O processo de abertura, registro, alteração e
baixa do microempreendedor individual de que
trata o art. 18-A da Lei Complementar nº 123,
de 14 de dezembro de 2006, bem como qualquer
exigência para o início de seu funcionamento
deverão ter trâmite especial e simplificado,
preferentemente eletrônico, opcional para o
empreendedor, na forma a ser disciplinada pelo
Comitê para Gestão da Rede Nacional para a
Simplificação do Registro e da Legalização de
Empresas e Negócios - CGSIM, de que trata o
inciso III do art. 2 da mesma Lei. (Incluído pela
Lei nº 12.470, de 2011)
(...)
970. A lei assegurará tratamento favorecido,
diferenciado e simplificado ao empresário rural e
ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos
efeitos daí decorrentes.
Coube à Lei Complementar nº 123/2006, o Estatuto
Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte,
classificar quais são as micro e pequenas empresas, seleção que
é feita por faixa de faturamento.
Em 2019, o faturamento máximo por categoria foi definido
da seguinte forma:

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 47 29/07/2020 18:33:59


48 Direito Empresarial

a. Microempreendedor Individual (MEI): Receita bruta


anual de até R$ 81 mil;
b. Microempresa: Receita bruta anual de até R$ 360 mil,
exceto MEI.
c. Empresa de Pequeno Porte (EPP): Receita bruta anual
acima de R$ 360 mil até R$ 4,8 milhões.

Sociedades simples e sociedades empresárias


O Código Civil define como empresário “quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços” (art. 966)
para logo, no parágrafo único, definir que não é considerado
empresário, ou seja, aquele que “exerce profissão intelectual, de
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso
de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão
constituir elemento de empresa”.
O elemento de empresa, por sua vez, é o nível de
complexidade organizacional exigida para desenvolvimento
da atividade empresarial, entendimento majoritário que
prevalece no STJ (EREsp 866.286/ES, Rel. Ministro Hamilton
Carvalhido, julgado em 29/09/2010, DJe 20/10/2010). Mas, há
uma corrente minoritária que tem como um dos seus expoentes o
civilista Sylvio Marcondes, que considera elemento de empresa
tanto a complexidade da atividade e da estrutura para o seu
desenvolvimento, como a existência de atividades paralelas
também complexas no seu desempenho.
Na sequência, no art. 967, o Código Civil expressamente
define como sociedade empresária aquela “que tem por objetivo
o exercício de atividade própria de empresário, sujeito a registro,
e simples as demais”, excepcionando no parágrafo único que,
“independentemente do seu objeto, considera-se empresária a
sociedade por ações, e simples a cooperativa”.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 48 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 49

As sociedades empresárias devem ser registradas nas


Juntas Comerciais dos estados, órgão responsável pela execução
do registro público mercantil.
As sociedades simples, não empresárias, discriminadas no
Código Civil e também as cooperativas, por previsão expressa
no art. 982 do Código Civil, são registradas no Cartório do
Registro Civil de Pessoas Jurídicas, à exceção das sociedades
de advogados, cujos atos constitutivos devem ser registrados na
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) (art. 15, § 1º, Lei n.
8.906/94).
O empresário rural, as microempresas e empresas de
pequeno porte que podem escolher submeter-se ou não ao
regime jurídico do empresário, se atenderem às exigências para
o registro nas juntas comerciais (art. 971, CC).
Como as sociedades simples não constituem empresa, não
estão sujeitas à falência, à recuperação judicial ou extrajudicial
previstas na Lei nº 11.101/2005.
É importante ressalvar, porém, que apesar de não
constituírem empresa, o “art. 997, inc. II, não exclui a
possibilidade de sociedade simples utilizar firma ou razão social”
(CJF. Enunciado 213. III Jornada de Direito Civil. Coordenador-
Geral Min. Ruy Rosado de Aguiar. Referência Legislativa:
Código Civil de 2002, Lei n. 10.406/2002, art. 997. Disponível
em <https://www.cjf.jus.br/enunciados/enunciado/417>.
Consulta em 26.08.2019)
Relembrando: O Código Civil também excluiu as
atividades intelectuais de natureza científica, literária ou
científica do universo das atividades mercantis, independente
de terem empregados ou colaboradores, por lhes faltar uma
característica essencial às empresas: o elemento de organização
dos fatores de produção. Entretanto, se este elemento estiver
presente, a atividade intelectual caracteriza empresa. (parágrafo
único, art. 966, CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 49 29/07/2020 18:33:59


50 Direito Empresarial

Finalmente, é importante ressalvar o Enunciado 476


do Conselho da Justiça Federal, que na V Jornada de Direito
Civil pacificou as diferentes classificações empresariais que, no
Brasil, não guardam harmonia entre a União e os Estados, e nem
mesmo entre as áreas tributária e administrativa.
Diz a ementa:
Eventuais classificações conferidas pela lei
tributária às sociedades não influem para sua
caracterização como empresárias ou simples,
especialmente no que se refere ao registro dos atos
constitutivos e à submissão ou não aos dispositivos
da Lei n. 11.101/2005 (BRASIL, CJF, s/d).

Sociedades não personificadas


As sociedades não personificadas são aquelas que não
possuem registro, ou seja, não possuem personalidade jurídica.
Figura 2 - Despersonalização

Fonte: Pixabay

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 50 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 51

Subdividem-se em:
a. Sociedade em Comum: são as sociedades que não
tiveram os seus atos constitutivos registrados, chamadas também
sociedades de fato ou irregulares. A existência desse tipo de
sociedade só pode ser provada por documentos escritos. Os
bens e dívidas compõem um patrimônio especial que pertencem
equitativamente aos sócios, respondendo os bens “pelos atos de
gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso
limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro
que o conheça ou deva conhecer” (art.986 a 990, CC).
b. Sociedade em Conta de Participação: é uma sociedade
informal, sem registro por interesse dos sócios, que são de dois
tipos: o sócio ostensivo, que assume publicamente a gestão da
sociedade e gere os negócios em seu nome individual, sob sua
própria e exclusiva responsabilidade, atuando como empresário
individual ou sociedade empresária; e o sócio participante ou
oculto, que não aparece para terceiros, respondendo apenas ao
sócio ostensivo (arts. 991 a 996, CC).
Às vezes os sócios firmam um contrato informal, que gera
efeitos apenas entre eles. Porém, considerando que tônica desse
tipo de sociedade é a informalidade, a lei permite que o liame
contratual seja provado por todos os meios de direito.
O Enunciado 208, do Conselho da Justiça Federal,
harmonizou o entendimento doutrinário acerca da
obrigatoriedade de aplicação das normas do Código Civil nas
atividades despersonalizadas, independente de serem próprias
de empresário.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 51 29/07/2020 18:33:59


52 Direito Empresarial

RESUMINDO

E então? Gostou do conteúdo? Aprendeu tudo sobre a Introdução


nos temas do Direito Empresarial? Vamos relembrar?
Abordamos as diferenças entre as microempresas e empresas
de pequeno porte, as sociedades e empresárias, e as sociedades
não personificadas. Agora você está preparado para seguir
aprendendo mais e mais sobre o Direito Empresarial.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 52 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 53

02
UNIDADE

TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 53 29/07/2020 18:33:59


54 Direito Empresarial

INTRODUÇÃO
A Teoria Geral do Direito Empresarial é de extrema
importância para a compreensão dos aspectos jurídicos que
abrangem sócios, empresários individuais e sociedades
empresariais, sua estrutura jurídica, direitos e deveres,
impedimentos e proibições para o exercício da atividade
empresarial, etc. Da mesma forma a compreensão do capital
social, sua integralização para a viabilização dos objetivos sociais
e as regras legais para administração social são conhecimentos
imprescindíveis para o estudante do Direito Empresarial e para
o advogado. Esse conjunto de previsões legais é a base de toda a
construção jurídica empresarial. Então, vamos estudar e refletir
sobre estes conceitos e prescrições legais que se inserem na teoria
geral do Direito Empresarial? Acho que irá gostar muito deste
estudo e terá muito sucesso neste aprendizado. Bom estudo!

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 54 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 55

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – Teoria Geral
do Direito Empresarial. Nosso objetivo é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o

1
término desta etapa de estudos:

Compreender a Teoria Geral do Direito Empresarial


e sua importância;

2
Identificar as regras jurídicas que norteiam o sócio,
a sociedade empresária e o empresário individual,
proibições e impedimentos para o exercício da
atividade empresária;

3 Identificar e compreender o capital social e a sua


integralização, a administração e a representação
social;

4 Identificar e compreender os direitos e deveres dos


sócios.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 55 29/07/2020 18:33:59


56 Direito Empresarial

Teoria geral do direito empresarial

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de identificar quais são


as regras jurídicas que regem as relações sociais em geral. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá.
Avante!

Sociedades Empresárias

Classificação quanto à sua natureza


Quanto à sua natureza, as sociedades empresárias se
subdividem em sociedade de pessoas e de capital.
Em que pese a inexistência de uma definição na letra da lei,
essa distinção tem reflexos importantes na prática, especialmente
quanto à alienação da participação societária, ações ou quotas,
à dissolução das relações societárias por morte, e a penhora da
participação empresarial por dívida particular do sócio.
As sociedades são constituídas por quotas ou por ações,
prevalecendo umas ou outras na constituição de sociedade
por pessoas ou sociedades por capital. Por isso, atenção: não
existem sociedades constituídas por quotas e por ações a um só
tempo.
A sociedade de pessoas é lastreada na affectio societatis,
na confiança mútua entre os sócios na administração do negócio
e no nível de contribuição individual que empenham para o
sucesso do objeto social. Ou seja, o investimento pessoal dos
sócios é imprescindível para o sucesso do negócio e, por isso,

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 56 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 57

a saída de um deles da sociedade assume aspecto de extrema


relevância para os sócios remanescentes.
Figura 1 - Confiança e empenho mútuo

Fonte: Freepik

É fácil identificar a sociedade de pessoas pelas “cláusulas


de controle”, cláusulas contratuais rígidas que regulam a extinção
da sociedade em caso de morte, retirada ou exclusão de algum
sócio. São as Sociedades Simples puras, cujas regras de controle
estão na lei, as Sociedades em Nome Coletivo, as Sociedades em
Comandita Simples e as Cooperativas.
As Sociedades em Conta de Participação, em razão do seu
perfil jurídico, não se enquadram na classificação de sociedade
de pessoas.
Já na sociedade de capital inexiste a affectio societatis.
O Norte é o sucesso na concretização do fim social com boa
lucratividade para a empresa e os investidores. O que importa
é o dinheiro, o aporte financeiro. O envolvimento pessoal dos
sócios é dispensável, pois as atividades administrativas ficam a
cargo de diretores e administradores altamente especializados.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 57 29/07/2020 18:33:59


58 Direito Empresarial

Por isso, se algum acionista quiser se retirar da sociedade pode


vender, doar ou transferir suas ações sem problema algum e
sem necessidade de consulta aos demais acionistas, já que as
características pessoais, culturais e/ou econômicas do adquirente
são irrelevantes para a administração societária.
Quanto à penhorabilidade é preciso atenção ao tratamento
jurídico diferente que a lei dá aos bens móveis, imóveis e
semoventes que integram o patrimônio dos sócios e são garantia
de obrigações, daquela dada às quotas de sociedade limitada,
classificadas como direitos e não como bens.
Aliado a isso, para diminuir custos operacionais,
administrativos e tributários, bem como facilitar a transferência
de patrimônio familiar ou sucessório, os brasileiros estão
investindo mais em sociedades de participação ou holdings
familiares, sem atividades produtivas ou comerciais, cujo fim
social é apenas controlar outras sociedades ou administrar bens
(Lei 6.404/1976, art. 2°, parágrafo 3°, c/c o parágrafo único do
art. 1.053 do CC). Esse tipo de investimento altera a constituição
patrimonial privada dos investidores, podendo impedir a garantia
de dívidas através das quotas de capital e ser usado facilmente
para blindar bens em divórcios, execuções cíveis, trabalhistas,
fiscais e ambientais, criar dificuldades em disputas societárias,
ocultar bens ilicitamente adquiridos, etc.
O primeiro aspecto a considerar é a mudança da relação
jurídica dos sócios com os seus bens.
Uma vez integralizados, os bens deixam o patrimônio
do sócio e passam a integrar a totalidade do capital social da
empresa limitada que, por sua vez, tem autonomia patrimonial.
Há uma clara alteração de status protetivo civil, do Direito
das Coisas, que resguardava o bem individualmente considerado
do sócio, para o Direito Societário que, por sua vez, integra o

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 58 29/07/2020 18:33:59


Direito Empresarial 59

Direito das Obrigações e separa direitos e obrigações dos sócios


da titularidade das quotas empresariais.
Ou seja, o direito à titularidade das quotas garante aos
sócios o direito sobre uma fração do patrimônio total da empresa,
protegido pelo Direito Societário, sem distinção do que cada
sócio individualmente aportou à sociedade, no exercício da livre
disposição dos seus bens, sob a égide do Direito das Coisas.
Essa mudança de natureza patrimonial cria basicamente
três efeitos sobre a titularidade das quotas:
a. a administração do patrimônio da empresa passa a ser
decisão dos sócios, nos termos do contrato social;
b. é vedado ao Estado obstar o exercício desse direito
dos sócios, que tem natureza personalíssima, por meio
de constrição judicial, ou seja, por meio da penhora das
quotas;
c. o direito do sócio à fração das suas quotas tem
natureza de crédito subordinado, ou seja, ele é credor
da sociedade na porcentagem das suas quotas. Porém, a
dívida da sociedade não pode ser paga em prejuízo dos
demais sócios-credores e nem da própria sociedade. Um
sócio não pode exigir o valor das suas quotas em prejuízo
dos demais, exceto quando a empresa possuir recursos
em caixa para pagar o valor da titularidade de todos os
sócios sobre as suas respectivas quotas. Contabilmente, as
dívidas dos sócios para com as empresas que não podem
ser reclamadas são denominadas “passivo não exigível”.
Quando extinta a sociedade, após pagamento dos terceiros
credores, a universalidade dos bens da empresa é destinada a
ressarcir todos os sócios-credores, na proporção da titularidade
das quotas que cada um possui, independente do valor que
integralizaram.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 59 29/07/2020 18:34:00


60 Direito Empresarial

EXEMPLO

Se um sócio integraliza R$500,00, outro R$300,00 e outro R$100,00,


totalizando 900 cotas no valor de R$1,00 cada, e no contrato
social elas são divididas igualmente em 300 cotas integralizadas
para cada sócio, o ressarcimento será correspondente às 300 cotas
integralizadas e não ao valor que cada um investiu na empresa.

Ficam claros, dessa maneira, os vínculos obrigacional e


de garantia que afetam as relações entre sócios e sua titularidade
sobre as quotas.
Na prática essa transferência patrimonial e de status
de proteção jurídica dificulta a investida do credor sobre o
patrimônio integralizado pelos sócios a uma sociedade limitada.
O Código Civil limita a possibilidade da penhora e autoriza
liquidação das quotas se o credor provar a “insuficiência de
outros bens do devedor”:
Art. 1.026. O credor particular de sócio pode, na
insuficiência de outros bens do devedor, fazer
recair a execução sobre o que a este couber nos
lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em
liquidação.
Parágrafo único. Se a sociedade não estiver
dissolvida, pode o credor requerer a liquidação da
quota do devedor, cujo valor, apurado na forma
do art. 1.031, será depositado em dinheiro, no
juízo da execução, até noventa dias após aquela
liquidação.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 60 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 61

Há uma impropriedade no caput do artigo, pois o legislador


chamou lucro ao que deveria ter denominado dividendos. Lucro
é o bem resultante do exercício das atividades da empresa, a
ela pertence e, não necessariamente, traduz disponibilidade de
caixa. Não pode ser penhorado para pagar dívida particular dos
sócios, sob pena de prejudicar as relações negociais da empresa
com os seus próprios credores e quiçá a sua existência. O que o
art. 1.026 autoriza, na realidade, é a penhora dos dividendos, a
parte do lucro que caberá a cada sócio, ao final de cada exercício
financeiro, e que ainda não foi distribuído.
Esta é a ordem procedimental prevista no Código Civil
para cobrir dívidas particulares dos sócios: primeiro penhora-
se os bens dos sócios, excetos as quotas; se não houver bens
pessoais, pode-se penhorar os dividendos que ainda não foram
pagos; se também não houver dividendos, penhora-se a quota
para fins de liquidação e posterior pagamento do credor. A quota
penhorada não pode ser incorporada ao patrimônio do credor,
sob pena de ferir a affectio societatis.
O objetivo do legislador ao proteger a empresa dos encargos
advindos das dívidas particulares dos sócios tem objetivo social e
visa proteger os empregos e a geração de riquezas, salvaguardar
a tributação, etc.
O Código de Processo Civil, por sua vez, estabelece regras
que possibilitam a mantença da sociedade pelos demais sócios
do devedor quando parte das quotas são penhoradas (art. 861). O
objetivo, reitere-se, é sempre preservar as atividades da empresa
e sua função social.
A exceção se aplica às sociedades anônimas. Como nelas
inexiste a affectio societatis, as ações podem ser adjudicadas ao
exequente ou alienadas em bolsa de valores (art. 861, parágrafo
2°).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 61 29/07/2020 18:34:00


62 Direito Empresarial

Após os investigadores da Lava Jato descobrirem


que fraudadores do dinheiro público investiram em holding
familiares para proteger patrimônio ilicitamente adquirido,
as autoridades públicas passaram a ficar mais atentas a esse
tipo de investimento. O STJ, no REsp 1.098.712, pacificou a
desconsideração da pessoa jurídica sempre que for constatado
“desvio da finalidade empresarial ou confusão patrimonial
entre a sociedade e seus sócios”. Ou seja, constatada a fraude
na constituição ou abuso na finalidade das holding familiares,
seja para favorecer alguns herdeiros em detrimento de outros,
prejudicar cônjuges em partilha de bens, recuperar bens e valores
ilicitamente adquiridos, etc, aplica-se o art. 50 do Código Civil
para afastar a personalidade jurídica para atingir bens particulares
dos sócios. (art. 7°, Lei 13.874/2019, alterou o CC).
Diz o artigo:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento
da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para
que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares
de administradores ou de sócios da pessoa jurídica
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso..
(Lei n° 13.784, de 2019).

Sociedade unipessoal
Como o próprio nome revela, a sociedade unipessoal
é a constituída por um único sócio e pode ser de dois tipos:
a Sociedade Subsidiária Integral e a Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada - EIRELI.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 62 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 63

a. A Sociedade Subsidiária Integral está regulamentada na


Lei 6.404/1976. É uma forma de sociedade anônima permitida
apenas para empresas brasileiras, constituída por escritura
pública, por meio da aquisição de 100% das ações de outra
empresa, ou pela incorporação de todas as ações do capital social
ao patrimônio de outra companhia brasileira, para convertê-la
em subsidiária integral.
São cinco os requisitos legais para a constituição de uma
Sociedade Subsidiária Integral (art. 251, Lei 6.404):
1. Só uma única pessoa jurídica 100% brasileira
(constituída de acordo com as leis brasileiras,
com sede e administração no Brasil), de qualquer
tipo societário, pode constituir uma Subsidiária
Integral ou controlá-la;
2. Pessoas físicas, associações e fundações
não podem ser sócio único de uma Subsidiária
Integral. Empresa estrangeira só pode participar
na sua constituição de forma indireta, como um
dos sócios da empresa brasileira constituidora.
3. A criação da Sociedade Subsidiária Integral é
complexa e deve ser feita, obrigatoriamente, por
meio de escritura pública, lavrada por tabelião
do cartório de registro de notas, e registrada na
Junta Comercial do Estado da sua sede. No caso
da aquisição de ações de uma Subsidiária Integral
não é preciso escritura pública. Basta a alteração
do estatuto e o registro na Junta Comercial.
4. A forma societária deve ser a sociedade
anônima por imposição legal.
5. A incorporação da totalidade das ações de
uma Sociedade Subsidiária Integral (incorporada)

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 63 29/07/2020 18:34:00


64 Direito Empresarial

só pode ser feita por outra Sociedade Anônima


(incorporadora), após submissão e deliberação
favorável da assembleia-geral das duas companhias
(art. 252, Lei 6.404). Em que pese mantenha a
sua independência administrativa, a incorporada
passa a ser subsidiária da incorporadora.

IMPORTANTE

Se uma sociedade anônima passa a ter apenas um sócio até a data da


assembleia geral ordinária do ano seguinte, ela deve ser dissolvida
(art. 206, I, “d”, Lei 6.404). As opções para evitar a dissolução
são: a incorporação de outro sócio antes da data da assembleia
geral, transformá-la numa Sociedade Subsidiária Integral se o
sócio for empresa brasileira, ou ainda numa Empresa Individual
de Responsabilidade Limitada - EIRELI. No caso das demais
sociedades o prazo de dissolução é de 180 dias corridos (art. 1.033,
IV, CC).

b. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada -


EIRELI foi criada pela Lei 12.441/2011, no art. 980-A, que alterou
o Código Civil com o objetivo de limitar a responsabilidade do
empresário ao montante do capital da empresa e corrigir duas
distorções antigas: uma ficção de Sociedade Ltda., no jargão
jurídico a “sociedade faz de conta”, na qual o real empresário
e administrador tinha a titularidade da quase totalidade das
cotas integralizadas, não raro 99%, e o outro sócio, meramente
figurativo, ficava com 1% das cotas; e a confusão na titularidade
do capital integralizado quando a sociedade era formada por

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 64 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 65

dois sócios casados sob o regime da comunhão de bens. Hoje o


Código Civil, no art. 977, proíbe a sociedade marital quando o
regime de casamento for o de comunhão universal de bens ou de
separação obrigatória de bens por exigência legal.
Nos termos do parágrafo 7°, do art. 980-A:
Somente o patrimônio social da empresa
responderá pelas dívidas da empresa individual
de responsabilidade limitada, hipótese em que
não se confundirá, em qualquer situação, com o
patrimônio do titular que a constitui, ressalvados
os casos de fraude. (NR).
No caso de morte do único sócio, o prazo para a substituição
é de seis meses. Se outro sócio não assumir a empresa neste
prazo ela deve ser dissolvida e os bens liquidados para partilha
sucessória.
A criação da EIRELI atendeu a um fim econômico-social
ao permitir a legalização de empresas unipessoais e também a
um fim administrativo-judicial, através da diminuição de ações
judiciais envolvendo conflitos entre sócios de sociedades “faz
de conta” e/ou brigas entre cônjuges, que se arrastavam por anos
com prejuízo para os negócios empresariais, para a geração de
empregos e renda.

IMPORTANTE

A EIRILI se assemelha muito ao Empresário Individual, mas


são constituições empresariais diferentes. São três a principais
diferenças:

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 65 29/07/2020 18:34:00


66 Direito Empresarial

1. Tributária: o empresário individual responde por


uma carga tributária de 27,5% retida na fonte, enquanto a
EIRELI tem um encargo tributário de 6,15% para pagar o
Imposto de Renda e as contribuições sociais;
2. Autonomia Patrimonial: o empresário individual
responde com os seus bens por prejuízos advindos das
suas atividades. No caso da EIRELI o patrimônio da
empresa é autônomo e limitado ao capital social máximo
de cem vezes o salário mínimo, não responde pelas dívidas
pessoais do sócio, não se comunica e nem se confunde
com o patrimônio pessoal dele;
3. Responsabilidade Previdenciária: ao contratar um
empresário individual, a empresa contratante responde
pela contribuição previdenciária, o que não ocorre na
contratação de uma EIRILI.

Sociedade limitada entre cônjuges


Na vigência do Código Civil de 1916 havia muita discussão
doutrinária e divergência jurisprudencial sobre a legalidade na
constituição de sociedade limitada tendo cônjuges como sócios,
sob o argumento de fraude contra normas do direito de família,
que foi pacificada por decisão do Supremo Tribunal Federal em
1989.
Figura 2 - Aliança entre cônjuges

Fonte: Freepik

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 66 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 67

O Código Civil, no art. 977, num retrocesso à conquista


jurisprudencial, proibiu a sociedade limitada aos casados
sob o regime da comunhão total de bens ou sob o regime
obrigatório de separação de bens. Porém, não há óbice legal
para que conviventes em união estável, independente do regime
que porventura tenham acordaram no pacto de convivência -
comunhão total, parcial ou separação de bens, e aos casados pelo
regime parcial de bens e pela separação de bens por livre escolha
dos nubentes, independente do acordado em pacto antenupcial
sejam sócios em sociedade limitada.
Na prática, porém, se mesmo com a proibição legal
cônjuges, casados sob o regime da comunhão total ou separação
total impositiva, registrarem sociedade limitada na qual são
sócios, ambos respondem ilimitadamente pelas obrigações
sociais.

IMPORTANTE

Algumas obras fazem referência apenas a marido e mulher, mas


essa qualificação, com lastro no sexo feminino e masculino, tal
qual prevista no CC foi superada por decisão do Supremo Tribunal
Federal que reconheceu a existência de vários tipos de família e
a possibilidade do casamento civil homossexual. Sendo assim, a
proibição do art. 977 se estende também aos relacionamentos
homoafetivos e plúrimos civilmente casados. Isso porque a proteção
jurídica tem por foco não o sexo ou o número dos indivíduos
casados, mas as consequências jurídicas advindas da confusão entre
patrimônio empresarial e patrimônio pessoal na comunhão total e
na separação total obrigatória de bens.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 67 29/07/2020 18:34:00


68 Direito Empresarial

Por outro lado, a contrario sensu, o art. 977 deixa claro o


direito personalíssimo, a legalidade e a liberdade de qualquer
pessoa casada contratar sociedade com terceiros, adquirir
ou alienar quotas ou ações independentes da outorga marital,
respeitada a ressalva da integralização do capital por meio de
transferência de bem imóvel (art. 1.647, I, CC).
A sociedade bifronte se assenta em relações jurídicas
diferentes, familiar e negocial, que gozam de proteção jurídica
distinta. Somente no caso de contratação societária por motivo
ilícito, comum a ambos sócios casados, ou para fraude a lei as
relações jurídicas familiar e negocial podem se interconectar.
(art. 166, III, c/c 106, VI, CC).

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido quais são as regras jurídicas que regem
as relações sociais em geral. Como também aprendeu sobre a
sociedade limitada entre cônjuges.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 68 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 69

Capacidade jurídica empresarial

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como


funciona a capacidade jurídica empresarial. Isto será fundamental
para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Capacidade civil empresarial


Capacidade civil empresarial é a qualidade daquele que
reúne capacidade civil e inexistência de impedimentos legais para
o exercício da atividade empresarial. Ou seja, são os indivíduos
que, de acordo com a lei, não estão impedidos, temporária ou
permanentemente, de exercer a atividade empresarial.
A primeira delimitação para o exercício da atividade
empresária está na restrição contida no art. 5°, inciso XIII, da
Constituição Federal, sobre a qualificação profissional:
“Art. 5°. XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho,
ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que
a lei estabelecer.”
A regra é o livre exercício de atividades laborais, mas
algumas atividades empresárias exigem que seus sócios
administradores tenham conhecimentos técnicos específicos, a
exemplo da medicina, engenharia, veterinária, etc.
A Constituição, o Código Civil e várias leis especiais
esparsas contêm normas que proíbem ou impedem, no todo ou
em parte, o exercício de atividade de empresário com o objetivo
de proteção da coletividade, do bem público, da moralidade
pública ou da segurança nacional.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 69 29/07/2020 18:34:00


70 Direito Empresarial

Diz o Código Civil:


“Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os
que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem
legalmente impedidos”.

IMPORTANTE

A vedação legal prevista no Código Civil, como regra geral, atinge


o exercício da atividade de empresário e não a participação das
pessoas em empresas como sócios ou acionistas sem poderes para
gestão e representação, exceto por vedação expressa na CF ou em
lei especial.

Pela regra geral civil, podem ser empresários os maiores


de 18 anos, no gozo dos seus direitos civis, e os maiores de 16 e
menores de 18 anos emancipados e não legalmente impedidos.
Menores e incapazes, mesmo em caso de incapacidade
civil absoluta (art. 3°, CC) ou relativa (art. 4°, CC) podem ser
sócios de sociedades simples ou empresárias, pois não estão
impedidos de titular direitos e deveres. São apenas portadores
de incapacidade para exercê-los por si, necessitando do auxílio
de terceiros.
Enquanto detentores de direitos e deveres, inexiste óbice
legal para que menores e incapazes sejam titulares de cotas
ou ações, desde que tenham o patrimônio pessoal preservado
de riscos. Ou seja, eles podem herdar quotas ou ações, recebê-
las por meio de doação, comprá-las ou participar da criação
de uma sociedade, obviamente representados ou assistidos
por apoiadores, tutores ou curadores, com a concordância dos
demais sócios, mas não podem ter responsabilidade subsidiária

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 70 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 71

pelas obrigações sociais, já que o patrimônio que possuem deve


ser totalmente preservado.
Nesse diapasão, a lei estabelece que o menor ou o incapaz,
representado ou assistido por tutores ou curadores pode continuar
na empresa da qual era sócio quando capaz, por seus pais ou pelo
autor de herança, mediante autorização judicial. Se estes forem
legalmente impedidos de exercer a atividade de empresário, o
juiz nomeará um ou mais gerentes, conforme a necessidade, o
que, entretanto, não os exime do dever de proteger o patrimônio
dos curatelados e tutelados e vigiar os atos dos gerentes, sob
pena de responsabilidade. (art. 974 e seguintes, CC).
A emancipação e a concessão ou revogação de autorização
devem ser inscritas ou averbadas na Junta Comercial. (art. 976,
CC).
Figura 3 - Pessoas com deficiência

Fonte: Freepik

O Estatuto da Pessoa com Deficiência, por sua vez, espelha


um grande avanço social ao reconhecer e estipular a inserção e a
participação dos deficientes físicos e mentais na sociedade com
acesso ao mercado de trabalho, inclusive ao empreendedorismo,
respeitadas as suas limitações. Cabe ao SUS proporcionar meios
para que os deficientes físicos e mentais possam empreender, por
si ou com o auxílio dos seus apoiadores, tutores ou curadores.
Menores e incapazes podem ser quotistas comanditários em
nas sociedades em comandita simples e quotistas nas sociedades

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 71 29/07/2020 18:34:00


72 Direito Empresarial

limitadas, acionistas nas sociedades anônimas e acionista não


dirigente nas sociedades em comandita por ações.
As Juntas Comerciais vetavam a inscrição de menores e
incapazes como empresário EIRELI, com base no art. 972-A
do Código Civil, inserido em 2011, que exige o pleno gozo da
capacidade civil para o exercício de atividades empresárias.
Essa distorção administrativa ilegal foi sanada, em março
de 2019, pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração
– DREI, órgão do Sistema Nacional de Registro de Empresas
Mercantis do Comércio – SIREM, a quem cabe supervisionar,
coordenar e orientar tecnicamente os órgãos responsáveis pelo
registro de empresas mercantis e atividades afins, através da
Instrução Normativa 55, ou IN DREI 55.

SAIBA MAIS

A IN DREI 55 em especial, dentre outras que regulamentam


administrativamente as sociedades, deve ser conhecida por aqueles
que estudam o Direito Empresarial, pelo impacto direto que tem
em outras áreas do Direito (Sucessório, Família, etc.). Ela pode
ser encontrada neste link: http://bit.ly/2Po9VjS (Acesso em
06/02/2020).

Quanto aos indígenas e descendentes, a maioria está


integrada à comunhão nacional e tem capacidade civil. São
sujeitos de diretos e obrigações, como brasileiros natos, e
podem exercer a atividade empresária amplamente, em todas as
sociedades, com as restrições que se aplicam a quaisquer outros
cidadãos.
Somente aos indígenas não integrados à comunhão
nacional, com exceção parcial para aqueles que tenham

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 72 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 73

consciência e conhecimento dos atos praticados e da extensão


dos seus efeitos, desde que não lhes sejam prejudiciais, são
aplicadas as normas de proteção estatal previstas no Estatuto
do Indígena e demais normas assistenciais. (art. 231, CF, Lei
6.001/1973, Decreto 5.051/2004 - promulgou Convenção 169
da OIT).
Os índios também podem requerer judicialmente a sua
liberação do regime tutelar estatal e serem investidos na plenitude
da capacidade civil ao completarem 21 anos, se conhecerem a
língua portuguesa, possuírem habilitação para o exercício de
atividade útil e razoável compreensão dos usos e costumes da
comunhão nacional. (art. 9°, Lei 6.001/1973).
Mas, inexiste impedimento legal, a exemplo do que
se aplica aos menores e incapazes, para que sejam sócios ou
acionistas em quaisquer sociedades, com eventuais restrições
para as atividades de administração.
Há indivíduos, porém, independente de possuírem
capacidade civil, que são proibidos ou impedidos por lei de
exercerem a atividade de empresário.
São legalmente proibidos de exercer a atividade de
empresário:
a. O Presidente da República, ministros, governadores,
prefeitos e ocupantes de cargos comissionados (art. 17,
inciso X, Lei 8.112/90).
b. Magistrados federais e estaduais (art. 33, inciso I, Lei
Complementar n° 35/1979).
c. Membros do Ministério Público da União (Federal, do
Trabalho, Militar, do Distrito Federal e Territórios) e dos
estados (art. 44, inciso III, Lei n° 8.625/1993).
d. O falido enquanto não for reabilitado legalmente (art.
102, Lei n° 11.101/2005).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 73 29/07/2020 18:34:00


74 Direito Empresarial

e. O leiloeiro (art. 36, a, 1°, 2° e 3°, Decreto 21.981/1932).


f. O médico, para o exercício simultâneo da farmácia e
vice-versa. (art. 16, h, Decreto 20.931/1932).
g. O português com autorização de residência, com
relação às empresas de telecomunicações. (art. 222, CF).
h. Brasileiros naturalizados há menos de dez anos
e empresas com sede no estrangeiro não podem ser
proprietários, principais acionistas e empresas jornalística
e de radiodifusão de sons e/ou de sons e imagens e pessoas.
(art. 222, CF).
São legalmente impedidos de exercer a administração
de sociedade limitada as pessoas indicadas expressamente
parágrafo primeiro, do art.1.011, do Código Civil:
§ 1. Não podem ser administradores, além das
pessoas impedidas por lei especial, os condenados
a pena que vede, ainda que temporariamente, o
acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar,
de prevaricação, peita ou suborno, concussão,
peculato; ou contra a economia popular, contra
o sistema financeiro nacional, contra as normas
de defesa da concorrência, contra as relações de
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto
perdurarem os efeitos da condenação.
São também impedidos de gerir ou administrar as
sociedades limitadas, por leis especiais:
a. o brasileiro naturalizado há menos de 10 anos em
empresa jornalística e de radiodifusão sonora e radiodifusão
de sons e imagens (art. 222, CF);
b. o estrangeiro sem autorização de residência que permita
o exercício de atividade remunerada no país. (parágrafo
1°, art. 13, c/c art. 30, Lei 13.445/2017);

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 74 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 75

c. o residente fronteiriço sem autorização legal para


o exercício de atividades da vida civil. (art. 23, Lei
13.445/2017);
d. os estrangeiros na faixa de fronteira (150 Km de
largura). Somente pessoas físicas ou empresa individual
brasileira podem explorar estabelecimento ou indústria
que interesse à Segurança Nacional e que se dedique à
pesquisa, lavra e exploração de recursos minerais, exceto
os usados na construção civil, e colonização e loteamento
rurais. (art 3°, inciso III, da Lei 6.634/1979);
e. Os funcionários públicos quanto ao comércio e
exercício de gerência ou administração de sociedades
privadas, exceto quando a participação se der em conselhos
administrativos e fiscais de empresas e entidades nas
quais a União tenha participação no capital social e em
sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a
seus membros. Inexiste impedimento legal para que sejam
acionistas, cotistas ou comanditários. (Lei 8.112, art. 117 e
parágrafo único, inciso I);
f. Os militares da ativa (art. 29, Lei 6.880/1980);
g. Senadores, deputados e vereadores, a partir da
posse, possuem impedimento parcial. Não podem
exercer atividade remunerada, nem serem proprietários,
controladores ou diretores de empresa que mantenha
contrato com pessoa de direito público. (art. 54, inciso II,
a, CF).
Finalmente, no caso de incapacidade superveniente,
nas sociedades de pessoas, nas quais está presente a affectio
societatis e o intuitu personae ou princípio da pessoalidade, é
possível a exclusão do sócio interdito ou curatelado, por decisão
da maioria dos demais sócios, decretada por sentença judicial,

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 75 29/07/2020 18:34:00


76 Direito Empresarial

em processo no qual intervenha obrigatoriamente o Ministério


Público, sob pena de nulidade, para garantia de proteção integral
dos direitos do interdito ou curatelado. (art. 130, CC).
Deferido o pedido de exclusão dá-se a liquidação das
quotas (art. 1.031, CC).
Esta regra, porém, não se aplica às sociedades intuitu
pecuniae nas quais a importância do capital se sobrepõe, como
as sociedades anônimas, em razão da livre cambiariedade dos
títulos.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu
o tema de estudo deste capítulo, vamos o que vimos. Você deve
ter aprendido sobre a capacidade jurídica empresarial e a sua
importância.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 76 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 77

O Capital social e a sua integralização

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como


funciona o capital social. Isto será fundamental para o exercício
de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

O significado do capital social


O capital social é dividido em parcelas denominadas
quotas, atribuídas a cada um dos sócios de acordo com valor dos
bens investidos per se, para composição do capital social, ou em
percentual livremente acordado entre eles, e individualizadas
obrigatoriamente no contrato social.
A divisão em quotas é importante na distribuição de lucros
e resultados, nos termos Código Civil:
Art. 1.007. Salvo estipulação contratual em
contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas,
na proporção das respectivas quotas, mas aquele,
cuja contribuição consiste em serviços, somente
participa dos lucros na proporção da média do
valor das quotas.
Elas também são um divisor de águas nas decisões
negociais, uma vez que as deliberações são tomadas por maioria
de votos, segundo o valor das quotas de cada sócio. (art. 1.010,
CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 77 29/07/2020 18:34:00


78 Direito Empresarial

IMPORTANTE

Patrimônio e capital social não são sinônimos. O Código Civil


define patrimônio no art. 91, nos seguintes termos: “constituiu uma
universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma
pessoa, dotadas de valor econômico”. Esse conceito aplica-se a
pessoas físicas e jurídicas e abarca o patrimônio material, aquilo
que pode ser valorado economicamente. Direitos personalíssimos
como crença, honra, intimidade, habilidades, saberes, e outros não
aferíveis economicamente, não são patrimônio empresarial.

Nessa mesma linha de pensamento, pode-se dizer que: o


patrimônio empresarial é o conjunto de bens de uma sociedade,
passíveis de serem valorados economicamente, e, neste universo,
está contido o capital social (ativos e passivos); e que o capital
social integralizado é um fundo originário indicado e detalhado
no contrato social, constituído pelos bens, crédito e/ou dinheiro,
disponibilizados pelos sócios para possibilitar o desenvolvimento
inicial das atividades empresariais, passível de ser alterado para
permitir o desenvolvimento e expansão do negócio ou torná-lo
mais modesto (art. 968, III e 997, III, c/c 981, CC).
A distribuição do lucro pode ser feita como bem acordarem
os sócios, mas cláusulas que dispensem algum deles de contribuir
para o capital social com bens, crédito e/ou dinheiro são nulas de
pleno direito. Isso tende a mudar.
A sociedade e o mundo dos negócios estão em constante
evolução, e o desenvolvimento tecnológico não para de trazer
novas formações jurídicas e conflitos para o direito analisar e
resolver.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 78 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 79

Com a ampliação das startups, por exemplo, há


empreendedores adotando práticas de bootstrapping, ou
contribuição para o capital social com serviços. O problema é
que apenas nas sociedades simples a contribuição para o capital
social somente com serviços é legal. Nas sociedades empresárias
os sócios precisam obrigatoriamente, por força de lei, aportar
bens econômicos para a formação do capital social.
A tecnologia está rompendo práticas empresariais
enraizadas no tempo sem que as normas legais as acompanhem.
A prática do bootstrapping remete à velha ficção contratual
da “sociedade faz de conta” nas antigas sociedades limitadas.
Os sócios iniciam as startups “dividindo” o capital social no
contrato social quando, na prática, uns aportam bens e aportam
outros serviços. Mas, de alguma forma, a lei terá que solucionar
isso, ou voltaremos às seculares práticas comerciais costumeiras,
ainda hoje muito usadas no mercado internacional.
Enquanto as leis não mudam, os sócios devem indicar
no contrato social, em moeda corrente, o valor total do capital
investido na sociedade, o valor subscrito por cada sócio, o tempo
e modo como os bens serão integralizados à sociedade.
A integralização pode se dar no ato da constituição da
empresa ou posteriormente, mas o contrato deve conter cláusula
especificando o valor de mercado de cada bem ou serviço e
como se dará a incorporação, se em dinheiro, transferência de
bens ou créditos ou prestação de serviços.
Não há impedimento legal para que terceiros disponibilizem
bens para a integralização no nome de algum sócio, seja através
de doações, de fomentos, de mútuo, etc. Os serviços, porém, se
dão intuitu personae.
Na falta de previsão contratual sobre como se dará a
integralização, a exequibilidade é imediata. (art. 134 c/c 331 e
1.001, CC). Porém, a constituição do sócio devedor em mora só

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 79 29/07/2020 18:34:00


80 Direito Empresarial

se dará após notificação. Ao valor a ser devolvido na integralidade


se somará perdas e danos, sendo facultativo aos demais sócios a
exclusão do sócio remisso. (art. 1.004, CC).

Alterações Contratuais e o Registro das


Modificações
Empresas são criadas para ter vida longa e gerar lucros
por muitos anos. Como o mercado muda e as aspirações, desejos
e capacidade de trabalho dos sócios variam no tempo, não
são raras as alterações nos contratos sociais para adequá-los a
modificações estratégicas ou no quadro societário, mas que não
necessariamente implicam mudanças na personalidade jurídica
da empresa.
Todas as alterações sociais, com ou sem mudanças na
personalidade jurídica, devem ser levadas a registro na Junta
Comercial.
Uma alteração no nome empresarial, elemento que
integra os atos constitutivos das sociedades, por exemplo, não
caracteriza alteração na personalidade jurídica da empresa,
mas modificação em um dos elementos essenciais contidos no
contrato social. Precisa ser registrada na Junta Comercial. (art.
1.155 c/c 997, inciso II e 1.054, CC).
Mudanças no quadro societário são necessárias quando
sócios saem ou entram na sociedade, ou há transferência de quotas
entre os sócios, aplicando-se, no que couber, as determinações
contidas nos artigos 1.031 e 1.032, do Código Civil.
As mudanças mais usuais são: alterações de endereços,
dentro de um mesmo município ou entre estados, de atividade, de
quadro societário, mudança no capital e nas cláusulas contratuais,
no enquadramento da empresa, migração entre tipos societários
(MEI, Empresário Individual, Sociedade Limitada ou Eireli)
ou aditamentos em razão de eventuais correções cadastrais na
Receita Federal por equívocos nos atos de constituição.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 80 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 81

Há duas formas de alteração contratual: simples, através


de um adendo ao contrato social; e consolidada, que reúne num
único documento todas as alterações feitas ao longo da atividade
empresarial, compondo um contrato social novo, independente
dos anteriores.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido a importância do capital social e da sua
integralização, bem como as consequências advindas da sua falta.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 81 29/07/2020 18:34:00


82 Direito Empresarial

Administração e representação social

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como deve


se dar a administração social, nos termos da lei, o lucro e as perdas,
os direitos e deveres dos sócios para com seus pares, o Estado e
stakeholders E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

O significado da administração
A administração, a cargo de um ou mais sócios, ou de
terceiros contratados com essa finalidade, é o meio pelo qual
os sócios viabilizam administrativamente a concretização do
objetivo social.
A designação do administrador ou administradores pode
ser feita no próprio contrato social ou em documento à parte,
mas sempre na forma escrita, com a delimitação de deveres
e responsabilidades. Se a for feita à parte, é preciso averbar
o documento à margem da inscrição da sociedade na Junta
Comercial antes da prática de quaisquer atos de gestão, sob pena
de responsabilidade do administrador, pessoal e solidária para
com a sociedade. (art. 1.012, CC).
É recomendável também, mas não obrigatório, que
os sócios definam a forma de remoção e nomeação de novos
administradores no próprio contato social, como forma de evitar
conflitos no decorrer da vida da empresa.
Sobre a revogabilidade de poderes, diz o Código Civil:

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 82 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 83

Art. 1.019. São irrevogáveis os poderes do sócio


investido na administração por cláusula expressa
do contrato social, salvo justa causa, reconhecida
judicialmente, a pedido de qualquer dos sócios.
Parágrafo único. São revogáveis, a qualquer
tempo, os poderes conferidos a sócio por ato
separado, ou a quem não seja sócio.
Nomeado, cabe ao administrador, sócio ou não, a
responsabilidade de praticar todos os atos necessários à gestão
do negócio, exceto a decisão de oneração e venda de imóveis,
exclusiva dos sócios, com o mesmo cuidado e diligência que
dispensaria aos seus próprios interesses, aplicando-se-lhe, no que
couber, as regras do mandato e os impedimentos do parágrafo
1°, do art. 1.011. Em caso de uso dos bens sociais em proveito
próprio ou de terceiros, o administrador terá que restituí-los à
sociedade, pagar o equivalente com todos os lucros resultantes,
e ressarcir todos os prejuízos na sua integralidade. (art. 1.017,
CC).
O poder de administrar, quando previsto em contrato, não
retira dos sócios o direito de participação nas deliberações, com
prevalência da maioria absoluta nas decisões – metade mais um
-, segundo o valor das cotas individualmente consideradas. Os
sócios também podem impugnar as decisões uns dos outros. (art.
1.010 c/c art. 1.013, parágrafo 1°, CC).
O excesso na administração, porém, somente poderá
ser oposto a terceiros no caso das hipóteses discriminadas nos
incisos do art. 1.015, do Código Civil:
“I. se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no
registro próprio da sociedade; II. provando-se que era conhecida
do terceiro; III. tratando-se de operação evidentemente estranha
aos negócios da sociedade.”

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 83 29/07/2020 18:34:00


84 Direito Empresarial

Se o contrato social for omisso, a administração ficará


separadamente a cargo de cada um dos sócios. E, se houver
competência conjunta de vários administradores determinada
em contrato, todos devem participar das decisões, exceto em
caso de urgência e possibilidade de dano grave ou irreparável.
(art. 1.014, CC).
Em caso de empate, os conflitos entre os sócios devem ser
dirimidos judicialmente. E, se algum sócio votar em benefício
próprio contrariando interesses da sociedade, responderá
também por perdas e danos.
Todos os cuidados do legislador quanto às regras de
nomeação, remoção e administração das sociedades têm por
objetivo publicitar e dar transparência à gestão empresarial,
preservando os interesses de sócios, administradores e
stakeholders interessados em estabelecer relações negociais
com a empresa.

Lucros e perdas
O contrato social deverá especificar a participação dos
sócios nos lucros e nas perdas decorrentes da prática do objetivo
social da empresa, na proporção das suas respectivas quotas.
Qualquer estipulação em contrário é nula de pleno direito. (art.
1.008, CC).
A única exceção parcial aplica-se ao sócio prestador de
serviços, pois as perdas não podem atingir o valor da sua força
laboral e os direitos dela decorrentes, com base no art. 6° da
Constituição Federal. Apesar de não participar nas perdas, a
participação do sócio prestador de serviços, se convencionada
em contrato, também é diferenciada e ele lucra na proporção da
média do valor das quotas que compõem o capital social. (art.
1.007, CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 84 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 85

Silente o contrato social, o usual na prática comercial é


a distribuição de lucros e prejuízos na proporção das quotas
sociais de cada um dos sócios.
Como nas relações civis é dado ao individuo fazer tudo o
que a lei não proíbe, os sócios podem acordar outras formas de
divisão de lucro e perdas, desde as cláusulas não sejam abusivas,
pois isso ensejaria nulidade. (art. 187 c/c art. 166, VII, CC).

Direitos e obrigações dos sócios


Antes de se falar em direitos e obrigações é bom relembrar
a diferença entre sócio, sociedade empresária e empresário
individual.
a. Sócio: é a pessoa física que reúne condições legais
para ser empresário. Seu patrimônio não se confunde com
da sociedade, em que pese contribua para a formação do
patrimônio dela.
b. Sociedade empresária: é a pessoa jurídica que atuará
no mercado para concretizar o objetivo social, a atividade
econômica organizada para produção ou serviços. Tem
patrimônio próprio, desvinculado do dos sócios que a
compõem. A responsabilidade patrimonial dos sócios
é subsidiária à da sociedade, na medida das cotas que
possuem.
c. Empresário Individual: é uma pessoa física que
atua como titular único do seu próprio negócio, um
empreendedor único, sem sócios. Seu patrimônio pessoal
responde, em sua totalidade, pelo risco do empreendimento.
Há responsabilidade direta.
Os direitos e obrigações dos sócios, em linhas gerais, estão
elencados nos arts. 1.001 a 1.009 do Código Civil.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 85 29/07/2020 18:34:00


86 Direito Empresarial

A primeira obrigação dos sócios é registrar o contrato


social na Junta Comercial e integralizar o capital social no prazo
contratual, sob pena de responsabilidade civil e/ou exclusão
da sociedade, em até 30 dias após notificado. Do registro e
integralização decorrem todos os direitos dos sócios, pessoais e
patrimoniais, assim como os seus deveres para com a sociedade.
Os sócios têm direito ao lucro na proporção de suas quotas,
não havendo impedimento legal para a distribuição de dividendos
de forma diversa. No caso do sócio que contribui com serviços
os dividendos são pagos pela média do montante distribuído aos
demais. Entretanto, lucro é direito eventual, dependente de fatos
incertos como o desempenho da empresa no mercado, qualidade
da produção ou dos serviços, etc.
Os sócios têm também o direito de participar na
administração da sociedade, direta ou indiretamente, na extensão
das suas quotas, e de fiscalizar os administradores.
As obrigações iniciam com o contrato social, se outra data
não for acordada entre os sócios, e terminam com a liquidação
da sociedade e a extinção das responsabilidades sociais.
Os sócios também têm a obrigação de bem cumprir as
suas funções na administração da sociedade, não podendo ser
substituídos sem o consentimento dos demais.
Alterado o contrato, o sócio que cede as suas ações fica
responsável solidariamente, por dois anos, pelas obrigações que
tinha enquanto integrava a sociedade, a contar da averbação da
modificação contratual.
O sócio pode transferir o domínio, a posse ou o uso das
suas quotas sociais sob pena de evicção. Nas transferências de
crédito fica responsável pela solvência do devedor.
Quando a contribuição do sócio se dá em serviços, no
todo ou em parte, exceto por acordo entre os sócios, não pode
ser empregado de terceiros, estranhos à sociedade, sob pena de
perder o seu lucro e/ou ser excluído da sociedade.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 86 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 87

Finalmente, a prática de atos ilícitos, como geração de


lucros fictícios, resulta em responsabilidade civil solidária dos
sócios administradores que cometeram o ato e dos sócios que,
conhecendo a ilicitude, dela tiraram proveito.

Relações jurídicas e sociais


Firmado o contrato, concretiza-se a relação jurídica entre
os sócios na data da assinatura ou outra que tenha sido acordada,
nascendo o direito de intervenção nas decisões societárias.
(1.001, CC) Intervenção esta que pode se dar tanto pelo princípio
da decisão majoritária, quanto por regras acordadas entre os
sócios e estabelecidas no contrato social.
Com o registro na Junta Comercial estabelece-se a
relação entre os sócios e o administrador, entre a sociedade e
o Estado, e têm início relações jurídicas com stakeholders na
praça de comércio na qual a sociedade está inserida, necessária
à viabilização do seu objeto social.
Cabe ao administrador gerir a sociedade sob a fiscalização
dos sócios que, a qualquer momento podem opinar e votar sobre
interesses da sociedade, ou pedir a sua exclusão, acaso não
atenda às regras pré-estabelecidas entre os sócios para a gestão
interna.
Os sócios insatisfeitos, minoritários ou não, poderão mover
ação judicial contra o administrador e contra decisões dos sócios
majoritários, em seu próprio nome, arcando pessoalmente com
os custos judiciais (custas, honorários de advogados e peritos,
etc.), mas, se houver condenação, os benefícios decorrentes
do pedido vestibular, como perdas e danos, reverterão para a
sociedade.
O dissenso entre sócios, independente da proporção
das suas quotas, também pode ser levado a exame judicial,
especialmente considerando que o descumprimento das regras
contratadas para a sociedade pode impactar negativamente no

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 87 29/07/2020 18:34:00


88 Direito Empresarial

patrimônio particular dos sócios. É o caso da não integralização


do capital (art. 1.004 c/c 1.058, CC) segundo as regras e prazos
acordados, que pode causar levar a sociedade a dificuldades
econômicas e até mesmo inviabilizar a sua própria existência.
Da mesma forma, a obrigações decorrentes da pessoalidade
não podem deixar de serem cumpridas pelo sócio que a ela se
obrigou, sob pena indenização pelos prejuízos que vier a causar
à sociedade.
Nas sociedades em que os sócios são investidores e não
há empenho pessoal em serviços, a obrigação consiste em se
fazerem presentes nas deliberações societárias, fisicamente ou
através de procuradores com poderes para decidir e votar. (art.
115 a 120 e 653 a 692, CC).
Sendo assim, a proibição de substituição do sócio – e também
do administrador -, no exercício das suas funções humanas sem
o consentimento dos demais, só se aplica às sociedades nas quais
é possível a pessoalidade no desenvolvimento do objetivo social
e não nas deliberações societárias características das sociedades
por ações. O exercício dos direitos sociais é interna corporis,
englobando assembleias e votações. Ou seja, a proibição do art.
1.002, do Código Civil está direcionada às funções sociais e não
aos direitos sociais.
Na sociedade intuito personae os sócios não têm o direito
de transferir as suas quotas para terceiros sem autorização dos
demais sócios, sob pena da transferência não ter efeitos jurídicos.
(art. 1.003, CC) Mas, na realidade, isso seria muito difícil, já que
todos - sócio retirante, sócio entrante e demais sócios -, precisam
assinar as alterações contratuais e levá-las a registro.
Nas sociedades limitadas, não há necessidade de
unanimidade para o consentimento. Qualquer sócio com mais
de 25% das ações pode opor-se à entrada de novos sócios, inter

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 88 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 89

vivos ou causa mortis, na ausência de regras pré-estabelecidas


no contrato social, nos termos do art. 1.057 do Código Civil que
reza:
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode
ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem
seja sócio, independentemente de audiência dos
outros, ou a estranho, se não houver oposição de
titulares de mais de um quarto do capital social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à
sociedade e terceiros, inclusive para os fins do
parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação
do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios
anuentes.
Por outro lado, é preciso respeitar o direito de recesso do
sócio que quer se retirar da sociedade, direito esse que não pode
ser obstado pelos demais sócios em razão do impacto que tem
no patrimônio daquele que quer ceder as suas quotas. A exceção
seria apenas a contratação da sociedade por tempo certo. Na
ausência de consenso entre os sócios sobre a cessão de quotas e
a retirada, a via judicial é o caminho.
Concretizado o fim do vínculo societário, persistem
por dois anos os deveres subsidiários para com as obrigações
assumidas ao tempo da sociedade.
As obrigações jurídicas entre os sócios terminam com a
liquidação da sociedade. (art. 1.001, CC).
A publicidade da liquidação ocorre com o registro na Junta
Comercial, mas as obrigações subsidiárias da sociedade, fiscais,
trabalhistas, consumeristas, de sigilo ou segredo, etc., persistem
no tempo, sejam para com o administrador, o Estado ou terceiros,
até o cumprimento, a prescrição ou a decadência.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 89 29/07/2020 18:34:00


90 Direito Empresarial

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você certamente aprendeu a classificar as sociedades empresárias
quanto à sua natureza, a reconhecer as características da sociedade
unipessoal, da sociedade entre cônjuges e as peculiaridades sobre
a capacidade jurídica empresarial. Aprendeu sobre o capital social
e a importância da sua integralização para a composição do ativo
empresarial e para o desenvolvimento das atividades de empresa.
Por fim, aprendeu sobre as alterações contratuais possíveis e
sobre a necessidade do registro dessa modificações, para que gere
efeitos entre os sócios e perante terceiros; sobre a importância de
uma boa administração para uma longa vida empresarial, com
lucratividade e boa partilha de dividendos; os lucros e as perdas
e suas consequências para a pessoa jurídica, sócios e terceiros; os
direitos e obrigações dos sócios entre si e para com terceiros; e ,
finalmente, sobre as relações jurídicas e sociais da empresa. Agora
você está preparado e entende as regras gerais que norteiam o
Direito Empresarial.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 90 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 91

03
UNIDADE

D ISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 91 29/07/2020 18:34:00


92 Direito Empresarial

INTRODUÇÃO
São várias as formas de dissolução das sociedades, mas
todas elas têm impacto para sócios, credores e no nicho de mercado
no qual estão inseridas. As sociedades podem ser transformadas,
incorporadas, fundidas, ou cindidas, dissolvidas total ou
parcialmente. A extinção total ou parcial das pessoas jurídicas,
a morte de sócios ou a retirada de um sócio da sociedade, ou até
mesmo pela falência são exemplos de situações com impacto
patrimonial para os sócios, que regra geral são precedidas da
fase de liquidação, que pode ser judicial ou extrajudicial. Da
mesma forma a recuperação das empresas em dificuldade, que
pode ser judicial ou extrajudicial, com impacto no patrimônio
particular dos sócios quando decretada a falência. Todas essas
possibilidades estão inseridas num universo de possibilidades
legais interessantíssimas e muito importantes para os advogados
que pretendem trabalhar para pessoas jurídicas ou que venham
a ser sócios de uma empresa jurídica ou de um escritório de
advocacia. Vamos estudar e refletir sobre os conceitos do Direito
Empresarial e as previsões legais para diferentes situações que
podem surgir durante a vida das sociedades? Esses são temas
apaixonantes. Acho que você irá gostar muito deste estudo e terá
muito sucesso nesse aprendizado. Bom estudo!

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 92 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 93

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo a nossa Unidade 3. Nesta
unidade, o nosso objetivo é auxiliá-lo no desenvolvimento das
seguintes competências profissionais:

1 Compreender as alterações nos diferentes tipos


empresariais;

2 Identificar as consequências jurídicas nas mudanças


societárias;

3 Identificar e compreender a recuperação judicial e


extrajudicial;

4 Compreender a falência e suas consequências.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 93 29/07/2020 18:34:00


94 Direito Empresarial

Dissolução da sociedade

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender todos


os aspectos e tipos de alterações societárias, suas peculiaridades
e consequências. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Dissolução das sociedades


O início de uma sociedade tem viés positivo de gênese,
nascimento, início da affectio societatis, empenho dos sócios em
torno de um objetivo comum, esperança de bons negócios e de
lucratividade, etc.
O fim de uma sociedade, por sua vez, tem viés contrário,
negativo, de morte, encerramento de atividades, fim da affectio
societatis, afastamento dos sócios por desinteresse pelo objetivo
que era comum ou pela mudança de interesses, e, não raro,
conflito entre as partes, dentre outros.
Por isso, popularmente se diz que o início de uma sociedade
equivale ao casamento, momento em que tudo são flores, e o
fim de uma sociedade empresarial equivale a um divórcio, o
ponto de ruptura de uma relação com desgastes e/ou prejuízos
reiterados ao longo do tempo. A exceção é para as sociedades com
propósito específico, que têm tempo de vida pré-determinado e
cuja dissolução se dá por força do contratualmente acordado.
Mas, seja pelo afastamento de um sócio, continuando a
sociedade com os demais ou com um novo sócio, seja pelo fim
da empresa e liquidação da sociedade pela vontade dos sócios

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 94 29/07/2020 18:34:00


Direito Empresarial 95

ou acionistas, ou ainda pela incorporação por outra empresa


ou pela falência, todas as situações de ruptura empresária têm
implicações fiscais e jurídicas importantes.
Porém, entre o nascimento e a dissolução de uma empresa
várias modificações podem ocorrer na sua constituição social.
Chamadas operações societárias, essas modificações são a
transformação, a incorporação, a fusão e a cisão, previstas no
Capítulo XVIII, da Lei de Sociedades Anônimas.

Transformação
A transformação ocorre quando uma sociedade passa de
um tipo societário para outro. Essa modificação ou alteração
independe da dissolução e liquidação das sociedades e deve
ser feita de acordo com as regras estabelecidas na lei para
constituição e registro da nova sociedade. (art. 220, Lei 6.404/76
e 1.113, CC).
Na falta de previsão contratual ou estatutária, é imperiosa
a autorização de todos os sócios ou da maioria dos acionistas.
Porém, havendo previsão contratual nas sociedades onde a
affectio societatis esteja presente, o sócio dissidente pode retirar-
se da sociedade, aplicando-se, no que couber, as regras do art.
1.031 do Código Civil. (art. 1.114, CC).
Também há casos em que a transformação é obrigatória
por lei. É o caso do MEI que atinge faturamento bruto acima
do excedente de 20% sobre o faturamento legal permitido -
R$81.000,00 em 2019, totalizando R$97.200,00 -, contrata mais
de um funcionário, soma mais um sócio, abre filial ou outra
empresa no nome empresário responsável, ou passa a exercer
atividades não permitidas. Em qualquer dessas hipóteses a MEI
deve ser desenquadrada e transformada em microempresa.
Da mesma forma, a Microempresa que em 2019
alcançar faturamento anual superior a R$360.000,00 deve ser
transformada em Empresa de Pequeno Porte.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 95 29/07/2020 18:34:00


96 Direito Empresarial

Independente do enquadramento da empresa, porém, o


direito dos credores nunca é afetado pela transformação. (art.
222, Lei 6.404/76, e art. 1.115, CC).

Incorporação
A incorporação é um fenômeno de concentração empresarial
característico do capitalismo, que pode ocorrer entre quaisquer
tipos de empresas. E são muitas as razões que levam sociedades
exploradoras de um mesmo segmento industrial ou comercial a
se fundirem: conquista de novos nichos de mercado, melhoria na
logística de distribuição, aumento da competitividade, domínio
de novas tecnologias, etc.
Esse instituto é definido no art. 116, do CC, como a
absorção de uma ou várias sociedades por outra, que as “sucede
em todos os direitos e obrigações, devendo todas aprová-la, na
forma estabelecida para os respectivos tipos”.
A Lei 6.404/76, por sua vez, no art. 227, a define como “a
operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por
outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações”.
Ou seja, na incorporação há uma obsorção total da
incorporada pela incorporadora, que assume todas as obrigações,
direitos, ativo e passivo. Os credores de ambas empresas não
são prejudicados, pois a incorporadora, ao integrar a estrutura
da integrada na sua totalidade e integrá-la no seu patrimônio,
assume também a obrigação de pagar todas as dívidas.
Mas, atenção as regras são diferentes para as sociedades
de pessoas e as sociedades de capital. Na primeira, a deliberação
de incorporar ou ser incorporada emana da vontade da maioria
dos sócios, que estabelece as bases da operação e o projeto de
reforma do ato constitutivo (art. 1.117 e 1.118, CC). Na segunda,
incorporadora e incorporada devem aprovar a incorporação em
assembleia geral, as bases da operação e o projeto de reforma

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 96 29/07/2020 18:34:01


Direito Empresarial 97

do ato constitutivo, levando tudo a registro na Junta Comercial.


(art. 135 e 136 c/c 223, Lei 6.404/76).
Concluídos os atos da integração, a sociedade de pessoa
declarará extinta a incorporada, e promoverá a respectiva
averbação no registro próprio.
As sociedades de capital abertas deverão ser sucedidas
por sociedades também de capital aberto, negociando novas
ações conforme as regras da Comissão de Valores Mobiliários,
no prazo máximo de 120 dias a contar da assembleia-geral que
aprovou a operação, sob pena de reembolsar os acionistas que
quiserem deixar a empresa no valor das suas ações (art. 45 c/c
parágrafos 3° e 4°, e art. 223, Lei 6.404/76).

Fusão
Na fusão, duas ou mais sociedades empresariais se fundem,
são extintas, e uma nova empresa é formada congregando direitos
e obrigações, passivo e ativo das empresas fundidas. (art. 1.119,
CC, e art. 228, Lei 6.404/76).
A exemplo do que ocorre na incorporação, nas sociedades
de capital a fusão também deve ser aprovada em assembleia
geral, de todas as empresas interessadas, pelo consenso da
maioria dos acionistas com direito a voto.
As regras gerais da fusão no Código Civil, praticamente
replicam as regras estabelecidas na Lei das Sociedades Anônimas.
Diz o art. 1.120, do Código Civil:
Art. 1.120. A fusão será decidida, na forma
estabelecida para os respectivos tipos, pelas
sociedades que pretendam unir-se.
§ 1. Em reunião ou assembleia dos sócios de
cada sociedade, deliberada a fusão e aprovado
o projeto do ato constitutivo da nova sociedade,
bem como o plano de distribuição do capital

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 97 29/07/2020 18:34:01


98 Direito Empresarial

social, serão nomeados os peritos para a avaliação


do patrimônio da sociedade.
§ 2. Apresentados os laudos, os administradores
convocarão reunião ou assembleia dos sócios
para tomar conhecimento deles, decidindo sobre a
constituição definitiva da nova sociedade.
§ 3. É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação
do patrimônio da sociedade de que façam parte.”

Cisão
Esta figura jurídica foi incorporada ao direito brasileiro,
em 1976, pela Lei das Sociedades Anônimas, no art. 229, que
também define o instituto.
Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia
transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou
mais sociedades, constituídas para esse fim ou já
existentes, extinguindo-se a companhia cindida,
se houver versão de todo o seu patrimônio, ou
dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.
Nesta forma de sucessão empresarial, apenas quando todo
o patrimônio da empresa cindida é absorvido por outras ocorre
a extinção.
Os direitos e obrigações da empresa cindida são divididos
da seguinte forma:
a. Cisão total: cem por cento do patrimônio é incorporado
a duas ou mais empresas, a serem criadas ou já existentes, sendo
irrelevante em qualquer dos casos o tipo empresarial. Neste caso
a empresa cindida é extinta e as sucessoras assumem a totalidade
dos direitos e obrigações;
b. Cisão parcial: neste caso o patrimônio da empresa
cindida é desmembrado e parte dele é transferido para uma ou
mais empresas incorporadoras, já existentes ou a serem criadas,

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 98 29/07/2020 18:34:01


Direito Empresarial 99

sendo irrelevante o tipo social de umas e outras. A empresa


cindida não é extinta. Mas, como o seu patrimônio é transferido
para terceiro, o seu capital é reduzido. Os direitos e obrigações
são divididos entre as partes.

IMPORTANTE

Atenção: é importante não confundir diminuição do capital da


cindida com diminuição do seu valor de mercado. Afastar parte
do patrimônio com pouca ou nenhuma lucratividade pode, ao
contrário, valorizar a cindida no nicho de mercado ela que ocupa.

Direito de terceiros
Os credores que se sentirem prejudicados podem requerer
a anulação dos atos autorizadores da incorporação, fusão ou
cisão no prazo de 90 dias após a publicação.
O art. 232, da Lei 6.404/76, que fixa prazo de 60 dias
para o pleito de anulação das fusões, incorporações e cisões
foi parcialmente revogado pelo Código Civil, que prevê prazo
mais benéfico, de 90 dias para a ação anulatória. Este prazo é
decadencial.
Impetrada a ação de anulação dos atos de fusão, incorporação
ou cisão, os demandados podem consignar judicialmente os
valores reclamados, caso em que restará prejudicado o pedido
anulatório pelo cumprimento da obrigação.
Quanto aos direitos trabalhistas, em nenhuma das formas
haverá rescisão de contratos de trabalho como consequência
imediata das mudanças societárias.
O comum é que, no decorrer ou logo após concluída a
transição, as empresas ofereçam aos empregados planos de

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 99 29/07/2020 18:34:01


100 Direito Empresarial

demissão voluntária. O excedente da mão de obra que não adere


aos planos é demitido ao longo dos dois anos seguintes, em
razão de reorganização administrativa e extinção de postos de
trabalho.
Isso, porém, não ilide a obrigação trabalhista subsidiária
dos sócios e empresas remanescentes ou novas, de todos os
tipos societários, e solidária entre os sócios em caso de fraude.
O empregador que sucede o anterior, por força de lei, precisa
garantir aos empregados todos os direitos laborais vigentes no
momento da sucessão, inclusive as previstas em acordos ou
convenções coletivas do trabalho.
Neste sentido os arts. 10 e 448 c/c os arts 10-A e 448-A da
Consolidação das Leis do Trabalho:
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica
da empresa não afetará os direitos adquiridos por
seus empregados.
Art. 10-A. O sócio retirante responde
subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas
da sociedade relativas ao período em que figurou
como sócio, somente em ações ajuizadas até dois
anos depois de averbada a modificação do contrato,
observada a seguinte ordem de preferência:
II - os sócios atuais;
III - os sócios retirantes.
Parágrafo único. O sócio retirante responderá
solidariamente com os demais quando ficar
comprovada fraude na alteração societária
decorrente da modificação do contrato.
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na
estrutura jurídica da empresa não afetará os
contratos de trabalho dos respectivos empregados.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 100 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 101

Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial


ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448
desta Consolidação, as obrigações trabalhistas,
inclusive as contraídas à época em que os
empregados trabalhavam para a empresa sucedida,
são de responsabilidade do sucessor.
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá
solidariamente com a sucessora quando ficar
comprovada fraude na transferência.
Finalmente, em caso de fiança locatícia prestada pelos
sócios para a própria sociedade, ou pela sociedade para terceiros,
a exoneração das obrigações só ocorre após a notificação dos
locadores. (art.39, Lei 8.245/91, c/c 835 do CC/2002).

Regras para a dissolução da sociedade


Em sentido amplo, a dissolução de uma sociedade é
genericamente definida como o fim da personalidade jurídica de
uma sociedade empresária, e, em sentido estrito, pela assinatura
do documento de encerramento pelos sócios ou acionistas, ou
pelo trânsito em julgado da sentença de anulação dos atos de
constituição ou de falência ordenando o encerramento.
São duas as formas de dissolução empresarial: parcial e
total. Mas a perda da personalidade jurídica só ocorre após a
liquidação, com a extinção, etapas imediatamente posteriores
aos atos de dissolução.
A liquidação é a fase de realização do ativo, quitação
do passivo, partilha ou transferência do saldo para sócios
ou acionistas. A extinção é o réquiem, o ato final dos sócios
ou acionistas para desfazer os vínculos humanos e materiais
que integravam a sociedade, concretizado pela assinatura do
distrato ou inclusão do ato de vontade na ata da assembleia para
dissolução da empresa.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 101 29/07/2020 18:34:01
102 Direito Empresarial

No instrumento de dissolução deve constar a nomeação de


um liquidante, para proceder aos atos de liquidação e, a final, de
extinção da sociedade.
A inobservância desses atos tem implicações diretas
quanto ao direito de terceiros, em especial nas execuções fiscais
e não-fiscais.
Nos termos da Súmula 435, do Superior Tribunal de
Justiça:
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa
que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal,
sem comunicação aos órgãos competentes,
legitimando o redirecionamento da execução
fiscal para o sócio-gerente.
Entende a jurisprudência majoritária e pacífica do STJ ser
obrigação dos gestores a manutenção dos cadastros atualizados
das empresas, desde uma simples mudança de endereço até as
informações contábeis mais relevantes e/ou complexas.
A regularidade dos registros das empresas nas Juntas
Comerciais, especialmente no caso de dissolução das sociedades,
parcial ou total, tem por objetivo demonstrar que a resolução
foi feita de acordo com os ritos e as formalidades legais, ou
seja, através da regular liquidação da sociedade e pagamento
dos credores na ordem de preferência ou de acordo com a Lei
11.101/2005, se houver falência. (arts. 1.033 à 1.038, e arts.
1.102 a 1.112, CC).
Não existe “dissolução irregular de sociedade” sob
aspecto estritamente legal. O STJ, na súmula 435, reconhece,
por presunção, uma situação fática irregular caracterizada
como ilícito civil que, por sua vez, tem reflexos jurídicos. Ou
seja, quando há inobservância de lei, a consequência direta e
imediata é o cometimento de um ilícito com consequências para
o infrator. A desobediência a norma cogente civil caracteriza um

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 102 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 103

ilícito civil ensejador de responsabilidade civil, sem prejuízo de


eventuais reflexos penais, tributários e/ou administrativos.
Nessa linha de pensamento do STJ, pouco importa se os
débitos são fiscais ou não-fiscais, pois diante do ilícito se aplica
o brocardo “Ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio” (Onde
existe a mesma razão, aí se aplica o mesmo dispositivo legal).
A responsabilidade dos sócios para com a quitação dos
débitos da sociedade independe de dolo, sendo suficiente a
culpa. (art. 135, III, CTN, c/c art. 10, Dec. 3.078/19 e art. 158,
Lei 6.404/78).
Quanto ao regime, o de constituição das sociedades
determina também o da dissolução, nos termos o art. 472, do
Código Civil. São dois:
a. Contratual: as sociedades constituídas pela vontade dos
sócios, através de um contrato social, são dissolvidas também
contratualmente, por meio de um distrato social;
b. Institucional: a dissolução das sociedades criadas por
meio institucional ou estatutário é feita em assembleia-geral,
através da aprovação dos acionistas que possuam no mínimo
metade das ações com direito a voto, se quorum superior não for
exigido no estatuto de empresa que não tenha ações negociadas
em bolsa ou no mercado de balcão.
Quanto à dissolução das sociedades anônimas, ela pode se
dar judicial ou extrajudicialmente, nas seguintes circunstâncias:
(art. 206, Lei 6.404/76)
a. De pleno direito: Acontece à revelia da vontade das
partes: pela previsão do tempo de vida da empresa no contrato ou
estatuto; por deliberação da assembleia geral; pela existência de
único acionista nas datas das assembleias-gerais com interregno
de um ano; e pela extinção por imposição ou previsão legal.
b. Por decisão judicial: esta forma se dá através sempre
através de sentença transitada em julgado. Exemplos são a ação

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 103 29/07/2020 18:34:01
104 Direito Empresarial

anulatória de constituição da empresa, que pode ser impetrada


por qualquer acionista prejudicado; decisão que reconheça o não
preenchimento da finalidade da empresa em ação proposta por
no mínimo 5% dos acionistas; ou ainda em decisão que decrete
a falência.
c. Por decisão de autoridade administrativa: é possível
mediante previsão legal pela inobservância de exigência legais
administrativas: exemplos são a não renovação ou cassação de
alvará, a interdição de estabelecimento comercial ou industrial
pelos bombeiros ou pela segurança civil; a proibição do
exercício da atividade empresarial no local onde está a empresa
está estabelecida, etc.

Dissolução Parcial da Sociedade


A dissolução parcial da sociedade, também denominada
resolução parcial, não extingue a sociedade. Após a saída do
sócio retirante, ela segue ativa com os sócios remanescentes ou
com a entrada de novos sócios.
As quotas pertencentes ao sócio retirante são liquidadas e
o valor patrimonial correspondente é entregue a ele ou, conforme
o caso, a seus herdeiros, curador ou tutor.
A consequência imediata da dissolução parcial é a
diminuição do patrimônio da empresa, decorrente da redução do
capital social, o que pode ser evitado se os sócios remanescentes
optarem por integralizar valor equivalente ao capital liquidado
ou por admitir um novo sócio que integralize o capital dissolvido.
Atenção: Com o novo Código de Processo Civil, Lei
13.105/2015, as datas de resolução parcial da sociedade
passaram a ser aquelas estabelecidas no art. 605 e não mais a
data do registro na Junta Comercial, inclusive para o cálculo do
interregno de dois anos de responsabilidade do sócio.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 104 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 105

Diz o CPC:
Art. 605. A data da resolução da sociedade será:
I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito;
II - na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do
recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante;
III - no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da
notificação do sócio dissidente;
IV - na retirada por justa causa de sociedade por prazo
determinado e na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em
julgado da decisão que dissolver a sociedade; e
V - na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da
reunião de sócios que a tiver deliberado.
A dissolução parcial é possível nos seguintes casos:
a. Morte de sócio: a resolução neste caso depende do
acordado no contrato social (art. 1.028, I, CC). São três as opções:
a sociedade pode ser dissolvida, liquidada e as quotas divididas
entre os sócios remanescentes e os herdeiros do sócio morto
(art. 1.028, II, CC); as quotas pertencentes ao sócio morto são
liquidadas e o dinheiro entregue aos herdeiros (art. 1.028, caput,
CC), prosseguindo a sociedade com os sócios remanescentes; ou
a transferência das quotas do sócio morto para os herdeiros, que
o substituirão na sociedade (art. 1.028, III, CC).
b. Direito de retirada: O Código Civil reguarda o princípio
da liberdade das convenções, segundo o qual as pessoas são livres
para contratar e distratar, sem a necessidade do consentimento
dos demais sócios. (art. 1.029, CC, c/c 599, CPC) O sócio que
pretende retirar-se de uma sociedade por prazo indeterminado
deve notificar os demais sócios com antecedência de 60 dias.
Como esta notificação precisa ser inequívoca, o melhor é
fazê-la por notificação extrajudicial, em Cartório de Títulos e
Documentos. No caso da sociedade por prazo determinado, o
afastamento de sócio só pode ocorrer por sentença judicial que

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 105 29/07/2020 18:34:01
106 Direito Empresarial

reconheça a justa causa como mote para o distrato. As causas mais


comuns são: a quebra da affectio societatis, a incompatibilidade
de objetivos e ideias, o desentendimento grave e a insatisfação
por descumprimento do acordado. A decisão judicial que
autoriza o afastamento do sócio por justa causa tanto pode ser
liminar, se presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora,
como definitiva, após transitada em julgado.
Nada impede, porém, a opção dos sócios pela dissolução
total da sociedade (parágrafo único, art. 1.029, CC). Isso
acontece, não raro, quando o sócio retirante é o responsável pela
administração societária ou é o único com a capacitação técnica
exigida para a sua existência.
O sócio que sai também pode ceder suas quotas a terceiros,
a título oneroso ou gratuito, mas, nesse caso, não há dissolução
parcial da sociedade, e sim em alienação ou doação.
c. Exclusão ou Expulsão de sócio: Somente por sentença
judicial, em ação impetrada pela maioria dos sócios, é possível
excluir ou expulsar um deles, provando-se o cometimento de
falta grave no cumprimento das suas obrigações ou incapacidade
superveniente do retirante. (art. 1.030, CC).
É possível o afastamento liminar do sócio das atividades
societárias até decisão final, em tutela de urgência, quando
presentes o fumus boni iuri e o periculum in mora. Neste caso,
no exame e deferimento do pedido liminar, o juiz leva em
consideração os princípios da preservação e da função social da
empresa. (art. 1.085, CC).
Como a lei não define falta grave, o leque de possibilidades
é muito amplo. As mais comuns são: fraude, desvio de caixa,
uso mal-intencionado dos recursos da empresa e dos clientes,
conduta desleal, descumprimento das obrigações societárias,
uso do nome da empresa e dos recursos societários para fins
ilícitos, interesses próprios ou de terceiros, etc.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 106 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 107

Dissolução total da sociedade


A dissolução total da sociedade resulta no fim da
personalidade empresária pelo rompimento definitivo dos
vínculos contratuais.
Uma das possibilidades é o fim do ciclo de vida da empresa
contratualmente estabelecido, quando opera de pleno direito. O
legislador, entretanto, com base nos princípios da preservação
da empresa e da função social, estabeleceu, como exceção, a
vigência por prazo indeterminado na inércia dos sócios, pela
falta de liquidação da sociedade. Neste caso, a sociedade ainda
poderá ser extinta, total ou parcialmente extinta, mas somente nas
demais hipóteses previstas em lei e não mais pelo vencimento do
prazo de vida estabelecido no contrato. (art. 1.033, CC).
Além do prazo contratual, pode-se dissolver totalmente
uma sociedade: por consenso dos sócios, deliberação por maioria
absoluta, falta de pluralidade de sócios por mais de 180 dias,
por extinção ou não renovação da autorização do Estado para
funcionar (caso de bancos, seguradoras, determinação da defesa
civil, etc.).

IMPORTANTE

Não se dissolve a sociedade por falta de pluralidade de sócios


se o sócio remanescente, dentro do prazo de 180 dias, registrar
na Junta Comercial pedido de transformação da sociedade para
empresário individual ou empresa individual de responsabilidade
limitada – EIRELI. (parágrafo único, art. 1.033, CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 107 29/07/2020 18:34:01
108 Direito Empresarial

Outras possibilidades para a dissolução são o trânsito


em julgado de ação que julga procedente pedido de anulação
da constituição societária, reconhece o exaurimento do seu fim
social – exemplo são as Sociedade de Propósito Específico –
SPE -, ou da sua inexequibilidade (art. 1.034, CC).
A lei permite, expressamente, a possibilidade de inserção
de outros motivos para a resolução das sociedades nos
documentos constitutivos, a critério dos sócios, mas cada caso
será examinado individualmente pelo Judiciário. (art. 135, CC).
Finalmente, a sociedade pode ser totalmente dissolvida
pela decretação judicial de falência. (arts. 1.044 e 1.087, CC,
c/c, Lei 11.101/2005).

Liquidação das sociedades


Encerrada a fase de dissolução, inicia-se a fase de
liquidação das sociedades que, por sua vez, antecede a extinção
da pessoa jurídica.
Ela pode ser definida como uma sequência de atos e
providências legais e administrativas a serem tomadas pelo
liquidante nomeado, com o objetivo de realizar o ativo, ou seja,
converter em dinheiro tudo o que for possível, quitar o passivo e
dividir o eventual saldo entre os sócios e acionistas.
Nesta fase todas as negociações da sociedade são
suspensas, à exceção das iniciadas antes da dissolução, que
devem ser obrigatoriamente ultimadas.
A liquidação pode ser:
a. Extrajudicial (voluntária, consensual ou amigável):
ocorre quando, no ato da dissolução, em comum acordo, os
sócios nomeiam o liquidante e estabelecem as regras para os
trâmites da liquidação. OBS: Este acordo é imutável e perene,
e só pode ser alterado excepcionalmente por consenso unânime

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 108 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 109

entre as partes ou por anulação judicial, provada a existência de


vício de consentimento, simulação, etc.
b. Judicial: se a dissolução for feita judicialmente, a
liquidação também deve ser judicial. E, ainda quando feita
extrajudicialmente, na falta de consenso entre os sócios sobre
a nomeação do liquidante e/ou sobre as regras da liquidação, a
via judicial é o caminho. Conforme as regras previstas na Lei de
Falências, a liquidação judicial é sempre feita pelo procedimento
comum. (parágrafo 3°, arts. 1.046 e 318, CPC, c/c art. 1.111,
CC).
No decorrer do processo de liquidação, o juiz convocará
e presidirá reunião ou assembleia, sempre que necessário,
resolvendo sumariamente as questões suscitadas. As atas,
autenticadas, serão apensadas ao processo judicial. (1.112, CC).
Para manter a transparência e preservar o direito de
terceiros, o liquidante usará a denominação social acrescida do
termo “em liquidação”. (art. 212, Lei 6.404/76).
Quanto ao liquidante, ele só é obrigatório nos casos de
dissolução total da sociedade. Nas dissoluções parciais é comum
o próprio contador da empresa, assistido por outro da confiança
do sócio retirante, proceder a liquidação.
Ele pode ser definido como um profissional contratado pela
sociedade a ser dissolvida ou nomeado pelo juiz para, de forma
isenta, administrar o processo de liquidação, eventualmente
cumulando a administração da sociedade, até a extinção,
levantando balanços, arrecadando ativos, quitando passivos e, a
final, partilhando o saldo entre os sócios, depositando os valores
em conta judicial, etc.
Pode ser pessoa estranha à sociedade ou um dos sócios,
mas a sua atuação não configura mandato. Os poderes que
necessita para a prática dos atos de liquidação vêm da lei,
como transigir, receber e dar quitação, alienar bens móveis ou
imóveis, dentre outros. Esses poderes também são limitados

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 109 29/07/2020 18:34:01
110 Direito Empresarial

pela própria lei, que impede o liquidante de gravar de ônus reais


móveis ou imóveis, contrair dívidas em nome da sociedade sem
autorização no contrato social ou nas regras estabelecidas para a
liquidação, pelos sócios ou pelo juiz, excetuando a contratação
de empréstimos bancários indispensáveis para o pagamento de
obrigações inadiáveis. (art. 1.105, CC).
A isenção e a liberdade no desenvolvimento do trabalho
são essenciais para que o liquidante possa tomar as melhores
decisões patrimoniais.
As obrigações e responsabilidades dos liquidantes são
equiparados às dos administradores da sociedade liquidanda
(art. 1.104, CC), e seus deveres estão elencadas no art. 1.103, do
Código Civil, que, entretanto, não são exaustivos.
Reza o art. 1.103, do Código Civil.
Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante:
I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento
de dissolução da sociedade;
II - arrecadar os bens, livros e documentos da
sociedade, onde quer que estejam;
III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da
sua investidura e com a assistência, sempre que
possível, dos administradores, à elaboração do
inventário e do balanço geral do ativo e do passivo;
IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o
ativo, pagar o passivo e partilhar o remanescente
entre os sócios ou acionistas;
V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o
ativo à solução do passivo, a integralização de suas
quotas e, se for o caso, as quantias necessárias,
nos limites da responsabilidade de cada um e
proporcionalmente à respectiva participação nas

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 110 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 111

perdas, repartindo-se, entre os sócios solventes e


na mesma proporção, o devido pelo insolvente;
VI - convocar assembleia dos quotistas, cada seis
meses, para apresentar relatório e balanço do
estado da liquidação, prestando conta dos atos
praticados durante o semestre, ou sempre que
necessário;
VII - confessar a falência da sociedade e pedir
concordata, de acordo com as formalidades
prescritas para o tipo de sociedade liquidanda;
VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o
relatório da liquidação e as suas contas finais;
IX - averbar a ata da reunião ou da assembleia, ou
o instrumento firmado pelos sócios, que considerar
encerrada a liquidação.
Parágrafo único. Em todos os atos, documentos
ou publicações, o liquidante empregará a firma ou
denominação social sempre seguida da cláusula
“em liquidação” e de sua assinatura individual,
com a declaração de sua qualidade.
Sobre a remuneração do liquidante, quando a contratação
é privada, não há maiores problemas, pois prevalece o acordo
entre os interessados. Porém, no caso da nomeação judicial, como
inexiste previsão legal para a remuneração desse profissional,
aplica-se, por analogia, a remuneração do administrador
judicial fixada na Lei de Recuperação e Falências – LRF (Lei
11.101/2005).
Neste diapasão, a remuneração do liquidante, na liquidação
judicial, não ultrapassa 5% do valor da venda dos bens da
sociedade, reduzindo para 2% no caso das Microempresas - ME
e das Empresas de Pequeno Porte – EPP. (art. 24, LRF).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 111 29/07/2020 18:34:01
112 Direito Empresarial

Entretanto, como o trabalho do liquidante, mesmo


nomeado judicialmente é de natureza privada, o percentual
inicialmente arbitrado pelo juiz pode ser impugnado pelas partes
ou ser objeto de negociação e acordo entre partes e liquidante,
posteriormente homologado pelo juiz.
A remuneração arbitrada em porcentagem sobre o valor
arrecadado tem por objetivo estimular o liquidante a obter
melhor preço pelos bens. Quanto melhor ele vende, maior a sua
remuneração.
Finalmente, é obrigação do liquidante prestar contas e
responder pelos atos que praticou perante sócios, credores e
Juízo. (arts. 154 e 155, LRF, c/c 217, Lei 6.404/76).
Aprovadas as contas em assembleia-geral ou por aceitação
dos sócios, na liquidação extrajudicial, a fase de liquidação é
dada por encerrada, a sociedade declarada extinta por distrato ou
na ata da assembleia-geral, documentos que devem ser levados a
registro na Junta Comercial.
Na liquidação judicial é observada a lei processual (art.
1.111, CC). Em resumo, o juiz julga as contas e a liquidação
e, estando tudo de acordo com a lei, sentencia a extinção da
sociedade, oficiando a Junta Comercial.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o
que vimos. Você deve ter aprendido que os aspectos e tipos de
alterações societárias, suas peculiaridades e consequências.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 112 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 113

Desconsideração da personalidade
jurídica

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como


funciona a personalidade jurídica. Isto será fundamental para
o exercício de sua profissão. Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

A desconsideração da pessoa jurídica


Esse instituto sofreu profunda mudança com a recente
Lei 13.874, sancionada em 20 de setembro de 2019, que alterou
vários artigos do Código Civil e outras leis que regulamentam o
Direito Empresarial.
A desconsideração da pessoa jurídica, também
denominada de desconsideração da autonomia patrimonial da
pessoa jurídica, segue sendo uma medida judicial extrema, que
atinge os bens particulares dos sócios e administradores para o
pagamento de credores da sociedade, prejudicados pelo abuso
da personalidade jurídica, praticado com desvio de finalidade ou
confusão patrimonial. (art. 50, CC).
Esta é a nova redação do art. 50 do Código Civil:
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento
da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para
que os efeitos de certas e determinadas relações de

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 113 29/07/2020 18:34:01
114 Direito Empresarial

obrigações sejam estendidos aos bens particulares


de administradores ou de sócios da pessoa jurídica
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
§ 1° Para os fins do disposto neste artigo, desvio
de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com
o propósito de lesar credores e para a prática de
atos ilícitos de qualquer natureza.
§ 2° Entende-se por confusão patrimonial a
ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de
obrigações do sócio ou do administrador ou vice-
versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem
efetivas contraprestações, exceto os de valor
proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia
patrimonial.
§ 3° O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste
artigo também se aplica à extensão das obrigações
de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
§ 4° A mera existência de grupo econômico sem
a presença dos requisitos de que trata o caput
deste artigo não autoriza a desconsideração da
personalidade da pessoa jurídica.
§ 5° Não constitui desvio de finalidade a mera
expansão ou a alteração da finalidade original da
atividade econômica específica da pessoa jurídica.
Houve uma preocupação do legislador em delimitar a
responsabilidade e, consequentemente, os bens particulares
dos sócios e administradores que podem ser atingidos pela
desconsideração, condicionando-a ao benefício direto ou

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 114 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 115

indireto do abuso da personalidade jurídica. Ou seja, os sócios e


administradores que não tenham se beneficiado do abuso estão
naturalmente excluídos e seus bens particulares não podem
ser atingidos para o pagamento de dívidas da sociedade. Pela
redação anterior, o simples fato de ser sócio de sociedade
fraudadora autorizava o perdimento de bens para indenização
dos prejudicados.
Também restaram definidos e bem delimitados o abuso de
finalidade e a confusão patrimonial, assim como os casos em
que a personalidade jurídica não pode ser desconsiderada.
A atual definição legal do desvio de finalidade é utilização
da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e/ou praticar
atos ilícitos de qualquer natureza.

IMPORTANTE

A Medida Provisória n° 881/2019, previa expressamente a


necessidade da conduta dolosa para configuração do abuso da
personalidade, o que foi suprimido na Lei n° 13.874 sancionada.
Mas essa supressão é irrelevante, pois o texto da lei exige o
propósito, ou seja, o dolo, a vontade livre e consciente de praticar
o ato abusivo e obter o resultado danoso. A culpa, caracterizada
pela negligência, imprudência ou imperícia, não autoriza a
desconsideração da pessoa jurídica.

Para a caracterização da confusão patrimonial, por sua


vez, é preciso haver a ausência real de separação dos bens dos
sócios e administradores dos bens da pessoa jurídica e prática
reiterada de atos que indiquem confusão de obrigações dos
particulares e da empresa, transferência de ativos que não

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 115 29/07/2020 18:34:01
116 Direito Empresarial

configurem dividendos, e a prática de outros atos que deixem


clara a ausência de autonomia patrimonial da pessoa jurídica.
A lei também desautoriza a desconsideração da pessoa
jurídica pelo simples fato de as empresas integrarem grupo
econômico, limitando a responsabilidade àquelas que real e
efetivamente tenham se beneficiado do abuso da personalidade.
Tampouco autoriza a desconsideração da pessoa jurídica
a simples alteração de finalidade da atividade econômica das
empresas ou a expansão das atividades empresariais.
O objetivo da alteração na lei foi dar segurança jurídica
aos sócios e administradores, especificando de forma clara como
e de que forma os seus bens pessoais podem ser atingidos para
pagamento de dívidas da sociedade. Porém, por outro lado,
tornou mais difícil para os credores fazer a prova das condutas
abusivas das empresas.
A jurisprudência, nos próximos anos, se encarregará
de equacionar a atual hipossuficiência dos credores frente às
empresas que praticam condutas abusivas.
Processualmente, a desconsideração da pessoa jurídica
deve ser pleiteada através de incidente processual, inclusive nos
juizados especiais, à exceção de quando o pedido for feito na
inicial. (arts. 133 a 137 e 1.062, CPC).

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o
que vimos. Você deve ter aprendido sobre o funcionamento da
personalidade jurídica.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 116 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 117

Recuperação de empresas

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender sobre a


recuperação de empresas. Isto será fundamental para o exercício
de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Lei de Recuperação e Falência de


Empresas
A Lei de Recuperação e Falência de Empresas, Lei
11.101/2005, é uma norma eclética, pois reúne no seu texto
diretrizes administrativas, civis, processuais e penais, com o
objetivo de disciplinar recuperações extrajudiciais e judiciais,
e também a falência do empresário individual e da sociedade
empresária, lastreada no princípio da preservação da empresa
e da sua função social, com norte na proteção da atividade
econômica através da valorização do trabalho humano e da livre
iniciativa, aliando preservação dos empregos e justiça social à
recompensa do lucro e saúde da economia nacional, nos termos
do art. 170, da Constituição Federal.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 117 29/07/2020 18:34:01
118 Direito Empresarial

Nesta linha também o art. 47, da Lei 11.101/2005:


Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo
viabilizar a superação da situação de crise
econômico-financeira do devedor, a fim de
permitir a manutenção da fonte produtora, do
emprego dos trabalhadores e dos interesses dos
credores, promovendo, assim, a preservação da
empresa, sua função social e o estímulo à atividade
econômica.
Crises empresariais patrimoniais, econômicas ou
financeiras podem ter várias razões: má administração,
desentendimento entre sócios, fenômenos naturais, concorrência
desleal, falta ou excesso de insumos, diminuição do consumo,
atraso tecnológico, linha de produção ultrapassada, dentre
outros.
O objetivo primeiro da Lei 11.101, é ajudar as empresas a
sanar essas crises para que possam continuar atuando no mercado,
restringindo a falência aos casos de real impossibilidade de
recomposição dos ativos empresariais.
Caracteriza-se crise econômica quando a empresa não
vende produtos e serviços em quantidade que lhe permita pagar
os seus custos, ensejando inadimplemento eventual, ou seja,
incapacidade de cumprir obrigações líquidas e certas nos prazos
corretos.
A crise financeira é mais grave e ocorre quando o fluxo
de caixa é insuficiente para o pagamento das obrigações
empresariais, caracterizando iliquidez e incapacidade provisória
do devedor para cumprir as obrigações, em que pese a empresa
possua ativo em quantidade suficiente para quitar dívidas
vencidas e vincendas.
A crise patrimonial, por sua vez é muito grave e ocorre
quando o ativo da empresa é inferior ao seu passivo, ou seja,
quando há insolvência, incapacidade definitiva para o pagamento

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 118 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 119

das obrigações, pela falta de bens e direitos suficientes para


cobri-las.
Atenção: A insolvência civil é a incapacidade econômica e
financeira de pessoa física para pagar dúvidas por ela contraídas
e que superam os seus ganhos e o seu patrimônio disponível
ou penhorável. Ao fim do processo a pessoa física pode se
recuperar e tornar-se solvente ou, persistindo a inadimplência,
ser declarada definitivamente insolvente por sentença judicial.
Por força do art. 1.052 do CPC/2015, até a edição de lei especial
que regulamente o tema, a insolvência civil continua sendo
processada e julgada de acordo com os arts. 758 a 786-A do
CPC/1939.
O endurecimento da desconsideração da pessoa jurídica
pela Lei 13.874/2019, que também aumentou a rigidez na
separação patrimonial das empresas e dos empresários,
limitando responsabilidades, tem por objetivo incentivar o
empreendedorismo. O empresário pode empenhar-se mais
e melhor para recuperar a sua empresa sabendo que o seu
patrimônio pessoal não só responderá pelas dividas societárias
se provado o abuso de finalidade e a confusão patrimonial.

Pessoas jurídicas na lei 11.101/2005 - LRF


Todas as pessoas jurídicas que desenvolvem atividades
empresariais estão sob a égide da Lei de Recuperação e Falência
de Empresas, excetuando as elencadas no art. 2°, em rol não
exaustivo, já que há outras pessoas jurídicas não sujeitas à
falência por previsão no Código Civil e em leis especiais.
Diz o art. 2°, da Lei 11.101/2005:
Art. 2° Esta Lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade de economia
mista;

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 119 29/07/2020 18:34:01
120 Direito Empresarial

II – instituição financeira pública ou privada,


cooperativa de crédito, consórcio, entidade de
previdência complementar, sociedade operadora
de plano de assistência à saúde, sociedade
seguradora, sociedade de capitalização e outras
entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Relembrando, o parágrafo único, do art. 966, do Código
Civil, especifica que não são empresários “quem exerce profissão
intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com
o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa”.
Para fins falimentares, porém, é irrelevante que o
empresário individual ou a sociedade empresária estejam
regularmente registrados na Junta Comercial. Ou seja, as
sociedades não personificadas, e mesmo aquelas com alguma
irregularidade registral, podem ter a sua falência decretada.
O que a lei lhes veda é o pleito de autofalência, de
recuperação judicial ou de falência de outro empresário do qual
sejam credores, pois para isso precisam atender às exigências
dos arts. 105 e 106, c/c art. 97, da Lei 11.101/2005.
Só as empresas regularmente registradas na Junta
Comercial alcançam essas benesses legais.
As atividades rurais, por sua vez, só estão sujeitas à
recuperação judicial e à falência se o trabalhador rural optar
por fazer a sua inscrição na Junta Comercial e se equiparar à
sociedade empresária (arts. 971 e 984, CC). Nada impede,
porém, que o trabalhador rural devedor pleiteie a declaração
judicial da sua insolvência civil.
Entretanto, seja por desconhecimento da lei, seja pelo
preconceito em se autodeclarar devedor, ou ainda pelo alto
custo processual, a insolvência civil raramente é utilizada
pelas pessoas físicas devedores, em que pese possa ser uma
medida extremamente benéfica, por lhes dar tempo e condições

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 120 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 121

favoráveis para renegociar dívidas, preservar o seu patrimônio e


recuperar sua saúde financeira.
Com relação às cooperativas em geral, há um aparente
vácuo legal no que diz respeito à possibilidade da recuperação
judicial ou extrajudicial, já que o instituto não existia em 1976,
quando sancionada a Lei 5.764, que define a Política Nacional
de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades
cooperativas e dá outras providências. E é aparente porque,
mesmo há muitos anos, o legislador se preocupou em proteger e
ajudar as cooperativas em dificuldade econômica-financeira a se
recuperar, em razão da sua importância social.
As cooperativas de crédito, nos termos do art. 2°, não estão
sob a égide da Lei 11.101/2005, pois todas as instituições que
têm natureza jurídica de instituição financeira, não-bancária, se
submetem diretamente à Lei 6.024/74, que trata da intervenção
e liquidação extrajudicial das instituições financeiras. A Lei
de Falências é usada apenas subsidiariamente, na omissão da
Lei 6.024/74. As cooperativas de crédito também estão sob
fiscalização direta do Banco Central, nos termos do Decreto
2.321/1987, que prevê um regime de administração especial
temporária, nas instituições financeiras publicas e privadas não
federais, à guisa de recuperação.
As cooperativas em geral, por sua vez, não estão sujeitas à
falência por serem sociedades de pessoas, nos termos do art. 4°,
da Lei 5.764/1971.
Porém, é importante ressalvar que o art. 76, da Lei n.
5.764/71, prevê uma espécie de recuperação econômica para as
cooperativas em geral. Após a publicação da ata da assembleia
que autoriza a liquidação, com vistas à mantença da integridade
do sistema cooperativo, a bem do interesse público e para
facilitar uma eventual recuperação econômica, as cooperativas
têm moratória de um ano, período no qual ficam suspensas todas
as ações judiciais contra elas.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 121 29/07/2020 18:34:01
122 Direito Empresarial

Assim como no caso das cooperativas de crédito, a Lei de


Recuperação e Falências não se aplica, in totum, às cooperativas
em geral. Ela é usada apenas de forma subsidiaria, no silêncio
da lei especial 5.764/71 e no que não afrontar as determinações
expressas do legislador em normas que lhe digam respeito
diretamente.

Aspectos processuais relevantes da LRF


A competência para o processo de recuperação judicial ou
da falência é do juízo da comarca estadual no qual está instalado
o principal estabelecimento do devedor ou da filial que tenha sede
no estrangeiro, que também fica prevento para quaisquer outros
pedidos de recuperação judicial ou de falência, relacionados ao
mesmo devedor. (art. 3° c/c parágrafo 8°, art. 6°, LRF).
A exceção diz respeito à constrição de bens não abrangidos
pelo plano de recuperação da empresa, nos termos da Súmula
480, do STJ, in verbis:
“O juízo da recuperação judicial não é competente
para decidir sobre a constrição de bens não
abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.”
Quanto ao curso do prazo prescricional, com o deferimento
da recuperação judicial ele é suspenso, assim como todas as
ações e execuções judiciais contra o devedor, à exceção das
ações ilíquidas, das trabalhistas e das execuções fiscais, cujo
trâmite, na fase de conhecimento, prossegue normalmente nas
justiças especializadas (art. 6º e parágrafos 1º, 2º e 7º, LRF).
A suspensão é de no máximo 180 dias, a contar do
deferimento do processamento da recuperação e, após o seu
decurso, os credores podem impetrar ou prosseguir com suas
ações e execuções, independente de novo pronunciamento
judicial. (parágrafo 4°, art. 6°, LRF).
Atenção: O caput do art. 6° suspende a prescrição, não a
interrompe. Na suspensão o prazo para e depois volta a correr

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 122 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 123

pelo tempo restante. Na interrupção o prazo para e na volta a


contagem é reiniciada, como se nunca tivesse corrido antes.
E, apenas para relembrar, a decadência, perda de um direito
potestativo, não pode ser suspensa e nem interrompida.
Os créditos alimentares, tanto trabalhistas como honorários
advocatícios, devem ser habilitados na recuperação e na falência
em concurso com os demais credores. Um credor individualmente
considerado, em que pese a relevância da natureza jurídica
da verba a que tem direito, não pode sobrepor-se a todos os
interesses envolvidos no processo recuperatório ou falimentar.
Por esta razão, as ações trabalhistas e outras que tenham caráter
alimentar, apesar da proteção constitucional de que gozam,
devem ser julgadas nas Justiças Especializadas e executadas no
Juízo Universal Falimentar. A própria lei falimentar as coloca
em patamar superior no momento do pagamento dos créditos.
Imediatamente após a nomeação, o administrador judicial
precisa providenciar um levantamento contábil de todos os
créditos e débitos existentes contra o devedor, com base nos
documentos apresentados pelos credores, livros contáveis,
documentos comerciais e fiscais da empresa, etc. (art. 7°, LRF).
O balanço deve ser publicado em edital, dando início ao
prazo de 15 dias para os credores habilitarem eventuais créditos
não indicados no edital ou apresentarem divergências sobre
os créditos publicados, em documento no qual conste o nome
e o endereço do credor, o valor do crédito, comprovantes, etc.
(parágrafo 1°, art. 7°, c/c art. 9°, LRF).
Apresentadas as habilitações e divergências, o
administrador judicial deve publicar novo edital com a relação
consolidada dos credores. (parágrafo 2°, art. 7°, LRF). Eventual
omissão do Administrador pode ser sanada por determinação
judicial.
Mesmo após a publicação editalícia da relação consolidada
de credores, a lei admite a habilitação de credores retardatários,

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 123 29/07/2020 18:34:01
124 Direito Empresarial

que, entretanto, não gozarão do direito a voto nas deliberações


da assembleia-geral de credores na recuperação judicial, e sem
terão direito a rateios na falência. (parágrafos 1° e 2°, art. 10,
LRF).
O Ministério Público, o próprio devedor e quaisquer
credores, no prazo de 10 da publicação do edital de publicação
da relação consolidada, podem impugnar a relação de credores
alegando ilegitimidade, ausência de crédito, valores divergentes,
prescrição, etc. (art. 8°, LRF).
As impugnações são autuadas em autos apartados e
apensas à ação principal. (parágrafo único, art. 13, LRF).
Cabe ressalvar que, na recuperação judicial e na falência, o
administrador judicial não representa credores, nem devedores.
Ele é um auxiliar judicial, pessoa física ou jurídica da confiança
do juiz, nomeado para conduzir os trâmites administrativos
e fiscalizar a gestão na fase de recuperação, e efetivamente
administrar o negócio na fase falencial, sozinho ou em concurso
com auxiliares. (art. 21, LRF).
Essa nomeação trás consigo deveres comuns ou não à
recuperação e à falência.
a. Comuns: enviar correspondência aos credores; fornecer,
com presteza, todas as informações pedidas pelos credores
interessados; dar extratos dos livros do devedor, que merecerão
fé de ofício, a fim de servirem de fundamento nas habilitações
e impugnações de créditos; exigir dos credores, do devedor ou
seus administradores quaisquer informações; etc. (art. 22, inciso
I, letras “a” a “i”, LRF).
b. Específicos na Recuperação Judicial: “fiscalizar as
atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação
judicial; requerer a falência no caso de descumprimento de
obrigação assumida no plano de recuperação; apresentar ao
juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 124 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 125

devedor; apresentar o relatório sobre a execução do plano de


recuperação.” (art. 22, inciso II, letras “a” a “d”).
c. Específicos na Falência: avisar, pelo órgão oficial, o lugar
e hora em que, diariamente, os credores terão à sua disposição
os livros e documentos do falido; examinar a escrituração do
devedor; relacionar os processos e assumir a representação
judicial da massa falida; receber e abrir a correspondência
dirigida ao devedor, entregando a ele o que não for de interesse
da massa; etc. (art. 22, inciso III, letras “a” a “r”).
Incorrendo o administrador judicial em desobediência a
qualquer obrigação legal ou desacato a ordem judicial, o juiz
ordenará que seja intimado para, no prazo de 05 dias sanar
a pendência. Decorrido o prazo in albis ou não atendida a
pendência a contento, o administrador é destituído em decisão
motivada e justificada e, preferencialmente, no mesmo despacho,
o juiz “nomeará substituto para elaborar relatórios ou organizar
as contas, explicitando as responsabilidades de seu antecessor”.
(art. 23 e parágrafo único, LRF).
O administrador também pode livremente renunciar ao
cargo para o qual foi nomeado (parágrafo 3°, art. 24, c/c inciso
III, art. 22, LRF), sem perda dos honorários até o momento da
renúncia.
A remuneração do administrador é fixada pelo juiz,
inclusive quanto à periodicidade dos pagamentos, mas 40%
somente são pagos após a apresentação das contas e do relatório
final. (art. 24, c/c 24, LRF).
É ônus do devedor ou da massa falida o pagamento o
administrador judicial e das pessoas contratadas para ajudá-lo.
(art. 25, LRF).
Assim como na renúncia, na destituição o administrador
recebe proporcionalmente ao trabalho realizado, exceto se
houver inércia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigações

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 125 29/07/2020 18:34:01
126 Direito Empresarial

previstas na lei, quando perderá o direito a ela. (parágrafo 3°,


art. 24, LRF).

IMPORTANTE

A remuneração do administrador judicial e dos seus auxiliares é


crédito extraconcursal, ou seja, deve ser paga antes de qualquer
outro pagamento a credores do falido. (art. 25, LRF).

Comitê de credores
O Comitê de Credores é um órgão facultativo, fiscalizatório
e de representação dos credores na recuperação judicial e na
falência, dotado de poderes decisórios e remunerado com
eventuais sobras de caixa.
Ele é um colegiado composto por credores, com
composição prevista no art. 26, da LRF.
A formação do comitê supre a necessidade de convocação
da universalidade de credores na tomada de decisões simples ou
complexas.
E, ainda que não haja sobra de caixa nem remuneração,
isso não a escusa de total empenho no cumprimento das suas
obrigações fiscalizatórias, sob pena de responsabilidade.
São algumas atribuições do Comitê de Credores, em rol
não exaustivo: fiscalizar as atividades e examinar as contas do
administrador judicial, zelar pelo bom andamento do processo e
pelo cumprimento da lei, comunicar ao juiz eventuais violações
de direitos ou prejuízo aos interesses dos credores; etc. (art. 27,
LRF).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 126 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 127

Não havendo comitê de credores, o administrador judicial,


e na sua incompatibilidade o juiz, exercerão as atribuições a ele
conferidas pela lei. (art. 28, LRF).
Tão logo nomeados, administrador e membros do comitê
de credores são intimados pessoalmente para assinarem, na
sede do juízo, em 48 horas, um “termo de compromisso de
bem e fielmente desempenhar o cargo e assumir todas as
responsabilidades a ele inerentes”. (art. 33, LRF).
Se o administrador não assinar no prazo, o juiz nomeará
outro. (art. 34, LRF).
No art. 30, da Lei 11.101, estão elencados os impedimentos
para o exercício da função de administrador judicial e de membro
do comitê de credores.
O caput do art. 30, da LEF, não se aplica no caso de
renúncia do administrador.
Finalmente, cabe ressalvar que tanto o administrador
judicial como os membros do comitê respondem pelos prejuízos
que causarem no exercício das suas atividades por dolo ou culpa.
(art. 32, LRF).

Assembleia-geral de credores
A assembleia de credores é um colegiado composto
por credores trabalhistas, acidentários, com garantias reais,
privilegiados (geral e especial), quirografários, subordinados,
microempresa ou empresa de pequeno porte do devedor, para,
soberanamente, cumprir as seguintes atribuições previstas no
art. 35, da LRF.
É vedado ao juiz mudar as decisões da assembleia, exceto
nos casos comprovados de fraude ou violação de normas
cogentes, com destaque para os preceitos de ordem pública.
Quando necessário, o juiz convoca a assembleia-geral de
credores por edital, com antecedência mínima de 15 dias, nele

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 127 29/07/2020 18:34:01
128 Direito Empresarial

fazendo constar local, hora e data da realização da assembleia,


ordem do dia, etc. (art. 36, LRF).
A assembleia é presidida pelo administrador judicial, que
designará um secretário entre os presentes, e a instalará, em
primeira convocação, “com a presença de credores titulares de
mais da metade dos créditos de cada classe, computados pelo
valor, e, em segunda convocação, com qualquer número”. (caput
e parágrafo 2°, art. 37, LRF).
O voto de cada credor é proporcional ao seu crédito, exceto
para a aprovação do plano de recuperação, quando os votos dos
trabalhadores, microempresários e empresas de pequeno porte
serão contabilizados unitariamente, sem importar o valor do
crédito de cada um. (art.38 e parágrafo 2°, art. 45 c/c incisos I e
IV, art 41, LRF).
Podem participar na assembleia, mas sem direito a voto:
os sócios do devedor, as sociedades coligadas e controladas,
aquelas que tenham sócio ou acionista com participação superior
a 10% (dez por cento) do capital social do devedor ou nas quais
o devedor ou algum de seus sócios tenham participação superior
a 10% (dez por cento) do capital social, cônjuge ou parente,
consanguíneo ou afim, colateral até o 2º grau, ascendente ou
descendente do devedor, de administrador, do sócio controlador,
de membro dos conselhos consultivo, fiscal ou semelhantes da
sociedade devedora, e a sociedade em que quaisquer dessas
pessoas exerçam essas funções, podem participar na assembleia.
(art. 43, LRF).

Recuperação judicial
Recuperação judicial é uma tentativa opcional, do
empresário ou da sociedade empresária em estado pré-falencial,
para restabelecer a sua saúde econômica-financeira através de
uma ação judicial.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 128 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 129

Credores, trabalhadores, sindicatos e/ou governo não têm


legitimidade para pleitear a recuperação judicial de empresas,
ainda que possuam um maravilhoso e muito bem estruturado
plano para reorganizá-las e tirá-las do estado pré-falecial.
Este não é, inclusive, o caminho apropriado para todas as
empresas, pois a reorganização administrativa e produtiva é cara
e resulta inequivocamente em prejuízo parcial ou total para os
credores.
Como o repasse dos riscos associados a atrasos nos
pagamentos é política monetária e de gestão financeira no Brasil,
a recuperação judicial ou extrajudicial resulta em aumento de
preços dos produtos e serviços, juros bancários, impostos, etc. A
conta final é sempre paga pela sociedade em geral. Além disso,
esse contínuo repassar de custos cria um círculo vicioso que
prejudica pessoas físicas, empresários e sociedades empresárias
no curto, médio e longo prazos.
Diante desse quadro, somente o empresário ou sociedade
empresária com real probabilidade de recuperação deve ter o
pedido judicial deferido.
Os demais devem requerer falência.
As sociedades em comum, de economia mista, cooperativa
ou simples não têm legitimidade para impetrar Ação de
Recuperação Judicial justamente porque não podem ter a falência
decretada. São também carentes de legitimidade as instituições
financeiras, as integrantes do sistema de distribuição de títulos
ou valores mobiliários no mercado de capitais e as corretoras
de câmbio (art. 53, Lei 6.024/74), as seguradoras integrantes
do Sistema Nacional de Seguros Privados (art.26, Decreto-lei
n. 73/66) e as operadoras e seguradoras de planos privados de
assistência à saúde (art. 23, Lei 9.656/98).
Pode requerer a Recuperação Judicial o empresário ou
sociedade empresária devedora que, no momento da distribuição
da ação, contar com mais de dois anos de exercício da atividade

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 129 29/07/2020 18:34:01
130 Direito Empresarial

empresarial e que, cumulativamente: não seja falido, ou tenha


falência anterior extinta por sentença transitada em julgado;
não tenha pedido recuperação judicial, ou sendo microempresa
ou empresa de pequeno porte não tenha obtido concessão
de recuperação judicial com plano especial nos cinco anos
anteriores à distribuição da ação; e, não ter sido condenada, nem
ter administrador ou sócio controlador condenados por crimes
falimentares. (art. 48, incisos I a IV, LRF).
Ressalvada a preferência dos créditos extraconcursais
discriminados no art. 84, da LRF (remunerações do administrador
judicial e auxiliares, créditos pagos por credores da recuperanda,
custas judiciais e extrajudiciais, obrigações resultantes de atos
jurídicos válidos), o pagamento dos credores se dá na ordem
estrita do art. 83 da LRF: trabalhistas até 150 salários mínimos
por credor e acidentários, seguidos pela garantia real até o
limite do bem gravado, tributários exceto multas, créditos com
privilégio especial discriminados em lei (art. 964, CC, com direito
de retenção, devidos a microempreendedores individuais e das
microempresas e empresas de pequeno porte, etc.), créditos com
privilégio geral (art. 965, CC, art. 65, LRF, e outros previstos
em leis especiais), créditos quirografários, multas diversas e
créditos subordinados.
Cabe ao autor a demonstração inicial da viabilidade
do cumprimento dessas obrigações e a condição posterior de
prosseguimento do negócio, sob pena do plano de recuperação
ser judicialmente recusado.
O exame da viabilidade é feito pelo critério do risco,
com base nos níveis do ativo e passivo da empresa, o seu porte
econômico, o seu tempo de existência e a sua importância social
no nicho de mercado que ocupa, em especial o número de mão
de obra que emprega, sem prejuízo de outras características
importantes e a serem consideradas caso a caso.
Os meios de recuperação judicial da atividade econômica,
ou seja, algumas providências financeiras, administrativas e

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 130 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 131

jurídicas possíveis, não exaustivas, estão elencadas no art. 50,


da LRF.
É ônus do administrador da sociedade empresária, ao
impetrar a recuperação judicial, informar ao juiz os meios que
escolheu e que julga aptos e eficazes à restauração econômica-
financeira da recuperanda.
O procedimento judicial da recuperação de empresas se
divide em três fases muito bem demarcadas: a postulatória, a
deliberativa e a executiva.
a. Fase Postulatória: tem início com a distribuição da
inicial da Ação de Recuperação Judicial pelo empresário ou pela
sociedade empresária. Reiterando: só são legitimados a interpor
Recuperação Judicial aqueles que podem legitimamente figurar
no polo passivo de ação de falência.
A recuperanda deve tornar imediatamente acessíveis aos
credores suas demonstrações contábeis, a fim de que lhes seja
possível verificar a sua real situação econômica, financeira e
patrimonial.
Também em atenção ao princípio da transparência e da
boa-fé, a recuperanda deve, obrigatoriamente, instruir a petição
inicial com os atos constitutivos, a procuração e os seguintes
documentos: (art. 51, I a IX, LEF).
Na falta ou incompletude de documentos o juiz pode dar
prazo para que sejam disponibilizados. Decorrido o prazo in
albis, o juiz extinguirá a ação sem resolução do mérito (art. 317,
CPC). O autor não poderá propor novamente a ação sem pagar
ou depositar em cartório as despesas e os honorários a que tiver
sido condenado (art. 92, CPC).
Se a inicial estiver instruída corretamente o juiz despachará
ordenando o processamento do pedido de recuperação judicial,
nomeará um administrador judicial da sua confiança, determinará
vista ao Ministério Público, dispensará a apresentação de
certidões negativas para o exercício das atividades empresariais

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 131 29/07/2020 18:34:01
132 Direito Empresarial

– exceto no caso de contratação com o Poder Público ou para o


recebimento de benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios
-, determinará a entrega pela recuperanda de demonstrativos
contáveis mensais durante todo o trâmite processual, ordenará
a notificação por carta das Fazendas Federal, estaduais em todo
o Brasil, e municipais onde o devedor tiver estabelecimentos e,
finalmente, determinará a expedição de edital para publicitar o
pedido de recuperação.
Importante ressalvar que as ações com pedido de falência
contra a recuperanda são suspensas pela simples alegação da
existência da ação de recuperação em preliminar de contestação
ou em petição simples, mas acompanhadas da prova de
existência do processo de Recuperação Judicial (art. 95, LRF).
Essa prova deve ser feita através de certidão do cartório do Juízo
da Falência.
Decisão concessiva da recuperação judicial não se
confunde com o despacho inicial de processamento. Neste o
juiz apenas verifica o pedido vestibular, a legitimidade ativa do
autor, a regularidade da documentação que a instrui e dá início à
ação recuperatória (art. 6° e 52, LRF). Aquela é própria da fase
deliberatória e inicia com a aprovação do plano pelos credores
reunidos em assembleia, seguida da concessão da recuperação
por sentença judicial (arts. 57 e 58, caput) ou, excepcionalmente,
pela concessão forçada da recuperação pelo juiz - Cram Down
(parágrafo 1°, art. 58, LRF), configurando título executivo
judicial impugnável pela via do Agravo de Instrumento (art. 59,
parágrafos 1º e 2°).
b. Fase Deliberatória: O mais importante nesta fase, que
se inicia com a publicação do despacho de processamento, é a
apresentação do plano no prazo de 60 dias e a verificação dos
créditos, seguida da votação do plano de recuperação judicial
pela assembleia de credores.
Em que pese não seja garantia de recuperação da empresa,
que sofre diversos fatores extra-autos como inflação, demanda

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 132 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 133

de mercado, fatores concorrenciais, etc., ou até mesmo a má


gestão durante o processo, todo o trâmite da ação recuperatória,
e a própria recuperação da empresa, depende da aprovação do
plano, da sua consistência e viabilidade.
Um plano inócuo é mera formalidade processual e não
ajuda na recuperação judicial, resultando, a final, na falência da
empresa com prejuízo para todos os credores.
Além dos meios, há algumas diretrizes que devem ser
obrigatoriamente observadas no plano: o pagamento do saldo de
salários até cinco salários mínimos por trabalhador, vencidos na
da data do pedido de recuperação, em até 30 dias, e a previsão
do pagamento dos direitos trabalhistas vencidos no prazo de um
ano; proposta de parcelamento de créditos fiscais (art. 155-A,
CTN); alienação de bens gravados com hipoteca ou penhor, e a
supressão ou substituição da garantia real após aprovação pelos
credores, com ou sem voto do titular da garantia.
Após a aprovação do plano pelos credores o juiz
homologará a decisão. Porém, se houver votação expressiva,
mas com quorum insuficiente, o juiz pode, discricionariamente,
acatar – Cram Down - ou rejeitar o plano.
O Cram Down, um instituto falencial similar ao Crem
Down americano, parcialmente incorporado ao ordenamento
pátrio, permite ao juiz ignorar a decisão de rejeição do plano
de recuperação pela Assembleia-geral de Credores e, a um só
tempo, lhe dá poderes para, discricionariamente, homologá-lo
se estiver acorde com as determinações objetivas discriminadas
nas leis cogentes. (parágrafo 1°, art. 58, LRF).
Cram Down significa, literalmente, “empurrar o plano
goela abaixo” da maior parte dos credores que integram a
Assembleia- Geral e não concordam com o proposto pelo
devedor para a recuperação.
Em que pese possa parecer excessivamente impositivo,
e até ditatorial, é um instituto útil, especialmente quando os

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 133 29/07/2020 18:34:01
134 Direito Empresarial

credores não se entendem e essa dissonância coloca em risco a


eventual recuperação da sociedade empresária devedora, com
prejuízo para o universo de credores e a sociedade em geral.
Também discricionariamente ou em aceitação à
Assembleia- Geral de Credores, o juiz pode recusar o plano e
decretar a falência da parte autora.
c. Fase Executória: esta fase inicia com a publicação da
decisão de concessão da recuperação judicial, no Diário Oficial,
e dura até dois anos, ou até que se cumpram as metas e obrigações
previstas no plano. (art. 61, caput, LRF).
A fase executória é o tempo da execução prática do plano
de recuperação aprovado pelo Juízo, que somente pode ser
alterado para mantença do reequilíbrio da condição econômica-
financeira da recuperanda, por meio de aditamento votado pela
assembleia de credores e homologado pelo juiz ou por Cram
Down. A regra geral é de não alteração do plano e de obediência
estrita aos meios e obrigações nele previstas. A alteração do
plano no curso do processo é medida excepcional.
Se a gestão da empresa se afastar do plano, a parte autora
pode ter a falência decretada a pedido de qualquer um dos
credores. (art. 61, parágrafo 1°, LRF).
Decretada a falência, os credores são reconstituídos nos seus
direitos e garantias, nos termos contratados, deduzidos valores
recebidos a igual título, mantidos os atos válidos praticados no
decorrer da recuperação judicial. (art. 61, parágrafo 2°, LRF).
O empresário ou a sociedade empresária devedores
mantém indelével a sua personalidade jurídica durante toda
a fase executória, podendo contrair obrigações e titularizar
créditos, mas não alienar ou onerar bens ou direitos, a menos que
haja previsão no plano e essa alienação seja útil à recuperação.
Na falta de previsão no plano, excepcionalmente, o juiz pode
autorizar a venda após ouvir o comitê.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 134 29/07/2020 18:34:01
Direito Empresarial 135

Em atenção ao princípio da publicidade e da moralidade, a


recuperanda deve incluir no nome empresarial a expressão “em
recuperação judicial” e usá-la durante toda a fase executória, sob
pena de responsabilidade civil direta e pessoal do administrador.
A fase executória se encerra pelo cumprimento do plano
de recuperação no prazo de dois anos, pela manifestação
de desistência do empresário ou da sociedade empresária, a
qualquer tempo, sujeita à aprovação da assembleia de credores,
ou ainda pela decretação da falência.

Microempresas e empresas de pequeno


porte
A recuperação judicial da microempresa ou empresa de
pequeno porte possui regras especiais em decorrência da pouca
complexidade de que se reveste.
A inicial deve conter declaração expressa de apresentação
do Plano Especial no prazo legal, bem como ser instruída com
livros e escrituração contábil simplificada. (par. 1°, art. 70, c/c
2°, art. 51, LRF).
No Plano Especial da ME e da EPP deve constar,
obrigatoriamente: (art. 71, LRF).
a. eventual proposta de abatimento das dívidas;
b. previsão do pagamento parcelado de todas elas, vencidas
ou não até a data da distribuição da ação, para pagamento em
180 dias e em até 36 parcelas mensais iguais e sucessivas, com
acréscimo de juros pela taxa do Sistema Especial de Liquidação
e de Custódia – SELIC;
c. o reconhecimento expresso da necessidade de
autorização do juiz para aumento de despesas ou contratação de
novos empregados, após oitiva do administrador judicial e do
Comitê de Credores.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 135 29/07/2020 18:34:01
136 Direito Empresarial

Dívidas trabalhistas e fiscais não entram no plano especial


e devem ser quitadas.
A suspensão da prescrição alcança somente as ações e
execuções discriminadas no plano especial (par. 2°, art. 71).
Os credores podem objetar a proposta de parcelamento
e, neste caso o juiz dará oportunidade ao autor para retificar o
plano. (parágrafo único, art. 72, c/c art. 55, LRF).
Na falta de retificação, o juiz decidirá o conflito. Porém, se
mais da metade dos credores apresentarem objeções, a falência
será decretada.
Dada a singeleza do procedimento e do plano, a assembleia-
geral de credores é dispensável.
Em apertada síntese, o próprio juiz da causa examina o
plano e, discricionariamente, após ouvir os credores, determina
a sua retificação, se estiver em desconformidade com a lei, dá
prazo para juntada de novos documentos e, a final, o homologa,
dando início à fase executória, ou o rejeita, decretando de plano
a falência da micro ou da pequena empresa.
Homologado o plano, os efeitos imediatos da sentença
homologatória são a suspensão das ações e execuções e a
novação das obrigações nele discriminadas.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o que
vimos. Você deve ter aprendido sobre a recuperação judicial e
extrajudicial.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 136 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 137

Falência

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender o que


significa a falência e as suas consequências. Isto será fundamental
para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!

Compreendendo o significado da falência


A falência é o reconhecimento judicial da incapacidade
da empresa em cumprir os seus compromissos econômico-
financeiros, com o afastamento do devedor das atividades
empresariais e o vencimento antecipado de todas as suas dívidas.
Sobre isso, diz o art. 75, da LRF
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento
do devedor de suas atividades, visa a preservar e
otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e
recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da
empresa.
Parágrafo único. O processo de falência atenderá
aos princípios da celeridade e da economia
processual.
O início da falência se dá em duas etapas: a primeira,
objetiva, consiste na arrecadação de todos os bens da falida,
com exceção dos impenhoráveis, em seu conjunto denominados
massa falida; e, a segunda, subjetiva, consiste na apuração e
habilitação dos créditos.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 137 29/07/2020 18:34:02
138 Direito Empresarial

Em princípio, os efeitos da falência atingem somente


o empresário ou a sociedade empresária falida. Mas a
desconsideração da pessoa jurídica é possível, nos casos de
desvio de finalidade ou confusão patrimonial (art. 50, CC).
Decretada a falência, o administrador judicial segue gerindo
a agora massa falida, permanecendo o juízo falimentar com a
competência para conhecer todas as ações sobre bens, interesses
e negócios da falida, com exceção das ações trabalhistas e
acidentárias. O administrador judicial precisa obrigatoriamente
ser intimado para proceder à defesa da massa falida em todas as
ações judiciais em que ela figurar como ré, sob pena de nulidade
(art. 76 e parágrafo único, LRF).
São naturalmente considerados habilitados na falência
os créditos remanescentes da recuperação judicial incluídos no
quadro-geral de credores. (art. 80, LRF).

IMPORTANTE

Decretada a falência das sociedades empresárias com sócios


solidaria ou ilimitadamente responsáveis, estes sócios também
são decretados falidos e sofrem os mesmos efeitos jurídicos da
sociedade empresária falida. Por isso devem ser citados no processo
de falência para apresentar contestação. São considerados sócios
falidos, inclusive os retirados voluntariamente ou excluídos da
sociedade menos de 02 anos antes do arquivamento da alteração
contratual na Junta Comercial: no caso das sociedades em nome
coletivo, todos os sócios (art. 1039, CC); na sociedade por
comandita simples, os sócios comanditados (art. 1.045, CC);
na sociedade em comandita por ações, o acionista-diretor (art.
1.091, CC); e na sociedade em comum, ou sociedade irregular,
todos os sócios (art. 990, CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 138 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 139

Prescreve em dois anos, a partir do trânsito em julgado da


sentença de encerramento da falência, a ação de responsabilidade
pessoal contra os sócios de responsabilidade limitada,
controladores e administradores da falida.

RESUMINDO

E então? Gostou do conteúdo? Aprendeu tudo sobre a Dissolução


das Sociedades? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
tudo o que vimos. Você certamente aprendeu que dissolução
de uma sociedade é uma ruptura contratualmente acordada ou
decretada por sentença judicial, mas que entre o nascimento
e morte da sociedade empresária muitas modificações podem
ocorrer na sua constituição social, como fusões, transformação,
incorporação e cisão, e que tudo isso envolve direito de
terceiros. Aprendeu que a dissolução de uma empresa não é
algo simples, que é preciso liquidá-la e dividir ativos e passivos
entre os sócios, e também que, em épocas de dificuldade, para
evitar a falência é possível requerer judicialmente a recuperação
judicial ou fazê-la extrajudicialmente. Aprendeu que as micro e
pequenas empresas têm normas especiais para a sua recuperação.
E, finalmente, aprendeu que se a empresa não conseguir se
recuperar econômica- financeiramente é decretada judicialmente
a sua falência. Agora você está preparado para seguir adiante e
prender um pouco mais sobre o Direito Empresarial.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 139 29/07/2020 18:34:02
140 Direito Empresarial

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 140 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 141

04
UNIDADE

SOCIEDADES EMPRESÁRIAS

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 141 29/07/2020 18:34:02
142 Direito Empresarial

INTRODUÇÃO
Da sociedade comercial à sociedade empresarial, o direito
evoluiu sob o ponto de vista regulatório, na medida em que
cresceram as demandas mercadológicas e sociais. As relações
comerciais passaram a exigir regulamentação que favorecesse
a ampliação das praças de comércio, os comerciantes, os
consumidores e o fisco. Hoje a legislação brasileira prevê os
seguintes tipos de sociedades empresariais: a sociedade limitada,
as sociedades em comandita simples e por ações, a sociedade em
nome coletivo, e as sociedades por ações. Finalmente, temos as
cooperativas, que exercem papel importante ao unir trabalhadores
na conquista de nichos de mercado. Vamos estudar e refletir
sobre as sociedades empresárias e as suas características, os
deveres e direitos dos sócios e administradores? Esses são temas
apaixonantes. Acho que você irá gostar muito deste estudo e terá
muito sucesso nesse aprendizado. Bom estudo!

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 142 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 143

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
profissionais até o término desta etapa de estudos:

1 Compreender a evolução dos tipos societários;

2 Identificar os diferentes tipos societários;

3 Identificar e compreender as responsabilidades e


deveres dos sócios;

4 Compreender as características inerentes a cada


sociedade empresária.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo ao


conhecimento? Ao trabalho!

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 143 29/07/2020 18:34:02
144 Direito Empresarial

Sociedades empresárias

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você vai conhecer as sociedades


empresárias regulamentadas nas leis brasileiras, em especial a
evolução da sociedade comercial para a sociedade empresária. E
então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos
lá. Avante!

Da sociedade comercial à sociedade


empresária
A sociedade com fins lucrativos, latu sensu, é tão antiga
quanto a história da humanidade.
Os primitivos se uniam para caçar, plantar e trocar,
otimizando ganhos e aumentando as chances de sobrevivência
dos grupos humanos, no exato brocardo “a união faz a força”,
comunhão de esforços que foi sendo aprimorada, ampliada e
sofisticada ao longo dos séculos.
Paulatinamente, as regras costumeiras se somaram
regras escritas, a exemplo do Códigos de Hamurabi, do Antigo
Testamento e do direito grego (emporikái díkai – regras para
o comércio terrestre). Guerras foram motivadas pelo comércio,
como as Púnicas, entre 264 a 146 a.C., fruto do desejo de
dominância dos romanos no mar Mediterrâneo, em que pese o
direito romano situasse os bens no âmbito dos direitos civis, não
havendo evidências de um direito comercial autônomo.
Na idade média, em especial da metade do séc. XII até a
segunda metade do séc. XVI, anos 1150 ao 1700, havia intenso
comércio na Europa e Ásia, com destaque para as cidades

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 144 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 145

italianas, onde imperaram as corporações de ofício, associações


que regulamentavam as atividades religiosas, econômicas ou
político-sociais, e as corporações de comerciantes, associações
que regulamentavam as atividades comerciais -, um avanço
regulatório importante, considerando que as atividades eram
desenvolvidas no modelo familiar, lastreadas na affectio
societatis.
Nesta mesma época, também com base no modelo familiar,
Maias, Incas e Astecas, mantiveram intrincada e eficiente rede
comercial, inclusive com transporte de mercadorias e pessoas
entre o Atlântico e o Pacífico, especialmente nas áreas hoje
ocupadas pela América Central e México.
Entre 1760 e 1840, entretanto, o boom tecnológico da
Revolução Industrial começou a mudar o modelo familiar para
o modelo comercial focado na produção em série.
Sob o império das ideias iluministas francesas do Estado
Mínimo e do lassez fare (deixar fazer), movimento liberalista
político-econômico, a iniciativa privada sobrepujou o regime
estatal totalitarista e as sociedades comerciais adquiriram,
definitivamente, vertente capitalista, com norte no lucro.
No Brasil, a primeira Carta Régia promulgada por Don
João VI em 28 de janeiro de 1808, quatro dias após aportar no
Brasil, abriu os portos e inseriu a então Colônia no comércio
exterior, dando início a um próspero período comercial.
Em 1850, durante o reinado de Dom Pedro II, foi
promulgado o Código Comercial de 1850, Lei n° 556, e
decretado o Processo Comercial, Regulamento n° 737, normas
que mudaram paradigmas legais, econômicos e sociais, sendo os
mais importantes:
a. Permissão para mulheres solteiras e viúvas exercerem o
comércio em nome próprio, sem autorização de pais, filhos
ou tutores, presumida tácita a autorização marital das
casadas. Com os homens lutando em 41 guerras entre 1700

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 145 29/07/2020 18:34:02
146 Direito Empresarial

e 1850, coube às mulheres assumir os estabelecimentos


comerciais familiares, criar e manter filhos e agregados.
A economia da Nação era dependente da força de trabalho
feminina.
b. Normatização de obrigações e prerrogativas: registro
de empresas e atos comerciais no Registro do Comércio;
exigência de escrituração fiscal; mínimo de 25 anos para
a corretagem, proibida a mulheres e estrangeiros; dilação
da praça de comércio para além do estabelecimento físico;
concorrência cambial para regulação de preços, etc.;
c. Formalização de direitos e obrigações financeiras e
civis para fins ou decorrentes de atos comerciais, com
aplicação subsidiária das leis civis: mandato, contratos de
mútuo e empréstimos, responsabilidade civil, empreitada,
obras, locação mercantil, compra e venda, comissão, troca
ou escambo, fiança, cartas de crédito e abonos, hipoteca e
penhor mercantis e depósito mercantil;
d. Regulamentação dos atos comerciais dos banqueiros e
agentes de comércio: condutores de gêneros e transportes,
trapicheiros e administradores de armazéns de depósito,
feitores, guarda-livros e caixeiros, agentes de leilões e
corretores;
e. Reconhecimento e efetivação de diretos e obrigações
dos sócios, constituição, funcionamento, dissolução,
liquidação, extinção e quebra de companhias e sociedades
comerciais de capital ou trabalho por quotas de participação,
anônimas, em comandita, em nome coletivo ou com firma,
de capital e indústria;
f. Normatização dos títulos de crédito: letras de câmbio,
notas promissórias e créditos mercantis; e
g. Regulamentação do comércio marítimo.
Um simples correr de olhos pelo Código Comercial, que
reuniu regras e costumes já sedimentados, comprova práticas

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 146 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 147

comerciais intensas e a existência de vários tipos de sociedades


empresariais no Brasil, por 152 anos lastreadas na honra, na
verdade, no cumprimento da palavra empenhada e em muitas leis
espaças que foram surgindo para suprir exigências comerciais e
empresariais, até a entrada em vigência do Código Civil, em 11
de janeiro de 2003.
Na segunda metade do século XX, o conceito de
empresa mudou profundamente. Extrapolou a intermediação
de mercadorias, no atacado ou no varejo, e atingiu status de
atividade especializada, assentada em princípios técnicos, leis
econômicas e concorrenciais, que se entrelaçam a outras ciências
como administração de empresas, direito, psicologia, finanças,
contabilidade, etc.
No Brasil, o legislador constitucional optou por manter a
autonomia do Direito Comercial, separando-o do Direito Civil
ao tratar da competência exclusiva da União para legislar sobre
essas matérias. (art. 22, I, CF). Por outro lado, ao assentar a
atividade econômica e financeira na “valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa” como meio de “assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social” o
legislador abandonou a Teoria do Ato de Comércio, focada no
ato mercantil como centro das atividades societárias, e adotou
a Teoria da Empresa, que regula holisticamente o exercício da
atividade econômica empresarial. (art.170, CF).

IMPORTANTE

A doutrina majoritária adotou a denominação Direito Empresarial


para destacar a Teoria da Empresa em substituição à antiga Teoria
do Ato do Comércio. Porém, isso não significa a extinção do Direito
Comercial e das leis esparsas que regulamentam a matéria.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 147 29/07/2020 18:34:02
148 Direito Empresarial

Teoria do Ato do Comércio e Direito Comercial não são


sinônimos.
A segunda parte do Código Comercial, Lei 556/1850,
que regulamenta o comércio marítimo segue vigente. Somente
a primeira parte do Código Comercial foi revogada pelo atual
Código Civil de 2002, e é hoje regida pela Teoria da Empresa. O
próprio Código Civil prevê, no art. 2.037, que:
Salvo disposição em contrário, aplicam-se
aos empresários e sociedades empresárias as
disposições de lei não revogadas por este Código,
referentes a comerciantes, ou a sociedades
comerciais, bem como a atividades mercantis.

A adoção da Teoria da Empresa pelo Código Civil mudou


profundamente os direitos e obrigações dos empresários e
das sociedades empresárias, inclusive na sua relação com
stakeholders, com outras ciências e com as externalidades -
efeitos positivos e negativos das atividades comerciais sobre a
sociedade em geral -, o bem estar social e, em última instância,
a dignidade da pessoa humana.
A empresa passou a ser vista como um fenômeno
econômico-social, a partir de um perfil poliédrico composto
pelo empresário, aquele que “exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços” (art. 966, CC), pela força produtiva organizada
da empresa, pelo patrimônio empresarial (ativo e passivo) e pelo
capital humano e seu perfil corporativo social.
Em que pese transferida para o Código Civil, a atividade
comercial-empresarial está prevista em título próprio, Parte
Especial, Livro II, e é um conjunto regras específicas, dirigidas
pontualmente para a disciplina da atividade comercial econômica.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 148 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 149

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos apresentar o que vimos. Você
deve ter aprendido como se deu a evolução da sociedade comercial
para a empresária. Também foi apresentado aos aspectos históricos
importantes dessa evolução. Por fim, soube quais as legislações
nortearam as atividades comerciais em nosso país a partir do século
XIX com Dom Pedro II até a adoção da Teoria da Empresa pelo
Código Civil que mudou profundamente os direitos e obrigações
dos empresários e das sociedades empresárias.

Sociedades personificadas

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como


funciona as sociedades personificadas e os tipos societários:
sociedade limitada e sociedade em comandita simples. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá.
Avante!

Classificação das sociedades personificadas


As Sociedades personificadas são aquelas que possuem
personalidade jurídica própria, independente dos sócios,
acionistas ou cooperativados.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 149 29/07/2020 18:34:02
150 Direito Empresarial

Elas se subdividem em: Sociedade Simples Pura, Sociedade


Limitada, Sociedade Anônima, Sociedade em Nome Coletivo,
Sociedade em Comandita Simples, Sociedade em Comandita
por Ações e Sociedade Cooperativa.
Figura 1

Fonte: Pixabay

Sociedades simples
Na vigência do Código Civil de 1916, as Sociedades
Simples – SS eram chamadas Sociedades Civis – SC.
A expressão sociedade civil foi usada pela primeira vez por
Adam Ferguson, na obra Ensaio sobre a História da Sociedade
Civil, em 1767, para descrever a sociedade capitalista à época.
Para Ferguson, a sociedade civil de pessoas deu origem às
sociedades civis comerciais naturalmente, numa conjunção de
talentos, vigor e sabedoria, tanto na arte da persuasão, como no
exercício do poder.
Hoje, a sociedade simples se diferencia das sociedades
empresárias pela dependência intrínseca da atuação dos sócios
para o exercício da atividade econômica. Em contraposição, na
sociedade empresária prevalece a organização empresarial.
Outra diferença importante é o tipo de registro ao qual
estão legalmente submetidas. A sociedade simples tem os seus

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 150 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 151

atos constitutivos registrados no Registro Civil das Pessoas


Jurídicas, enquanto a sociedade empresária tem os seus atos
constitutivos registrados nas Juntas Comerciais.
Os atos constitutivos de sucursais, filiais ou agências
das sociedades simples estabelecidas na mesma circunscrição
da sede, devem ser averbados junto ao seu registro. Se elas
estiverem estabelecidas em circunscrição distinta da sede, os
atos constitutivos devem ser registrados na circunscrição do
Registro Civil das Pessoas Jurídicas onde estão fisicamente.
Nos dois casos, o pedido deve estar acompanhado da prova de
inscrição da sociedade originária.
São registradas no Registro Civil as Pessoas Jurídicas
discriminadas no art. 44, do Código Civil (associações,
sociedades simples puras, fundações, organizações religiosas,
partidos políticos e empresas individuais de responsabilidade
limitada – EIRELI) e no art. 8°, da Lei 5.250/67 (jornais e
periódicos, oficinas impressoras, empresas de radiodifusão e
empresas agenciadoras de notícias).
As sociedades simples se subdividem em:
a. sociedade simples pura ou sociedade simples
propriamente dita: são aquelas que não adotam nenhum
tipo societário específico e seguem as regras dos arts. 997
a 1.038 do Código Civil.
O tipo de responsabilidade subsidiária, nestas sociedades,
é de livre escolha dos sócios, podendo ser limitada ou
ilimitada, conforme declarado no ato constitutivo (inciso
VIII, art. 997, CC). Se os sócios optam pela subsidiariedade,
a responsabilidade é ilimitada. Ao revés, se optam pela
inexistência de responsabilidade subsidiária, ela será
limitada.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 151 29/07/2020 18:34:02
152 Direito Empresarial

Como a solidariedade advém da lei ou do contrato, essa


escolha é prerrogativa dos sócios na ausência de previsão
legal.
b. sociedades de natureza simples: são aquelas que
adotam algum tipo societário simples: sociedade limitada,
sociedade em nome coletivo ou a sociedade em comandita
simples. (art. 1.039 a 1.092, CC).

Sociedade limitada
Não há consenso entre os doutrinadores sobre o país de
origem e nem a data de criação da Sociedade por Quotas de
Responsabilidade Limitada, como era denominada no século
XIX.
Em 1857, a Inglaterra regulou a “limited by guarantee”,
que restringia a responsabilidade dos sócios à quantidade das
ações que possuíam.
A França, em 28 de maio de 1863, legalizou a societé à
responsabilité limitée, e a Alemanha fez o mesmo em 20 de abril
de 1892, ao promulgar a Lei Gsellschaften mit beschraenkter
Haftung (Lei da Sociedade de Responsabilidade Limitada),
modelos normativos imediata e amplamente adotados no meio
comercial europeu e nas Américas.
Esse tipo societário foi incorporado à legislação brasileira
pelo Decreto 3.708/1919, e passou a ser o favorito dos
empresários brasileiros pela contratualidade e pela limitação da
responsabilidade dos sócios.
Atualmente, a Sociedade Limitada está regulamentada
nos artigos 1.052 a 1.087, do Código Civil, aplicando-se lhe
subsidiariamente as regras das sociedades simples (art. 997
a 1.038, CC), a Lei das Sociedades Anônimas – LSA (Lei
6.404/1976), a analogia e outras normas esparsas. Exemplo
são as regras de desempate nas decisões sociais por maioria.
(parágrafo 2°, art. 1.010, CC)

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 152 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 153

Inexiste óbice legal para o uso da Lei das Sociedades


Anônimas como legislação subsidiária, desde que os sócios
incluam a opção no contrato social. Exemplo é o desempate
nas decisões societárias com três ou mais sócios. Ao invés da
solução por maioria de votos, regra da sociedade simples (art.
1.010, CC), pode-se aplicar as regras do parágrafo 2°, do art.
129, da LSA, c/c o inciso III, do art. 1.078, do Código Civil, que
submete a divergência a uma nova assembleia, em até 60 dias e,
persistindo discordância, ao Judiciário.
A opção pela aplicação subsidiária das normas das
sociedades simples ou das sociedades anônimas determina
a regência supletiva (art. 1.053, CC). O problema é que essa
escolha cria duas subespécies de sociedade limitada, uma
regida pelas regras da sociedade simples e outra pelas regras da
sociedade anônima, ambas com lacunas legais somente supridas
pela aplicação subsidiária de outras normas ou pela analogia.
Como a natureza da constituição determina a da dissolução,
a sociedade limitada só pode ser dissolvida pelas regras do
Código Civil, independente da escolha dos sócios quanto à
legislação a ser aplicada subsidiariamente. (arts. 1.033 a 1.038 e
1.102 a 1.112, CC)
Esse tipo societário pode ser definido como uma sociedade
empresarial de natureza contratual, constituída por um ou mais
sócios, com capital social divido em quotas, responsabilidade
de cada sócio perante terceiros restrita ao valor das quotas por
ele subscritas e solidária integral entre os sócios com relação à
integralização do capital social, respeitado o direito de regresso.
(art. 1.052 c/c art. 312, CC)
Responsabilidade limitada, por sua vez, é a obrigação
individual dos sócios de pagar, com o seu patrimônio pessoal
passível de penhora e até o valor total das quotas por eles
subscritas, as dívidas contraídas pela sociedade que excedam o
ativo.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 153 29/07/2020 18:34:02
154 Direito Empresarial

Se a sociedade tiver passivo que ultrapasse o limite


patrimonial penhorável dos sócios sobre as quotas subscritas,
os credores amargam o prejuízo. Ou seja, se a limitação da
responsabilidade salvaguarda o patrimônio pessoal dos sócios
e estimula o empreendedorismo, também aumenta a exigência
de garantias para segurança do investimento dos credores (aval,
fiança, seguros, etc.), o que, a final, onera os produtos pela
inserção da taxa de risco no preço.

IMPORTANTE

Os sócios só têm responsabilidade sobre o capital subscrito e não


integralizado. Se o valor subscrito for totalmente integralizado em
bens, os sócios não têm nenhuma responsabilidade sobre as dívidas
da sociedade empresária e não respondem com o seu patrimônio
pessoal. O prejuízo é totalmente suportado pelos credores.

Excepcionam a limitação e impõem responsabilidade


subsidiária integral dos sócios pelas obrigações societárias,
independente da integralização: a fraude legal e contratual (art.
1.080, CC); a sociedade marital, inclusive se registrada em
afronta ao art. 977, do Código Civil; o abuso da personalidade
jurídica (art.50, CC); e, pelo sócio retirante, obrigações
trabalhistas contraídas durante a sociedade até dois anos após
a averbação da modificação contratual (art. 10-A, CLT), exceto
se houver fraude na alteração, quando a responsabilidade é
solidária (parágrafo único, art. 10-A, CLT).
Na Sociedade Limitada, a administração pelos sócios
independe de previsão contratual e é, costumeiramente e
quase sempre, conjunta e consensual, caracterizada pela
affectio societatis e pelo esforço mútuo, em que pese não haja

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 154 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 155

impedimento legal para o exercício da administração por não


sócios, se nomeados e destituídos por decisão majoritária, com
expressa autorização no contrato ou em aditamentos contratuais.
Os administradores gerem a sociedade por prazo
determinado ou indeterminado e devem ser nomeados no
contrato ou aditamento social registrado na Junta Comercial,
com estipulação expressa do início, fim ou interregno para
o exercício dos atos de administração. Atos de condução,
recondução e cessação do exercício do cargo de administrador
também devem ser registrados na Junta Comercial.
Os atos de renúncia devem ser feitos por escrito e têm
efeito imediato entre os sócios. Porém, perante terceiros só
têm efeito após arquivados na Junta Comercial e publicados no
Diário Oficial.
Os atos de gestão e decisões administrativas são livres,
exceto se houver formalidades previstas em lei, tais como:
constituição, dissolução e liquidação das sociedades; operações
societárias (transformação, incorporação, fusão, cisão e
incorporação de ações); nomeação, remuneração e destituição de
administradores; votação anual das contas; alteração do contrato
social; expulsão de sócio (art. 1.085, CC), etc.
Como o sócio com maior número de quotas subscritas, o
denominado “sócio majoritário”, tem maior poder de decisão, a
lei estabeleceu regras e quórum deliberativo para resguardar os
interesses dos sócios com menor número de quotas, os “sócios
minoritários”. São elas:
a. unanimidade para designar administrador não sócio
antes da integralização do capital e mínimo de dois terços
após a integralização (art. 1.061, CC);
b. dois terços para destituir administrador sócio nomeado
no contrato social, no silêncio do contrato social (art.
1.063, § 1º, CC);

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 155 29/07/2020 18:34:02
156 Direito Empresarial

c. três quartos para mudar o capital social e para decidir


sobre incorporação, fusão e dissolução da sociedade ou
cessação do estado de liquidação (art. 1.076, I, c/c art.
1.071, V e VI, CC);
d. mais da metade do capital social, para designar e
substituir administrador sócio ou não sócio em ato separado
do contrato social, destituir administradores, estabelecer
a forma da sua remuneração na ausência de previsão
contratual, e decidir sobre o pedido de recuperação judicial
(art. 1.076, II, III, c/c art. 1.071, II a IV e VIII, CC);
e. maioria dos sócios com mais de metade do capital,
para expulsar sócio minoritário, se permitido no contrato
social, exceto nas sociedades com até dois sócios (art.
1.085, CC);
f. mais da metade dos presentes em assembleia ou
reunião para aprovação das contas dos administradores, e
para nomeação e destituição de liquidantes e/ou julgamento
das suas contas (1.076, III, c/c art. 1.071, I e VII, CC).

Nas sociedades com dois sócios é desnecessária a reunião


para a exclusão de um deles. (parágrafo único, art. 1.085, CC)
Tampouco é preciso assembleia ou reunião nas sociedades
limitadas microempresárias ou de pequeno porte para
deliberações administrativas, exceto no caso de expulsão de
sócio minoritário quando é legalmente exigida e com quórum
majoritário dos sócios detentores de mais da metade do capital
social. (art. 70, LC 123/2006)
A prestação de contas anual, com balanço contábil e
resultados, é obrigatória para os administradores e deve ser
apresentada aos sócios na forma prevista no contrato social ou
em assembleia, no prazo máximo de quatro meses após o fim do
exercício social.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 156 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 157

Exercício social é o período de 12 meses que serve de base


para a elaboração dos demonstrativos contábeis, com a finalidade
de apurar o resultado operacional e atualizar o patrimônio (ativo
e passivo).
Nas sociedades limitadas de grande porte é comum a
inserção no contrato social de regras para a instalação e o
funcionamento de um conselho fiscal, composto por no mínimo
três membros efetivos e três suplentes, sócios ou não, escolhidos
por maioria, conforme regras contratuais ou em assembleia, para
dar confiabilidade à administração e facilitar a fiscalização das
contas pelos sócios minoritários.
São impedidos de participar no conselho fiscal cônjuges
e parentes até terceiro grau, administradores e empregados
da sociedade empresária, de filial ou estabelecimento por ela
controlado, para a garantia de isenção na fiscalização das contas.
Os sócios minoritários que discordarem da escolha
dos membros fiscais escolhidos pela maioria, podem eleger
separadamente um membro e um suplente, desde que juntos
tenham, no mínimo, um quinto do capital social. Já os sócios
com vinte por cento ou mais do capital social podem escolher
individualmente um representante para o conselho fiscal.
Os membros escolhidos pelos sócios minoritários somam-
se aos escolhidos pelos sócios majoritários.
O Conselho Fiscal, por sua vez, pode contratar contadores
para auxiliar no exame dos livros contábeis, mas a remuneração
do profissional deve ser aprovada em assembleia.
As sociedades limitadas de grande porte devem manter
a mesma escrituração contábil das sociedades anônimas.
(parágrafo único, art. 3°, Lei n. 11.638/2007 c/c arts. 176 a 186,
LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 157 29/07/2020 18:34:02
158 Direito Empresarial

Sociedade em nome coletivo


Também denominada sociedade ilimitada, sociedade de
responsabilidade ilimitada ou sociedade geral, a sociedade em
nome coletivo, como é expressamente nominada na lei brasileira,
está regulamentada nos arts. 1.039 ao 1.044, do Código Civil. E,
na falta de regras específicas, aplica-se a ela as regras gerais
contidas nos arts. 997 ao 1.038, do Código Civil.
Sua origem remonta à Idade Média, à região hoje ocupada
pela Itália, e ao modelo essencialmente familiar, lastreado na
affectio societatis.
Herdeiros de grandes fortunas, para evitar a perda de valor
dos bens do espólio pela divisão, os deixavam em uma espécie
de condomínio comercial gerido por um dos sócios, responsável
direto pela administração do negócio e/ou dos bens móveis,
imóveis e semoventes, bem como pela divisão de lucros e perdas.
Como sinal de identidade e sinônimo de honradez,
confiabilidade e poder, bem como para publicitar a condição
de empresa familiar, esse tipo de condomínio societário era
designado pelo nome dos sócios ou da família (Antonio Pietro
& José Pietro, Pietro & Filhos, etc.).
Ao longo do tempo a característica familiar da Sociedade
em Nome Coletivo mudou, passando a agregar pessoas estranhas
ao núcleo íntimo dos sócios, unidas não pela affectio societatis,
mas por um contrato social em prol unicamente de um objetivo
econômico comum: o lucro.
Hoje é um tipo empresarial raro, que deve desaparecer
pelo desuso, sobretudo pela responsabilidade ilimitada. (art.
1.023 e 1.024, CC).
Pela natureza personalíssima, somente pessoas físicas
podem ser sócios neste tipo de sociedade empresária e os
sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas dívidas

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 158 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 159

da sociedade perante terceiros (art. 1.039, CC), em que pese


inexista impedimento legal para que, por acordo unânime, os
sócios delimitem a responsabilidade subsidiária de cada um com
relação aos demais.
Também é opção dos sócios o tipo de sociedade, simples,
registrada no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, ou empresária,
registrada na Junta Comercial.
Essa escolha, porém, é muito importante, pois determina
a forma pela qual a Sociedade em Nome Coletivo poderá ser
dissolvida. Se simples, ela se dissolve por qualquer dos motivos
contidos nos incisos do art. 1.033 do Código Civil. Se empresária
ela pode ser extinta também pela falência, nos termos da Lei
11.101/2015. (art. 1.044, CC).
O contrato social segue as regras gerais previstas no
Código Civil: qualificação dos sócios e da própria sociedade,
delimitação do capital, número, valor e forma de integralização
das quotas sociais, direitos e obrigações dos sócios e do
administrador, divisão de perdas e lucro (art. 997, CC), o nome
social (art. 1.041, in fine, CC) e os limites para o uso da firma
(art. 1.042, CC).
Na condição de sociedade intuitu personae, a administração
e a tomada de decisões administrativas são vedadas a terceiros
e somente podem ser exercidas por um ou mais sócios, em
conjunto ou separadamente, independente do percentual na
participação societária, aplicando-se lhes as regras gerais da
responsabilidade civil, o dever de prestar contas, a fiscalização
dos atos pelos demais sócios, etc.
Quanto à forma de exercício da administração, ela pode ser
coletiva, conjunta, simultânea ou sucessiva, conforme queiram
os sócios, mas, regra geral, na Sociedade em Nome Coletivo as
decisões são tomadas coletivamente, prevalecendo a decisão da
maioria. (art. 1.010, CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 159 29/07/2020 18:34:02
160 Direito Empresarial

A contratação de gerentes, para cuidar das atividades


empresariais diárias rotineiras, na sede ou em outros
estabelecimentos da sociedade é legalmente permitida.
Quanto à cessão de quotas, a regra geral prevê a
possibilidade por decisão unânime dos sócios. Mas não há óbice
legal para inserção no contrato social de regras e condições para
cessão e circulação das quotas, prevalecendo o avençado sobre
a regra geral.

IMPORTANTE

Em que pese a Sociedade em Nome Coletivo seja uma sociedade


simples, fundada na affectio societatis e com natureza personalíssima,
na atualidade esses conceitos são vistos de forma ampla, como
um dever comportamental lastreado nos princípios da boa-fé, da
proporcionalidade e da razoabilidade, bem como na função social
do contrato, assentado sob quatro pilares: a lei, o contrato social, os
usos e costumes societários e a equidade.

Sendo assim, a regra geral que regulamenta a atuação dos


sócios (art. 1.002, CC) é mitigada pelos usos e costumes sociais
que a sociedade em nome coletivo formalmente adotar.
Quanto aos bens, ainda que a sociedade tenha patrimônio
próprio totalmente integralizado, os sócios têm responsabilidade
solidária ilimitada para com a sociedade e responsabilidade
subsidiária entre eles (art. 1.039, CC).
A desconsideração da pessoa jurídica é desnecessária
na cobrança de dívidas desse tipo de sociedade em razão
da responsabilidade ilimitada dos sócios, imediatamente
substitutiva, e cujos bens penhoráveis podem ser alcançados

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 160 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 161

assim que comprovada a insuficiência de créditos da sociedade


em ação de execução. (art. 1.023 e 1.024, CC).
Qualquer sócio que honrar a dívida da sociedade terá direito
de regresso contra a própria sociedade, pela totalidade do que
pagou, e contra os demais sócios na proporção contratualmente
avençada para a responsabilidade e a participação de cada um
nas perdas.
Perante terceiros a responsabilidade é sempre solidária
e todos os sócios, inclusive os admitidos na sociedade após
a constituição da dívida, são igualmente responsáveis pela
obrigação. (art. 1.025, CC).

IMPORTANTE

A premissa da solidariedade perante terceiros, não se aplica na


subsidiariedade. O sócio recém-admitido não é responsável,
em eventual ação de regresso movida pelos sócios antigos para
ressarcimento por quitação de dívida existente antes da sua
integração na sociedade. Porém, se foi ele a quitá-la, poderá exigir a
totalidade do que pagou dos demais sócios antigos. (art. 1.007, CC).

O sócio que se retira da sociedade em dissolução parcial


tem responsabilidade residual, exceto se morto, quando ela
alcança o valor do espólio, já que a responsabilidade não se
estende aos herdeiros. (art. 1.032, CC).
Na insuficiência de bens da sociedade e dos sócios para
a quitação das obrigações, o credor pode pedir a falência da
sociedade em nome coletivo, se empresária, ou a declaração da
insolvência, se simples.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 161 29/07/2020 18:34:02
162 Direito Empresarial

As quotas sociais podem ser objeto de penhora, desde que


não haja prejuízo para a affectio societatis (art. 1.026 e parágrafo
único, e art. 1.030, CC), mas é vedado ao credor particular de
um dos sócios pedir a liquidação da quota do devedor antes da
dissolução da sociedade, exceto em caso de prorrogação tácita
ou contratual que tenha sido objeto de oposição pelo credor,
aceita judicialmente no prazo dilatório de 90 dias. (art. 1.043 c/c
art. 1.033, I, CC).
Em decorrência da solidariedade, a falência ou a
insolvência da sociedade empresária implica na falência ou
insolvência também dos sócios. (art. 81, Lei 11.101/05).
Falecido algum sócio, silente o contrato social aplica-se a
regra geral do art. 1.028, do Código Civil.
São impenhoráveis o único imóvel usado para residência
do sócio e família (art. 1°, Lei 8.009/90) e os bens elencados no
art. 833, do Código de Processo Civil, a saber.

Sociedade em comandita simples


Em latim, o presente ativo do verbo commendāre, infinitivo
de commendō (ou comandare no latim vulgar) se traduz como
empréstimo.
As fontes e relatos históricos divergem, mas em linhas
gerais a Sociedades em Comandita, Contrat de Command,
ou contrato de encomendas, remonta às cidades italianas e ao
comércio marítimo da Idade Média, nos séculos X e XI d.C.
O Contrat de Command era uma espécie de contrato de
parceria “criativa” para “driblar” uma proibição de cobrança
de juros sobre empréstimos marítimos. O financiador-parceiro
contribuía em dinheiro para cobrir custos da viagem e o capitão
fornecia o navio para o transporte de bens de terceiros, com
divisão do lucro do transporte no final das viagens. Em caso
de perdas, o financiador respondia somente até o limite da sua

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 162 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 163

contribuição para a parceria ou, em parâmetros atuais, tinha


responsabilidade limitada até o valor investido.
Nos dias atuais, comanditar significa investir dinheiro,
ou fundos, numa sociedade, simples ou empresária, sob a
administração de terceiros.
A sociedade em comandita simples está regulamentada nos
arts. 1.045 a 1.051, do Código Civil. Havendo lacuna, aplicam-
se as regras para as Sociedades em Nome Coletivo e para a
Sociedade Simples, respectivamente. (art. 1.046 e 1.040, CC).
Esta sociedade caracteriza-se pela dualidade de sócios:
de um lado, um ou mais investidores “comanditários” que
aplicam “comandita” (recursos), em fundos de uma sociedade
em comandita; e, de outro lado, um ou mais administradores
“comanditados”, que recebem a “comandita” com o dever de
bem administrá-la. (1.045, CC).
O sócio investidor-comanditário não pode ser
administrador, mas pode ser constituído procurador pela
sociedade, com poderes especiais e para fins específicos, ou
seja, para resolver pendência determinada. (parágrafo único, art.
1.047, CC).
O contrato social além de atender às exigências do art.
997, do Código Civil, deve conter expressamente a qualificação
completa do comanditário, pessoa física ou jurídica, a sua condição
de investidor responsável pela integralização da totalidade
do capital, a qualificação do comanditado, obrigatoriamente
pessoa física, e sua designação como administrador do capital e
responsável pela gestão da sociedade. (art. 1.039, CC).
O incapaz pode ser comanditário, pois os seus bens estão
protegidos (art. 974, CC), mas não podem ser comanditados,
já que lhes falta capacidade civil para exercer os atos de
administração obrigatórios.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 163 29/07/2020 18:34:02
164 Direito Empresarial

Qualquer alteração contratual deve aprovada pelos sócios


unanimemente, exceto se houver previsão diversa no contrato
social. (art. 999, CC).
A administração simultânea de dois ou mais comanditados
é permitida (art. 1.013, CC) e os seus direitos e obrigações são
equivalentes aos dos sócios nas sociedades em nome coletivo.
(parágrafo único, art. 1.046, CC).
Os sócios comanditados que forem demandados por
credores podem lançar mão do “benefício de ordem”, ou seja,
podem pedir ao juiz que a constrição recaia primeiro sobre os
bens da sociedade, e que, somente após comprovada nos autos
da execução a insuficiência de bens societários suficientes para a
quitação das obrigações, ela atinja os seus bens pessoais.
Havendo mais de um sócio comanditado (administrador),
o credor pode exigir o cumprimento das obrigações de qualquer
deles, total ou parcialmente, respeitado o direito de regresso do
sócio pagador contra os demais, na proporção das suas quotas ou
conforme acordado no contrato social. (art. 1.045 c/c art. 1.023,
e art. 1.039, CC).
Sócios recém-admitidos também respondem
solidariamente perante terceiros pelos débitos constituídos antes
da sua entrada, mas pode reaver integralmente, dos demais
sócios, em ação regressiva, o que pagou em nome da sociedade
insolvente. (art. 1.025, CC).

IMPORTANTE

Na falta de quitação integral da obrigação é faculdade do credor


pedir judicialmente a insolvência da sociedade simples, registrada
no Cartório de Registro de Títulos e Documentos, ou a falência da
sociedade empresária, com registro na Junta Comercial.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 164 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 165

Como os bens dos sócios comanditários respondem


limitadamente, a insolvência ou a falência não os alcançam
enquanto pessoas físicas. Porém, a responsabilidade é ilimitada
e a insolvência ou falência pessoal os alcança na falta de
integralização completa do capital social subscrito, ressalvada
a impenhorabilidade do único imóvel residência da família e os
bens discriminados no art. 833 do CPC.
Na dissolução parcial com retirada do sócio comanditário
por morte, retirada motivada ou imotivada (art. 1.029, CC) ou
exclusão do quadro societário (art. 1.030, CC), o sócio retirante
ou seus herdeiros respondem pelas dívidas perante terceiros no
limite do seu investimento.
O sócio comanditado e seus herdeiros, porém, não se
eximem da responsabilidade por obrigações anteriores à morte,
retirada ou expulsão, pelo prazo decadencial de dois anos
contados da averbação da alteração contratual. (art 1.048, CC)
Como a responsabilidade é ilimitada, atinge a totalidade do
patrimônio pessoal, inclusive os bens adquiridos após a retirada,
ressalvados os bens impenhoráveis. Os herdeiros, entretanto,
respondem apenas até o limite da herança, não se estendendo a
solidariedade aos seus bens pessoais. (art. 1.792, CC).
O comanditado também tem responsabilidade residual
subsidiária, não extensiva aos herdeiros. (art. 1.032, CC).
O princípio da boa-fé alcança o sócio comanditário,
que não é obrigado a repor lucros recebidos de acordo com o
balanço. Entretanto, na hipótese de fraude, somente ocorrerá
nova distribuição de lucro após a reintegração do capital social.
(art. 1.049, CC).
Como a sociedade em comandita, simples ou empresária, é
intuitu personae na falta de previsão contrária no contrato social,
a transferência de quotas deve ter a concordância unânime dos
sócios. (arts. 1.002 e 1.003 c/c 1.027 e 1.028, CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 165 29/07/2020 18:34:02
166 Direito Empresarial

Na sucessão hereditária, porém, a regra geral é a


transferência das quotas dos sócios comanditários para os
herdeiros. (art. 1.050, CC).
A dissolução societária se dá pelas causas comuns (art.
1.044, CC) e quando há unicidade de categoria, ou seja, quando
a sociedade passa a ter somente um sócio comanditário ou
comanditado e não há recomposição societária no prazo de 180
dias exigidos em lei. (art. 1.051, inciso II, CC) Se restar apenas
um sócio comanditário, impedido por lei de exercer atos de
administração, caso do incapaz, a solução legal é a contratação
de um administrador temporário para gerir a sociedade até a
reconstituição societária. (art. 1.047 c/c art. 1.051, CC).
Em ambos casos, causa comum ou unicidade societária, a
transformação da sociedade é legalmente permitida.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que entendeu como funciona as sociedades
personificadas e os tipos societários: sociedade limitada e sociedade
em comandita simples. Viu a classificação das sociedades
personificadas e as suas subdivisões. Aprendeu os conceitos de
cada uma delas e as legislações que norteiam tais sociedades.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 166 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 167

Sociedades personificadas por ações

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona


as sociedades anônimas. E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Figura 2

Fonte: Freepik

Sociedades anônimas
No universo das sociedades personificadas há um grupo
que se destaca pela complexidade, tanto do ponto de vista
legal, como administrativo. São as sociedades anônimas e as
sociedades em comandita por ações.
As Sociedades Anônimas foram criadas para dar suporte
legal, financeiro e logístico aos grandes investimentos nas
colônias americanas, indianas e africanas. Eram empresas
semipúblicas, que reuniam interesses e financiamento de reis

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 167 29/07/2020 18:34:02
168 Direito Empresarial

e de particulares, para o exercício de atividades mercantis,


transporte de mercadorias e recolhimento de impostos.
A Companhia Unida das Índias Orientais, mais conhecida
como Companhia Holandesa das Índias Orientais, criada em
1602, é a primeira sociedade anônima formalmente constituída
de que se tem notícia. Essa Companhia, em 1.610, para arrecadar
ativos, dividiu o seu capital em quotas, iguais e transferíveis, e
vendeu parte delas a investidores. Pela primeira vez ao capital
foi dada importância superior às pessoas detentoras das quotas
representativas do capital social.
Em 1621, foi criada a Companhia Holandesa das Índias
Ocidentais, também chamada Companhia Neerlandesa das
Índias Ocidentais, no mesmo modelo de capital em quotas,
para fazer concorrência ao comércio espanhol e português,
inclusive escravocrata, brasileiro e caribenho. O cristãos-novos
de Amsterdã – judeus recém convertidos ao cristianismo -
investiram mais de 3 milhões de florins em quotas dessa nova
empresa, contra apenas 36 mil florins investidos por judeus
sionistas.
O Código Mercantil Francês, de 1807, regulamentou as
sociedades anônimas, diferenciando-as das sociedades por ações
e das sociedades em comanditas por ações.

Diz o Código Francês, in verbis:


“Art. 19. A lei reconhece tres especies de
sociedades mercantis:
1.a A sociedade de nomes collectivos.
2.a A sociedade em commandita.
3.a A sociedade anônima.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 168 29/07/2020 18:34:02
Direito Empresarial 169

Art. 29. A Sociedade Anonima não existe debaixo


do nome dos socios, nem póde ser dirigida em
nome de nenhum delles.
Art. 30. He designada pelo objecto do seu
comercio.
Art. 31. He administrada por sócios, ou por
pessoas que elles nomeião, para isso, assalariadas,
ou gratuitamente.
Art. 32. Os administradores não são responsáveis,
senão da execução das ordens que recebem. Não
contrahem, em razão do seu emprego, obrigação
alguma pessoal, ou pecuniaria relativamente aos
contractos da sociedade.
Art. 33. Os socios não respondem por mais perda,
além do emporte de seu interesse na sociedade.
Art. 34. O capital da sociedade anonima se divide
em acções, e mesmo em porções.
Art 35. As acções pódem ser estabelecidas
debaixo do título de pagar ao portador. Neste caso
as operações se fazem pelo transferimento dos
títulos.
(...)
Art. 40. As sociedades anonimas não podem ser
feitas senão por contractos publicos.
(...)
Art. 45. O acto do governo que auctorisar as
sociedades anonimas, devera ser afficxado com o
contracto da sociedade durante o mesmo tempo.”
O Código Mercantil francês serviu de base para as normas
de muitos países, inclusive o Brasil, na regulamentação das
sociedades anônimas.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 169 29/07/2020 18:34:02
170 Direito Empresarial

A primeira sociedade anônima brasileira foi a Companhia


Geral de Comércio do Brasil, criada em 1.649, com investimento
dos reis portugueses e de cristãos-novos, para assumir o
monopólio do comércio entre a colônia e Portugal, controlar
o comércio escravocrata entre a África e Brasil, e fomentar
agromanufatura no Nordeste, prejudicada pela dominação
holandesa.
Esta companhia foi sucedida pela Companhia Geral do
Grão-Pará e Maranhão em 1.755, responsável pelo monopólio
do comércio escravocrata e que, por sua vez, foi sucedida em
1.779, pela Companhia Geral das Capitanias de Pernambuco
e Paraíba, cujo objetivo social era o negócio escravocrata e de
açucareiro.
Posteriormente, em 1.808, foi criada a sociedade anônima
Banco do Brasil, nos dias atuais, o maior banco brasileiro.
O primeiro ato regulatório das sociedades anônimas no
Brasil foi o Decreto n° 575, promulgado em 10 de janeiro de
1849, que, no esteio do Código Mercantil francês, estabeleceu
a necessidade de autorização do Poder Público para a criação,
incorporação e aprovação dos seus estatutos.
Logo depois, em 1850, também na mesma linha regulatória
francesa, foi promulgado o Código Comercial Brasileiro, ainda
vigente, mas modificado na sua primeira parte pelo atual Código
Civil.
De lá para cá e durante muitos anos, as empresas mais
comuns no Brasil foram as sociedades anônimas e as sociedades
limitadas.
Esse tipo societário está regulamentado na Lei 6.404, de
15 de dezembro de 1976, conhecida como Lei das Sociedades
Anônimas – LSA, sendo o Código Civil usado subsidiariamente.
(art. 1.089, CC).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 170 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 171

As sociedades anônimas podem ser definidas como


sociedade empresária, independente do seu objeto ser uma
atividade civil ou comercial, com capital divido em ações,
negociadas ou não no mercado financeiro, segundo sejam
de capital aberto ou fechado, e cujos sócios ou acionistas,
determinados e identificados, têm responsabilidade limitada ao
preço de emissão das ações não integralizadas que subscreveram
ou adquiriram. (art. 982, parágrafo único, CC, c/c art. 1° e
parágrafo primeiro, art. 2°, LSA).
Sua denominação precisa indicar, obrigatoriamente,
o objeto social, o nome do fundador acionista ou de pessoa
que haja concorrido para o bom êxito da formação da
empresa, acompanhada da expressão “sociedade anônima” ou
“companhia”, por extenso ou abreviadamente. (art. 160, CC).
As sociedades anônimas se subdividem em:
a. Capital aberto: são sociedades empresariais com
subscrição pública de valores mobiliários, ou seja, que
negociam suas ações em bolsas de valores ou em mercados
de balcão – fora das bolsas de valores -, arrecadando ativos
através da venda de ações para o público investidor. A
autorização da Comissão de Valores Mobiliários – CVM é
exigência legal, prevista no art. 5°, da Lei 6.385/1976, para
a negociação de ações em bolsa, mercado secundário para
a venda e aquisição de valores mobiliários, ou mercado
de balcão, também denominado Over-The-Counter, ou
simplesmente OTC, mercado primário para compra, venda
e distribuições de ações que não estão registradas em bolsa
de valores.
Operações em Bolsa ou em OTC são supervisionadas
pelo Banco Central do Brasil e atuam sob as diretrizes do
Conselho Monetário Nacional – CMN (Lei 4.595/1964).
Considerando que a estabilidade do mercado é
imprescindível para a economia nacional, a lei confere

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 171 29/07/2020 18:34:03
172 Direito Empresarial

legitimidade ao Ministério Público para, diante de


irregularidades, de ofício ou a pedido da CVM, interpor
Ação Civil Pública, preventiva ou satisfativa, com a
finalidade de evitar prejuízos ou obter ressarcimento
de danos sofridos por titulares de valores mobiliários e
investidores. (Lei n. 7.913/1989).
Porém, é vedado, por força de lei, obstar a livre circulação
das ações de companhias abertas, sob qualquer justificativa
ou circunstância, inclusive através da inserção de regras
impeditivas nos estatutos.
b. Capital fechado: são sociedades empresariais com
subscrição privada de valores mobiliários, ou seja, cujas
ações não são disponibilizadas para o mercado investidor,
e cujos sócios são os únicos proprietários das ações e da
empresa.
Ao contrário das companhias de capital aberto, as
de capital fechado podem estabelecer limites à livre
circulação das suas ações, representativas do seu capital
social, com a concordância expressa dos acionistas, desde
que isso esteja previsto no estatuto, não impeça eventuais
negociações, nem sujeite os acionistas minoritários ao
arbítrio dos administradores ou à maioria dos acionistas.
(art. 36, LSA).
Por configurar uma sociedade de capital, nas sociedades
anônimas a participação societária é livre para qualquer
pessoa, física ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com
exceção das restrições previstas no art. 222 e parágrafo
primeiro da Constituição Federal.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 172 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 173

Sob o critério da nacionalidade as S.A são: (art. 300, LSA).


a. Nacionais: pessoas jurídicas constituídas de acordo
com as leis brasileiras, com sede e administração no Brasil,
independente da nacionalidade e local de residência dos
acionistas e da origem territorial do capital;
b. Estrangeiras: pessoas jurídicas constituídas de acordo
com leis estrangeiras, com sede e administração no
exterior, sob a fiscalização de governo alienígena.

Em que pese o art. 1.134, do Código Civil, cite


expressamente sociedades anônimas, as empresas estrangeiras
podem ser acionistas ou sócias em quaisquer empresas
brasileiras, exceto as jornalísticas e de radiodifusão, privativas
para brasileiros natos ou naturalizados, ou pessoas jurídicas
brasileiras com sede no País. (art. 222 e parágrafo 1°, CF).
A lei permite também que empresas estrangeiras se
instalem no Brasil, inclusive as subsidiárias, desde que obtenham
autorização prévia do Poder Executivo, que ou não estabelecer
condições, mediante comprovação da realização do capital
declarado no contrato social ou no estatuto e apresentação dos
seguintes documentos: (incisos I a VI, art. 1.134, CC).
I - prova de se achar a sociedade constituída
conforme a lei de seu país;
II - inteiro teor do contrato ou do estatuto;
III - relação dos membros de todos os órgãos
da administração da sociedade, com nome,
nacionalidade, profissão, domicílio e, salvo quanto
a ações ao portador, o valor da participação de
cada um no capital da sociedade;
IV - cópia do ato que autorizou o funcionamento
no Brasil e fixou o capital destinado às operações
no território nacional;

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 173 29/07/2020 18:34:03
174 Direito Empresarial

V - prova de nomeação do representante no Brasil,


com poderes expressos para aceitar as condições
exigidas para a autorização;
VI - último balanço.

IMPORTANTE

O parágrafo 2, do art. 1.134, do Código Civil exige que os


documentos sejam autenticados, em conformidade “com a lei
nacional da sociedade requerente, legalizados no consulado
brasileiro da respectiva sede e acompanhados de tradução em
vernáculo”.

Mas, atenção: O Brasil é signatário da Convenção sobre


a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos
Públicos Estrangeiros, mais conhecida como Convenção de
Apostila de Haia, firmada na cidade de Haia, Holanda, em 5
de outubro de 1961, e promulgada pelo Decreto 8.660/2016,
vigente no Brasil desde 14 de agosto de 2016. Nos termos dessa
Convenção, não se faz mais legalização consular nos 110 países
signatários. Os documentos são apostilados, ou seja, registrados
em Cartórios Públicos e arquivados num banco de dados comum,
acessível aos notários de todos os países signatários.
No portal do Itamaraty há informações relevantes sobre o
apostilamento que estão nos seguintes endereços eletrônicos: <
http://bit.ly/37oPXeI >, assim como na página web do Conselho
Nacional de Justiça < http://bit.ly/38sUqOM >.
A legalização consular ainda é exigida para países não
signatários da Convenção de Apostila de Haia e, no Brasil, é
feita pelo Ministério das Relações Exteriores, em qualquer das

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 174 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 175

suas representações. Para saber mais detalhes acesse o seguinte


endereço eletrônico: < http://bit.ly/2Hk3r0J >.
Sobre a tradução para o vernáculo, é preciso verificar se
há reciprocidade entre o país emissor do documento e o Brasil.
Se não houver reciprocidade, após apostilado ou consularizado -
legalizado na Embaixada ou Consulado Brasileiro -, o documento
deve ser traduzido no Brasil, por tradutor juramentado registrado
na Junta Comercial do estado onde a empresa pretende se
estabelecer.

Das ações
Ações são partes do capital social de uma empresa que,
após integralizadas e disponibilizadas no mercado, deixam de
expressar o capital empresarial inicial em razão da volatilidade
do preço, sujeito às regras da oferta e da procura, à valorização
ou desvalorização do produto ou serviço no mercado nacional
e/ou internacional, às variações políticas, às intercorrências
ambientais, dentre outros fatores.
São bens patrimoniais móveis, passíveis de penhora e
transferíveis a herdeiros, integram o quadro associativo de
forma impositiva e não podem ser objeto de apuração de haveres
de forma isolada, exceto se os interessados detiverem a maioria
absoluta das ações com direito a voto. (art. 1.107 c/c 1.044., CC)
.
Do ponto de vista estritamente legal, as ações são
nominativas ou escriturais, conforme a transferência de
titularidade e previsão nos estatutos (art. 20, LSA):
a. Nominativas: são ações documentadas em um
certificado físico que atenda às seguintes exigências: (art.
24, LSA)

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 175 29/07/2020 18:34:03
176 Direito Empresarial

“Art. 24. Os certificados das ações serão escritos em


vernáculo e conterão as seguintes declarações:
I. denominação da companhia, sua sede e prazo
de duração;
II. o valor do capital social, a data do ato que o
tiver fixado, o número de ações em que se divide e
o valor nominal das ações, ou a declaração de que
não têm valor nominal;
III. nas companhias com capital autorizado, o
limite da autorização, em número de ações ou
valor do capital social;
IV. o número de ações ordinárias e preferenciais
das diversas classes, se houver, as vantagens
ou preferências conferidas a cada classe e as
limitações ou restrições a que as ações estiverem
sujeitas;
V. o número de ordem do certificado e da ação, e
a espécie e classe a que pertence;
VI. os direitos conferidos às partes beneficiárias,
se houver;
VII. a época e o lugar da reunião da assembleia-
geral ordinária;
VIII. a data da constituição da companhia e
do arquivamento e publicação de seus atos
constitutivos;
IX. o nome do acionista;
X. o débito do acionista e a época e o lugar de seu
pagamento, se a ação não estiver integralizada;
XI. a data da emissão do certificado e as
assinaturas de dois diretores, ou do agente emissor
de certificados (art. 27).”

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 176 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 177

b. Escriturais: são ações sem certificado individual,


mantidas em contas de depósito no nome do titular da ação,
e cuja circulação é feita através do lançamento da operação
no Livro de Registro de Acionista, mantido pela instituição
financeira depositária e não pela sociedade anônima. Ou
seja, a transferência não se dá através de certificados em
papel, mas por meio de transferência bancária, crédito ou
débito de valores na conta do alienante e do adquirente,
sob controle e responsabilidade das instituições financeiras
administradoras das ações.

IMPORTANTE

Atenção: Após a Lei 8.021/1990, que dispõe sobre a identificação dos


contribuintes para fins fiscais, não existem mais ações ao portador
e ações endossáveis no Brasil. Os artigos da Lei 6.404/1976, que
tratam das ações ao portador e endossáveis foram revogados total
ou parcialmente.

Como a lei brasileira não mais admite ações ao portador, a


qualificação de todos os acionistas, sem exceção, deve constar no
Livro de Registro de Ações Nominativas ou Livro de Registro de
Acionista, conforme a mudança de titularidade se dê através da
sociedade anônima ou da instituição financeira administradora.
A lei permite e é muito comum as sociedades empresárias
contratarem os serviços de uma instituição financeira autorizada
pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM, denominada
agente emissora de certificados, para escriturar e guardar o livro
de Registro de Ações Nominativas.
A propriedade das ações é presumida com a inscrição do
nome do acionista no Livro de Registro de Ações Nominativas

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 177 29/07/2020 18:34:03
178 Direito Empresarial

ou pelo extrato fornecido pela empresa custodiante, proprietária


fiduciária das ações, registrados na Junta Comercial. (art. 20, Lei
8.021/1990 c/c art. 31, LSA).
Quanto ao valor, as ações classificam-se em:
a. Nominal: resultado da divisão do valor do capital pelo
número de ações. A critério dos acionistas, o valor nominal
pode ou não ser incluído no Estatuto. Se não for incluído, o
valor nominal é inexistente. Ao revés, se incluído, o valor
nominal e o número das ações só podem ser alterados se
houver modificação no valor do capital social, valorização
monetária, desdobramento, agrupamento ou cancelamento
de ações. (art. 24, II c/c art. 12, LSA)
b. Patrimonial: é obtido através da divisão do patrimônio
líquido da empresa pelo número de ações que compõem
o capital social e conhecido através do balanço contábil,
ao fim de cada exercício social. É o valor a ser pago ao
acionista em caso de liquidação da sociedade anônima ou
amortização das ações quando retiradas total ou parcial
do mercado, através de ”distribuição aos acionistas, a
título de antecipação e sem redução do capital social, de
quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da
companhia”. (art. 44, LSA)
c. De negociação: é o preço de venda que as ações
alcançam no mercado a partir de fatores variáveis como
perspectiva de lucro, desempenho empresarial, patrimônio
líquido, macroeconomia, meio ambiente, consumo, etc.
d. Valor econômico: é calculado por especialistas em
avaliação de ativos e representa o capital racional, ou seja,
o valor real de cada ação com base na probabilidade de
renda real da sociedade anônima emissora.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 178 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 179

e. De emissão: é o preço, à vista ou parcelado, pago por


quem subscreve uma ação, ou seja, compra uma parcela
do ativo da sociedade anônima. O preço é estabelecido
inicialmente no Estatuto e no decorrer da vida da empresa
é atualizado pela assembleia geral, ou pelo conselho de
administração se o reajuste decorrer de aumento do capital
com emissão de novas ações. O preço de emissão jamais
pode ser inferior ao valor nominal.
Se a contribuição do subscritor for superior ao valor
nominal, o ágio deve ser destinado à reserva de capital. (art. 13
c/c arts. 189 e 200, IV, LSA) E, se o preço de emissão resultar de
aumento do capital social, após realizados no mínimo 3/4 (três
quartos), a subscrição pode ser pública ou particular, proibida a
diluição injustificada da participação dos antigos acionistas. (art.
170, parágrafo 1°, LSA).
A diluição justificada, diminuição do patrimônio do sócio/
acionista pela redução do percentual de cotas sociais ou ações
de propriedade dos sócios, é permitida sempre que a empresa
necessitar de reforço de capital, cabendo aos acionistas suportá-
la, ainda que represente perda patrimonial.
Quanto ao tipo de valor mobiliário representativo de
unidade social as ações dividem-se em:
a. Ordinárias: são ações de emissão obrigatória que
conferem direitos previstos em lei para todos os sócios.
Como são regulamentadas em lei, o estatuto não precisa
discipliná-las.
b. Preferenciais: são ações que, por previsão estatutária,
conferem direitos e privilégios diferenciados aos
acionistas, nos termos do art. 17, da Lei das Sociedades
Anônimas:

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 179 29/07/2020 18:34:03
180 Direito Empresarial

Além das vantagens elencadas no art. 17, os acionistas


também podem votar separadamente para escolher um ou mais
membros dos departamentos administrativos e para mudar o
estatuto. (art. 18, LSA).
As ações preferenciais sem direto a voto, ou com restrições
a ele, não podem ultrapassar 50% das ações emitidas (parágrafo
2°, art. 15, LSA).
c. De fruição: são ações substitutivas de ações integralmente
amortizadas, ou seja, cujos acionistas receberam, a
título de antecipação e sem redução do capital social, o
que lhes caberia na liquidação da sociedade empresária.
Esse pagamento é feito com eventuais reservas de caixa.
Porém, eventualmente, as ações de fruição também podem
sofrer restrições ou vantagens estatutárias, como perda do
direito de voto, do dividendo preferencial – em eventual
liquidação recebem depois das ações não amortizadas –, e
da compensação corrigida monetariamente, na hipótese de
reembolso. (art. 44, parágrafo 5º, LSA).

IMPORTANTE

As ações preferenciais e as ações ordinárias das companhias


fechadas podem ser dividas em classes, de acordo com os direitos
e restrições estatutárias. (art. 16, LSA). Porém, o mesmo não se
aplica às ações ordinárias das companhias abertas, que não podem
ser divididas em classes. (art. 15, § 1°, LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 180 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 181

Constituição das Sociedades Anônimas


São duas as modalidades de constituição de uma sociedade
anônima: por subscrição pública, com emissão de ações e
participação de investidores, e por subscrição particular, ficando
as ações com os sócios fundadores.
a. A Constituição de uma sociedade anônima por
subscrição pública é feita em três etapas:
1. Requisitos preliminares: subscrição de todas as ações
por no mínimo duas pessoas, fixação do capital social
no estatuto, realização imediata de no mínimo 10% (dez
por cento) do preço das ações subscritas, com depósito
também imediato, em dinheiro, no Banco do Brasil, outro
banco ou seguradora autorizada pela Comissão de Valores
Mobiliários. (art. 80 e 81, LSA)
Bancos e seguradoras devem fazer um depósito prévio
mínimo de 50% (cinquenta por cento) do capital social.
(art. 27, Lei 4.595/1964).
Esse depósito prévio configura, na realidade, a contratação
pelos sócios fundadores de uma instituição financeira
intermediária, denominada Underwriting, para subscrever
as ações, ou seja, assumir a titularidade das ações emitidas
pela sociedade anônima e oferecê-las aos investidores.
Concretizado o depósito e a contratação do Underwriting,
os sócios têm seis meses para registrar a sociedade
anônima.
2. Requisitos de Constituição: é a fase de subscrição
pública, com registro da emissão das ações, elaboração do
estatuto, prospecto. (arts. 82 a 93, LSA).
Antes da constituição da sociedade anônima os sócios
precisam providenciar o registro prévio da emissão de
ações na Comissão de Valores Mobiliários, subscrição que
só pode ser feita com a intermediação de uma instituição

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 181 29/07/2020 18:34:03
182 Direito Empresarial

financeira, e dos atos constitutivos, juntando: o projeto do


estatuto social; a prova da contratação do banco que fará
a captação dos investidores e do depósito prévio; o estudo
de viabilidade econômica e financeira do empreendimento
– leia-se da empresa; e o prospecto, documento assinado
pelos sócios fundadores, pelos primeiros acionistas, e pela
Underwriting, com todos os detalhes sobre a sociedade
anônima a ser constituída, inclusive expectativas,
vantagens para acionistas investidores, objetivos, metas,
valor do capital social inicial, etc.
Nos termos da Lei 6.385/76:
Art. 19. Nenhuma emissão pública de valores
mobiliários será distribuída no mercado sem
prévio registro na Comissão.
§ 1º - São atos de distribuição, sujeitos à norma
deste artigo, a venda, promessa de venda, oferta
à venda ou subscrição, assim como a aceitação
de pedido de venda ou subscrição de valores
mobiliários, quando os pratiquem a companhia
emissora, seus fundadores ou as pessoas a ela
equiparadas.
§ 2º - Equiparam-se à companhia emissora para os
fins deste artigo:
I - o seu acionista controlador e as pessoas por ela
controladas;
II - o coobrigado nos títulos;
III - as instituições financeiras e demais sociedades
a que se refere o Art. 15, inciso I;
IV - quem quer que tenha subscrito valores da
emissão, ou os tenha adquirido à companhia
emissora, com o fim de os colocar no mercado.
§ 3º - Caracterizam a emissão pública:

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 182 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 183

I - a utilização de listas ou boletins de venda ou


subscrição, folhetos, prospectos ou anúncios
destinados ao público;
II - a procura de subscritores ou adquirentes para
os títulos por meio de empregados, agentes ou
corretores;
III - a negociação feita em loja, escritório ou
estabelecimento aberto ao público, ou com a
utilização dos serviços públicos de comunicação.
(...)
No ato da subscrição, que é um ato irretratável, os sócios
devem concretizar o pagamento da entrada e assinar a lista ou o
boletim individual autenticado pela instituição financeira.
Ato seguinte, os sócios fundadores devem convocar a
primeira assembleia, promover a avaliação dos bens e, se for o
caso (art.8º, LSA), deliberar sobre a constituição da companhia
e nomear os primeiros administradores.
3. Providências Complementares: os atos, instruídos
com os documentos exigidos para o registro público, são
registrados na Junta Comercial e publicados no Diário
Oficial nos 30 dias posteriores. (arts. 94 a 99, LSA).
b. A constituição por subscrição particular é muito mais
simples.
Os sócios fundadores deliberam a criação da sociedade
anônima numa assembleia de fundação com a assinatura
imediata do estatuto por todos os subscritores, ou o fazem por
escritura pública na qual conste a qualificação dos subscritores,
as cláusulas estatutárias, a relação das ações subscritas e o valor
pago por elas, o recibo do depósito da entrada de 10% ou 50%,
conforme o caso, a transcrição do laudo de avaliação dos peritos
se o capital social for integralizado em bens, e a nomeação dos
primeiros administradores e fiscais. (art. 88, parágrafo 2°, LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 183 29/07/2020 18:34:03
184 Direito Empresarial

Algumas regras são comuns às duas formas de constituição:


a. exigência da escritura pública quando houver
incorporação em bens imóveis na formação do capital
social; (art. 89, LSA).
b. possibilidade de representação do subscritor por
procurador com poderes especiais, na assembleia de
fundação ou no momento da assinatura da escritura
pública; (art. 90, LSA).
c. denominação da companhia acompanhada da expressão
“em organização”, durante o processo de constituição;
(art. 91, LSA).
d. responsabilidade solidária dos fundadores e
underwriting por prejuízos decorrentes de descumprimento
da lei, por culpa ou dolo em atos anteriores à constituição
(art. 92, parágrafo único, LSA);
e. entrega dos livros, papéis e documentos de constituição
da sociedade anônima para os primeiros administradores;
(art. 93, LSA).
f. registro e publicação dos atos constitutivos da empresa.
(art. 94, LSA).

Concluídas todas estas etapas, a sociedade anônima poderá


iniciar as suas atividades e o administrador deve providenciar a
mudança de titularidade dos bens móveis e imóveis.
No caso de bens imóveis, a certidão dos atos constitutivos
expedida pela Junta Comercial equivale à escritura pública
e é suficiente para a mudança de propriedade no Cartório de
Registro de Imóveis.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 184 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 185

Valores mobiliários
Além dos bens subscritos no estatuto, ao longo da sua vida,
as sociedades anônimas podem emitir títulos de investimento ou
valores mobiliários, com o objetivo de levantar recursos.
São valores mobiliários:
a. Partes Beneficiárias: são títulos negociáveis, com
duração de no máximo dez anos, determinada nos estatutos,
sem valor nominal e estranhos ao capital social, passíveis
de alienação ou atribuição onerosa para pagamento de
prestação de serviços. Os credores não são e não têm os
mesmos direitos dos acionistas, exceto o de fiscalização.
O limite para o pagamento não pode ultrapassar um
décimo do lucro e qualquer modificação nos estatutos
para alteração ou modificação dos benefícios das partes
beneficiárias precisa ser aprovado em assembleia, por no
mínimo metade dos titulares. (arts. 46 a 51, LSA).
As partes beneficiárias podem conter cláusula de
conversibilidade em ações se a emissora constituir uma
reserva especial para capitalização.
A emissão desses títulos é proibida para as companhias
abertas.
b. Debêntures: são títulos de crédito representativos de
empréstimo, mútuo com transferência de bens fungíveis,
que a sociedade anônima realiza junto a terceiros,
assegurando-lhes o direito de crédito contra ela, nas
condições da escritura de emissão e do certificado, se
expedido, nos quais conte: valor, índice de correção
monetária, data do vencimento da obrigação, cláusula de
conversibilidade em ações, etc. (arts. 52 a 74, LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 185 29/07/2020 18:34:03
186 Direito Empresarial

Não podem ser agentes fiduciários: quem exerce função


idêntica em outra emissão da mesma companhia;
instituição financeira coligada à companhia emissora ou à
entidade que subscreva a emissão; credores da sociedade
emissora ou suas controladas; instituição financeira cujos
administradores tenham interesse na sociedade emissora;
e qualquer pessoa em situação de conflito de interesses
pelo exercício da função.
c. Bônus de Subscrição: são títulos de investimento que
conferem aos credores o direito de subscrever ações da
sociedade anônima emissora em aumento futuro de capital.
(arts. 75 a 79, LSA)
d. Nota Promissória: a oferta pública de distribuição de
notas promissórias está regulamentada na Instrução CVM
566/2015. É valor mobiliário de curto prazo para captação
de recursos, com regra geral para liquidação e resgate em
dinheiro no prazo de até 360 dias da emissão, com uma
única data de vencimento por série, e endosso em preto,
com a expressão “sem garantia” informada no título.
Como nas demais sociedades empresárias, o capital social
da sociedade anônima pode ser integralizado em espécie ou em
bens corpóreos ou incorpóreos, móveis, imóveis ou semoventes.
A diferença é que, na Sociedade Anônima os bens devem ser
avaliados em laudo firmado por três peritos ou por empresa
especializada, no qual conste ampla e detalhada descrição dos
bem e os critérios e elementos de comparação utilizados na
avaliação, acompanhado dos documentos comprobatórios da
propriedade, a fim de evitar fraudes. O laudo é analisado pela
Assembleia-geral e, somente após aprovado, o bem pode ser
integralizado. (art. 7° c/c art. 8°, LSA).
Se pesar gravame sobre o bem e isso não ficar claro no
laudo, presume-se transferida a propriedade para empresa. (art.
9°, LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 186 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 187

Avaliadores e subscritores respondem solidariamente pelos


danos que causarem por dolo ou culpa na avaliação dos bens.
Porém, se os bens estiverem em condomínio, a responsabilidade
pelos danos causados à empresa, acionistas e terceiros, é
subsidiária. (parágrafo 6°, art. 8°, LSA).

IMPORTANTE

Como a Lei Especial prepondera sobre a Lei Geral, o parágrafo


único, do art. 10, da Lei 6.404/1976, excepciona a regra geral do
art. 296, do Código Civil, que isenta de responsabilidade civil
o cedente na insolvência do devedor. Ou seja, nas sociedades
anônimas, subscritores ou acionistas que contribuírem com bens
para a formação do capital social respondem solidariamente com
o vendedor.

O mesmo ocorre em caso de endosso sem garantia ou


proibitivo. Embora a regra geral não vincule o endossante como
coobrigado perante terceiros, nas sociedades anônimas a cláusula
de endosso exoneratória, sem garantia, é sempre ineficaz e obriga
o endossante perante terceiros, ainda que isso seja improvável,
já que o certificado da integralização por transferência de crédito
só é expedido após a realização. (art. 23, parágrafo 2°, LSA).
A responsabilidade civil não exclui a responsabilidade
penal, administrativa e/ou tributária.

Capital social
No decorrer da vida da sociedade anônima, o capital social
pode ser aumentado ou diminuído e nem sempre pelo ingresso
ou perda de recursos.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 187 29/07/2020 18:34:03
188 Direito Empresarial

Os aumentos podem se dar através de:


a. Emissão de ações: a autorização da emissão de
novas ações deve ser decidida e votada em assembleia-
geral, assembleia-extraordinária ou pelo conselho de
administração, desde que realizado, no mínimo, 3/4
do capital social, ou no limite do capital autorizado no
estatuto. (art. 166, incisos I e II e IV, c/c art. 170, LSA).
Se o estatuto fixar o capital autorizado, precisa indicar
o órgão competente para autorizar a emissão das novas
ações. (art. 168, LSA).
Inexistindo permissão para a emissão de novas ações
ou havendo esgotamento das possibilidades previstas
no estatuto, ele pode ser reformado em assembleia
extraordinária, com inserção de cláusula para fixação do
capital autorizado e definição do órgão autorizador. (art.
166, inciso IV).
b. Valores mobiliários ou título financeiro: é um título
de propriedade ou de crédito, emitido pela conversão de
debêntures ou partes beneficiárias conversíveis em ações,
ou ainda pelo exercício de direitos conferidos por bônus
de subscrição ou opção de compra. (art. 166, III, LSA).
c. Capitalização de lucros e reservas: é a destinação de
parte do lucro líquido ou das reservas para reforço do
capital social, com ou sem emissão de ações, autorizada
pela assembleia-geral ordinária. (art. 169, LSA).

A redução do capital social é possível sempre que ele deixar


de refletir a realidade financeira por prejuízos patrimoniais ou por
superdimensionamento no valor das ações, mas carreia para a
empresa o dever de restituir o preço do capital integralizado para

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 188 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 189

os acionistas ou diminuir o valor das ações não integralizadas ao


montante das entradas. (arts. 173 e 174, LSA)
Credores quirografários podem opor-se à diminuição do
capital no prazo decadencial de 60 dias após a publicação da ata
da assembleia ou da decisão que a aprovou. O arquivamento da
ata na Junta Comercial fica condicionada à prova do pagamento
ou depósito judicial do crédito devido a eles. (parágrafos 1° e 2°,
art. 174, LSA).
Se houver debêntures em circulação, o capital social
somente poderá ser diminuído com a concordância da maioria
dos debenturistas reunidos em assembleia especial. (parágrafo
3°, art. 174, LSA).

Administração social
A Lei 6.404/1976 estabelece, nos artigos 145 a 160, regras
gerais para o exercício da administração societária e da direção,
e denomina como órgãos societários a assembleia-geral, a
diretoria, o conselho de administração e o conselho fiscal, sem
prejuízo da liberdade estatutária de estabelecer outros para
assessoramento ou execução do fim social.
A assembleia geral é o órgão máximo da sociedade
anônima, de caráter exclusivamente deliberativo, que reúne
todos os acionistas com ou sem direito a voto.
Os detentores de ações preferenciais nominativas têm voz
nas assembleias, mas só podem votar na tomada de algumas
decisões, como a constituição da sociedade anônima e a eleição
em separado dos membros dos conselhos administrativo e fiscal,
etc. (parágrafo único, art. 125, LSA).
A Lei 6.404/1976 exige a realização da assembleia-geral,
nos seguintes termos:

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 189 29/07/2020 18:34:03
190 Direito Empresarial

Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros


meses seguintes ao término do exercício social,
deverá haver 1 (uma) assembleia-geral para:
I - tomar as contas dos administradores, examinar,
discutir e votar as demonstrações financeiras;
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido
do exercício e a distribuição de dividendos;
III - eleger os administradores e os membros do
conselho fiscal, quando for o caso;
IV - aprovar a correção da expressão monetária do
capital social (artigo 167).

IMPORTANTE

Quórum de instalação e quórum de deliberação são conceitos


diferentes. O primeiro é um o número mínimo de acionistas para
dar início às reuniões e o segundo o número mínimo necessário
para decisões. Nem sempre o quórum de instalação é suficiente para
as decisões societárias.

Para a instalação da assembleia-geral, a lei exige, em


primeira convocação, a presença de 1/4 dos acionistas com
poder de voto (art. 125, LSA), ampliada para 2/3 se o objetivo
for a reforma dos estatutos (art. 135, LSA) e, em segunda
convocação, nos dois casos, qualquer número.
Já para a deliberação, a lei exige maioria absoluta. Ou seja,
metade mais um do total de ações com direito a voto, descontados
os votos em branco (art. 129, LSA). O estatuto das sociedades

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 190 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 191

anônimas de capital fechado pode estabelecer quórum maior


para a tomada de decisões.
A exceção é o quórum qualificado do art. 136, que exige,
no mínimo, a aprovação de metade do capital votante.
Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas
que representem metade, no mínimo, das ações
com direito a voto, se maior quórum não for
exigido pelo estatuto da companhia cujas ações
não estejam admitidas à negociação em bolsa ou
no mercado de balcão, para deliberação sobre:
I - criação de ações preferenciais ou aumento
de classe de ações preferenciais existentes, sem
guardar proporção com as demais classes de ações
preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados
pelo estatuto;
II - alteração nas preferências, vantagens e
condições de resgate ou amortização de uma ou
mais classes de ações preferenciais, ou criação de
nova classe mais favorecida;
III - redução do dividendo obrigatório;
IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em
outra;
V - participação em grupo de sociedades (art.
265);
VI - mudança do objeto da companhia;
VII - cessação do estado de liquidação da
companhia;
VIII - criação de partes beneficiárias;
IX - cisão da companhia;
X - dissolução da companhia.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 191 29/07/2020 18:34:03
192 Direito Empresarial

§ 1° Nos casos dos incisos I e II, a eficácia da


deliberação depende de prévia aprovação ou
da ratificação, em prazo improrrogável de um
ano, por titulares de mais da metade de cada
classe de ações preferenciais prejudicadas,
reunidos em assembleia especial convocada pelos
administradores e instalada com as formalidades
desta Lei.
§ 2° A Comissão de Valores Mobiliários pode
autorizar a redução do quórum previsto neste artigo
no caso de companhia aberta com a propriedade
das ações dispersa no mercado, e cujas 3 (três)
últimas assembleias tenham sido realizadas com
a presença de acionistas representando menos da
metade das ações com direito a voto. Neste caso,
a autorização da Comissão de Valores Mobiliários
será mencionada nos avisos de convocação e a
deliberação com quórum reduzido somente poderá
ser adotada em terceira convocação.
§ 3 O disposto no § 2o deste artigo aplica-se
também às assembleias especiais de acionistas
preferenciais de que trata o § 1°.
§ 4º Deverá constar da ata da assembleia-geral que
deliberar sobre as matérias dos incisos I e II, se
não houver prévia aprovação, que a deliberação só
terá eficácia após a sua ratificação pela assembleia
especial prevista no § 1°.
Havendo empate, aplica-se o parágrafo 2°, do art.
129, da Lei 6.404/1976:
§ 2º No caso de empate, se o estatuto não estabelecer
procedimento de arbitragem e não contiver
norma diversa, a assembleia será convocada,
com intervalo mínimo de 2 (dois) meses, para

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 192 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 193

votar a deliberação; se permanecer o empate e os


acionistas não concordarem em cometer a decisão
a um terceiro, caberá ao Poder Judiciário decidir,
no interesse da companhia.
Prescreve em 2 anos a ação para a anulação de deliberações
da assembleia por vício de convocação ou de instalação, ou ainda
por desprezo à lei ou às regras estatutárias, erro, dolo, fraude ou
simulação (art. 286, LSA).
O conselho de administração, composto por no mínimo 03
conselheiros com mandato de 03 anos, no máximo, é facultativo
nas sociedades anônimas de capital fechado, mas obrigatório
nas de capital aberto, capital autorizado e nas sociedades de
economia mista, e divide com a assembleia-geral o poder
deliberativo. (parágrafo 2°, art. 138, c/c art. 239, LSA).
Cabe ao estatuto definir: um número fixo, ou o mínimo
e o máximo de conselheiros, obrigatoriamente acionistas; a
forma de escolha e substituição do presidente do conselho,
pela assembleia ou pelo próprio conselho; as regras para a
substituição dos conselheiros; o prazo de gestão, até o máximo
de 3 anos, permitida a reeleição; as normas para convocação,
instalação e funcionamento do conselho; e as regras para as
deliberações. Os membros do conselho só podem ser destituídos
pela assembleia-geral. E, no silêncio do estatuto, a lei exige que
o conselho delibere sempre por maioria de votos. (art. 140 e 146,
LSA).
A diretoria é o órgão que representa legalmente a sociedade
anônima e executa as resoluções da assembleia geral e do
conselho de administração. Os cargos de direção só podem ser
ocupados por acionistas eleitos pelo conselho de administração
ou pela assembleia-geral, mas a lei permite que sejam ocupados
por até 1/3 dos membros do conselho administrativo. Todos
podem ser destituídos a qualquer tempo.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 193 29/07/2020 18:34:03
194 Direito Empresarial

Na falta de previsão estatutária, qualquer um dos diretores


pode representar legalmente a sociedade e praticar os atos
necessários ao seu funcionamento regular, inclusive nomear
mandatários com objetivo e prazo determinados, exceto para a
representação judicial. (art. 144, LSA).
O estatuto deve prever: o número mínimo (acima de dois)
e máximo de membros da diretoria; a duração do mandato até
03 anos, permitida a reeleição; a regras para a substituição dos
diretores; suas competências e atribuições. (art. 143, LSA).
É dever da diretoria, ao fim de cada exercício social,
providenciar a escrituração mercantil e comprovar, pelas
demonstrações financeiras contábeis, o patrimônio real da
empresa e eventuais mutações. (art. 176, LSA).
O conselho fiscal, composto por no mínimo 03 e no
máximo 05 membros, acionistas ou não, com suplentes em igual
número, todos eleitos pela assembleia-geral, tem a incumbência
de fiscalizar os órgãos de administração. É órgão de instalação
obrigatória, mas de funcionamento facultativo se houver
previsão estatutária neste sentido. (art. 161 e art. 163, LSA), mas
que pode ser tornada factual por proposta de qualquer acionista
“com 0,1 (um décimo) das ações com direito a voto, ou 5%
(cinco por cento) das ações sem direito a voto, e cada período de
funcionamento terminará na primeira assembleia-geral ordinária
após a sua instalação”. (parágrafo 2°, art. 161, LSA).
Os membros do conselho fiscal têm os mesmos direitos
e deveres dos administradores, mas não podem exercer
concomitantemente nenhum cargo de administração. Cônjuges e
parentes até terceiro grau dos administradores tampouco podem
ser membros do conselho fiscal. (parágrafo 2°, art. 162).
Os acionistas preferenciais sem direito a voto podem
eleger separadamente um membro do conselho fiscal, direito
estendido aos acionistas minoritários que representem dez por
cento do capital votante. (art. 161, parágrafo 4°, LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 194 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 195

São deveres legais dos diretores e administradores, sem


prejuízo de outros previstos no estatuto: o Dever de diligência
(art. 153 e 154, LSA); o Dever de lealdade (art. 155 a 157, LSA,
e parágrafo 1°, inciso XI, art. 195, Lei 9.279/1996); e o Dever de
informar (art. 157 a 159, LSA).
A prescrição, na Lei 6.404/1976, se dá nos seguintes
prazos e termos:
Art. 287. Prescreve:
I - em 1 (um) ano:
a. a ação contra peritos e subscritores do capital,
para deles haver reparação civil pela avaliação
de bens, contado o prazo da publicação da ata da
assembleia-geral que aprovar o laudo;
b. a ação dos credores não pagos contra os acionistas
e os liquidantes, contado o prazo da publicação da
ata de encerramento da liquidação da companhia.
II - em 3 (três) anos:
a. a ação para haver dividendos, contado o prazo
da data em que tenham sido postos à disposição do
acionista;
b. a ação contra os fundadores, acionistas,
administradores, liquidantes, fiscais ou sociedade de
comando, para deles haver reparação civil por atos
culposos ou dolosos, no caso de violação da lei, do
estatuto ou da convenção de grupo, contado o prazo:
1. para os fundadores, da data da publicação dos
atos constitutivos da companhia;
2. para os acionistas, administradores, fiscais e
sociedades de comando, da data da publicação da
ata que aprovar o balanço referente ao exercício
em que a violação tenha ocorrido;

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 195 29/07/2020 18:34:03
196 Direito Empresarial

3. para os liquidantes, da data da publicação da ata


da primeira assembleia-geral posterior à violação.
c. a ação contra acionistas para restituição de
dividendos recebidos de má-fé, contado o prazo
da data da publicação da ata da assembleia-geral
ordinária do exercício em que os dividendos tenham
sido declarados;
d. a ação contra os administradores ou titulares de
partes beneficiárias para restituição das participações
no lucro recebidas de má-fé, contado o prazo da data
da publicação da ata da assembleia-geral ordinária
do exercício em que as participações tenham sido
pagas;
e. a ação contra o agente fiduciário de debenturistas
ou titulares de partes beneficiárias para dele haver
reparação civil por atos culposos ou dolosos, no
caso de violação da lei ou da escritura de emissão, a
contar da publicação da ata da assembleia-geral que
tiver tomado conhecimento da violação;
f. a ação contra o violador do dever de sigilo de que
trata o artigo 260 para dele haver reparação civil, a
contar da data da publicação da oferta.
g. a ação movida pelo acionista contra a companhia,
qualquer que seja o seu fundamento.

Além da responsabilidade civil e penal os administradores


também respondem: administrativamente perante a Comissão de
Valores Mobiliários – CVM por desrespeito ao dever de anonimato
(art. 11, Lei 6.385/76); por danos ao consumidor resultantes
de má administração (art. 28, CDC); subsidiariamente pelas
obrigações fiscais e trabalhistas; e, no caso das operadoras de

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 196 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 197

saúde, respondem também pelos danos causados por prestadores


de serviço e fornecedores que infrinjam as leis consumeristas
(art. 35-J, Lei 9.656/1998).

Direitos e deveres dos acionistas


Quanto aos acionistas, seu principal dever é pagar o preço
de emissão das ações que subscreverem, na forma prevista no
estatuto. (art. 106, LSA).
O acionista em débito que por 03 vezes for notificado através
de publicação na imprensa oficial para pagar no prazo mínimo
de 30 dias e não o fizer, estará constituído automaticamente
em mora, passando ao status de acionista remisso. O débito,
acrescido de correção monetária, juros e multa de até 10%,
nos termos da regulamentação estatutária, pode ser objeto de
ação executória, servindo o boletim de subscrição como título
executivo extrajudicial. Os comprovantes da publicação na
imprensa oficial devem instruir a inicial.
Outra opção, tanto para as companhias de capital aberto
como para as de capital fechado, e mesmo após o ajuizamento
da execução, é a venda das ações subscritas e não quitadas em
Bolsa, em leilão especial. Quitado o débito, se houver saldo, ele
é entregue ao ex-acionista.
Se o remisso não possuir bens executáveis e a venda das
ações em Bolsa resultar infrutífera, a sociedade anônima pode
declarar a caducidade das ações com retenção da entrada, se tiver
sido realizada, ou integralizá-las, pagando por elas com fundos
ou reservas (exceto a legal), somando-as ao patrimônio social.
A importância a ser paga ao acionista remisso equivale
ao resultado obtido com a divisão do patrimônio líquido da
sociedade, apurado no último balanço, pelo número de ações,
facultado ao devedor pedir o levantamento de um balanço
especial para apurar o valor atualizado e econômico das ações.
(art. 45, LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 197 29/07/2020 18:34:03
198 Direito Empresarial

Na falta de integralização das ações pela própria empresa,


elas devem ser alienadas no prazo de um ano, sob pena de
redução do capital.
São direitos essenciais dos acionistas, previstos na Lei da
S.A:
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembleia-
geral poderão privar o acionista dos direitos de:
I - participar dos lucros sociais;
II - participar do acervo da companhia, em caso
de liquidação;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a
gestão dos negócios sociais;
IV - preferência para a subscrição de ações, partes
beneficiárias conversíveis em ações, debêntures
conversíveis em ações e bônus de subscrição,
observado o disposto nos artigos 171 e 172;
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos
nesta Lei.
§ 1° As ações de cada classe conferirão iguais
direitos aos seus titulares.
§ 2° Os meios, processos ou ações que a lei
confere ao acionista para assegurar os seus
direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou
pela assembleia-geral.
§ 3° O estatuto da sociedade pode estabelecer que
as divergências entre os acionistas e a companhia,
ou entre os acionistas controladores e os acionistas
minoritários, poderão ser solucionadas mediante
arbitragem, nos termos em que especificar.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 198 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 199

O direito de voto não é essencial e nem pode ser exercido


por qualquer acionista. Porém, quando exercido, o voto deve ser
livre e de boa-fé.
O voto abusivo ou conflitante é expressamente vedado,
sob pena de responsabilidade civil e penal.
Voto abusivo é aquele que cause ou possa causar dano,
ou favoreça a percepção de vantagem indevida para o próprio
acionista ou para outrem, com prejuízo para a sociedade
empresária ou outros acionistas. (art. 115, LSA)
O voto conflitante, passível de anulação, sem prejuízo
da responsabilidade civil, é todo aquele que coloca em xeque
os interesses do acionista frente aos interesses da empresa.
(parágrafo 1°, art. 115, LSA)
Porém, não há impedimento legal para que os acionistas
firmem livremente acordo de voto, protegido pelo anonimato e
regido pela lei civil geral dos contratos, se o objeto da votação
envolver o poder de controle, o exercício do direito de voto, a
compra e venda de ações ou a preferência de aquisição, desde
que eles sejam arquivados na empresa. (art. 118, LSA)
A sociedade anônima não pode desatender os termos do
acordo de voto, sob pena de ser impelida, judicialmente, a acatar
a vontade contratual dos acionistas.
Se no acordo houver previsão do direito de preferência,
a empresa não tem legitimidade para compelir o contratante a
respeitar o acordado e nem para registrar a venda de ações a
terceiros. É o acionista preterido no direito de preferência quem
tem legitimidade para pedir ao judiciário o cumprimento da
avença.
Quanto ao acionista controlador, a Lei 6.404/1976 o
define como aquele que simultaneamente é titular permanente
dos direitos de sócio com maioria dos votos nas deliberações

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 199 29/07/2020 18:34:03
200 Direito Empresarial

da assembleia-geral e poder para eleger a maioria dos


administradores, e pode dirigir e orientar as atividades sociais e
o funcionamento dos órgãos societários. (art. 116, LSA)
O controlador responde pelo abuso do poder e pelos danos
e prejuízos advindos do controle, nos seguintes termos:
Art. 117. O acionista controlador responde pelos
danos causados por atos praticados com abuso de
poder.
§ 1º São modalidades de exercício abusivo de
poder:
a. orientar a companhia para fim estranho ao objeto
social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a
favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira,
em prejuízo da participação dos acionistas
minoritários nos lucros ou no acervo da companhia,
ou da economia nacional;
b. promover a liquidação de companhia próspera,
ou a transformação, incorporação, fusão ou cisão
da companhia, com o fim de obter, para si ou para
outrem, vantagem indevida, em prejuízo dos demais
acionistas, dos que trabalham na empresa ou dos
investidores em valores mobiliários emitidos pela
companhia;
c. promover alteração estatutária, emissão de
valores mobiliários ou adoção de políticas ou
decisões que não tenham por fim o interesse da
companhia e visem a causar prejuízo a acionistas
minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos
investidores em valores mobiliários emitidos pela
companhia;
d. eleger administrador ou fiscal que sabe inapto,
moral ou tecnicamente;

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 200 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 201

e. induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal


a praticar ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres
definidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra
o interesse da companhia, sua ratificação pela
assembleia-geral;
f. contratar com a companhia, diretamente ou
através de outrem, ou de sociedade na qual tenha
interesse, em condições de favorecimento ou não
equitativas;
g. aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de
administradores, por favorecimento pessoal, ou
deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse
saber procedente, ou que justifique fundada suspeita
de irregularidade.
h. subscrever ações, para os fins do disposto no art.
170, com a realização em bens estranhos ao objeto
social da companhia.
§ 2º No caso da alínea e do § 1º, o administrador
ou fiscal que praticar o ato ilegal responde
solidariamente com o acionista controlador.
§ 3º O acionista controlador que exerce cargo de
administrador ou fiscal tem também os deveres e
responsabilidades próprios do cargo.
Se a sociedade anônima for instituição financeira, o
controlador responde solidariamente com os ex-administradores,
por danos e prejuízos perante o Banco Central, se instaurado o
regime de administração especial temporária (art. 15, Decreto-
lei n. 2.321/1987), a liquidação extrajudicial ou a intervenção
(Lei n. 9.447/1997). Incidem em idêntica responsabilidade o
controlador de seguradora, de entidade de previdência privada
aberta e de capitalização (Lei n. 10.190/2001).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 201 29/07/2020 18:34:03
202 Direito Empresarial

A lei 9.447/1997 regulamenta especificamente a


responsabilidade solidária dos administradores das sociedades
anônimas que forem instituições financeiras.
A alienação das ações de controle das companhias abertas
pode ser feita de forma direta ou indireta, em oferta pública e
com autorização da Comissão de Valores Mobiliários – CVM.
(art. 254-A, LSA)
As sociedades anônimas que dependem de autorização
estatal para a sua constituição só poderão ter o controle acionário
alienado com autorização do órgão competente para aprovar o
seu estatuto. (art. 255, LSA)

Demonstrações contábeis e partilha do lucro e


prejuízos
Quanto às demonstrações contábeis das sociedades
anônimas, a exemplo das sociedades limitadas, elas devem ser
apresentadas aos acionistas e publicadas ao fim de cada exercício
social, tanto para provar a real solvabilidade da empresa, como
a necessidade ou possibilidade de acrescer ou diminuir a
quantidade de ações, estabelecer diretrizes de gestão, comprovar
o pagamento das obrigações tributárias, trabalhistas, judiciárias,
etc.
O exercício social não necessariamente precisa seguir o
ano calendário. Em que pese, por praticidade seja usual delimitá-
lo de 1° de janeiro a 31 de dezembro, o período de 12 meses
pode ser livremente estabelecido nos estatutos. (art. 175, LSA).
As demonstrações financeiras devem ser publicadas para
posterior exame da Assembleia-geral Ordinária em conjunto
com os relatórios administrativos dos gestores. (inciso I, art.
132, LSA).
Já a escrituração mercantil, ou seja, as contas e livros a
serem apresentados pela diretoria ao fim de cada exercício social

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 202 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 203

são: o balanço patrimonial, os lucros e prejuízos acumulados, o


resultado do exercício social, o fluxo de caixa e, se a companhia
for aberta, também o valor adicionado. (art. 176, LSA).
Devem ser apresentados:
a. Balanço patrimonial: é a demonstração financeira do
ativo, do passivo e do patrimônio líquido.
b. Lucros e prejuízos acumulados: são os valores
superiores ou inferiores à receita, não distribuídos aos
acionistas;
c. Resultado de exercício social: demonstra o desempenho
da sociedade empresária no exercício apurado e tem por
finalidade apurar o retorno do investimento dos acionistas
e o grau de eficiência da administração. É apurado pelo
confronto das receitas bruta e líquida e as despesas
operacionais e não operacionais.
d. Fluxo de caixa: demonstra a disponibilidade líquida da
sociedade anônima, ou seja, os ingressos e despesas do
caixa. O fluxo de caixa não é obrigatório para sociedades
anônimas fechadas com patrimônio líquido inferior a dois
milhões de reais.
e. Valor adicionado: é uma demonstração contábil exigida
apenas das sociedades anônimas de capital aberto destinada
a medir financeiramente a riqueza gerada pela empresa.
Do resultado final do exercício e antes da partilha do lucro
ou destinação para novos investimentos, devem ser deduzidos
os prejuízos acumulados e feita provisão para o pagamento do
Imposto de Renda. (art. 189, LSA).
Eventuais prejuízos devem ser absorvidos “pelos lucros
acumulados, pelas reservas de lucros e pela reserva legal, nessa
ordem”. (parágrafo único, art. 189, LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 203 29/07/2020 18:34:03
204 Direito Empresarial

Em seguida são pagas, sucessivamente, as participações


estatutárias de empregados, administradores e partes
beneficiárias. (art. 190, LSA).
Cumpridas todas essas obrigações, apura-se o lucro líquido
da empresa referente ao exercício social que deve ser dividido
da seguinte forma:
a. no mínimo 5% para a reserva legal, não podendo
exceder 20% do valor do capital social, exceto se o saldo
já existente for superior a 30% do capital social; (art. 193,
LSA).
b. no percentual previsto no estatuto para a reserva
estatutária; (art. 194, LSA).
c. parte pode ser destinada à reserva de contingências,
a critério da Assembleia-geral, por proposta dos órgãos
administrativos, com a finalidade de compensar, em
exercício futuro, a diminuição do lucro decorrente de perda
julgada provável, cujo valor possa ser estimado. Pode
integrar esse valor um percentual decorrente de doações e
subvenções governamentais para investimentos, passíveis
de serem excluídos da base de cálculo dos dividendos
obrigatórios; (art. 195-A c/c 202, LSA).
d. parte, também a critério da Assembleia-geral, por
proposta dos órgãos administrativos, pode ser destinada
a reinvestimentos futuros por até 05 anos, ou prazo mais
amplo se previsto no projeto aprovado; (art. 196, LSA).
e. eventual sobra do lucro, após a quitação dos dividendos
aos acionistas pode ser destinado a uma reserva de lucros
a realizar; (art. 197, LSA).
f. parte pode ser destinada a reserva de capital, para cobrir
eventual ágio na subscrição de novas ações, o produto da
venda de partes beneficiárias e os bônus de subscrição;
(parágrafo 1°, art. 182, LSA).

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 204 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 205

g. quitação dos dividendos obrigatórios, que é o retorno


do investimento feito pelos sócios, no percentual mínimo
de 50% do lucro líquido ajustado, na falta de previsão
mais benéfica no estatuto. (art. 202, LSA).
Excepciona a obrigatoriedade da distribuição dos
dividendos a situação financeira precária da sociedade
empresária ou a deliberação da Assembleia Geral nas sociedades
anônimas de capital fechado, na falta de oposição de qualquer
dos acionistas. Neste caso, o lucro não distribuído constituirá
reserva especial que será dividido entre os acionistas tão logo
permita a saúde financeira da empresa.

Dissolução da sociedade anônima


Por ter natureza institucional, a sociedade anônima sujeita-
se ao regime de dissolução previsto nos arts, 206 a 218, da Lei
6.404/1976, sem prejuízo das normas contidas no Código Civil
e na Lei de Falências, aplicadas subsidiariamente.
Estas são as possibilidades de dissolução, in verbis,
previstas na Lei Especial:
Art. 206. Dissolve-se a companhia:
I - de pleno direito:
a. pelo término do prazo de duração;
b. nos casos previstos no estatuto;
c. por deliberação da assembleia-geral (art. 136, X);
d. pela existência de 1 (um) único acionista,
verificada em assembleia-geral ordinária, se o
mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do
ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251;
e. pela extinção, na forma da lei, da autorização
para funcionar.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 205 29/07/2020 18:34:03
206 Direito Empresarial

II - por decisão judicial:


a. quando anulada a sua constituição, em ação
proposta por qualquer acionista;
b. quando provado que não pode preencher o seu
fim, em ação proposta por acionistas que representem
5% (cinco por cento) ou mais do capital social;
c. em caso de falência, na forma prevista na
respectiva lei;
III - por decisão de autoridade administrativa
competente, nos casos e na forma previstos em lei
especial.
A dissolução parcial pode ser evitada mediante reembolso
ao acionista dissidente com dinheiro do lucro ou reservas,
excetuada a reserva legal e desde que não comprometa a
solvência da empresa, ou seja, o próprio capital social.
A morte também não traduz, por si, a dissolução da
sociedade empresarial, já que os herdeiros ou legatários sub-
rogam-se na titularidade dos direitos do sócio morto.
Outras possibilidades de dissolução são a incorporação, a
fusão e a cisão, com a absorção de todo o patrimônio por outras
sociedades empresariais. (art. 219, LSA, 1.113 a 1.122 CC)
A incorporação e fusão de sociedades anônimas devem
ser submetidas à aprovação do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica – Cade, órgão judicante administrativo com
jurisdição em todo o território nacional, sempre que atingirem os
valores previstos no art. 88, da Lei 12.529/2011:
Art. 88. Serão submetidos ao Cade pelas partes
envolvidas na operação os atos de concentração
econômica em que, cumulativamente:
I - pelo menos um dos grupos envolvidos na
operação tenha registrado, no último balanço,

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 206 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 207

faturamento bruto anual ou volume de negócios


total no País, no ano anterior à operação,
equivalente ou superior a R$ 400.000.000,00
(quatrocentos milhões de reais); e
II - pelo menos um outro grupo envolvido na
operação tenha registrado, no último balanço,
faturamento bruto anual ou volume de negócios
total no País, no ano anterior à operação,
equivalente ou superior a R$ 30.000.000,00 (trinta
milhões de reais).
A lei permite três possibilidades de associação de
sociedades empresariais para a execução de empreendimentos
comuns:
a. grupos de fato: resultam da união entre sociedades
coligadas, quando uma empresa em influência significativa
sobre outra sem controlá-la, e entre controladora e
controlada, quando a primeira tem poder de controle sobre
a segunda. Regra geral, é vedada a participação recíproca
entre a companhia e suas coligadas ou controladas, exceto
se a sociedade anônima puder adquirir legalmente suas
próprias ações. (art. 244 c/c art. 30, § 1º, b, LSA).
As demonstrações financeiras entre coligadas e controladas
seguem regras próprias, previstas nos arts. 247 a 250 da Lei
6.404/1976.
b. Subsidiária integral: as ações, em sua totalidade, ficam
nas mãos de uma outra pessoa jurídica; (letra d, inciso I,
art. 206, LSA).
c. Grupo de direito: é uma reunião interempresarial
de sociedades sob o controle de uma sociedade
brasileira, denominada holding, para participação em
empreendimentos comuns. Devem ter a designação
de “grupo” ou “grupo de sociedades”, podem contar
com estrutura e órgãos de direção próprios, e precisam

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 207 29/07/2020 18:34:03
208 Direito Empresarial

ser registradas na Junta Comercial, em que pese


configurem uma reunião contratual de negócios e não
tenham personalidade jurídica própria e nem respondam
subsidiariamente pelas dívidas uma das outras. (art. 267,
LSA).
Os grupos somente têm responsabilidade perante as
autoridades antitruste (Lei 12.529/2011), trabalhistas.
(parágrafo 2°, art. 2°, CLT) e previdenciárias (inciso IX,
art. 30, Lei 8.212/1991).
A responsabilidade subsidiária das empresas que compõem
a holding se limita às advindas de relação de consumo.
(parágrafo 2°, art. 28, Lei 8.078/1990).
d. Consórcio: o consórcio não tem personalidade jurídica
própria. Resulta da combinação de esforços e recursos para a
execução de empreendimento comum, sujeito à aprovação
do CADE se os valores atingirem o montante previsto no
art. 88 da Lei 12.529/2011, e não têm responsabilidade
solidária, exceto com relação aos direitos consumeristas
(parágrafo 3°, art. 28, Lei 8.078/1990) e licitatórios (inciso
V, art. 33, Lei n. 8.666/93).
As sociedades de economia mista só podem ser constituídas
por lei, para atender a interesse público, e com capital
majoritariamente público. Estão sujeiras às regras contidas na lei
de criação, às normas para administração societária contida nos
arts 235 ao 240 da Lei 6.404/1976, sem prejuízo da aplicação
subsidiária das normas gerais contidas no Código Civil e na Lei
de Falências, bem como às normas e fiscalização da Comissão
de Valores Mobiliários – CVM, se forem abertas.

Sociedade em comandita por ações


A sociedade em comandita por ações se sujeita à
regulamentação da Lei das Sociedades Anônimas, arts. 280 a

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 208 29/07/2020 18:34:03
Direito Empresarial 209

284, com as alterações contidas nos 1.090 a 1.092 do Código


Civil.
Na sociedade em comandita por ações, somente os
acionistas podem integrar a diretoria.
O acionista diretor, também denominado gerente, é
nomeado no estatuto para exercer essa atribuição por prazo
indeterminado ou até que os acionistas que detiverem no mínimo
2/3 do capital pleiteiem a sua destituição, e sua responsabilidade
sobre as obrigações societárias é ilimitada. (art. 1.091, CC).
Em razão da responsabilidade ilimitada do diretor, a
assembleia-geral não pode mudar, sem o acorde do diretor, o
objeto essencial da sociedade, prorrogar o prazo de duração
da empresa, aumentar nem diminuir o capital social, emitir
debêntures ou partes beneficiárias (art. 1.092, CC)
A sociedade pode adotar firma, com o nome civil de
acionista que não exerça cargo de direção, ou denominação, mas
em ambos casos o nome deve conter a expressão indicativa do
tipo societário. (art. 1.161, CC)
Afora essas diferenças contidas no Código Civil, aplicam-
se às sociedades em comandita por ações todas as regras da Lei
6.404/1976.

RESUMINDO

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho?


Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o
tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido o que significa as sociedades anônimas.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 209 29/07/2020 18:34:03
210 Direito Empresarial

Sociedades cooperativas

OBJETIVO

Ao término deste capítulo você será capaz de entender como


funciona as sociedades cooperativas. Isto será fundamental para
o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Avante!

O nascimento do cooperativismo
O Cooperativismo nasceu na Inglaterra, em 1844, quando
um grupo de trabalhadores reuniu esforços para montar um
armazém, comprar alimentos em quantidade a menores custos e
vendê-los também a menores preços.
As sociedades cooperativas estão ligadas ao conceito de
cooperação mútua, reunião de esforços em prol de um objetivo
comum, com divisão dos resultados entre os cooperativados.
São sociedades de pessoas e podem ter por objetivo social
qualquer gênero de serviço, operação ou atividade econômica,
social, ambiental ou cultural, sendo obrigatório o termo
“cooperativa” na sua denominação.
As cooperativas mais comuns são a agropecuária, de
trabalho, de consumo, de crédito, de prestação de serviços e
infraestrutura, de saúde e especiais, que em geral reúnem grupos
vulneráveis como catadores de papel, deficientes físicos, etc.
Está regulamentada na Lei 5.764/1971 e é conceituada no
art. 4°, nos seguintes termos:

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 210 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 211

Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas,


com forma e natureza jurídica próprias, de
natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas
para prestar serviços aos associados, distinguindo-
se das demais sociedades pelas seguintes
características:
I - adesão voluntária, com número ilimitado de
associados, salvo impossibilidade técnica de
prestação de serviços;
II - variabilidade do capital social representado
por quotas-partes;
III - limitação do número de quotas-partes do
capital para cada associado, facultado, porém, o
estabelecimento de critérios de proporcionalidade,
se assim for mais adequado para o cumprimento
dos objetivos sociais;
IV - incessibilidade das quotas-partes do capital a
terceiros, estranhos à sociedade;
V - singularidade de voto, podendo as
cooperativas centrais, federações e confederações
de cooperativas, com exceção das que exerçam
atividade de crédito, optar pelo critério da
proporcionalidade;
VI - quorum para o funcionamento e deliberação
da Assembléia Geral baseado no número de
associados e não no capital;
VII - retorno das sobras líquidas do exercício,
proporcionalmente às operações realizadas pelo
associado, salvo deliberação em contrário da
Assembléia Geral;
VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de
Assistência Técnica Educacional e Social;

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 211 29/07/2020 18:34:04
212 Direito Empresarial

IX - neutralidade política e indiscriminação


religiosa, racial e social;
X - prestação de assistência aos associados, e,
quando previsto nos estatutos, aos empregados da
cooperativa;
XI - área de admissão de associados limitada às
possibilidades de reunião, controle, operações e
prestação de serviços.
São constituídas a partir de um estatuto que regulamenta
a denominação, sede, prazo de duração da sociedade, área de
atuação, objeto, início e fim do exercício social e a data de
levantamento do balanço geral, além dos direitos e deveres
dos associados, responsabilidades, admissão e desligamento
dos cooperados, capital e modo de integralização, devolução
de sobras e rateios, regras administrativas, de fiscalização e de
representação em juízo e fora dele, poderes e responsabilidade
dos administradores e conselheiros fiscais, convocação dos
cooperados para as assembleias-gerais, debates e direito de voto.
O ato constitutivo das cooperativas deve declarar, sob
pena de nulidade: a denominação da sociedade, o seu objeto e
o endereço da sede, a qualificação completa dos fundadores, o
valor e o número da quota-parte de cada um, a aprovação do
estatuto e a qualificação completa dos associados escolhidos
para os órgãos de administração, fiscalização e outros. (art. 15,
Lei 5.764/1971).
O capital social inicial, necessário para a instalação e
primeiras atividades sociais, é levantado através de estudos de
viabilidade econômica e dividido em quotas-parte com valor
máximo limitado a um salário mínimo do país. (art. 24, Lei
5.764/1971).
O ato de constituição e o estatuto devem ser levados a
registro na Junta Comercial.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 212 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 213

A mesma norma delimita a responsabilidade das


cooperativas e dos cooperados nos seguintes termos:
Art. 11. As sociedades cooperativas serão
de responsabilidade limitada, quando a
responsabilidade do associado pelos compromissos
da sociedade se limitar ao valor do capital por ele
subscrito.
Art. 12. As sociedades cooperativas serão
de responsabilidade ilimitada, quando a
responsabilidade do associado pelos compromissos
da sociedade for pessoal, solidária e não tiver
limite.
Art. 13. A responsabilidade do associado para com
terceiros, como membro da sociedade, somente
poderá ser invocada depois de judicialmente
exigida da cooperativa.
Finalmente, a estrutura organizacional das cooperativas
é composta pelos seguintes órgãos sociais: assembleia geral,
ordinária e extraordinária, conselho de administração ou diretoria
e conselho fiscal.

Figura 3

Fonte: Freepik

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 213 29/07/2020 18:34:04
214 Direito Empresarial

RESUMINDO

E então? Gostou do conteúdo? Aprendeu tudo sobre as espécies


de sociedades empresárias? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você certamente aprendeu como se deu a
transformação da sociedade comercial para a sociedade empresária,
o que são e quais são as sociedades personificadas, como se
constituem as sociedades simples, limitada, em nome coletivo,
em comandita por ações, anônima e, finalmente, as cooperativas.
Aprendeu também sobre a constituição e a importância do
capital social, como são organizadas administrativamente qual
a responsabilidade dos sócios. E, finalmente, aprendeu sobre a
distribuição de lucros e dividendos. Agora você está preparado para
seguir adiante e prender um pouco mais sobre o Direito Empresarial.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 214 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 215

REFERÊNCIAS
UNIDADE 01
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil
de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______. Lei Complementar 48, de 10 de dezembro de 1984.
Estabelece normas integrantes do Estatuto da Microempresa,
relativas a isenção do imposto sobre Circulação de Mercadorias
- ICM e do Imposto sobre Serviços - ISS Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp48.htm>. Acesso
em: 27 jul 2019.
______. Lei Complementar 123, de 14 de dezembro de
2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa
de Pequeno Porte. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 27 jul 2019.
______. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe
sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais
de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/
L5172Compilado.htm>. Acesso em: 27 jul 2019.
______. Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre
os registros públicos, e dá outras providências. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6015compilada.
htm>. Acesso em: 29 ago 2019.
______. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe
sobre as Sociedades por Ações. Disponível em <http://www.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 215 29/07/2020 18:34:04
216 Direito Empresarial

planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso
em: 27 ago 2019.
______. Lei 8.906, de 09 de fevereiro de 2005. Regula a
recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e
da sociedade empresária. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/Leis/L8906.htm>. Acesso em: 27 jul 2019.
______. Lei 8.934, de 18 de novembro de 1994, Dispõe
sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades
Afins e dá outras providências. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8934compilado.htm>. Acesso
em: 26 set 2019.
______. Lei 10.406, de janeiro de 2002. Código Civil.
Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______. Lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. Regula a
recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e
da sociedade empresária. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm>.
Acesso em: 27 jul 2019.
______. Lei 11.107, de 06 de abril de 2005. Dispõe sobre
normas gerais de contratação de consórcios públicos e dá outras
providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11107.htm>. Acesso em:
25 set 2019.
______. Lei 11.598, de 03 de dezembro de 2007. Estabelece
diretrizes e procedimentos para a simplificação e integração
do processo de registro e legalização de empresários e de
pessoas jurídicas, cria a Rede Nacional para a Simplificação do
Registro e da Legalização de Empresas e Negócios - REDESIM.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 216 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 217

Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11598.htm>. Consulta em 27.07.2019.
______. Lei 13.105, de 16 de março de 2015. Código de
Processo Civil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 27
jul 2019.
______. Lei 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da
Pessoa com Deficiência) Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso
em: 25 set 2019.
______. Decreto-Lei 486, de 03 de março de 1969. Dispõe
sôbre escrituração e livros mercantis e dá outras providências.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del0486.htm>. Acesso em: 27 jul 2019.
______ BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro
de 1940. Código Penal. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm>. Acesso
em: 27 jul 2019.
______. Decreto 21.981, de 19 de outubro de 1932. Regula
a profissão de Leiloeiro ao território da República. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/
D21981.htm>. Acesso em: 27 jul 2019.
______. Decreto 3.474, de 19 de março de 2000.
Regulamenta a Lei 9.841, de 5 de outubro de 1999, que institui
o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte,
e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/D3474.htm>. Acesso em: 27 jul 2019.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 217 29/07/2020 18:34:04
218 Direito Empresarial

______. Decreto 9.580, de 22 de novembro de 2018.


Regulamenta a tributação, a fiscalização, a arrecadação e
a administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de
Qualquer Natureza. Disponível em <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/decreto/D3474.htm>. Acesso em: 27 jul 2019.
______. Conselho da Justiça Federal. Enunciados.
Disponível em <https://www.cjf.jus.br/enunciados/>. Acesso
em: 27 jul 2019.
______. Supremo Tribunal Federal. Súmulas.
Disponível em <http://www.stf.jus.br/portal/cms/verTexto.
asp?servico=jurisprudenciaSumula>. Acesso em: 27 jul 2019.

FORGIONI, Paula A. Contratos empresariais: teoria geral


e aplicação. 4ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2019.
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de
empresa: comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código civil. 8.
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.
MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. 13ª
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2019.
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 18ª ed.
Rio de Janeiro Atlas 2018.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial:
volume único. 9ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Método,
2019.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. São
Paulo: Saraiva Jur, 2018. 3 v.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 218 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 219

UNIDADE 02
______ BRASIL. Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 26 ago
2019.
______ BRASIL. Lei Complementar 35, de 14 de março
de 1979. Dispõe sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/
lcp35.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 6.001, de 19 de dezembro de 1973.
Dispõe sobre o Estatuto do Índio. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6001.htm>. Acesso em: 26 ago
2019.
______ BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>.
Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 6.434, de 15 de julho de 1977.
Acrescenta dispositivo à Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de
1964, que “dispõe sobre o condomínio em edificações e as
incorporações imobiliárias.. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6434.htm>. Acesso em: 26 ago
2019.
______ BRASIL. Lei 6.880, de 09 de dezembro de 1980.
Dispõe sobre o Estatuto dos Militares. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6880.htm>. Acesso em:
26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 8.112, de 11 de novembro de 1990.
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 219 29/07/2020 18:34:04
220 Direito Empresarial

da União, das autarquias e das fundações públicas federais.


Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/
L8112compilado.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 8.625, de 12 de fevereiro de 1993.
Institui a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, dispõe
sobre normas gerais para a organização do Ministério Público
dos Estados e dá outras providências.. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8625.htm>. Acesso em:
26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 10.406, de janeiro de 2002. Código
Civil. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005.
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/
L11101.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 12.441, de 11 de julho de 2011.
Altera a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil), para permitir a constituição de empresa individual de
responsabilidade limitada. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm>. Acesso
em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 13.445, de 24 de maio de 2017.
Institui a Lei de Migração. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm>. Acesso
em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto 20.931, de 11 de janeiro de 1932.
Regula e fiscaliza o exercício da medicina, da odontologia, da

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 220 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 221

medicina veterinária e das profissões de farmacêutico, parteira e


enfermeira, no Brasil, e estabelece penas. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D20931.
htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto 21.981, de 19 de outubro de
1932. Regula a profissão de Leiloeiro ao território da República.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1930-1949/D21981.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto 5.051, de 19 de abril de 2004.
Promulga a Convenção n 169 da Organização Internacional do
Trabalho - OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/
decreto/d5051.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE
108728/SP. Rel. Min. Néri da Silveira, Publ. DJ 03.02.1989.
Disponível em <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.
jsp?docTP=AC&docID=200032>. Acesso em: 26 ago 2019.
CHAGAS, Edison Enedino das. Direito empresarial
esquematizado. 4ª ed. São Pauto: Saraiva, 2017. Coleção
Esquematizado, Coordenador Pedro Lenza.

FORGIONI, Paula A. Contratos empresariais: teoria geral


e aplicação. 4ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2019.
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de
empresa: comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código civil. 8.
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 221 29/07/2020 18:34:04
222 Direito Empresarial

MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. 13ª


ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2019.
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 18ª ed.
Rio de Janeiro Atlas 2018.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial:
volume único. 9ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Método,
2019.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. São
Paulo: Saraiva Jur, 2018. 3 v.
UNIDADE 03
______ BRASIL. Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 26 ago
2019.
______ BRASIL. Lei Complementar 23, de 14 de
dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa
e da Empresa de Pequeno Porte. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 26
ago 2019.
______ BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966.
Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas
gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
Municípios. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L5172Compilado.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971.
Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime
jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 222 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 223

Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/


l5764.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 6.024 de 24 de março de 1974.
Dispõe sobre a intervenção e a liquidação extrajudicial de
instituições financeiras, e dá outras providências. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6024.htm>.
Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>.
Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 8.245, de 18 de outubro de 1991.
Dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos
a elas pertinentes. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L8245compilado.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 9.656, de 03 de junho de 1998.
Dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à
saúde. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L9656compilado.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 10.406, de janeiro de 2002. Código
Civil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005.
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/
L11101.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 12.441, de 11 de julho de 2011.
Altera a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 223 29/07/2020 18:34:04
224 Direito Empresarial

Civil), para permitir a constituição de empresa individual de


responsabilidade limitada. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm>. Acesso
em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015.
Código de Processo Civil. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso
em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Lei 13.874, de 20 de setembro de 2019.
Institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica.
Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2019-2022/2019/lei/L13874.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto-Lei 1.608, de 18 de setembro
de 1939. Código de Processo Civil. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del1608.
htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de
1966. Dispõe sôbre o Sistema Nacional de Seguros Privados,
regula as operações de seguros e resseguros e dá outras
providências. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Decreto-Lei/Del0073compilado.htm>. Acesso em: 26
ago 2019.
______ BRASIL. Decreto-Lei 5.342, de 1° de maio de
1942. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível
em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del5452compilado.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto 2.321, de 25 de fevereiro
de 1987. Institui, em defesa das finanças públicas, regime de
administração especial temporária, nas instituições financeiras

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 224 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 225

privadas e públicas não federais, e dá outras providências.


Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del2321.htm>. Acesso em: 26 ago 2019.
______ BRASIL. Decreto 3.078, de 10 de janeiro de
1919. Regula a constituição de sociedades por quotas, de
responsabilidade limitada. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d3708.htm>. Acesso em: 26
ago 2019.
______ BRASIL. Superior Tribunal de Justiça –
STJ. REsp 1202225/SP. Recurso Especial 2010/0123145-
6. Relator Ministro Mauro Campbell Marques. Órgão
Julgador: Segunda Turma. Data do Julgamento: 14/09/2010.
Data da Publicação/Fonte: DJe 06/10/2010. Disponível
em <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/
mediado/?componente=ITA&sequencial=1003239&num_
registro=201001231456&data=20101006&formato=PDF>.
Acesso em: 26 ago 2019.
_________Superior Tribunal de Justiça – STJ. Súmula
435. Primeira Seção. Julgado em 14/04/2010, DJe 13/05/2010.
Disponível em <https://scon.stj.jus.br/SCON/sumulas/
enunciados.jsp>. Acesso em: 26 ago 2019.
_________Superior Tribunal de Justiça – STJ. Súmula
480. Segunda Seção. Julgado em 27/06/2012, DJe 01/08/2012.
Disponível em <https://scon.stj.jus.br/SCON/sumulas/
enunciados.jsp>. Acesso em: 26 ago 2019.
_________Superior Tribunal de Justiça – STJ. TJ,
Quarta Turma, Informativo 0510, 18 de dezembro de 2012.
Disponível em <https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/
informativo/>. Acesso em: 26 ago 2019.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 225 29/07/2020 18:34:04
226 Direito Empresarial

CHAGAS, Edison Enedino das. Direito empresarial


esquematizado. 4ª ed. São Pauto: Saraiva, 2017. Coleção
Esquematizado, Coordenador Pedro Lenza.
FORGIONI, Paula A. Contratos empresariais: teoria geral
e aplicação. 4ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2019.
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de
empresa: comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código civil. 8.
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.
MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. 13ª
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2019.
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 18ª ed.
Rio de Janeiro Atlas 2018.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial:
volume único. 9ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Método,
2019.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. São
Paulo: Saraiva Jur, 2018. 3 v.
UNIDADE 04
______ BRASIL. Constituição da República Federativa
do Brasil de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 10 fev
2020.
______ BRASIL. Lei Complementar 123, de 14 de
dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa
e da Empresa de Pequeno Porte. <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 226 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 227

______ BRASIL. Lei 556, de 25 de junho de 1850.


Código Comercial. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l0556-1850.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 3.071, de 1° de janeiro de 1916.
Código Civil dos Estados Unidos do Brasil. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L3071.htm>.
Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
Dispõe sobre a Política e as Instituições Monetárias, Bancárias
e Creditícias, Cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras
providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L4595compilado.htm>. Acesso em: 10 fev
2020.
______ BRASIL. Lei 5.250, de 09 de fevereiro de
1967. Regula a liberdade de manifestação do pensamento e
de informação. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L5250compilado.htm>. Acesso em: 10 fev
2020.
______ BRASIL. Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971.
Define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime
jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências.
Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l5764.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 6.385 de 07 de dezembro de 1976.
Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a Comissão
de Valores Mobiliários. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/LEIS/L6385compilada.htm>. Acesso em: 10
fev 2020.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 227 29/07/2020 18:34:04
228 Direito Empresarial

______ BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976.


Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>.
Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 7.913, de 07 de dezembro de 1989.
Dispõe sobre a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados aos investidores no mercado de valores mobiliários.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L7913.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 8.009, de 29 de março de 1990.
Dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8009.htm>.
Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 8.021, de 12 de abril de 1990.
Dispõe sobre a identificação dos contribuintes para fins fiscais,
e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/L8021.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990.
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8078compilado.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 8.212, de 24 de julho de 1991.
Dispõe sobre a organização da Seguridade Social, institui Plano
de Custeio, e dá outras providências. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212compilado.htm>.
Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 8.666, de 21 de junho de 1993.
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal,
institui normas para licitações e contratos da Administração

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 228 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 229

Pública e dá outras providências. Disponível em <http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666compilado.htm>. Acesso
em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 9.279, de 14 de maio de 1996.
Regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L9279.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 9.447, de 14 de março de 1997.
Dispõe sobre a responsabilidade solidária de controladores
de instituições submetidas aos regimes de que tratam a Lei nº
6.024, de 13 de março de 1974, e o Decreto-lei nº 2.321, de 25
de fevereiro de 1987. Disponível em <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/leis/L9447.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 10.190, de 13 de fevereiro de 2001.
Altera dispositivos do Decreto-Lei n 73, de 21 de novembro de
1966, da Lei n 6.435, de 15 de julho de 1977, da Lei n 5.627,
de 1 de dezembro de 1970, e dá outras providências. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LEIS_2001/
L10190.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 10.406, de janeiro de 2002. Código
Civil. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406compilada.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005.
Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária. Disponível em <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/
L11101.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 11.638, de 25 de dezembro de 2007.
Altera e revoga dispositivos da Lei n 6.404, de 15 de dezembro

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 229 29/07/2020 18:34:04
230 Direito Empresarial

de 1976, e da Lei n 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende


às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração
e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/
l11638.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 12.441, de 11 de julho de 2011.
Altera a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil), para permitir a constituição de empresa individual de
responsabilidade limitada. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12441.htm>. Acesso
em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 12.529, de 30 de novembro de
2011. Estrutura o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2011/lei/l12529.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Lei 13.105, de 16 de março de 2015.
Código de Processo Civil. Disponível em <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso
em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Decreto-Lei 1.608, de 18 de setembro
de 1939. Código de Processo Civil. Disponível em <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del1608.
htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Decreto 737, de 25 de novembro de
1850. Determina a ordem do Juizo no Processo Commercial.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/
historicos/dim/DIM0737.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Decreto 2.321, de 25 de fevereiro
de 1987. Institui, em defesa das finanças públicas, regime de

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 230 29/07/2020 18:34:04
Direito Empresarial 231

administração especial temporária, nas instituições financeiras


privadas e públicas não federais, e dá outras providências.
Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-
Lei/Del2321.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Decreto-Lei 5.342, de 1° de maio de
1942. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível
em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del5452compilado.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Decreto 575, de 10 de janeiro de 1849.
Estabelece regras para a incorporação de quaesquer Sociedades
anonymas. Disponível em <https://www2.camara.leg.br/legin/
fed/decret/1824-1899/decreto-575-10-janeiro-1849-559714-
publicacaooriginal-82062-pe.html>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Decreto 3.708, de 10 de janeiro de 1919.
Regula a constituição de sociedades por quotas, de responsabilidade
limitada. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/antigos/d3708.htm>. Acesso em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Decreto 8.660, de 29 de janeiro de
2016. Promulga a Convenção sobre a Eliminação da Exigência
de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, firmada
pela República Federativa do Brasil, em Haia, em 5 de outubro
de 1961. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/antigos/d3708.htm>. Acesso em: 10 fev 2020. Acesso
em: 10 fev 2020.
______ BRASIL. Comissão de Valores Mobiliários - CVM.
Instrução Normativa 566, de 03 de agosto de 2015. Dispõe sobre
a oferta pública de distribuição de nota promissória. Disponível
em <http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst566.
html>. Acesso em: 10 fev 2020.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 231 29/07/2020 18:34:04
232 Direito Empresarial

CHAGAS, Edison Enedino das. Direito empresarial


esquematizado. 4ª ed. São Pauto: Saraiva, 2017. Coleção
Esquematizado, Coordenador Pedro Lenza.
FERGUSON, Adam. Ensayo sobre la historia de la
sociedad civil. Introd., trad. e notas de María Isabel Wences
Simon. Madrid: Ediciones Akal S.A, 2010.
FORGIONI, Paula A. Contratos empresariais: teoria geral
e aplicação. 4ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2019.
GONÇALVES NETO, Alfredo de Assis. Direito de
empresa: comentários aos artigos 966 a 1.195 do Código civil. 8.
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.
LOUREIRO, Antonio José da Silva. Código Mercantil
da França, traduzido do francez, e offerecido ao Muito Alto e
Muito Poderoso Senhor D. Pedro I, Imperador Constitucional
e Defensor Perpetuo do Imperio do Brasil. Rio de Janeiro:
Typographia Nacional, 1825. Disponível em: <http://www2.
senado.leg.br/bdsf/handle/id/242784>. Consulta em 02.11.2019.
MAMEDE, Gladston. Manual de direito empresarial. 13ª
ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2019.
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 18ª ed.
Rio de Janeiro Atlas 2018.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial:
volume único. 9ª ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Método,
2019.
TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. São
Paulo: Saraiva Jur, 2018. 3 v.

eBook Completo para Impressao - Direito Empresarial - Aberto.indd 232 29/07/2020 18:34:04

Você também pode gostar