Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS:
O DESAFIO DO PRÍNCIPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL
JOÃO PESSOA/PB
JUNHO/2019
GABRIELY SOUZA DE MEDEIROS SILVA
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS:
O DESAFIO DO PRÍNCIPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL
JOÃO PESSOA/PB
JUNHO/2019
SILVA, Pedro Paulo.
Sistemas de informação : um instrumento para o Serviço Social/
Pedro Paulo Silva.- João Pessoa, 2013.
83f.
FPB / BC CDU -
CDU
GABRIELY SOUZA DE MEDEIROS SILVA
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS:
O DESAFIO DO PRÍNCIPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
Prof.ª Orientadora
Tânia Barbosa Tomaz
___________________________________________________________
Prof.ª Examinadora
Tallita Rodrigues Enedino
___________________________________________________________
Prof.ª Examinador(a)
Wanessa Pereira Leandro
A minha mãe, meu maior exemplo de força, e
incentivo em todos os momentos da vida.
Dedico
AGRADECIMENTOS
agora vamos em busca de realizar todos os planos que compartilhamos entre nós durante a
graduação.
A minha família que é minha base de sustentação, com vocês eu aprendi o que
significa o amor, a união, o companheirismo, força, apoio, sem vocês eu nada seria.
A minha avó Marilene, mulher forte e guerreira que me ensina tanto sobre a
coragem de ser mulher numa sociedade com traços tão fortes do machismo, de não ter medo
de correr atrás dos meus sonhos.
A Renaly que me apresentou ao Serviço Social, não apenas por isso mas por ser
muito mais que prima uma amiga e irmã, nossos laços vão além do sangue.
A Ana Lara que é minha outra prima/irmã, por ter compartilhados de quase todos
os momentos da minha vida, dividindo angustias e alegrias, assim como crescemos juntas em
todos os sentidos, de idade e amadurecimento.
A minha irmã Giovana.
A toda equipe técnica do Centro Socioeducativo Edson Mota onde tive a
oportunidade de aprender sobre socioeducação vendo a prática desses profissionais, assim
como também tive momentos de alegrias.
A todas as estagiárias do CSE que partilharam junto comigo a experiencia do
estágio, tornando mais leve e feliz esse processo.
8
Paulo Freire
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 11
HISTÓRICA .......................................................................................................................................................... 11
ADOLESCENTE .................................................................................................................................................. 17
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................... 22
10
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS:
O DESAFIO DO PRÍNCIPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL
O presente artigo teve como objetivo analisar a realidade social do adolescente em conflito
com a lei, descrevendo de que forma a negação de direitos resultam em um processo de
marginalização e exclusão desses adolescentes na sociedade. O tema da criminalidade na
adolescência perpassa a sociedade e atravessa os séculos. Observou-se durante a construção
do presente artigo que sempre existiram a palavra abandono e exclusão na trajetória de vida
desses adolescentes. Diante dessa realidade, procurou-se enfatizar a importância das
conquistas já alçadas até os dias atuais, com o intuito de erradicar os estigmas sociais,
culturalmente, consolidados ao longo dos anos, A metodologia utilizada foi uma pesquisa
bibliográfica, de cunho qualitativo, através de meios eletrônicos, documentos oficiais. Após a
leitura, foi feita uma análise cautelosa dos materiais levantados e foram selecionados os
artigos mais importantes com o objetivo de sistematizar as ideias e fundamentar a produção e
discussão dos resultados. Conclui-se que embora se tenha avanços significativos,
principalmente, no que refere a mudança do paradigma assistencialista/corretivo para uma
política de atendimento baseada na doutrina de proteção integral, a vida cotidiana das crianças
e dos adolescentes brasileiros segue severamente marcada por diversos tipos de violação de
direitos.
ABSTRACT
This article aims to know the social reality of adolescents in conflict with the law, describing
how their life trajectory and denial of rights result in a process of marginalization and
exclusion of these adolescents in society. The theme of crime in adolescence permeates
society, and through the centuries, during the history there were some mechanisms and
discourses to think thematic. It was observed during the construction of the present article that
there was always the word abandonment, and exclusion in the life trajectory of these
adolescents. In view of this reality, it was tried to help in a better understanding about the
subject, as well as to emphasize the importance of the achievements already raised up to the
present day, in order to eradicate the stigmas socially and culturally consolidated over the
years, carried by these adolescents. The methodology of the article was given through the
bibliographical research, qualitative, in electronic means, official documents, after reading, a
cautious analysis of the materials collected, and the most important articles were selected in
order to systematize the ideas, seeking thus assisting in the production and discussion of
results.
1
Discente/concluinte do curso de graduação em Serviço Social da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB).
2
Mestre em Serviço Social pela UFPB. Professora do Curso de Serviço Social da FPB.
11
1 INTRODUÇÃO
reprimir possíveis desvios de cunho social ou moral através do atendimento asilar. Por
exemplo, no final do século XIX, acreditava-se que as crianças e adolescentes em situação de
abandono ou aquelas a quem era atribuída à prática de ato infracional, por estarem em
situação irregular, poderiam ameaçar a ordem social e por isso deveriam ser disciplinados,
assistidos e controlados.
A polícia era chamada a intervir nessa situação de forma a conter a criminalidade,
controlar e proibir a “desordem” e “vadiagem”. As crianças e adolescentes que estivessem em
contexto de risco eram vistos como “pequenos mendigos”, “vadios”, “viciosos” e
“abandonados”, assim: “A delinquência juvenil era, portanto, tratada com repressão, não
havendo preocupação com a intervenção educativa como forma de prevenção.” (SILVA,
2009, p.03).
As crianças e os adolescentes que cometessem atos infracionais, poderiam ser
encaminhados às casas de correção e os institutos disciplinares. No entanto, essas casas ou
institutos tinham um número limitado de vagas para crianças ou adolescentes pobres e
incriminados judicialmente, pois existia uma grande resistência por parte dos gestores que
alegavam que esse público tinha uma conduta de “má reputação”. Nesse período, a criança, a
partir dos 09 anos de idade já poderia responder por processo criminal, com exceção de
quando comprovado que o delito praticado fosse “sem discernimento”.
Quanto aos institutos de atendimento Santos traz que
Para alguns autores, as críticas se referiam mais ao fato das obras caritativas serem
desorganizadas, sem método de trabalho baseado nos princípios científicos e sociais,
defendidos na época, e serem incapazes de prevenir e controlar os possíveis desvios a nova
ordem econômico-social.
Sendo assim, na efervescência do movimento médico higienista, passa-se a cobrar
maior participação do Estado, a qual foi efetivada com a consolidação do Primeiro Código de
Menores, em 1927, também conhecido por “Código Mello Mattos”.
No Código de Menores de 1927, “...o jovem deixa de ser tratado como “caso de
polícia”, para torna-se objeto de atenção do Estado, por meio de medidas de assistência e
proteção.” (MOURA, p.36, 2005).
A partir de 1927 até a década de 70, a proteção à infância é fortemente caracterizada
pelo extenso aparato Jurídico/Institucional elaborado pelo Estado. Além do Código Mello
Mattos de 1927, destacam-se, nesse período, a criação das instituições e serviços oficiais que
iriam abrigar as crianças e adolescentes em situação de abandono e infração da lei, tais como:
os Juizados de Menores; o Serviço de Assistência ao Menor (SAM), em 1942; a Política
Nacional do Bem-estar do Menor (1964), tendo como órgão de controle e orientação a
Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) até o Código de Menores de 1979.
Não obstante, a intervenção estatal seguia baseada na doutrina de situação irregular,
tendo como modelo de atendimento a correção repressiva, marcada pelo autoritarismo,
clientelismo e paternalismo.
É importante destacar que o uso do termo “menor” era utilizado de forma pejorativa,
pois não se referia a qualquer pessoa com menos de 18 anos de idade, mas, aquelas que
estivessem em situação de pobreza, principalmente em abandono, ou cometido algum ato
infracional.
O Código Mello Mattos estabelecia que os jovens vadios, mendigos e libertinos
deveriam ser recolhidos (MOURA, 2005). Embora as medidas só fossem aplicadas após
avaliação social, moral e econômica dos pais, tutores ou responsáveis, a guarda da criança ou
do adolescente só era assegurada quando seus responsáveis comprovavam que poderiam
14
3
De acordo com o artigo 103 (ECA): “Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou
contravenção penal” (BRASIL,1990)
18
I - Advertência;
II - Obrigação de reparar o dano;
III - Prestação de serviços à comunidade;
IV - Liberdade assistida;
V - Inserção em regime de semi-liberdade;
VI - Internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Com base nos dados do gráfico acima, observa-se, portanto, que existe uma
discrepância do número de adolescentes e jovens que cumpriam medidas socioeducativas
entre algumas regiões e estados, o estado de São Paulo tem o maior contingente de
adolescentes registrados no Sistema (9.572), enquanto que 16 estados têm menos de 500 casos
(Goiás, Pará, Acre, Amapá, Santa Carina, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Alagoas, Maranhão,
Piauí, Amazonas, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia, Mato Grosso e Tocantins).
Quanto ao tipo de medida socioeducativa, os dados referentes aos adolescentes em
regime de internação são alarmantes, visto que compõe um total de 70% (18.567) dos
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução de: L’enfant et la vie
familiale sous I’Ancien Regime. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006.
BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos (MDH). Levantamento anual Sinase 2016.
Brasília: Ministério dos Direitos Humanos, 2018. Disponível em:
https://www.mdh.gov.br/todas-as-noticias/2018/marco/Levantamento_2016Final.pdf. Acesso
em: 11/05/2019.
BRUNO, B. S.; SCISLESKI, A. C. C.; GALEANO, G. B.; SILVA, J. L. C.; Santos, SN.
MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO: ESTRATÉGIA PUNITIVA OU
PROTETIVA?. Psicologia & Sociedade (Online), v. 27, p. 505-515, 2015. Disponível em:
http://submission.scielo.br/index.php/psoc/article/view/137515/9239. Acesso em:11/04/2019.
MACHADO, A.R.L. Código de Menores Comentado. São Paulo: Editora Saraiva, 1986.
MOURA, L.C. Estado Penal e jovens encarcerados: uma história de confinamento. São
Paulo. 2005. 203p. tese (Mestrado em ciências sociais) – Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Disponível em: http://www.bdae.org.br/bitstream/123456789/1314/1/tese.pdf.
Acesso em: 13/05/2019.
RIZZINI, I. A. O Século perdido: raízes históricas das políticas públicas para a infância no
Brasil. Rio de Janeiro: Editora Universitária Santa Úrsula, 1997. 301p.
SANTOS, M.C.A. Criança e Criminalidade no início do Século. In: PRIORE, Mary Del.
(org). História das Crianças no Brasil, 2 ed., São Paulo: Contexto, 2000.
SILVA, C. G. P. P. . Código Mello Matos: Um olhar sobre assistência e proteção os
“menores”. Em Debate (PUCRJ.OLINE), v.8, p.1-14, 2009. Disponível em:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/14406/14406.PDF . Acesso em: 28/04/2019.
SILVA, V. F. e. Perdeu, passa tudo! A voz do adolescente autor de ato infracional. 1.ed.
Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005. 140p.