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ORGANIZAÇÃO E ORGANIZAÇÃO E

ORGANIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO


LEGISLAÇÃO DA LEGISLAÇÃO DA
EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO
Maria Paula Almeida Maria Paula Almeida

GRUPO SER EDUCACIONAL

gente criando o futuro


Organização e Legislação da
Educação
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A447o Almeida, Maria Paula.

Organização e legislação da educação [recurso eletrônico]/


Maria Paula Almeida. – Recife: Telesapiens, 2020.

184 p.: pdf

ISBN: 978-65-86073-06-5

1. Educação I. Título.

CDU 37.046

(Bibliotecário responsável: Nelson Oliveira da Silva – CRB 10/854)


Organização e Legislação da
Educação

Créditos Institucionais
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Janguê Diniz
Diretor-Presidente:
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Diretor de Inovação e Serviços:
Joaldo Diniz
Diretoria Executiva de Ensino:
Adriano Azevedo
Diretoria de Ensino a Distância:
Enzo Moreira

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A AUTORA
MARIA PAULA ALMEIDA

Olá, aluno(a). Meu nome é Maria Paula Almeida, sou


formada em Administração de Empresas e em Pedagogia.
Possuo mestrado em Gestão da Educação, com experiência
técnico-profissional na área de gestão de mais de 10 anos. Sou
apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência
de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso,
fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Esses ícones que irão aparecer em sua trilha de aprendizagem
significam:
OBSERVAÇÃO
OBJETIVO
Uma nota explicativa
Breve descrição do objetivo
sobre o que acaba de
de aprendizagem;
ser dito;
RESUMINDO
CITAÇÃO Uma síntese das
Parte retirada de um texto; últimas abordagens;

TESTANDO
DEFINIÇÃO
Sugestão de práticas ou
Definição de um
exercícios para fixação do
conceito;
conteúdo;

IMPORTANTE ACESSE
O conteúdo em destaque Links úteis para
precisa ser priorizado; fixação do conteúdo;

DICA SAIBA MAIS


Um atalho para resolver Informações adicionais
algo que foi introduzido no sobre o conteúdo e
conteúdo; temas afins;
EXPLICANDO
SOLUÇÃO
DIFERENTE Resolução passo a
Um jeito diferente e mais passo de um problema
simples de explicar o que ou exercício;
acaba de ser explicado;

EXEMPLO CURIOSIDADE
Explicação do conteúdo ou Indicação de curiosidades
conceito partindo de um e fatos para reflexão sobre
caso prático; o tema em estudo;

PALAVRA DO AUTOR REFLITA


Uma opinião pessoal e O texto destacado deve
particular do autor da obra; ser alvo de reflexão.
SUMÁRIO
UNIDADE 01
Compreendendo os significados dos termos lei, diretrizes,
bases e a estrutura de ensino................................................12
A educação e a Constituição Federal Brasileira........................12
Analisando os princípios e fins da educação nacional –
artigos 2º e 3º da Lei 9.394/1996...........................................19
Princípios e fins da educação brasileira....................................19
Identificando os aspectos do sistema escolar brasileiro e a
administração do sistema nacional de ensino.......................26
Sistema escolar brasileiro.........................................................26
Estrutura do sistema escolar brasileiro.....................................28
Conselhos de Educação no Brasil.....................................30
Diretrizes Curriculares Nacionais.....................................31
Referenciais Curriculares Nacionais para Educação
Infantil..............................................................................33
Parâmetros Curriculares Nacionais...................................35
Plano Nacional de Educação: objetivos e metas.......................36
O Plano Nacional......................................................................36
Metas................................................................................39

UNIDADE 02
Apresentando os objetivos, duração e organização da
Educação Infantil....................................................................48
A Lei de Diretrizes e Bases e a Educação Infantil....................48
Objetivos da Educação Infantil.................................................52
Duração da Educação Infantil...................................................56
Organização da Educação Infantil............................................56
Analisando o Ensino Fundamental de 9 anos e seus objetivos,
duração, organização e obrigatoriedade...............................64
Objetivos, Duração, Organização e Obrigatoriedade do Ensino
Fundamental.............................................................................64
Ensino Médio: Finalidade, Duração, Modalidades e
Organização..........................................................................79
Área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias....................84
Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ......................85
Educação de Jovens e Adultos..................................................88
Educação Especial...................................................................90

UNIDADE 03
Compreendendo os conceitos, histórico e evolução do
currículo e a verificação do rendimento escolar...................98
Conceito do currículo................................................................98
Currículo: Histórico, Evolução e a Verificação da
Aprendizagem........................................................................105
Os PCNS – Parâmetros Curriculares Nacionais................116
Definição e Objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais..117
A Formação dos Profissionais de Educação: Agências
Formadoras e Tipos de Profissionais..................................126
Formação de Profissionais de Educação e a qualidade da
educação.................................................................................127
Agências Formadoras e a Educação Continuada....................134
Os Recursos Financeiros para a Escola: As responsabilidades
do Estado, União e Municípios..............................................137
Recursos financeiros e a Educação.........................................137
UNIDADE 04
Compreendendo a educação em direitos humanos - Resolução
001/2012.................................................................................148
Educação em Direitos Humanos – Resolução 001/2012........148
Identificando o que é e o que não é educação em direitos
humanos................................................................................154
O que é e o que não é educação em direitos humanos............154
Observando porque educar para os direitos humanos e a
cidadania..............................................................................160
Por que educar para os direitos humanos e a cidadania?........160
Analisando o novo marco para a relação étnico-racial no
Brasil: uma responsabilidade coletiva.................................166
A relação étnico-racial no Brasil.............................................166
01
UNIDADE

FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


10 Organização e Legislação da Educação

INTRODUÇÃO
A área de organização e legislação da educação norteia
o sistema educacional brasileiro por meio de leis, diretrizes e
estatutos. É por meio de tais instrumentos que visamos garantir
o direito de educação para todos.
Nessa disciplina, aprenderemos que a história da educação
é também uma luta contra a desigualdade social e econômica.
O Brasil deve desenvolver práticas pedagógicas por meio
de políticas públicas que reconheçam as diferenças geográficas e
econômicas de cada região, que visem garantir uma educação de
qualidade, capaz de promover a autonomia do educando.
Enquanto educadores, temos um papel crucial na formação
e implementação de políticas públicas, pois, reconhecendo nossa
estrutura educacional e onde pretendemos chegar, podemos
efetivar na prática o que já está garantido na Constituição
Federal de 1988 — e reafirmado pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (Lei 9.394/1995 – LDB): a educação
como um direito de todos.
Ao longo desta unidade letiva você mergulhará neste
universo!
Organização e Legislação da Educação 11

OBJETIVOS
Olá, estudante. Seja muito bem-vindo(a) a nossa Unidade
1 – Fundamentação legal da educação brasileira. Nesta unidade,
o nosso objetivo é auxiliá-lo no desenvolvimento de algumas
competências profissionais.

1 Compreender a legislação, diretrizes, bases e a


estrutura de ensino disposta na Lei 9.394/1996 (LDB).

2 Analisar os princípios e fins da educação nacional —


artigos 2º e 3º da LDB.

3 Identificar os aspectos do sistema escolar brasileiro e


a administração do sistema nacional de ensino.

4 Entender o Plano Nacional de Educação: objetivos e


metas.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo


ao conhecimento? Ao trabalho!
12 Organização e Legislação da Educação

Compreendendo os significados dos termos


lei, diretrizes, bases e a estrutura de ensino
A Constituição Federal de 1988 assegura, a todos os
cidadãos, enquanto garantia fundamental, a educação como um
direito social.
Ao longo desta aula, discorreremos sobre os aspectos
desse direito e a sua importância, apresentando as estruturas
e competências relativas à organização da educação em nosso
país.
Dúvidas? Não se preocupe. Recorra ao fórum de dúvidas e
discussões para socializar o seu conhecimento e esclarecer todas
as suas inquietações quanto ao conteúdo aqui disposto.
Nós estaremos a sua disposição em caso de dificuldades!

A educação e a Constituição Federal


Brasileira
A Constituição Federal de 1988 foi elaborada com intensa
participação democrática e popular. É resultado da interlocução
entre políticos, sociedade civil e movimentos sociais. Essa ampla
participação promoveu a garantia de diversos direitos socias,
entre eles a educação. No artigo 205 da Constituição Federal de
1988 encontramos:
art. 205. A educação, direito de todos e dever do
Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho. (BRASIL, 1988).
A Constituição Federal de 1988, norma máxima do nosso
Organização e Legislação da Educação 13

país, aborda a educação como um direito de todos, que deve


ser suprido pelo Estado e pela família, sendo que a sociedade
também tem o papel de incentivar o cumprimento desse dever,
colaborando para que os jovens estejam nas escolas, tenham
acesso à cultura etc.

SAIBA MAIS

Art. 6º: são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,


o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(BRASIL, 1988).
Figura 1 — Constituição Federal.

Fonte: Wikipedia
14 Organização e Legislação da Educação

REFLITA

Atualmente, a educação realizada em casa, sob a supervisão dos


pais e/ou responsáveis — atitude a que assistimos em outros
países —, é pauta de alguns debates no espaço público. Dê uma
olhada no texto da LDB, disponível no site do Planalto: https://
bit.ly/1d40CY4 e reflita sobre a necessidade — ou não — de
regulamentação desse formato.

No início do seu texto, a Constituição apresenta a educação


como um direito social (art. 6º) e aborda outros aspectos, como
a gratuidade do ensino e a qualidade da educação. Ademais, a
palavra “educação” aparece 59 vezes no texto constitucional, em
diversos artigos.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, não
adianta apenas oferecer vaga nas escolas, esse serviço deve(ria)
ser garantido como um ensino gratuito e de qualidade.
A Constituição Federal de 1988 também determina que
o aluno deve ter condições de acesso e de permanência na
escola. Ou seja: deve-se levar em consideração o meio em que
o educando está inserido, promovendo práticas pedagógicas que
estimulem esse aluno a permanecer na escola.
Neste momento, alunos(as), cabe refletirmos: será que
nossas escolas estão preparadas para se tornarem um ambiente
no qual o aluno se sinta parte e tenha prazer em frequentar? Que
mudanças/ações seriam necessárias para que a aluno se sinta
pertencente ao ambiente escolar? “Abrir” a escola para que a
comunidade escolar possa fazer parte da proposta pedagógica e
das decisões pode auxiliar a contornar essa situação?
Organização e Legislação da Educação 15

Quanto ao Estado, ele precisa desenhar e implementar


políticas públicas para contribuir com a retenção desse aluno
no ambiente escolar, considerando, entre outros, a oferta de
transporte público, de ensino em turnos contrários e no regime
integral, além de material e organização curricular adequados às
condições do estudante.
Em busca de enfrentar esses desafios, e visando diminuir
a evasão escolar, as escolas controlam a permanência dos
alunos. Quando o aluno começa a ter faltas excessivas, a escola
comunica aos pais e, caso o problema persista, o Conselho
Tutelar é acionado para tomar as medidas cabíveis por lei.

SAIBA MAIS

Artigo “Das Políticas de Acesso e Permanência na Escola


ao Direito à Educação Básica de Qualidade Social: Avanço
Possível”. Disponível em: https://bit.ly/2FiHuOX. Acesso em:
29 abr. 2019

No Brasil, a garantia constitucional de acesso universal


à escola é uma grande conquista, visto que na nossa história
o acesso ao ensino era privilégio de uma pequena parcela da
população. Entretanto, tal garantia não é sinônimo de matrículas
e frequência. Temos observado que não é 100% das crianças que
frequentam a escola, e que a conclusão da Educação Básica e o
acesso ao Ensino Superior ainda representam grandes desafios.
A oferta do ensino é realizada em instituições públicas e
privadas que, independentemente das suas estruturas, devem
obedecer aos princípios previstos na lei (a serem analisados
mais à frente, no ponto 2). Dessa forma, compreendemos que as
16 Organização e Legislação da Educação

instituições privadas devem seguir os mesmos preceitos da lei


que as instituições públicas.
A Constituição Federal de 1988 determina que criança,
jovem e adolescente têm direito, entre outros, à vida, à
alimentação, à educação e ao lazer, conforme observamos no
artigo 227:
art. 227. É dever da família, da sociedade e do
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida,
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda
forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.(BRASIL, 1988).
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no seu
artigo 53, reforça as determinações constitucionais ao ratificar
que a educação é um direito da criança e do adolescente.
art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
visando ao pleno desenvolvimento da sua pessoa, preparo
para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
assegurando-lhes:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola;
II – direito de ser respeitado por seus educadores;
III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo
recorrer às instâncias escolares superiores;
IV – direito de organização e participação em entidades
estudantis;
V – acesso à escola pública e gratuita próxima a sua
residência, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a
Organização e Legislação da Educação 17

irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da


educação básica. (BRASIL, 1990).
Figura 2 — Crianças na escola.

Fonte: Pixabay.

O ECA é importante pois assegura os direitos das crianças


e dos adolescentes presentes na Constituição, dessa forma,
busca-se garantir que os direitos sejam respeitados.

SAIBA MAIS

O Estatuto pode ser lido na íntegra em: https://bit.ly/IUTp5S.


É importante que o educador o conheça minimamente.

O ECA classifica um sujeito com até 12 anos incompletos


como criança, e um entre 12 e 18 anos incompletos como
adolescentes. Essa classificação permite que se apliquem
medidas cabíveis em caso de descumprimento da lei pela criança
ou adolescente, conforme demonstramos abaixo:
18 Organização e Legislação da Educação

■ Advertência (art. 115 do ECA): é uma repreensão


judicial, que visa sensibilizar e esclarecer ao adolescente as
consequências de uma reincidência infracional.
■ Obrigação de reparar o dano (art. 116 do ECA):
o ressarcimento, por parte do jovem, do dano ou prejuízo
econômico causado à vítima.
■ Prestação de serviços à comunidade (art. 117 do
ECA): realização de tarefas gratuitas à comunidade no período
de seis meses, durante oito horas semanais.
■ Liberdade assistida (art. 118 do ECA):
acompanhamento, auxílio e orientação do jovem em conflito
com a lei por equipes multidisciplinares no período mínimo de
seis meses.
■ Semiliberdade (art. 120 do ECA): restrição de
liberdade do jovem, que poderá permanecer com a família aos
finais de semana.
■ Internação (arts. 121 e 125 do ECA): a internação
pode ser em caráter provisório ou definitivo.

SAIBA MAIS

Revista Eca. Disponível em: https://bit.ly/2L7fl0W. Acesso em:


29 abr. 2019.

Analisando os artigos 60 e 227 da Constituição Federal de


1988, fica clara a inexistência — no texto constitucional — de
uma fórmula para que os direitos ali postos sejam efetivados.
Faz-se, assim, necessária a criação de estatutos, diretrizes e
bases para o desenvolvimento de um plano nacional com a união
de diversos setores da sociedade civil, a fim de promover um
diagnóstico da realidade educacional e estratégias que amplie o
Organização e Legislação da Educação 19

acesso, a permanência e a construção de um processo de ensino-


aprendizado significativo ao educando. E é desse contexto que
emerge a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
1996.

Analisando os princípios e fins da educação


nacional – artigos 2º e 3º da Lei 9.394/1996
Nesta aula analisaremos e refletiremos sobre os artigos
2º e 3º da LDB (Lei 9.394/1996), identificado quem são os
responsáveis pela educação e quais os princípios que norteiam a
educação brasileira.
Vamos juntos promover essa reflexão?

Princípios e fins da educação brasileira


A LDB foi promulgada em 20 de dezembro de 1996, no
governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995- 2002).
Esta é uma lei que regulamenta o sistema educacional público e
privado no Brasil, da Educação Básica ao Ensino Superior.
A LDB estabelece: deveres dos Estados, do DF e dos
municípios para a efetivação do direito à educação; os princípios
da educação; e as responsabilidades entre os municípios, Estados
e o Distrito Federal, reafirmando o direito à educação garantido
pela Constituição Federal e abordado no ECA.

ACESSE

“20 anos da LDB: como a lei mudou a Educação”. Disponível


em: https://bit.ly/2iaUKqI. Acesso em: 29 abr. 2019.
20 Organização e Legislação da Educação

A partir da LDB, a escolarização passou a ter um espaço


importante no debate sobre a educação brasileira, tornando
o Ensino Básico pauta da política nacional e desencadeando
algumas políticas públicas, como os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), Referênciais Curriculares Nacionais (RCN),
Política de Financiamento da Educação Básica (Fundeb), Sistema
de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e Exame Nacional
do Ensino Médio (Enem), políticas essas que estudaremos no
decorrer do curso.

ACESSE

LDB atualizada. Disponível em: https://bit.ly/1rTiGTn. Acesso


em: 29 abr. 2019.

A LDB estrutura a Educação Básica por etapas e


modalidades de ensino:
Tabela 1 — Etapas de ensino da Educação Básica.

■ Crianças de 0 (zero) a 5 (cinco)


anos.
■ Frequência não obrigatória até os 3
(três) anos.
■ Dividida em: Creches – 0 (zero) a
Educação Infantil
3 (três) anos.
■ Pré-Escola – 4 (quatro) a 5 (cinco)
anos.
■ Principal função: formação integral
do aluno.
Organização e Legislação da Educação 21

■ Crianças a partir dos 6 (seis) anos


(completos) até Março do ano
vigente.
Ensino Fundamental ■ Duração: 9 (Nove) anos.
■ Principal função: oferecer
conteúdo mínimo para a criança se
desenvolver.

■ Duração mínima: 3 (três) anos,


podendo chegar a 5 (cinco) anos
no caso da modalidade Educação
Ensino Fundamental Profissional de Nível Médio.
■ Principal função: oferecer
qualificação para ensinos posteriores.
Fonte: Elaborado pela autora, 2019.

Modalidades de Ensino da Educação Básica:


■ Educação Regular;
■ Educação de Pessoas com Necessidades Especiais;
■ Educação de Jovens e Adultos;
■ Educação Escolar Indígena;
■ Educação Profissional e Tecnológica;
■ Educação a Distância;
■ Educação do Campo.
22 Organização e Legislação da Educação

Figura 3 — Estudante indígena.

Fonte: Pixabay.

A Lei 9.394/1994 representou uma evolução pelo fato de


incluir as crianças de zero a cinco anos no processo educativo,
algo que antes não acontecia, uma vez que se acreditava que
essas crianças deveriam ser assistidas pela área de assistência
social.
A LDB reforça determinações da Constituição Federal de
1988 e do art. 2º do ECA:
art. 2º. A educação, dever da família e do Estado,
inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, tem por finalidade o
pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho. (BRASIL, 1996).
O artigo ressalta o dever da família e do Estado em
relação à educação. Devemos compreender que a família em
conjunto com o Estado são os principais responsáveis pelo
processo educacional, sendo o papel da escola e dos professores
complementar a ação da família, não o contrário.
Organização e Legislação da Educação 23

REFLITA

Percebemos, em nossas escolas, que muitos pais e responsáveis


transferem para os educadores toda a responsabilidade em relação
à educação das crianças. No entanto, conforme estudamos,
a lei é clara ao determinar que essa responsabilidade deve ser
compartilhada. De que forma podemos modificar esse cenário?

Observamos também que a educação deve favorecer


a liberdade do educando, desenvolvendo seu lado crítico,
proporcionando uma formação adequada, para que, além do
aluno se inserir no mercado de trabalho, ele possa ser agente de
transformação dentro da sua sociedade. Dessa forma, entendemos
que uma educação de qualidade não deve ser focada apenas em
conteúdo, mas em práticas que promovam o senso crítico e a
reflexão desse aluno frente aos seus problemas sociais, para que
ele possa contribuir e realizar mudanças visando à melhoria da
sociedade.
Nos incisos do artigo 3º da LDB, estão dispostos os
princípios que devem ser garantidos na educação:
art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência
na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a
cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;
24 Organização e Legislação da Educação

V – coexistência de instituições públicas e privadas de


ensino;
VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais;
VII – valorização do profissional da educação escolar;
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma
desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
IX – garantia de padrão de qualidade;
X – valorização da experiência extraescolar;
XII – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as
práticas sociais. (BRASIL, 1996).
De acordo com o inciso 1º do art. 3 da LDB, todos devem
ter condições de acesso e permanência na escola, ou seja,
independentemente da classe social, todas as pessoas têm direito
a uma educação de qualidade.
Importante ressaltar que a lei trata de condições de
acesso, e não de igualdade de direito de acesso. Desse modo,
compreendemos que a escola deve oferecer equidade de condições
de acesso, levando em consideração as particularidades e
necessidades do educando. A escola só terá condições de garantir
ensino de qualidade para todos, se levar em consideração as
condições iniciais desses educandos, contribuindo para que as
diferenças sejam supridas e todos alcancem os mesmos objetivos

SAIBA MAIS

“Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença”.


Disponível em: https://bit.ly/2OK9xJ4. Acesso em: 15 maio
2019.
Organização e Legislação da Educação 25

Figura 4 — Direito à Educação.

Fonte: Editorial Telesapiens.

A educação tem o dever de desenvolver cidadãos críticos,


livres e tolerantes, capazes de compreender a realidade que os
cerca e contribuir com a sociedade na qual está inserida.
A escola deve promover práticas pedagógicas que
valorizem as experiências extraescolares, promovendo o interesse
e despertando um aprendizado significativo nos alunos. Paulo
Freire dizia que não podemos considerar o aluno uma tábua rasa,
vazia e sem conteúdo. Nós, enquanto educadores, precisamos
criar práticas pedagógicas que levem em consideração as
experiências trazidas pelos alunos para o contexto escolar,
tornando a educação mais significativa e prazerosa ao educando,
enquanto a gestão da escola deve ser realizada de forma
democrática, com a participação de toda a comunidade escolar.
A Lei 9.394/1996 ressalta a importância da valorização
dos profissionais que atuam na educação, para que isso possa
refletir em uma educação de qualidade.
Nos nossos estudos, pudemos observar a importância da
LDB para a educação brasileira, pois as práticas pedagógicas
passaram a ser estruturadas buscando promover uma educação
de qualidade.
26 Organização e Legislação da Educação

A igualdade de acesso à educação é importante e foi uma


grande conquista, pois, tempos atrás, o ensino era apenas para
uma pequena parcela da população, a classe minoritária não
tinha acesso à escola.
Atualmente, todos passaram a ter o direito ao acesso
à escola, e a LDB veio para assegurar as condições de ensino
promovendo, assim, um ensino de qualidade, buscando a
formação integral do aluno.

ACESSE

Entrevista Gestão Democrática na Escola. Disponível em:


https://bit.ly/31MB7Ng.

Identificando os aspectos do sistema escolar


brasileiro e a administração do sistema
nacional de ensino
Nesta aula estudaremos o sistema escolar brasileiro, sua
composição e seu funcionamento, conhecendo o debate que
existe sobre o assunto no âmbito acadêmico.
Convido você, aluno(a), a realizar esse estudo e refletir
sobre os caminhos que a educação brasileira ainda necessita
trilhar, na busca de oferecer um serviço de qualidade e
significativo para o educando.
Bons estudos!

Sistema escolar brasileiro


A história do sistema educacional brasileiro foi marcada
por seu caráter excludente, que favorecia a minoria, permitindo
o acesso à educação apenas para a elite.
Organização e Legislação da Educação 27

A implantação da LDB garantiu mudanças e reorientação do


sistema educativo, possibilitando o acesso de todos a uma educação
de qualidade; assim, foi necessário reestruturar o sistema escolar
para que este permitisse que a escola fosse de fato acessível a todos.
O Brasil é constituído por desigualdades econômicas e
sociais, e quando se pretende reestruturar a educação deve-se levar
em consideração essa complexidade, para que se possa atingir
uma educação universal e democrática. Conforme corrobora: “A
compreensão do sistema educacional brasileiro exige que não se
perca de vista a totalidade social da qual o sistema educativo faz
parte.” (Saviani, 1987, p. 48).
De acordo com Saviani, a educação deve estar voltada
para além dos livros, tendo como foco a sociedade em que esse
educando está inserido.
O sistema educacional brasileiro apresenta falhas na
qualidade do que está sendo ministrado, percebemos que muitas
das propostas para a educação não ocorrem no interior da escola.
Assim, as propostas para a educação devem ser planejadas
para atender o interesse da sociedade, de forma que seja possível
o seu cumprimento para que realmente atinja seus objetivos.
Percebemos que o nosso sistema educacional apresentou
mudanças, mas este ainda precisa evoluir, proporcionando o
desenvolvimento de estudantes críticos e que possam contribuir
para a sociedade de que fazem parte, provendo o desenvolvimento
emocional, cultural e social.

SAIBA MAIS

“Desafios da Construção de um Sistema Nacional Articulado de


Educação”. Disponível em: https://bit.ly/2x4RiHQ.
28 Organização e Legislação da Educação

Estrutura do sistema escolar brasileiro


O sistema brasileiro de ensino é dividido de acordo com
dois níveis, conforme o art. 21 da LDB:
■ Educação Básica: composta pela Educação Infantil,
Ensino Fundamental e Médio;
■ Ensino Superior: composto pelos cursos de graduação,
programas de mestrado e doutorado, cursos de especialização e
pós-graduação.
Segundo a Constituição de 1988 e a LDB, a educação
brasileira é composta por sistemas de ensino que serão
organizados de modo colaborativo entre a União, os Estados e
o Distrito Federal, ademais, no Brasil encontramos problemas
na articulação entre esses órgãos em relação à organização do
sistema, refletindo em problemas na educação.
Sabemos que cada órgão é responsável por uma área do
ensino, no entanto, a responsabilidade deve ser pensada levando
em conta o bem-estar do educando, e não apenas no que tange
à responsabilidade do órgão, dessa forma, esses órgãos devem
estabelecer parcerias para que de fato esse aluno tenha suas
necessidades atendidas.
O sistema federal é composto pelo Ministério da Educação
(MEC) e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), algumas
de suas atribuições são:
1. organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
oficiais do sistema federal;
2. elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração
com os Estados e municípios;
3. assegurar o processo nacional de avaliação do
rendimento escolar no Ensino Fundamental, Médio e Superior,
em colaboração com os sistemas de ensino, definindo prioridades
e a melhoria da qualidade;
Organização e Legislação da Educação 29

4. autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e


avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação
superior.
O sistema estadual é constituído pela Secretaria de
Educação (SEE), Conselho Estadual de Educação (CEE),
Delegacia Regional de Educação (DRE) ou Subsecretaria de
Educação; algumas de suas responsabilidades são:
1. organizar, manter e desenvolver os órgãos do seu sistema
de ensino;
2. assegurar o Ensino Fundamental e oferecer o Ensino
Médio com prioridade;
3. assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual.
O sistema municipal é formado pela Secretaria Municipal
de Educação (SME) e o Conselho Municipal de Educação
(CME), algumas de suas atribuições são:
1. oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas
e, com prioridade, o Ensino Fundamental, atuar atendendo a
outras áreas apenas quando tiver sanado suas necessidades na
totalidade;
2.
assumir o transporte escolar dos alunos da rede
municipal.
Segundo Saviani (2010), o Brasil não tem um sistema de
educação, e sim uma estrutura educacional, pois, para ter um
sistema, teria que desenvolver um profundo conhecimento da
realidade e das dificuldades de cada região do país, porém, devido
às diferenças de cada região brasileira em termos econômicos e
culturais, isso se torna difícil.
Além disso, deve ter conhecimento da realidade das
estruturas e dos recursos disponíveis, bem como do capital
humano acessível para implementar políticas públicas que visem
equalizar as diversas regiões diante das suas diferenças.
30 Organização e Legislação da Educação

A educação brasileira deve compartilhar todo o


conhecimento teórico sobre a educação, não apenas diretrizes ou
currículos, mas conhecimentos que possam ser compartilhados
com diferentes regiões independentemente das distâncias física
ou econômica.
Saviani (2010) acredita que até hoje o Brasil construiu
uma estrutura educacional marcada por leis e programas, como
a Constituição Federal e a LDB, mas ainda não foi desenvolvida
uma unidade educacional que buscasse a garantia de direito de
oportunidades, e não apenas de igualdade.
O direito de oportunidade será efetivado quando se
desenvolver um sistema educacional que busque reconhecer as
diferenças de cada educando e que, diante dessas diferenças,
promova uma educação de qualidade para todos.

Conselhos de Educação no Brasil


Os Conselhos de Educação no Brasil exercem a função de
organização e planejamento, e são divididos de acordo com a
dependência político-administrativa.

Conselho Nacional de Educação (CNE)


Foi criado em 24 de dezembro de 1995 por meio da Lei
9.131, e é constituído pela Câmara de Educação Básica e a
Câmara de Educação Superior; é composto por 24 membros,
sendo 12 indicados por associações científicas e profissionais, e
os outros nomeados pelo presidente da República.
O CNE atua auxiliando o Ministério da Educação, sendo
uma forma de participação da sociedade nos processos decisórios
da educação brasileira.

Conselho Estadual de Educação


O Conselho Estadual de Educação atua no sistema de ensino
estadual. Dentre as suas atribuições está manter o intercâmbio com
Organização e Legislação da Educação 31

o CNE e com os demais Conselhos Estaduais e Municipais de


educação, tendo como objetivo atingir os resultados planejados.

Conselho Municipal de Educação


O Conselho Municipal de Educação é composto por
representantes das instituições educacionais, sociedade e da
Câmara de Vereadores dos municípios. Essa composição visa à
participação de diversos segmentos da sociedade nos processos
de políticas públicas relacionadas à educação.
A principal finalidade do Conselho Municipal é a criação
dos planos municipais de educação bem como a fiscalização,
avaliação e o acompanhamento da execução desses planos.

Diretrizes Curriculares Nacionais


As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) são normas
discutidas e fixadas pelo CNE que orientam o planejamento
curricular das escolas e dos sistemas de ensino da Educação
Básica. Segundo a definição do CNE: Diretrizes Curriculares
Nacionais são o conjunto de definições doutrinárias sobre
princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica,
expressas pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional
de Educação, que orientarão as escolas brasileiras dos sistemas
de ensino, na organização, na articulação, no desenvolvimento
e na avaliação de suas propostas pedagógicas. (BRASIL, 1998)

ACESSE

“A era das diretrizes: a disputa pelo projeto de educação dos


mais pobres”. Disponível em: https://bit.ly/2Ux9cgH.
32 Organização e Legislação da Educação

A origem das DCNs está na Lei 9.384/1996, quando trata


ser a finalidade da União estabelecer diretrizes que nortearão os
currículos da Educação Básica.
art. 8º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas
de ensino.
IV – estabelecer, em colaboração com os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para
a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a
assegurar formação básica comum. (BRASIL, 1996).
A criação dessas diretrizes é importante por conta da
necessidade de criação de políticas educacionais, que garantam
o direito de todo brasileiro ter acesso a uma formação humana e
cidadã dentro do ambiente escolar, conforme a Lei 9.394/1996.
Observemos os objetivos das Diretrizes:
I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação
Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos
legais, traduzindo-os em orientações que contribuam para
assegurar a formação básica comum nacional, tendo como foco
os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola;
II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve
subsidiar a formulação, execução e avaliação do projeto político-
pedagógico da escola de Educação Básica;
III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de
profissionais – docentes, técnicos, funcionários – da Educação
Básica, os sistemas educativos dos diferentes entes federados
e as escolas que os integram, indistintamente da rede a que
pertençam. (BRASIL, 2013).
Com isso compreendemos que as DCNs são leis que
regulamentam a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei 9.394/1996). Nessas constam os objetivos e as metas para
Organização e Legislação da Educação 33

a educação, permitindo que cada instituição de ensino tenha sua


autonomia incentivando a criação de currículos de acordo com
as competências elencadas nas diretrizes.
As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para Educação
Básica estabelecem bases para a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio, pelas quais os sistemas federais,
estaduais e municipais se orientarão para promover um currículo
integralizado.
1. princípios éticos: autonomia, responsabilidade e respeito;
2. princípios políticos: direito e cidadania;
3. estético: criatividade, sensibilidade e variadas formas
artísticas.
A educação brasileira é composta por modalidades e
cada uma tem sua diretriz estabelecida. Após as DCNs, foram
elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e os
Referenciais Curriculares Nacionais (RCN); esses documentos
abordam o currículo indicado pelas DCNs.
As Diretrizes Curriculares para Educação Infantil constam
da Resolução n. 5, de 17 de dezembro de 2009, que apresenta a
orientação pedagógica para a educação infantil.
A organização curricular brasileira visa garantir a
Constituição Federal, promovendo educação de qualidade para
todos.
Referenciais Curriculares Nacionais para Educação
Infantil
Em 1998, visando atender as questões da Lei 9.394/1996,
foram criados os Referenciais Curriculares Nacionais (RCNEI),
com o objetivo de apontar metas de qualidade e ressaltar o
desenvolvimento integral da criança, reconhecendo os direitos e
deveres dos alunos dessa faixa etária.
34 Organização e Legislação da Educação

O RCNEI foi desenvolvido por meio da mobilização


social num amplo debate nacional, e visou sedimentar os
direitos da Constituição Federal de 1988, superando o caráter
assistencialista para as crianças.
O RCNEI tem o objetivo de ser um guia de orientações
pedagógicas aos profissionais de Educação Infantil. Esse
documento é constituído por três volumes.
O volume 1, Introdução, apresenta uma reflexão sobre
creches e pré-escolas, trazendo uma concepção sobre criança,
educação, instituição e educador.

ACESSE

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol. 1.


Disponível em: https://bit.ly/1BJo4N5.

O volume 2, Formação Pessoal e Social, trabalha-se a


autonomia e a construção de identidade da criança.

ACESSE

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol. 2.


Disponível em: https://bit.ly/3EJPx4N.
Organização e Legislação da Educação 35

O volume 3, Conhecimento do Mundo, aborda a


importância das experiências e o conhecimento que a criança
tem do mundo, a construção de linguagens e suas relações.

ACESSE

Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol. 3.


Disponível em: https://bit.ly/3MvJymU.

Parâmetros Curriculares Nacionais


Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) referem-
se às séries iniciais do Ensino Fundamental e visam auxiliar
o trabalho pedagógico de modo que as crianças desenvolvam
os conhecimentos formais de que necessitam para se tornarem
cidadãos plenos.

ACESSE

Parâmetros Curriculares Nacionais. Disponível em:


https://bit.ly/1WzpeV0.

A aprovação dos PCN foi realizada pelo MEC com o


objetivo de desenvolver metas de qualidade e objetivos que
visavam à formação de cidadãos participativos na sociedade,
que reconhecem seus direitos e deveres.
Em 2017 surge a Base Nacional Comum Curriculares
(BNCC), que visa, de modo geral, definir o que deve ser ensinado
para cada estudante em cada ano de estudo da Educação Infantil
até o Ensino Médio.
36 Organização e Legislação da Educação

A partir da implementação da BNCC, o Brasil passa a ter


uma referência curricular nacional obrigatória, na qual as escolas
deverão se apoiar para desenvolver seus currículos.
Segundo o documento, os currículos devem ser elaborados,
respeitando a diversidade, particularidades e o contexto em que
a escola está inserida.
A criação da BNCC visa contribuir para diminuir a
desigualdade de oportunidades entre os estudantes brasileiros,
devendo cada instituição seguir uma base comum de ensino e
incluir uma base diversificada de acordo com as especificidades
de cada localidade onde a escola está inserida.

Plano Nacional de Educação: objetivos e


metas
Como já pudemos estudar nos capítulos anteriores da
nossa disciplina, o Brasil definiu leis e estatutos que garantem o
direito das crianças em relação à educação.
Porém, ainda se observa que na prática não conseguiu
estabelecer o que diz a lei. Dessa forma, foram desenvolvidas
20 metas para a educação que visam uma educação de
qualidade para todos.
Convido vocês a estudarem essas metas e seus objetivos
para que, como educadores, possamos contribuir para a
efetivação do direito à educação.

O Plano Nacional
Em 25 de junho de 2014, a então presidenta, Dilma
Rousseff sancionou a Lei 13.005/2014, que aprovou o novo Plano
Nacional de Educação (PNE), com vigência até 25 de junho de
2024, visando cumprir o disposto no artigo 214 da Constituição
Federal de 1988:
Organização e Legislação da Educação 37

art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de


duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional
de educação em regime de colaboração e definir diretrizes,
objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar
a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos
níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas
dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que
conduzam a:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar; III - melhoria
da qualidade do ensino;
III – formação para o trabalho;
IV – promoção humanística, científica e tecnológica do
País;
V – estabelecimento de meta de aplicação de recursos
públicos em educação como proporção do produto interno bruto.
(BRASIL, 1988).
O PNE surge respaldado pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional como um instrumento para a evolução
da educação brasileira. Ele apresenta, no seu artigo 2º, dez
diretrizes que devem pautar a educação no Brasil:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – superação das desigualdades educacionais, com
ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as
formas de discriminação;
IV – melhoria da qualidade da educação;
V – formação para o trabalho e para a cidadania, com
ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a
sociedade;
38 Organização e Legislação da Educação

VI – promoção do princípio da gestão democrática da


educação pública;
VII – promoção humanística, científica, cultural e
tecnológica do País;
VIII – estabelecimento de meta de aplicação de recursos
públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto
– PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão,
com padrão de qualidade e equidade;
IX – valorização dos(as) profissionais da educação;
X – promoção dos princípios do respeito aos direitos
humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
(BRASIL, 2014).
Notem que cinco desses objetivos já estavam sendo
contemplados na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988),
no art. 214.
“erradicação do analfabetismo; universalização do
atendimento educacional; melhoria da qualidade
da educação; promoção humanística e tecnológica
do País, e estabelecimento de meta de aplicação de
recursos públicos em educação como proporção
do produto interno bruto.”

Metas
PNE possui 20 metas, cada uma delas seguida de estratégias,
que abrangem todos os níveis de formação — desde a Educação
Infantil até o Ensino Superior —, cuja fiscalização quanto ao
cumprimento ficou a cargo do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), juntamente com
o Congresso Nacional e o Fórum Nacional de Educação.
Organização e Legislação da Educação 39

SAIBA MAIS

A situação das metas dos planos de educação pode ser conhecida


aqui: https://bit.ly/2Lf8Mtt.

■ Meta 1
Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola
para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a
oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no
mínimo, 50% das crianças de até três anos até o final da vigência
deste PNE.
■ Meta 2
Universalizar o ensino fundamental de nove anos para
toda a população de seis a 14 anos e garantir que pelo menos
95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até
o último ano de vigência deste PNE.
■ Meta 3
Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda
a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período
de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino
médio para 85%.
■ Meta 4
Universalizar, para a população de quatro a 17 anos, o
atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação
na rede regular de ensino.
■ Meta 5
Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até os oito anos
de idade, durante os primeiros cinco anos de vigência do plano;
no máximo, até os sete anos de idade, do sexto ao nono ano de
40 Organização e Legislação da Educação

vigência do plano; e até o final dos seis anos de idade, a partir do


décimo ano de vigência do plano.
■ Meta 6
Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo,
50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25%
dos alunos da educação básica.
■ Meta 7
Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas
e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem
de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:

IDEB 2015 2017 2019 2021


Anos iniciais do Ensino
5,2 5,5 5,7 6,0
Fundamental
Anos finais do Ensino
4,7 5,0 5,2 5,5
Fundamental

Ensino Médio 4,3 4,7 5,0 5,2

■ Meta 8
Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos,
de modo a alcançar no mínimo 12 anos de estudo no último ano
de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região
de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, e igualar
a escolaridade média entre negros e não negros declarados à
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.)
■ Meta 9
Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos
ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste
PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a
taxa de analfabetismo funcional.
Organização e Legislação da Educação 41

■ Meta 10
Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de
jovens e adultos, na forma integrada à educação profissional,
nos ensinos fundamental e médio.
■ Meta 11
Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de
nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos
50% de gratuidade na expansão de vagas.
■ Meta 12
Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para
50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos,
assegurando a qualidade da oferta.
■ Meta 13
Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a
proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo
exercício no conjunto do sistema de educação superior para
75%, sendo, do total, no mínimo, 35% de doutores.
■ Meta 14
Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-
graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de
60 mil mestres e 25 mil doutores.
■ Meta 15
Garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados,
o Distrito Federal e os municípios, no prazo de um ano de vigência
deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da
educação de que tratam os incisos I, II e III do art. 61 da Lei
nº 9.394/1996, assegurando-lhes a devida formação inicial, nos
termos da legislação, e formação continuada em nível superior
de graduação e pós-graduação, gratuita e na respectiva área de
atuação.
42 Organização e Legislação da Educação

■ Meta 16
Formar, até o último ano de vigência deste PNE, 50%
dos professores que atuam na educação básica em curso de
pós-graduação stricto ou lato sensu em sua área de atuação, e
garantir que os profissionais da educação básica tenham acesso à
formação continuada, considerando as necessidades e contextos
dos vários sistemas de ensino.
■ Meta 17
Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas
de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio
ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, até o
final do sexto ano de vigência deste PNE.
■ Meta 18
Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos
de carreira para os profissionais da educação básica e superior
pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira
dos profissionais da educação básica pública, tomar como
referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei
federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição
Federal.
■ Meta 19
Garantir, em leis específicas aprovadas no âmbito da União,
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a efetivação
da gestão democrática na educação básica e superior pública,
informada pela prevalência de decisões colegiadas nos órgãos
dos sistemas de ensino e nas instituições de educação, e forma de
acesso às funções de direção que conjuguem mérito e desempenho
à participação das comunidades escolar e acadêmica, observada
a autonomia federativa e das universidades.
■ Meta 20
Ampliar o investimento público em educação de forma a
atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto
Organização e Legislação da Educação 43

(PIB) do País no quinto ano de vigência desta Lei e, no mínimo,


o equivalente a 10% do PIB no final do decênio.

ACESSE

Observatório das Metas do Plano Nacional de Educação.


Disponível em: https://bit.ly/28Wrx3y.

Após análise das metas e objetivos, percebemos que o


Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em relação à
educação. As metas são audaciosas, mas imprescindíveis para
que a educação, no Brasil, seja capaz de promover as mudanças
sociais, individuais e econômicas que a nossa sociedade
necessita.
44 Organização e Legislação da Educação
02
UNIDADE

ORGANIZAÇÃO E LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


46 Organização e Legislação da Educação

INTRODUÇÃO
A educação brasileira apresenta um conjunto de leis,
diretrizes e planos de base para se organizar. A lei de diretrizes
e bases (LDB) 9394/96 trata da divisão da educação básica
brasileira em três etapas: Educação Infantil, Ensino Fundamental
e Ensino Médio.
Nesta unidade iremos aprender sobre cada etapa da educação
básica, suas características, objetivos e particularidades, além de
entender como está organizada a Educação de Jovens e Adultos
(EJA) e a Educação Especial.
O Brasil desenvolve práticas pedagógicas por meio de
políticas públicas democráticas que reconhecem as diferenças
geográficas e econômicas de cada região, e que visem garantir
uma educação significativa e de qualidade ao educando.
Enquanto educadores temos um papel crucial, pois
reconhecendo nossa estrutura educacional e onde se pretende
chegar, podemos efetivar na prática o que já está garantido na
Constituição de 1988 e reafirmado na LDB 9394/96, a educação
como um direito de todos.
Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste
universo!
Organização e Legislação da Educação 47

OBJETIVOS
Olá, estudante, seja muito bem-vindo(a) a nossa unidade
2, nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento de
determinadas competências profissionais até o término desta
etapa de estudos.

1 Apresentar os objetivos, a duração e a organização da


Educação Infantil.

2 Analisar o Ensino Fundamental de 9 anos e seus


objetivos, duração, organização e obrigatoriedade.

3 Observar a finalidade, duração, modalidade e


organização do Ensino Médio.

4 Compreender a Educação de Jovens e Adultos (EJA)


e a Educação Especial.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo


ao conhecimento? Ao trabalho!
48 Organização e Legislação da Educação

Apresentando os objetivos, duração e


organização da Educação Infantil
A Lei de diretrizes e bases 9394/96 favoreceu para que
a escolarização ocupasse um espaço importante nos debates da
sociedade, repensando os objetivos, estrutura e a organização
do ensino. Assim, ao longo desta aula iremos discorrer sobre a
educação infantil, seus objetivos, duração e organização.

A Lei de Diretrizes e Bases e a Educação


Infantil
Figura 1 — Educação Infantil.

Fonte: Pixabay.

Na época da colonização as crianças eram vistas como


“mini adultos”, não era considerado os pensamentos, desejos ou
necessidades particulares da infância.
Após a revolução industrial, com a necessidade crescente
de urbanização e mão de obra, as mulheres foram inseridas no
mercado de trabalho. De forma que passou a existir a necessidade
de um lugar para se deixar os filhos, então surgiram as creches.
Organização e Legislação da Educação 49

Kishimoto (2001) relata que com a urbanização e a


industrialização, a criança foi esquecida, tornando-se um precoce
aprendiz.
Diante dessa crença, as instituições foram criadas com um
caráter assistencialista, tendo como objetivo apenas o cuidar,
enquanto pais e responsáveis estavam no trabalho.
Assim, a Constituição Federal de 1988 foi importante por
tornar as creches um lugar de direito das famílias e de dever do
estado. Ademais, a educação como um direito para as crianças
de 0 a 6 anos já estava assegurado pela Constituição Federal de
1988 e pelo Estatuto da Criança e Adolescente de 1990. Contudo,
a transformação desse direito em diretrizes e bases promoveu
um movimento de transformação para a educação brasileira.
A educação infantil passou a integrar a primeira etapa da
educação básica, finalizando, dessa forma, a visão retórica do
assistencialismo. A partir desse momento a criança começa a ser
vista como um “ser de direito”, que precisa de uma educação
de qualidade desde seus primeiros anos de vida, para que se
desenvolva em um ser humano capaz de exercer a sua cidadania.
Reconhecer a criança como um “ser de direito” significa
considerá-la como um ser humano que faz parte do processo
educativo e que deve ser respeitado o seu falar, brincar, construir,
aprender, observar, questionar e experimentar.
Conforme visto no artigo 22 da LDB 9394/96.
Art. 22. A educação básica tem por finalidades
desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação
comum indispensável para o exercício da cidadania
e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em
estudos posteriores. (BRASIL, 1996)
Com a Lei de Diretrizes e bases, a criança passou a ser vista
como um ser humano com cultura própria, capaz de criar e se
desenvolver, necessitando de muito mais do que apenas o cuidado.
50 Organização e Legislação da Educação

Em 1998 o ministério da Educação publicou o Referencial


Curricular Nacional da Educação Infantil como parte dos
Parâmetros Curriculares Nacionais. Em 1999 o Conselho
Nacional de Educação (CNE) publicou as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação Infantil (DCNs).
Esses documentos orientam os trabalhos na educação
infantil e ressaltam que o educar e o brincar devem ser
simultâneos, favorecendo o desenvolvimento infantil.
Figura 2 — Estudar e brincar.

Fonte: Pixabay.

Ao considerar a criança como um ser cultural não podemos


desconsiderar o ato de brincar, pois, por meio da brincadeira
a criança aprende, se desenvolve e se relaciona. Segundo
Kishimoto (2001), a escola deve se preocupar com ambientes
que valorizem o brincar já que a sociedade: busca ascensão
social e diminuição da desigualdade por meio da educação; busca
introduzir a criança em um ambiente que acelere o aprendizado
e desconsidere o desenvolvimento e interesses próprios de uma
determinada faixa etária, o brincar é um desses interesses que
acabam sendo desprezados.
Organização e Legislação da Educação 51

ACESSE

Para saber mais sobre a importância do brincar na educação


infantil. Leia A LDB e as Instituições de Educação Infantil:
Desafios e Perspectivas. Disponível em: https://bit.ly/30fcHdF.

Quando a criança brinca ela desenvolve a imaginação,


Vygotsky afirma que a imaginação contribui para o
desenvolvimento do pensamento lógico da criança.
Os primeiros anos de vida da criança contribuem
para o desenvolvimento do seu pensamento lógico
e também de sua imaginação, os quais caminham
juntos: a imaginação é um momento totalmente
necessário, inseparável do pensamento realista,
na imaginação a direção da consciência tende a se
afastar da realidade. (VYGOTSKY, 1989, p. 75)
Percebemos que o entendimento sobre as crianças tem se
modificado com o passar dos anos. Até o século XVII não havia
essa preocupação com as crianças como atualmente. Um fator a
ser analisado são os números de mortalidade infantil na época,
que eram visto com naturalidade, pois não havia saúde pública
preocupada em reduzir esses números.
Atualmente existe o conceito de que as crianças são
símbolos do futuro e investir nelas é, consequentemente, investir
no futuro. Essa visão é nova e ainda hoje temos que desenvolver
pensamentos sobre isso.
Assim, a preocupação com as crianças e a ideia de que
elas são o futuro da nossa sociedade são conceitos novos que
foram progredindo conforme o desenvolvimento da sociedade.
A criança passa a ser vista como um sujeito de direitos e deveres
52 Organização e Legislação da Educação

a serem preservados, detentores de culturas próprias que devem


ser consideradas.
Com essa nova concepção, a escola e o trabalho do
docente precisaram ser repensados. Os Referenciais Curriculares
Nacionais visam a organização de instituições educacionais e
da prática docente, para que se promova um desenvolvimento
efetivo das crianças.

ACESSE

Para conhecer os Referenciais Curriculares Nacionais. Leia o


RCN disponível em https://bit.ly/1viAzMv.

Objetivos da Educação Infantil


A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, ao determinar que a
educação infantil é a primeira etapa da educação básica, por meio
do documento de Referencial Curriculares Nacional da Educação
Básica, visa auxiliar o trabalho para a educação das crianças.
O Referencial Curricular busca determinar metas de
qualidade que contribuam para o desenvolvimento integral da
criança.
O referencial pretende apontar metas de qualidade
que contribuam para que as crianças tenham um
desenvolvimento integral de suas identidades,
capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos
das crianças à infância são reconhecidos (BRASIL,
1996).
A prática da educação Infantil deve ser organizada de
modo que promova o desenvolvimento das crianças através de
alguns aspectos.
Organização e Legislação da Educação 53

■ Desenvolver uma imagem positiva de si; atuar de forma


independente, com confiança; e perceber suas limitações.
■ Descobrir e conhecer seu próprio corpo, suas
potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando
hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar.
■ Estabelecer vínculos afetivos e de troca com
adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando
gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação
social.
■ Observar e explorar o ambiente com atitudes de
curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante
dependente e agente transformador do meio ambiente,
valorizando atitudes que contribuam para sua conservação.
■ Brincar e expressar emoções, sentimentos, pensamentos,
desejos e necessidades.
■ Utilizar diferentes linguagens — corporal, musical,
plástica, oral e escrita —, ajustadas às diferentes intenções
e situações de comunicação. De forma a compreender e ser
compreendido, expressar suas ideias, sentimentos, necessidades,
desejos e avançar em seu processo de construção de significados,
enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva.
■ Conhecer algumas manifestações culturais,
demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação
frente a elas, valorizando a diversidade.
O professor deve desenvolver atividades que promovam
a independência do aluno, estimulem a confiança e promovam
a percepção de suas limitações, visando que o educando supere
seus limites.
O trabalho na educação infantil deve ter atividades voltadas
para que a criança conheça seu próprio corpo, bem como hábitos
saudáveis que contribuam com cuidados para a própria saúde.
54 Organização e Legislação da Educação

Figura 3 — Conhecendo o próprio corpo.

Fonte: Pixabay.

Além disso, são necessárias atividades que valorizem a


interação entre crianças e adultos, pois por meio da interação
social as crianças aprendem e se desenvolvem. A criança,
por meio da exploração e observação, deve ser estimulada a
descobrir: o novo e atitudes de conservação do meio ambiente.
Figura 4 — A escola estimulando a descoberta do novo.

Fonte: Pixabay.
Organização e Legislação da Educação 55

O brincar é a forma que a criança tem para se comunicar,


interagir com os outros e com o meio onde está inserida, portanto,
o educador deve promover momentos de brincadeiras e faz de
conta, para que a criança desenvolva emoções, sentimentos e
pensamentos.
Também é fundamental apresentar aos alunos as
diferentes formas de se comunicar e as diferentes formas de
arte, estimulando situações para que eles possam expressar
suas ideias, sentimentos e desejos, para que enriqueçam suas
capacidades de se expressarem.
Figura 5 — Comunicação pela arte.

Fonte: Pixabay.

Conhecendo esses objetivos, concluímos a importância


que a educação infantil tem frente ao desenvolvimento do
aluno. Por meio da educação infantil, a criança tem acesso ao
desenvolvimento da sua autonomia e independência, pode
conhecer o próprio corpo, desenvolver vínculos afetivos,
relações sociais, explorar ambientes, diferentes linguagens,
manifestações culturais e o brincar.
O educador deve conhecer o mundo da criança, utilizando
o lúdico e a brincadeira para desenvolver as habilidades típicas
56 Organização e Legislação da Educação

dessa faixa etária, não acelerando o processo de aprendizado,


mas sim respeitando o desenvolvimento de cada fase infantil.

Duração da Educação Infantil


A Lei de diretrizes e bases determina que a educação
infantil é a primeira etapa da educação básica e contempla as
crianças de 0 anos até 5 anos de idade.
A educação infantil, segundo a LDB, tem a finalidade do
desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social dos
alunos, suas ações devem complementar as ações da família e
da comunidade.
Esse assunto é muito questionado dentro das instituições
de ensino, pois, alguns pais transferem para a escola a
responsabilidade pela formação, educação e cuidado com as
crianças.
No entanto, ao analisar as diretrizes, verificamos que a
família continua com a sua responsabilidade em relação aos seus
filhos e que a função da escola é apenas completar o trabalho
iniciado pelos pais.

ACESSE

Para saber mais sobre a Lei de diretrizes e Bases da Educação


Infantil. Leia a LDB. Disponível em: https://bit.ly/2JgDD4H.

Organização da Educação Infantil


A educação infantil deverá ser oferecida de uma
determinada forma.
■ Creches: o atendimento será para crianças de até 3 anos
de idade;
Organização e Legislação da Educação 57

■ Pré-Escola: o atendimento será para crianças de 4 a 5


anos de idade.
A matrícula na Educação Infantil é obrigatória a partir dos
4 anos de idade, dessa forma, o estado deve oferecer vaga de
acesso à todas as crianças a partir dessa idade, caso o responsável
não efetue a matrícula da criança, poderá ser enquadrado pelo
código penal por abandono intelectual.
Conforme o artigo 246 do código penal, o responsável que
deixar sem justa causa de prover o acesso da criança a escola
poderá ser multado ou sofrer detenção de 15 (quinze) dias a 1
mês.

ACESSE

Para saber mais sobre o artigo 246 do código penal. Leia o


código penal disponível em: https://bit.ly/2LCTEWO.

Em alguns sistemas jurídicos, como o norte americano por


exemplo, permite-se o ensino em casa. O direito brasileiro não
permite, ainda, essa modalidade de ensino.
Segundo a LDB 9394/96, a educação infantil será
organizada seguindo as seguintes regras:
■ a avaliação deve ser realizada mediante acompanhamento
e registro do desenvolvimento das crianças, essa avaliação não
tem caráter classificatório para acesso ao ensino fundamental;
■ a carga horária mínima anual deve ser de 800 horas,
distribuídas por um mínimo de 200 dias de trabalho educacional;
■ atendimento às crianças de, no mínimo, 4 horas diárias
para o turno parcial e 7 horas para a jornada integral;
58 Organização e Legislação da Educação

■ frequência mínima de 60% do total de horas, sendo


controlada pela instituição de ensino;
■ expedir documentação que comprove os processos de
desenvolvimento das crianças.
Uma avaliação é um fator importante para se ressaltar
na educação infantil, deve ser um instrumento norteador da
aprendizagem, além de promover ação reflexiva do educador
sobre sua prática. Ao avaliar, o professor deve considerar as
mudanças e transformações do educando frente ao processo
educativo.
Contudo, a avaliação na educação infantil não pode ter o
caráter classificatório, nem de promoção para continuação dos
estudos, assim, ela deve ser um instrumento de identificação de
conhecimentos para nortear o trabalho do professor.

ACESSE

Para saber mais sobre a avaliação na educação infantil. Leia


Avaliação da Aprendizagem na Educação Infantil: Recurso para
prática pedagógica. Disponível em: https://bit.ly/2Ph7NLE.

A fim de garantir a qualidade na educação infantil foram


instituídos documentos, entre eles o Referencial Curricular
Nacional Educação Infantil (RCNEI) que é um guia que auxilia
a compreensão e a qualidade da educação infantil, oferecendo
objetivos e orientações para o trabalho com as crianças.
O RCNEI está organizado por volumes.
■ Volume 1 Introdução: apresenta uma reflexão sobre as
creches e pré-escolas, apresentando concepções sobre criança,
educação, trabalho docente.
Organização e Legislação da Educação 59

■ Volume 2 Formação Pessoal e Social: aborda a


importância do trabalho de construção da identidade e autonomia
das crianças.
■ Volume 3 Conhecimento do Mundo: trata da
importância da experiência e do conhecimento de mundo por
meio da música, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza
e sociedade e matemática.
Outro documento importante são as Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Infantil (DCNEI), o qual visa garantir o
proposto na LDB 9394/96 que prioriza a criança como o centro
do processo de aprendizado.
1.1 Esta norma tem por objetivo estabelecer
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil a serem observadas na organização de
propostas pedagógicas na educação infantil
(BRASIL, 2010, p. 13).
A Base Nacional Comum Curricular na Educação
Infantil (BNCC) apresenta um conjunto de orientações sobre a
elaboração do currículo pela escola, reforçando que a criança
seja a protagonista do processo ensino aprendizado.
A BNCC é composta por 5 campos de experiências e
6 direitos de aprendizagem. Os direitos de aprendizagem
na Educação Infantil visam assegurar que as crianças aprendam
em situações diversas, sendo agente ativo no processo de
aprendizagem em ambientes que as estimulem a vivenciar e
superar desafios.
Tendo em vista os eixos estruturantes das práticas
pedagógicas e as competências gerais da Educação
Básica propostas pelo BNCC, seis direitos de
aprendizagem e desenvolvimento asseguram,
na Educação Infantil, as condições para que as
crianças aprendam em situações nas quais possam
60 Organização e Legislação da Educação

desempenhar um papel ativo em ambientes que


as convidem a vivenciar desafios e a sentirem-se
provocadas a resolvê-los, nas quais possam construir
significados sobre si, os outros e o mundo social e
natural (BRASIL, 1996).

ACESSE

Para conhecer a Base Nacional de Educação. Leia BNCC.


Disponível em: https://bit.ly/2HH3dhC.

Segundo a BNCC, na Educação Infantil são direitos de


aprendizagem:
■ CONVIVER: convívio com outras crianças e adultos
utilizando diferentes linguagens, ampliando conhecimentos
sobre si e do outro, em relação a cultura e a diferença entre as
pessoas.
■ BRINCAR: promoção do brincar diariamente em
diversas formas e espaços, entre crianças e adultos, ampliando
o acesso às produções culturais, imaginação, criatividade e
experiências emocionais, corporais, sensoriais e cognitivas.
■ PARTICIPAR: a participação ativa de adultos e crianças
no planejamento da gestão da escola em atividades propostas, na
escolha das brincadeiras, materiais, ambientes e elaboração de
conhecimentos.
■ EXPLORAR: a exploração de movimentos, gestos,
sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções e transformações,
bem como de relacionamentos, histórias, objetos, elementos da
natureza na escola ou fora dela. Assim, ampliando saberes sobre
a cultura.
Organização e Legislação da Educação 61

■ EXPRESSAR: como sujeito criativo, dialógico e sensível,


suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses e
descobertas por meio de diferentes linguagens.
■ CONHECER-SE: construir sua identidade pessoal,
social e cultural sobre si e seus grupos de pertencimentos, nas
diversas experiências de cuidado, interações, brincadeiras e
linguagens vivenciadas na instituição escolar e em seu contexto
familiar e comunitário.
O documento aborda que as atividades na Educação Infantil
devem ser planejadas de acordo com a intencionalidade educativa,
para que desenvolva na criança a observação, o questionamento,
o levantamento de hipóteses, o julgamento e a construção dos
conhecimentos.
A educação infantil, segundo a BNCC, deve ter como eixo
a brincadeira e a interação, assim, os campos de experiências são
estruturas curriculares que interligam as experiências concretas
da vida da criança com os conhecimentos que fazem parte do
patrimônio cultural.
Os campos de experiência baseiam-se nas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Infantil. São organizados
da seguinte forma:
■ O eu, o outro e o nós: é na interação com adultos e
crianças que estas vão construindo seu modo de agir, sentir e
pensar. Nessas experiências elas podem ampliar o modo de
perceber a si mesmas e ao outro, valorizando sua identidade,
respeitando os outros e reconhecendo as diferenças.
■ Corpos, gestos e movimentos: na educação infantil
o corpo ganha o centro do processo, dessa forma, devem ser
estimuladas experiências que as crianças possam, por meio da
ludicidade e interação com o outro, explorar e vivenciar um
amplo repertório de movimentos, gestos, olhares e sons.
62 Organização e Legislação da Educação

■ Traços, sons, cores e formas: a educação infantil deve


promover a participação da criança em tempo de espaço para
produção, manifestação e apreciação artística, favorecendo o
desenvolvimento da sensibilidade, criatividade e expressão
pessoal da criança.
Figura 6 — Desenvolvimento da criatividade.

Fonte: Pixabay.

■ Escuta, fala, pensamento e imaginação: a escola deve


promover experiências que possibilitem a criança a falar e a
ouvir, pois, por meio da comunicação, a criança se desenvolve
como sujeito ativo e pertencente a um grupo social.
Figura 7 — Escuta, fala, pensamento e imaginação.

Fonte: Pixabay.
Organização e Legislação da Educação 63

■ Espaço, tempos, quantidades, relações e


transformações: a educação infantil deve promover
experiências que possibilitem que as crianças observem,
manipulem, investiguem e explorem o meio que estão inseridas,
levantando hipóteses e resolvendo problemas, ampliando seus
conhecimentos do mundo físico e sociocultural.
Figura 8 — Conhecendo espaços.

Fonte: Pixabay.

A Base Nacional Comum Curricular orienta que a escola


deve estar atenta para a transição da Educação Infantil para o
Ensino Fundamental, para que haja continuidade do processo
educativo que respeite as mediações e conhecimentos de cada
fase.
64 Organização e Legislação da Educação

Analisando o Ensino Fundamental de 9


anos e seus objetivos, duração, organização
e obrigatoriedade
Nessa aula iremos analisar e refletir sobre o Ensino
Fundamental de 9 anos e seus objetivos, duração, obrigatoriedade
e como deve ser a sua organização.
A LDB 9394/96 considera o ensino fundamental um nível
da educação básica que atende as crianças a partir dos 6 anos de
idade, um dos principais objetivos do ensino fundamental é a
formação básica do cidadão.
Além da LDB, existem documentos como Diretrizes
Curriculares Nacionais, Plano Nacional de Educação e Base
Nacional Comum Curricular que norteiam o trabalho desse nível
da educação básica.
Ao longo deste capítulo, vamos conhecer esses documentos
e suas relações com o ensino fundamental.

Objetivos, Duração, Organização e


Obrigatoriedade do Ensino Fundamental
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação divide a educação
brasileira em níveis: educação básica e ensino superior.
A educação básica é subdividida em:
■ Educação Infantil: creches e pré-escolas;
■ Ensino Fundamental: anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e
anos finais (do 6º ao 9º ano);
■ Ensino médio: do 1º ao 3º ano.
Como podemos observar, o Ensino fundamental é
a continuação da Educação infantil, para essa transição é
Organização e Legislação da Educação 65

importante, além do equilíbrio entre as mudanças, o acolhimento


afetivo do aluno ao ser introduzido nesse novo nível. Assim,
evitando a fragmentação do processo de ensino e aprendizagem
e favorecendo a continuidade da aprendizagem.
Visando minimizar esses problemas, a Base Nacional
Comum Curricular orienta que o Ensino Fundamental – Anos
Iniciais valorize as situações lúdicas de aprendizagem e a
articulação com as experiências vividas na Educação Infantil.
O trabalho da escola deve prever uma progressiva
sistematização dessa experiência e o desenvolvimento de novas
formas de relação com o mundo dos educandos.
Os primeiros anos do Ensino Fundamental devem
estar focados na alfabetização, garantido oportunidade de
conhecimento da escrita e práticas de letramento.
Figura 9 — Alfabetização Infantil.

Fonte: Pixabay.

A BNCC apresenta competências e habilidades envolvidas


no processo de alfabetização que a criança necessita desenvolver,
são elas:
■ compreender diferenças entre escrita e outras formas
gráficas (outros sistemas de representação);
66 Organização e Legislação da Educação

■ dominar as convenções gráficas (letras maiúsculas e


minúsculas, cursiva e script);
■ conhecer o alfabeto;
■ compreender a natureza alfabética do nosso sistema de
escrita;
■ dominar as relações entre grafemas e fonemas;
■ saber decodificar palavras e textos escritos;
■ saber ler, reconhecendo globalmente as palavras;
■ ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto
que meras palavras, desenvolvendo fluência e rapidez de leitura
(fatiamento).

ACESSE

Para aprimorar seus conhecimento sobre a Base Nacional Comum


Curricular, leia a BNCC. Disponível em: https://bit. ly/2skbCls.

Segundo orientação da Base Nacional Comum Curricular


(2017), os anos finais do ensino fundamental devem propor
atividades que promovam a progressão do conhecimento por
meio da consolidação das aprendizagens anteriores e a ampliação
das práticas de linguagens e experiências, com desafios mais
complexos que permitem ressignificar o conteúdo aprendido.
O conteúdo que será desenvolvido no ensino fundamental
será dividido em 5 áreas do conhecimento com componentes
curriculares próprios a serem trabalhados, são eles:

ÁREA DE LINGUAGENS
Componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte,
Educação Física, Língua Inglesa (ensino fundamental anos finais).
Organização e Legislação da Educação 67

Competências:
1. Compreender as linguagens como construção humana,
histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-
as e valorizando-as como formas de significação da realidade e
expressão de subjetividades e identidades sociais e culturais.
2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem
(artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da
atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas
possibilidades de participação na vida social e colaborar para a
construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-
motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital
—, para se expressar e partilhar informações, experiências,
ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos
que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação.
4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de
vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional e global, atuando criticamente frente a questões
do mundo contemporâneo.
5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e
respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das
locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio
cultural da humanidade, bem como participar de práticas
diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-
cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e
culturas.
6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação
e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se
comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir
conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos
autorais e coletivos. (BRASIL, 2017).
68 Organização e Legislação da Educação

ÁREA DE MATEMÁTICA
Componente curricular: Matemática.
Competências:
1. Reconhecer que a Matemática é uma ciência humana,
fruto das necessidades e preocupações de diferentes culturas,
em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva, que
contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e
para alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos
no mundo do trabalho.
2. Desenvolver o raciocínio lógico, o espírito de investigação
e a capacidade de produzir argumentos convincentes, recorrendo
aos conhecimentos matemáticos para compreender e atuar no
mundo.
3. Compreender as relações entre conceitos e procedimentos
dos diferentes campos da Matemática (Aritmética, Álgebra,
Geometria, Estatística e Probabilidade) e de outras áreas do
conhecimento, sentindo segurança quanto à própria capacidade de
construir e aplicar conhecimentos matemáticos, desenvolvendo
a autoestima e a perseverança na busca de soluções.
4. Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos
e qualitativos presentes nas práticas sociais e culturais, de modo
a investigar, organizar, representar e comunicar informações
relevantes, para interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente,
produzindo argumentos convincentes.
5. Utilizar processos e ferramentas matemáticas, inclusive
tecnologias digitais disponíveis, para modelar e resolver
problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de conhecimento,
validando estratégias e resultados.
6. Enfrentar situações-problema em múltiplos contextos,
incluindo-se situações imaginadas, não diretamente relacionadas
com o aspecto prático-utilitário, expressar suas respostas e
sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens
Organização e Legislação da Educação 69

(gráficos, tabelas, esquemas, além de texto escrito na língua


materna e outras linguagens para descrever algoritmos, como
fluxogramas, e dados).
7. Desenvolver e/ou discutir projetos que abordem,
sobretudo, questões de urgência social, com base em princípios
éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a
diversidade de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sem
preconceitos de qualquer natureza.
8. Interagir com seus pares de forma cooperativa,
trabalhando coletivamente no planejamento e desenvolvimento
de pesquisas para responder a questionamentos e na busca
de soluções para problemas, de modo a identificar aspectos
consensuais ou não na discussão de uma determinada questão,
respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com
eles. (BRASIL, 2017).
ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA
Componente curricular: Ciências.
Competências:
1. Compreender as Ciências da Natureza como
empreendimento humano, e o conhecimento científico como
provisório, cultural e histórico.
2. Compreender conceitos fundamentais e estruturas
explicativas das Ciências da Natureza, bem como dominar
processos, práticas e procedimentos da investigação científica,
de modo a sentir segurança no debate de questões científicas,
tecnológicas, socioambientais e do mundo do trabalho, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva.
3. Analisar, compreender e explicar características,
fenômenos e processos relativos ao mundo natural, social e
tecnológico (incluindo o digital), como também as relações
70 Organização e Legislação da Educação

que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para


fazer perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive
tecnológicas) com base nos conhecimentos das Ciências da
Natureza.
4. Avaliar aplicações e implicações políticas,
socioambientais e culturais da ciência e de suas tecnologias
para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo,
incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho.
5. Construir argumentos com base em dados, evidências e
informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de
vista que promovam a consciência socioambiental e o respeito
a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade
de indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer
natureza.
6. Utilizar diferentes linguagens e tecnologias digitais de
informação e comunicação para se comunicar, acessar e disseminar
informações, produzir conhecimentos e resolver problemas das
Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva e
ética.
7. Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem-
estar, compreendendo-se na diversidade humana, fazendo- se
respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos
das Ciências da Natureza e às suas tecnologias.
8. Agir pessoal e coletivamente com respeito, autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para
tomar decisões frente a questões científico- tecnológicas
e socioambientais e a respeito da saúde individual e coletiva,
com base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e
solidários. (BRASIL, 2017).
Organização e Legislação da Educação 71

ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS


Componente curricular: Geografia e História.
Competências:
1. Compreender a si e ao outro como identidades diferentes,
de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade
plural e promover os direitos humanos.
2. Analisar o mundo social, cultural e digital e o meio
técnico-científico-informacional com base nos conhecimentos
das Ciências Humanas, considerando suas variações de
significado no tempo e no espaço, para intervir em situações
do cotidiano e se posicionar diante de problemas do mundo
contemporâneo.
3. Identificar, comparar e explicar a intervenção do ser
humano na natureza e na sociedade, exercitando a curiosidade
e propondo ideias e ações que contribuam para a transformação
espacial, social e cultural, de modo a participar efetivamente das
dinâmicas da vida social.
4. Interpretar e expressar sentimentos, crenças e dúvidas
com relação a si mesmo, aos outros e às diferentes culturas, com
base nos instrumentos de investigação das Ciências Humanas,
promovendo o acolhimento e a valorização da diversidade de
indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas
e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
5. Comparar eventos ocorridos simultaneamente no
mesmo espaço e em espaços variados, e eventos ocorridos em
tempos diferentes no mesmo espaço e em espaços variados.
6. Construir argumentos, com base nos conhecimentos das
Ciências Humanas, para negociar e defender ideias e opiniões
que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência
socioambiental, exercitando a responsabilidade e o protagonismo
voltados para o bem comum e a construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva.
72 Organização e Legislação da Educação

7. Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica


e diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação
e comunicação no desenvolvimento do raciocínio espaço-
temporal relacionado a localização, distância, direção, duração,
simultaneidade, sucessão, ritmo e conexão. (BRASIL, 2017).
ÁREA DO ENSINO RELIGIOSO
Componente curricular: Ensino Religioso.
Competências:
1. Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes
tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de
pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
2. Compreender, valorizar e respeitar as manifestações
religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes, em
diferentes tempos, espaços e territórios.
3. Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da
natureza, enquanto expressão de valor da vida.
4. Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos,
convicções, modos de ser e viver.
5. Analisar as relações entre as tradições religiosas e
os campos da cultura, da política, da economia, da saúde, da
ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
6. Debater, problematizar e posicionar-se frente aos
discursos e práticas de intolerância, discriminação e violência
de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos humanos no
constante exercício da cidadania e da cultura de paz. (BRASIL,
2017).
Organização e Legislação da Educação 73

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (9394/96), em


seu artigo 32º, o objetivo do Ensino Fundamental é a formação
básica do cidadão. Segundo a LDB, a formação básica se dará
através dos seguintes meios:
I – o desenvolvimento da capacidade de aprender,
tendo como meios básicos o pleno domínio da
leitura, da escrita e do cálculo;
II – a compreensão do ambiente natural e social,
do sistema político, da tecnologia, das artes e dos
valores em que se fundamenta a sociedade;
III – o desenvolvimento da capacidade de
aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes
e valores;
IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos
laços de solidariedade humana e de tolerância
recíproca em que se assenta a vida social. (BRASIL,
1996).
Buscando reafirmar e promover os objetivos propostos na
LDB em relação ao ensino fundamental, o conselho nacional de
educação estabeleceu as Diretrizes Curriculares para o Ensino
Fundamental (DCN).

ACESSE

Para saber mais sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para


o Ensino Fundamental, leia as DCNs. Disponível em: https://bit.
ly/2skbCls.
74 Organização e Legislação da Educação

Segundo as DCNs, para o ensino fundamental, as escolas


deverão estabelecer princípios para nortear seus trabalhos.
a. Princípios Éticos da autonomia, responsabilidade,
solidariedade e do respeito ao bem comum.
b. Princípios Políticos dos direitos e deveres de cidadania,
do exercício à criticidade e do respeito à ordem democrática.
c. Princípios Estéticos da sustentabilidade, criatividade,
diversidade de manifestações artísticas e culturais.
■ As escolas devem promover o reconhecimento pessoal
de alunos, professores e a identidade da unidade escolar.
■ As escolas devem reconhecer que o processo de
aprendizagem é constituído pela interação com o conhecimento,
linguagem e interação afetiva. O diálogo deve favorecer o
protagonismo do aluno na educação e também a construção de
valores indispensáveis à vida cidadã.
■ Todas as escolas devem garantir a igualdade de acesso
aos alunos à uma Base Nacional Comum, de forma que seja
legitimada uma educação de qualidade.
■ As escolas deverão desenvolver propostas curriculares
que tenham relação com a comunidade local, de modo que
desenvolvam cidadãos capazes de serem protagonistas e
responsáveis por si, família e comunidade. (BRASIL, 2013)
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) foram
desenvolvidos para que as instituições de ensino tivessem
parâmetros para desenvolver uma educação de qualidade.
Segundo o documento, o objetivo do ensino fundamental é que
os alunos sejam capazes de:
■ compreender a cidadania como participação social e
política, assim como exercício de direitos e deveres políticos,
civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade,
cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo
para si o mesmo respeito;
Organização e Legislação da Educação 75

■ posicionar-se de maneira crítica, responsável e


construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo
como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
■ conhecer características fundamentais do Brasil nas
dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir
progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o
sentimento de pertinência ao País;
■ conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio
sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais
de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer
discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social,
de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais
e sociais;
■ perceber-se integrante, dependente e agente
transformador do ambiente, identificando seus elementos e as
interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria
do meio ambiente;
■ desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e
o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física,
cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção
social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e
no exercício da cidadania;
■ conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e
adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da
qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à
sua saúde e à saúde coletiva;
■ utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática,
gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir, expressar
e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções
culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a
diferentes intenções e situações de comunicação;
■ saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos
tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
76 Organização e Legislação da Educação

■ questionar a realidade formulando-se problemas e


tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento
lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica,
selecionando procedimentos e verificando sua adequação
(BRASIL, 1997).
Ao analisar os objetivos do ensino fundamental,
observamos que os diversos documentos sobre o assunto visam
garantir a formação de indivíduos críticos e aptos a conviver em
sociedade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96
estabelece, em seu artigo 32, que o ensino fundamental deveria
ter a duração de 08 anos. Esse artigo teve alteração por meio
da Lei 11.274 de 2006, onde o ensino fundamental obrigatório
passou a ter a duração de 9 anos.
O objetivo do governo com essa proposta é oportunizar
um maior tempo do educando no convívio escolar, oferecendo
maior oportunidade de aprender e de ter uma educação de maior
qualidade.
Nesse sentido, podemos ver o ensino fundamental
de nove anos como mais uma estratégia de
democratização e acesso à escola. A Lei nº. 11.274,
de 6 de fevereiro de 2006, assegura o direito das
crianças de seis anos à educação formal, obrigando
as famílias a matriculá-las e o Estado a oferecer o
atendimento (BRASIL, 2007, p. 27).
Ao analisarmos a citação acima verificamos que o discurso
do governo na defesa do ensino fundamental de 9 anos busca
reafirmar um direito garantido desde a constituição, o acesso à
uma educação de qualidade para todos e a garantia de vaga e
estrutura adequada.
Por lei o ensino fundamental tem como característica ser
obrigatório e gratuito e com duração de 9 anos, devendo ser
Organização e Legislação da Educação 77

iniciado com 6 anos de idade completos até 31 de março do ano


da matrícula.
A Resolução nº 7 de 14 de Dezembro de 2010 do Conselho
Nacional de Educação (CNE) aborda as regras do corte etário
para as matrículas.
Art. 8º O Ensino Fundamental, com duração de 9
anos, abrange a população na faixa etária dos 6 aos
14 (quatorze) anos de idade e se estende, também, a
todos os que na idade própria, não tiveram condições
de frequentá-lo.
§ 1º É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental
de crianças com 6 anos completos ou a completar até
o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula,
nos termos da Lei e das normas nacionais vigentes.
§ 2º As crianças que completarem 6 anos após essa
data deverão ser matriculadas na Educação Infantil
(Pré-Escola) (BRASIL, 2010).
Como vimos, desde 2010 a regra está prevista, no entanto,
diversos estabelecimentos de ensino pelo Brasil, principalmente
os particulares, não consideravam esse corte para efetuar a
matrícula dos alunos nas escolas.
Devido esse cenário, o MEC (Ministério da Educação e
Cultura) por meio da Portaria nº 1.035/2018, publicou o Parecer
CNE/CEB nº 2/2018, reafirmando as regras do corte etário já
citados pelo CNE em 2010.

ACESSE

Para saber mais sobre o Conselho Nacional de Educação, leia o


arquivo sugerido. Disponivel em: https://bit.ly/2FSWJOF.
78 Organização e Legislação da Educação

Conforme aborda o Conselho Nacional de Educação em 2018:


3. O Ensino Fundamental, com duração de 9 anos,
abrange a população na faixa etária dos 6 aos 14
(quatorze) anos de idade e se estende, também, a
todos os que, na idade própria, não tiveram condições
de frequentá-lo, nos termos da Resolução CNE/CEB
nº 7/2010.
a) É obrigatória a matrícula no Ensino Fundamental
de crianças com 6 anos completos ou a completar até
o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula,
nos termos da Lei e das normas nacionais vigentes.
b) As crianças que completarem 6 anos após essa
data deverão ser matriculadas na Educação Infantil,
na etapa da pré-escola.
4. Excepcionalmente, as crianças que, até a data
da publicação desta Resolução, já se encontram
matriculadas e frequentando instituições educacionais
de Educação Infantil (creche ou pré-escola) devem
ter a sua progressão assegurada, sem interrupção,
mesmo que sua data de nascimento seja posterior
ao dia 31 de março, considerando seus direitos
de continuidade e prosseguimento sem retenção
(BRASIL, 2018).
O Conselho Nacional de Educação, além da idade de corte
para a matrícula no ensino fundamental, também determina que
o Ensino fundamental deverá ter a carga horária mínima de 800
horas de aula e pelo menos 200 dias letivos de atividade escolar.
Conforme o artigo 3º.
§ 3º A carga horária mínima anual do Ensino
Fundamental regular será de 800 (oitocentas) horas
relógio, distribuídas em, pelo menos, 200 (duzentos)
dias de efetivo trabalho escolar (BRASIL, 2018).
Organização e Legislação da Educação 79

Com a análise desse capítulo podemos verificar que o


Ensino Fundamental é uma etapa importante no desenvolvimento
infantil, dessa forma, há a necessidade de ter uma proposta
pedagógica que atenda a necessidade do educando e promova
cidadãos aptos a contribuir com a sociedade.

Ensino Médio: Finalidade, Duração,


Modalidades e Organização
O ensino médio, segundo a LDB 9394/96, é compreendido
como a etapa final da Educação Básica, com duração de 3 anos
tendo como finalidade:
I – a consolidação e o aprofundamento dos
conhecimentos adquiridos no ensino fundamental,
possibilitando o prosseguimento de estudos;
II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania
do educando, para continuar aprendendo, de modo
a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a
novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento
posteriores;
III – o aprimoramento do educando como
pessoa humana, incluindo a formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;
IV – a compreensão dos fundamentos científico-
tecnológicos dos processos produtivos, relacionando
a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina
(BRASIL, 1996).
Analisando as finalidades do Ensino Médio, podemos
perceber a preocupação em consolidar os conhecimentos e a
preparação para o trabalho e para cidadania. No entanto, esses
objetivos não foram atingidos, sendo necessárias novas reflexões
sobre o tema. A Resolução do CNE/CEB nº 4/2010 define as
80 Organização e Legislação da Educação

Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio, essas diretrizes


visavam melhorar a educação por meio de uma formação
mais humana que não se limite ao vestibular e prepare futuros
cidadãos.
Com o objetivo de preparar os alunos para se tornarem
cidadãos plenos, preparados para os desafios do século XXI, foi
desenvolvida a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) para
o ensino médio, contendo aprendizagens essenciais para todos
os alunos.

ACESSE

Para entender mais sobre a Base Nacional do Ensino Médio.


Disponível em: https://bit.ly/2RTh4s2.

ÁREA DE LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS


Figura 10 — Artes.

Fonte: Unsplash.

Componentes curriculares: Arte, Educação Física, Língua


Inglesa e Língua Portuguesa.
Organização e Legislação da Educação 81

Competências:
1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens
e práticas (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses
conhecimentos na recepção e produção de discursos nos
diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para
ampliar as formas de participação social, o entendimento e as
possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade
e para continuar aprendendo.
2. Compreender os processos identitários, conflitos e
relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem,
respeitar as diversidades, a pluralidade de ideias e posições e
atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na
democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando
a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e
combatendo preconceitos de qualquer natureza.
3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais
e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração,
protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma
crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista
que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a
consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito
local, regional e global.
4. Compreender as línguas como fenômeno (geo)político,
histórico, social, variável, heterogêneo e sensível aos contextos
de uso, reconhecendo-as e vivenciando-as como formas
de expressões identitárias, pessoais e coletivas, bem como
respeitando as variedades linguísticas e agindo no enfrentamento
de preconceitos de qualquer natureza. Compreender os múltiplos
aspectos que envolvem a produção de sentidos nas práticas
sociais da cultura corporal de movimento, reconhecendo- as
e vivenciando-as como formas de expressão de valores e
identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à
diversidade.
82 Organização e Legislação da Educação

5. Apreciar esteticamente as mais diversas produções


artísticas e culturais, considerando suas características locais,
regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre
as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir
produções autorais individuais e coletivas, de maneira crítica e
criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e
culturas.
6. Mobilizar práticas de linguagem no universo digital,
considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas
e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de
engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a
aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e
vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2018).

ÁREA DE MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS


Figura 11 — Números.

Fonte: Pixabay.

Componente curricular: Matemática.


Competências:
1. Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos
matemáticos para interpretar situações em diversos contextos,
sejam atividades cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza
Organização e Legislação da Educação 83

e Humanas, ou ainda questões econômicas ou tecnológicas,


divulgados por diferentes meios, de modo a consolidar uma
formação científica geral.
2. Articular conhecimentos matemáticos ao propor e/
ou participar de ações para investigar desafios do mundo
contemporâneo e tomar decisões éticas e socialmente
responsáveis, com base na análise de problemas de urgência
social, como os voltados a situações de saúde, sustentabilidade,
das implicações da tecnologia no mundo do trabalho, entre
outros, recorrendo a conceitos, procedimentos e linguagens
próprios da Matemática.
3. Utilizar estratégias, conceitos e procedimentos
matemáticos, em seus campos — Aritmética, Álgebra,
Grandezas e Medidas, Geometria, Probabilidade e Estatística
—, para interpretar, construir modelos e resolver problemas em
diversos contextos, analisando a plausibilidade dos resultados
e adequação das soluções propostas, de modo a construir
argumentação consistente.
4. Compreender e utilizar, com flexibilidade e fluidez,
diferentes registros de representação matemáticos (algébrico,
geométrico, estatístico, computacional etc.), na busca de solução
e comunicação de resultados de problemas, de modo a favorecer
a construção e o desenvolvimento do raciocínio matemático.
5. Investigar e estabelecer conjecturas a respeito de
diferentes conceitos e propriedades matemáticas, empregando
recursos e estratégias como observação de padrões,
experimentações e tecnologias digitais, identificando a
necessidade, ou não, de uma demonstração cada vez mais formal
na validação das competências conjecturas. (BRASIL, 2018).
84 Organização e Legislação da Educação

Área de Ciências da Natureza e suas


Tecnologias
Figura 12 — Ciências da Natureza.

Fonte: Pixabay.

Componente curricular: Ciências.


Competências:
1. Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos,
com base nas relações entre matéria e energia, para propor ações
individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos,
minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições
de vida em âmbito local, regional e/ou global.
2. Construir e utilizar interpretações sobre a dinâmica da
Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar
previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e
do Universo, e fundamentar decisões éticas e responsáveis.
3. Analisar situações-problema e avaliar aplicações do
conhecimento científico e tecnológico e suas implicações no
mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das
Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem
demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas
Organização e Legislação da Educação 85

descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos


contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais
de informação e comunicação (TDIC). (BRASIL, 2018).

Área de Ciências Humanas e Sociais


Aplicadas
Figura 13 — Ciências Sociais.

Fonte: Pixabay.

Componente curricular: Política e Trabalho, Tempo e


Espaço, Território e Fronteira, Indivíduo, Natureza, Sociedade,
Cultura e Ética, Política e Trabalho.
Competências:
1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais,
ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional
e mundial em diferentes tempos, a partir de procedimentos
epistemológicos e científicos, de modo a compreender e
posicionar-se criticamente com relação a esses processos e às
possíveis relações entre eles.
2. Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes
tempos e espaços, mediante a compreensão dos processos
86 Organização e Legislação da Educação

sociais, políticos, econômicos e culturais geradores de conflito e


negociação, desigualdade e igualdade, exclusão e inclusão e de
situações que envolvam o exercício arbitrário do poder.
3. Contextualizar, analisar e avaliar criticamente as relações
das sociedades com a natureza e seus impactos econômicos
e socioambientais, com vistas à proposição de soluções que
respeitem e promovam a consciência e a ética socioambiental
e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e
global.
4. Analisar as relações de produção, capital e trabalho em
diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo o papel
dessas relações na construção, consolidação e transformação das
sociedades.
5. Reconhecer e combater as diversas formas de
desigualdade e violência, adotando princípios éticos,
democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos
Humanos.
6. Participar, pessoal e coletivamente, do debate público de
forma consciente e qualificada, respeitando diferentes posições,
com vistas a possibilitar escolhas alinhadas ao exercício da
cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia,
consciência crítica e responsabilidade. (BRASIL, 2018).
As áreas do conhecimento descritas na Base Nacional
da Educação Ensino Médio contêm Competências Gerais e
Específicas, com o objetivo de desenvolver competências que
possibilitem o aluno não apenas a adquirir conhecimento para a
conclusão do ensino médio e o acesso ao ensino superior, mas
que possam interpretar o mundo ao seu redor e contribuir por
meio de ações e reflexões com a sociedade da qual fazem parte.
O Ensino Médio passou por uma reforma, por meio da
Medida Provisória nº 748/2016, com objetivo de melhorar a
qualidade da educação, diminuir a evasão escolar e elevar o
atendimento de adolescentes entre 15 e 17 anos.
Organização e Legislação da Educação 87

ACESSE

Para entender mais o debate sobre a reforma do ensino médio.


Acesse a matéria sugerida. Disponível em: https://bit.ly/2ffbqA2.

Na reforma, o ensino médio profissionalizante passou por


novas regras, sendo elas:
■ cursar 1.800 horas-aula dedicadas à área do
conhecimento;
■ cursar 1.200 horas para itinerários formativo de livre
escolha dos alunos, compostos por 5 áreas de conhecimentos
(Linguagens suas tecnologias, Matemática, Ciência da Natureza,
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Formação Técnica e
Profissional).
Durante o estudo sobre a etapa da educação básica, é
possível analisar que o assunto sobre a qualidade da educação
está em constante debate. Alguns resultados apresentados por
avaliações externas demonstram a fragilidade da educação
através dos altos índices de evasão escolar entre os jovens de 15
a 17 anos.
Sendo assim, evidencia-se iniciativas educacionais
importantes e significativas, objetivando o aluno como
protagonista do seu conhecimento, buscando uma educação de
qualidade para todos de acordo com a Constituição Federal de
1988.
88 Organização e Legislação da Educação

Figura 14 — Jovens e adultos na escola.

Fonte: Pixabay.

Educação de Jovens e Adultos


A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é o ensino para
aqueles que não tiveram a oportunidade de cursar os estudos na
idade apropriada. Conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases
9394/96: “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles
que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria” (BRASIL, 1996).
Configura-se como uma política social, uma vez que
por meio da construção do conhecimento cria condições
para melhorar a oportunidade de vida, trabalho e inserção na
sociedade, pois muitas vezes essas pessoas, pela interrupção dos
seus estudos, se sentem excluídas de uma vida social.
Para que o ensino seja significativo segundo as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos
(2010), devem ser considerados interesses, perfis e faixas etárias,
onde a escola deve proporcionar princípios de equidade e um
projeto pedagógico próprio para atender essas especificidades.
Organização e Legislação da Educação 89

ACESSE

Para entender um pouco mais sobre as Diretrizes Curriculares


Nacionais para o EJA, leia as DCNs. Disponível em https://bit.
ly/3LkZGXZ.

A escola deve, ao conhecer quem é o aluno do EJA,


promover atividades que estimulem a troca de experiência entre
os alunos, considerando suas vivências e a partir desses relatos
promover exercícios que busquem a reflexão e construção de
novos conhecimentos.
Figura 15 — Interação de adultos em sala de aula.

Fonte: Pixabay.

A carga horária para os cursos de Educação de Jovens e


Adultos (EJA) é:
■ duração mínima de 1.600 horas para séries finais do
Ensino Fundamental;
■ duração mínima de 1.200 horas para o Ensino Médio.
90 Organização e Legislação da Educação

O EJA é um importante instrumento para atender uma


das metas do Plano Nacional de Educação, que visa até 2024
erradicar o analfabetismo. Para alcançar esse objetivo os Estados
e os Municípios devem dividir a responsabilidade e possibilitar
a oferta de acesso e oportunidade assegurado pela Constituição
Federal para todos.

ACESSE

Para conhecer as metas do Plano Nacional de Educação.


Leia Planejando a Próxima Década, disponível em:
https://bit.ly/1tdckZX.

Educação Especial
A Educação Especial é uma modalidade que se refere às
pessoas com necessidades especiais, o atendimento educacional
deve ser realizado prioritariamente em escolas regulares.
Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei,
a modalidade de Educação escolar, oferecida preferencialmente
na rede regular de ensino, para educandos portadores de
necessidades especiais (BRASIL, 1996).
A Educação Especial tem os mesmos objetivos de uma
educação regular, o que se diferencia é que o atendimento
deve ser considerado a partir das diferenças do educando. As
diferenças dos educandos na educação especial são divididas em
categorias, são elas:
■ Treináveis: necessitam de ajuda e supervisão;
■ Educáveis: frequentam escolas regulares e, no contra
turno, classes especiais.
Organização e Legislação da Educação 91

A Declaração Mundial de Educação para todos, aprovada


em 1990, trata da universalização de acesso e o princípio de
equidade em relação aos alunos com deficiência que possuem
necessidades especiais.
O termo equidade significa dar as mesmas condições e
oportunidades para que todos atinjam os mesmos resultados,
garantindo a igualdade de direitos para todos.
A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 determina que a
educação de pessoas com necessidades especiais deve ocorrer
preferencialmente em estabelecimentos de ensino regular, sendo
o seu acesso dever do Estado e da Família.
O artigo 59 da LDB orienta que as escolas devem garantir
aos estudantes:
I – currículos, métodos, técnicas, recursos
educativos e organização específicos, para atender
às suas necessidades;
II – terminalidade específica para aqueles que não
puderem atingir o nível exigido para a conclusão
do ensino fundamental, em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor
tempo o programa escolar para os superdotados;
III – professores com especialização adequada
em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino
regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns;
IV – educação especial para o trabalho, visando
a sua efetiva integração na vida em sociedade,
inclusive condições adequadas para os que não
revelarem capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os
órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
92 Organização e Legislação da Educação

apresentam uma habilidade superior nas áreas


artística, intelectual ou psicomotora;
V – acesso igualitário aos benefícios dos
programas sociais suplementares disponíveis para
o respectivo nível do ensino regular (BRASIL,
1996).

ACESSE

Para saber mais sobre o artigo 59 da LDB. Disponível em:


https://bit.ly/2USezqp.

O Brasil, nos últimos anos, tem se destacado por possibilitar


o acesso à escola comum aos alunos com deficiência. No entanto,
deve ser observado que o fato de permitir o acesso não torna a
inclusão efetiva, pois a inclusão vai além do acesso, abrange a
transformação da escola em um lugar significativo.
Transformar a escola significa, portanto, criar as condições
para que todos os alunos possam atuar efetivamente nesse espaço
educativo, focando as dificuldades do processo de construção
para o ambiente escolar e não para as características particulares
dos alunos (IBGE/MEC, 2010, p. 34).
A inclusão leva em consideração a preparação da escola,
professores e profissionais da educação, para estarem aptos a
receberem esses alunos independentes das suas especificidades.
Muitas vezes encontramos professores que possuem
resistência em aceitar alunos com necessidades especiais em sua
sala de aula, por falta de conhecimento e preparo ou por receio
de ter que preparar uma proposta pedagógica que se adeque as
necessidades desses educandos.
Organização e Legislação da Educação 93

Sabemos da dificuldade de estrutura e número de alunos


por sala, no entanto, o papel do educador é ser agente de
transformação. A escola só conseguirá promover a transformação
da educação se criar oportunidade para todos aprenderem e
terem seus direitos e especificidades respeitados.
Conforme aborda Mantoan (1998):
[...] uma verdadeira transformação da escola, de tal
modo que o aluno tenha a oportunidade de aprender,
mas na condição de que sejam respeitados as suas
peculiaridades, necessidades e interesses, a sua
autonomia intelectual, o ritmo e suas condições de
assimilação dos conteúdos curriculares (MANTOAN,
1998, p. 3).
A escola deve propiciar momentos de reflexões e respeito
às diferenças, criar oportunidades para que todos se desenvolvam
independente das suas dificuldades, propiciando um ambiente
que favoreça a construção de futuros cidadãos aptos a lidar com
as diferenças e exercer sua cidadania.
94 Organização e Legislação da Educação
03
UNIDADE

CURRÍCULO, AVALIAÇÃO, FORMAÇÃO DOCENTE E RECURSOS PARA A EDUCAÇÃO.


96 Organização e Legislação da Educação

INTRODUÇÃO
Durante a evolução da nossa sociedade, encontramos
significativos progressos nos assuntos que tangem a educação
seja no currículo, na formação docente, na avaliação ou nos
recursos para a educação.
Nessa unidade iremos conhecer sobre a evolução e o
entendimento sobre currículos e a forma com que eles refletem
na formação do educando, iremos compreender sobre o processo
avaliativo e sua função no processo ensino aprendizado.
Outro assunto que impacta a qualidade da educação é
a formação dos professores, iremos discutir sobre como se
estrutura essa formação e como o plano nacional de educação
visa utilizar essa formação como mecanismo de melhora da
educação.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai
mergulhar neste universo!
Organização e Legislação da Educação 97

OBJETIVOS
Olá, querido(a) aluno(a). Seja muito bem-vindo a nossa
Unidade 3 — Currículo, Avaliação, Formação docente e recursos
para a educação. Nesta unidade, o nosso objetivo é auxiliá-lo no
desenvolvimento das competências profissionais.

1 Compreender os conceitos, histórico e evolução do


currículo e a verificação do rendimento escolar.

2 Analisar os PCNS – Parâmetros Curriculares


Nacionais.

3 Observar a formação dos profissionais da educação:


agências formadoras e tipos de profissionais.

4 Identificar os recursos financeiros para a educação,


as responsabilidades da união, estados e munícipios.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo


ao conhecimento? Ao trabalho!
98 Organização e Legislação da Educação

Compreendendo os conceitos, histórico e


evolução do currículo e a verificação do
rendimento escolar
Vivemos em uma sociedade repleta de desigualdades,
sejam elas econômicas ou sociais, a escola tem como objetivo
oferecer condições de acesso e aquisição de conhecimento a
todos, assim, para que esse objetivo seja atingido pela escola é
fundamental analisar a concepção e a estrutura do seu currículo.
Ao longo desta aula iremos estudar sobre os conceitos e
a história do currículo e o debate em torno da verificação da
aprendizagem. Dúvidas? Não se preocupe, recorra ao fórum
de dúvidas e discussões para socializar o seu conhecimento e
esclarecer todas as suas dúvidas. Nós estaremos a sua disposição
em caso de dificuldades!

Conceito do currículo
Durante a evolução do homem, percebemos que ele sempre
produziu conhecimento por meio da interação com o outro, e
transmitia esse aprendizado aos outros integrantes da sociedade,
seja pela comunicação ou pela arte, registrando suas histórias e
conhecimentos.
Figura 1 — Homens das cavernas.

Fonte:Freepik.
Organização e Legislação da Educação 99

O aprendizado informal, adquirido pelo contato com o


outro, foi dando lugar para o aprendizado formal, que é o acesso ao
conhecimento estruturado dentro de uma instituição de ensino.
A estruturação do conhecimento se dá pelo significado que
este passa a receber da escola, elaborado pelo próprio homem
durante a evolução da sua história.
A partir desse entendimento de aprendizado formal, surgiu
a necessidade de um currículo que estabelecesse como e para
que os currículos deveriam ser desenvolvidos.
Segundo o dicionário Aurélio (2002), currículo significa
o ato de correr, desvio para encurtar o caminho, e descrição do
conjunto de conteúdos ou matérias de um curso.
O conceito presente no dicionário Aurélio é o que
comumente encontramos para descrever o que seria um
currículo, mas este se define como algo muito mais amplo do
que simplesmente um conjunto de conteúdos.
Conforme Salviani (1996):
Entretanto, no âmbito dos especialistas nessa matéria tem
prevalecido a tendência a se considerar o currículo como sendo
o conjunto das atividades (incluído o material físico e humano a
elas destinado) que se cumprem com vistas a determinado fim.

SAIBA MAIS

O currículo deve estar voltado para elucidar o que deve ser feito,
para que se atinja o objetivo proposto para aquele conteúdo.
Dessa forma, a ideia de currículo se torna mais complexa, pois
não é simplesmente o conjunto de um determinado conteúdo,
mas sim ideias econômicas, políticas, culturais e até mesmo
históricas, que estão em torno da aquisição desses conteúdos.
100 Organização e Legislação da Educação

O modo como esse currículo estará organizado será


determinado pelo objetivo que se pretende atingir, seja para a
aquisição de um conhecimento a fim de exercer apenas uma
função no mercado de trabalho ou com o objetivo de transformar
o aluno em um cidadão crítico e questionador, para as questões
que estão em torno do seu dia a dia.
Sendo assim, compreender as questões econômicas,
políticas e culturais se fazem necessárias, uma vez que por meio
dessa análise pode se organizar um currículo de acordo com os
objetivos que se pretende atingir.
A escola, ao refletir sobre os objetivos que a escolarização
visa naquele grupo, deve buscar analisar o meio em que esses
alunos, que são os protagonistas do processo de aprendizado,
estão inseridos, uma vez que a elaboração do currículo não é algo
fixo, mas algo flexível que deve ser composto pelos participantes
da vida escolar, para que esse aprendizado possa ter sentido.
O currículo deve buscar propor conhecimento sobre algo
vivenciado pelo estudante ou fazê-lo pensar ou agir de modo
diferente pela reflexão de seus atos e atitudes.
A Lei de diretrizes e bases 9394/96 determina que seja
desenvolvida uma base nacional comum curricular e uma base
diversificada, e que a escola deve elaborar sua própria proposta
pedagógica; com isso nota-se a importância de analisar as
especificidades da onde está inserida a escola, para tornar a
elaboração da proposta pedagógica algo coerente com o seu
meio.
Organização e Legislação da Educação 101

Figura 2 — Sala de aula.

Fonte: Pixabay.

O currículo escolar é um documento que ganhará vida


na vivência pedagógica, por isso deve estar relacionado com o
projeto político pedagógico da escola e ser desenvolvido com
toda comunidade escolar, buscando atender, além do conteúdo
comum, as particularidades de cada instituição. Segundo Veiga
(2002):
Currículo é uma construção social do conhecimento,
pressupondo a sistematização dos meios para que esta
construção se efetive; a transmissão dos conhecimentos
historicamente produzidos e as formas de assimilá-
los, portanto, produção, transmissão e assimilação
são processos que compõem uma metodologia de
construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja,
o currículo propriamente dito. (VEIGA, 2002, p.7)
O referido autor ressalta que o currículo é composto de uma
metodologia de construção coletiva, ou seja, não pode deixar de
102 Organização e Legislação da Educação

considerar todos os envolvidos no processo de aprendizagem,


sejam eles professores ou alunos, para que o ensino alcance os
resultados esperados.
Segundo Salviani (2016), currículo é o conjunto de
atividades desenvolvidas na escola, incluindo as atividades
extracurriculares. A escola deve promover atividades que
busquem refletir sobre a realidade do educando, dessa forma esse
aluno terá condições de compreender o conteúdo historicamente
elaborado, desenvolvendo sua criticidade frente ao seu meio e
não apenas a repetição de aprendizados.
Figura 3 — Estudante.

Fonte: Freepik.

A escola, quando não promove a reflexão do educando


e busca apenas a repetição de conteúdos historicamente
elaborados, tem como objetivo formar cidadãos aptos a apenas
reproduzir, perpetuando a ideia de que existe somente uma
sociedade ideal, e que todos devem fazer parte dessa sem
promover questionamentos e aceitando sua condição frente a
essa sociedade.
Organização e Legislação da Educação 103

O currículo passou por inúmeras concepções de acordo


com o momento social que a sociedade estava enfrentando.
Segundo Soares (1986):
As causas do sucesso ou do fracasso devem ser
buscadas nas características dos indivíduos: a
escola oferece igualdade de oportunidades; o bom
aproveitamento dessas oportunidades dependerá do
dom — aptidão, inteligência, talento — de cada um.
(SOARES, 1986, p. 10).
Esse autor reflete um momento da história no qual a
escola tinha o objetivo de formar apenas mão de obra, pois se
acreditava que a sociedade já estava demarcada pelo “dom”, e
cabia ao aluno apenas reproduzir o conhecimento adquirido e ser
a mão de obra ideal para o mercado de trabalho que a sociedade
necessitava.
Figura 4 — Precisa-se de mão de obra.

PRECISA-SE DE MÃO DE OBRA


Fonte: a autora.

Em contraponto existem concepções que acreditam que


a escola deve ser um espaço de reflexão, para que se formem
cidadãos críticos que utilizem das suas experiências para
aprimorar seus conhecimentos.
Conforme Soares (1986):
A escola ao negar as classes populares o uso de
sua própria linguagem (que censura e rejeita), ao
mesmo tempo que fracassa em levá-las ao domínio
da linguagem de prestígio, está cumprindo seu papel
de manter as discriminações e a marginalização e,
portanto, de reproduzir as desigualdades. (SOARES,
1986, p. 72).
104 Organização e Legislação da Educação

Essa citação vem reforçar a importância de se considerar o


meio social e os alunos que compõem o processo educativo, não
para desconsiderar o conteúdo historicamente construído pela
sociedade, mas para dar significado ao conhecimento informal
disseminado no meio em que ele está envolvido, para que não se
propague uma sociedade injusta e desigual.
Ao desenvolver um currículo, a escola deve refletir o tipo
de indivíduo que pretende formar, por meio do professor como
um mediador do conhecimento, que deve buscar recursos para
atingir esse objetivo proposto.
Figura 5 — Objetivos.

Fonte: Freepik.
Organização e Legislação da Educação 105

ACESSE

Para saber mais sobre as contribuições do currículo para o


contexto escolar em: https://bit.ly/33nuVLQ.

Currículo: Histórico, Evolução e a Verificação


da Aprendizagem
O Brasil sofreu influência, na sua concepção de currículo,
de vários países, entre eles os Estados Unidos, fazendo com
que pesquisadores fossem nessas literaturas buscar base para o
modelo brasileiro.
Conforme cita Pedra (1997):
A inteligência nacional não conseguiu criar
pensamentos autonômicos sobre o currículo,
mesmo porque a tradição brasileira fora a de
programas (mais o feitio francês) e não a de
currículo (ideia possível aos norte-americanos em
virtude da grande descentralização do seu sistema
escolar). Assim não restaram muitas alternativas
senão a de buscar nos textos norte-americanos o
conteúdo e a forma de pensar e fazer currículo.
(PEDRA, 1997, p. 33).
106 Organização e Legislação da Educação

IMPORTANTE

Importante ressaltar que os educadores brasileiros buscavam


a base do currículo e o adaptavam para o contexto de ensino
brasileiro.

Em 1549 os jesuítas chegam ao Brasil e com isso se inicia


o processo educacional, eles desenvolveram ensinamentos e a
maneira de aprendizado, para os grupos que eram considerados
mais importantes e influentes socialmente e economicamente
ou com foco na evangelização. Os jesuítas implantaram o Ratio
Studiorum focado na seleção, sistematização e memorização
de conteúdos para catequisar os índios, sendo marcado pela
pedagogia tradicional que via o homem como um ser imutável.
Conforme Saviani (2007):
Essa concepção pedagógica caracteriza-se por uma
visão essencialista de homem, isto é, o homem é
concebido como constituído por uma essencial
universal e imutável. (SALVIANI, 2007, p. 58)
Figura 6 — Catequização dos indígenas.

Fonte: Wikimedia Commons.


Organização e Legislação da Educação 107

A avaliação no modelo Ratio Studiorum tinha como


objetivo verificar o que o aluno memorizou, avaliando a
concentração, silêncio e a ordem.
Nas orientações da Ratio, os exercícios e as avaliações
de aprendizagem devem ser adotadas pelos docentes,
sugerindo-se, ainda, a realização de torneios ou
disputas na sala de aula, onde os alunos sejam
desafiados a resolver exercícios diante de autoridades
e convidados. No terceiro momento, denominado
“emulação”, os alunos são estimulados a competir
com os próprios colegas de classe e com os de outras
salas. Para essa premiação, os jesuítas preparavam
solenidades pomposas, convocando autoridades
eclesiásticas e civis, e as famílias dos alunos.
A emulação constitui uma das forças psicológicas
mais ativas e eficientes e sempre foi incentivada
pelos jesuítas, mediante o ingresso dos alunos mais
talentosos e esforçados na academia. (ARANHA,
1989).
A tendência tradicional de ensino foi utilizada no Brasil
até a Proclamação da República, sendo marcada por um ensino
baseado na verdade absoluta, com foco na memorização e na
verificação de resultados.
No decorrer da história outros métodos com influências
estrangeiras forma implantados, como o ensino mútuo, no
qual os alunos que se destacavam eram convidados a auxiliar
os outros alunos na aquisição do conhecimento. No Brasil, na
segunda metade do século XIX, observam-se sinais de mudança
na educação, com a preocupação da ineficiência do ensino, dando
início ao método intuitivo que busca a utilização de materiais de
apoio como lousa, globo, mapas para melhorar a qualidade da
educação.
108 Organização e Legislação da Educação

Figura 7 — O globo.

Fonte:Wikimedia Commons.

Jonh Dewey foi o primeiro autor que encontramos a


discorrer sobre o currículo, mas o assunto que ele aborda não tem
como foco o que compreendemos como currículo atualmente,
mas sim a prática do professor dando autonomia para ele
escolher seu meio e ambiente necessário para o aluno adquirir
conhecimentos.
Franklin Jonh Bobbitt, um teórico americano, afirmava
que o currículo é um conjunto de habilidades que a criança deve
desenvolver, para quando for adulto estar preparada para outras
coisas.
Organização e Legislação da Educação 109

Figura 8 — Criança estudando.

Fonte: Pixabay.

Diante da industrialização no país, os Estados Unidos


começou a observar a escola como uma empresa, analisando,
assim, onde se pretendia chegar e os métodos que utilizaria para
atingir esse objetivo.

ACESSE

Para saber mais leia o artigo sobre Currículo no Contexto


Escolar. Disponível em: https://bit.ly/2McROfc.
110 Organização e Legislação da Educação

A Revolução Francesa, oriunda na Europa, trouxe para


o Brasil uma nova concepção de sociedade e educação, dando
origem a um importante movimento denominado escola nova,
que defendia o desenvolvimento da individualidade e da
autonomia, o professor passa a ser o facilitador da aprendizagem,
esse é o início da preocupação e do debate sobre o currículo.
A escola nova era um movimento que defendia
a educação ativista, o desenvolvimento da
individualidade e da autonomia. A ênfase se dava
na capacidade do aluno em aplicar os conhecimentos
em situações vividas e não apenas na acumulação de
conhecimento. (ARANHA, 2006, p. 263).
A Escola Nova propõe um modelo no qual o aluno tenha
liberdade de se expressar, fazendo a avaliação ser uma etapa
desse processo e não um momento de valorização do acumulo
de informações.
A avaliação é compreendida nesta abordagem
como um processo válido para o aluno e não para
o professor e entende-se que ela constitui apenas
uma das etapas da aprendizagem. Nela não se pode
visar só aos aspectos intelectuais, mas sim às atitudes
e à aquisição de habilidades. (LUSTOSA JÚNIOR,
2013, p. 4).
Influenciados pelas ideias de John Dewey e Durkeim, os
intelectuais da escola nova acreditavam ser a educação o único
meio capaz de construir uma sociedade democrática, com os
mesmos direitos de oportunidades para todos.
O movimento da escola nova fazia críticas ao modelo
tradicional pedagógico implantado pelos jesuítas, e defendia que
a educação é composta por experiências que têm como objetivo
melhorar o ser humano.
Organização e Legislação da Educação 111

Anísio Teixeira, influenciado pelos pensamentos de Dewey,


iniciou o processo de preocupação na organização do currículo
escolar. Conforme observamos em Moreira (2001).
Teixeira chamou assim, a atenção para a importância
de se organizar o currículo escolar em harmonia
com os interesses e estágios de desenvolvimento
das crianças baianas. O currículo no entanto, foi
ainda centrado nas disciplinas, mas de acordo com
a realidade e as possibilidades do estado, carente de
professores bem preparados capazes de implementar
um currículo centrado nas atividades. (MOREIRA,
2001, p. 88).
Os ideais defendidos pela escola nova sobre a concepção
do currículo são visualizados até os dias atuais, assim, o currículo
é tido como um importante instrumento para democratizar a
educação.

SAIBA MAIS

Em 1938 foi criado o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


(Inep), após a sua criação os estudos sobre currículo passaram
a ter mais força; buscou-se discutir os problemas educacionais
e propagar os novos ideais pedagógicos em relação a análise
do interesse sociais das crianças e sobre as avaliações escolares
serem um instrumento, e não o final do processo educacional.

Em 1960 foi introduzido no Brasil o ensino tecnicista


com ênfase na produção, este tinha como objetivo a exatidão,
os currículos eram baseados nos princípios científicos e manuais
que buscavam na exatidão a excelência da técnica.
112 Organização e Legislação da Educação

Figura 9 — Industria.

Fonte: Pixabay.

Insatisfeitos com a metodologia tecnicista, autores como


Michel Apple e Henry Giroux, influenciados por Paulo Freire,
implantaram a teoria crítica que questiona o currículo como um
instrumento de dominação ideológica, que cria condições para a
seleção e transmissão de conteúdos, de acordo com o interesse
da burguesia.
A partir da década de 1980, as ideais da teoria crítica
desenvolveram uma nova forma de compreender o currículo, e
em 1988, com a implantação da constituição brasileira e mais
tarde com a LDB em 1996, estabeleceu-se a implantação de um
currículo mínimo de modo a assegurar uma formação básica
comum a todos os estudantes.
A partir da introdução do currículo na lei, muitos
debates sobre o assunto surgiram para buscar compreender: a
complexidade do processo educativo e os desafios encontrados
para que o currículo supere as influências econômicas e sociais,
passando a ser um instrumento de oportunidades para todos.
Organização e Legislação da Educação 113

Contudo, a educação sempre esteve relacionada ao


interesse social da classe dominante, e após a introdução da
ditadura militar pelo presidente Getúlio Vargas, surgiu uma nova
era na educação, denominada “pós crítica”.
A educação brasileira, ao longo da história, é marcada por
teorias baseadas em:
Teorias Não Críticas — composta pelas tendências
tradicionais, escola nova e escola tecnicista, que tinham como
característica sua neutralidade diante das questões sociais e
políticas. Nesse cenário a função da escola é preparar o educando
para desempenhar papeis sociais.
a. Escola tradicional: composta por disciplinas específicas
e conteúdos isolados, tem como objetivo prepara o aluno para
atuar na sociedade, não promove debates ou reflexões.
b. Escola Nova: propõe o desenvolvimento de projetos
com base no interesse dos alunos, ênfase no processo de
aprendizagem, o professor é visto como um facilitador do
conhecimento, não promove a ênfase na criticidade do educando.
c. Escola Tecnicista: da importância ao desenvolvimento de
competências e habilidades específicas, molda o comportamento
de acordo com a técnica, o educando é visto como alguém que
irá receber a transmissão do conhecimento, desconsidera o seu
pensar, criar e refletir.
Teorias Críticas: critica a perpetuação da desigualdade
social pelas práticas escolares, é composta pela pedagogia crítico-
reprodutiva, defende a criação de um currículo emancipador
que faz críticas a disseminação da cultura e da língua da classe
dominante.
Teorias Pós Críticas: ressalta que o currículo deve ser
elaborado a partir dos interesses dos educandos e de acordo com os
significados da realidade expressa pelos diálogos, a importância
de se ouvir o aluno; é composta pela pedagogia histórico-crítica,
114 Organização e Legislação da Educação

que propõem que os conteúdos sejam interligados de modo a


favorecer uma análise crítica dos alunos, o professor passa a ser
o mediador do processo ensino aprendizagem

++
+
EXPLICANDO DIFERENTE

A pedagogia histórico-crítica busca superar o modelo


reprodutivista do currículo, se adequando dessa forma aos reais
interesses da sociedade.

Assim, a escola deve criar condições para que se desenvolva


o aprendizado por meio de diferentes interações, conhecendo
as especificidades de cada integrante da comunidade escolar
e promovendo a mediação das diferentes disciplinas com o
conteúdo básico pré-estabelecido.
Deve ser analisado, além de quem são os personagens
que compõem a comunidade escolar, o papel da escola naquela
comunidade, e qual o cidadão que gostaria de formar para poder
estar atuando na sociedade.
Com base nesses questionamentos, serão constituídos
currículos que irão desenvolver cidadãos críticos e reflexivos,
por meio de aprendizados significativos que promovam
transformação no educando.
Conforme analisamos, a sociedade evoluiu, o entendimento
sobre currículo e o papel dos alunos e professores foram sendo
repensados, e as avaliações do rendimento escolar também
foram sendo revistos.
Sousa (2014) afirma que a avaliação deve ser compreendida
por meio de uma análise geral do ambiente escolar, além de ser
englobado os aspectos gerais e particulares de cada ambiente
escolar.
Organização e Legislação da Educação 115

Ao passo que o aluno se tornou o centro do processo


de ensino aprendizado, o ato de avaliar deve ser utilizado
para reavaliar e tomar decisões sobre a forma de trabalho do
professor, para que este consiga atingir os resultados esperados
pelos educandos.
A concepção de avaliação como um processo
amplo de subsídio para tomada de decisão no
âmbito dos sistemas de ensino é algo recente no
Brasil, e deve ser entendido como um processo
que vise contemplar competências e habilidades, o
próprio currículo, os hábitos de estudo dos alunos,
as estratégicas de ensino dos professores, o tipo de
gestão dos diretores e os recursos a eles oferecidos
para melhor realizar o seu trabalho. (MACHADO;
ALAVARSE, 2014, p. 429).
A avaliação deve ser considerada para uma análise que
contemple as competências, currículos, didática de ensino,
gestão e recursos com objetivo de desenvolvimento pleno do
educando.
Dessa forma, a verificação do rendimento escolar deve
ser apenas um instrumento para que se promova uma análise do
trabalho desempenhado pela escola, promovendo a reflexão das
práticas desenvolvidas pelos docentes para que desenvolvam
alunos aptos a exercer a cidadania.
[...] as avaliações são postas como subsídios para
se repensar as políticas pedagógicas como foco
nas funções diagnósticas e formativa da avaliação
educacional. Tais funções destacam o fato de que
testes e provas não se configuram como avaliação,
mas, sim, são instrumentos e procedimentos que
favorecem a avaliação. (MACHADO; ALAVARSE,
2014, p. 429).
116 Organização e Legislação da Educação

O ato de avaliar implica no ato de acolher o aluno, com


base no conhecimento que ele já possui do assunto, e no de
promover uma reflexão da pratica pedagógica, que deverá ser
desenvolvida pela escola e pelos professores para desenvolver
objetivos e modos para fazer o educando atingir os objetivos
propostos.
Dessa forma, a avaliação não deve ser vista como algo
tirano, mas sim como um importante instrumento a ser utilizado
em prol da melhora da qualidade da educação.

ACESSE

Indagações sobre o currículo — Currículo e Avaliação em:


https://bit.ly/1VBWkTd.

Os PCNS — Parâmetros Curriculares


Nacionais
Nesta aula iremos refletir sobre os Parâmetros Curriculares
Nacionais, analisando seus objetivos, estrutura e como eles são
importantes para garantir o direito de que todas as crianças,
jovens e adolescentes do Brasil, possam usufruir de um conjunto
de conhecimentos necessários para o exercício da cidadania.
Vamos juntos promover esse conhecimento?
Organização e Legislação da Educação 117

Definição e Objetivos dos Parâmetros


Curriculares Nacionais
A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 reafirma a necessidade
de oferecer uma formação básica a todos, para isso determina
um conjunto de diretrizes que irão nortear a educação do Brasil,
para a etapa da educação denominada ensino fundamental e
médio, foi elaborado os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, conhecidos como
PCNs, são um conjunto de documentos sobre cada uma das
áreas de ensino, que visam orientar a elaboração dos currículos
em todo o Brasil.
Sua função é orientar e garantir a coerência dos
investimentos no sistema educacional, socializando
discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando
a participação de técnicos e professores brasileiros,
principalmente daqueles que se encontram mais
isolados, com menor contato com a produção
pedagógica atual. (BRASIL, 1997, p. 10).
Figura 10 — Livros.

Fonte: Freepik.
118 Organização e Legislação da Educação

Como podemos observar, o PCN não se trata de um


documento impositivo, mas sim uma orientação flexível de acordo
com a realidade educacional em que a escola está inserida, assim,
caberá à escola e aos professores utilizarem essas orientações,
respeitando as diversidades culturais, sociais e econômicas, para
garantir uma educação de qualidade a todos.
Por sua natureza aberta, configuram uma proposta
flexível, a ser concretizada nas decisões regionais
e locais sobre currículos e sobre programas
de transformação da realidade educacional
empreendidos pelas autoridades governamentais,
pelas escolas e pelos professores. Não configuram,
portanto, um modelo curricular homogêneo e
impositivo, que se sobreporia à competência político-
executiva dos Estados e Municípios, à diversidade
sociocultural das diferentes regiões do País ou à
autonomia de professores e equipes pedagógicas.
(BRASIL, 1997, p. 10).
Alguns dos objetivos dos PCNs são proporcionar aos
educadores:
■ reflexão sobre as expectativas de aprendizagem e
métodos de avaliação;
■ analisar os objetivos propostos e as práticas pedagógicas;
■ preparar planejamento que orientem o trabalho na sala
de aula;
■ discutir o que leva o aluno a participar ou não das
atividades propostas em sala de aula;
■ produzir materiais que promovam uma aprendizagem
significativa;
■ promover a discussão de temas relacionados a educação
com pais e responsáveis.
Organização e Legislação da Educação 119

ACESSE

Para saber mais acesse Parâmetro Curriculares Nacionais e a


Autonomia da Escola: https://bit.ly/1VBWkTd.

Os PCNs proporcionam uma reflexão e discussão do


cotidiano da prática pedagógica, revendo conteúdo e objetivos a
serem transformados pelos educadores.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais defendem que o
aluno deve participar do processo ensino aprendizagem de modo
ativo, o professor deve realizar intervenções visando a promoção
do aprendizado, que favoreça o desenvolvimento da formação
humana do educando.
O aluno deve ser considerado como sujeito do seu próprio
desenvolvimento, interagindo com o professor, este deve se
reconhecer o estudante como sujeito que participa da construção
do conhecimento.
Figura 11 — Construindo conhecimento.

Fonte: Freepik.
120 Organização e Legislação da Educação

SAIBA MAIS

O protagonismo do aluno é um processo de ensino aprendizado


que visa oferecer uma educação de qualidade, formando cidadãos
aptos a interferirem criticamente na sua realidade com o intuito
de transformá-la, aptos a atuarem no ambiente de trabalho e que
saibam se adaptar as constantes mudanças de informações que
encontramos hoje na sociedade.

Os PCNs orientam que o trabalho pedagógico pode ser


realizado em ciclo ou série, e ressalta a importância do ciclo ser
continuação do outro, dessa forma torna o ensino significativo e
sequencial.
A avaliação da aprendizagem abordada pelos PCNs é
considerada como um instrumento que visa melhorar a qualidade
da educação e que por meio da avaliação pode analisar o processo
ensino aprendizagem, rever condutas e repensar proposta para
que obtenha um aprendizado eficiente.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, os
professores podem realizar as avaliações utilizando diversos
recursos:
■ observação sistemática: acompanhamento do processo
de aprendizagem dos alunos, utilizando alguns instrumentos,
como registro em tabelas, listas de controle, diário de classe e
outros;
■ análise das produções dos alunos: considerar a variedade
de produções realizadas pelos alunos, para que se possa ter um
quadro real das aprendizagens conquistadas. Por exemplo: se
a avaliação se dá sobre a competência dos alunos na produção
de textos, deve-se considerar a totalidade dessa produção,
Organização e Legislação da Educação 121

que envolve desde os primeiros registros escritos, no caderno


de lição, até os registros das atividades de outras áreas e das
atividades realizadas especificamente para esse aprendizado,
além do texto produzido pelo aluno para os fins específicos desta
avaliação;
■ atividades específicas para a avaliação: nestas, os alunos
devem ter objetividade ao expor sobre um tema, ao responder um
questionário. Para isso é importante, em primeiro lugar, garantir
que sejam semelhantes às situações de aprendizagem comumente
estruturadas em sala de aula, isto é, que não se diferenciem, em
sua estrutura, das atividades que já foram realizadas; em segundo
lugar, deixar claro para os alunos o que se pretende avaliar, pois,
inevitavelmente, os alunos estarão mais atentos a esses aspectos.
(BRASIL, 1997, p. 57)
Como observamos na orientação acima, o documento
aborda vários aspectos da avaliação, sendo o teste apenas um
desses aspectos, dessa forma, a avaliação não visa punir o
aluno, mas sim fornecer ao professor informações de como se
processou o aprendizado para aquele grupo.
Por meio dessas informações, o professor poderá repensar
estratégias e condutas pedagógicas que visam o aprendizado
efetivo.
122 Organização e Legislação da Educação

Figura 12 — Professor reflexivo.

Fonte:Freepik.

Os Parâmetros curriculares abordam tópicos sobre a


didática que devem ser estimulados na sala de aula, são eles:

Autonomia
O aluno deve ser considerado construtor do seu próprio
conhecimento; valorização das suas experiências, seus
conhecimentos e interações entre os pares, sejam alunos ou
professores.

Diversidade
O professor deve considerar a narrativa de vida e vivência
de cada aluno bem como suas especificidades intelectuais ou
Organização e Legislação da Educação 123

motoras, de modo a proporcionar o aprendizado e a socialização


de todos.

Interação e Cooperação
O professor deve promover e estimular práticas que
incentivem o trabalho em grupo de maneira produtiva e cooperativa,
para que os estudantes possam aprender a ouvir e a dialogar.

Disponibilidade para a aprendizagem


O educador deve proporcionar ambientes que gerem o
interesse do aprendizado nos alunos, colocando problemas,
estimulando soluções, despertando no aluno a vontade de buscar
conhecimento.

Organização do Tempo
As atividades na sala de aula devem ser previamente
preparadas analisando estrutura, materiais necessários e tempo
estimado para que o controle e a organização favoreça a educação.

Organização do Espaço
O espaço deve ser planejado de modo que seja possíver
abrir espaços entre as carteiras, expor trabalhos nas paredes e
criar condições para que os alunos assumam a decoração, ordem
e limpeza do ambiente.

Seleção de Materiais
Os PCNs tratam a importância do livro didático, no
entanto, ressaltam que esse não deve ser o único material de
acesso do aluno, o professor deve considerar outras fontes de
informações que contribuam com o aprendizado do estudante.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do ensino
fundamental são organizados em ciclos que englobam do 1º ao 9º
ano e possuem como objetivos: compreender a cidadania como
participação social e política, assim como exercício de direitos e
deveres políticos civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes
124 Organização e Legislação da Educação

de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando


o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
■ posicionar-se de maneira crítica, responsável e
construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo
como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
■ conhecer características fundamentais do Brasil nas
dimensões sociais, materiais e culturais como meio para construir
progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o
sentimento de pertinência ao País;
■ conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio
sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais
de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer
discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social,
de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais
e sociais;
■ perceber-se integrante, dependente e agente transformador
do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre
eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;
■ desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e
o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física,
cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção
social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e
no exercício da cidadania;
■ conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e
adotando hábitos saudáveis como um dos aspectos básicos da
qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à
sua saúde e à saúde coletiva;
■ utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática,
gráfica, plástica e corporal — como meio para produzir,
expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das
produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo
a diferentes intenções e situações de comunicação;
Organização e Legislação da Educação 125

■ saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos


■ tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
■ questionar a realidade formulando-se problemas e
tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico,
a criatividade, a intuição, a capacidade. (Brasil, 1997, p. 69).
Os PCNS são constituídos por 10 volumes para cada nível
do fundamental, os níveis são divididos da seguinte forma:

Fundamental 1
a. Compreende do 1º ao 5º ano.
b. Disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências
da Natureza, Geografia, História, Arte, Educação Física, Temas
Transversais, Ética, Meio ambiente, Saúde, Pluralismo Cultural
e Orientação Sexual.

Fundamental 2
a. Compreende do 6º ao 9º ano.
b. Disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências
da Natureza, Geografia, História, Arte, Educação Física, Língua
Estrangeira, Pluralidade Cultural, Meio ambiente, Saúde e
Orientação Sexual.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais também abordam
o ensino médio, tendo como objetivo auxiliar os educadores
na pratica da sala de aula e possibilitar a reflexão sobre o
desenvolvimento de um currículo que permita promover a
continuidade de aprendizado do ensino fundamental.
As disciplinas que englobam o Ensino Médio, segundo os
PCNs são:
■ Linguagens;
■ Códigos e suas Tecnologias (Biologia, Física, Química
e Matemática);
126 Organização e Legislação da Educação

■ Ciências Humanas e suas Tecnologias (História,


Geografia, Sociologia, Antropologia, Filosofia e Política).
Os PCNs não são regras que devem ser seguidas pelos
profissionais da educação, mas são referências que visam
transformar objetivos, didáticas e conteúdos, promovendo um
aprendizado efetivo a todos, independentes das suas condições
sociais, culturais e econômicas.
Dessa forma, os parâmetros curriculares são documentos
que visam orientar o trabalho do professor, para que se garantam
o que está determinado na constituição federal, o acesso de todos
a uma educação de qualidade.

ACESSE

Leia os Parametros Curriculares Nacionais. Disponível no link:


https://bit. ly/1WzpeV0.

A Formação dos Profissionais de


Educação: Agências Formadoras e Tipos
de Profissionais
O grande desafio da educação brasileira é a melhoria
da qualidade da educação, durante nossos estudos pudemos
observar o importante papel que a escola exerce para que o
aluno seja um ser reflexivo, questionador e crítico, para atuar na
sociedade em que está inserido.
Mas uma pergunta nos vem à mente, será que os professores
estão preparados para serem esses agentes de mudanças em seus
alunos?
Organização e Legislação da Educação 127

Neste capítulo iremos estudar sobre a formação dos


professores, a importância e a função das agências formadoras e
os tipos de profissionais existentes.
Preparados? Vamos começar!

Formação de Profissionais de Educação e a


qualidade da educação
Atualmente encontramos debates em torno de políticas
públicas que buscam a melhoria na qualidade da educação, ao
analisar as práticas pedagógicas que viabilizam a melhora da
educação, o trabalho do professor passa a ser crucial, uma vez
que o desempenho do professor se coloca como um dos fatores
principais que influenciam a qualidade da educação.
Figura 13 — Professor e alunos em sala.

Fonte: Freepik.

Muitos estudos foram desenvolvidos sobre a necessidade


de mudanças significativas no processo ensino aprendizagem,
mas pouco ainda se fala sobre a formação profissional do
128 Organização e Legislação da Educação

professor, para desenvolver essa nova proposta de ensino.


Conforme Noronha (2001):
As atuais reformas são ousadas textualmente e com
certeza, são bastante fundamentadas, no que diz
respeito à organização do conhecimento nas escolas,
entretanto, em nenhum momento elas apontam
para a instituição de uma política séria e efetiva de
formação de professores (NORONHA, 2001, p. 44).
A formação do professor é discutida desde a lei de diretrizes
e bases 9394/96, que no seu artigo 6º já considera a importância
da educação continuada, para atender as especificidades do
exercício do trabalho docente.
Com isso observamos que a formação dos professores
está relacionada com a qualidade da educação, uma vez que o
docente define os rumos do processo ensino aprendizagem, o
qual será utilizado em sala de aula e impactará o aluno no seu
desenvolvimento.
O trabalho do docente está relacionado com um conjunto
de ideias e concepções que os orientam, a formação inicial é
uma delas, dessa forma, discutir a formação universitária dos
professores é importante.
Organização e Legislação da Educação 129

Figura 14 — Formação universitária dos professores.

Fonte: Freepik.

A formação inicial do professor deve buscar estimular a


busca pelo conhecimento, por meio da pesquisa e da autorreflexão
em relação ao seu trabalho, pois, o trabalho docente não se trata
de seguir uma cartilha, mas de refletir a melhor didática para
aquele grupo. Conforme Nóvoa (1992):
A formação pode estimular o desenvolvimento
profissional dos professores no quadro de uma
autonomia contextualizada da profissão docente.
Importa valorizar paradigmas de formação que
promovam a preparação de professores reflexivos,
que assumam a responsabilidade do seu próprio
desenvolvimento profissional e que participem
como protagonistas na implantação das políticas
educativas (NÓVOA, 1992, p. 27).
130 Organização e Legislação da Educação

++
+
EXPLICANDO DIFERENTE

Com o intuito de melhorar a capacitação da formação inicial dos


professores, o Ministério da Educação, por meio do Conselho
Nacional da Educação CNE/CP9/2001, institui diretrizes
curriculares nacionais para a formação de professores da
educação básica.

No artigo 2º do CNE encontramos orientações importantes,


sobre aspectos que o professor deve estar preparado para o
futuro:
I. o ensino visando à aprendizagem do aluno;
II. o acolhimento e o trato da diversidade;
III. o exercício de atividades de enriquecimento cultural;
IV. o aprimoramento em práticas investigativas;
V. a elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento
dos conteúdos curriculares;
VI. o uso de tecnologias da informação e da comunicação
e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores;
VII. o desenvolvimento de hábitos de colaboração e de
trabalho em equipe. (BRASIL, 2001).
O artigo 6º do documento aborda que a aprendizagem
do professor deve ser voltada para o exercício da reflexão
e resolução de situações problemas, para que, dessa forma, o
docente consiga, durante a sua prática, desenvolver reflexões
sobre o trabalho pedagógica.
Parágrafo único - A aprendizagem deverá ser orientada
pelo princípio metodológico geral, que pode ser traduzido
Organização e Legislação da Educação 131

pela ação- reflexão-ação e que aponta a resolução de situações


problema como uma das estratégias didáticas privilegiadas.
(BRASIL, 2001).
Em 2015, o CNE desenvolveu um novo documento, e no
artigo 8º trata sobre as aptidões dos professores:

CITAÇÃO

I. Atuar com ética e compromisso com vistas à construção


de uma sociedad e justa, equânime, igualitária;
II. Compreender o seu papel na formação dos estudantes da
educação básica a partir de concepção ampla e contextualizada
de ensino e processos de aprendizagem e desenvolvimento
destes, incluindo aqueles que não tiveram oportunidade de
escolarização na idade própria;
III. Trabalhar na promoção da aprendizagem e
do desenvolvimento de sujeitos em diferentes fases do
desenvolvimento humano nas etapas e modalidades de educação
básica;
IV. Dominar os conteúdos específicos e pedagógicos
e as abordagens teórico-metodológicas do seu ensino, de
forma interdisciplinar e adequada às diferentes fases do
desenvolvimento humano;
V. Relacionar a linguagem dos meios de comunicação à
educação, nos processos didático-pedagógicos, demonstrando
domínio das tecnologias de informação e comunicação para o
desenvolvimento da aprendizagem;
VI. Promover e facilitar relações de cooperação entre a
instituição educativa, a família e a comunidade;
132 Organização e Legislação da Educação

VII. Identificar questões e problemas socioculturais e


educacionais, com postura investigativa, integrativa e propositiva
em face de realidades complexas, a fim de contribuir para a
superação de exclusões sociais, étnico-raciais, econômicas,
culturais, religiosas, políticas, de gênero, sexuais e outras;
VIII. demonstrar consciência da diversidade, respeitando
as diferenças de natureza ambiental-ecológica, étnico-racial, de
gêneros, de faixas geracionais, de classes sociais, religiosas, de
necessidades especiais, de diversidade sexual, entre outras;
IX. Atuar na gestão e organização das instituições de
educação básica, planejando, executando, acompanhando e
avaliando políticas, projetos e programas educacionais;
X. Participar da gestão das instituições de educação básica,
contribuindo para a elaboração, implementação, coordenação,
acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico;
XI. Realizar pesquisas que proporcionem conhecimento
sobre os estudantes e sua realidade sociocultural, sobre processos
de ensinar e de aprender, em diferentes meios ambiental-
ecológicos, sobre propostas curriculares e sobre organização do
trabalho educativo e práticas pedagógicas, entre outros;
XII. Utilizar instrumentos de pesquisa adequados para
a construção de conhecimentos pedagógicos e científicos,
objetivando a reflexão sobre a própria prática e a discussão e
disseminação desses conhecimentos;
XIII. estudar e compreender criticamente as Diretrizes
Curriculares Nacionais, além de outras determinações legais,
como componentes de formação fundamentais para o exercício
do magistério. (BRASIL, 2015)
Organização e Legislação da Educação 133

ACESSE

Leia o Conselho Nacional de Educação em: https://bit.


ly/2HHTkR7.

SAIBA MAIS

A profissão do docente por muito tempo foi conhecida como


uma profissão guiada pela noção de “dons”, o famoso “dom de
ensinar”, como se o ato de ensinar fosse apenas uma habilidade
nata do ser humano, não necessitando aprimoramentos e estudos.

Por meio da análise dos documentos fornecidos pelo


Ministério da Educação, podemos comprovar que o ser docente
se trata de uma profissão que necessita de aprimoramentos,
estudos e reflexões, dessa forma, se passa a desmistificar o
pensamento de que a profissão se tratar apenas de um “dom”.

ACESSE

Leia o artigo Vocação ou Profissão: Representações do Ser ou


fazer docente: https://bit.ly/1WzpeV0.

A profissão docente necessita de conhecimento, pesquisa,


reflexão e aprimoramentos, pois o professor é o mediador do
conhecimento e por meio dele será possível transformar a educação
e oferecer um serviço de qualidade e com significado para o aluno.
134 Organização e Legislação da Educação

Agências Formadoras e a Educação


Continuada
O Plano Nacional de Educação (PNE) apresenta algumas
metas e estratégias para promoção de uma educação de qualidade,
dentre essas metas, algumas abordam sobre a qualificação e
a valorização profissional do docente, por entenderem que
é de suma importância esses assuntos e que refletem em uma
educação de qualidade.

ACESSE

Leia Educação de Qualidade demanda bons professores e


gestores. Disponível no link: https://bit.ly/2CsPBYr.

Segue abaixo essas metas e as estratégias para atingir os


objetivos:
1. Meta 15 — garantia que todos os professores possuam
formação específica de nível superior, possuindo curso de
licenciatura na área que atuam.
A exigência da formação básica dos professores
proporcionará uma melhor qualidade da sua formação e
consequentemente do seu trabalho.
2. Meta 16 — formar 50% dos profissionais em cursos de
pós-graduação e garantir a todos formação continuada.
Com essa meta os profissionais da educação deverão se
aperfeiçoar por meio de cursos, dessa forma será estimulada a
reflexão de suas práticas.
3. Meta 17 — valorizar os profissionais de magistério
das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu
Organização e Legislação da Educação 135

rendimento médio ao dos demais profissionais com escolaridade


equivalente, até o final do sexto ano de vigência.
A valorização profissional por meio de uma remuneração
justa e atraente, dessa forma os profissionais da educação terão
mais tempo para se dedicar ao seu trabalho.
4. Meta 18 — assegurar a existência de planos de Carreiras
para os profissionais da educação básica e superior pública.
O plano de carreira irá estimular o professor a buscar a
especialização executando sua prática com maior excelência.
O Ministério da Educação, em parceria com estados e
municípios, fundou as agências formadoras, que promovem
cursos de educação continuada, com o objetivo de aprimorar
a qualificação dos professores e promover uma educação de
qualidade.
São algumas das formações continuadas para professores:
a. Formação no Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa: o curso promove um debate sobre os direitos de
aprendizagens, planejamento e avaliação.
b. ProInfantil: destinado para educadores da educação
Infantil.

ACESSE

Leia ProInfantil em: https://bit.ly/2oy0jIS.


136 Organização e Legislação da Educação

c. Plano Nacional de Formação de Professores da


Educação Básica – Parfor: oferta a educação superior para que
os profissionais possam obter a formação mínima para exercício
da função.
d. Proinfo integrado: curso voltado para o uso da
Tecnologia para exercício do trabalho docente.
e. Pró-Letramento: destinado aos professores para
melhorar a qualidade da leitura/escrita e matemática para os
anos iniciais.
f. Gestar II: formação continuada em Língua Portuguesa
e Matemática aos professores dos anos finais do ensino
fundamental
g. Rede Nacional de Formação Continuada: tem como
objetivo melhorar a formação dos professores e alunos.
A LDB 9394/96 sofreu alteração por meio da lei 13.415
de 2017, essa lei trata a formação mínima exigida para ser
profissional da educação.
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação
básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura plena, admitida, como formação mínima
para o exercício do magistério na educação infantil
e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental,
a oferecida em nível médio, na modalidade normal.
(BRASIL, 2017)
Segundo o artigo 62, para atuar na educação infantil e
nos primeiros anos do ensino fundamental, o professor deverá
ter uma formação superior. Dessa forma, muitos profissionais,
que antes atuavam na área apenas com o diploma do magistério,
terão que se aperfeiçoar para continuar exercendo a profissão.
Esse capítulo permitiu refletir que a educação brasileira
deve preparar os professores, para que estes consigam atingir
Organização e Legislação da Educação 137

melhores resultados e proporcionem uma educação de qualidade


para todos os alunos.

ACESSE

Leia trabalho docente e o novo plano nacional de educação:


valorização, formação e condições de trabalho. Disponível em:
https://bit. ly/2Mhrcti.

Os Recursos Financeiros para a Escola:


As Responsabilidades do Estado, União e
Municípios
Olá, neste capítulo iremos conhecer sobre as
responsabilidades que a União, Estado e Município possuem
sobre a educação.
Preparados! Vamos iniciar nossos estudos!

Recursos Financeiros e a Educação


A constituição federal de 1988 declara ser a educação um
direito social de todos, visto a extensão geográfica do Brasil nos
questionamos, mas de quem e a responsabilidade por ofertar
esse tipo de serviço?
138 Organização e Legislação da Educação

Figura 15 — Mapa do Brasil.

Fonte: Freepik.

Segundo o documento as responsabilidades seriam


divididas em:
1. Município: responsável pela educação infantil e os
primeiros anos do ensino fundamental;
2. Estado e Distrito Federal: responsável pelo ensino
fundamental anos finais e ensino médio.
Embora cada ente federado seja responsável por uma
etapa da educação, o artigo 211º da constituição federal trata
que os estados, municípios e Distrito Federal devem trabalhar
em regime de colaboração para a oferta da educação.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas
de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos
Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais
Organização e Legislação da Educação 139

e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e


supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades
educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante
assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 14, de 1996)
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino
fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 14, de 1996)
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente
no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 14, de 1996)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de
colaboração, de forma a assegurar a universalização, a qualidade
e a equidade do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 108, de 2020).
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente
ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53,
de 2006) (BRASIL, 1988).

ACESSE

Leia o artigo 211º da constituição em: https://bit.ly/2MK3NzO.

O Plano Nacional de Educação também aborda que o


alcance das metas será realizado por meio de colaboração entre
os entes da federação.
140 Organização e Legislação da Educação

Art. 7º A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios atuarão em regime de colaboração, visando ao
alcance das metas e à implementação das estratégias objeto
deste Plano.
§ 1º Caberá aos gestores federais, estaduais, municipais
e do Distrito Federal a adoção das medidas governamentais
necessárias ao alcance das metas previstas neste PNE.
§ 2º As estratégias definidas no Anexo desta Lei não
elidem a adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de
instrumentos jurídicos que formalizem a cooperação entre os
entes federados, podendo ser complementadas por mecanismos
nacionais e locais de coordenação e colaboração recíproca.
§ 3º Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios criarão mecanismos para o acompanhamento
local da consecução das metas deste PNE e dos planos previstos
no art. 8o.
§ 4º Haverá regime de colaboração específico para
a implementação de modalidades de educação escolar que
necessitem considerar territórios étnico-educacionais e a
utilização de estratégias que levem em conta as identidades e
especificidades socioculturais e linguísticas de cada comunidade
envolvida, assegurada a consulta prévia e informada a essa
comunidade.
§ 5º Será criada uma instância permanente de negociação
e cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios.
§ 6º O fortalecimento do regime de colaboração entre
os Estados e respectivos Municípios incluirá a instituição de
instâncias permanentes de negociação, cooperação e pactuação
em cada Estado.
Organização e Legislação da Educação 141

§ 7° O fortalecimento do regime de colaboração entre os


Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos
de desenvolvimento da educação. (BRASIL, 2014).

ACESSE

Leia sobre plano nacional de educação cooperação federativa.


Disponível em: https://bit.ly/2BdVU08.

A Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 trata no seu texto a


origem dos recursos públicos para a educação. Segundo o artigo
68º.
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os
originários de:
I. receita de impostos próprios da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
II. receita de transferências constitucionais e outras
transferências;
III. receita do salário-educação e de outras contribuições
sociais;
IV. receita de incentivos fiscais;
V. outros recursos previstos em lei. (BRASIL, 1996).
A lei aborda também que uma porcentagem referente aos
recolhimentos dos impostos deverão ser investidos na educação.
Conforme o artigo 69º:
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta
142 Organização e Legislação da Educação

nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas,


da receita resultante de impostos, compreendidas
as transferências constitucionais, na manutenção
e desenvolvimento do ensino público. (BRASIL,
1996).
O Brasil possui o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e da Valorização dos Profissionais de
Educação (Fundeb), esse fundo foi instituído em 2007, no qual
cada estado tem o seu fundo, todo mês ele é abastecido e o valor
é dividido entre a rede municipal e estadual dependendo do
número de matrículas, etapa ou modalidade de ensino.
Figura 16 — Administração.

Fonte: Freepik
Organização e Legislação da Educação 143

Conforme estudamos, pudemos verificar que, para o


alcance das metas do plano nacional de educação e para garantir
o que trata a constituição, os Estados, Municipios e Estados
devem trabalhar de modo cooperativo para que as diferenças
econômicas não venham a segregar o ensino e seja possível
dar oportunidade de acessos a uma educação de qualidade para
todos.

ACESSE

Leia Gestão Financeira da Educação em: https://bit.ly/35EhhGf.


144 Organização e Legislação da Educação
04
UNIDADE

EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA


146 Organização e Legislação da Educação

INTRODUÇÃO
Os direitos humanos são um conjunto de direitos civis,
políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais garantidos
para todos os seres humanos, esses direitos visam garantir e
defender a dignidade humana para todos.
A educação em direitos humanos visa formar cidadãos
críticos que saibam desenvolver atitudes de cidadania, que
respeitem ao próximo e que contribuam positivamente para a
sociedade.
O reconhecimento e valorização das diferentes grupos
que compõem nossa sociedade se faz importante para que
possamos compreender e desenvolver um país mais tolerante e
que promova a cidadania e garanta direito a todos.
Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai
mergulhar neste universo!
Organização e Legislação da Educação 147

OBJETIVOS
Olá, querido(a) aluno(a). Seja muito bem-vindo(a) a nossa
Unidade 4 — Educação em direitos humanos e cidadania. Nesta
unidade, o nosso objetivo é auxiliá-lo(a) no desenvolvimento de
algumas competências profissionais.

1 Compreender a Educação em direitos humanos —


Resolução 001/2012.

2 Identificar o que é e o que não é educação em direitos


humanos.

3 Observar porque educar para direitos humanos e


cidadania.

4 Analisar novos marcos para a relação étnico racial no


Brasil: uma responsabilidade coletiva.

Então? Está preparado para uma viagem sem volta rumo


ao conhecimento? Ao trabalho!
148 Organização e Legislação da Educação

Compreendendo a educação em direitos


humanos — Resolução 001/2012
A educação em direitos humanos visa garantir, por meio
de princípios como a dignidade e a igualdade, o acesso a uma
educação de qualidade para todos conforme garantido na
Constituição de 1988.
Dúvidas? Não se preocupe. Recorra ao fórum de dúvidas
e discussões para socializar o seu conhecimento e esclarecer
todas as suas dúvidas. Nós estaremos a sua disposição em caso
de dificuldades!

Educação em Direitos Humanos – Resolução


001/2012
Em 30 de Maio de 2012 foi promulgada a resolução nº 1,
que trata de diretrizes nacionais para a Educação em Direitos
Humanos, essas diretrizes se fazem importante por ressaltar o
que a Constituição Federal de 1988 e a LDB 9394/96 abordam
sobre uma educação igualitária, na qual todos devem ter acessos
as mesmas condições respeitando as diferenças do indivíduo.
Figura 1 — Respeitando as diferenças.

Fonte: Freepik.
Organização e Legislação da Educação 149

A educação em direitos humanos surge em um contexto


de muitas lutas, composta por movimentos sociais de resistência
que visam garantir os direitos humanos.
A Declaração dos Direitos Humanos de 1948 é um conjunto
de direitos civis, políticos, sociais, econômicos, culturais e
ambientais que tratam sobre a igualdade e a defesa da humanidade.
Assim, os direitos humanos surgiram em um contexto de muitas
lutas como um movimento social de resistência.
A Educação em Direitos Humanos (EDH) remete a
Declaração de Direitos Humanos em relação a educação,
considerando processos de proteção, promoção e defesa da
vida cotidiana, assim como, cidadãos de direitos que atuam na
sociedade.
Dessa forma, promove uma formação integral do indivíduo,
na qual este adquire conhecimentos históricos sobre direitos
humanos, adoção de práticas que promovam a defesa e a
manutenção de direitos, e a formação de uma consciência cidadã
apta a contribuir com a sociedade em que faz parte.
A EDH visa não apenas a transmissão de conhecimentos,
mas uma educação permanente, continua, global e voltada para
a mudança cultural.
A Educação em Direitos Humanos parte de três pontos:
primeiro, é uma educação permanente, continuada
e global. Segundo, está voltada para a mudança
cultural. Terceiro, é educação em valores, para atingir
corações e mentes e não apenas instrução, ou seja,
não se trata de mera transmissão de conhecimentos.
(BENEVIDES, 2007, p. 1).
A mudança cultural visa diminuir os traços deixados pela
nossa herança de escravidão, por sistemas autoritários de ensino,
por privilégios para classe dominante e políticas que visam
aceitar a corrupção.
150 Organização e Legislação da Educação

ACESSE

Leia a Educação em direitos humanos: de que se trata? Acesse:


http://bit.ly/34qxQ6q.

Por muitos anos a cor da pele e a etnia eram, e continuam


sendo, fatores relevantes para diferenciar quem teria valor e
oportunidades e quem não, essa diferenciação se deu devido ao
processo de escravização, que permaneceu em nossa sociedade
por muitos anos, esse sistema articulava a predominância
eurocêntrica e a ideia de superioridade desta.
Figura 2 — Igualdade de oportunidade.

Fonte: Freepik.

Diante disso, a escola tem o papel fundamental na


sociedade de promover a reflexão dos educandos de modo que
se devolvam cidadãos aptos a exercer a cidadania promovendo
uma sociedade mais justa.
Aceitar as diferenças sejam elas físicas, intelectuais,
sociais ou geográficas também deve ser um exercício realizado
na escola.
Organização e Legislação da Educação 151

Os alunos devem entender por meio de atividades que o


fato de sermos diferentes não significa que somos superiores uns
aos outros, mas sim que nossas diferenças nos fazem formarmos
uma sociedade.
Figura 3 — Educação para a igualdade.

Fonte: Freepik.

As sociedades evoluem e necessitam de outro tipo de


escola, sendo assim, a escola autoritária, que preza por formar
receptores de conhecimento, deu lugar a uma escola que é mais
reflexiva e está aberta para formar alunos protagonistas do seu
próprio conhecimento.
A Resolução 001/2012 no artigo 3º trata como princípios
da educação em direitos humanos:
I. dignidade humana;
II. igualdade de direitos;
III. reconhecimento e valorização das diferenças e
das diversidades;
IV. laicidade do Estado;
V. democracia na educação;
152 Organização e Legislação da Educação

VI. transversalidade, vivência e globalidade; e


VII. sustentabilidade socioambiental. (BRASIL,
2012, p. 1).
A escola deve planejar práticas pedagógicas que tenham
como pilares os princípios de educação em direitos humanos,
dessa forma, ela estará contribuindo com a formação para a vida
do educando, seja para seu relacionamento na vida social ou
para o conhecimento de direitos.
Para inserir a Educação em Direitos Humanos nas práticas
pedagógicas, a escola deve considerar seus princípios na
elaboração de Projeto Político Pedagógico (PPP), Organização
de Currículos, Regimentos Escolares, Programas pedagógicos
de cursos, construção de materiais didáticos e nos processos de
avaliações.
Ao organizar o currículo, a escola poderá criar uma
disciplina específica para a Educação em Direitos Humanos
ou trabalhar esse conteúdo por meio das transversalidades,
conforme consta no artigo 7º da resolução 001/2012.
Art. 7º A inserção dos conhecimentos concernentes à
Educação em Direitos Humanos na organização dos currículos
da Educação Básica e da Educação Superior poderá ocorrer das
seguintes formas:
I. pela transversalidade, por meio de temas
relacionados aos Direitos Humanos e tratados
interdisciplinarmente;
II. como um conteúdo específico de uma das
disciplinas já existentes no currículo escolar;
III. de maneira mista, ou seja, combinando
transversalidade e disciplinaridade. (BRASIL,
2012, p. 2).
Organização e Legislação da Educação 153

A formação profissional dos docentes está relacionada


diretamente a qualidade da educação, dessa forma, desde a
formação inicial quanto a continuada, que é realizada durante
a prática profissional do professor, devem abordar conteúdos
relacionados aos direitos humanos. Sendo assim, o professor
estará mais preparado para compartilhar, com os educandos,
informações e práticas que promovam a reflexão e o conhecimento
sobre os direitos humanos.
Figura 4 — Professor na sala de aula.

Fonte: Freepik.

A escola deve proporcionar debates sobre os assuntos


relacionados a violação dos direitos humanos no país e no
mundo, para que o aluno compreenda a importância dos direitos
humanos. Proporcionando, para o cidadão, entendimento sobre
a função e a contribuição que a Educação em Direitos Humanos
possui na sociedade da qual ele faz parte, para que não seja
apenas uma teoria que consta no interior da escola, mas sim
que tenha significado fora dos muros escolares e proporcione
mudança de vida na sociedade.
154 Organização e Legislação da Educação

ACESSE

Leia a Resolução Nº 1 de Maio 2012 para que possa compreender


todo seu conteúdo. http://bit.ly/2RTLcWh.

Identificando o que é e o que não é educação


em direitos humanos
Neste capítulo iremos compreender o que se trata educar
em direitos humanos, que, por ser uma discussão nova, é
muito questionado se realmente no ambiente escolar há o
desenvolvimento de práticas que promovam uma educação
em direitos humanos ou se há apenas o implemento de uma
exigência.
Dúvidas ? Não se preocupe. Recorra ao fórum de dúvidas
e discussões para socializar o seu conhecimento e esclarecer
todas as suas dúvidas. Nós estaremos a sua disposição em caso
de dificuldades! Vamos lá!

O que é e o que não é Educação em Direitos


Humanos
Direitos humanos são aqueles considerados fundamentais
a todos, independente da classe social, sexo, etnia, profissão,
condições físicas, opiniões ou ideologias sociais e políticas.
Todos os seres humanos são detentores de direito, muito
se fala do direito à vida, esse sem dúvidas é um dos mais
importantes, mas devemos abranger esse conceito, pois, quando
falamos de direitos humanos nos referimos também ao direito à
vida com dignidade.
Organização e Legislação da Educação 155

De acordo com o dicionário Aurélio (2002), dignidade


significa:
1. Modo de proceder que transmite respeito;
autoridade, honra, nobreza.
2. Qualidade do que é nobre; elevação ou grandeza
moral.
3. Autoridade moral; honestidade, honra, autoridade,
gravidade.
4. ECLES, DESUS Série de benefícios vinculados a
cargo importante no clero.
5. Título ou cargo de graduação elevada; honraria.
6. Respeito a seus valores ou sentimentos; amor-
próprio (AURÉLIO, 2002).
Dessa forma, o comportamento indigno remete ao fato
de não se ter respeito e honestidade para com valores sociais,
com isso, atos que presenciamos no nosso dia a dia como: não
criar condições para que as crianças saiam das ruas; abandono
de socorro nos hospitais; menosprezar os direitos daqueles em
situação de ruas; moradias em situação irregular e de risco são
exemplos de ações que não possuem dignidade.
Portanto, uma vida em sociedade deve ter ações voltadas
para atender o direito que todo ser humano tem a uma vida digna.
Nesse contexto, a educação tem um papel fundamental
para despertar essa consciência e promover a luta por esse direito.
A Constituição Federal de 1988 já declara que a educação
é um direito de todos, ademais, por meio dos Parâmetros
Curriculares Nacionais é ressaltado que a educação deve estar
voltada para a cidadania, ou seja, a educação deve promover
atitudes que contribuam com a vida social.
156 Organização e Legislação da Educação

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:


O conjunto das proposições aqui expressas responde
à necessidade de referenciais a partir dos quais o
sistema educacional do País se organize, a fim de
garantir que, respeitadas as diversidades culturais,
regionais, étnicas, religiosas e políticas que
atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e
complexa, a educação possa atuar, decisivamente, no
processo de construção da cidadania, tendo como meta
o ideal de uma crescente igualdade de direitos entre
os cidadãos, baseado nos princípios democráticos.
Essa igualdade implica necessariamente o acesso
à totalidade dos bens públicos, entre os quais o
conjunto dos conhecimentos socialmente relevantes.
(BRASIL, 1997, p. 10).
A educação para a cidadania tem como um dos objetivos
a formação de pessoas responsáveis, autónomas e solidárias que
saibam exercer seus direitos e deveres com respeito para com os
outros.
A fim de contribuir para uma educação voltada à cidadania,
surge a Educação em Direitos Humanos, que deve estar inserida
no ambiente escolar por meio de atividades, sendo estas
ligadas as vivencias dos professores, diretores e educandos, os
permitindo refletir sobre a dignidade e os direitos para todos,
proporcionando atitudes de empatia e sentimentos de cooperação
e solidariedade.
[...] a educação em direitos humanos trabalha
permanentemente o ver, a sensibilização e
a conscientização da realidade. Procura ir
progressivamente ampliando o olhar sobre a vida
cotidiana e ir ajudando a descobrir os determinantes
estruturais da realidade. (CANDAU et al., 2003,
p. 115).
Organização e Legislação da Educação 157

Empatia significa a capacidade que um indivíduo tem de


se colocar no lugar do outro
Figura 5 — Empatia.

Fonte: Freepik.

A educação em direitos humanos, conforme Sime (1991),


deve estar pautada em três pedagogias, a pedagogia da indignação,
a pedagogia da admiração e a pedagogia das convicções:
PEDAGOGIA DA INDIGNAÇÃO: se mostra
escandalizada com toda forma de violência contra os direitos.
PEDAGOGIA DA ADMIRAÇÃO: compartilha a alegria
de verificar mudanças individuas e coletivas
PEDAGOGIA DAS CONVICÇÕES: estimula a crença
na vida, na justiça e na liberdade.
Dessa forma, podemos entender que a Educação em
Direitos Humanos deve estar focada na formação de um
indivíduo de direito que possa exercer a cidadania de modo ativo
e participante, promovendo: indignação para com as atitudes
de violação dos direitos das pessoas; admiração para com atos
de valorização e de cooperação com o outro; convicções que
estimulem a crença na Justiça; entre outros.
158 Organização e Legislação da Educação

A escola é um dos principais cenários responsável


por promover atitudes que contribuam com a promoção dos
direitos humanos, pois, além de ser um espaço de construção
de conhecimento, é um local para o desenvolvimento de
relacionamentos.
Figura 6 — Escola.

Fonte: Pixabay.

Conforme os estudos de Gadotti: “[...] a escola não é só um


lugar para estudar, mas para se encontrar, conversar, confrontar-
se com o outro, discutir, fazer política. ” (GADOTTI, 2007, p.
12).
A escola não deve estar preocupada apenas em transmitir
conhecimentos a respeito dos direitos humanos, mas sim em
promover, dentro do seu ambiente, discussões e reflexões de
atitudes que ocorrem no seu interior.
A Educação em Direitos Humanos deve estar pautada na
democracia, sendo assim, a escola deve favorecer a participação
de todos que compõem a comunidade escolar, dessa forma, os
educandos já estarão praticando atitudes de direitos humanos.
Organização e Legislação da Educação 159

Segundo Paulo Freire (2000 , p. 119): “um ser da intervenção


no mundo [...] e por isso mesmo deve deixar suas marcas de
sujeito e não pegadas de puro objeto”. Assim, o educando, ao
praticar atitudes que exercem e consideram os direitos humanos
no ambiente escolar, terá a possibilidade de refletir e não apenas
reproduzir algo já construindo, se desenvolvendo como um
agente de mudanças sociais.
O professor deve desenvolver propostas pedagógicas
que criem articulações da prática com a educação em direitos
humanos, não devendo realizar apenas campanhas esporádicas
sobre o tema, mas sim promover uma reflexão continua inserida
no dia a dia da escola.
A escola não deve buscar formar valores nos alunos, mas
sim realizar a sua construção considerando a participação do
educando, por meio dos relacionamentos e de reflexões sobre
atitudes dentro do ambiente escolar ou de acontecimentos na
sociedade.
Ela deve promover a construção de uma cultura em direitos
humanos, utilizando a metodologia de construção coletiva, não
apenas uma transmissão de valores culturais.
Diante do exposto, a formação dos professores se torna
crucial para que se promovam propostas pedagógicas que visem
relacionar teoria com a prática em direitos humanos, respeitar e
considerar as diferenças e selecionar conteúdos.
Sendo assim, preparar os profissionais da educação para
atuar com a educação em direitos humanos fará com que a escola
atinja seu principal objetivo em relação a formação humana,
ademais, isso fará com que o aluno possa atuar e contribuir
positivamente com a sociedade de que faz parte.
160 Organização e Legislação da Educação

Observando porque educar para os direitos


humanos e a cidadania
Neste capítulo iremos estudar a importância de se educar
para os direitos humanos e a sua contribuição para a promoção
da cidadania. Vamos juntos desbravar esse conhecimento?
Dúvidas? Não se preocupe. Recorra ao fórum de dúvidas
e discussões para socializar o seu conhecimento e esclarecer
todas as suas dúvidas. Nós estaremos a sua disposição em caso
de dificuldades!

Por que educar para os direitos humanos e a


cidadania?
Após a Revolução Francesa, ocorreram mudanças sociais
significativas no mundo, com elas o homem passou a questionar
a sua liberdade individual, surgindo, assim, a ideia de liberdade
de pensamentos, de expressão e igualdade.
Figura 7 — Quebrando as correntes.

Fonte: Pixabay.
Organização e Legislação da Educação 161

Em 1948, a ONU (Organização das Nações Unidas)


proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que é
composta por vários direitos que deverão ser seguidos por todas
as nações do mundo.
Um dos principais objetivos da ONU é ser um órgão que
visa controlar as guerras, instaurar a paz no mundo, fortalecer
os direitos humanos, para isso foi criado um documento
denominado “Declaração Universal dos Direitos Humanos”,
composto por vários artigos.
Figura 8 — Bandeira da ONU.

Fonte: Pixabay.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, no seu


Artigo 1º, menciona que todo ser humano nasce livre e em iguais
condições de direitos:
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem
agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”(ONU,
1948)
No seu artigo 2º, aborda que independente de cor, raça,
religião e condições sociais, todos devem ter seus direitos
respeitados.
162 Organização e Legislação da Educação

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e


as liberdades proclamados na presente Declaração,
sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de
cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política
ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna,
de nascimento ou de qualquer outra situação. Além
disso, não será feita nenhuma distinção fundada no
estatuto político, jurídico ou internacional do país ou
do território da naturalidade da pessoa, seja esse país
ou território independente, sob tutela, autônomo ou
sujeito a alguma limitação de soberania. (ONU,
1948)
A tomada de consciência de direitos e deveres é chamada
de cidadania, que tem o objetivo de garantir o direito determinado
na constituição de cada país, no caso do Brasil, na Constituição
Federal de 1988, no artigo 5º trata.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
I. homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações, nos termos desta Constituição;
II. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei;
III. ninguém será submetido a tortura nem a
tratamento desumano ou degradante;
IV. é livre a manifestação do pensamento, sendo
vedado o anonimato;
V. é assegurado o direito de resposta, proporcional
ao agravo, além da indenização por dano material,
moral ou à imagem;
Organização e Legislação da Educação 163

VI. é inviolável a liberdade de consciência e de


crença, sendo assegurado o livre exercício dos
cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares
de internação coletiva;
VIII. ninguém será privado de direitos por motivo
de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX. é livre a expressão da atividade intelectual,
artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença; (BRASIL,
1988).
A constituição é clara em relação aos direitos de respeito,
liberdade e tolerância, mas colocar esses direitos em prática na
vida em sociedade não é tão simples, pois, muitas vezes, devido
aos traços históricos da colonização, os cidadãos não reconhecem
seus direitos e também não sabem praticar os seus deveres.
Diante do exposto, torna-se indispensável uma educação
para os direitos humanos, que promova a cidadania e que torne
o homem conhecedor e crítico dos seus direitos e deveres.
A Educação em Direitos Humanos deve priorizar as
atividades que promovam, dentro do ambiente escolar, a
reflexão sobre atitudes do dia a dia e, por meio das materias
interdisciplinares, que desenvolvam ações de reconhecimento
sobre os direitos e deveres de se conviver em uma sociedade.
O homem deve ser um sujeito ativo no processo de
construção do conhecimento sobre a cidadania, proporcionando
a consciência dos direitos e deveres e não apenas reprodução
164 Organização e Legislação da Educação

de algo determinado, superando, dessa forma, a educação


tradicional, na qual o professor é o detentor do conhecimento e
o aluno um mero expectador.
A escola deve considerar esse aluno protagonista das
atitudes e das reflexões de promoção a cidadania, também deve
ser considerada como um ensaio da vida em sociedade.
Figura 9 — Reflexão.

Fonte: Pixabay.

Dessa forma, o educador deve promover ações que


contribuam para o desenvolvimento de futuros cidadãos, que
irão reproduzir, na vida social, as reflexões realizadas sobre
diversas atitude com seus pares no dia a dia escolar.
A educação para os direitos humanos deve ser comprometida
com a mudança de comportamentos, promovendo a superação
de intolerância, falta de respeito, desigualdades e injustiça.
Salviani (1989) considera que uma função importante da
educação em direito humano é humanizar o humano.
Essa humanização só será desenvolvida caso o professor,
dentro do ambiente escolar, esteja atento para os relacionamentos
nos contextos escolar e extraescolares, e desenvolva propostas
Organização e Legislação da Educação 165

que condizem com aquele grupo de estudantes, tornando,


dessa forma, o processo de ensino aprendizagem em um com
significado.
A formação do professor também deve ser estruturada
de forma humanizada, para que o docente consiga associar as
aprendizagens das disciplinas com o currículo escolar proposto.
Caso o docente não desenvolva atividades que estimulem
a participação dos alunos na educação para os direitos humanos,
as atividades escolares serão centradas em transmitir conteúdo,
algo contestado por Freitas (1997), denominado “educação
bancaria”, que não possibilita o educando a sua emancipação.
A Educação em Direitos Humanos torna-se indispensável
para que haja uma mudança social no mundo, cada indivíduo
deve reconhecer seus direitos e deveres para que se possa viver
em um mundo mais justo, com menos desigualdades.
A educação é o caminho para qualquer mudança social,
ela permite conscientizar e sensibilizar as pessoas em relação
ao respeito ao próximo e aos seus direitos, o direito existe para
todas as pessoas, mas a sociedade só o conquistará se souber
reivindicá-lo e lutar por ele.
166 Organização e Legislação da Educação

Analisando o novo marco para a


relação étnico-racial no Brasil: uma
responsabilidade coletiva
Nesta aula iremos analisar os novos marcos para as
relações étnico-raciais no Brasil, procurando entender suas
origens e seu progresso na história social. O preconceito é uma
marca na nossa história, assim, entender a responsabilidade que
todos possuem dentro de uma sociedade se torna fundamental
para se obter mudanças.
O ambiente escolar torna-se um lugar indispensável para
promover o debate e a transformação da postura dos educandos
frente a mudança de comportamento social. Com a introdução da
Lei 10.639/2003, a escola passou a introduzir a história da África
e dos africanos no Brasil, para que se reconheça a importância
desse grupo para a história do país e para desmistificar o olhar
eurocêntrico de superioridade de raças.
Vamos juntos promover esse conhecimento?

A relação étnico-racial no Brasil


A história do Brasil é marcada por exploração e
escravização e para entender as relações e a cultura deste país,
se faz necessário entender a história dos povos que contribuíram
para o desenvolvimento da nação que encontramos atualmente.
Os africanos foram trazidos para o Brasil como força de
trabalho escravizada, retirados de suas nações, de suas famílias,
assim, eles trouxeram também suas culturas, danças e comidas,
que foram acomodados a sociedade brasileira como parte da sua
própria cultura, visto a importância e o alto números de negros
trazidos para o país.
Organização e Legislação da Educação 167

Figura 10 — Negros no fundo do porão – Rugendas 1835.

Fonte: Wikimedia Commons.

Dessa forma, para estudar a sociedade brasileira, deve-se


procurar entender a história da cultura africana, visto a influência
que esta possui na constituição da nossa sociedade.
Apesar dessa importante contribuição para a cultura
da sociedade brasileira, ao longo da história, discriminação,
racismo e preconceitos se fizeram presentes na sociedade.
Observamos, no percurso da história, que o negro foi ter
acesso a escola depois de muita luta, mesmo assim, isso se deu
com decretos de leis como a nº 7.031 de 1878, de acordo com
esta o negro só poderia estudar a noite, e ainda havia vários
empecilhos para dificultar a permanência dele no ambiente
escolar.
Em 1988, a Constituição Federal, por meio do seu artigo
5º, abordou a igualdade de todos os homens, independente de
raça, cor, sexo ou religião, tornando esse decreto um marco
contra o racismo.
168 Organização e Legislação da Educação

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção


de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade. (BRASIL, 1988)
Embora a igualdade entre todas as pessoas esteja prevista
na lei, esta vivência, na prática, não se efetivou. Isso, visto que
há uma predominância da ideia de superioridade da cor branca
em detrimento da cor negra, assim, o termo negro é tido como
pejorativo e remete também à escravização, decorrida no período
colonial da história do Brasil. Conforme os estudos de Skidmore.
[...] baseava -se na presunção da superioridade
branca, às vezes, pelo uso dos eufemismos raças
“mais adiantadas” e “menos adiantadas” e pelo fato
de ficar em aberto a questão de ser a inferioridade
inata. À suposição inicial, juntavam-se mais
duas. Primeiro – a população negra diminuía
progressivamente em relação à branca por
motivos que incluíam a suposta taxa de natalidade
mais baixa, a maior incidência de doenças e a
desorganização social. Segundo – a miscigenação
produzia “naturalmente” uma população mais clara,
em parte porque o gene branco era mais forte e em
parte porque as pessoas procuravam parceiros mais
claros do que elas (a imigração branca reforçaria
a resultante predominância branca). (SKIDMORE,
1989, p. 81).
Em 1966, a ONU (Organização Mundial das Nações
Unidas) elaborou a convenção sobre a eliminação de todas
as formas de discriminação racial, como uma tentativa de
conscientizar os países que compõem a organização a adotarem
uma política de eliminação da discriminação racial a fim das
raças se entenderem e se respeitarem.
Organização e Legislação da Educação 169

Para esse fim, cada Estado Parte compromete-se a


não efetuar ato ou prática de discriminação racial
praticada por uma pessoa ou organização qualquer, a
tomar as medidas eficazes, a fim de rever as políticas
governamentais nacionais e locais e para modificar,
ab-rogar ou anular qualquer disposição regulamentar
que tenha como objetivo criar a discriminação ou
perpetrá-la onde já existir; a adotar as medidas
legislativas, proibir e pôr fim à discriminação racial
praticada por pessoas, por grupos ou organizações;
favorecer, quando for o caso, as organizações e
movimentos multirraciais e outros meios próprios e
eliminar as barreiras entre as raças e desencorajar o
que tende a fortalecer a divisão racial. (UNESCO,
1966, p. 2).
Baseado na convenção da ONU, o governo brasileiro
instituiu a lei nº 7.716 em 05 de janeiro de 1989, que sofreu
alteração de redação em 13 de maio de 1997 por meio da lei
9.459, a partit da qual passou a ser caracterizado crime a
descriminação ou o preconceito racial.
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
resultantes de discriminação ou preconceito de
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
(BRASIL, 1997).
O Estatuto da Criança e do Adolescente é um documento
que consta os direitos das crianças e dos adolescentes, por meio
da lei 8.096 de 13 de Julho de 1990, assim, o Artigo 3º trata que
esses direitos são para todas as crianças independente da raça,
cor ou sexo.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem
discriminação de nascimento, situação familiar,
idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
170 Organização e Legislação da Educação

deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e


aprendizagem, condição econômica, ambiente social,
região e local de moradia ou outra condição que
diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade
em que vivem. (BRASIL, 1990)
Na tentativa de reafirmar: a inclusão do negro na sociedade
e o fim da discriminação racial; em 20 de Julho 2010 foi
aprovada a lei 12.288, a partir da qual foi instituído o estatuto da
Igualdade Racial, que visa efetivar a igualdade de oportunidades
e o combate a discriminação.
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial,
destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade
de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais,
coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais
formas de intolerância étnica.
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
I. discriminação racial ou étnico-racial: toda
distinção, exclusão, restrição ou preferência
baseada em raça, cor, descendência ou origem
nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou
restringir o reconhecimento, gozo ou exercício,
em igualdade de condições, de direitos humanos
e liberdades fundamentais nos campos político,
econômico, social, cultural ou em qualquer outro
campo da vida pública ou privada;
II. desigualdade racial: toda situação injustificada
de diferenciação de acesso e fruição de bens,
serviços e oportunidades, nas esferas pública e
privada, em virtude de raça, cor, descendência ou
origem nacional ou étnica;
III. desigualdade de gênero e raça: assimetria
existente no âmbito da sociedade que acentua a
Organização e Legislação da Educação 171

distância social entre mulheres negras e os demais


segmentos sociais;
IV. população negra: o conjunto de pessoas que
se autodeclaram pretas e pardas, conforme o
quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou
que adotam autodefinição análoga;
V. políticas públicas: as ações, iniciativas e
programas adotados pelo Estado no cumprimento
de suas atribuições institucionais;
VI. ações afirmativas: os programas e medidas
especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa
privada para a correção das desigualdades raciais
e para a promoção da igualdade de oportunidades.
(BRASIL, 2010)
Por essa análise pudemos entender que o Estado tem
buscado, por meio da lei, combater o ato discriminatório e
a desigualdade racial, no entanto, esse movimento contra o
racismo deve ser assumido por todos os membros da sociedade.
A escola, segundo garantida pela Lei de Diretrizes e Bases
9394/96, um lugar que todos devem ter condições de acesso,
passa a ter um papel fundamental para a promoção dessa
conscientização, por ser um ambiente propicio para o debate,
diálogo e reflexão.
Por muitos anos, a cultura africana foi desmerecida, sendo
reconhecida apenas a função da mão de obra escravizada no
país, assim, a imagem do negro como um ser sem valor e de
cultura desprezível foi instalada na sociedade, pouco se sabia da
sua história e importância.
Dessa forma, a escola passou a reconhecer a importância
de se estudar sobre a história e a cultura Afro-Brasileira para que
se efetivasse o entendimento e o respeito a essa cultura.
172 Organização e Legislação da Educação

Em 09 de Janeiro de 2003, por meio da lei 10.639, foi


incluso na rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História
e Cultura Afro-Brasileira”, na qual, no artigo 1º, trata da inclusão
desse tema.
Art. 1º A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A,
79-A e 79-B:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino
fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-
se obrigatório o ensino sobre História e Cultura
Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput
deste artigo incluirá o estudo da História da África e
dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura
negra brasileira e o negro na formação da sociedade
nacional, resgatando a contribuição do povo negro
nas áreas social, econômica e política pertinentes à
História do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura
Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de
todo o currículo escolar, em especial nas áreas
de Educação Artística e de Literatura e História
Brasileiras. (BRASIL, 2003)
A Lei 10.639/03 é considerada um marco do movimento
negro pela igualdade racial e social, até então essa pauta era
tratada de forma genérica nas escola, de acordo com as diretrizes
dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), sem garantir
compromisso para a efetivação do estudo sobre a cultura negra.
Em 2004, foi intitulado as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de
História e Cultura Afro-Brasileira, o documento se faz importante
pois muitas pessoas da sociedade desconhecem a história da
cultura afro e sua importância para a formação social do Brasil.
Organização e Legislação da Educação 173

Assim, esse documento aborda aspectos sobre o


reconhecimento de estratégias pedagógicas que valorizem a
diversidade para superar as desigualdades étnico-raciais presente
na sociedade.
Reconhecimento requer a adoção de políticas
educacionais e de estratégias pedagógicas de
valorização da diversidade, a fim de superar a
desigualdade étnico-racial, presente na educação
escolar brasileira, nos diferentes níveis de ensino.
(BRASIL, 2004, p. 12).
Conforme Silva (2001) afirma, o reconhecimento da
importância de uma educação pluricultural, pluriracial e não-
eurocênctrica se constitui como um dos pilares de uma sociedade
brasileira verdadeiramente democrática.
A escola tem o dever de estimular: o reconhecimento
de diferentes culturas, debates sobre as diferenças; ademais, a
obrigatoriedade de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana
nos currículos visa contribuir para essas reflexões.
A obrigatoriedade de inclusão de História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos
da Educação Básica trata-se de decisão política,
com fortes repercussões pedagógicas, inclusive na
formação de professores. (BRASIL, 2004, p. 17).
Visando diminuir o problema da desigualdade de acesso a
educação, decorrente da história brasileira, o governo instituiu
políticas compensatórias, como a lei 12990/14 promulgada em
09 de Junho de 2014, na qual se reservar vagas aos negros em
concursos públicos.
Art . 1º Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por
cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos
para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública
174 Organização e Legislação da Educação

federal, das autarquias, das fundações públicas, das


empresas públicas e das sociedades de economia
mista controladas pela União, na forma desta Lei.
(BRASIL, 2014a).
Em 29 de Agosto de 2012, foi promulgada a Lei 12.711,
que garante cota de vagas para pessoas de origem pardas, pretos
e indígenas.
Art . 3º Em cada instituição federal de ensino
superior, as vagas de que trata o art. 1º desta
Lei serão preenchidas, por curso e turno, por
autodeclarados pretos, pardos e indígenas e por
pessoas com deficiência, nos termos da legislação,
em proporção ao total de vagas no mínimo igual à
proporção respectiva de pretos, pardos, indígenas e
pessoas com deficiência na população da unidade da
Federação onde está instalada a instituição, segundo
o último censo da Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE. (BRASIL, 2012).
O Plano Nacional de Educação, lei 13.005/2014, propõe
a promoção da cidadania e a erradicação da discriminação
aumentando a escolarização de negros.
Elevar a escolaridade média da população de 18
(dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar,
no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último
ano de vigência deste plano, para as populações do
campo, da região de menor escolaridade no País
e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres,
e igualar a escolaridade média entre negros e não
negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE. (BRASIL, 2014b).
No entanto, é importante analisar que: reafirmar a cultura
afro não significa apenas oportunizar vagas de acesso, mas sim
reconhecer a sua importância cultural para a sociedade brasileira.
Organização e Legislação da Educação 175

Conforme as diretrizes curriculares citam.


Com esta medida, reconhece-se que, além de
garantir vagas para negros nos bancos escolares, é
preciso valorizar devidamente a história e cultura de
seu povo, buscando reparar danos, que se repetem
há cinco séculos, à sua identidade e a seus direitos.
A relevância do estudo de temas decorrentes da
história e cultura afro-brasileira e africana não
se restringe à população negra, ao contrário, diz
respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem
educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de
uma sociedade multicultural e pluriétnica, capazes
de construir uma nação democrática. (BRASIL,
2004, p. 17)
O efetivo reconhecimento da importância étnico-racial
na sociedade se dará por meio de trabalhos desenvolvidos
no ambiente escolar, segundo a orientação das diretrizes
curriculares nacionais da educação étnicos-raciais, esse ensino
deverá conduzir princípios que visem a consciência política e
histórica da diversidade. São eles:
■ à igualdade básica de pessoa humana como
sujeito de direitos;
■ à compreensão de que a sociedade é formada
por pessoas que pertencem a grupos étnico-raciais
distintos, que possuem cultura e história próprias,
igualmente valiosas e que em conjunto constroem,
na nação brasileira, sua história;
■ ao conhecimento e à valorização da história
dos povos africanos e da cultura afro-brasileira na
construção histórica e cultural brasileira;
■ à superação da indiferença, injustiça e
desqualificação com que os negros, os povos
indígenas e também as classes populares às quais
176 Organização e Legislação da Educação

os negros, no geral, pertencem, são comumente


tratados;
■ à desconstrução, por meio de questionamentos
e análises críticas, objetivando eliminar conceitos,
ideias, comportamentos veiculados pela ideologia
do branqueamento, pelo mito da democracia racial,
que tanto mal fazem a negros e brancos;
■ à busca, da parte de pessoas, em particular
de professores não familiarizados com a análise
das relações étnico-raciais e sociais com o estudo
de história e cultura afro-brasileira e africana, de
informações e subsídios que lhes permitam formular
concepções não baseadas em preconceitos e construir
ações respeitosas;
■ ao diálogo, via fundamental para entendimento
entre diferentes, com a finalidade de negociações,
tendo em vista objetivos comuns, visando a uma
sociedade justa. (BRASIL, 2004, p. 19)
Assim, para esses princípios, deverão ser elaborados
trabalhos pedagógicos que criem conexões entre estratégias e
atividades que vinculem as experiências vividas pelos alunos e
professores, apresentando a importância das relações dos negros,
indígenas, brancos na sociedade.
■ a conexão dos objetivos, estratégias de ensino
e atividades com a experiência de vida dos
alunos e professores, valorizando aprendizagens
vinculadas às suas relações com pessoas negras,
brancas, mestiças, assim como as vinculadas às
relações entre negros, indígenas e brancos no
conjunto da sociedade (BRASIL, 2004, p.19)
Assim, para esses princípios, deverão ser elaborados
trabalhos pedagógicos que criem conexões entre estratégias e
atividades que vinculem as experiências vividas pelos alunos e
Organização e Legislação da Educação 177

professores, apresentando a importância das relações dos negros,


indígenas, brancos na sociedade.
■ a conexão dos objetivos, estratégias de ensino e
atividades com a experiência de vida dos alunos e
professores, valorizando aprendizagens vinculadas
às suas relações com pessoas negras, brancas,
mestiças, assim como as vinculadas às relações
entre negros, indígenas e brancos no conjunto da
sociedade (BRASIL, 2004, p.19)
Dessa forma, o aluno deve ter a possibilidade de pensar,
agir e refletir sobre as diferenças e os contrastes encontrados nas
relações no interior da escola.
■ condições para professores e alunos pensarem,
decidirem, agirem, assumindo responsabilidade
por relações étnico-raciais positivas, enfrentando
e superando discordâncias, conflitos, contestações,
valorizando os contrastes das diferenças (BRASIL,
2004, p. 20).
Os projetos pedagógicos devem valorizar a dança, a
culinária e a história da cultura afro, aprendendo a preservá-la e
a difundi-la para toda a sociedade.
■ valorização da oralidade, da corporeidade e da
arte, por exemplo, como a dança, marcas da cultura
de raiz africana, ao lado da escrita e da leitura
(BRASIL, 2004, p. 20).
178 Organização e Legislação da Educação

Figura 11 — Capoeira.

Fonte: Wikimedia Commons.

O professor deve apresentar, assim, a importância dos


negros na constituição do Brasil, suas histórias e relatos,
oferecendo outro olhar frente aos acontecimentos históricos do
Brasil.
Como pudemos observar, existem políticas públicas, na
constituição, que garantem a erradicação da discriminação, a
valorização e o reconhecimento da cultura afro na sociedade; é
também papel da escola promover estratégias pedagógicas para
possibilitar esse debate e reflexão no ambiente escolar.
No entanto, nos questionamos “Será que os professores
estão aptos para desenvolver práticas pedagógicas voltadas para
a valorização da cultura afro?”
A formação inicial do professor deve ser constituída de
conhecimentos necessários para atuação e reflexão dessas
diversidades culturais, por isso a importância da preparação
dos professores, para que ele esteja apto a desenvolver futuros
cidadãos que irão contribuir e mudar a sociedade, promovendo
reconhecimento, respeito e valorização das diferenças culturais.
Organização e Legislação da Educação 179

O Brasil é um país multicultural, constituído de diferentes


culturas, e cabem a todas as instituições que compõem o país
— sejam cidadãos, políticos, educadores e gestores — se
comprometerem, por meio do conhecimento, reconhecer a
importância cultural dos diferentes povos e garantir o respeito
assegurado na constituição brasileira, afinal, trata-se de uma
responsabilidade de todos a promoção da igualdade.
180 Organização e Legislação da Educação

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