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1ª Edição
Brasília/DF - 2018
Autores
Dinair da Hora
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4
Introdução.............................................................................................................................................................................. 6
Capítulo 1
Formação e competências do pedagogo no contexto atual.......................................................................... 7
Capítulo 2
Pedagogia para além da escola .............................................................................................................................21
Capítulo 3
Pedagogia nos meios de comunicação de massa ...........................................................................................30
Capítulo 4
Pedagogia empresarial: um campo em expansão...........................................................................................47
Capítulo 5
Pedagogia no terceiro setor..................................................................................................................................... 63
Capítulo 6
Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais ................................................................................75
Referências .........................................................................................................................................................................92
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
4
Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
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Introdução
A disciplina Tópicos Especiais em Educação tem como finalidade mais ampla complementar e
aprofundar seus conhecimentos sobre gestão, trazendo novas informações e discutindo outros
assuntos que você precisa apreender sobre a ação do pedagogo.
Neste Livro Didático trataremos de temas referentes à formação e aos saberes expressos para
o pedagogo, anteriormente, definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso
de Graduação em Pedagogia, licenciatura – Resolução CNE/CP no 1, de 15 de maio de 2006 e,
atualmente, pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior
(cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda
licenciatura) e para a formação continuada – Resolução CNE/CP no 2, de 1o de julho de 2015.
As duas diretrizes para o curso de Pedagogia incluem, além dos conhecimentos escolares, os
novos campos de atuação que exigem conhecimentos pedagógicos, o que amplia o campo de
trabalho do pedagogo.
Discutiremos a ação dos pedagogos nas instituições de saúde, nas instituições judiciárias, nos
museus e nos meios de comunicação de massa e daremos destaque à pedagogia no campo
empresarial e nas organizações não governamentais, chamada de terceiro setor.
Objetivos
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CAPÍTULO
FORMAÇÃO E COMPETÊNCIAS DO
PEDAGOGO NO CONTEXTO ATUAL 1
Apresentação
O primeiro item traz uma discussão com base em um breve histórico das diretrizes (2006-2015)
para os cursos de formação de professores, particularmente, nosso foco é o curso de Licenciatura
em Pedagogia, que expressam os princípios organizativos e as concepções do processo de
formação dos pedagogos.
No segundo item temos a apresentação dos novos saberes e fazeres para o pedagogo, destacando
as competências e habilidades para atuação tanto no campo da docência como na gestão
educacional.
Durante seus estudos deste capítulo, procure refletir sobre as novas exigências que hoje são postas
para a sua futura profissão, focando sua atenção nos destaques apontados, procurando ler os
textos indicados, realizando as atividades propostas, tendo como propósito sempre o alcance
de uma formação consistente para que sua prática profissional seja qualitativa.
Objetivos
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CAPÍTULO 1 • Formação e competências do pedagogo no contexto atual
Apresentação
Desde meados da década de 1980 do século XX, os cursos de Pedagogia ministrados no Brasil
organizavam-se de duas formas: uma que era de acordo com o modelo tradicional definido
pelo Parecer do Conselho Federal de Educação – CFE no 252/1969, que formava profissionais
habilitados para exercer a docência das disciplinas pedagógicas nos cursos de Magistério em
nível médio e profissionais licenciados conhecidos como especialistas, para atuarem nas escolas
e nos sistemas de ensino, exercendo as funções de administradores escolares, supervisores e
orientadores educacionais e inspetores do ensino.
A segunda forma de organização do curso de Pedagogia apresentava um novo modelo, que formava
licenciados habilitados para o exercício do magistério nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
e, em alguns casos, na Educação Infantil e para o magistério das disciplinas pedagógicas do nível
médio. A implantação desse novo modelo, por diferentes instituições de Ensino Superior, foi
acolhida pelo CFE, que autorizou as primeiras experiências e, posteriormente, pelo Conselho
Nacional de Educação (CNE), por meio de Pareceres específicos.
É importante destacar que esse segundo modo de organização do curso de Pedagogia – formação
de professores – tornou-se predominante na década de 1990 sem, contudo, o antigo modelo ter
sido extinto. Assim, muitas Instituições de Ensino Superior (IES) agregaram à habilitação para
o magistério, uma ou mais habilitações de especialistas, obedecendo parcialmente ao Parecer
CFE no 252/1969. Esse predomínio foi uma decorrência natural do entendimento cada vez mais
claro da urgência em realizar uma formação em nível superior às novas gerações de professores,
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Formação e competências do pedagogo no contexto atual • CAPÍTULO 1
No processo de consolidação do novo modelo de curso, boa parte das instituições formadoras
tem contemplado o atendimento às demandas sociais específicas com a oferta de disciplinas
optativas, enriquecimento curricular, cursos de extensão e desenvolvimento de projetos especiais.
Nessa última categoria, encontra-se a formação para a docência na Educação de Jovens e Adultos,
na Educação Indígena, na Educação para os Portadores de Necessidades Educativas Especiais,
entre outras, a partir da capacidade instalada e do desenvolvimento da pesquisa das respectivas
áreas nessas instituições.
Porém, a maioria das práticas inovadoras que foram adotadas na renovação dos cursos de
Pedagogia nos últimos quinze anos foi ignorada pelos reformadores oficiais que instauraram
uma nova ordem para a educação do País, no momento da elaboração da nova Lei de Diretrizes
e Bases, a LDB no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
Saiba mais
Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de
ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de
graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício
do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade Normal.
I – cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de
docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental;
II – programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à
educação básica;
III – programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis.
Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação
educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a
critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
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CAPÍTULO 1 • Formação e competências do pedagogo no contexto atual
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em
programas de mestrado e doutorado.
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a
exigência de título acadêmico.
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público:
II – aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim;
§ 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos
termos das normas de cada sistema de ensino.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm.
Deve-se destacar, contudo, que muitos desses artigos da Lei original foram alterados posteriormente, por dispositivos legais.
Consulte o site Planalto http://www.planalto.gov.br para acesso às alterações.
apenas tornar claros os dados da realidade exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as
de coordenação e assessoramento pedagógico.
dos Cursos, mas, também, explicitar as razões
de seu desacordo com os rumos traçados
pelas novas políticas governamentais em relação a eles. Os resultados dessa busca revelam-se na
Resolução CNE/CP no 1, de 15 de maio de 2006, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura.
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Formação e competências do pedagogo no contexto atual • CAPÍTULO 1
a. à formação inicial para o exercício da docência na educação infantil e nos anos iniciais
do ensino fundamental;
d. a outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. A formação assim
definida abrange integradamente a docência, a participação da gestão e avaliação de
sistemas e instituições de ensino em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento
de programas e as atividades educativas (Parecer CNE/CP no 5/2005, p. 6).
Assim, concretiza-se um amplo horizonte para a formação e atuação profissional dos pedagogos.
Tal perspectiva é reforçada nos arts. 4° e 5° da Resolução CNE/CP no 1/2006, que definiam a
finalidade do Curso de Pedagogia e as aptidões requeridas do profissional desse curso:
Fonte: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf.
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CAPÍTULO 1 • Formação e competências do pedagogo no contexto atual
Diante desses dispositivos, define-se, pois, que a formação no curso de Pedagogia deve assegurar
a articulação entre a docência, a gestão educacional e a produção do conhecimento na área da
educação. Com essa determinação, o legislador afasta a possibilidade de redução do curso a uma
formação restrita à docência das séries iniciais do ensino fundamental e aproxima-se, dessa forma,
das propostas de diretrizes apresentadas pela Comissão de Especialistas de Pedagogia de 1999.
Desse modo, o trabalho docente e a docência implicam uma articulação com o contexto mais
amplo, com os processos pedagógicos e os espaços educativos em que se desenvolvem e, ao
mesmo tempo, exigem o desenvolvimento da capacidade de reflexão crítica da realidade em que
se situam esses processos educativos. Com essa concepção, as práticas educativas definem-se e
realizam-se mediadas pelas relações socioculturais, políticas e econômicas do contexto em que
se constroem e reconstroem. Além disso tudo, consolida-se cada vez mais o papel da docência
no curso de Pedagogia.
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Formação e competências do pedagogo no contexto atual • CAPÍTULO 1
Para essa sólida formação teórica são exigidas novas formas de se pensar o currículo e sua
organização, para além daquelas concepções fragmentadas, restritas a um elenco de disciplinas
fechadas em seus campos de conhecimento. Ao contrário, as DCN-Pedagogia/2006 apontavam
para uma organização curricular fundamentada nos princípios de interdisciplinaridade, de
contextualização, da democratização, da pertinência e relevância social, da ética e da sensibilidade
afetiva e estética.
Desse modo, os núcleos que definiam a estrutura do curso de Pedagogia – núcleo de estudos
básicos; núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos; núcleo de estudos integradores –
integram-se e articulam-se ao longo de toda a formação, partindo do diálogo entre os diferentes
componentes curriculares, por meio do trabalho coletivo, sustentado no princípio interdisciplinar
dos diferentes campos científicos e saberes que informam o campo da pedagogia.
A formação para a gestão educacional, como indicada desde as DCN-Pedagogia/2006, traz uma
contribuição importante rompendo com visões fragmentadas e fortemente centralizadas da
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CAPÍTULO 1 • Formação e competências do pedagogo no contexto atual
O art. 64 da Lei no 9.394/1996 enfatiza que a licenciatura em Pedagogia realiza a formação para
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional, em organizações
(escolas e órgãos dos sistemas de ensino) da educação básica e estabelece as condições em que
a formação pós-graduada para tal deve ser efetivada.
O Parecer CNE/CP n° 3/2006 esclarece de forma mais definitiva as dúvidas sobre a eventual
observância do disposto no art. 64 da Lei no 9.394/1996, comentado acima. Desse modo, o Parecer
reitera a concepção de que a formação dos profissionais da educação, para funções próprias do
magistério e outras, deve ser baseada no princípio da gestão democrática (obrigatória no ensino
público, conforme a CF, art. 206, VI; LDB, art. 3o, VIII) e superar aquelas vinculadas ao trabalho
em estruturas hierárquicas e burocráticas.
Certamente, um desafio que fica para os educadores brasileiros é se articularem para uma
intervenção efetiva na definição das orientações que regerão a formação a ser desenvolvida
nos cursos de pós-graduação destinados à “formação dos profissionais para administração,
planejamento, inspeção, supervisão e orientação na educação básica”, de modo que venha a
contribuir, igualmente, para o fortalecimento da gestão democrática da educação e da escola e
a construção de uma educação pública de qualidade.
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Formação e competências do pedagogo no contexto atual • CAPÍTULO 1
Assim, a formação do profissional da educação é vista sob uma tríplice dimensão: formar um
profissional que possa atuar como docente (licenciado), como gestor (responsável pela organização
dos processos educativos) e como pesquisador (voltado para a produção de conhecimento
científico em educação).
Vale destacar ainda a formação de profissionais da educação para atuar em contextos não escolares.
É marcante a consciência atual da importância e da necessidade da intervenção participante e
eficaz dos pedagogos no campo das práticas socioculturais, uma vez que processos pedagógicos
informais estão sempre presentes nas práticas efetivadas no plano coletivo e comunitário.
Desse modo, desde as atividades dos programas de educação popular, voltados aos mais
diferentes grupos da população que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola formal
ou delas foram excluídos, até as propostas de ação pedagógica nas atividades de caráter cultural,
realizadas pelos novos e avançados meios de comunicação de massa, passando pelas diversas
intervenções dos movimentos sociais, a presença e a participação de profissionais da educação
e, em especial, dos pedagogos se fazem necessárias, relevantes e imprescindíveis.
A Pedagogia não se refere apenas às práticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras
práticas. O campo educativo é bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares
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CAPÍTULO 1 • Formação e competências do pedagogo no contexto atual
sob variadas modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de comunicação,
na política, na escola.
Desse modo, não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a Pedagogia aos métodos de
ensino. Se há uma diversidade de práticas educativas, há, também, várias pedagogias: a pedagogia
familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação etc., além, é claro, da
pedagogia escolar.
Os profissionais da educação formados pelo curso de Pedagogia atuarão em vários campos sociais
da educação, em função das novas necessidades e demandas sociais. Tais campos são as escolas
e os sistemas escolares; os movimentos sociais; as diversas mídias, incluindo o campo editorial;
as áreas da saúde; as empresas; os sindicatos e outros que se fizerem necessários.
» capacidade pedagógica para atuar nos movimentos sociais, nos meios de comunicação
de massa, nas empresas, nos hospitais, nos presídios, nos projetos culturais e nos
programas comunitários de melhoria da qualidade de vida.
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Formação e competências do pedagogo no contexto atual • CAPÍTULO 1
Saiba mais
PERFIL DO PEDAGOGO
O perfil do profissional da Educação que se pretende formar está sintonizado com o projeto futuro, com o educador que irá
atuar no terceiro milênio:
» um profissional da Educação com ampla visão do trabalho pedagógico em suas várias dimensões, tanto no sistema escolar
como em outras instâncias educativas;
» um profissional com sólida formação teórica, técnica, científica e pedagógica, compreendendo a multidimensionalidade
do processo educativo;
» um pedagogo-investigador, cuja aproximação com seu objeto de estudo se dá pela pesquisa, articulando teoria e prática, e
capaz de pesquisar, elaborar e reelaborar o conhecimento, aplicando-o em situações concretas;
» um profissional comprometido com seu contínuo aperfeiçoamento teórico-prático, com a busca de especialização
em seus campos de atuação, considerando as perspectivas e as exigências do mundo do trabalho em processo de
transformação;
Competências
» Formar o professor do Ensino Básico: de Educação Infantil (creche e pré-escola); do Ensino Fundamental (quatro séries
iniciais) regular e na modalidade de Educação Especial, e do Ensino Normal e com aprofundamento em alfabetização de
crianças, jovens e adultos, para atuação formal e na educação não formal e não escolar.
» Formar o profissional da Educação para administrar, planejar, supervisionar, inspecionar e orientar, enfim, para atuar na
educação formal (escolar) e na educação não formal e não escolar.
» Formar o profissional da Educação para atuar no terceiro milênio, numa concepção de educação permanente, de contínuo
aperfeiçoamento teórico-prático, de busca de especialização nos campos de atuação, considerando as perspectivas e as
exigências do mundo do trabalho, em processo de transformação.
Habilidades
» Investigação nos vários campos do conhecimento, refletindo acerca dos valores históricos, sociais, éticos, políticos e
culturais.
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CAPÍTULO 1 • Formação e competências do pedagogo no contexto atual
No entanto, vale destacar o que escreve Dourado (2015, p. 304), como justificativa, a partir de
estudos e discussões realizados por diferentes atores que antecederam as atuais diretrizes. Assim
afirma:
dinâmicas, políticas, currículos. grupo são metas estruturantes para a garantia do direito à educação básica
com qualidade, e que assim promovam a garantia do acesso, à universalização
De maneira geral, a despeito das
do ensino obrigatório, e à ampliação das oportunidades educacionais.
diferentes visões, os estudos e Um segundo grupo de metas diz respeito especificamente à redução das
pesquisas, já mencionados, desigualdades e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis para
a equidade. O terceiro bloco de metas trata da valorização dos profissionais
apontam para a necessidade de
da educação, considerada estratégica para que as metas anteriores sejam
se repensar a formação desses atingidas, e o quarto grupo de metas refere-se ao ensino superior.
profissionais. Nessa direção, Fonte: http://pne.mec.gov.br/
considerando a legislação em
vigor, com especial realce para o PNE, suas metas e estratégias.
As metas e estratégias desse plano foram fundamentais, assim como a Lei de Diretrizes e Bases
no 9.394/1996 para as discussões sobre a formação de professores. Particularmente, dada a
relevância dessa formação, uma vez que grande parte desses professores atua ainda com uma
formação sem nível superior.
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Formação e competências do pedagogo no contexto atual • CAPÍTULO 1
Número de Docentes Atuando na Educação Básica e Proporção por Grau de Formação – Brasil – 2007-2013
Dessa forma, podemos observar uma política educacional de formação inicial sendo fortalecida
desde 2006 que, no caso do curso de Pedagogia, vem se destacando o papel docente nos diferentes
contextos, a gestão escolar e, mais recentemente, a valorização da pesquisa no campo educacional.
É justamente em relação à atuação docente ampliada para diferentes contextos que nos interessa
nessa disciplina, cujas duas últimas diretrizes (2006 e 2015) destacaram.
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CAPÍTULO 1 • Formação e competências do pedagogo no contexto atual
Resumo
» O Curso de Pedagogia a partir dos meados da década de 1980 era organizado em duas
grandes tendências: a primeira tendência formava profissionais licenciados habilitados
para o exercício da docência das disciplinas pedagógicas nos cursos de Magistério
em nível médio e os profissionais para atuarem junto às escolas e sistemas de ensino:
administradores escolares, supervisores e orientadores educacionais e inspetores do
ensino.
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PEDAGOGIA PARA ALÉM DA ESCOLA
CAPÍTULO
2
Apresentação
Continuando nossa abordagem sobre a gestão educacional, em que damos destaque à Pedagogia
e ao pedagogo, seus saberes e seus fazeres, este capítulo, denominada Pedagogia para além da
escola discute os espaços educativos diferentes da escola, que necessitam das capacidades,
competências e habilidades desse profissional da educação.
Leia e discuta com seus pares os temas apresentados, preste atenção às dicas e aos destaques e
faça um bom trabalho!
Objetivos
» Identificar alguns espaços não escolares em que o pedagogo pode desenvolver sua
prática educativa.
21
CAPÍTULO 2 • Pedagogia para além da escola
Apresentação
Pimenta (2001) aponta indicativos para a formação do pedagogo cientista educacional, como um
profissional que atue como gestor/pesquisador/coordenador de diversos projetos educativos,
dentro e fora da escola: pressupondo sua atuação em atividades de lazer comunitário; em espaços
pedagógicos nos hospitais e presídios; na formação de pessoas dentro das empresas; que saiba
organizar processos de formação de educadores de ONGs; que possa assessorar atividades
pedagógicas; que esteja habilitado à criação e elaboração de brinquedos, materiais de autoestudo,
programas de educação a distância; que organize, avalie e desenvolva pesquisas educacionais em
diversos contextos sociais; que planeje projetos culturais e afins. Neste capítulo, apresentamos
espaços não escolares em que os conhecimentos da Pedagogia são empregados.
O espaço do hospital é um centro de referência e tratamento de saúde que, muitas vezes, provoca
um ambiente de dor, sofrimento e morte, causando uma forma de ruptura entre crianças e
adolescentes com os laços que mantêm com seu cotidiano e com a produção da existência
da construção de sua própria aprendizagem. Diante dos problemas de saúde que exigem
hospitalização, independente do tempo de internação, por meio de políticas públicas e estudos
acadêmicos, verifica-se a necessidade da implantação da Pedagogia Hospitalar.
A Pedagogia Hospitalar busca, há anos, sua verdadeira definição e vem se apresentando como um
processo educativo não escolar que propõe desafios aos educadores e possibilita a construção
de novos conhecimentos e atitudes.
Historicamente, a Pedagogia Hospitalar nasceu com a criação das classes hospitalares quando
Henri Sellier inaugurou a primeira escola para crianças inadaptadas nos arredores de Paris. Seu
exemplo foi seguido na Alemanha, em toda a França, na Europa e nos Estados Unidos, com o
objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas.
22
Pedagogia para além da escola • CAPÍTULO 2
Em 2002, o Ministério da Educação, por meio de sua Secretaria de Educação Especial, elaborou
um documento de estratégias e orientações para o atendimento nas classes hospitalares,
assegurando o acesso à Educação Básica.
A criança e/ou o adolescente, quando submetido a tratamento de saúde em hospital, por período
prolongado, na grande maioria das vezes, desenvolve atraso na escolaridade e quase sempre
abandona a escola devido às dificuldades que encontra no seu retorno.
O período de internamento também prejudica as atividades sociais da criança, uma vez que no
hospital ela fica mais afastada da família, da escola, dos amigos, confinada em espaço limitado
e convivendo em um ambiente que não favorece as relações de alegria e relações sociais.
Fonte: http://pedagogiahospitalarunb.blogspot.com.br/2013/07/textos-interessantes-sobre-classe.html
23
CAPÍTULO 2 • Pedagogia para além da escola
Fonte: https://www.estudopratico.com.br/primeira-brinquedoteca-do-mundo-surgiu-ha-mais-de-80-anos/.
Isso significa o planejamento de diversas atividades para cada dia, porque as crianças e os
adolescentes podem receber alta a qualquer momento, ou ainda, passarem a usar uma medicação
específica e não poderem sair de seus quartos, ou então, realizarem alguma cirurgia e permanecerem
nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), ou mesmo ficarem indispostos por fatores próprios
do processo de internação (SAGATIO, 2007).
A prática pedagógica nesse locus de atendimento exige dos profissionais da educação maior
flexibilidade, haja vista a quantidade de crianças que serão atendidas, e o período que cada
uma delas permanecerá internada, assim como às diferentes patologias. Para esse atendimento
é preciso flexibilidade na definição e organização das atividades, constituindo-se em um
desafio a ser enfrentado. Os pedagogos devem buscar parceria com os familiares, que exercem
24
Pedagogia para além da escola • CAPÍTULO 2
O trabalho no ambiente hospitalar é específico e vai além das rotinas médicas, pois, ao mesmo
tempo em que a criança e/ou o adolescente sente-se mais confiante no ambiente hospitalar,
porque, de alguma maneira, sabe que aquele espaço pode ajudar a melhorar seu quadro clínico,
há toda a angústia gerada pela falta do convívio familiar, que passa a obedecer a algumas regras,
pelo sentimento de isolamento das relações sociais a que estava habituado fora do hospital, além
de que necessita aprender a conviver com pessoas que até então não faziam parte de sua vida. Por
isso, a importância da ética durante todo o trabalho pedagógico no processo de hospitalização.
Enfim, tudo precisa ser observado quando da organização do trabalho educativo no ambiente
hospitalar, desde um planejamento diversificado e flexível até o entrar e o sair da criança e/
ou do adolescente no espaço em que estão sendo desenvolvidas as atividades. Todo esse
trabalho precisa estar impregnado pela ética, para que realmente se possa realizar um trabalho
didático-pedagógico qualitativo e consistente no ambiente hospitalar. (SAGATIO, 2007)
Não é mais uma questão de cunho exclusivamente político-social, mas jurídico, especialmente
no que diz respeito à punição dos infratores. Entende-se que a preocupação dos legisladores em
relação à elaboração de medidas socioeducativas recuperativas é explicada pelo fato de a criança/
adolescente ser ainda um indivíduo em processo de construção da personalidade, que por um
ou outro motivo, comete delito, mas que ainda pode ser resgatado para uma sociedade justa no
futuro, afastando-o da grande possibilidade de continuar na criminalidade (QUEIROGA, 2003).
25
CAPÍTULO 2 • Pedagogia para além da escola
Em relação ao primeiro grupo de medidas, a plena realização desses programas está vinculada
em direta proporção ao grau de comprometimento do Juizado da Infância e Juventude local
com sua efetivação.
O Educador Social, profissional que atua nos campos da educação não formal, na educação
de adultos, na inserção social de pessoas com dificuldade de inclusão, bem como em ações
socioeducativas. Entre as disciplinas básicas, estão: didática geral, educação permanente,
intervenção educativa sobre os problemas fundamentais da desadaptação social, novas tecnologias
aplicadas à educação, programas de animação sociocultural, psicologia do desenvolvimento,
psicologia social e das organizações, sociologia e antropologia social, teoria e instituições
contemporâneas de educação, práticas, entre outras.
26
Pedagogia para além da escola • CAPÍTULO 2
Nos centros socioeducativos haverá uma equipe técnica composta, no mínimo, por um educador,
um psicólogo e um assistente social, que deverá:
A pedagogia nos museus acompanha os novos projetos educativos que são implementados a cada
nova exposição, na medida em que é reconhecida a necessidade de interação entre os visitantes
das exposições e os objetos do conhecimento ali expostos. É uma mediação de cunho pedagógico
27
CAPÍTULO 2 • Pedagogia para além da escola
que torna vivo o conhecimento, por meio da curiosidade e da observação dos visitantes aos
objetos do conhecimento.
Atualmente as exposições fazem uso da ciência, contudo, numa abordagem diferenciada por
ser social, interativa e cultural. Desse modo, trata-se de uma ciência polêmica, atual, não fixada,
tem um movimento social e cultural próprio que convoca os visitantes à reflexão de temas da
sociedade contemporânea. (SIMONNEAUX; JACOBI, 1997). A cultura das ruas, dos jornais, da
vida adentra os museus e convoca os visitantes aos debates político-sociais, ativamente.
Os museus são espaços diferentes da escola, com uma cultura própria. É um espaço social
particular que possui ritos próprios, códigos específicos. Nos museus de ciências, por exemplo,
a cultura científica em especial irá se manifestar, fazendo parte, nesse local, de uma cultura mais
ampla, a cultura museal.
Entretanto, faz parte de sua cultura o trabalho pedagógico ali desenvolvido. Pedagógico porque
ali são realizadas e ampliadas aprendizagens, há troca de saberes e processos de construção
intelectual na relação visitante acervo museológico.
28
Pedagogia para além da escola • CAPÍTULO 2
Saiba mais
A exposição de museus pode ser considerada uma unidade pedagógica, em que se dá a relação entre
mediador-saber-público. Para estudar essa relação é importante o aprofundamento numa “pedagogia de museu”,
procurando a compreensão do sistema didático existente nesse espaço. Nesse sentido, considera-se que a exposição é o local
em que se expressa o processo de didatização/musealização do saber sábio nos museus. Além disso, estudar a construção do
discurso expositivo, entendido como um tipo de discurso pedagógico implica entender processos de re-contextualização que
ocorrem nesses espaços. (BERNSTEIN, 1996, apud MARANDINO, 2013, p. 2)
Resumo
» O pedagogo está apto a formar nos indivíduos hábitos necessários à nova organização
social, que tem apenas na competição seu elemento privilegiado em face das novas
exigências do mundo do trabalho, trazendo seus conhecimentos para a compreensão
crítica do mundo, seja nos hospitais, nas instituições judiciárias ou nos museus.
29
CAPÍTULO
PEDAGOGIA NOS MEIOS DE
COMUNICAÇÃO DE MASSA 3
Apresentação
Continuando nossa abordagem sobre a gestão educacional, no qual damos destaque à Pedagogia
e ao pedagogo, este capítulo trata especificamente da Pedagogia nos meios de comunicação de
massa que se tornou um importante instrumento educacional, a depender das capacidades,
competências e habilidades da atuação desse profissional da Educação.
Leia e, também, pesquise sobre outros exemplos de projetos, tanto aqueles bem-sucedidos
como não, a fim de estabelecer uma visão crítica sobre a atuação docente e seus resultados em
espaços não escolares.
Objetivos
30
Pedagogia nos meios de comunicação de massa • CAPÍTULO 3
Apresentação
Trata-se de situações de aprendizado, cujas atividades pedagógicas podem ser assessoradas pelo
pedagogo nos diferentes meios de comunicação, tais como, TV, rádio, internet, tornando mais
pedagógicas campanhas sociais educativas sobre violência, drogas, AIDS, dengue, por exemplo.
Televisão
A TV se transformou em um bem de primeira necessidade. Ela é encontrada nas casas mais ricas
e nas mais simples, nas escolas, nos salões de festa, bares e restaurantes, e por meio dela temos
acesso às mais diferentes informações, das mais diversas qualidades.
Desse modo, é fundamental refletir e discutir sobre o quanto nós, professores, ainda sabemos
muito pouco a respeito das profundas transformações que têm ocorrido nos modos de aprender
dos mais jovens. O que é para eles ter ou buscar informação? De que modo suas preferências
estão sendo formadas? O que buscam ver na TV, o que veem e o que dizem do que veem? Que
sons lhes são familiares, aprendidos na mídia? O que lhes dá prazer nas imagens midiáticas?
(FISCHER, 2003).
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CAPÍTULO 3 • Pedagogia nos meios de comunicação de massa
Saiba mais
Essas são algumas perguntas cujas respostas não separam “forma” de “conteúdo”. Elas indicam que os recursos utilizados na
elaboração de um programa ou mesmo um comercial e todas as estratégias de divulgação desses produtos, comunicam algo,
participam da defesa de um ponto de vista, de uma ideia e, portanto realizam uma ação pedagógica.
As famílias, diante da televisão realizam escolhas que estão determinadas por valores, posições políticas, éticas, estéticas.
Compreendem, como afirma Almeida (1994), que o acesso a informação em imagem-som propõe uma maneira de
inteligibilidade, sabedoria e conhecimento que nos leva a acordar algo adormecido em nosso cérebro para entendermos o
mundo atual, não só pelo conhecimento fonético-silábico das nossas línguas, mas pelas imagens-sons também.
Fonte: http://www.tvebrasil.com.brt/salto/boletins2003/dtel/index.htm
O programa Educação nos trilhos transforma a ferrovia num veículo de educação, estimulador
de ações de cidadania.
Criado em 2000 em parceria com a Fundação Vale do Rio Doce, o Educação nos Trilhos é um
projeto socioeducativo que acontece nas estações e nos trens de passageiros da Companhia Vale
do Rio Doce. Utilizando a programação do Canal Futura associada a ações de mobilização, o
projeto contribui para a melhoria da qualidade de vida dos usuários e das comunidades ao longo
das ferrovias. Por ano, são beneficiadas cerca de 500 mil pessoas que circulam pelas Estradas de
Ferro Carajás (PA e MA) e Vitória a Minas (ES e MG). O projeto divide-se em duas etapas, Estação
Conhecimento e Teletrem.
» Estação Conhecimento: nas estações, antes da chegada e partida do trem, são exibidos
vídeos com programas do Canal Futura e são realizadas atividades pedagógicas, sociais
e de entretenimento com orientação de mobilizadores comunitários, que levam os
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Pedagogia nos meios de comunicação de massa • CAPÍTULO 3
Além dos programas de arquivo do Canal Futura, também são produzidos conteúdos específicos,
que vão desde interprogramas com dicas úteis aos passageiros, a partir do cotidiano das viagens
no trem, a documentários abordando aspectos culturais regionais. Esses programas são gravados
na região e têm objetivo de promover a identificação do público.
O Educação nos Trilhos é monitorado por pesquisas que ajudam a promover melhorias no projeto,
aperfeiçoar e criar novas ações de programação e atividades nas Estações Conhecimento, além
de medir os resultados do projeto. O projeto vem contribuindo para mudanças qualitativas
e conquista da autoestima dos participantes, que se sentem valorizados com a iniciativa.
Verificam-se também melhorias (mudanças) nos hábitos dos usuários em relação à limpeza e
conservação do trem e das estações, com redução do vandalismo.
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CAPÍTULO 3 • Pedagogia nos meios de comunicação de massa
› alimentação;
› cultura regional;
› higiene;
(Fonte: http://www.futura.org.br.data)
A preparação do professor é feita por meio de encontros, palestras, oficinas, cursos nas dependências
do jornal, nos órgãos de educação, Secretarias Municipais de Educação, Diretorias de Ensino e
nas próprias unidades escolares, geralmente nos horários destinados a reuniões pedagógicas. A
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Pedagogia nos meios de comunicação de massa • CAPÍTULO 3
orientação é feita também por meio de material pedagógico preparado para esse fim e publicações
no próprio jornal e no site.
No início das atividades e no decorrer do ano são realizadas reuniões de coordenadores, encontros
de educadores, seminários, oficinas e outros eventos. A participação dos professores nessas
ocasiões, embora seja facultativa, é de grande importância para que haja troca de experiências,
estímulo para o trabalho, apresentação de novas propostas e replanejamentos de aspectos que
não estejam funcionando bem.
Metodologia
Quantas questões desafiantes estão aí a checar a prática escolar! Vivendo na época da quarta
onda, do poder da informação, o mínimo que a escola pode fazer é começar a explorar os
recursos que o jornal oferece, por ser de fácil acesso e não exigir tecnologia sofisticada, como
ocorre com os recursos informatizados. O programa Jornal e Educação leva às escolas não só
os exemplares, mas, também, orientação aos educadores quanto à metodologia adequada para
maior produtividade e qualidade do trabalho.
O jornal não é livro didático. O jornal é fonte de informação. Se for didatizado, servindo apenas
para explorar conteúdos curriculares prefixados e estanques, não atenderá ao principal objetivo
do programa Jornal e Educação, que é o incentivo à leitura e formação de leitores críticos e
conscientes. A valorização da informação, a abordagem multidisciplinar que cada professor pode
encaminhar a priorização das atividades orais e de discussão, como ocorre na vida cotidiana,
são alguns itens a serem observados.
Educação integral
Com a utilização do jornal, o foco se desloca do conteúdo curricular abstrato para a realidade
palpável. Os conteúdos curriculares servem para ajudar a compreender a realidade objetiva ou
pessoal, na análise dos fatos noticiados. A prática escolar passa a focalizar as situações reais da
vida cotidiana e o professor tem oportunidades imperdíveis de transpor os objetivos meramente
35
CAPÍTULO 3 • Pedagogia nos meios de comunicação de massa
O jornal e os PCNs
O educador perspicaz ficará atento às matérias que proporcionem uma rica reflexão de ética e
que deem margem à orientação sexual. Comentários de novelas ou filmes podem ser ponto de
partida para reflexões sobre comportamento, atitudes e valores.
Áreas de conhecimento
Os textos jornalísticos poderão ser o elo entre o conteúdo disciplinar e a realidade cotidiana.
Antes, quase que só os professores de língua portuguesa usavam o jornal. O programa Jornal-Escola
incentiva o uso do jornal em todas as disciplinas e facilita a integração entre elas, principalmente,
em se tratando de temas transversais.
Sempre que possível, fazer a integração das diversas disciplinas, em torno dos temas/situações
que estejam em evidência ou que o professor considerar importantes. Sempre haverá no jornal
uma possibilidade de levar o aluno a discutir e participar de sua realidade, quer do ponto de
vista social ou pessoal.
Aplicabilidade
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Pedagogia nos meios de comunicação de massa • CAPÍTULO 3
áreas, vão ser utilizados para analisar a realidade, entendê-la e buscar soluções para os problemas
encontrados.
Priorização da leitura
O professor usará livremente o jornal em suas aulas conforme julgar adequado. Porém, é bom que
se leve em conta que o mais importante é a leitura, o despertar da curiosidade do aluno, fazendo
com que ele se familiarize com o jornal e sinta prazer em manuseá-lo, ao mesmo tempo em que
vai tomando consciência da importância que representa o material informativo nele contido.
Deve-se tomar cuidado para que o jornal não seja utilizado de forma enfadonha. As atividades
devem ser criativas e agradáveis, mesmo quando o jornal for utilizado como material de apoio
às diversas disciplinas curriculares e em análises críticas de maior profundidade.
O aluno deverá ser habituado, sempre que for utilizar recortes, a indicar o nome do jornal,
data e página. É algo simples, mas que, se não for respeitado constantemente, não forma o
hábito. Atividades que podem ser feitas com recortes: jornal mural, álbuns de recortes variados,
hemeroteca e kits pedagógicos.
Murais
Confecção de murais com atrativos é uma forma de estímulo para os professores que ainda não se
dispuseram a utilizar o jornal e para os alunos de classes que não desenvolvem essas atividades.
Amostras de trabalhos
O professor deverá ir arquivando no decorrer das atividades amostras dos trabalhos a serem
entregues à coordenadoria quando houver solicitação. As amostras formarão o banco de dados
e poderão ser utilizados em exposições, oficinas pedagógicas e eventos.
Exposições
As exposições individuais por escola têm dado bons resultados, tanto para valorizar o trabalho
dos alunos e professores, como, também, para facilitar a demonstração de como as atividades
se desenvolveram. Exposições gerais e por áreas estão previstas. É importante que cada escola
se faça representar, enviando amostras dentro do prazo solicitado. Solicita-se que os eventos
que a escola for realizar, relacionados ao Jornal-Escola, sejam comunicados com antecedência
e, de preferência, por escrito.
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CAPÍTULO 3 • Pedagogia nos meios de comunicação de massa
O Jornal-Escola faz uma ponte entre a escola e o jornal. Além dos encontros, oficinas e reuniões,
o JE mantém um contato permanente com os professores. Dentre eles:
» rede pacote;
» encontros centralizados;
» encontros descentralizados;
Publicação
Visita eletrônica
Visita ao jornal
Fonte: http://atribunadigital.globo.com/jornalescola .
O Quem Lê Jornal Sabe Mais foi lançado em 1982, criado pelo inesquecível Péricles de Barros,
quando Gerente de Promoções do jornal O Globo, e é o mais antigo programa de Jornal e Educação
brasileiro. Inicialmente, atendia apenas a turmas de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental, e desde
2004 passou a atender também ao Ensino Médio de escolas situadas na região metropolitana do
Rio de Janeiro. Nele ingressam, a cada ano, novas escolas, públicas e particulares.
Para ser selecionada para um dos dois Programas (O Globo ou Extra), a escola precisa contar com
uma Sala de Leitura ou Biblioteca Escolar, além de, pelo menos, um profissional responsável por
esses espaços. Têm prioridade aquelas com maior número de professores pretendendo trabalhar
o jornal em suas salas de aula.
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Pedagogia nos meios de comunicação de massa • CAPÍTULO 3
» a de que este é um Programa de Leitura que pretende contribuir para que a população
jovem goste de ler jornal e possa, por meio de seu conhecimento e uso orientados,
exercitar sua cidadania e até se aproximar de outras leituras. Por isso faz-se a distribuição
de jornais do dia, para que se promova maior interesse por sua leitura;
Durante todo o ano tem lugar a preparação dos profissionais que pretendem participar, sempre
sob a responsabilidade da equipe pedagógica do Programa. O diferencial da OP oferecida
apoia-se em dois aspectos:
a. o primeiro é tomar a prática dos professores como referência para a reflexão sobre o
potencial, limites e possibilidades do uso do jornal na escola;
b. o segundo é propor uma utilização combinada dos jornais na escola, ou seja, sem
desprezar o uso mais comum, que é o de o professor levar jornais para utilizá-los como
recurso didático em classe, aproveitar esse material para ir além: o mesmo jornal deve
ser lido criticamente, não deve ser tomado como um ponto final, como a última palavra
a respeito do que estudamos com o seu apoio. Se um jornal ajuda a compreendermos
determinado assunto do currículo, esse mesmo jornal – seja uma página, um caderno
ou o seu conjunto – deve ser analisado, ele mesmo, como portador de um discurso. Ou
seja: aos professores é apresentada uma metodologia para a leitura crítica da mídia
impressa, de tal como que seja percebida a sua influência que contribui fortemente
para formar o pensar e o modo de agir das pessoas e grupos sociais.
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CAPÍTULO 3 • Pedagogia nos meios de comunicação de massa
» Durante essa etapa realizam-se Encontros de Trocas entre os profissionais das diversas
escolas; Fórum de alunos; palestras; visita dos alunos a O Globo; atividades culturais
para alunos e professores;
O programa Quem Lê Jornal Sabe Mais promove eventos congregando os alunos participantes:
além de pré-estreias, sessões de teatro, debates e eventos especiais, há também o já tradicional
Encontro Anual de Alunos, em que é realizada a premiação daqueles que fizeram os melhores
trabalhos do ano. Nessa atividade de encerramento as escolas organizam uma exposição de
trabalhos, integrada com um show musical com um conjunto especialmente contratado pelo
jornal para o evento.
Uma atividade que tem sido, a cada ano, mais atrativa para os alunos, é a comemoração do Dia
do Estudante, que se realiza no mês de agosto. A cada ano escolhe-se uma personalidade que
venha conversar sobre suas vidas, o que sempre é bastante divertido e enriquecedor para os
alunos. Já estiveram com eles Zico, Gabriel o Pensador, Chico Caruso e Heloísa Périssé e, com
certeza, para a próxima comemoração um novo nome será pensado com muito carinho para
homenagear os nossos jovens participantes.
Há ainda outras atividades que merecem destaque no trabalho que envolve diretamente os alunos:
» A visita que os alunos de cada escola fazem ao Jornal. Trata-se de uma visita guiada por
uma profissional especialmente orientada para apresentar todo o processo de produção
do jornal aos visitantes. Os alunos são transportados por um ônibus fretado pelo Jornal.
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Pedagogia nos meios de comunicação de massa • CAPÍTULO 3
» Uma equipe de alunos de cada escola vem participando do projeto Repórter do Futuro.
Os Jornais de Bairro de O Globo publicam as reportagens feitas por esses alunos, os
quais recebem orientação sistemática de uma jornalista de O Globo, na própria sede
do Jornal, para elaborarem as suas matérias. Ao final do ano, numa cerimônia festiva,
cada aluno recebe seu certificado de participação e a avaliação, ainda informal, dessa
iniciativa, é extremamente positiva.
» Ida de alunos ao voo de cientistas para acompanhar o eclipse total do sol no Atlântico Sul.
» Parceria com o Canal Futura para exibição de programas sobre o Quem Lê Jornal Sabe
Mais.
O Instituto Ary Carvalho (IAC) é uma instituição jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
criada em 1999 com o objetivo de gerar, desenvolver, executar e administrar projetos, programas
e atividades culturais, sociais, artísticos, educacionais e de saúde. Como uma empresa moderna
e socialmente responsável, o Grupo O Dia não tem medido esforços para também atender às
comunidades carentes, desenvolvendo ações sociais que criem alternativas para a inclusão
social de suas crianças e jovens. Hoje, o grande foco social do IAC está no Complexo do Arará, em
Benfica, e em algumas outras comunidades desse entorno. Mas outros projetos e programas foram
idealizados e estão sendo conduzidos com o objetivo de atender à população em geral, visando
à construção de uma sociedade mais informada e mais consciente de seus direitos e deveres.
As ações sociais, culturais e educacionais do IAC fazem do grupo O Dia o único no mundo a
manter, em suas próprias instalações, um projeto social dessa magnitude.
41
CAPÍTULO 3 • Pedagogia nos meios de comunicação de massa
Projetos educacionais
O Dia na Sala de Aula criado em 1997, já atendeu 192.141 alunos e 13.921 professores de 570
escolas do município do Rio de Janeiro. Embrião de outros projetos educacionais desenvolvidos
pelo IAC nos últimos anos, tem como principal objetivo inserir e estimular o uso do jornal em
sala de aula, transformando-o numa fonte adicional de enriquecimento educacional e cultural,
de consulta histórica permanente e de um eficiente meio de tornar alunos e professores mais
participativos e críticos. O Programa cria e desenvolve dezenas de cursos de capacitação, oficinas,
concursos, feira de livros, exposições, teatralizações, jornadas educacionais e diversos outros
projetos de grande alcance popular.
Mostra todo o processo editorial e industrial de um jornal. Desde que foi criado, em 1994, o
programa já levou à sede do Grupo O Dia, no Centro, e ao parque gráfico, em Benfica, 17.300
pessoas, entre estudantes, professores, militares, empresários, moradores de comunidades e
ONGs. As visitas são diárias e marcadas com antecedência pelos telefones (021) 2222-8256 e
0800-218-218.
Fonte: http://IAC.tema.com/index.asp.
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Pedagogia nos meios de comunicação de massa • CAPÍTULO 3
Exemplo 5: Rádio
Devido à facilidade de acesso, ao alto nível de cobertura e à flexibilidade, o rádio oferece grandes
possibilidades para a educação a distância no desenvolvimento de programas de educação
formal e não formal. O ensino pelo rádio, utilizado para desenvolver conteúdos de nível primário
e capacitação de docentes, pode ser bastante eficiente. Utilizado na educação não formal, em
campanhas de prevenção de Saúde Coletiva, Alfabetização e Programas Sociais, estimulando a
integração nacional, esse meio efetivamente pode contribuir para educação de grande parte da
população brasileira ainda analfabeta.
Por sua diversidade e baixo custo, o rádio é o meio utilizado com mais frequência nos projetos
de desenvolvimento social. Para que os textos radiofônicos cheguem aos ouvintes é necessário
utilizar várias técnicas de criação de programas. Na educação pelo rádio, consideramos três
pontos básicos:
» Audições gravadas.
» Leitura de roteiros.
» Guias.
Audições gravadas
É a estratégia mais usada. Para a elaboração dos programas utiliza-se a exposição de peritos
(transposição de aulas e conferência). Permite qualidade na gravação, visto que a esta pode ser
feita várias vezes, até conseguir a apresentação e a qualidade adequadas. Geralmente, transmitem
grandes quantidades de informações bem estruturadas. O emissor dirige-se a um ouvinte distante
heterogêneo e anônimo (mesmo em audiência cativa como nos cursos a distância). O ouvinte
não tem como expor suas dúvidas ou fazer comentários. São bem utilizados para o público
escolarizado com conhecimento prévio do tema.
43
CAPÍTULO 3 • Pedagogia nos meios de comunicação de massa
A leitura de roteiros
Compartilha as características das audições gravadas, a diferença é que a leitura de roteiros ocorre
com a rádio no ar, dando naturalidade e espontaneidade à emissão. Oferece a oportunidade de
retroalimentação e de monitorar a audição, incluindo a participação do ouvinte e o diálogo com
especialistas e produtores.
A construção de programas para educação via rádio deve considerar as características do meio. As
estratégias descritas acima são possibilidades que não descartam a criação de outras estratégias
adequadas aos objetivos de cada projeto específico.
De acordo com Marlene Blois, uma das mais reconhecidas especialistas na história da radiodifusão
no Brasil, a importância das rádios educativas mede-se pelo trabalho que cada uma desenvolve
junto à comunidade. Uma “rádio educativa” deve privilegiar a cultura da nossa gente, abrindo
espaços na programação, tanto para as manifestações culturais quanto para a história da
comunidade onde a rádio se situa.
Sob essa perspectiva, a professora e jornalista Sandra de Deus enfatiza a importância da rádio
universitária como um canal de extensão da universidade para a sociedade, representando a
multiplicidade de ideias, gostos e correntes do contexto social.
Desse modo, as Educativas são, na verdade, Rádios Cidadãs e, como tal, devem ser laboratórios
de criação de novos formatos radiofônicos, de linguagens inovadoras e celeiro na formação de
profissionais compromissados com o exercício da cidadania.
Fonte: http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/radio/radio_basico/projetos.htm.
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Pedagogia nos meios de comunicação de massa • CAPÍTULO 3
Experiências bem-sucedidas:
Rádio rural
Nos municípios de Santarém e Belterra, no Pará, ganha relevância a experiência Rádio Rural que
vem abrindo espaço para que professores e alunos de 400 escolas dos dois municípios façam
uso da emissora para mobilizar 37 mil alunos da Floresta Amazônica. Trata-se de um projeto
que consiste na produção de programas de rádio veiculados três vezes por semana. Cynthia
Camargo, idealizadora do projeto, em entrevista para a ONG Midiativa, explica que “a aliança
da escola pública com o rádio, o maior veículo de comunicação e intercâmbio cultural do Brasil,
amplifica a capacidade de formular estratégias criativas para uma educação de qualidade chegar
o mais longe possível”.
Voz da liberdade
Um projeto que aglutina a experiência de produção comunitária com emissão aberta via FM,
é da rádio Voz da Liberdade. Ela é dirigida por crianças e adolescentes no espaço da Fundação
Casa Grande, localizado no sertão do Ceará, em Nova Olinda, uma cidade de onze mil habitantes.
A rádio foi a primeira experiência de uso dos recursos da comunicação pela Fundação. Começou
com quatro alto-falantes e hoje dispõe de uma emissora com frequência de 104,9 MHz e 25 w
de potência, atingindo, além de Nova Olinda, os municípios de Altaneira, Santana do Cariri e
alguns sítios de Assaré.
Com a ajuda dos parceiros que colaboram com o projeto, a Casa Grande FM conseguiu
equipar-se, oferecendo aos meninos e meninas recursos de última geração, tais como aparelhos
de reprodução e gravação de CDs, mesa som de oito canais, computador etc. Para as crianças e
jovens da Fundação Casa Grande, o rádio oferece a possibilidade de divulgar informações e falar
das músicas e artistas que lhes dão prazer.
Resumo
» Pode assessorar atividade pedagógica nos diversos meios de comunicação como TV,
rádio, internet, quadrinhos, revistas, editoras, tornando mais pedagógicas campanhas
sociais educativas sobre violência, drogas, AIDS, dengue.
45
CAPÍTULO 3 • Pedagogia nos meios de comunicação de massa
» O pedagogo está apto a formar nos indivíduos hábitos necessários à nova organização
social, que tem apenas na competição seu elemento privilegiado em face das novas
exigências do mundo do trabalho, trazendo seus conhecimentos para a compreensão
crítica do mundo, até mesmo nos meios de comunicação de massa.
46
CAPÍTULO
PEDAGOGIA EMPRESARIAL: UM
CAMPO EM EXPANSÃO 4
Apresentação
Leia e discuta com seus pares os temas apresentados. Preste atenção às observações e aos
destaques, faça um bom trabalho e prepare-se para assumir o espaço de trabalho na empresa
porque ele é nosso.
Objetivos
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CAPÍTULO 4 • Pedagogia empresarial: um campo em expansão
Apresentação
No mundo do trabalho, o pedagogo tem sido, historicamente, identificado como aquele profissional
capacitado para exercer as atividades da docência e das tarefas educativas de administração
escolar, de coordenação pedagógica, de orientação e de supervisão educacional, que são atividades
específicas da escola.
Atualmente, como já vimos nos capítulos anteriores, o curso de Pedagogia passa por um processo
de reorganização, orientada pelas novas diretrizes curriculares, em que, entre outras determinações,
considera as transformações porque passa o processo produtivo.
Diante desse contexto, a aprendizagem tornou-se essencial para a sobrevivência das organizações,
uma vez que é por ela que a ampliação do conhecimento das pessoas e do desenvolvimento de
suas habilidades, melhoram seu desempenho e permitem com que elas possam assumir novas
responsabilidades, o que lhes traz maior satisfação pessoal e, consequentemente, melhoram a
qualidade dos serviços da empresa.
Neste capítulo, tendo por base produções teóricas e depoimentos de pedagogos que atuam em
organizações empresariais, discutiremos sua inserção na prática educativa organizacional e a
constituição dos saberes que lhe dá sustentação para tal, buscando compreender o papel desse
profissional preparado, a priori para atuar em escolas, mas que atua também em empresas,
contribuindo para a qualidade da sua formação profissional e para a melhoria da educação do
trabalhador nas empresas.
As finalidades assumidas pela escola e pela empresa sempre foram bem definidos: a escola
tinha a responsabilidade de ensinar, preparar o indivíduo para o trabalho, e a empresa, por sua
vez, assumia o papel de executar e realizar seus objetivos empresariais, utilizando o que os seus
profissionais aprendiam na escola.
Nos tempos atuais, em que a velocidade, a agilidade e o volume de informações tomam outra
dimensão e exigem alerta permanente às inovações e mudanças infindáveis, não é possível
pensar em atuações fragmentadas, em que a escola atua sobre conteúdos específicos, baseados
em currículos rígidos, sem interagir com o mundo do trabalho.
48
Pedagogia empresarial: um campo em expansão • CAPÍTULO 4
Nesse contexto, os princípios e métodos da Pedagogia têm sido adotados no interior das empresas
há décadas, quando havia necessidade de transferir os princípios da racionalidade, eficiência e
produtividade da economia e, no momento atual, com a nova onda da globalização, nota-se a
intensificação do emprego dos conhecimentos pedagógicos nas organizações, com a finalidade
de garantir a sobrevivência das organizações.
Holtz (2006) destaca esta relação ao afirmar que enquanto uma empresa caracteriza-se pela reunião
intencional de pessoas, para explorar uma atividade produtiva, liderada pelo empresário, com o
fim de alcançar objetivos e metas previamente definidos, a Pedagogia é uma ciência que reúne,
estuda e emprega princípios e práticas relativos à formação, ao aperfeiçoamento de capacidades,
competências e habilidades das pessoas, de acordo com ideais e objetivos definidos.
Assim,
49
CAPÍTULO 4 • Pedagogia empresarial: um campo em expansão
» Atividades sociais: voltadas para o bem-estar dos funcionários e de suas famílias; busca
de serviços diversos de interesse dos funcionários, tais como creches, atendimento
pediátrico, atendimento psicológico, atendimento ao idoso, assessoria jurídica, assessoria
de planejamento financeiro, academias de ginástica etc.; projetos de preservação da
natureza, de respeito aos costumes e à cultura local; promoção do relacionamento
ético com o Poder Público, contribuir para o desenvolvimento de sua região e do país.
50
Pedagogia empresarial: um campo em expansão • CAPÍTULO 4
A atuação do pedagogo nas empresas resulta da importância dada à educação no atual cenário
do mundo do trabalho, compreendida como um processo permanente e contínuo e assumida
como compromisso de todos e responsabilidade particular dos gestores de pessoas. Na maioria
das empresas, a educação constitui-se em processo estratégico para a obtenção de melhores
resultados empresariais.
As empresas, para manter-se em boa colocação no campo da competição por melhores colocações
no mercado preocupam-se com dois elementos fundamentais da pedagogia empresarial: o
capital intelectual e a gestão do conhecimento.
Capital intelectual
Quando analisamos os relatórios anuais das grandes organizações, além da apresentação dos
números, as empresas destacam a realização de ações sociais presentes em seus projetos,
investimentos e resultados ao trabalho conjunto justificado pelo empenho e talento de seus
funcionários, o que demonstra o aperfeiçoamento pessoal e profissional como elementos
importantes para conseguir avanços na carreira pela ampliação do capital intelectual.
51
CAPÍTULO 4 • Pedagogia empresarial: um campo em expansão
Desse modo, são os profissionais que têm o poder de aumentar a satisfação, a lealdade e a
confiança do consumidor na sua empresa, o que fará ampliar o capital dos clientes e o capital
intelectual da empresa, o que exige da empresa o oferecimento de treinamento apropriado que
desenvolvam as qualidades, habilidades e conhecimentos dos empregados, tanto no campo das
estratégias e técnicas como no campo das ciências sociais e do comportamento do consumidor,
e nos aspectos tecnológicos do produto e do processo produtivo (CARMO, 2008).
Gestão do conhecimento
Para construir conhecimento, os sujeitos sociais precisam desenvolver algumas capacidades, sob
a forma de competências e habilidades como: pensar, observar, estabelecer relações, questionar,
aproveitar o conhecimento acumulado nas experiências vividas durante a vida, apreender,
reconhecer a própria ignorância, exercitar situações lógico-sistêmicas, para, assim, realizar um
movimento permanente de ampliação do saber.
As funções mentais são complexas e, para selecionar, entender e construir novos conhecimentos
apropria-se e realiza mecanismos cognitivos como problematizar e solucionar, diversificar
e unificar, individualizar e coletivizar, perceber e representar, associar e dissociar, analisar e
sintetizar, isolar e relacionar, entre outras, articuladas a partir de uma cultura. Portanto, a empresa
também exerce influência na construção de conhecimento, já que ela possui sua própria cultura,
originada da sociedade na qual está inserida.
52
Pedagogia empresarial: um campo em expansão • CAPÍTULO 4
INFORMAÇÃO
INTERNA
INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO
NOTICIOSA CONVERSACIONAL
INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO
NOTICIOSA CONVERSACIONAL
Em que:
» Informação de referência: aqui nos voltamos para informação que opera nos sistemas
do nosso mundo – ciência e tecnologia – e, mais imediatamente, para os materiais de
referência que usamos em nossa vida. A informação pode ser qualquer coisa, desde um
manual de física quântica até a lista telefônica ou o dicionário.
53
CAPÍTULO 4 • Pedagogia empresarial: um campo em expansão
Assim, para ampliar o seu capital intelectual, as empresas organizam um programa de gestão do
conhecimento, transformando-se em espaços educativos, desenvolvendo ações de treinamento
e desenvolvimento, que permitem aos funcionários, por meio da educação corporativa, aprender
enquanto trabalham, promovendo um ambiente criativo em que o trabalhador possa crescer como
profissionalmente e, assim, levar à melhoria contínua da qualidade de seus serviços e produtos.
» Formação profissional: é a que se volta para o mundo do trabalho, uma das mais
importantes entre todas essas dimensões. Por envolver um vasto campo de atuação,
as atividades que lhe são relacionadas podem ser reunidas, dando origem a processos
como os de formação, treinamento e desenvolvimento profissional.
54
Pedagogia empresarial: um campo em expansão • CAPÍTULO 4
A tríplice articulação entre educação, treinamento e desenvolvimento vem sendo muito valorizada
e empregada no interior das organizações corporativas, considerando em suas políticas de
treinamento e desenvolvimento importantes características, tais como aponta Gonçalves (2008):
» Praticidade: ênfase na prática e na realidade vivida pelos treinandos e por toda a empresa,
trabalhando questões ligadas à aprendizagem, à aplicabilidade prática, visando ao
alcance de objetivos e resultados.
55
CAPÍTULO 4 • Pedagogia empresarial: um campo em expansão
A elaboração das ações de T&D, de acordo com essas categorias, possibilita o atendimento às
reais necessidades de cada grupo de trabalhadores, conforme o que foi detectado no diagnóstico,
garantindo pela educação corporativa a adequada sustentação competitiva da empresa.
» ao significado do trabalho;
» ao e-commerce;
» concentração criativa;
» multifuncionalidade; versatilidade;
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Pedagogia empresarial: um campo em expansão • CAPÍTULO 4
» leitura diária;
» capacidade de implementar;
» agressividade positiva;
Entretanto, como afirma Arroyo (1997), o local de trabalho é um espaço educativo e pedagógico,
uma vez que o lugar onde se trabalha também é uma escola, um lugar de educação e, como
as empresas no mundo atual precisam manter e ampliar seu capital cultural promovendo
oportunidades de conhecimento, informação e crescimento profissional via educação empresarial,
o pedagogo tornou-se o profissional decisivo nesse processo.
As empresas precisam de mão de obra cada vez mais qualificada para a inovação contínua e para
o crescimento da produtividade e da qualidade. Os trabalhadores precisam ter competências
concretas, dominando aqueles conhecimentos e técnicas que são específicas do seu trabalho,
com iniciativa, criatividade e capacidade empreendedora.
57
CAPÍTULO 4 • Pedagogia empresarial: um campo em expansão
Nos dias atuais, as empresas abrem espaço para o profissional da Pedagogia para que ele possa,
consciente e competentemente, elaborar projetos, formular hipóteses, buscar soluções que
melhorem os processos empresariais e garantam a qualidade do atendimento e criando uma
cultura institucional de formação continuada dos trabalhadores.
Entretanto, é preciso considerar que as empresas esperam que o pedagogo que irá trabalhar no seu
espaço apresente um perfil constituído de habilidades como: criatividade, espírito de inovação,
compromisso com os resultados, pensamento estratégico, trabalho em equipe, capacidade de
realização, direção de grupos de trabalho, condução de reuniões, enfrentamento e análise coletiva
das dificuldades cotidianas da empresa.
Como abordamos no capítulo 1, o Curso de Pedagogia no Brasil passou, a partir de 2006, a ser
organizado por novas Diretrizes Curriculares Nacionais que ampliam o campo de formação
do pedagogo, estabelecendo que, além da capacitação para as atividades docentes, incluem a
preparação para o planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas
próprias da educação, de projetos e experiências educativas não escolares, além da produção e
difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares
e não escolares. (Resolução CNE/CP no 1/2006, art. 4o, parágrafo único).
Assim, os processos de formação dos pedagogos precisam incluir conteúdos e práticas relativas
às funções do “pedagogo empresarial”, que podem ser descritas como:
Em relação aos processos de formação do pedagogo, Andrade Filho (2006, p. 8) afirma que:
58
Pedagogia empresarial: um campo em expansão • CAPÍTULO 4
Didática aplica ao
treinamento
Cultura e mudanças
Jogos empresariais
nas organizações
Gestão do
Dinâmica de grupo
conhecimento
Experiências de sucesso
Grandes empresas como Caixa Econômica, Petrobras, Natura, contam, em seu quadro funcional,
com a presença de pedagogos atuando no desenvolvimento de pessoal.
Para fins deste trabalho e contando com seu limite, apresentamos a experiência vivida pela
pedagoga Paula Zambotti, paulista, que aceitou relatar as suas concepções e as suas práticas no
mundo corporativo.
Paula Zambotti
59
CAPÍTULO 4 • Pedagogia empresarial: um campo em expansão
Saiba mais
ENTREVISTA
1) Fale da sua formação em Pedagogia: quando e onde se formou, por que fez o curso etc.
» Pós-Graduação em Administração de Recursos Humanos: Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) – Conclusão 1997.
Fiz Magistério, e como gostava muito de lecionar, ingressei no curso de Pedagogia. Durante o curso, conheci a especialização
na área de Treinamento. No período de Faculdade busquei um estágio para conhecer melhor a área; foi então que iniciei
minha carreira como Pedagoga nas empresas.
» Desenvolvimento de trabalhos de consultoria para empresas, como elaboração e aplicação de cursos comportamentais
como: Liderança de Equipes, Comunicação, Atendimento a Clientes, Relacionamento Interpessoal entre outros.
» Ministrei aulas na Universidade Nove de Julho (SP) no curso Superior (disciplinas ministradas: Administração de Recursos
Humanos, Treinamento e Desenvolvimento, Tecnologia e Recursos Humanos e Seleção por Competências).
Após ter decidido que faria a especialização para atuar na área de Treinamento, fui me interessando cada vez mais pela área.
Realizei o estágio na área de Treinamento do Hospital das Clínicas da FMUSP. Depois do término da Faculdade, ingressei no
Unibanco como operadora de atendimento. Durante o Treinamento para esse cargo, obtive certo destaque pela facilidade
de atuar com os demais integrantes do grupo, pela prática na elaboração e apresentação didática dos conteúdos que eram
transmitidos. Após três meses na empresa, participei de um processo de recrutamento interno para a área de Treinamento,
e, após a aprovação, ocupei o cargo de analista de treinamento júnior, sendo responsável pela elaboração e aplicação de
conteúdos técnicos e comportamentais para capacitação de novos profissionais do banco. Nesse período, paralelamente
realizei a Pós-Graduação em Administração de RH.
Após essa experiência, assumi a liderança de equipes de treinamento até chegar ao cargo de Gerente que ocupo atualmente.
4) De que modo os conhecimentos que você adquiriu no curso de Pedagogia contribuíram para o seu
trabalho na empresas?
Em minha opinião, o curso de Pedagogia está extremamente ligado ao trabalho da área de Desenvolvimento das empresas.
Podemos dizer que a área de Treinamento é uma “escola” dentro das empresas, portanto, necessita dos mesmos
conhecimentos e cuidados que uma escola, principalmente em relação à didática e às metodologias adotadas.
60
Pedagogia empresarial: um campo em expansão • CAPÍTULO 4
Posso dizer que, com exceção das disciplinas voltadas para a legislação educacional, utilizo quase todos os conhecimentos
adquiridos na Faculdade de Pedagogia para atuar nas empresas.
É essencial analisar as sequências de conhecimentos que serão adquiridos, as metodologias que serão utilizadas para passar
os conteúdos.
Acredito que o processo de Avaliação de Conhecimento dos conteúdos, em relação à área educacional (escolar), é que são
rápidos, pois caso a pessoa não tenha assimilado, dificilmente apresentará resultados. Nesses casos, as ações para correção e
prevenção devem ser mais rápidas.
» Ter Liderança.
» Habilidade de ouvir.
» Proatividade.
» Flexibilidade.
» Visão Global.
» Ser comunicativo.
» Foco no cliente.
6) Que orientações você dá a um(a) estudante de Pedagogia que queira atuar na empresa?
Com as certificações que as empresas passaram a implementar para poder manter-se no mercado (ISO 9000, SiX Sigma, BSC
etc.) foi necessário que se preocupassem com o desenvolvimento dos colaboradores dentro das empresas, tanto no âmbito
pessoal como profissional, pois colaborador com bom nível de desenvolvimento e satisfeito, produz mais e com maior
qualidade, aumentando ou melhorando os resultados.
Para poder desenvolver os colaboradores, as empresas criaram a área de T&D, que conta com profissionais que tenham
formação voltada para o desenvolvimento e aprendizagem.
Dessa forma, acredito que para que um(a) estudante de Pedagogia queira ingressar nas empresas, é necessário:
» Conhecer como é formada a Visão, Missão e Valores das empresas para entender se o foco será no desenvolvimento e na
capacitação de profissionais.
» Ter clareza de como a área de T&D influencia e determina os resultados das empresas.
61
CAPÍTULO 4 • Pedagogia empresarial: um campo em expansão
Resumo
62
PEDAGOGIA NO TERCEIRO SETOR
CAPÍTULO
5
Apresentação
Atualmente, escutamos com frequência considerações a respeito de terceiro setor sem que, em
muitos casos, seja explicitado o significado dessa expressão. Assim, iniciamos este capítulo
apresentando conceito e características da dimensão social chamada de terceiro setor.
Faremos, ainda, uma breve contextualização da origem do terceiro setor no Brasil, apontando
as primeiras instituições prestadoras de assistencialismo às classes mais pobres.
Leia, reflita, discuta com outras pessoas e faça bom proveito do capítulo.
Objetivos
63
CAPÍTULO 5 • Pedagogia no terceiro setor
Apresentação
A partir da segunda metade do século XX, ocorreu uma importante transformação nas relações
entre os cidadãos e o Estado, dadas as dificuldades que os governos tiveram em promover o
bem-estar social à população, o que resultou na organização de uma nova ordem social com o
surgimento do terceiro setor.
1o Setor 2o Setor
Público Privado
3o Setor
Sociedade Civil
O termo terceiro setor surgiu nos Estados Unidos na primeira metade do século passado, para
expressar o conjunto de ações de iniciativa espontânea da sociedade civil, desenvolvidas de
64
Pedagogia no terceiro setor • CAPÍTULO 5
modo independente, tanto dos órgãos governamentais como da iniciativa privada, para trazer
benefícios para os desassistidos pelo setor público e pelo setor privado.
O terceiro setor não é público nem privado, quer dizer, é um espaço institucional composto
por organizações privadas sem fins lucrativos, com finalidade pública, que atuam por meio da
produção de bens e da prestação de serviços para cobrir a ausência dos setores público e privado
sem, entretanto, dispensar a responsabilidade do governo.
Entre as tarefas das instituições do terceiro setor está a função de identificar e indicar apontar
as deficiências do Estado e do mercado. Porém, sua principal finalidade é a de atuar de forma
compensatória, de modo a atender às demandas não atendidas ou apoiadas pelo pelos governos
e pelas empresas.
A base da ação das instituições do terceiro setor é a atuação privada voluntária, e seus valores
e princípios assentam-se na solidariedade, na ajuda mútua, na colaboração, na cooperação, no
altruísmo, no amparo aos necessitados, no fortalecimento da sociedade civil, na cidadania e no
trabalho voluntário.
Em termos financeiros, as instituições do terceiro setor contam com recursos tanto privados
como públicos, nacionais e estrangeiros para a realização de atividades públicas. A tabela a seguir
demonstra as características dos três setores em relação à aplicação dos recursos pecuniários.
65
CAPÍTULO 5 • Pedagogia no terceiro setor
Salomon e Anheier (1992, apud SILVA, 2001, p. 46) apontam cinco características que estão
presentes em todas as instituições do terceiro setor:
» são privadas;
» não distribuem lucros: ainda que as receitas sejam maiores que as despesas, todo o lucro
deve ser revertido para a própria organização;
» são voluntárias: devem apresentar algum grau de voluntariado, tanto no trabalho quanto
no financiamento (doações).
As ações do terceiro setor são realizadas pelas mais variadas organizações e associações civis e
não governamentais, pelos movimentos sociais, por formas tradicionais de ajuda mútua, além
de iniciativas isoladas desenvolvidas pela população. As empresas privadas também realizam
investimentos filantrópicos, atualmente identificados como ações de responsabilidade social.
Saiba mais
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Diz respeito ao cumprimento dos deveres e obrigações dos indivíduos e das empresas para com a sociedade em geral.
É o conjunto amplo de ações que beneficiam a sociedade e as corporações, levando em consideração economia, educação,
meio ambiente, saúde, transporte, moradia, atividades locais e governo. Essas ações otimizam ou criam programas sociais,
trazendo benefício mútuo entre a empresa e a comunidade, melhorando a qualidade de vida tanto dos funcionários quanto
da sua atuação da empresa e da própria população.
É a forma de gestão ética e transparente que tem a organização com suas partes interessadas, de modo a minimizar seus
impactos negativos no meio ambiente e na comunidade. Ser ético e transparente quer dizer conhecer e considerar suas
partes interessadas objetivando um canal de diálogo.
O terceiro setor, formado por organizações da sociedade civil, de origem privada, mas com
finalidade pública tem como uma das principais características a não geração de lucros, isto é,
os bens financeiros arrecadados com serviços ou doações são utilizados na própria instituição
para arcar com as despesas de manutenção e investimentos na melhoria dos seus serviços.
As organizações do terceiro setor atuam de forma abrangente, realizando, entre outras ações,
o desenvolvimento de programas voltados à saúde, à educação e à cultura; o crescimento
comunitário; a preservação ambiental; os direitos civis; o lazer. Seu foco está no atendimento à
comunidade, objetivando atender às necessidades e diminuir as diferenças sociais.
66
Pedagogia no terceiro setor • CAPÍTULO 5
Em síntese, o terceiro setor é independente, mas dedicado aos problemas sociais, organizado,
preocupado com a profissionalização; com base na dimensão voluntária do comportamento
das pessoas; caracterizando-se pela defesa de causas e valores; inspirado pelos princípios da
solidariedade e da participação na construção da cidadania democrática.
No Brasil, desde o final do século XIX, já se encontrava a presença de organizações sem fins
lucrativos atuando na sociedade, especialmente aquelas ligadas, direta ou indiretamente, às
igrejas cristãs, sendo a Igreja Católica a maior responsável pelas entidades que assistiam às
comunidades carentes que não recebiam o necessário atendimento das políticas sociais básicas
do governo, principalmente os setores da saúde e da educação. As Santas Casas são exemplo
desse tipo de iniciativa.
urbanização, a partir da década de 1930, não governamentais, a redução da ajuda externa foi bastante
significativa. Os períodos posteriores foram marcados pelo
outras áreas da sociedade civil também
redirecionamento de grande parcela dos recursos externos
se dedicaram ao assistencialismo e, a países menos desenvolvidos ou envolvidos em graves
durante o Estado Novo, aumentou o conflitos, como aqueles pertencentes aos continentes africano
e asiático e à região do leste europeu. A redução do número de
número dessas organizações, o que levou
organizações apoiadas no Brasil deveu-se ainda ao maior rigor
à elaboração de legislação própria para na seleção de novos parceiros e às exigências (contrapartidas)
as entidades não governamentais sem de cunho institucional impostas pelas agências externas em
fins lucrativos e de finalidade pública. Os termos de eficiência organizacional, especialmente nas áreas de
planejamento, avaliação e prestação de contas.
fundamentos dessas leis mantiveram-se
Fonte: AS/GESET RELATO SETORIAL no 3 Julho/2001.
até recentemente no Brasil.
67
CAPÍTULO 5 • Pedagogia no terceiro setor
A partir da metade dos anos de 1990, o setor empresarial brasileiro passou a desenvolver
programas e projetos sociais por meio de suas fundações e institutos associados, trazendo
visão de mercado, novas possibilidades de parcerias e de fontes de recursos às instituições que
atuavam no terceiro setor.
Fonte: http://gestaoempresarialequalidade.blogspot.com.br/2012/.
O segundo movimento trazido pela presença das empresas no terceiro setor foi a qualificação
jurídica das organizações, o que resultou na criação da entidade denominada Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) – organizações que realizam assistência social,
atividades culturais, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, educação e saúde
gratuitas, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do voluntariado.
Desse modo, foram retiradas do âmbito do terceiro setor as instituições estatais, as organizações
de mercado, as cooperativas, as organizações sindicais, as entidades representativas de profissão
ou partido político, os fundos de previdência e de pensão e as instituições vinculadas a igrejas
ou práticas devocionais, com exceção daquelas que visam apenas ao bem comum.
68
Pedagogia no terceiro setor • CAPÍTULO 5
» Elevação da participação social nos diversos conselhos estruturados no País nas áreas
de educação, saúde e cidadania; nos processos de discussão e construção do orçamento
participativo, dentre outros.
A educação tem-se mostrado uma das mais importantes e eficazes áreas de intervenção do terceiro
setor, especialmente porque os investimentos nesse campo têm contribuído concretamente para
o acesso da população ao conhecimento, à informação e à tecnologia minimizando a pobreza
e a exclusão social.
Santos (2006, p. 87), em estudo publicado na Revista Olhar de Professor afirma que os campos
de atuação da educação no terceiro setor são:
69
CAPÍTULO 5 • Pedagogia no terceiro setor
Gohn, na obra Educação não formal e cultura política: impactos sobre o associativo do terceiro setor
(2008, p. 38) apresentou seis dimensões da educação não formal que apresentam semelhança
com as ações educacionais no terceiro setor:
» educação para a arte do bem viver (que envolve a educação para o autoconhecimento,
meditação, alongamento, antiestresse etc.).
O terceiro setor, formado por organizações não governamentais (ONGs), organizações da sociedade
civil de interesse público (Oscips), fundações e outras entidades que realizam trabalho social,
70
Pedagogia no terceiro setor • CAPÍTULO 5
nas quais se desenvolve a chamada Pedagogia Social. É nessa dimensão que o pedagogo atua
exercendo intervenções socioeducativas.
Machado (2002) aponta a classificação feita por Quintana das especialidades da Pedagogia Social
(http://www.boaaula.com.br/iolanda/producao/me/pubonline/evelcy17art.html):
» pedagogia hospitalar;
» educação de adultos;
» animação sociocultural.
Evelcy Monteiro Machado, da Universidade Tuiuti do Paraná, indica, ainda, os seguintes cargos
e requisitos do pedagogo no terceiro setor. Vejamos:
› Funções:
› Requisitos:
• Licenciatura em Pedagogia.
71
CAPÍTULO 5 • Pedagogia no terceiro setor
» Educador Social
› Funções:
› Requisitos:
• Conhecimentos sobre o terceiro setor (uma boa sugestão para quem quer seguir
essa carreira é ser voluntário em uma ONG que possua projetos educacionais, isso
é excelente para adquirir experiência no terceiro setor).
» Orientador Pedagógico
› Funções:
› Requisitos:
» Educador Ambiental
› Funções:
72
Pedagogia no terceiro setor • CAPÍTULO 5
› Requisitos:
• Essa função não é exclusiva do pedagogo, também pode ser exercida por um
professor de ciências ou um biólogo que possua licenciatura. Vamos detalhar as
necessidades do pedagogo:
O pedagogo social pode ainda desenvolver ações na educação indígena, rural e no trabalho
com deficientes físicos ou mentais. Tais atividades podem ser exercidas pelo educador social e o
diferencial entre elas é a experiência que ele possui, por isso vale a pena destacar a importância
de realizar trabalhos voluntários no campo que se deseja seguir carreira.
Para concluir, apresentamos as proposições de Santos (2006, pp. 92-93) sobre os conceitos e
métodos necessários à formação do pedagogo para o terceiro setor:
» Ser abordados os quatro campos que compõem a educação no Terceiro Setor – educação
para a cidadania; educação para o mundo do trabalho; educação para a formação e
desenvolvimento de atores sociais; educação para o uso e construção de saberes apoiados
por Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs).
73
CAPÍTULO 5 • Pedagogia no terceiro setor
Resumo
» A sociedade ocidental dos dias atuais é organizada em três setores: o público (o primeiro),
o privado ou mercado (o segundo) e a sociedade civil (o terceiro).
» O terceiro setor renova o significado da esfera pública, por meio de iniciativas privadas
que, à diferença do setor privado empresarial, não são guiadas pelo lucro, ou de iniciativas
com fins públicos que não são conduzidas pelo setor estatal, mas por cidadãos e
organizações da sociedade civil.
» O terceiro setor no Brasil tem sua origem no final do século XIX, com as entidades
cristão-católicas que atendiam às comunidades carentes.
» A educação é uma das mais importantes áreas de atuação das organizações do terceiro
setor, pois têm contribuído para o acesso da população ao conhecimento, à informação
e à tecnologia, contribuindo para a inclusão e para a construção da cidadania.
74
CAPÍTULO
PLANEJAMENTO E GESTÃO DE
PROJETOS SOCIOEDUCACIONAIS 6
Apresentação
Objetivos
75
CAPÍTULO 6 • Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais
Apresentação
Após o estudo dos capítulos anteriores podemos considerar que atualmente, o profissional da
Pedagogia precisa estar capacitado para atuar nas mais diferentes instituições educacionais,
escolares e não escolares, dadas as necessidades apresentadas pela população no campo da
educação.
Para o desenvolvimento de ações educativas nos espaços não escolares, entre as competências
do pedagogo estão o planejamento e a gestão de projetos socioeducacionais, que diferentemente
dos projetos de ensino, exigem habilidades específicas para a sua elaboração, execução e
acompanhamento.
De posse dessas prioridades definimos os objetivos que pretendemos alcançar, inclusive definindo
as metas a serem alcançadas em cada um desses objetivos.
Definidos os objetivos, passamos à fase de seleção dos conteúdos, da metodologia a ser aplicada
e dos recursos que serão utilizados, necessários para o alcance daqueles objetivos e metas
que foram previstos. Do mesmo modo, selecionamos os procedimentos avaliativos para todas
as dimensões componentes do planejamento. Isso feito, passamos à estruturação do plano
(o documento) e à sua aplicabilidade, realizando a avaliação contínua e, assim, termos um
feedback (retroalimentação) que nos permite o replanejamento, sempre em busca da melhoria
dos resultados pretendidos. É esse o processo do planejamento educacional, também aplicado
em qualquer projeto pedagógico.
76
Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais • CAPÍTULO 6
Vamos, agora, fazer um desdobramento dos núcleos que compõem o conceito de projetos
socioeducacionais, para que possamos compreender o seu significado.
Saiba mais
Projeto
Plano para a realização de uma ação; esboço; representação gráfica ou escrita, acompanhada de um orçamento que
demonstre o preço de uma obra; cometimento; empresa; empreitada; desígnio.
Projeto [Do lat. Projectu, “lançado para diante”.] S.m. 1. Ideia que se forma de executar ou realizar algo, no futuro; plano,
intento, desígnio. 2. Empreendimento a ser realizado dentro de determinado esquema: projeto administrativo; projetos
educacionais;...
Fonte: http:// pt.wiktionary.org/wiki/projeto – Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, 2005.
Como podemos perceber nas definições acima, o projeto representa a vontade construir o novo,
o não existente. É uma ação efetiva de tornar realidade o desejo de muitos, intencionalidade,
consciência de algo que exige envolvimento das pessoas em função de objetivos e metas. É uma
ação consciente voltada para a criação de uma realidade futura.
Saiba mais
Projeto Social
Projetos sociais são uma forma de organizar ações para transformar determinada realidade social ou alguma instituição.
(STEPHANOU et al., 2003, p. 18)
Um projeto é uma ação social planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma quantidade
limitada de recursos (...) e de tempo. (STEPHANOU et al., 2003, p. 18)
Os conceitos apresentados indicam que um projeto social tem como finalidade maior a
transformação de um problema social, partindo de uma ação direcionada, localizada em
determinada situação e focalizada em resultados concretos.
As mudanças ocorridas nas últimas décadas, tanto nas esferas estatais como na sociedade
brasileira provocaram a constituição de formas alternativas de implementação das políticas
sociais. Essas mudanças resultaram numa democratização dos principais aspectos da atuação
do Estado na sociedade, representadas por fatos como eleições livres e diretas, descentralização
de decisões, procedimentos mais amplos de comunicação e de controle social, além de novas
formas de participação na elaboração dos orçamentos e das políticas públicas, especialmente
com a criação de conselhos deliberativos, elaboração de estatutos de cidadania, fóruns, entre
outras formas de democratização das atividades do Estado. (STEPHANOU, 2003).
77
CAPÍTULO 6 • Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais
Entretanto, é preciso lembrar que há também muitos projetos sociais que não estão diretamente
ligados a uma política pública governamental. Operam com recursos públicos e privados
provenientes de agências de cooperação internacional e ocupam um espaço de mediação e
interlocução com as políticas públicas nacionais no campo do desenvolvimento social, ou seja,
também são públicos.
Políticas
Programas
Projetos
Saiba mais
Projetos socioeducacionais
Projetos socioeducacionais são projetos sociais voltados à educação, em seu sentido sociológico, para o exercício da
cidadania e para transformação sociopolítica e econômica. (BORGES, 1993).
78
Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais • CAPÍTULO 6
Saiba mais
O caráter social e educativo das ações socioeducacionais é marcado pela sua finalidade as
dimensões ética e democrática, o fortalecimento da autoestima dos sujeitos, possibilitando
novas formas de aprendizagem e acesso a conhecimentos necessários ao exercício da cidadania,
à compreensão da realidade social do País e do cotidiano da comunidade em que estão inseridos.
As ações socioeducativas podem também ser realizadas nas escolas formais e aí seu objetivo é:
79
CAPÍTULO 6 • Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais
Consumo, com a finalidade de fortalecer o trabalho com os Temas Transversais dentro das escolas,
desenvolvendo tanto o domínio cognitivo como o afetivo e o social, estimulando práticas de
respeito, ética, solidariedade e cidadania, por meio da participação em atividades significativas,
como campanhas comunitárias, práticas culturais e esportivas, cuidados com a manutenção de
sua escola ou bairro, entre outras.
Histórico
O Programa já alfabetizou milhares de pessoas desde sua criação. A partir do ano de 2000, a
coordenação do BB Educar está sob a responsabilidade da Fundação Banco do Brasil.
Objetivos Gerais
Objetivos Específicos
80
Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais • CAPÍTULO 6
Público-Alvo
O Programa destina-se a jovens e adultos não alfabetizados, a partir de 15 anos, sem limite
máximo de idade.
Metodologia
A metodologia do Programa é concebida com base nos princípios de uma educação libertadora
e na prática da leitura do mundo, considerando-se a realidade do alfabetizando como ponto de
partida do processo educativo. Identifica-se com:
Operacionalização
O Programa é viabilizado a partir de convênios com entidades governamentais ou civis sem fins
lucrativos, cujo propósito seja compatível com os objetivos do Programa BB Educar. Exemplo:
ONG, Oscip, Secretaria de Educação de Estado ou município, sindicato, entidade religiosa etc.
81
CAPÍTULO 6 • Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais
» cursos pós-alfabetização;
» cursos profissionalizantes;
» assistência médico-odontológica;
Abrangência
O BB Educar está presente em todo o País. Os estados com maior número de alunos já alfabetizados
ou em fase de aprendizagem são a Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná,
Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e São Paulo.
82
Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais • CAPÍTULO 6
As Associações Atléticas Banco do Brasil estão presentes em quase todos os municípios em que
existem agências do BB. Durante muitos anos, suas instalações foram ocupadas praticamente
nos finais de semana, permanecendo subutilizadas nos dias úteis.
Em 1987, a Federação das AABB (FENABB) criou um projeto que abriu as portas das associações
para a comunidade: o Programa Integração AABB Comunidade que, em 1996, ganhou a parceria
da Fundação Banco do Brasil.
De lá para cá, o número de crianças e adolescentes atendidos não para de crescer. São estudantes
da rede pública de ensino, que, em horário extraescolar, vão para as AABBs, onde participam de
atividades lúdicas e educativas.
Toda a estrutura e material necessários para a realização das atividades são fornecidos pelos
instituidores – Fundação Banco do Brasil e FENABB. O AABB Comunidade envolve, também,
instituições públicas e privadas das localidades onde ele ocorre.
As crianças participantes do Programa são orientadas por educadores capacitados pelo Núcleo
de Trabalhos Comunitários da PUC-SP. Em 2006, o AABB Comunidade esteve presente em 400
municípios, dos 27 estados brasileiros. Nas cidades em que é realizado, o Programa tem contribuído
para o combate à evasão e ao insucesso escolares.
O Programa Integração AABB Comunidade tem como objetivo contribuir para a inclusão, não
repetência e permanência, na escola, de crianças e adolescentes pertencentes a famílias de
baixa renda.
83
CAPÍTULO 6 • Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais
Os participantes são indicados pelas próprias escolas, ou por representantes das entidades
parceiras, no caso de crianças e adolescentes não matriculados. A prioridade é para os integrantes
de famílias de baixa renda, com maior número de filhos e com menor idade, a fim de que possam
permanecer no Programa por mais tempo.
O AABB é um Programa que tem como premissa a mobilização da comunidade onde é desenvolvido,
possibilita o estabelecimento de importantes parcerias com os diversos segmentos da comunidade
na construção de um futuro melhor para a juventude brasileira. Essas parcerias, em sua maioria
com as Prefeituras locais, tendem a ser perenes, uma vez que os objetivos do Programa apenas
serão alcançados em médio e longo prazo.
É a partir da diretriz anual estabelecida pelos instituidores – Fundação Banco do Brasil e FENABB,
que as superintendências estaduais do Banco do Brasil e os Conselhos Estaduais de AABB
(CESABB) indicam as localidades que poderão aderir ao Programa. Após isso, as agências do BB
articulam-se com as AABB, prefeituras municipais e entidades civis sem fins lucrativos, para sua
implementação nas diversas cidades brasileiras.
As propostas de adesão são submetidas aos instituidores para análise técnica e deferimento. Ao
final do período letivo, a AABB, entidade parceira local e agência Banco do Brasil prestam contas
dos recursos recebidos e das atividades realizadas.
84
Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais • CAPÍTULO 6
O Programa AABB Comunidade defende o direito da criança à brincadeira. Brincar pelo brincar,
porém, com intenção pedagógica. As crianças e adolescentes recebem complementação escolar
de maneira lúdica, atrativa.
Por meio de um vasto repertório de jogos, brincadeiras, músicas, mitos e lendas, os jovens
participantes têm acesso a elementos da cultura, ampliando sua visão de mundo, tomando
consciência de seus direitos e deveres e de sua própria cidadania.
São enfatizadas técnicas que propiciem o fazer coletivo e a capacidade de organização grupal,
o que permite a reflexão crítica e o posicionamento do educando como sujeito ativo de sua
própria formação.
As atividades do AABB Comunidade são desenvolvidas ao longo do período letivo, nas dependências
das AABB. A periodicidade é de, no mínimo, três vezes por semana, com quatro horas diárias.
Os participantes recebem kits com uniformes e objetos de uso pessoal e todo o material
necessário para as atividades. Os parceiros locais responsabilizam-se pela alimentação, exames
médico-odontológicos e laboratoriais, pelo transporte dos participantes e contratação dos
educadores.
As AABB são equipadas com utensílios de cozinha, mobiliário escolar, material didático e esportivo,
e recebem auxílio financeiro para contribuir com as despesas geradas pelo Programa.
No ano 2006, o Programa Integração AABB Comunidade esteve presente em 400 municípios,
dos 27 estados brasileiros. O número de crianças e adolescentes inscritos chegou a 52.833, e
o de educadores a 4.019. (Fonte: Fundação do Banco de Brasil. Disponível em: http://www.
aabbcomunidade.com.br/ ).
Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento integral dos participantes por meio de
aprendizagens educativas, em 2006 foram atendidas cerca de 200 crianças, adolescentes e jovens
entre 11 e 18 anos, com base nos princípios pedagógicos da Fundação, que incluem: aprendizagens
específicas; desenvolvimento de regras de convivência; e multiplicação de aprendizagens.
85
CAPÍTULO 6 • Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais
Durante o ano foram oferecidas sete modalidades esportivas (basquete, futsal, handebol,
taekwondo, tênis, voleibol e capoeira) aliadas às atividades de desenvolvimento sociopolítico e
cultural como palestras, intercâmbios, apreciação de jogos e eventos de integração.
A partir dessa estratégia, foram implantados na comunidade dois novos projetos esportivos
por jovens que concluíram a formação de dois anos no Programa. Numa ação protagonista,
eles desenvolveram o atendimento de cerca de 100 crianças entre sete e 14 anos em núcleos
educativos da Vila Albertina.
Em 2006, a orientação dos jovens foi sistematizada com temas que envolveram a postura
profissional, a importância do registro e do planejamento, roda de conversa e de diálogos e a
valorização do pensamento infantil e das ações das crianças. Para isso, a formação ofereceu
diferentes instrumentos para elaboração de atividades prazerosas a serem desenvolvidas com
as crianças, tais como: orientação individualizada com uma educadora formadora; produção
do diário do leitor (técnica de estímulo à leitura); capacitações com assessoria profissional das
áreas de biblioteca e brinquedoteca; debate de filmes e atividades culturais.
Dessa maneira, entre outros benefícios, eles se desenvolveram ainda mais na expressão oral e
escrita, facilitando a construção de um projeto de vida.
Biblioteca Comunitária
Atende crianças, jovens e moradores do entorno social. Atualmente, o espaço possui um acervo
com mais de 12.000 títulos e 1.100 usuários cadastrados, além de permitir o acesso gratuito a
computadores e Internet.
86
Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais • CAPÍTULO 6
Projeto Dolfi
A parceria com o Novotel Center Norte permite a atuação de jovens entre 16 e 18 anos da
Fundação Gol de Letra como monitores de recreação. Em 2006, foi atingido o objetivo comum
de capacitá-los como monitores do espaço Dolfi no hotel. Outro indicador de resultado positivo
dessa proposta foi o início de uma parceria semelhante com a rede de hotéis Mercure.
Projeto Formar
O ano de 2006 foi finalizado com três turmas frequentando as oficinas de marcenaria, desenvolvida
em parceria com a Leroy Merlin, totalizando 36 jovens ao ano. Os depoimentos dos participantes
confirmam a importância dessa ação, que permanece há mais de três anos como uma alternativa
educativa para os jovens de 14 a 21 anos.
Família e Comunidade
A área Social desenvolve no bairro do Caju, no Rio de Janeiro, o atendimento familiar e comunitário,
por meio de orientação social, criação de espaços de formação e educação comunitária. (Fonte:
Fundação Gol de Letra. Disponível em: http://www.goldeletra.org.br/).
» o trabalho com recursos cada vez mais escassos, em contraposição à crescente demanda
social, e, ao mesmo tempo, a potencialização dos resultados;
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CAPÍTULO 6 • Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais
» ter sensibilidade para definir prioridades, para decidir; ser intuitivo e assumir riscos;
Projetos socioeducacionais geridos por pedagogos têm mostrado estrutura mais ampla, pois,
em razão das orientações pedagógicas mais consistentes, abrangem não apenas na capacitação
do público a ser atendido, como a formação de sua equipe, tendo preocupação de ensinar os
aspectos educacional, social e administrativo do projeto como um todo, para que todos possam
seguir as orientações pedagógicas em projetos sociais realizadas pelos pedagogos dos mesmos,
compreender a importância de suas atuações.
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Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais • CAPÍTULO 6
Campos et al. (2006) afirmam que os projetos sociais apresentam-se com características próprias,
uns diferentes dos outros, tendo em vista as suas finalidades. Porém, todos os projetos apresentam
um ciclo de vida único com as seguintes etapas bem definidas:
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CAPÍTULO 6 • Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais
Título do projeto Deve dar uma ideia clara, objetiva e breve da finalidade do projeto.
Descrição detalhada sobre o contexto socioeconômico e educacional da comunidade ou do
grupo social alvo das ações do projeto. Realização do diagnóstico do problema a ser solucionado,
Caracterização do detalhando seus antecedentes e as iniciativas já desenvolvidas ou em desenvolvimento para
problema e justificativa superá-lo. Na elaboração da justificativa apresentam-se respostas à questão Por Quê? Ex.: Por
que executar o projeto? Por que ele deve ser aprovado e implementado? Quais os benefícios
econômicos, sociais e educacionais que trará?
Elaborados a partir da resposta Para Que? Para Quem?
Objetivo Geral: é o objetivo mais abrangente, de longo prazo; é a finalidade maior, ultrapassando,
Objetivos inclusive, o tempo de duração do projeto.
Objetivos Específicos: objetivos de curto prazo, descrição das aprendizagens esperadas. São
estruturados por verbos passíveis de mensuração e devem ser cumpridos até o final do projeto.
Expressam quantidades e qualidades dos objetivos específicos, ou o Quanto será feito. Cada
Metas
objetivo específico deve ter uma ou mais metas.
Descrição do tipo de atuação que será realizada: pesquisa, diagnóstico, intervenção ou outras;
dos procedimentos (métodos, técnicas e instrumentos etc.) serão adotados e como será sua
Metodologia avaliação e divulgação. É a metodologia que vai dar aos avaliadores/pareceristas a certeza de que
os objetivos do projeto realmente têm condições de serem alcançados. Responde às questões:
Como? Para Quem? Onde?
Responde à pergunta Quando? Apresentação gráfica dos períodos em que as atividades serão
Cronograma
realizadas e permite uma rápida visualização da sequência em que devem acontecer.
Cronograma financeiro do projeto, no qual se indica como o que e quando serão gastos os
Orçamento
recursos e de que fontes virão os recursos. Responde à questão Com Quanto?
Resumo
» Entre as competências do pedagogo para realizar ações educativas nos espaços não
escolares, estão o planejamento e a gestão de projetos socioeducacionais.
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Planejamento e gestão de projetos socioeducacionais • CAPÍTULO 6
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