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1ª Edição
Brasília/DF - 2022
Autores
Talita da Silva Campelo
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4
Introdução.............................................................................................................................................................................. 6
Capítulo 1
Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira........................... 7
Capítulo 2
As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino
fundamental..................................................................................................................................................................18
Capítulo 3
Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento,
avaliação e currículo..................................................................................................................................................28
Capítulo 4
Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental....................................................... 38
Capítulo 5
Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental.......................................... 48
Capítulo 6
Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do
ensino fundamental....................................................................................................................................................58
Referências...........................................................................................................................................................................68
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática,
objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para
reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final,
serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro
Didático.
Atenção
Cuidado
Importante
Observe a Lei
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
4
Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Gotas de Conhecimento
Sintetizando
Posicionamento do autor
5
Introdução
Este livro didático é constituído de seis capítulos voltados para as metodologias para o
ensino fundamental e tem como referência principal os anos iniciais que o compõem: 1º ao
5º ano de escolaridade. Cada capítulo foi construído para que, partindo das especificidades
dos anos iniciais dessa etapa da educação básica, você possa compreender as finalidades, as
funções sociais, a estrutura organizacional e os desafios do ensino fundamental no contexto
atual brasileiro.
Pensando em quem serão seus futuros alunos, você estudará sobre infâncias, ludicidade e
suas relações com os processos de ensino-aprendizagem. Você será apresentado ao cotidiano
e à prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental a partir de discussões sobre
planejamento, avaliação e currículo. Além disso, conhecerá também as competências
específicas para as áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas
e ensino religioso, do 1º ao 5º ano de escolaridade. Por fim, você poderá refletir sobre a
necessidade de favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental.
Objetivos
6
CAPÍTULO
OS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA 1
Introdução do capítulo
Neste livro, concentrar-nos-emos nas metodologias para o ensino fundamental nos seus
anos iniciais e, neste primeiro capítulo, direcionar-nos-emos para as suas especificidades,
apresentando as finalidades, as funções sociais, a estrutura organizacional e os desafios
do ensino fundamental no contexto atual brasileiro. Ainda, analisaremos as diretrizes
pedagógicas e os princípios metodológicos para o ensino fundamental a partir das
especificidades que configuram o trabalho docente na contemporaneidade. Iremos,
por fim, discutir os vários fundamentos teórico-práticos presentes nos saberes e fazeres
do cotidiano escolar no contexto do que é indispensável na educação do 1º ao 5º ano de
escolaridade.
Com isso, esperamos que as discussões apresentas neste capítulo permitam seu
entendimento dos vários princípios implicados na constituição, na estrutura e no
funcionamento, de acordo com os contornos legais vigentes no país, dessa etapa tão
importante da educação escolar que é a educação básica.
Objetivos
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CAPÍTULO 1 • Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira
Desde 1996, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),
Lei n. 9394/1996, a educação brasileira se estrutura em dois níveis: educação básica e
educação superior. A educação básica é formada por três etapas consecutivas: educação
infantil, ensino fundamental e ensino médio. Cada uma dessas etapas apresenta estruturas,
características, metodologias e, consequentemente, desafios próprios.
Para Oyarzabal (2012), a denominação educação básica é uma tentativa de indicar que todo
brasileiro, sem distinção, deveria cumprir essas três etapas e, caso fosse de seu interesse,
prosseguir com seus estudos em nível superior.
EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Bebês (0 a 1 e 6 meses)
EDUCAÇÃO
Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses)
INFANTIL
Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses)
ENSINO
MÉDIO
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Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira • CAPÍTULO 1
Dentro do que foi estabelecido como objetivo para este livro, a partir daqui iremos nos
direcionar para as especificidades dos anos iniciais do ensino fundamental no contexto da
educação básica brasileira de acordo com os contornos legais vigentes no país.
Importante
O direito subjetivo é aquele que é efetivamente garantido ao indivíduo mediante penalização daqueles cuja a
responsabilização pela oferta do direito recai como determina a lei. Assim, o direito subjetivo pode ser definido como aquele
que permite exigir, sendo o poder que uma pessoa possui de fazer valer algo que lhe foi prometido previamente pela lei.
Em uma breve perspectiva histórica dessa etapa de ensino da educação básica, observa-se
que a Lei n. 4024/1961, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/1961),
estabelecia o então chamado ensino primário como obrigatório a partir dos sete anos de
idade, com duração de quatro anos. Em 1971, essa obrigatoriedade foi ampliada para oito
anos pela Lei n. 5.692/1971, que fixava as diretrizes e bases para o ensino nos denominados
à época 1º e 2º graus.
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CAPÍTULO 1 • Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira
O art. 23 da LDB estabelece que o ensino fundamental, assim como as demais etapas
da educação básica, pode ser organizado em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na
competência e em outros critérios de acordo com o interesse do processo de aprendizagem
(BRASIL, 1996).
É possível perceber que a LDB abriu a possibilidade das próprias escolas proporem formas
alternativas de organização de acordo com a realidade específica de cada contexto, o
que pode contribuir para a minimização de alguns problemas, como o fracasso escolar, a
repetência e a evasão. Ainda assim, algumas regras comuns devem ser seguidas, conforme
estabelece o art. 24 da mesma legislação. Destacamos as três com impacto direto na
organização e estruturação dos anos iniciais do ensino fundamental, nosso tema de discussão:
Além dos diferentes níveis e etapas, a LDB estabelece que a oferta da educação escolar
pode acontecer em uma ou mais modalidades de ensino, a saber: educação especial,
educação de jovens e adultos, educação do campo, educação escolar indígena, educação
profissional e tecnológica, educação a distância, educação nos estabelecimentos penais
e educação quilombola. Independentemente do nível, da etapa ou da modalidade, o que
está em questão é a oferta de educação escolar de qualidade para todos, condição para
superação da desigualdade social e econômica, acesso a direitos e exercício da cidadania
em um contexto de dignidade.
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Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira • CAPÍTULO 1
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/smiling-student-girl-wearing-school-backpack-1075168823.
De acordo com o que apresenta em seu artigo 32, a LDB estabelece, como objetivo do
ensino fundamental, a formação básica do cidadão considerando (BRASIL, 1996):
Para Oyarzabal (2012), os elementos presentes nesse artigo permitem afirmar que o ensino
fundamental se baseia em três eixos intrinsicamente relacionados: cognitivo, pessoal e social.
» O eixo social, por sua vez, acompanha e complementa o anterior, no sentido de que
não somos seres isolados, mas sim construídos nas inúmeras relações sociais que
estabelecemos no cotidiano (OYARZABAL, 2012).
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CAPÍTULO 1 • Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-school-kids-reading-education-600737564.
Com relação a isso, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica buscam:
Para refletir
Sobre o atendimento educacional que preza esses princípios, o ensino fundamental deve
comprometer-se com uma educação com qualidade social, igualmente entendida como
direito humano, e que a educação de qualidade, como um direito fundamental, é, antes de
tudo, relevante, pertinente e equitativa (BRASIL, 2013).
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Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira • CAPÍTULO 1
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/children-play-tree-hand-drawn-forest-1978733792.
Sobre essas questões, é importante dizer que o Plano Nacional de Educação (PNE), pela
Lei n. 13.005/2014, estabelece como metas para o ensino fundamental:
» Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de
forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da educação básica (meta 6).
Vencer esses desafios é essencial, uma vez que o ensino fundamental precisa, além de
abranger toda a população, garantir uma educação promotora da verdadeira formação
integral dos sujeitos, que contemple diferentes linguagens, espaços e tempos, mescle
múltiplas culturas, favoreça o convívio com a diversidade e com o lúdico e resulte na
compreensão do mundo e na possibilidade de nele intervir (OYARZABAL, 2013). É tempo,
então, de repensar a escola.
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CAPÍTULO 1 • Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-multicultural-children-hanging-out-friends-1712657485.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/set-school-teachers-standing-blackboards-
whiteboards-1973387882.
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Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira • CAPÍTULO 1
Distrito Federal, dos municípios e dos projetos político-pedagógicos das escolas, ao reunir
princípios, fundamentos e procedimentos definidos pelo Conselho Nacional de Educação
(BRASIL, 2010).
Atenção
Você sabe o que é o Conselho Nacional de Educação? Veja o que informa o portal do Ministério da Educação sobre isso:
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CAPÍTULO 1 • Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/male-elementary-school-teacher-giving-female-1448047391.
O proposto pelas DCNEFs (BRASIL, 2010) para o trabalho com os anos iniciais do ensino
fundamental nos ajuda a perceber que o aprender não pode mais ser considerado como
uma mera devolução do que o aluno recebeu do professor de maneira reprodutivista, sem
espaço para criação e interpretação (MORETTO, 2002). Ao invés disso, a aprendizagem está
muito mais relacionada a processos mediados pelo professor, através dos quais o aluno
pode estabelecer relações entre concepções prévias e o objeto do conhecimento proposto
pela escola – um processo interno do sujeito estimulado por questões exteriores mediadas
por aquele que ensina (MORETTO, 2002).
Oyarzabal (2012) analisa que, nessa direção, isso não significa abandonar os conteúdos
tradicionalmente ensinados pela escola, mas vinculá-los à realidade dos alunos,
permitindo-lhes estabelecer relações e ampliar seus conhecimentos. O ensino para a
complexidade possibilita a formação de um cidadão consciente dos problemas globais,
regionais e locais, bem como da sua responsabilidade na resolução desses problemas
(OYARZABAL, 2012).
Provocação
Morin (2002) afirma que o que se enfatiza na escola de um modo geral é o acúmulo de informações em detrimento do
tratamento delas e que isso deve ser rompido. Montaigne, citado por Morin (2002), diz que “mais vale uma cabeça bem-feita
que bem cheia”.
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Os anos iniciais do ensino fundamental no contexto da educação básica brasileira • CAPÍTULO 1
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/process-complex-problem-simple-solution-idea-2043454754.
Sintetizando
» A educação brasileira se estrutura em dois níveis: educação básica e educação superior. A educação básica é formada por
três etapas consecutivas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
» O ensino fundamental é a segunda etapa da educação básica e está estruturado em dois grupos: anos iniciais ou
Fundamental 1 (1º ao 5º ano) e anos finais ou Fundamental 2 (6° ao 9° ano).
» Hoje, o ensino fundamental é a etapa mais longa da educação básica, abrangendo um período de nove anos de ensino e
abarcando a população de seis a catorze anos de idade.
» Além dos diferentes níveis e etapas, a LDB estabelece que a oferta da educação escolar pode acontecer em uma ou mais
modalidades de ensino, a saber: educação especial, educação de jovens e adultos, educação do campo, educação escolar
indígena, educação profissional e tecnológica, educação a distância, educação nos estabelecimentos penais e educação
quilombola.
» De acordo com a LDB, as finalidades do ensino fundamental se relacionam com o desenvolvimento da capacidade de
aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo, a compreensão do ambiente
natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade e o
fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a
vida social.
» A Resolução n. 7, de 14 de dezembro de 2010, fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9
anos (DCNEF), dando encaminhamentos importantes sobre as especificidades da docência nos anos iniciais do ensino
fundamental no que se refere aos professores, aos ambientes e à organização do trabalho pedagógico.
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CAPÍTULO
AS INFÂNCIAS E OS PROCESSOS DE
ENSINO - APRENDIZAGEM NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 2
Introdução do capítulo
Neste capítulo, estudaremos sobre a cultura infantil e suas relações com os processos
de ensino-aprendizagem. Voltando-nos para os alunos dos anos iniciais do ensino
fundamental, vamos discutir os aspectos relativos à faixa etária atendida nessa etapa
de ensino. Analisaremos, assim, as características das crianças de 6 a 10 anos de idade,
partindo da compreensão de que são sujeitos de direitos.
Esperamos que, ao fim deste capítulo, você perceba que o professor precisa garantir
aos seus alunos espaços de autoria e protagonismo, reconhecendo e considerando as
dificuldades de ser criança em um mundo adultocêntrico. Valorizando, portanto, as
brincadeiras, as linguagens e as culturas infantis como elementos constitutivos das práticas
pedagógicas dos anos iniciais do ensino fundamental.
Objetivos
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As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 2
A vida como fenômeno possui inevitavelmente um começo. Para nós, humanos, esse período
inicial é chamado de infância, que é sucedida pela adolescência, pela idade adulta e pela
terceira idade. As faixas de idade que constituem cada uma dessas etapas variam conforme o
contexto demográfico, histórico, social e cultural.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/boneca-brinquedos-feio-velho-87407/.
Friedmann (2020) explica que é na fase da infância que tudo começa, tanto o que é da
natureza genética quanto o que decorre das relações e dos vínculos que cada pessoa
estabelece com o seu entorno:
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CAPÍTULO 2 • As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental
Nesse mesmo sentido, Friedmann (2020) também explica que esses e outros fatores
interferem significativamente na formação de cada indivíduo, o que torna a fase infantil
como a mais importante para o desenvolvimento humano, visto que os aspectos
psicológicos, emocionais e sociais vividos na infância têm consequências diretas na
pessoa adulta que elas virão a ser. Ou seja, é no período da infância que experiências,
descobertas e afeto constroem bases para o resto da vida.
Dessa forma, destaca-se a necessidade da proteção das crianças para que possam se
desenvolver plenamente, tanto individual quanto coletivamente, tendo a sua dignidade
respeitada. Nesse contexto, insere-se o debate da criança como sujeito de direitos.
Saiba mais
O sujeito de direitos é aquele que é capaz de exercer direitos em nome próprio. Cantiziano (2010) explica que o sujeito de
direito é aquele a quem a lei – em sentido amplo – atribui direitos e obrigações, aquele cujo comportamento se pretende
regular. Segundo Kelsen (2006), pessoa é o homem enquanto sujeito de direitos e deveres. Ser sujeito de direitos é ser pessoa,
é ser humano.
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/crian%c3%a7as-estrada-solid%c3%a1rio-apoio-1149671/.
Os direitos das crianças e dos adolescentes são normas e princípios legais que visam
a garantias fundamentais para a preservação de condições dignas de crescimento
e de desenvolvimento. Esses direitos foram conquistados e consolidados de modo
internacional no século XX, especialmente com o estabelecimento da doutrina da
proteção integral, que surgiu de maneira implícita com a Declaração de Genebra dos
Direitos da Criança, em 1924, e foi consagrada pela Convenção sobre os Direitos da
Criança, em 1990.
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As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 2
Atenção
Dotar a infância de direitos, além de reconhecer que toda e qualquer criança deve ter uma vida digna, implica assumir
a vulnerabilidade dessa faixa etária e, com isso, a necessidade de sua defesa e amparo. Nesse sentido, a importância dos
direitos das crianças e dos adolescentes na forma de lei está justamente na responsabilização coletiva da sociedade em
proteger e cuidar desses indivíduos.
Os direitos de crianças e adolescentes são garantidos por lei específica no Brasil desde
1990, através do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a partir do que foi tratado
na Convenção sobre os Direitos da Criança do mesmo ano. Hoje, o ECA é a principal lei
nacional sobre o tema. Você sabe o que está previsto nessa lei?
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CAPÍTULO 2 • As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental
É importante pensarmos que a concepção da criança como sujeito de direitos, que necessita
de proteção e cuidado, não faz dela um mero objeto da ação do outro, mas alguém que age
sobre o outro e sobre o mundo também. Crianças são protagonistas, atores e autoras da
própria vida. Do ponto de vista de uma sociedade que se constrói de modo adultocêntrico,
isso fica muitas vezes invisibilizado.
Você sabe o que é adultocentrismo? De acordo com Friedmann (2020), esse termo se refere
às decisões que os adultos tomam para as crianças e por elas, em geral sem consultá-las, sem
lhes dar voz ou criar espaços de escuta. Ainda segundo a autora, o mundo adultocêntrico,
ou seja, que tem como centro única e exclusivamente os adultos, caracteriza-se por relações
entre adultos e crianças em que os adultos são aqueles que vão:
Nesse caminhar, Friedmann (2020) também explica que essa postura adultocêntrica
precisa ser repensada nos contextos educacionais e sociais nos quais as crianças
crescem e convivem entre elas e com jovens e adultos, para que se possa efetivamente
pensar sobre e possibilitar formas de protagonismo e participação infantil. Para isso, é
necessário aos adultos intervir menos, ouvir mais, observar sem julgar, respeitar tempos,
temperamentos, escolhas e processos (FRIEDMANN, 2020).
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/conto-de-fadas-noite-m%c3%basica-peixe-1180921/.
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As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 2
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/little-african-american-kid-talking-into-1951053355.
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CAPÍTULO 2 • As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental
Quando as crianças passam a ter vez e voz, e suas opiniões, interesses, necessidades, pontos
de vista e expressões singulares passam a ter um lugar de prioridade no palco da escola, da
família e da comunidade, as crianças têm o direito e a possibilidade de se formarem como
sujeitos autônomos, críticos e de assumirem responsabilidades (FRIEDMANN, 2020).
Segundo Friedmann (2020), essa é verdadeiramente uma educação integral que considera
o ser humano e seu processo de desenvolvimento, em suas várias dimensões – intelectual,
física, emocional, social, cultural, moral. Uma educação que se constitui como projeto
coletivo e compartilhado, entre crianças e adultos, de sociedade e de mundo.
Para refletir
Assumir que os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental são crianças coloca em voga a possibilidade de eles viverem
atribuições de criança e lhes assegura o direito de serem tratadas como tal.
Fonte:https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/children-playing-park-playground-on-sunny-1426941347.
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As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 2
As ciências sociais têm dado importante contribuição para entendermos que a cultura não
se restringe somente ao que é herdado, mas inclui o que é construído nos grupos sociais
através de processos de interação. Nesse sentido, todos nós herdamos e modificamos a
cultura, e isso inclui também as crianças. As crianças não são somente consumidoras da
cultura dos adultos, mas são também produtoras de cultura própria.
A chamada cultura infantil pode ser compreendida como significações e formas de ação
social específicas que estruturam as relações das crianças entre si, bem como os modos
pelos quais interpretam, representam e agem sobre o mundo (BORBA, 2012). Segundo
Friedmann (2020), a cultura infantil se expressa por meio da palavra, da brincadeira, do
jogo, das artes, da música, da dança, do movimento etc. É por meio dessas manifestações
da cultura infantil que valores, habilidades, conhecimentos e formas de participação social
são constituídos e reinventados pela ação coletiva das crianças (BORBA, 2012).
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/garoto-filho-feliz-retrato-1854308/.
Nesse sentido, isso implica considerar as crianças como indivíduos com características
específicas, estruturas e comportamentos particulares e, portanto, diferentes das dos
adultos, que as identificam como ser singular com grupo próprio. Que desdobramentos
isso traz para o trabalho docente com crianças?
Dos seis aos dez anos, faixa etária atendida pelos anos iniciais do ensino fundamental,
as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu processo de desenvolvimento
que repercutem em suas relações consigo mesmas, com os outros e com o mundo
(BRASIL, 2019). Como destacam as DCNEFs (BRASIL, 2010), a maior desenvoltura e
a maior autonomia nos movimentos e deslocamentos ampliam suas interações com
o espaço e a relação com múltiplas linguagens, incluindo os usos sociais da escrita e
da matemática e permitem a participação no mundo letrado e a construção de novas
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CAPÍTULO 2 • As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental
As características dessa faixa etária demandam que o professor sistematize sua prática
pedagógica em torno dos interesses manifestos pelas crianças e de suas vivências mais
imediatas, para que, com base nessas vivências, elas possam, progressivamente, ampliar
sua compreensão, o que se dá pela mobilização de operações cognitivas cada vez mais
complexas e pela sensibilidade para apreender o mundo, expressar-se sobre ele e nele atuar
(BRASIL, 2019).
Para refletir
Com a promoção de tempos e espaços nas escolas para manifestação das culturas infantis, as crianças passam a ocupar
um lugar de centralidade nas instituições: a partir de suas realidades, interesses, necessidades e vozes, constroem-se
aprendizagens significativas, além de se oportunizarem situações para expressão e posicionamento diante das questões da
vida, das relações e da comunidade.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/children-different-nationalities-talking-picture-dialog-1898328205.
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As infâncias e os processos de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 2
Nos dois primeiros anos do ensino fundamental, a ação pedagógica deve ter como foco a
alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para que os alunos se apropriem do
sistema de escrita alfabética de modo articulado ao desenvolvimento de outras habilidades
de leitura e de escrita e ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos
(BRASIL, 2019). Nos três últimos anos do Fundamental 1, a progressão do conhecimento
ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de
linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus
interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender (BRASIL, 2019).
Como você já deve ter percebido, ser professor não é tarefa fácil, e não é diferente nos
anos iniciais do ensino fundamental. A complexidade do fenômeno educacional exige um
trabalho docente contextualizado, comprometido e intelectualmente sistematizado. Vamos
discutir mais sobre isso no próximo capítulo!
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/back-school-background-round-hole-paper-2033803748.
Sintetizando
» A importância da infância para o desenvolvimento de bases que vão perdurar durante toda a vida adulta.
» A necessidade da proteção das crianças para que possam se desenvolver plenamente, tanto individual quanto
coletivamente, tendo a sua dignidade respeitada, e a promulgação de seus direitos na forma da lei para favorecer isso.
» Os empecilhos que um mundo adultocêntrico – em que as decisões que os adultos tomam para as crianças e por elas
são feitas em geral sem consultá-las, sem lhes dar voz ou lhes criar espaços de escuta – para autoria, participação e
protagonismo infantil.
» A concepção de que as crianças não são somente consumidoras da cultura dos adultos, mas são também produtoras de
cultura própria, precisa ser considerada nos processos educativos que a elas se destinam.
» As características da faixa etária atendida pelos anos iniciais do ensino fundamental demandam que o professor
sistematize sua prática pedagógica em torno dos interesses manifestos pelas crianças, suas manifestações culturais e suas
necessidades.
27
CAPÍTULO
ORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: PLANEJAMENTO,
AVALIAÇÃO E CURRÍCULO 3
Introdução do capítulo
Neste capítulo, estudaremos sobre a organização da prática pedagógica nos anos iniciais
do ensino fundamental a partir das dimensões planejamento, avaliação e currículo.
Analisaremos, assim, os aspectos constitutivos do trabalho docente em uma perspectiva
que tem o aluno como centro dos processos educativos, conforme temos defendido até
aqui. Com isso, esperamos que, ao fim deste capítulo, você consiga reconhecer que a
complexidade do fenômeno educativo na atualidade exige da docência fundamentos
teórico-metodológicos que se manifestam na organização, sistematização e estruturação do
trabalho pedagógico.
Objetivos
» Conhecer as diferenças entre plano, planejamento, projetos e sequências didáticas.
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Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo • CAPÍTULO 3
Como temos apresentado até aqui, assim como Roldão (2007), defendemos que o ensino
não pode mais ser definido como o tipo de situação em que um transmite e o outro assimila
de modo acrítico, mas pela existência de alguém – o professor – que procede a construção
e o desenvolvimento de um conjunto de ações que levam o outro – o aluno – a aprender.
Nessa concepção, o professor é um profissional do ensino: alguém que domina um conjunto
de saberes que lhe permite fazer a mediação entre o conhecimento e o aluno: ensinar
(ROLDÃO, 2005).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/feet-arrows-on-road-background-pair-1469142113.
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CAPÍTULO 3 • Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo
Atenção
É importante esclarecer que planejamento e plano se relacionam diretamente, mas não são a mesma coisa. Do planejamento
– discussão sobre fins e objetivos, culminando com a definição dos mesmos –, e que resulta o plano enquanto formalização
do planejamento. Segundo Vasconcellos (2000), o plano é o produto da reflexão e da tomada de decisão feita no
planejamento que se explicita em forma de registro ou documento.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/close-portrait-caring-male-teacher-helping-1983219740.
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Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo • CAPÍTULO 3
Os planos de aula, por sua vez, podem se organizar em aulas individuais, em sequências
didáticas (uma série ordenada e articulada de atividades que formam um conjunto de
aulas com o mesmo temas) ou projetos (um conjunto de aulas organizadas em etapas
desenvolvidas que envolvem uma situação-problema). As aulas, sejam elas individuais,
sequências didáticas ou projetos, são enriquecidas e potencializadas através da
interdisciplinaridade, quando se trabalham conhecimentos de áreas distintas de forma
interligada.
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CAPÍTULO 3 • Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo
Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/pixel-c%c3%a9lulas-avalia%c3%a7%c3%a3o-medir-se-3976303/.
Romper com a falsa separação entre ensino e avaliação é fundamental para superar práticas
avaliativas que sejam classificatórias, seletivas e excludentes (FERNANDES, 2015). De
acordo com Perrenout (1999), esta é uma avaliação a serviço da seleção, levando em conta
hierarquias de excelência na comparação entre alunos para classificá-los, tendo como
características principais:
Em oposição a esse modelo de avaliação, Perrenout (1999) propõe uma avaliação que seja
contínua, não se concentrando ao final de um percurso, mas que, por ocorrer ao longo de
todo o processo, possibilita um diagnóstico que permite intervenções diferenciadas que
contribuam na aprendizagem. Essa seria uma avaliação a serviço da aprendizagem com
caráter formativo.
Nesse contexto, para Fernandes e Freitas (2007), essa concepção de avaliação parte do
princípio de que todas as pessoas podem aprender e que as ações educativas, as estratégias
de ensino e os conteúdos das disciplinas devem ser planejados a partir dessas infinitas
possibilidades de aprender dos estudantes.
32
Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo • CAPÍTULO 3
Para refletir
Fernandes e Freitas (2007) destacam que são justamente as intenções e os usos da avaliação que a caracterizam,
diferenciando um modelo do outro. O que está em questão, portanto, é concebermos a avaliação que tenha como princípio
uma concepção do processo educativo marcada pela lógica da inclusão, do diálogo, da construção da autonomia, da
mediação, da participação, da construção da responsabilidade com o coletivo (FERNANDES; FREITAS, 2007).
Nesse sentido, é preciso garantir práticas avaliativas planejadas e pautadas nas interações
que vão se construindo no interior das salas de aula em torno do conhecimento e nas
possibilidades de entendimento por parte dos estudantes dos conteúdos que estão sendo
trabalhados. Para isso, é necessário considerar a construção de múltiplas e diferentes
atividades que forneçam ao professor dados que lhe permitam analisar o momento de
aprendizagem dos seus estudantes de modo provisório e não definitivo, o que justifica a
necessidade do processo avaliativo ser cíclico (ROLDÃO, 2009).
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/pesquisa-coment%c3%a1rios-avalia%c3%a7%c3%a3o-7046888/.
33
CAPÍTULO 3 • Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo
Assim, é fundamental que se crie uma cultura avaliativa que supere a preocupação em
atribuir notas aos estudantes na perspectiva da aprovação e da reprovação, promovendo
em seu lugar a observação e o registro dos percursos dos alunos durante todo o processo
de ensino-aprendizagem para analisar os conhecimentos construídos por cada um e pelo
grupo como um todo. Isso permitirá ao professor planejar e replanejar possibilidades de
intervenção, melhorando cada vez mais seu ensino.
A partir de Fernandes e Freitas (2007), Freitas (2015) e Perrenout (1999), elencamos algumas
proposições nesse sentido:
» superar o juízo de valor, que muitas vez faz confundir a avaliação das aprendizagens
com a avaliação dos alunos;
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/pupils-raising-their-hands-during-class-251933845.
34
Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo • CAPÍTULO 3
Cabe à escola, como instituição social, ensinar e educar, além de introduzir as novas
gerações nesses conhecimentos básicos necessários à vida social, ao trabalho, à saúde,
à relação consciente com o meio ambiente, à comunidade e a cada outro, relacionando
esses conhecimentos uns com os outros, constituindo-se como humano consciente de si
e do mundo (GATTI, 2016). A escola, portanto, não é apenas um local onde se aprende um
determinado conteúdo, mas um espaço onde se aprende a construir relações a partir dos
conteúdos escolares (FERNANDES; FREITAS, 2007).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/illustration-kids-showing-scientific-method-research-1395459506.
Esse conjunto de aprendizagens não resulta de uma soma de partes: o que transforma um
conjunto de aprendizagens em currículo é a sua finalidade, intencionalidade, estruturação
coerente e sequência organizadora. Outro aspecto importante é a forma particular que
cada escola constrói de organização e gestão dos conhecimentos em relação ao que é
adequado às aprendizagens concretas daquele contexto.
35
CAPÍTULO 3 • Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo
Para refletir
Barbosa, Cruz, Fochi e Oliveira (2016) explicam que a BNCC não se constitui em um currículo, mas é um referencial para
sua construção e efetivação; ela define aprendizagens essenciais a serem promovidas, deixando o diálogo com autores,
perspectivas teóricas e metodológicas a cargo dos currículos e dos projetos pedagógicos, que devem ser adequados à
realidade de cada sistema ou rede de ensino e a cada instituição escolar, considerando o contexto e as características de suas
crianças.
Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/brasil-c%c3%adrculos-mapa-pontos-pa%c3%ads-5905898/.
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Organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental: planejamento, avaliação e currículo • CAPÍTULO 3
Nos próximos capítulos, vamos estudar cada área de conhecimento a partir do seu papel na
formação integral dos alunos do ensino fundamental, destacando as particularidades dos
anos iniciais, considerando tanto as características dos alunos do 1º ao 5º ano quanto as
especificidades e demandas pedagógicas dessa etapa de escolarização.
Sintetizando
» O planejamento representa um compromisso do professor com a aprendizagem e com o desenvolvimento dos alunos.
» O planejamento de ensino, dimensão do planejamento educacional mais próximo do professor e do cotidiano da sala de
aula, subdivide-se em planejamento curricular, plano de aula e plano de curso.
» A avaliação é parte intrínseca do processo de ensino-aprendizagem que precisa ser considerada no planejamento.
De acordo com suas finalidades e concepções de base, a avaliação pode estar a serviço da seleção ou a serviço da
aprendizagem, sendo esta última mais contributiva para uma educação democrática e inclusiva.
» O currículo escolar pode ser definido como organizações temporais e espaciais do conhecimento, em torno do trabalho de
professores e de alunos, para construir um determinado conjunto de experiências de aprendizagens.
» A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define aprendizagens essenciais e
direitos de aprendizagem para a educação básica em cada um dos seus níveis e modalidades.
» Na BNCC, o ensino fundamental está organizado em cinco áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências
da natureza, ciências humanas e ensino religioso. Assim, esse documento apresenta o que se espera que os estudantes
desenvolvam em cada uma dessas áreas do conhecimento.
37
CAPÍTULO
LINGUAGENS E MATEMÁTICA
NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL 4
Introdução do capítulo
Como vimos, a organização da prática pedagógica nos anos iniciais do ensino fundamental
se dá principalmente a partir do planejamento, da avaliação e do currículo. Nesse sentido,
analisamos os aspectos constitutivos do trabalho docente em uma perspectiva que
tem o aluno como centro dos processos educativos. Conforme pudemos perceber com
nossos estudos, a complexidade do fenômeno educativo na atualidade exige da docência
fundamentos teórico-metodológicos que se manifestam na organização, sistematização e
estruturação do trabalho pedagógico.
Com relação ao trabalho docente, vimos também que a LDB estabelece, em seu artigo 26,
que as escolas de educação básica têm autonomia para construir seus currículos de acordo
com suas características regionais e locais, mas que esses currículos devem ter uma base
nacional comum. De acordo com que discutimos, para esse fim foi sancionada em 2019 a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que, no ensino fundamental, está organizada em
cinco áreas do conhecimento.
Objetivos
» Conhecer as competências específicas das áreas do conhecimento linguagens e
matemática nos anos iniciais do ensino fundamental.
» Refletir sobre práticas pedagógicas nas áreas de linguagem e matemática nos anos
iniciais do ensino fundamental.
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Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 4
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/comunica%c3%a7%c3%a3o-grupo-equipe-gabarito-7245136/.
Para refletir
Corsino (2007) explica que a linguagem é constituinte do sujeito e, portanto, central no cotidiano escolar. Para a autora, a
linguagem é um dos instrumentos básicos inventados pelo homem cujas funções fundamentais são o intercâmbio social – é
para se comunicar que o homem cria e utiliza sistemas de linguagem – e o pensamento generalizante – é pela possibilidade
de a linguagem ordenar o real, agrupando uma mesma classe de objetos, eventos e situações, sob uma mesma categoria, que
se constroem os conceitos e os significados das palavras.
A linguagem, para Corsino (2007), atua não só no nível interpsíquico (entre pessoas), mas também no intrapsíquico (interior
do sujeito), decorre disso que operar com sistemas simbólicos possibilita a realização de formas de pensamento que não
seriam possíveis sem esses processos de representação. Quais são as linguagens que mais exploramos na escola, em nossas
salas de aula? Já pensou sobre isso?
39
CAPÍTULO 4 • Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental
40
Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 4
A articulação desses diversos campos precisa garantir que os alunos relacionem observações
empíricas do mundo real a representações (tabelas, figuras e esquemas) e associem essas
representações a uma atividade matemática (conceitos e propriedades), fazendo induções
e conjecturas (BRASIL, 2019). Assim, espera-se que eles desenvolvam a capacidade de
identificar oportunidades de utilização da matemática para resolver problemas, aplicando
conceitos, procedimentos e resultados para obter soluções e interpretá-las segundo os
contextos das situações (BRASIL, 2019).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/back-school-background-round-hole-paper-2033803736.
Observe, na tabela a seguir, a seguir as definições dos objetivos das unidades temáticas do
componente curricular matemática no contexto dos anos iniciais do ensino fundamental:
Área do Matemática
conhecimento
Componente Matemática
curricular
Números Álgebra Probalidade e Geometria Grandezas e
estatística medidas
Desenvolver Utilizar modelos Estudar posição
o pensamento matemáticos na Desenvolver e deslocamentos Estudar medidas e
numérico, compreensão, habilidades para no espaço, formas as relações entre
que implica o representação coletar, organizar, e relações entre elas, ou seja, as
conhecimento e análise representar, elementos de relações métricas,
de maneiras de relações interpretar e figuras planas e contribuindo para
Unidades de quantificar quantitativas analisar dados em espaciais. a consolidação
temáticas atributos de de grandezas uma variedade e ampliação da
objetos e e, também, de contextos, de noção de número,
de julgar e de situações maneira a fazer a aplicação
interpretar e estruturas julgamentos bem de noções
argumentos matemáticas, fundamentados e geométricas e
baseados em fazendo uso de tomar as decisões a construção
quantidades. letras e outros adequadas. do pensamento
símbolos. algébrico.
41
CAPÍTULO 4 • Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental
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Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 4
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/concept-isometric-flat-illustration-hand-earth-1893713401.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-child-classroom-toy-virtual-reality-709519294.
43
CAPÍTULO 4 • Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/garoto-matem%c3%a1tica-aluna-1126140/.
O trabalho com a área das linguagens em específico parte do princípio de que a criança, desde
bem pequena, tem infinitas possibilidades para o desenvolvimento de sua sensibilidade e de
sua expressão, e, de acordo com Corsino (2007), deve:
44
Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 4
A autora destaca que o(a) professor(a), ao planejar atividades dessa área para as crianças,
precisa escolher aquelas que promovam a consciência corporal, a troca entre elas, a
aceitação das diferenças, o respeito, a tolerância e a inclusão do outro, de modo que
todas as crianças possam participar, se divertir e aprender, sejam elas gordas ou magras,
altas ou baixas, fortes ou franzinas, rápidas ou menos ágeis (CORSINO, 2007). Sendo
assim, para Corsino (2007), é importante que os conhecimentos e as atividades dessa área
sejam instrumentos de formação integral das crianças e de prática de inclusão social, e
proporcionem experiências que valorizem a convivência social inclusiva, que incentivem e
promovam a criatividade, a solidariedade, a cidadania e o desenvolvimento de atitudes de
coletividade.
Finalmente, ainda na área das linguagens, é importante que o cotidiano das crianças
das anos iniciais seja pleno de atividades de produção e de recepção de textos orais e
escritos, tais como escuta diária da leitura de textos diversos, especialmente de histórias
e textos literários; produção de textos escritos mediada pela participação e pelo registro
de parceiros mais experientes; leitura e escrita espontânea de textos diversos, mesmo
sem o domínio das convenções da escrita; participação em jogos e brincadeiras com
a linguagem; entre muitas outras possibilidade para que possam ir compreendendo e
se apropriando dos usos e das convenções da linguagem escrita nas suas mais diversas
funções (CORSINO, 2007).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/thinking-child-boy-on-black-background-1754848844.
Para Corsino (2007), as práticas pedagógicas para os anos iniciais na área de matemática
devem encorajar as crianças a:
45
CAPÍTULO 4 • Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental
» comparar conjuntos;
Sobre isso, Alves (2016) explica que a construção do conhecimento matemático nos anos
iniciais não deve ser feita de forma mecânica; dessa forma, a utilização do lúdico no ensino
da matemática é de extrema relevância para o desenvolvimento da criança, pois ele fornece
um desenvolvimento prazeroso e divertido, e, quando a criança brinca, isso aumenta a
autoestima, a independência e desenvolve seu raciocínio.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/child-playing-different-color-wooden-rings-1916150206.
46
Linguagens e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 4
Sintetizando
» A BNCC se estrutura a partir de áreas do conhecimento subdivididas em componentes curriculares, que se organizam em
objetos do conhecimento (conteúdos a serem trabalhados) e habilidades (objetivos esperados para os alunos), divididos
em unidades temáticas e que consistem na reunião de um conjunto de conteúdos de um mesmo tema.
» No ensino fundamental, dentro da área de conhecimento linguagens, temos os seguintes componentes curriculares:
língua portuguesa, artes, educação física e língua inglesa, esta última apenas para os anos finais. No componente
curricular língua portuguesa, práticas de linguagem substituem as unidades temáticas.
» No ensino fundamental, dentro da área de conhecimento matemática, temos o componente curricular matemática, que
se desdobra em cinco unidades temáticas, cada uma com ênfase diferente, a depender do ano de escolarização: números,
álgebra, probabilidade e estatística, geometria e grandezas e medidas.
» Na BNCC, o letramento nas áreas de linguagens e matemática se expressa na apropriação dos meios que permitam uma
fluência comunicativa em todos os tipos de textos e, depois, na apropriação das habilidades para perceber as situações do
cotidiano em que a matemática é necessária e saber utilizá-la bem nesses contextos.
» As práticas pedagógicas nos anos iniciais do ensino fundamental em linguagens e matemática devem considerar a
valorização do repertório linguístico (escrito, oral, estético, corporal) e o raciocínio lógico das crianças e a sua ampliação
em uma perspectiva que parte do lúdico, do concreto e das culturas infantis.
47
CAPÍTULO
CIÊNCIAS DA NATUREZA E HUMANAS
NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL 5
Introdução do capítulo
No capítulo anterior estudamos sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o
ensino fundamental. Vimos que a BNCC se estrutura a partir de áreas do conhecimento
subdivididas em componentes curriculares, que se organizam em objetos do
conhecimento e habilidades, divididos em unidades temáticas e que consistem na reunião
de um conjunto de conteúdos de um mesmo tema.
Objetivos
» Conhecer as competências específicas das áreas do conhecimento ciências naturais
e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental.
» Refletir sobre práticas pedagógicas nas áreas de ciências naturais e humanas nos
anos iniciais do ensino fundamental.
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Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 5
Fonte: https://pixabay.com/pt/illustrations/esbo%c3%a7o-bonitinho-filho-engra%c3%a7ado-3047721/.
A partir do que define a BNCC, a área de ciências da natureza deve garantir aos alunos do
ensino fundamental o desenvolvimento de competências específicas, quais sejam:
» conhecimento científico;
49
CAPÍTULO 5 • Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental
No que se refere a ciências humanas, a BNCC aponta que essa área do conhecimento
contribui para que os alunos desenvolvam a cognição in situ, ou seja, sem prescindir da
contextualização marcada pelas noções de tempo e espaço, conceitos fundamentais da
área (BRASIL, 2019). Cognição e contexto são, assim, categorias elaboradas conjuntamente,
em meio a circunstâncias históricas específicas, nas quais a diversidade humana deve
ganhar especial destaque, com vistas ao acolhimento da diferença (BRASIL, 2019). Nesse
sentido, o objetivo central é o raciocínio espaço-temporal, o qual se baseia na ideia de
50
Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 5
que o ser humano produz o espaço em que vive, apropriando-se dele em determinada
circunstância histórica (BRASIL, 2019).
Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/animais-alfabeto-mapa-crian%c3%a7as-2730764/.
As ciências humanas devem, assim, estimular uma formação ética, elemento fundamental
para a formação das novas gerações, auxiliando os alunos a construir um sentido de
responsabilidade para valorizar os direitos humanos, o respeito ao ambiente e à própria
coletividade, o fortalecimento de valores sociais (tais como a solidariedade, a participação
e o protagonismo voltados para o bem comum) e, sobretudo, a preocupação com as
desigualdades sociais (BRASIL, 2019). Em resumo, a área de ciências humanas deve propiciar
aos alunos a capacidade de interpretar o mundo, de compreender processos e fenômenos
sociais, políticos e culturais e de atuar de forma ética, responsável e autônoma diante de
fenômenos sociais e naturais. (BRASIL, 2019).
51
CAPÍTULO 5 • Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental
» construir argumentos, com base nos conhecimentos das ciências humanas, para
negociar e defender ideias e opiniões;
52
Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 5
Saiba mais
A BNCC define letramento científico como aquele que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo
(natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências,
o que significa, em outras palavras, que apreender ciência não é a finalidade última do letramento científico, mas, sim,
o desenvolvimento da capacidade de atuação no e sobre o mundo, importante ao exercício pleno da cidadania (BRASIL,
2007). No documento, é explicado ainda que, para isso, é necessário assegurar aos alunos do ensino fundamental o acesso
à diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem como a aproximação gradativa aos
principais processos, práticas e procedimentos da investigação científica (BRASIL, 2019).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/african-female-student-having-clever-idea-1883647186.
53
CAPÍTULO 5 • Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/kids-having-fun-watching-experiment-science-1110241928.
54
Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 5
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/happy-children-on-treasure-hunt-scavenger-1300319527.
Corsino (2007) explica que, na área das ciências naturais, o objetivo é ampliar a
curiosidade das crianças, incentivá-las a levantar hipóteses e a construir conhecimentos
sobre os fenômenos físicos e químicos, sobre os seres vivos e sobre a relação entre o
homem e a natureza e entre o homem e as tecnologias. Para a autora, é importante
organizar os tempos e os espaços da escola para favorecer o contato das crianças com a
natureza e com as tecnologias, possibilitando, assim, a observação, a experimentação, o
debate e a ampliação de conhecimentos científicos (CORSINO, 2007).
Para isso, as atividades didáticas dessa área devem ter como finalidade desafiar as crianças,
levá-las a prever resultados, a simular situações, a elaborar hipóteses, a refletir sobre
as situações do cotidiano, a se posicionar como parte da natureza e membro de uma
espécie, entre tantas outras espécies do planeta, estabelecendo as mais diversas relações e
percebendo o significado dos saberes dessa área com suas ações do cotidiano (CORSINO,
2007).
55
CAPÍTULO 5 • Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/nature-study-forest-composition-outdoor-landscape-1932189083.
Sobre trabalhar com os conhecimentos das ciências humanas nos anos iniciais do
ensino fundamental, Corsino (2007) explica que o foco reside, especialmente, no
desenvolvimento da reflexão crítica sobre os grupos humanos, suas relações, suas
histórias, suas formas de se organizar, de resolver problemas e de viver em diferentes
épocas e locais. Assim, a família, a escola, a religião, o entorno social (bairro, comunidade,
povoado), o campo, a cidade, o país e o mundo são esferas da vida humana que
comportam inúmeras relações, configurações e organizações (CORSINO, 2007).
Nesse contexto, Corsino (2007) salienta que o trabalho com a área das ciências humanas
também objetiva ajudar a criança a pensar e a desenvolver atitudes de observação,
de estudo e de comparação das paisagens, do lugar onde habita, das relações entre o
homem, o espaço e a natureza. Nesse sentido, é importante conhecer as transformações
ocorridas sob a ação humana na construção, no povoamento e na urbanização das
diferentes regiões do planeta; perceber que a maneira como o homem lida com a natureza
interfere na paisagem e, consequentemente, na forma e na qualidade de vida das
pessoas (CORSINO, 2007). Ainda segundo a autora, isso somente é possível por meio de
experiências de aprendizagens através das quais as crianças possam investigar e intervir
sobre a realidade, reconhecendo-se como parte integrante da natureza e da cultura
(CORSINO, 2007).
56
Ciências da natureza e humanas nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 5
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/multiethnic-group-kids-sitting-on-floor-1086016097.
Nesse sentido, é fundamental colocar o aluno como centro dos processos de ensino,
pois desconsiderar quem eles são e o que querem não faz sentido e não surte efeito se
nosso objetivo for a construção de aprendizagens significativas e inclusivas. Nessa
direção, o que está em questão é promover práticas pedagógicas que atribuam sentido ao
conhecimento e se tornem de fato experiências de aprendizagem.
Sintetizando
» No ensino fundamental, na área de conhecimento ciências da natureza, temos o componente curricular ciências, que se
desdobra em três unidades temáticas: matéria e energia, vida e evolução e terra e universo.
» No ensino fundamental, a área de conhecimento ciências humanas se organiza a partir dos componentes curriculares
geografia e história. O componente curricular geografia se desdobra em cinco unidades temáticas: o sujeito e seu lugar no
mundo; conexões e escalas; mundo do trabalho; formas de representação e pensamento espacial; natureza, ambientes e
qualidade de vida. Por sua vez, no componente curricular história, as unidades temáticas são diferentes para cada ano do
ensino fundamental, de modo a abordar, com diferentes graus de complexidade, o reconhecimento do “Eu”, do “Outro” e
do “Nós”.
» As áreas de conhecimento de ciências naturais e humanas se estruturam na BNCC do ensino fundamental a partir do
chamado letramento científico, definido pelo documento como aquele que envolve a capacidade de compreender e
interpretar o mundo, mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais das ciências.
» As práticas pedagógicas nos anos iniciais do ensino fundamental em ciências da natureza e humanas precisam se
desenvolver por meio de experiências de aprendizagens através das quais as crianças possam investigar e intervir sobre a
realidade, reconhecendo-se como parte integrante da natureza e da cultura.
57
CAPÍTULO
ENSINO RELIGIOSO E OS DESAFIOS
PARA FAVORECER A DIVERSIDADE E
A INCLUSÃO NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL 6
Introdução do capítulo
Neste capítulo, vamos estudar sobre a organização da BNCC para a área de ensino religioso
nos anos iniciais do ensino fundamental. Além disso, vamos discutir os desafios para
promover a diversidade e a inclusão nessa etapa de ensino. Por fim, vamos analisar as
necessidades e exigências para o desenvolvimento de práticas pedagógicas voltadas para
esses aspectos. Com isso, esperamos que você consiga reconhecer as especificidades e
demandas pedagógicas do trabalho com ensino religioso, diversidade e inclusão nessa etapa
de escolaridade.
Objetivos
58
Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 6
Atualmente, a BNCC estabelece o ensino religioso como uma área do conhecimento com
componente curricular de oferta obrigatória nas escolas públicas de ensino fundamental,
com matrícula facultativa para os alunos. De acordo com o estabelecido na BNCC, no
ensino religioso não deve haver privilégio de nenhuma crença ou convicção, mas, sim,
um trabalho voltado para as diversas culturas e tradições religiosas, sem desconsiderar a
existência de filosofias seculares de vida (BRASIL, 2019).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/christianity-islam-judaism-3-monotheistic-religions-2070906482.
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CAPÍTULO 6 • Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/child-vector-set-kids-children-many-1767962891.
Saiba mais
A BNCC define o conhecimento religioso como aquele produzido no âmbito das diferentes áreas do conhecimento científico
das ciências humanas e sociais, sendo voltado para a investigação da manifestação dos fenômenos religiosos, parte
integrante do substrato cultural da humanidade, em diferentes culturas e sociedades enquanto um dos bens simbólicos
resultantes da busca humana por respostas aos enigmas do mundo, da vida e da morte (BRASIL, 2019). De modo singular,
complexo e diverso, esses fenômenos alicerçaram distintos sentidos e significados de vida e diversas ideias de divindade(s),
em torno dos quais se organizaram cosmovisões, linguagens, saberes, crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos,
doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios éticos e morais (BRASIL, 2019).
Conforme explicado na BNCC (BRASIL, 2019), a base legal atual do ensino religioso
no Brasil se estabelece a partir da Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e da Lei n.
9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei n. 9.475/1997), que estabeleceram os princípios
e os fundamentos que devem alicerçar epistemologias e pedagogias do ensino religioso,
cuja função educacional, enquanto parte integrante da formação básica do cidadão,
é assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa, sem proselitismos. Ainda nessa
direção, mais tarde, a Resolução CNE/CEB n. 04/2010 e a Resolução CNE/CEB n. 07/2010
reconheceram o ensino religioso como uma das cinco áreas de conhecimento do ensino
fundamental de nove anos (BRASIL, 2019).
De acordo com a BNCC, o ensino religioso busca construir, por meio do estudo dos
conhecimentos religiosos e das filosofias de vida, atitudes de reconhecimento e respeito
às alteridades através da constituição de um espaço de aprendizagens, experiências
pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes, que visam ao acolhimento das
identidades culturais, religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade, direitos
humanos e cultura da paz (BARSIL, 2019). Para tal, a BNCC estabelece as seguintes
competências específicas:
60
Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 6
» Nos dois últimos anos, são tratados aspectos estruturantes das diferentes tradições
e movimentos religiosos e filosofias de vida, particularmente sobre mitos, ideia(s)
de divindade(s), crenças e doutrinas religiosas, tradições orais e escritas, ideias de
imortalidade, princípios e valores éticos (BRASIL, 2019).
61
CAPÍTULO 6 • Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental
Estamos inseridos em uma sociedade que não é estática. A todo momento vivenciamos
transformações. A educação está atrelada à sociedade e sofre esses reflexos. Conceitos,
valores, modos de avaliar e disciplinas são questionados, e novas legislações são geradas
para contemplar todas as questões pertinentes ao momento histórico vivido. A Constituição
Federal de 1988 (BRASIL, 1988) é um exemplo claro de uma mudança importante que
aconteceu na sociedade brasileira: a partir dela, a educação se torna obrigatória, pública
e gratuita. Essa legislação viabilizou mudanças na escola, pois grupos que antes eram
marginalizados passaram a ter direito à educação.
Quando a educação pública e gratuita passou a ser um direito de todos, uma conquista
baseada em muitas lutas, chegam ao interior da escola sujeitos que antes sequer possuíam
acesso a ela. Felizmente, a tendência hoje é que cada vez mais os alunos sejam diferentes
uns dos outros e que a diversidade ocupe as salas de aula. Orrú (2020) explica que a
diferença nada mais é do que a qualidade daquilo que é diferente; nela, há ausência de
semelhança, há desconformidade, divergência, ela contém a própria diversidade, ela é
inexata e, ao mesmo tempo, é excesso de uma grandeza; nela, não há repetição.
Uma vez que a escola passa a ser o ambiente em que se concentra uma grande diversidade
humana, e que tem a responsabilidade de formar cidadãos críticos, conscientes e atuantes,
não pode ficar indiferente às necessidades dos seus alunos em suas especificidades sociais,
políticas, econômicas, étnicas, religiosas, culturais etc. (NUNES, 2013).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/school-children-cheerful-variation-concept-393626062.
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Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 6
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/world-diversity-earth-day-international-culture-1814911268.
Para Candau (2011), o ponto de partida é reconhecer a diversidade como um fato: enxergar
todos os alunos como iguais não é bom. Como discutimos anteriormente, ser criança rural,
indígena, quilombola, cigana, migrante, com deficiência e tantas outras particularidades
que envolvem raça, gênero, religião e território imprime diferenças que enriquecem as
salas de aula, quando valorizadas e respeitadas.
63
CAPÍTULO 6 • Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental
Para refletir
Precisamos entender que as diferenças são inerentes ao mundo humano e que a diferença não significa desigualdade.
A diferença faz descobrir o outro, enriquece, aumenta o potencial de partilha e favorece a complementaridade, sendo,
portanto, algo extremamente positivo. A desigualdade, por outro lado, afasta, empobrece as pessoas e os povos, dificulta a
solidariedade e é pretexto para o abuso de poder e para a exploração. Compreendemos desigualdade como as distinções
no padrão de vida e nas condições de acesso a direitos, bens e serviços entre integrantes de uma mesma sociedade em
função das suas diferenças como indivíduos (pessoas com ou sem deficiência, homens e mulheres, adultos e crianças,
homossexuais e heterossexuais, negros e brancos, ricos e pobres etc.). Se as diferenças são inevitáveis e desejáveis, podemos
sonhar e trabalhar para que um dia elas sejam tratadas socialmente com menos desigualdade. Por isso, as lutas sociais não
buscam abolir as diferenças, mas sim abolir ou ao menos minimizar as desigualdades.
Para que haja a inclusão, a diferença precisa ser seu par: a inclusão somente pode existir na
própria diferença, jamais no território do igual (ORRÚ, 2020). A escola não está fora dessa
lógica.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/cheerful-diverse-kids-school-uniform-talking-2037345569.
Para Candau (2009), práticas pedagógicas voltadas para a diversidade e para a inclusão
devem ter como pressuposto uma educação em prol do reconhecimento do “outro”, para o
diálogo entre diferentes grupos sociais e culturais, para a negociação cultural, que enfrenta
os conflitos provocados pela assimetria de poder entre os diferentes grupos socioculturais
em nossa sociedade, e é capaz de favorecer a construção de um projeto comum, pelo qual as
diferenças são dialeticamente integradas.
Nesse contexto, Candau (2011) sinaliza ainda que isso significa conceber e realizar
processos de ensino-aprendizagem contextualizados, considerando que os contextos são
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Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 6
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/color-pencils-faces-painted-on-them-1145374085.
Saiba mais
Importante marco nesse processo foi a promulgação das Leis n. 10.639, em 9 de janeiro de 2003 (BRASIL, 2003), e n. 11.645,
em 10 de março de 2008 (BRASIL, 2008). A Lei n. 10.639 torna obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira
dentro das disciplinas do ensino fundamental e médio. Para ampliar essa legislação, a Lei n. 11.645 foi sancionada, incluindo
no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade também de considerar a história e a cultura dos povos indígenas,
dando a redação final a temática como “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Ambas as legislações demonstram
a importância de considerar a história e a cultura afro-brasileira e indígena nos processos educacionais em um país
multicultural, pluriétnico e que, durante muito tempo, silenciou esses povos e seus legados, colocando-os em um lugar de
subalternidade.
Trindade (2014) afirma que a formação docente muitas vezes é marcada pela inculcação
de preconceitos que certamente colaboram com a manutenção de maiorias invisíveis
e silenciadas nas escolas. Esse preconceito se refere ao que é considerado um ser
humano ideal, um aluno ideal, uma família ideal, o que, na maior parte das vezes, não é
incompatível com a realidade escolar, gerando um conflito com duas saídas: hierarquizar
a realidade em relação ao ideal, negando a própria realidade; ou lutar para romper com
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CAPÍTULO 6 • Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/happy-diverse-group-college-students-working-2111420681.
Nesse sentido, no que se refere especificamente ao ensino religioso, a BNCC (BRASIL, 2019)
estabelece como objetivos:
» contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a partir
de valores, princípios éticos e da cidadania.
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Ensino religioso e os desafios para favorecer a diversidade e a inclusão nos anos iniciais do ensino fundamental • CAPÍTULO 6
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/multinational-children-talking-speech-bubbles-
happy-2066477075.
Com isso, assumimos assim que a escola e seus professores devem ter o compromisso
com o favorecimento de oportunidades educacionais mais justas para todos os alunos,
a despeito “da cor de sua pele, das línguas que falam em suas casas, ou da renda de seus
pais ou responsáveis” (ZEICHNER, 2013, p. 15). Como temos visto ao longo de todo o livro
didático, as metodologias para o ensino fundamental precisam considerar, acima de tudo,
práticas que dignificam as gentes e contribuam para a autonomia, a emancipação e a
liberdade (FREIRE, 2019).
Sintetizando
» Ao longo da história da educação brasileira, o ensino religioso assumiu diferentes perspectivas teórico-metodológicas,
geralmente de viés confessional, interconfessional ou não confessional.
» Atualmente, a BNCC estabelece o ensino religioso como uma área do conhecimento com componente curricular de oferta
obrigatória nas escolas públicas de ensino fundamental, com matrícula facultativa para os alunos.
» A base legal para o ensino religioso no Brasil da Constituição Federal de 1988, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB – Lei n. 9.394/1996), da Resolução CNE/CEB n. 04/2010 e da Resolução CNE/CEB n. 07/2010.
» Na área do conhecimento ensino religioso, o componente curricular tem o mesmo nome, ensino religioso, que é dividido
em três unidades temáticas, que se alternam ao longo dos anos iniciais do ensino fundamental: identidades e alteridades;
manifestações religiosas; e crenças religiosas e filosofias de vida.
» Os desafios para um ensino pautado na diversidade e na inclusão passam pela dificuldade da escola e dos professores em
relação às diferenças em função de preconceitos sobre aluno ideal, por exemplo.
» As práticas pedagógicas nos anos iniciais do ensino fundamental em ensino religioso e naquelas voltadas para a inclusão
e para a diversidade de um modo geral se baseiam na aceitação e na valorização das diferenças, no reconhecimento dos
processos históricos e sociais que as geram e na reflexão crítica sobre as lutas contra a desigualdade.
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dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da
Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília:
Presidência da República, 2003.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei n. 11.645, de 10 março de 2008. Altera a Lei n. 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, modificada pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília: Presidência da República, 2008.
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