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Supervisão e

Orientação Escolar

Supervisão e Orientação Escolar e o


Estudante
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
VIVIANNE SOUSA
AUTORIA
Vivianne Sousa
Sou professora e apaixonada pela educação, acredito que
esse é um caminho de grandes transformações para a sociedade. Ao
longo da minha carreira acadêmica, concluí graduação em Letras pela
Universidade Estadual da Paraíba (UFPB) e em Ciências Sociais pela
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), especialização em Educação em
Direitos Humanos pela UFPB, mestrado em Direitos Humanos, Cidadania
e Políticas Públicas pela UFPB, e atualmente sou doutoranda em Ciências
Sociais pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). No aspecto
profissional, tenho construído experiências valiosas que me possibilitam
aplicar os conhecimentos acadêmicos na prática. Nesse sentido, atuei
como: assessora pedagógica do Projeto Orçamento Participativo Criança
e Adolescente, do município de João Pessoa, especialista pedagógica
da Comissão de Implantação do Ensino Integral na Paraíba, professora
do Programa de Formação Continuada para Conselheiros dos Direitos
e Conselheiros Tutelares do Estado da Paraíba e membro da Comissão
Estadual de Elaboração e Implementação da Proposta Curricular do
Ensino Médio da Paraíba. Essas são algumas das experiências que
colaboram diretamente para uma visão global sobre a educação e seus
impactos sociais. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar
seu elenco de autores independentes. Sinto-me imensamente feliz e
honrada em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho!
Conte comigo.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do
desenvolvimento houver necessidade
de uma nova de apresentar um
competência; novo conceito;
NOTA: IMPORTANTE:
quando necessárias as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Orientação Escolar e a Psicopedagogia............................................. 12
A Definição de Psicopedagogia............................................................................................. 12

O Orientador Escolar e o Psicopedagogo na Escola............................................ 20

Orientação Escolar no Contexto da Educação Especial.............. 24


Breve Definição sobre Educação Especial....................................................................24

O Orientador Escolar e a Educação Especial..............................................................32

Projetos de Intervenção e Orientação Escolar na Infância........36


Definição de Projetos de Intervenção.............................................................................. 36

O Papel do Orientador Escolar nos Projetos de Intervenção para a


Infância..................................................................................................................................................... 41

Projetos de Intervenção e Orientação Escolar na


Adolescência................................................................................................. 47
Projetos de Intervenção na Adolescência.....................................................................47

O Papel do Orientador Escolar nos Projetos de Intervenção para a


Adolescência.......................................................................................................................................54
Supervisão e Orientação Escolar 9

03
UNIDADE
10 Supervisão e Orientação Escolar

INTRODUÇÃO
Olá Estudante! Bem-vindo à discussão sobre supervisão e orientação
escolar! Essa é uma área de discussões contundentes e impactos no
campo da educação, seja no aspecto de desenvolvimento de pesquisas
em torno da supervisão e orientação escolar, seja na aplicabilidade
prática que se transforma através dos tempos no espaço da escola. Nesta
unidade, iremos perceber como se relaciona a supervisão e orientação
escolar com o estudante, tendo em vista o arcabouço de possibilidades
e ações que envolvem essa conexão tão necessária no ambiente escolar,
sobretudo os desafios que estão postos na sociedade e na educação ao
longo dos tempos. Para tanto, buscaremos entender sobre o papel da
psicopedagogia, o contexto da educação especial e os entendimentos
sobre as etapas que atendem o público infantil e de adolescentes. Todas
essas conexões irão colaborar diretamente para o entendimento amplo da
atuação do orientador e do supervisor escolar com o estudante. Entendeu?
Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar neste universo!
Supervisão e Orientação Escolar 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Estabelecer relações diretas e indiretas entre a orientação escolar


e a psicopedagogia no processo educativo do estudante.

2. Entender como a orientação escolar pode contribuir no contexto


da educação especial.

3. Elaborar projetos de intervenção e orientação escolar na infância.

4. Desenvolver projetos de intervenção e orientação escolar na


adolescência.
12 Supervisão e Orientação Escolar

Orientação Escolar e a Psicopedagogia


OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como se estabelece a relação entre o profissional da
orientação escolar e o psicopedagogo, considerando as
dinâmicas escolares, os contextos e os objetivos a serem
alcançados. Isso será fundamental para o exercício de sua
profissão e para o desenvolvimento de ações que possuam
amplitude e impacto escolar. E então? Motivado para
desenvolver essa competência? Então, vamos lá. Avante!.

A Definição de Psicopedagogia
Este capítulo tratará de desenvolver reflexões em torno da ação
de grandes áreas de importância e impacto no espaço escolar. Embora,
ainda existam muitas escolas que não possuem esses profissionais,
é de suma importância considerar seus impactos com base em suas
atribuições e desenvolvimento de ações, levando em conta os objetivos
de aprendizagem e os impactos políticos e sociais ligados ao papel
da escola. Contudo, antes de estabelecermos essas relações, é vale
conhecer a definição de psicopedagogia.
Figura 1 – O que é psicopedagogia?

Fonte: Freepik
Supervisão e Orientação Escolar 13

Para entendermos sobre a psicopedagogia, iremos discorrer nas


próximas linhas pontos importantes para que brevemente possamos
adquirir uma noção da atuação dessa profissão. Quando tratamos de
uma ciência, que possui importância de grande impacto no contexto
de aprendizagem e participação na vida das pessoas, é primordial que
saibamos quando e como ela nasce. Desse modo, a psicopedagogia,
surge na Europa no século XIX com o objetivo e incômodo geral de
compreender e explicar cientificamente o que ocorria nas salas de aula,
com os estudantes que possuíam dificuldades de aprendizagem e, muitas
vezes, eram destinados ao estigma da culpa do fracasso escolar.

Assim sendo, nesse período histórico, a psicopedagogia buscava


trazer respostas sobre o porquê de educandos não aprenderem.
Nesse sentido, era imposta a uma adaptação ao espaço educacional,
condicionando ao próprio aluno a responsabilidade de não conseguir
desenvolver o aprendizado.

ACESSE:

A perda de aprendizagem na pandemia tem gerado


incertezas ao futuro de estudantes. Pesquisa realizada
pelo Instituto Unibanco revelou que cada aluno do terceiro
ano do ensino médio já perdeu meio por cento de seus
salários futuros por causa de déficit no aprendizado. Os
resultados do estudo feito pelo Instituto Unibanco são
preocupantes. De acordo com o levantamento, o impacto
da pandemia sobre os alunos que devem concluir o ensino
médio em 2021 é grande. Os estudantes já perderam 10
pontos em matemática e em língua portuguesa. Nos três
anos, eles precisam alcançar no mínimo 20 e 15 pontos,
respectivamente, de acordo com a escala do Sistema
de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Cada aluno do
terceiro ano já perdeu R$ 20 mil ao longo da vida, em razão
do aprendizado deficitário. Leia a matéria na íntegra. Acesse
clicando aqui.

No contexto do tão falado e discutido fracasso escolar, eram


frequentes várias questões relacionadas às dificuldades no processo
de aprendizagem. Buscavam-se inúmeras respostas e situações que
14 Supervisão e Orientação Escolar

apresentassem soluções e que reintegrassem esse indivíduo ao processo


de aprendizagem, para que de fato pudesse construir uma rotina
autônoma e produtiva no que tange à aprendizagem. Nessa perspectiva,
surgia o psicopedagogo, que supostamente tinha o papel de apresentar
as respostas e, por conseguinte, o tratamento para que fosse possível
desenvolver a aprendizagem na escola e em todos os ambientes de
aprendizagem possível.

No que tange ao processo de crescimento e ampliação dessa


profissão, é importante considerar que no cenário dos anos 1940 a 1960,
especificamente na região da França, a ação do profissional da pedagogia
era vinculada à do médico, ou seja, caso o indivíduo não desenvolvesse a
aprendizagem, era remetido a um caso de doença que exigiria tratamento
no campo da saúde.

VOCÊ SABIA?

Alunos enfrentam dificuldades de aprendizagem na


retomada das aulas presenciais. O ambiente escolar faz a
diferença na aprendizagem e na socialização das crianças.
Muitos alunos têm problemas com a coordenação motora
fina – a habilidade de usar os músculos dos dedos, pulsos
e mãos – atrapalhando a segurar o lápis corretamente. Leia
o texto na íntegra. Acesse clicando aqui.

Nessa mesma época, era possível perceber e acompanhar diversos


momentos em que existia uma tentativa coletiva de tentar readaptar ou
criar situações de readaptação com crianças que eram consideradas
portadoras de comportamentos socialmente inadequados na escola, no
lar ou em outros ambientes coletivos. Nesse campo, podemos observar
que também existia, atrelada às discussões em torno das dificuldades de
aprendizagem, a preocupação com as situações de indisciplina.

Diante da demanda existente na vida dos indivíduos em sociedade


e sobretudo no ambiente da escola, no qual os estudantes são os
principais indivíduos envolvidos com a aprendizagem na companhia
de outros profissionais, nasce a psicopedagogia. Comprometida com o
desenvolvimento de estudos sistematizados no campo da aprendizagem
Supervisão e Orientação Escolar 15

do educando e as dificuldades enfrentadas pelos indivíduos no processo


de aprendizagem, essa área entende que várias razões podem causar
tais episódios, assim como podem gerar comprometimento por toda uma
vida.

Nessa perspectiva, a psicopedagogia tem como objeto de estudo


o processo de aprendizagem e suas dificuldades. Esse estudo pode ser
desenvolvido em duas condições:

•• Clínico.

•• Preventivo.

É de suma importância perceber e considerar que, no processo


de estudos, devem ser apreendidos os padrões evolutivos normais
e patológicos, bem como as influências vivenciadas pelo indivíduo,
considerando todos os fatores que estão ligados às questões sociais
e culturais no seu desenvolvimento, tendo em vista a integralidade do
educando.

Desse modo, a psicopedagogia cumpre o importante papel de


acompanhar os educandos que estão dentro do campo da dificuldade
de aprendizagem, percebendo como esse fenômeno surge e como
trabalhar com ele, quais encaminhamentos científicos devem ser
tomados, acompanhados e avaliados continuamente, garantindo que
essas questões possuam sempre atenção especial no ambiente escolar.
16 Supervisão e Orientação Escolar

VOCÊ SABIA?

Você sabe como identificar as dificuldades de


aprendizagem dos alunos em tempos de pandemia? No
que se refere às dificuldades de aprendizagem além dos
muros da escola, 1,5 bilhão de alunos tiveram sua rotina de
estudos presenciais afetada. Estima-se que a pandemia
causada pelo novo coronavírus retirou das escolas cerca
de 1,5 bilhão de alunos, por todo o mundo. Com isso, a
proximidade entre discentes e o corpo docente, que antes
era decisiva para o rápido diagnóstico e encaminhamento
das dificuldades de aprendizagem, acabou por se tornar
mais um entrave para o bom desenvolvimento das relações
educacionais em tempo de pandemia. Diante disso, é
essencial que os profissionais, sobretudo com o apoio
da equipe pedagógica, possam se prevenir e encontrar
estratégias para lidar de forma mais positiva, aproximando
seus alunos, com todas as dificuldades que possam surgir.
Leia mais a respeito. Acesse clicando aqui.

É primordial que o psicopedagogo tenha habilidade de conexão


com outros profissionais, estabelecendo um trabalho de parceria e
fortalecimento de ações, de modo coletivo e integral. Esse trabalho não
ocorre de forma individual, mas, sim, contemplando todos os agentes
presentes no contexto. Esse ponto é fundamental para entendermos que
o processo educativo não acontece de forma isolada, mas de maneira
coletiva e integralizada.

Por sua vez, o desenvolvimento da atuação clínica não deixa de ser


preventivo, pois, ao tratar de situações de dificuldade na aprendizagem,
pode evitar ou prevenir o aparecimento de outras, que poderão ser
visualizadas nitidamente no espaço da escola.

Nessa perspectiva, o psicopedagogo precisa desenvolver na escola


um olhar diferente, uma possibilidade de visão além dos sintomas e do
que se encontra visivelmente aparente, a compreensão da dimensão do
educando e dos contextos que eles estão inseridos, assim como olhar
além do que está evidente é fundamental para atuação do psicopedagogo.
Supervisão e Orientação Escolar 17

ACESSE:

Você saber quais são os impactos da pandemia de


coronavírus para a educação? De acordo com a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO), a pandemia de Covid-19 já impactou os estudos
de mais de 1,5 bilhão de estudantes em 188 países – o que
representa cerca de 91% do total de estudantes no planeta.
Em meio a esse panorama assustador e conturbado, não
apenas na questão de saúde, mas também do aprendizado
das crianças e dos jovens, os impactos no ensino são
vários. Enquanto alguns escancaram problemas na
área da educação, outros podem ser oportunidades de
crescimento e evolução, basta que saibamos trabalhar de
maneira coordenada, colaborativa e inovadora. Confira uma
matéria sobre o tema. Acesse clicando aqui.

Espera-se que o psicopedagogo tenha um olhar que compreenda


o indivíduo enquanto ser integral, com empatia e cuidado, tendo em vista
que as consequências são advindas de causas muito mais importantes.
É necessário aprender a investigar a realidade do educando fugindo de
preconceitos e visões rasas, evitando definições equivocadas e estigmas
que possam existir no espaço escolar.

O profissional de psicopedagogia juntamente com o professor


e os demais profissionais da educação inseridos na escola necessitam
estabelecer um trabalho contínuo em parceria, que possa envolver todos
os outros membros comprometidos com o desenvolvimento do ensino-
aprendizagem, percebendo que as dificuldades de aprendizagem são
barreiras a serem superadas no processo educacional.
18 Supervisão e Orientação Escolar

VOCÊ SABIA?

Você tem noção de como criar uma experiência de


aprendizagem do século 21 na sua escola? A educação
está em constante evolução. Há alguns séculos, o modo
de transmitir conhecimento era completamente diferente
do que é observado hoje em dia. Por isso, se atualizar às
mais novas tendências e fornecer uma experiência de
aprendizagem condizente com o momento histórico e social
é fundamental para qualquer escola que esteja realmente
comprometida com seus estudantes. Conheça esse tipo de
experiência de aprendizagem. Acesse clicando aqui.

Algumas atitudes devem ser evitadas no contexto escolar. Nesse


sentido, o psicopedagogo é um agente fundamental na conscientização
da equipe escolar para:

•• Ressaltar ou evidenciar no coletivo as dificuldades do educando.

•• Corrigir o estudante com frequência perante várias pessoas, sua


turma ou em espaços coletivos do ambiente escolar.

•• Relegar ou ignorar a criança que não consegue superar suas


dificuldades.

Essas são algumas atitudes do que se espera da atuação do


psicopedagogo no acompanhamento das dimensões das dificuldades
de aprendizagem. Buscamos entender e discutir o fato de que a
psicopedagogia praticada em uma perspectiva interdisciplinar estabelece
um propulsor de conhecimento valioso e inovador, que tem em seu
caráter o caminho para a transformação individual e coletiva, por meio do
fortalecimento de um ambiente escolar condizente com as trajetórias dos
estudantes e a equipe escolar.
Supervisão e Orientação Escolar 19

ACESSE:

Sobre a educação no século XXI, você sabe o que pode


mudar? A educação no século XXI deve despertar a
curiosidade. O sistema de ensino tradicional tem sido cada
vez mais questionado ao redor do mundo. A Finlândia
despontou como uma potência educacional ao romper
com padrões de ensino e trazer novas formas de ensinar
nas escolas, despertando a curiosidade das crianças ao
associar os temas trabalhados em aula às coisas do dia a
dia. Leia mais sobre o assunto. Acesse clicando aqui.

Essas interações garantem a matéria-prima para a mobilização


motivadora que irá conduzir os estudantes à permanência na escola e
sobretudo o estímulo ao desenvolvimento de múltiplas aprendizagens,
capazes de gerar grandes impactos no ambiente escolar. De modo que
compreender a ação de forma coletiva e participativa garante que o
resultado seja dotado de êxito.

Assim sendo, a psicopedagogia, assim como a educação do século


XXI, necessita e exige o aprimoramento na execução do trabalho integrador
que deve ser desenvolvido no ambiente escolar. A interdisciplinaridade
age na relação das diversas áreas do conhecimento, contemplando
conhecimentos específicos que irão resultar em práticas conjuntas que
promoverão um ensino contínuo e inter-relacionado propondo o ensinar
a partir das reflexões e relações que existem no mundo ao nosso redor.
A interdisciplinaridade, por sua vez, amplia a compreensão dos sujeitos
e a formação dos indivíduos frente aos desafios do mundo atual e sua
formação integral.
20 Supervisão e Orientação Escolar

O Orientador Escolar e o Psicopedagogo


na Escola
Após concebermos a definição e conceituação breve da área de
psicopedagogia e sua atuação no que tange aos desenvolvimentos da
aprendizagem, sobretudo a importância da atuação de forma integrada
e coletiva, iremos discutir como se relaciona o trabalho do orientador
escolar com o do psicopedagogo.

O orientador escolar tem o papel de transitar entre os estudantes,


o professor e a gestão escolar de forma fluída, contínua, estratégica,
planejada e participativa, a fim de desenvolver ações potencializadoras
no campo da aprendizagem.

Nesse sentido, surge cada vez mais a necessidade de aproximar a


atuação do orientador escolar ao escopo executado pelo psicopedagogo,
no sentido de ampliar as ações estratégicas e aproximar exponencialmente
o profissional da psicopedagogia e o estudante.
Figura 2 – Trabalho em parceria

Fonte: Freepik

Nesse trabalho alinhado, diversas questões relacionadas à


aprendizagem poderão ser solucionadas e administradas em tempo
hábil, contando com o olhar atento de diagnóstico do orientador e a ação
interventiva do psicopedagogo.
Supervisão e Orientação Escolar 21

Nessa perspectiva, algumas atitudes devem ser adotadas


frequentemente pelo profissional da psicopedagogia em parceria com o
orientador escolar, quais sejam:

•• Considerar as dimensões que o estudante apresenta no seu dia a


dia de forma serena e objetiva.

•• Evitar que o educando se sinta inferior, excluído ou menorizado.

•• Avaliar continuamente o educando, de modo que ele possa


perceber seus avanços e a qualidade de seu trabalho.

•• Motivar o estudante a enfrentar o problema de modo a buscar a


superação.

Nitidamente, é cada vez mais urgente o envolvimento de todos os


membros da comunidade escolar nos processos de desenvolvimento
da aprendizagem e na viabilização da criação espaços participativos e
integrativos.

VOCÊ SABIA?

Você saber quais são os cinco maiores desafios da


educação básica e as maneiras de solucioná-los? Apesar
dos inúmeros caminhos sugeridos para a educação básica
brasileira, o consenso que emerge entre educadores, pais
e estudantes é único: a educação no país está em crise.
Os números provam as falhas. Mais de 60% dos alunos
do quinto ano não conseguem interpretar textos simples,
tampouco fazer cálculos matemáticos básicos. São tantos
os motivos para a esse problema educacional, que começa
em casa com a falta de autoridade dos pais sobre os filhos
e a transferência de responsabilidade da educação informal
para a escola e a falta de recursos desta. Mas, como de
nada adianta viver lamentando de situações sem que algo
para melhorá-la seja feito, você pode conferir um post com
cinco ações que podem ajudar a solucionar os desafios
que hoje encontramos na educação básica de nosso país.
Confira! Acesse clicando aqui.
22 Supervisão e Orientação Escolar

Nesse campo, podemos perceber que é imprescindível que seja


criada uma sistemática de atuação que garanta a parceria e sobretudo
o trabalho integrado. Desse modo, as seguintes ações devem ser
organizadas na rotina do orientador escolar e do psicopedagogo:

•• O orientador escolar deverá enviar para o psicopedagogo o


resultado das ações diagnósticas realizadas pelos professores
com os resultados dos estudantes, a fim de agir diretamente com
os educandos que não obtiveram bom desempenho.

•• Deve haver atividades em parceria de formação com os professores


com temáticas relacionadas à aprendizagem e o desenvolvimento
de ferramentas e metodologias para o século XXI.

•• É preciso apresentar resultados e caminhos para o desenvolvimento


de aprendizagem na reunião de pais e responsáveis, com o intuito
de fortalecer a parceria entre família e escola.

•• Resultados, planos de ação e avaliações devem ser sistematizados,


para que todos esses pontos estejam registrados com a finalidade
de replicar e avaliar as ações desenvolvidas.

Essas são apenas algumas ações que poderão fortalecer o campo


de atuação em parceria entre os atores com o objetivo de encaminhar
dinâmicas de fortalecimento da aprendizagem no ambiente escolar.
Todavia, para que todos esses encaminhamentos fluam de modo
produtivo, são fundamentais o apoio e o incentivo da gestão escolar.
Supervisão e Orientação Escolar 23

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido como
se estabelece a relação entre o profissional da orientação
escolar e o psicopedagogo, considerando as dinâmicas
escolares, os contextos e objetivos a serem alcançados.
Você pôde ver uma breve definição da psicopedagogia,
que surgiu na Europa no século XIX, com o objetivo e
incômodo geral de compreender e explicar cientificamente
o que ocorria nas salas de aula, com os estudantes que
possuíam dificuldades de aprendizagem e, muitas vezes,
eram destinados ao estigma da culpa do fracasso escolar.
Após ter compreendido o papel do psicopedagogo no
ambiente escolar, você deve ter aprendido como relacionar
a ação do orientador escolar com a atividade do profissional
da psicopedagogia com o objetivo de estabelecer um
trabalho cooperativo de integração e participação dos
membros da comunidade de escolar a fim de promover um
ambiente de desenvolvimento da aprendizagem.
24 Supervisão e Orientação Escolar

Orientação Escolar no Contexto da


Educação Especial
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como se estabelece a relação entre o profissional da
orientação escolar no que tange ao contexto da educação
especial, considerando as dinâmicas escolares, os
contextos e objetivos a serem alcançados. Isso será
fundamental para o exercício de sua profissão e para
o desenvolvimento de ações que possuam amplitude,
impacto escolar e, sobretudo, inclusão de todos os atores.
E então? Motivado para desenvolver essa competência?
Então, vamos lá. Avante!

Breve Definição sobre Educação Especial


Para iniciarmos este capítulo, começaremos pela conceituação,
reflexão e debate sobre a educação especial, que é essencial para que
esse tema seja introjetado na dinâmica e na rotina de todo e qualquer
profissional da educação, posto que é nosso papel, enquanto educador,
elaborar ambientes inclusivos e longe de exclusões.

Esse campo de estudos e aplicação na educação possui um


documento oficial e norteador denominado Diretrizes da Política Nacional
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Esse
documento, elaborado por profissionais especializados na área, orienta
nacionalmente como deve ser regida e executada. É de fundamental
importância que todo estudante tenha acesso e conheça esse documento
norteador.
Supervisão e Orientação Escolar 25

Figura 3 – Escola como lugar de inclusão

Fonte: Freepik

Tal iniciativa surge da urgência de incluir e conceber, enquanto


realidade, a prática inclusiva no espaço da educação, tendo em vista que
é papel da escola enfrentar práticas discriminatórias e criar metodologias
eficazes no combate aos preconceitos vivenciados na sociedade. Uma das
tarefas do profissional de educação é assumir uma atitude de quebra de
paradigmas e mudança cultural na escola, para que todos os educandos
sejam atendidos e compreendidos em suas especificidades.
Figura 4 – Escola como ambiente de acolhimento

Fonte: Freepik
26 Supervisão e Orientação Escolar

Nesse caminho, podemos nos apropriar da Política Nacional de


Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que é construída
ao longo do tempo pelos movimentos sociais e ativistas dessa pauta.

De acordo com as Diretrizes da Política Nacional de Educação


Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, publicada em 2008:
a educação especial é uma modalidade de ensino que
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o
atendimento educacional especializado, disponibiliza os
serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta
os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas
turmas comuns do ensino regular. (BRASIL, 2008, p. 16)

Nesse sentido, o atendimento educacional especializado possui as


seguintes ações:

•• Identificar.

•• Elaborar.

•• Organizar Recursos pedagógicos e de acessibilidade.

Assim sendo, vale deixar nítido e com amplo conhecimento que,


de acordo com as Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva:
as atividades desenvolvidas no atendimento educacional
especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala
de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização.
Esse atendimento complementa e/ou suplementa
a formação dos alunos com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela. (BRASIL, 2008, p. 16)

Outra definição que cumpre fortalecer, presente nas Diretrizes


da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva, é que:

a educação inclusiva constitui um


paradigma educacional fundamentado
na concepção de direitos humanos, que
conjuga igualdade e diferença como
valores indissociáveis, e que avança em
Supervisão e Orientação Escolar 27

relação à idéia de eqüidade formal ao


contextualizar as circunstâncias históricas
da produção da exclusão dentro e fora da
escola. (BRASIL, 2008, p. 5)
É bem verdade que é uma tarefa desafiadora romper com
paradigmas históricos de uma educação que reproduzia atos
preconceituosos e excludentes na sociedade, mas é uma longa tarefa,
que deve ser assumida como papel primordial da escola.
Figura 5 – A escola deverá ser um ambiente de aprendizagem para todos

Fonte: Freepik

Assim sendo, o espaço educacional, em hipótese nenhuma, deverá


excluir ou agir de forma silenciadora e preconceituosa em seus processos.

ACESSE:

Educação inclusiva: saiba por que ela é tão importante


para o ensino. Este artigo irá apresentar a você, educando,
quais os desafios para o desenvolvimento de uma
educação inclusiva na prática, assim como a importância
de desenvolver uma escola inclusiva, não só pelo fato de
atender e receber pessoas com deficiência, mas elaborar
e criar ambientes de aprendizagem que sejam inclusivos
e participativos em todos os sentidos. Acesse o artigo
clicando aqui.
28 Supervisão e Orientação Escolar

É importante considerar que a educação especial foi elaborada no


Brasil como forma de atendimento educacional especializado, que, assim
sendo desenvolvido, tinha a perspectiva de substituir o ensino comum.
Contudo, essa estrutura está associada ao conceito de normalidade/
anormalidade, o que fortalece mais uma vez processos excludentes.

Nesse sentido, consideramos o seguinte aspecto citado:


Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos


e organização específicos, para atender às suas
necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não


puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para os
superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível


médio ou superior, para atendimento especializado, bem
como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva


integração na vida em sociedade, inclusive condições
adequadas para os que não revelarem capacidade de
inserção no trabalho competitivo, mediante articulação
com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,
intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais


suplementares disponíveis para o respectivo nível do
ensino regular. (BRASIL, 1996, online)

Nesse contexto legal, também poderemos acionar outros


documentos que asseguram a educação especial, são eles:

•• Estatuto da Criança e do Adolescente.

•• Constituição Federal de 1988.

•• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.


Supervisão e Orientação Escolar 29

•• Política Nacional para a integração da Pessoa Portadora de


Deficiência.

•• Resolução do Conselho Nacional de Educação.

•• Convenção de Guatemala, 1999.

•• Lei nº 10.436/2002, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais.

•• Portaria nº 2.678/2002, que aprova o Sistema Braile.

•• Documento do MPF publicado em 2004: “O acesso de alunos com


Deficiência às escolas e classes comuns da Rede Regular”.

•• Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,


aprovada pela ONU em 2006.

Esses documentos deverão ser socializados e conhecidos


amplamente no ambiente da escola, para que todas as ações estejam
legitimadas de forma legal, considerando a justificativa para a construção
de uma escola acolhedora e que desenvolve o processo contínuo de
inclusão.
Figura 6 – Criar ambientes de aprendizagem inclusivos é muito importante

Fonte: Freepik
30 Supervisão e Orientação Escolar

Por sua vez, esse conteúdo assume uma dimensão primordial


no campo educacional e deverá nortear todas as ações escolares, na
perspectiva de construir uma educação inclusiva.
Figura 7 – Desenvolvimento de habilidades na educação inclusiva

Fonte: Freepik

Assim sendo, é necessário que as seguintes ações sejam


desenvolvidas:

•• O gestor deverá promover e apoiar ações formativas sobre a


temática da educação especial com os professores, orientadores,
coordenadores e psicopedagogos no ambiente escolar.

•• Planejamentos e ações pedagógicas que se apliquem à educação


inclusiva.

•• Criação de um ambiente escolar inclusivo.


Supervisão e Orientação Escolar 31

•• Realização, junto com a comunidade escolar, de debates amplos


e participativos para difundir a educação inclusiva.

•• Metodologias inclusivas que estimulem a participação de todos,


compreendendo suas especificidades.

Essas ações agem em consonância com a Política Nacional de


Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva:
a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão
escolar de alunos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação,
orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso
ao ensino regular, com participação, aprendizagem
e continuidade nos níveis mais elevados do ensino;
transversalidade da modalidade de educação especial
desde a educação infantil até a educação superior; oferta
do atendimento educacional especializado; formação de
professores para o atendimento educacional especializado
e demais profissionais da educação para a inclusão;
participação da família e da comunidade; acessibilidade
arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas
comunicações e informação; e articulação intersetorial na
implementação das políticas públicas. (BRASIL, 2008, p. 7)

Essa concepção, garantida pela Política Nacional de Educação


Especial, age justamente na contramão da perspectiva de que educação
especial age de forma separada da educação comum. Entretanto, essa
perspectiva, por muito tempo, exerceu grande impacto na construção
da educação especial no Brasil, sendo uma abordagem segregadora e
desalinhada dos processos educacionais.
32 Supervisão e Orientação Escolar

Figura 8 – A escola enquanto ambiente que acolhe

Fonte: Freepik

Desse modo, a escola deverá cumprir um papel inclusivo e acolhedor,


que compreenda e perceba todas as dimensões dos educandos, podendo
estabelecer um ambiente de aprendizagem contínua e participativa, por
meio das trajetórias e vivências de cada estudante que se encontra no
espaço escolar.

O Orientador Escolar e a Educação


Especial
Após compreendermos as dimensões sobre a educação especial
no Brasil, bem como sua base legal, como ela se elabora e se constitui
no campo educacional deste país, podemos entender sua importância e
impacto no meio educacional, sobretudo no processo de formação de
cidadãos plenos dos seus direitos e que se sintam incluídos nos processos
participativos e coletivos.
Supervisão e Orientação Escolar 33

Figura 9: A escola deve acolher todas as especificidades e criar ambientes saudáveis

Fonte: Freepik

Nesse sentido, o orientador escolar cumpre uma função de


extrema importância nesse processo, tendo em vista que seu papel
é a aproximação aos estudantes, compreendendo sua integralidade,
dinamicidade, habilidades e competências. Assim, o orientador tem como
objetivo conhecer toda a comunidade escolar, bem como monitorar,
acompanhar e verificar os desenvolvimentos de aprendizagem e como o
estudante se encontra integralizado no ambiente escolar. No que tange
à definição das Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva:
a educação especial é uma modalidade de ensino que
perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza
o atendimento educacional especializado, disponibiliza
os serviços e recursos próprios desse atendimento
e orienta os alunos e seus professores quanto a sua
utilização nas turmas comuns do ensino regular. O
atendimento educacional especializado identifica, elabora
e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade
que eliminem as barreiras para a plena participação dos
alunos, considerando as suas necessidades específicas.
34 Supervisão e Orientação Escolar

As atividades desenvolvidas no atendimento educacional


especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala
de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização.
Esse atendimento complementa e/ou suplementa
a formação dos alunos com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela. (BRASIL, 2008, p. 16)

Desse modo, podemos compreender que o acompanhamento


desses estudantes é primordial para o seu desenvolvimento, não só
acadêmico, mas em toda sua integralidade, sobretudo acompanhando
todas as etapas de ensino como está garantido nas diretrizes.

VOCÊ SABIA?

Leia o artigo Os desafios da Educação inclusiva: foco nas


redes de apoio, que fundamenta o trabalho de execução
da educação inclusiva realizado em parceria com diversas
instituições, de modo que não condiciona a ação da escola
de forma isolada, mas conecta com diversos parceiros que
irão contribuir com a consolidação da educação inclusiva
no espaço da escola. Acesse clicando aqui.

Por sua vez, o orientador escolar, após conhecer todos os


estudantes, deverá cada vez mais estimular, motivar e desenvolver ações
que cumpram com as diretrizes da educação especial na escola. Seja por
meio de formação dos professores, realização de eventos, participação
nos planejamentos, garantindo que essa concepção seja incluída no dia
a dia.
Supervisão e Orientação Escolar 35

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido como
se estabelece a relação entre o profissional da orientação
escolar no que tange ao contexto da educação especial,
considerando as dinâmicas escolares, os contextos e
objetivos a serem alcançados. Isso será fundamental para
o exercício de sua profissão e para o desenvolvimento
de ações que possuam amplitude, impacto escolar e,
sobretudo, a inclusão de todos os atores. Você pôde
conferir como a educação especial se conecta no dia a dia
do orientador escolar, tendo em vista que este se conecta
diretamente com o estudante e cumpre o importante
papel de desenvolver uma escuta ativa dos educandos
e contribuir diretamente para que todos se sintam
incluídos, respeitados e acolhidos no ambiente da escola.
Compreendeu também que o acompanhamento desses
estudantes é primordial para o seu desenvolvimento, não
só acadêmico, mas em toda sua integralidade, sobretudo
acompanhando todas as etapas de ensino como está
garantido nas diretrizes.
36 Supervisão e Orientação Escolar

Projetos de Intervenção e Orientação


Escolar na Infância
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como se conceitua o projeto de intervenção e de que
modo ele pode contribuir diretamente para a elaboração
de uma educação inclusiva, participativa e democrática.
Nesse sentido, é preciso considerar as dinâmicas
escolares, os contextos e objetivos a serem alcançados.
Isso será fundamental para o exercício de sua profissão e
para o desenvolvimento de ações que possuam amplitude,
impacto escolar e, sobretudo, a inclusão de todos os atores.
Para isso, iremos discutir a relação da orientação escolar
com os projetos de intervenção na infância. E então?
Motivado para desenvolver essa competência? Então,
vamos lá. Avante!.

Definição de Projetos de Intervenção


Este capítulo se inicia com o desafio de refletir e elaborar
coletivamente o conceito sobre projetos de intervenção e como eles se
associam diretamente à prática educativa. É importante considerar como
se desenvolve essa ação de acordo com as etapas de ensino e as faixas
etárias.
Figura 10 – Participação e ludicidade nos projetos de intervenção

Fonte: Freepik
Supervisão e Orientação Escolar 37

Podemos associar diretamente o projeto de intervenção pedagógica


aos seguintes atos:

•• Intervir no campo da escola.

•• Realizar a ação.

•• Aplicar metodologia.

Essas ações, por sua vez, são uma tarefa desafiadora, tendo em vista
que toda e qualquer ação desenvolvida na escola requer planejamento,
monitoramento e avaliação, a fim de se garantir efetividade prática.
Figura 11 – Planejamento do projeto de intervenção pedagógica deve ser coletivo e
participativo

Fonte: Freepik

Assim sendo, podemos definir e conceituar o projeto de intervenção


como o momento de elaboração que tem por finalidade intervir na
realidade posta, ou seja, a partir:

•• Da vivência na escola.

•• As dinâmicas estabelecidas nos processos educativos.

•• A trajetória dos estudantes.

•• A expertise dos professores.

•• O projeto político-pedagógico.

•• Dos objetivos planejados pela escola.


38 Supervisão e Orientação Escolar

Com a junção de todos esses elementos, é possível pensar


estratégias pedagógicas de intervenção que estabeleçam conexão direta
com a dinâmica e a vida cotidiana dos estudantes. Vale ter em mente que
o projeto de intervenção não substitui as aulas, ou seja, essa não é uma
ação substitutiva, e sim somativa.

O projeto de intervenção age na perspectiva de apoiar, fortalecer e


potencializar o que já tem de positivo na escola, com o objetivo de agir em
direção às defasagens escolares.

IMPORTANTE:

Quando o orientador escolar percebe, por meio do


diagnóstico, altos índices de defasagem em língua
portuguesa, ele deverá agir na perspectiva de mobilização
e articulação com os docentes e a gestão escolar para a
elaboração de um projeto de intervenção pedagógica que
paute ações relacionadas à recuperação de aprendizagens,
especificamente língua portuguesa na infância. Assim
sendo, é necessário incluir, na elaboração e execução do
projeto, ações que possuam o cunho lúdico, dinâmico
e atrativo para apoiar as aulas de língua portuguesa, ou
seja, intervir em meio a um diagnóstico, agindo de forma
propositiva de acordo com a trajetória e cultura da escola.

Para entendermos melhor como se estrutura o projeto de


intervenção, podemos conceber como se encontra organizado. Dessa
forma, será mais prático para a coleta de informações, análises e escrita.

Assim sendo, o projeto de intervenção deverá se iniciar com uma


introdução que discorra como surge esse projeto e a partir de qual ideia.
Desse modo, é importante considerar a criação da concepção e de como
se chegou ao processo de escrita.

Nesse campo, também deverá ser apresentada a escola onde será


desenvolvido o projeto, falar sobre o nome, localização, corpo docente e
discente. Por conseguinte, inserir brevemente o tema que será detalhado
nas próximas páginas.
Supervisão e Orientação Escolar 39

Em seguida, iremos descrever sobre o problema, o que foi


percebido no ambiente escolar que exige solução, ou seja, o que necessita
intervenção, sobre o que iremos intervir, agir e desenvolver ações. Esse
campo deverá ser elaborado de forma clara e concisa com elementos
que caracterizem a realidade da dinâmica escolar de modo que deixe o
leitor e todos que tiverem acesso cientes do contexto.

Na sequência, deverá ser escrito sobre a justificativa. Por que esse


projeto de intervenção é importante? Por que deverá ser realizado? Qual
seu impacto diante da realidade? Esse campo é imprescindível para que
todos percebam a relevância do projeto de intervenção.

Seguimos na elaboração do projeto e é chegada a hora de escrever


sobre o objetivo. Esse é um tópico fundamental e deverá condensar de
forma clara e concisa o que se quer alcançar com o projeto de intervenção.
Desse modo, esse ponto tratará da ação que será realizada para a solução
do problema detectado.
Figura 12 – Não perder de vista o objetivo, o alvo

Fonte: Freepik
40 Supervisão e Orientação Escolar

Ainda no campo dos objetivos, temos a elaboração dos objetivos


específicos que estão diretamente relacionados com o objetivo geral
e têm por missão colaborar no alcance do objetivo geral. Esse campo
deve ser construído a partir de diversas ações que, se realizadas em sua
integralidade, irão garantir o alcance do objetivo. Esse tópico é bastante
importante para descrever como alcançar o que queremos. Desse modo,
deverá ser escrito de forma detalhada, clara e com eficiência nos levando
a compreender o que deverá ser realizado.

Na parte da revisão de literatura, poderemos nos debruçar sobre


o debate teórico existente em torno da temática proposta pelo projeto
de intervenção, ou seja, faz-se necessária uma pesquisa científica que
fundamente tais ações e atividades, embasadas em pesquisas para
fundamentar as ações a serem praticadas.

Em seguida, deverá ser escrita a metodologia, uma parte de grande


impacto na ação, pois é nesse tópico que se descreve o conjunto de
abordagens e tipos de técnicas que irão ser utilizadas para a realização
do projeto de intervenção. Desse modo, podemos perceber rodas de
conversa, debates coletivos, grupos focais e trabalhos em grupo como
exemplos metodológicos que poderão ser utilizados durante a execução
do projeto de intervenção.

Outro tópico que deve ser escrito, em seguida, é o cronograma.


Esse campo deve ser organizado, de preferência, em quadro detalhado,
com datas, meses, atividades e ações a serem programadas e realizadas
nos períodos previstos.
Supervisão e Orientação Escolar 41

Figura 13 – Coletar e sistematizar ideias

Fonte: Freepik

O processo de elaboração do projeto de intervenção deve ser


conduzido de forma coletiva e participativa, em que as pessoas possam
ser ouvidas e tenham a oportunidade de colaborar diretamente com essa
ação.

Para isso, levantam-se quais os recursos necessários para a


realização desse projeto de intervenção, ou seja, o que será utilizado, o
que será preciso para o desenvolvimento da ação, por exemplo, cartolinas,
canetas, papéis, lápis de cor etc.

O Papel do Orientador Escolar nos


Projetos de Intervenção para a Infância
O papel do orientador escolar estabelece a tarefa de acompanhar
e construir junto com a equipe escolar e os estudantes o estímulo para
o desenvolvimento da aprendizagem, bem como o levantamento das
defasagens e dificuldades de aprendizagem dos estudantes. Por sua
vez, requer plena organização didática e sistemática dos dados dos
42 Supervisão e Orientação Escolar

estudantes, acompanhando a rotina e estimulando o desenvolvimento da


aprendizagem.

O desenvolvimento da aprendizagem ocorre de diversas formas


e por meio de inúmeras metodologias que estão sendo desenvolvidas
nos espaços de troca de conhecimentos. Todas essas ações devem ser
previamente planejadas, acompanhadas, monitoradas e avaliadas. Esse
acompanhamento não se restringe apenas ao feedback do professor, mas
também do educando.

SAIBA MAIS:

Para nos aprofundarmos sobre isso e aumentarmos nossa


reflexão e concepção sobre a atuação, leia um artigo
que explora diversas dimensões de como é a rotina do
orientador escolar e como é importante pensar as ações
para conduzir o desenvolvimento de ensino-aprendizagem
dos educandos. Acesse clicando aqui.

Para que possamos compreender a atuação do orientador


escolar nos projetos de intervenção para a infância é preciso entender
conceitualmente como são definidas a infância e as concepções que
abrangem essa etapa de ensino. Assim como tantos outros conceitos
teóricos, o conceito de infância também sofreu inúmeras mudanças ao
longo do tempo, o que revelou um avanço nas visões e reflexões em
torno dessa temática.

Dessa forma, entendendo que há alguns anos a criança já foi


percebida como um miniadulto, embora essa visão tenha mudado e tenha
sido alterada, até hoje vivenciamos situações relacionadas ao trabalho
infantil.

Se abrirmos o Dicionário Aurélio (2022, online), o termo “criança” é


definido como: ser humano de pouca idade. Enquanto no mesmo dicionário
que estamos acessando “infância” está conceituada como um período de
crescimento, no ser humano, que vai do nascimento até a puberdade.
Quando observamos sua origem etimológica, o termo “infância” em latim
é in-fans, que significa sem linguagem.
Supervisão e Orientação Escolar 43

De acordo com Delgado (2005),


no Brasil temos um longo caminho a percorrer, no que se
refere às pesquisas sobre as crianças, suas experiências
e culturas. O campo da sociologia da infância tem nos
ensinado que as crianças são atores sociais porque
interagem com as pessoas, com as instituições, reagem
frente aos adultos e desenvolvem estratégias de luta
para participar no mundo social. Mesmo assim, ainda
necessitamos construir referenciais de análise que nos
permitam conhecer estes atores sociais que nos colocam
inúmeros desafios, seja na vida privada ou na vida pública.
(DELGADO, 2005, n.p.)

Na concepção da autora, as crianças se apresentam como atores


sociais, sendo plenamente capazes de interagir com as pessoas. Nesse
campo, podemos relacionar a interação no espaço escolar e como ela vai
se constituindo enquanto participação na sociedade.

SAIBA MAIS:

Conheça culturas que são embasadas no que as crianças


inventam, criam e promovem sozinhas, com os adultos
e com outras crianças. Todos esses momentos possuem
aspectos distintos para atenuar o olhar para a infância e
conceber as dimensões significativas dessa faixa etária,
além do fortalecimento que a brincadeira deve possuir no
espaço da criança. Acesse clicando aqui.

Do ponto de vista da base legal, a dimensão de infância aparece


no século XX. No que se refere à criação de documentos relacionados à
infância, podemos citar:

•• Fundo das Nações Unidas (UNICEF), criado em 1950 com a


finalidade de promover o bem-estar da criança e do adolescente
em suas necessidades básicas).

•• Declaração dos Direitos da Criança, criada em 1959 pela ONU.

•• Constituição Federal de 1988, que assegura, em seu art. 227, à


criança e ao adolescente o estado de sujeitos de direitos.
44 Supervisão e Orientação Escolar

•• Estatuto da Criança e do Adolescente (instituído pela Lei nº


8.069/1990), que “reassegura” os direitos da criança e do
adolescente e, consequentemente, a infância como período que
tem seus direitos devidamente reservados.

Esses documentos legais asseguram os direitos relacionados à vida


da criança e como ela deve estar assegurada no mundo, assim como o
acesso a direitos e garantia de que sua infância não seja violada. Tendo
em vista que crianças ainda vivem em situação de vulnerabilidade, elas
precisam ser protegidas.

SAIBA MAIS:

Para entendermos melhor a situação de violação de direitos


das crianças no Brasil, podemos perceber diretamente a
dimensão do trabalho infantil, que tem aumentado. Nesse
contexto, a criança perde espaço, tempo e qualidade de
vida destinados à infância e passa a sofrer com situações
de trabalho muitas vezes precárias. A OIT e o UNICEF
alertam que, além dessas crianças e adolescentes, mais 8,9
milhões correm o risco de ingressar no trabalho infantil no
mundo até o final de 2022, como resultado da pandemia de
Covid-19. Atualmente, tratamos de um número assustador
de 160 milhões em todo o mundo, que têm os seus direitos
negados e estão em situação de trabalho infantil. Para
aprofundar mais sobre essa temática, leia o artigo Trabalho
infantil aumenta pela primeira vez em duas décadas e
atinge um total de 160 milhões de crianças e adolescentes
no mundo. Acesse clicando aqui.

Após entendermos brevemente sobre a concepção de infância


e como ela vai se situando na sociedade, é preciso acessarmos o que
se diz respeito à educação infantil e como por meio dela podem ser
desenvolvidos os projetos de intervenção na infância.

A educação infantil se configura como a primeira etapa da


educação básica, compreendendo o público de 0 a 5 anos. Desse modo,
esse espaço educacional compreende o desenvolvimento dos aspectos
elencados a seguir.
Supervisão e Orientação Escolar 45

Figura 14 – Aspectos do desenvolvimento infantil no espaço educacional

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Nesse sentido, o desenvolvimento de uma educação lúdica,


dinâmica e interativa garante a plena integração da criança nesse
espaço, que será estimulada para o desenvolvimento de diversos tipos
de aprendizagem. Também será possível avaliar os níveis de impacto da
aplicação e como se deve agir em torno dos estudantes que apresentam
pouco ou nenhum desempenho.

O papel do orientador escolar cumpre uma importante missão de,


a partir do acompanhamento dos estudantes, perceber que projetos de
intervenção podem ser elaborados e aplicados em consonância com a
gestão e professores no ambiente escolar.

Para que os projetos de intervenção sejam fomentados, é


necessário compreender o diagnóstico das turmas e pensar como devem
impactar em prol do desenvolvimento da aprendizagem. Assim sendo, os
projetos de intervenção cumprirão o importante papel de colaborar com
o crescimento e avanço educacional das crianças.
46 Supervisão e Orientação Escolar

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
como se conceitua o projeto de intervenção e de que
modo ele pode contribuir diretamente para a elaboração
de uma educação inclusiva, participativa e democrática.
Nesse sentido, é importante percebermos como devemos
considerar as dinâmicas escolares, os contextos e objetivos
a serem alcançados. Isso será fundamental para o exercício
de sua profissão e para o desenvolvimento de ações que
possuam amplitude, impacto escolar e sobretudo a inclusão
de todos os atores. Para isso, é preciso discutir a relação
da orientação escolar com os projetos de intervenção
na infância. Para que os projetos de intervenção sejam
fomentados, é necessário compreender o diagnóstico
das turmas e pensar como se deve impactar em prol do
desenvolvimento da aprendizagem. Assim sendo, os
projetos de intervenção cumprirão o importante papel de
colaborar com o crescimento e avanço educacional das
crianças.
Supervisão e Orientação Escolar 47

Projetos de Intervenção e Orientação


Escolar na Adolescência
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como se estabelece a relação entre o profissional da
orientação escolar no que tange ao contexto da educação
direcionada aos adolescentes, considerando as dinâmicas
escolares, os contextos e objetivos a serem alcançados.
Você também irá compreender como o orientador escolar
pode contribuir diretamente para a elaboração de projetos
de intervenção eficazes. Isso será fundamental para o
exercício de sua profissão e para o desenvolvimento
de ações que possuam amplitude, impacto escolar e
sobretudo a inclusão de todos os atores. E então? Motivado
para desenvolver essa competência? Então, vamos lá.
Avante!.

Projetos de Intervenção na Adolescência


A adolescência é uma fase de inúmeras mudanças em vários
sentidos na vida dos indivíduos, tendo em vista que é o momento de
descobertas. A saída da infância para a adolescência envolve uma série
de dinâmicas e movimentações, sejam elas coletivas ou individuais no
próprio corpo e na mente.
48 Supervisão e Orientação Escolar

Figura 15 – Adolescência fase de mudanças

Fonte: Freepik

Nesse sentido, tratamos aqui justamente da fase de transição que


vai ocorrendo com todo ser humano entre a infância e a vida adulta. Com
essa vivência, surgem os inúmeros desafios a serem administrados de
forma individual e com os subsídios adquiridos na vida escolar.

De acordo com a OMS, adolescência é a fase da vida que tem início


aos 10 anos e finaliza aos 19 anos completos. A adolescência é percebida
por meio de três fase que são primordiais para compreendermos a
complexidade e a necessidade de atenção no campo educacional:

•• Pré-adolescência: dos 10 aos 14 anos.

•• Adolescência: dos 15 aos 19 anos completos.

•• Juventude: dos 15 aos 24 anos.

Cada uma dessas fases compreende anseios e comportamentos


diferentes que vão sendo desenvolvidos a cada ano. Por isso, é importante
que a escola não desconsidere essas especificidades e, de fato, crie
mecanismos para possibilitar e engajar os adolescentes de forma
produtiva e eficaz.

Do ponto de vista do aspecto legal, o Estatuto da Criança e do


Adolescente (ECA) conceitua a adolescência como a faixa etária dos 12
Supervisão e Orientação Escolar 49

até os 18 anos de idade completos, sendo referência legal, desde 1990,


para criação de leis, garantia de proteção e programas que assegurem os
direitos das crianças e adolescentes no Brasil.
Figura 16 – A vida adolescente

Fonte: Freepik

O ensino fundamental II e o ensino médio são as etapas de ensino


que atendem os adolescentes em idade regular na escola. Nesse sentido,
os professores desses anos devem estar preparados para trabalhar
diretamente com a adolescência. De acordo com a BNCC, acerca do
ensino fundamental anos finais:
ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais,
os estudantes se deparam com desafios de maior
complexidade, sobretudo devido à necessidade de se
apropriarem das diferentes lógicas de organização dos
conhecimentos relacionados às áreas. Tendo em vista
essa maior especialização, é importante, nos vários
componentes curriculares, retomar e ressignificar as
aprendizagens do Ensino Fundamental – Anos Iniciais no
contexto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento
e à ampliação de repertórios dos estudantes. Nesse
sentido, também é importante fortalecer a autonomia
desses adolescentes, oferecendo-lhes condições e
50 Supervisão e Orientação Escolar

ferramentas para acessar e interagir criticamente com


diferentes conhecimentos e fontes de informação. (BNCC,
2018, p. 60)

Assim sendo, é imprescindível um perfil que possua as características


a seguir com a finalidade de promover um ambiente didático e acessível.
Figura 17 – Perfil do professor para atuação com adolescentes

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Como podemos perceber, essas atitudes irão produzir um ambiente


adequado e que estimule o desenvolvimento e a aprendizagem dos
estudantes. Atitudes preconceituosas ou que tenham cunho excludente
poderão causar danos à vida dos adolescentes. Por isso, é sempre
importante estimular ambientes saudáveis de troca de conhecimentos.
Supervisão e Orientação Escolar 51

Nesse contexto, devemos observar o cenário em que essa educação


se desenvolve, considerando os aspectos relacionados a:

•• Economia.

•• Cultura.

•• Religião.

•• Relações Sociais.

Esses aspectos subsidiaram o desenvolvimento de ações estratégias


e que estimulassem o sentimento de pertencimento na comunidade
escolar. Para que o adolescente/jovem se sinta pertencente ao ambiente,
é necessário criar conexões diretas com as suas trajetórias, vivências,
experiências de mundo, como se movem e se identificam no mundo.

Podemos considerar que a pandemia de Covid-19 gerou inúmeros


desafios educacionais, assim como influenciou diretamente o modo
como os adolescentes e jovens realizaram seu processo formativo nestes
últimos dois anos, a partir da ruptura de contato e a transformação do
contato restrito à internet.

Inúmeras dimensões foram instauradas nesse período, que devem


ser levadas em consideração, a exemplo de adolescentes que perderam
entes queridos na pandemia e como agora se reconstituem para o
ambiente escolar.

ACESSE:

Confira um artigo por meio do qual podemos ter um


aprofundamento da discussão em torno do impacto da
pandemia da Covid-19 na vida de crianças e adolescentes,
refletindo sobre o largo impacto negativo de não
frequentarem a escola presencialmente, vivenciarem o
ambiente escolar, a dimensão de socialização com outros
colegas e o aprendizado não só conteudista, mas dos
diversos espaços de compartilhamento de experiências
e vivências. Perceba os diversos impactos e a urgente
necessidade de estabelecer uma educação que se paute
na compreensão deste momento histórico. Acesse clicando
aqui.
52 Supervisão e Orientação Escolar

Os profissionais da educação devem ter plena dimensão desse


enorme desafio que vive a educação atualmente, principalmente com os
retornos híbrido e presencial depois do período de isolamento.
Figura 18 – Escola em tempos de pandemia

Fonte: Freepik

Outro ponto fundamental é sempre criar alternativas que estimulem


a produção de autonomia no que tange à transição desses adolescentes
do ensino fundamental para o ensino médio, tendo em vista as finalidades
do ensino médio estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
no art. 35 (Brasil, 1996, online):
I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos
adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos;

II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do


educando, para continuar aprendendo, de modo a ser
capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III – o aprimoramento do educando como pessoa humana,


incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico; I

V – a compreensão dos fundamentos científico-


-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a
Supervisão e Orientação Escolar 53

teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. (BRASIL,


1996, online)

Essas finalidades que estão colocadas na Lei de Diretrizes e


Bases garantem o direcionamento consolidado e claro no que tange ao
desenvolvimento das aulas e dos projetos de intervenção.

É preciso sempre ter em mente que a escola não deve ser uma
mera transmissora de conteúdos, mas, sim, que deverá estabelecer
cotidianamente um conhecimento emancipatório estimulando:

•• Cidadania.

•• Direitos humanos.

•• Equidade.

•• Participação.

•• Democracia.

•• Pensamento crítico.

SAIBA MAIS:

O desenvolvimento de um ambiente educativo para


cidadania é uma das prioridades na escola, pois é na
escola que os adolescentes irão aprender a conviver em
suas comunidades e, consequentemente, no mundo. É
fundamental agir com respeito e conhecendo os espaços
de participação social, cultural e política. Todos esses
pontos estão garantidos na Base Nacional Curricular
Comum (BNCC). Essas características estão previstas na
Competência Geral 10, Responsabilidade e Cidadania, que
destaca a importância de construir nos alunos a consciência
de que eles podem ser atores sociais na construção de uma
sociedade mais democrática, justa, solidária e sustentável.
Desse modo, na BNCC, a educação empreendedora tem
como objetivo explorar com os estudantes a capacidade de
se comunicar e agir de forma ética em prol do bem comum.
Aprofunde seu conhecimento. Acesse clicando aqui.

Assim sendo, é importante cada vez mais estarmos preparados


para lidar com as dinâmicas da adolescência. Outro ponto de destaque
54 Supervisão e Orientação Escolar

é o acesso à tecnologia e como ele vai se configurando na vida dos


adolescentes. Esse ponto está sendo cada vez mais inserido no
ambiente escolar, seja por meio das relações sociais no ambiente das
redes sociais, seja por meio da produção de conhecimentos e acesso
ao desenvolvimento educacional. Assim surge o questionamento sobre
como fazer da internet um lugar seguro e saudável para a adolescentes.

SAIBA MAIS:

Para entendermos melhor o aspecto da tecnologia,


devemos perceber que, ao longo dos anos, cada vez mais
crianças e adolescentes se encontram conectados nesse
espaço multifacetado, que tem feito parte diretamente
da nossa sociedade e do mundo que estamos inseridos.
A internet garantiu que a escola não paralisasse suas
atividades e mantivesse, mesmo que remota, a conexão
com o desenvolvimento da aprendizagem em tempos de
pandemia de Covid-19. Pontos como esse e outros podem
ser observados no artigo que foi escrito por especialistas
que expressam o olhar sobre a adolescência e a tecnologia.
Acesse clicando aqui.

Esses pontos corroboram a importância dos projetos de intervenção


para potencializar o debate de temas que estão em consonância com o
cotidiano escolar e sobretudo têm o papel de apoiar os educandos que se
encontram desafiados frente às realidades postas, sejam pela escola ou
pelo contexto global. O orientador escolar deve estar sempre conectado
com as dimensões humanas, sociais e culturais que estão em volta dos
estudantes. Desse modo, poderá contribuir cada vez mais de forma efetiva.

O Papel do Orientador Escolar


nos Projetos de Intervenção para a
Adolescência
O orientador escolar tem o papel primordial de acompanhar os
adolescentes da escola em suas rotinas escolares, tendo em vista que
esse contato subsidiará planejamentos importantes para o cotidiano
escolar.
Supervisão e Orientação Escolar 55

Para isso, é preciso conhecer dois pontos a respeito dos


adolescentes:

•• Potencialidades.

•• Fragilidades.

Saber o que temos em potencial norteará as ações em busca de


valorizar as habilidades e competências dos educandos, tornando-os
reconhecidos e valorizados no ambiente escolar.

Quanto às fragilidades, darão o alvo do caminho a ser percorrido.


Os projetos de intervenção precisam de ambos os aspectos para que
possam ser desenvolvidos de forma estratégica.

Para isso, o orientador escolar deve ter em mãos o diagnóstico


realizado pelos professores, para que possa perceber onde agir e, em um
momento coletivo, seja discutido como agir.
Figura 19 – Adolescente e a tecnologia

Fonte: Freepik

Os projetos de intervenção devem priorizar abordagens dinâmicas,


integrativas e que estejam relacionadas com a identidade dos adolescentes,
para que eles se sintam parte do processo e, consequentemente atraídos,
para a aprendizagem.
56 Supervisão e Orientação Escolar

Alguns temas essenciais devem ser tratados com os adolescentes


de forma transversal e nos projetos de intervenção. Eles estão elencados
na figura a seguir.
Figura 20 – Temas para os adolescentes

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Esses temas chamam a atenção dos adolescentes e fazem parte


de suas vidas e as suas experiências, de modo que estarão conectando
o conhecimento adquirido na escola a suas experiências de vida. Assim,
esses também são pontos fundamentais que o orientador escolar deve ter
em mente no processo de planejamento, orientação, acompanhamento e
monitoramento das ações escolares.
Supervisão e Orientação Escolar 57

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
como se estabelece a relação entre o profissional da
orientação escolar no que tange ao contexto da educação
direcionada aos adolescentes, considerando as dinâmicas
escolares, os contextos e objetivos a serem alcançados.
Além disso, viu como o orientador escolar poderá contribuir
diretamente para elaboração de projetos de intervenção
eficazes. Isso será fundamental para o exercício de sua
profissão e para o desenvolvimento de ações que possuam
amplitude, impacto escolar e sobretudo a inclusão de
todos os atores. Também discutimos sobre os projetos de
intervenção que devem priorizar abordagens dinâmicas,
integrativas e relacionadas com a identidade dos
adolescentes, para que eles se sintam parte do processo e
atraídos para a aprendizagem. Assim, haverá um interesse
mútuo nos espaços de troca de conhecimento.
58 Supervisão e Orientação Escolar

REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular,
2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/
BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf Acesso em: 04 maio 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro


de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário
Oficial da União. Brasília, DF: Presidência da República, [1996]. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 01
maio 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação


Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf. Acesso
em: 01 maio 2022.

DELGADO, A. C. C. Em busca de metodologias investigativas com


as crianças e suas culturas. Cad. Pesq. 35 (125), maio, 2005. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cp/a/x7QkpNjrW8CLhJCDSRymKnC/?lang=pt#.
Acesso em: 04 maio 2022.

SOLÉ, I. Orientação Educacional e Intervenção Pedagógica. Porto


Alegre: ArtMed, 2001.

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