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Projeto

Arquitetônico
Escolar
Unidade I
Introdução à Arquitetura Escolar
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
GLAUCO ANTONIO DIAS FILHO
POLLYANNA THAIS TAVARES BATISTA NUNES
AUTORIA
Glauco Antonio Dias Filho
Olá. Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN), sou engenheiro de cálculo estrutural e de
instalações prediais. Já executei obras de pequeno e grande porte como
residenciais multifamiliares verticais e horizontais e também já projetei os
complementares de alguns. Gosto de transmitir minha experiência de vida
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!

Pollyanna Thais Tavares Batista Nunes


Olá. Sou formada em Engenharia Civil pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), especialista em Segurança do Trabalho
e mestre em Ciência e Engenharia dos materiais pela UFRN. Tenho
experiência com obras de pequeno e grande porte como a Ponte Newton
Navarro. Gosto de transmitir minha experiência de vida àqueles que
estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada pela Editora
Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito
feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte
comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Estilos de ensino nas escolas......................................................................10
Estilos de ensino nas escolas brasileiras ......................................................................10

Projeto pedagógico e arquitetura escolar.................................................. 15

Sintetização das teorias pedagógicas.............................................................................. 16

Componentes e qualidades do ambiente escolar.................................................. 17

Recursos humanos...................................................................................................... 17

Aspectos organizacionais....................................................................................... 17

Diretrizes projetuais - arquitetura.............................................................20


O que são as diretrizes projetuais....................................................................................... 20

Diretriz de projeto............................................................................................................................ 22

Processo de projeto escolar tradicional..........................................................................25

Processo de projeto escolar de referência...................................................................27

Relacionando arquitetura com pedagogia....................................................................29

Apresentação da área de intervenção....................................................33


O projeto padrão...............................................................................................................................33

Área de intervenção...................................................................................................................... 36

Conceitos de parâmetros urbanísticos e conceitos de legislação....42


Parcelamento do solo...................................................................................................................42

Uso do solo...........................................................................................................................................43

Conceitos de legislação..............................................................................................................44

Contextualização histórica.....................................................................................44

Legislação para construção de escolas......................................................47


Projeto Arquitetônico Escolar 7

01
UNIDADE
8 Projeto Arquitetônico Escolar

INTRODUÇÃO
Você sabia que existem diferentes estilos de ensino? O ensino com
o passar do tempo foi se modificando e se adaptando às mais diversas
necessidades para que se tornasse mais eficaz e para que houvesse
um melhor aproveitamento dos conteúdos que seriam transmitidos e
aprendidos em sala de aula.

Aliado ao estilo, apresentaremos as diretrizes de projeto a serem


seguidas para que tenhamos um uso melhor e mais otimizado das áreas
nas quais será desenvolvido o aprendizado em si. Sem contar que também
devemos observar a legislação vigente para o tema e os parâmetros
urbanísticos para que ao final, possamos reunir todos as características
e funcionalidades para um projeto que contemple todos os requisitos
solicitados. Vamos lá? A partir de agora começaremos a conhecer os
conceitos que nortearão nossos projetos!
Projeto Arquitetônico Escolar 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Apresentar os variados estilos de ensino para que sejam conhecidas


as necessidades de adequação do espaço;

2. Definir com base no estilo de ensino as diretrizes que nortearão o


projeto arquitetônico;

3. Analisar a área onde serão implementados o projeto e as intervenções


necessárias para adequação do espaço;

4. Explanar os parâmetros urbanísticos e a legislação que rege a


implantação de áreas escolares.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Projeto Arquitetônico Escolar

Estilos de ensino nas escolas

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar as


principais diferenças entre os estilos de ensino para assim
atender às necessidades do espaço a ser projetado. Esse
conhecimento será a chave para conceber um projeto que
atenda perfeitamente ao que o cliente precisa. Isto será
fundamental para definição da concepção adequada da
arquitetura. Aqui conheceremos os mais variados estilos
de ensino para que possamos elaborar nosso projeto
arquitetônico de acordo com o projeto pedagógico. E
então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

A educação não se resume exclusivamente aos alunos, professores


e livros. O ambiente físico onde as atividades são desenvolvidas também
é importante. Para isso existe o estudo específico da Arquitetura escolar,
para que sejam desenvolvidos projetos pensados nas necessidades
específicas de cada Instituição e não simplesmente um projeto genérico
da ideia do que deve ter na escola

Estilos de ensino nas escolas brasileiras


Definir um projeto escolar com zelo é também uma maneira de
otimizar a educação. Os tempos atuais visam espaços humanizados que
sigam a mesma linha do projeto pedagógico, seguido pela instituição.
Para iniciarmos o estudo do tema abordado, arquitetura escolar, o
pontapé inicial será apresentar os estilos de ensino utilizados nas escolas
brasileiras. Estar a par dos diferentes métodos será de fundamental
importância para que seja possível elaborar um projeto do espaço físico
onde teremos um aliado do aprendizado.

Na atualidade existem diversas abordagens pedagógicas, o mais


comum, no entanto, é encontrarmos uma mescla de estilos no uso
habitual das escolas.
Projeto Arquitetônico Escolar 11

É possível elencar algumas vantagens de se possuir uma


arquitetura escolar adequada. São elas: melhor comportamento de
alunos e colaboradores; construções mais simples; redução de custo de
manutenção com instalações físicas; redução dos níveis de bullying.

Vamos ver agora aos tipos e suas principais características:

• Tradicional – nesse estilo, que por sinal é a abordagem


predominante no país, resume-se em o professor deter os
conhecimentos e repassá-los ao aluno. O aluno, por sua vez, tem
suas tarefas para cumprir e as avaliações têm uma determinada
periodicidade para verificação dos conhecimentos apresentados.
Para aprovação, o aluno precisa ter uma nota mínima. O objetivo
principal é a aprovação dos alunos em provas como o Enem.
Figura 1 - Professor à frente da sala de aula, fazendo explanação dos conteúdos a serem estudados

Fonte: Pixabay

• Construtivista – como o próprio nome já diz, o conhecimento


será construído juntamente pelo professor com os alunos. Nesse
caso, há a participação ativa e o trabalho em grupo é valorizado. O
estudante é aconselhado a pensar e dar soluções aos problemas
que surgem. A avaliação também é por meio de provas.
12 Projeto Arquitetônico Escolar

Figura 2 - Sala dividida em grupos, com a professora e a auxiliar disponíveis para o ensino

. Fonte: Pixabay

• Montessoriano – nesse estilo o aluno é responsável pela sua


formação e construção do conhecimento e o professor é
responsável por ajudá-lo no processo de aprendizagem. As
crianças são ativas, escolhendo as atividades que desejam fazer e
o professor atua como coordenador das atividades desenvolvidas,
sendo responsável por ir aumentando as dificuldades. Não
necessariamente as crianças têm a mesma idade em uma
determinada sala. Cada uma vai se desenvolvendo no seu ritmo
e sem as intervenções convencionais a que estamos habituados.
Nesse método, valoriza-se a atividade, a individualidade e a
liberdade. Desse modo a criança é livre para agir sobre os objetos
disponíveis a cada dia. Nesse método, o aluno tem livre escolha das
atividades que irá desenvolver, o que ajuda no desenvolvimento
da concentração.
Projeto Arquitetônico Escolar 13

Figura 3 - Sala estilo montessoriano, mobiliário em altura adequada para dar autonomia às
crianças

Fonte: Freepik

• Waldorf – nesta metodologia procura-se equilibrar a capacidade


de aquisição de conhecimento. Cada aluno é considerado na
individualidade, o professor permanece com a turma durante
toda a etapa de ensino. São valorizados os conhecimentos de
astronomia, meteorologia, jardinagem, artes, trabalhos manuais,
além das disciplinas regulares com as quais estamos acostumados.
Figura 4 - Sala estilo Waldorf, onde o objetivo é formar e não treinar

Fonte: Freepik
14 Projeto Arquitetônico Escolar

• Freinet – linha pedagógica que valoriza o aprendizado pela


cooperação e por meio do trabalho. A criança deve compartilhar
seu trabalho com colegas, sejam eles de sua própria sala, de
outras classes ou até mesmo de outras escolas. A avaliação
é individual e leva em consideração a melhoria do aluno em
relação a ele mesmo, ou seja, ele tem que ser melhor que o dia
anterior. O principal desenvolvimento esperado nesse método é
a capacidade de análise pelos estudantes. Estudos de campo,
debates e elaboração de trabalhos em grupo são atividades que
contemplam esta metodologia.
Figura 5 - Debates e elaboração de trabalhos em grupos

Fonte: Freepik

Os vários métodos de ensino possuem vantagens e desvantagens,


devendo ser aplicados às necessidades específicas. Para que seja um
sucesso é necessário treinar os professores para que eles dominem os
métodos a ser utilizados e possam extrair o melhor de cada um deles.
Além disso, o espaço físico necessita ser apropriado para que se tenha a
possibilidade de desenvolver a metodologia adequadamente.
Projeto Arquitetônico Escolar 15

ACESSE:

A influência da arquitetura escolar no aprendizado – Jornal


Futura – Canal Futura. Clique aqui para acessar.

Projeto pedagógico e arquitetura escolar


Vamos definir a expressão projeto pedagógico para um melhor
entendimento de como ele influenciará a Arquitetura escolar.

O projeto pedagógico também chamado de proposta pedagógica,


é um instrumento de caráter geral, que apresenta as finalidades,
concepções e diretrizes do funcionamento da escola, a partir das quais se
originam todas as outras ações escolares. Não há um padrão de proposta
pedagógica que atenda a todas as escolas, pois cada unidade escolar se
insere num contexto próprio, determinado por suas condições materiais e
pelo conjunto das relações que se estabelecem em seu interior e entorno
social. Assim, cada escola deve desenvolver o seu modelo, aquele que
melhor expressa sua identidade e seu compromisso com o aluno, com a
comunidade, com a educação.

A ideia de projeto pedagógico entende que ele deve ter uma


construção coletiva, com a participação ativa de todos os envolvidos
(alunos, pais, professores, funcionários, representantes da comunidade
etc.) Alguns aspectos considerados relevantes na elaboração do
documento final do projeto pedagógico são: Histórico e identificação
da instituição de ensino e da entidade mantenedora; Fins e princípios
norteadores; Diagnóstico e análise da situação da escola; Definição dos
objetivos educacionais e metas a serem alcançadas; Seleção das ações;
Organização curricular; Forma de gestão administrativa e pedagógica
da escola; Avaliação; Organização da vida escolar e do regime escolar;
Capacitação continuada de pessoal; Profissionais envolvidos na Proposta
Pedagógica e Anexos.

Em outras palavras, conhecer a proposta pedagógica da escola que


se está projetando, será um excelente norteador para que de acordo com
16 Projeto Arquitetônico Escolar

as metas e objetivos institucionais, os espaços físicos sejam devidamente


pensados, definidos e projetados para que tenhamos um resultado
desejado do ensino a ser ministrado.

Aliados ao método de ensino, se faz necessário um ambiente


escolar com móveis, equipamentos, material didático e a definição do
espaço físico adequado ao sistema educacional para garantir a qualidade
do ensino.

O papel do arquiteto é projetar ambientes que inspirem e sejam


produtivos, além de confortáveis, devidamente iluminados, se for possível
sustentável, oferecendo saúde e segurança a todos.

O ambiente físico escolar deve contribuir positivamente, criando um


contexto adequado, confortável e estimulante, tendo como resultado uma
produção acadêmica de qualidade. Um espaço devidamente projetado
pode desenvolver nos usuários a sensação de conforto, segurança,
fazendo também com que se crie um ambiente social e íntimo. Devido a
familiaridade com os diversos espaços construídos, os indivíduos somam
suas experiências e conseguem conviver com o que a arquitetura lhe
oferece.

Sintetização das teorias pedagógicas


Diante das diferentes propostas pedagógicas, podemos perceber
que a forma como se adquire conhecimento diverge entre elas, umas
afirmam que conhecimento é informação, outras surgem no pensamento,
mas de uma forma geral podemos afirmar que as teorias defendem que
a educação está relacionada às necessidades intelectuais do indivíduo,
possui objetivos mais amplos e reflete na forma da sociedade e de seu
modo de viver. Já é defendido pela psicologia e pela educação que há
diversificados caminhos que levam um indivíduo a aprender. Para isto
cabe ao professor analisar os diferentes estilos de aprendizagem dos
seus alunos e utilizar as devidas estratégias para alcançar o objetivo final:
transmitir conhecimento.

O objetivo do método adotado, independente de qual seja, é auxiliar


os alunos a pensar, a aprender e a explorar suas capacidades.
Projeto Arquitetônico Escolar 17

Os métodos de ensino podem ser classificados em diretos e


indiretos. Nos diretos, o professor é detentor do conhecimento e se utiliza
de discussões presenciais em grupo. O ensino direto pode ser adquirido
por meio de livros, como ensino a distância, mesmo que se tenha a
presença do instrutor individual e de grupos de discussão.

Professores que possuam vasta experiência e tenham criatividade


podem combinar diversos métodos, extraindo o mais positivo de cada
um, independente até do método educacional adotado pela escola.

Componentes e qualidades do ambiente escolar


Atualmente podemos verificar que o ambiente escolar depende
fundamentalmente do sistema educacional e da pedagogia adotados, dos
objetivos propostos e dos recursos que podem ser usados e da dinâmica
da sociedade. As condições econômicas, sociais e culturais também são
cruciais para a determinação dos espaços físicos que, por sua vez, vai
demandar certos mobiliários e equipamentos, além do material didático,
para dar suporte às atividades pedagógicas. A seguir serão explanados os
aspectos organizacionais e humanos, verificando a influência de cada um
no ensino, na aprendizagem e na formação dos alunos.

Recursos humanos
No ambiente escolar, temos a presença de alunos, de professores,
de pessoal do setor administrativo, da direção e do apoio didático. Além
desses, temos também os responsáveis pela manutenção e limpeza,
vigilância, responsáveis pelo lanche. E para fechar ainda temos os pais
dos alunos e a comunidade que muitas vezes participam como apoio ou
em conselhos.

Aspectos organizacionais
Como aspectos organizacionais, podemos considerar o currículo.
De acordo com ele, são determinadas as capacidades da sala de aula
e a quantidade de alunos que um professor pode ser responsável. A
determinação da quantidade de alunos para cada sala de aula varia de
18 Projeto Arquitetônico Escolar

acordo com a faixa etária, nos quais os menores necessitam de mais


atenção em suas salas, consequentemente, há menos alunos por professor.

O material didático utilizado reflete diretamente a forma como


esse material pode ser armazenado, organizando os equipamentos
necessários. Outro fator importante a ser observado é a guarda desses
materiais, os locais devem apresentar a segurança necessária.

Outro item de grande importância é o mobiliário e os equipamentos


necessários para o desenvolvimento das atividades de ensino. O mobiliário
deve atender aos critérios pedagógicos, ergonômicos, econômicos,
ecológicos e tecnológicos. A escolha adequada reflete diretamente
no aprendizado. Para uma adequada determinação do mobiliário é
fundamental observar a estatura e a faixa etária dos usuários. Com esses
dados, é possível determinar alturas de cadeiras e mesas, como podemos
ver na tabela abaixo:
Tabela 1 - Estatura média por idade e proporções de dimensões para detalhamento do projeto

Fonte: Kowaltowski (2001)

IMPORTANTE:

Também existem normas da ABNT que devem ser sempre


observadas ao projetar mobiliários, são elas: NBR 14006
– Móveis escolares – assentos e mesas para instituições
educacionais – classes e dimensões (1997) e a NBR 14007
– Móveis escolares - assentos e mesas para instituições
educacionais - requisitos que tratam de recomendações
ergonômicas (postura) e antropométricas (dimensões) (1997).
Projeto Arquitetônico Escolar 19

Definir um projeto escolar com zelo é também uma maneira de


otimizar a educação. Os tempos atuais visam espaços humanizados que
sigam a mesma linha do projeto pedagógico, seguido pela instituição.
Para iniciarmos o estudo do tema abordado, Arquitetura escolar, o
pontapé inicial será apresentar os estilos de ensino, utilizados nas escolas
brasileiras. Estar a par dos diferentes métodos será de fundamental
importância para que seja possível elaborar um projeto do espaço físico
onde teremos um aliado ao aprendizado.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo desse
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido sobre alguns estilos de ensino, utilizados aqui
no Brasil, as características preponderantes em cada
um, para que cada uma delas seja plenamente atendida
quando o espaço físico que abrigará a escola for pensado
e projetado. Além dos estilos, também vimos a importância
de saber a proposta pedagógica adotada, visualizando
os pontos importantes para que sejam comtemplados no
projeto e assim tenhamos um ambiente mais propício ao
aprendizado, no qual o aluno se sinta incluído e estimulado.
20 Projeto Arquitetônico Escolar

Diretrizes projetuais - arquitetura

OBJETIVO:

Ao término desse capítulo, você será capaz de definir as


diretrizes que nortearão o projeto arquitetônico, baseado
no estilo de ensino adotado pela instituição. Isto será
fundamental para o exercício de sua profissão. E então?
Motivado para desenvolver esta competência? Então
vamos lá. Avante!

As pessoas, que tentaram desenvolver projetos específicos sem


os conhecimentos necessários, com certeza entregaram trabalhos que
não atenderam ao solicitado. E talvez tenham elaborado os projetos sem
seguir os processos necessários.

O que são as diretrizes projetuais


Podemos dizer que existe um círculo constante que é mentalmente
realizado e pode ser descrito pelas seguintes palavras: análise, síntese e
avaliação. Durante a análise, é a hora de muita pesquisa e levantamentos
para entender o problema proposto. Entendido o problema, se traça
um planejamento para resolvê-lo. Planejar é a chave mestre para criar
qualquer projeto e não poderia ser diferente. Após as análises e o
planejamento previamente concluídos, parte-se para síntese. Nesta
fase, surgem soluções para os problemas identificados logo no início do
processo projetual. Para fechar, parte-se para a avaliação na qual as ideias
são aprimoradas e procura-se verificar se as soluções para os problemas
foram eficientes ou não. Se houver uma resposta negativa, volta-se para
verificar onde ocorreu a falha no planejamento. Quando a avaliação for
positiva então será possível evoluir no desenvolvimento do projeto em
estudo.

As diretrizes projetuais devem criar condições para que o arquiteto


desenvolva ao máximo suas competências sem gerar bloqueios até que
ele chegue a um resultado final incrível.
Projeto Arquitetônico Escolar 21

É bom enfatizarmos que as escolas bem projetadas fazem sim


diferença, mas pouco ouvimos falar do impacto que a arquitetura causa
não somente aos alunos mas também desenvolvendo ambientes
apropriados para professores e demais profissionais. Segundo a
Organization for Economic Co-operation and Development (OECD), os
prédios escolares têm uma importância secundária. O sucesso depende
“do cabeça”, professores e sua relação com os estudantes para que as
escolas com prédios e pátios sejam bem projetados, levando consigo a
cultura local e o ambiente, melhorando o aprendizado. Há que pensar nos
professores, pais e estudantes no planejamento da escola, na edificação
e nos pátios para aumentar o potencial para o sucesso.

Segundo Kowaltowski (2011), pesquisas feitas na Inglaterra mostram


que o ambiente influencia sim no aprendizado dos alunos. Nosso ensino,
principalmente o público, tem sido objeto de bastante discussão,
considerando o baixo rendimento e o desempenho obtido pelos alunos. A
educação pede uma atuação multidisciplinar para podermos melhorar a
qualidade do ensino, mesmo que estejamos falando de algo em termos
de médio a longo prazo.

Demasiadas são as propostas, mas pouca arquitetura envolvida


no processo, quando há. Inúmeros estudos demonstram uma relação
benéfica entre a qualidade do espaço físico e o desempenho acadêmico.
Os ambientes onde se faz a transmissão de conhecimento impactam no
comportamento e na frequência dos alunos, os funcionários sentem-se mais
valorizados, motivados e as pessoas no entorno tiram proveito das facilidades
que uma boa arquitetura proporciona, conforme Kowaltowski (2011).

Para que a arquitetura contribua com o processo educacional, é


necessário focar na adequação do processo de trabalho dos envolvidos
no projeto às novas demandas.

A arquitetura para escolas exige novas posturas dos profissionais


com decisões de projetos, acompanhado de justificativas com vários
pontos de vistas intrínsecos à arquitetura como conforto, funcionalidade e
humanização do ambiente, aliado às soluções de sustentabilidade.
22 Projeto Arquitetônico Escolar

Diretriz de projeto
Como resultado de um adequado processo de projeto, obra
e manutenção, tem-se o ambiente construído, proporcionando
apropriadamente suas funções. A qualidade do projeto desenvolvido
está diretamente ligada à experiência da equipe envolvida e, também,
da quantidade de informações disponíveis para o desenvolvimento desse
trabalho.

São inúmeras pesquisas que investigam as estratégias cognitivas


de projetos, afirma Kowaltowski (2011), e suas consequências na qualidade
de determinado produto para a etapa de elaboração do programa de
necessidades, o qual será explorado mais a frente, e seu desenvolvimento.

Os métodos utilizados para se desenvolver os projetos de


arquiteturas consistem em análise e síntese ou tentativas e erros que nem
sempre retornam uma visão geral límpida dos objetivos e muitas vezes não
permitem ou não se preocupam com o armazenamento das informações
referentes às decisões. O projeto é considerado e tratado de forma
empírica, sem desenvolvimento de uma metodologia, possibilitando o
compartilhamento do processo das informações e das avaliações.

Podemos enxergar as metodologias de projeto como abstrações e


redução do modelo para compreender o fenômeno a ser projetado, tendo
intuição como uma parte importante do processo, pois o modelo de
projeto apresenta-se de forma não linear composta por atividades exatas,
pois o projetista não tem amplo conhecimento da natureza do objeto que
está sendo projetado e todo o processo que envolve não é racional.

Na rotina de escritório de arquitetura, divide-se o projeto em fases,


croquis, anteprojeto e projeto executivo. Cada fase tem sua peculiaridade.
Encontramos mais liberdade quando se elaboram os croquis, pois nas
fases seguintes começam-se a implementar as normas. Na figura a seguir,
podemos observar um modelo de fluxo geral de projetos.
Projeto Arquitetônico Escolar 23

Figura 6 - Modelo geral de projeto baseado em Lang (1987) e Barroso-Krause (1998)

Programa

Croquis Atividades:
Análise
Projeto Anteprojeto Síntese
Previsão
Projeto Avaliação
Decisão
Avaliação e decisão

Construção

Avaliação pós-ocupação

Fonte: Kowaltoski (2011, p. 24).

Na busca para melhorar o processo que envolve o projeto, buscando


vencer sua complexidade, procura-se envolver vários procedimentos. De
acordo com Kowaltoski (2011), os procedimentos recomendados são:

• Valorizar a fase do programa de necessidades, com o levantamento


dos problemas e as possíveis soluções. Estruturar e documentar
os requisitos funcionais ou do cliente, para fomentar a discussão.

• Adotar o processo participativo, para enriquecer o levantamento


de dados para o desenvolvimento do programa de necessidades.

De acordo com Kowaltoskim (2011), a participação também ajuda


na tomada de decisão com os futuros usuários de uma nova edificação.

Ambientes podem ser avaliados por meio de vários métodos e


técnicas, estimulando a produtividade e preservando a ética no processo
com participação da população.
24 Projeto Arquitetônico Escolar

Figura 7 - Fluxo geral de etapas do desenvolvimento de projeto

Etapa I Etapa II

Planejamento de Concepção do
empreendimento produto

Etapa III

Desenvolvimento do produto

Anteprojeto Anteprojeto Anteprojeto

Atividade de entrega de projeto

Atividade de
acompanhamento
técnico

Etapa IV Etapa V

Desenvolvimento
Avaliação do
do produto
cliente final
as built

Atividade de
entrega de projeto

Atividade de
acompanhamento
técnico

Fonte: Kowaltoski (2011).

ACESSE:

Seis perguntas sobre arquitetura escolar.


Disponível clicando aqui.
Projeto Arquitetônico Escolar 25

Processo de projeto escolar tradicional


Em nosso país, o projeto escolar é administrado por um órgão do
estado ou uma secretaria municipal. O município geralmente responsabiliza-
se pelo ensino infantil e fundamental e o Estado diretamente ligado ao ensino
médio e profissionalizante como, também, as escolas técnicas federais.
Novos projetos podem ser desenvolvidos por projetistas, funcionários dos
próprios órgãos públicos ou arquitetos autônomos contratados por esses
órgãos, conforme explica Kowaltowski (2011).

A produção da arquitetura escolar nos municípios e nos Estados,


como a FDE (Fundação para o Desenvolvimento Escolar) em São Paulo,
é um esforço para se melhorar a qualidade da educação e o ambiente
físico de ensino, transmitindo conhecimento de projetos com qualidade.
A experiência da FDE é acumulada após cada obra e, ao ser responsável
pela manutenção dos espaços escolares, o processo é retroalimentado
com novas informações e assim por diante.

Para finalizar esta breve explanação a respeito de processo de


projetos tradicional, a figura a seguir resume todas as etapas.
26 Projeto Arquitetônico Escolar

Figura 8 - Esquema síntese do processo de projeto tradicional

Arquitetos e equipe da FDE

Arquitetos contratados

Disponibilização Estudo
Vistoria do local
de material preliminar
1 2 3

Reprovado Reprovado

Avaliação Anteprojeto Avaliação

6 5 4

Reprovado

Projeto
Compatibilização Avaliação
executivo
7 8

Projeto
complementar
Ocupação Obra

1. Catálogos técnicos: programa básico, fixo pré-definido, levantamento


topográfico, indicação de normas pertinentes.

2. Topografia, acessos, serviços públicos, construções existentes, zoneamento,


agentes poluidores, características da vizinhança.

3. Apresentação do partido em função do terreno e do programa da escola.

4. Preocupação com aspectos de qualidade: prazo + restrições orçamentárias.

5. Apresentação de informações completas para estimativas de custos + todos


os edifícios definidos, inclusive ligações entre eles.

6. Verificação da indicação dos componentes padronizados, tipos de pisos e


dimensões básicas de áreas externas e gramados.

7. Apresentação de informações completas para realização da obra.

8. Verificação se todas as informações foram entregues completas e na forma


exigidas.
Fonte: Kowaltowski (2011).
Projeto Arquitetônico Escolar 27

Processo de projeto escolar de referência


O projeto escolar, conforme descreve Kowaltwoski (2011), começa
com as demandas atuais da educação para se alcançar uma arquitetura
de qualidade. Os processos estão comprometidos com a qualidade
arquitetônica final e metodologias são aplicadas para definir e checar
metas que abordam elementos do ensino de qualidade. Adicionadas
as características comuns aos procedimentos gerais em arquitetura dá-
se uma atenção às experiências espaciais do edifício em relação a sua
influência no aprendizado, afirma Sanoff (1991 apud KOWALTWOSKI,
2011). É necessário dar atenção às questões da sociedade e lembrar das
que virão, uma vez que as edificações devem atender às necessidades
imediatas, preocupando-se com as advindas no futuro que serão difíceis
de prever.

As características que despertam em um projeto normalmente


pertencem à região onde será implantado. Em outros países, a discussão
é mais ampla e o ambiente físico é considerado essencial para a busca
da qualidade no aprendizado. Países como EUA, Inglaterra e outros
europeus, segundo Kowaltwoski (2011), recebem suportes de diversas
entidades: Comission for Architeture and the built Environment (Cabe),
The Collaborative for High Performance Schools (CHPS), Design Share
(The Internacional Forum for Innovative Schools) etc.

Mais à frente, serão apresentados parâmetros de projeto para


ambientes escolares, considerados de alto desempenho funcional e
ambiental.

Kowaltwoski (2011) recomenda que os ambientes de aprendizados


sejam associados às metodologias de ensino, pressupondo flexibilidade
de uso dos espaços e maior variedade de configurações. Assim, a
escola não é composta apenas de salas de aula, mas de espaços para
estudos individuais e em grupo, laboratórios de ciências e artes, salas de
músicas e teatro, s ala de ginástica e espaços para convívio e alimentação
humanizados. O projeto de arquitetura escolar deve incorporar valores que
conferem significado às pessoas, criando impactos positivos no entorno.
28 Projeto Arquitetônico Escolar

Figura 9 - Processo de projeto de referência com base em revisão da literatura

Processo de projeto referencial - Esquema detalhado

Elaboração do
Disponibilização
programa de Vistoria do local
de material
necessidades
1 2 A B 3 B

Citação de
Avaliação da
banco de dados
situação
estudo de
caso e outras 4 B
informações
12 B
Estudo
preliminar
Avaliação pós-
Retrofit 5 B
ocupação
C
12 A B
Avaliação

Ocupação 6 B

A
Apresentação
do projeto
Retrofit comunidade
C 7 A B

Ajustes
Comissionamento

11 A B C

Obra Anteprojeto
C 8 B

Projeto
Compatibilização executivo e Avaliação dos
B
complementares arquitetos do
próprio projeto
10 B
9 B

Etapas do processo de projeto convencional


Etapas do processo de projeto de referência
A Comunidade escolar
B Arquitetos + outros especialistas envolvidos
C Empreiteira contratada
Projeto Arquitetônico Escolar 29

1. Catálogos técnicos: programa básico, fixo, pré-definido, levantamento


topográfico, indicação de normas pertinentes, projetos de referência, esquema
sobre metodologias pedagógicas x soluções espaciais, estudo de caso,
resultado de após, informações sobre conforto ambiental – situações ideais etc.

2. Indicar objetivos, aspirações, definições de valores (arquitetos + comunidade),


informações sobre o local, conteúdo funcional, relações-chave no edifício, foco
no projeto pedagógico da escola, necessidade de flexibilidade.

3. Topografia, acessos, serviços públicos, construções existentes, zoneamentos,


agentes poluidores, características da vizinhança.

4. Avaliação das “situações de risco” a serem enfrentadas no projeto em função


das características da vizinhança.

5. 5 Apresentação do partido em função do terreno e do programa da escola:


partido com soluções em acordo com especialistas; possibilidade de aumentar-
se o desempenho do conjunto de soluções.

6. Avaliação por checklist, scorecards, DQI, CHPS.

7. Comunidade envolvida com a nova escola: pertencimento, interação, realização.

8. Apresentação da solução completa, com ambientação, cores e detalhamento


das definições de elementos para melhoria de conforto e desempenho
ambiental.

9. Avaliação dos arquitetos do próprio projeto. Ferramentas de avaliação, checklist,


scorecards, CHPS etc.

10. Apresentação das informações completas para realização da obra.

11. Treinamento de funcionários da escola e levantamento de possíveis ajustes


finos necessários. Usuários preparados para utilizarem o novo edifício na
plenitude de suas possibilidades.

12. APQ tanto para abordagem que visem à qualidade como visando desempenho
ambiental, ferramenta importante – orientação de ajustes e correções:
referências para projetos futuros.

13. Criação de novos conhecimentos baseados na experiência.


Fonte: Kowaltwoski (2011).

Relacionando arquitetura com pedagogia


Nair e Fielding (2005, p. 1.939 apud KOWALTWOSKI, 2011) afirmam
que “é importante observar o que a sala de aula representa. A sala de aula
é o símbolo mais visível da filosofia escolar”.
30 Projeto Arquitetônico Escolar

É fato que todo projeto escolar toma vida a partir do surgimento


de uma demanda e da definição da localização da escola e do público, o
qual ela irá atender. Desta forma, define-se o espaço em acordo com os
conceitos pedagógicos.

É assegurado pela Constituição Federal Brasileira de 1988, um


conteúdo mínimo para o Ensino Fundamental, garantindo a formação
básica comum.

SAIBA MAIS:

Leia o artigo 210 da Constituição da República Federativa


do Brasil de 1988, clicando aqui.

Kowaltwoski (2011) afirma que os currículos deveriam ser


constantemente atualizados, motivados pela dinâmica da sociedade.
Mudanças sociais, tecnológicas e econômicas estão sempre em
“movimento” e ainda o conhecimento e as práticas devem ser expostos
às novas dinâmicas e reinterpretados em cada contexto no qual foram
inseridos.

O projeto arquitetônico em suas primeiras linhas deve considerar a


escola como espaço e ambientes educativos que ampliam e reforçam a
aprendizagem, estabelecendo como um lugar de conhecimento, convívio
agradável e de sensibilidade. Para a tipologia escolar deve-se, pelo menos,
considerar dois questionamentos, segundo Kowaltwoski (2011), são eles:

1. Como criar espaços que facilitem a aprendizagem?

2. Como lidar com conteúdos diversificados e conteúdos mínimos


que mudam com a evolução da sociedade?

Podemos ver que essas questões estão intimamente ligadas à


compreensão de como as pessoas aprendem os conteúdos ou de como
a prática pedagógica atua para possibilitar a aprendizagem (lembram-se
de nossa primeira unidade?) e como organizar espaços apropriados para
facilitar as atividades dos docentes, discentes e da administração.
Projeto Arquitetônico Escolar 31

Observe que de um lado temos as metodologias de ensino que


organizam as atividades e mostram como orientar os espaços para
atender a sua função; do outro, temos as questões inerentes ao projeto
arquitetônico, como conforto térmico, acústica e visual que são muito
importantes para não atrapalhar as funções da aprendizagem. Os dois
lados precisam de integração, um não funciona sem o outro.

Kowaltwoski (2011) afirma que além da observação, do registro,


da organização, do relato e da comunicação, o espaço escolar deve
considerar algumas funções centrais do desenvolvimento humano que
levam à aprendizagem de conteúdos diversificados e evolutivos, como o
simbolismo, a percepção, a memória, a atenção e a imaginação.

Os ambientes de ensino devem possibilitar maior variedade


de configurações para se desenvolver, possibilitando maior variação
na configuração, conforme mostrado pelas metodologias de ensino,
pois cada atividade, leituras, observação, registro, organização relato e
comunicação está presente para concretizar a aprendizagem.

Em nosso país, os parâmetros de projeto, geralmente utilizados


nas escolas públicas, abrigam todas as funções em blocos pedagógicos.
Esse bloco é composto por salas de aula, biblioteca, quadra coberta e
salas- ambiente. As salas que são desenvolvidas nesses projetos são
salas tradicionais que não possibilitam o desenvolvimento da variedade
de atividades consideradas importantes, pois foram projetadas para
atender ao estilo tradicional, exposição e recepção, professor e aluno,
respectivamente.

O trabalho com modalidades de ensino quebra o paradigma de


desenvolver o projeto arquitetônico de escolas com um jogo de quebra-
cabeças de organização de espaços consagrados, afirma Kowaltwoski
(2011), como salas de aulas ou quadra de esportes e passa-se a se ter
compreensão das necessidades pedagógicas e de ensino, com espaços
diferenciados e mais adequados para a aprendizagem.
32 Projeto Arquitetônico Escolar

RESUMINDO:

Vimos aqui de forma bastante condensada as diretrizes


projetuais. É importante que você acesse o material que
indicamos, pois ele contém a excelente explicação da
própria Doris Kowaltwoski. Podemos perceber a partir desse
capítulo o quão complexo é o início de um projeto para
atender a uma escola e principalmente o quão importante
e poderoso é aliar o projeto pedagógico ao projeto
arquitetônico com o intuito de melhorar a aprendizagem.
Vamos para o próximo capítulo? Animado? Nos vemos lá!
Projeto Arquitetônico Escolar 33

Apresentação da área de intervenção

OBJETIVO:

Neste capítulo vamos nos concentrar nas áreas de


intervenção de um projeto arquitetônico. Essas áreas são
criteriosamente analisadas, seja em uma restauração
de uma construção existente, recuperando edificações
abandonadas ou descaracterizadas que necessitem
mudança de uso, seja em novos edifícios para que os
espaços atendam à demanda solicitada.

Se no caso forem edificações históricas, temos um caso que deve


ser analisado com muita delicadeza, pois nem tudo pode ser realizado em
prédios com essas características.

Em se tratando de reformas, o desafio é maior, pois economicamente


tenta-se modificar minimamente o desenho original, mas fazendo com
que o resultado final atenda às necessidades intrínsecas de cada caso.

O projeto padrão
Muitas escolas seguem um projeto padrão que ignora situações
inerentes à implantação. Todo local é único. Nem um projeto padrão
de pequenas residências atende à implantação em outros locais. Avalie
grandes escolas.

SAIBA MAIS:

Aqui você pode encontrar as padronizações citadas


anteriormente. Subsídios para elaboração de projetos e
adequação de edificações escolares.
Disponível clicando aqui.

Kowaltwoski (2011) afirma que projetos-padrão de escolas é uma


prática comum em projetos públicos de interesse social, que usam
34 Projeto Arquitetônico Escolar

programas de necessidades (veremos mais à frente) padronizados das


atividades estipuladas pelos órgãos administrativos de equipamentos
urbanos. O partido arquitetônico busca atender objetivos econômicos,
racionalização da construção, funcionalidade, conforme especificações
da Conesp. O argumento positivo de tal atitude é que a padronização
reduz custo de projeto e tempo de elaboração, assim esse o produto, o
projeto e a obra podem alcançar uma qualidade superior em relação às
obras não padronizadas e por se tratar de construções repetidas há uma
redução nas falhas executivas. E, por se tratar de uma repetição, alega-
se que pode introduzir melhorias, correções, quando o projeto padrão é
construído, testado e avaliado.

O projeto dos Centros Integrados de Apoio à Criança (CIAC)


projetado pelo arquiteto João Filgueira Lima é um exemplo de projeto
padrão que já é oriundo do projeto dos Centros Integrados de Educação
Pública (CIEP), projetado por Niemeyer, que dispensa apresentação.

SAIBA MAIS:

Conheça a história do CIEP. Disponível clicando aqui.

Em termos de projeto padrão, um dos aspectos mais ignorados é a


implantação, ou seja, a área de intervenção. A orientação solar e de ventos
dominantes é peculiar a cada situação, as interferências para que o projeto
padrão possa atender uma determinada implantação pode pedir ajustes
de proteção solar nas aberturas sem prejudicar a ventilação natural, o
formato do lote, topografia (planialtimetria) e as condições geológicas
nunca são iguais.

Ajustes nos acessos, afastamento de fontes de ruídos, sistema


estrutural, drenagem, infraestrutura são demasiados. Como projetista
afirmo que modificar é muito pior do que criar do zero. Creio que a chance
de erro se torna maior e deixar passar detalhes que fariam toda a diferença
se torna mais frequente. Adaptar um projeto às exigências topográficas de
um lote podem ser muito ineficientes.
Projeto Arquitetônico Escolar 35

Uma das coisas que podem ser levadas em consideração, quando


se aparece a oportunidade de uma nova implantação de escola, é o
questionamento das antigas premissas, a participação da comunidade no
programa de necessidade, a metodologia de ensino, o tamanho, o melhor
lugar etc.

Muitas vezes, afirma Kowaltwoski (2011), em virtude das formas e


técnicas construtivas, esse projeto demandará fornecedores específicos
e mão de obra especializada, que criam dificuldades nas licitações e
aumentam os custos de uma obra.

Falando em termos de arquitetura, a monotonia gerada pela


excessiva repetição/padronização estampada na área urbana, como uma
produção em série, torna-se inadequada para servir à sociedade e não
contribui para a valorização da paisagem urbana.

Nos países mais desenvolvidos, a padronização do projeto e o


funcionalismo na sua forma mais pura foram aplicados aos projetos de
interesse social, como habitação e instituições, que nunca deveriam
ostentar riquezas ou estética diferenciada e manter uma imagem
institucional, afirma Newman (1972 apud KOWALTWOSKI, 2011). Os
projetos de conjuntos habitacionais e seus equipamentos comunitários
refletem a imposição dessa filosofia, pelas edificações despidas de todo
e qualquer elemento que não reflita a funcionalidade e objetividade do
projeto do projeto.

Rowe (1995) afirma que nos anos 1970, o funcionalismo perdeu


força, simbolizado pela implosão do conjunto habitacional Pruitt-Igoe,
pela inadequação da arquitetura de massas, projetada para servir a todos
e, ao mesmo tempo, a ninguém. Apesar da grande discussão, a aplicação
de projetos padrão é um dos programas da maioria das instituições do
Brasil.

Em contrapartida, nas universidades federais existe um corpo


técnico dedicado à elaboração de novos projetos para blocos de salas
de aula, laboratórios etc. para que se possa desenvolver um projeto
adequado para as exigências das áreas de intervenção.
36 Projeto Arquitetônico Escolar

No nosso curso, iremos escolher uma área para fazer a implantação


de uma escola infantil, levando em consideração todas as características
do nosso terreno.

Área de intervenção
Escolhemos uma área não muito nobre de nossa cidade. Nessa área
existe uma mescla de condições sociais, mas prevalece a classe média
baixa. Na figura a seguir, podemos ver o entorno do terreno. Ele está com
contorno em vermelho próximo a BR 101.

Próximo a essa área, temos supermercado, um IF (Instituto Federal),


uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e podemos ver que se trata
de um bairro predominantemente residencial.
Figura 10 - Local de implantação da escola

Fonte: Google maps (2021).


Projeto Arquitetônico Escolar 37

Destacando a área, temos a figura que se segue:


Figura 11 - Destaque da área na qual a escola será implantada

Fonte: Google maps (2021).

A partir dos aspectos técnicos e físicos, como os que mostraremos


abaixo, começamos a traçar princípios e diretrizes que começam a
conduzir o projeto para se adequar ao que exige a topografia: insolação e
distanciamento das fontes de ruído mais predominantes.
38 Projeto Arquitetônico Escolar

Figura 12 - Extração da área de intervenção com o estudo solar

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Os fluxos que predominam na região da intervenção são importantes.


No nosso caso, com certeza, sabemos que haverá um fluxo agressivo na
BR 101 (leste) e um fluxo mais ameno ao sul. Podemos também perceber
que no entorno oeste, norte, nordeste teremos um maior potencial para
fluxo de pedestres.
Figura 13 - Estudo de fluxos

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).


Projeto Arquitetônico Escolar 39

IMPORTANTE:

Como discutimos no começo do capítulo, no qual fizemos


questão de enfatizar os problemas dos projetos- padrão
utilizados nas instituições brasileiras, é exatamente esse
que apresentamos a você nesse momento.

Olhando nossa área de intervenção, já imaginou utilizar um projeto


padrão em um terreno desse tipo? Já imaginou o tanto de adequações e
modificações que um projeto desse tipo receberia?

O impacto de um projeto padrão nesta área contribuiria para a


paisagem?
Figura 14 - Vista leste da área de intervenção

Fonte: Google maps (2021).

De acordo com a figura 15, já podemos analisar que a área não


está com uma topografia muito favorável e que precisamos intervir nas
questões dos níveis de piso da nossa escola. Observe também que a
parte central desse terreno é um pequeno lago, assim não temos muita
área disponível para trabalharmos, mas poderemos valorizar o verde já
existente no terreno.
40 Projeto Arquitetônico Escolar

Figura 15 - Vista da margem sudeste da área de intervenção

Fonte: Google maps (2021).

Observe que a diretriz para a implantação da nossa escola segue


como melhor área para implantação, o centro do terreno.
Figura 16 - Linhas de Força

Fonte: Elaborado pelo autor (2021).

Em posse da nossa área de intervenção, dos estudos de


viabilidade, do estudo da vizinhança, do público-alvo, agora podemos
passar para as próximas fases para determinarmos a forma, o programa
de necessidades etc.
Projeto Arquitetônico Escolar 41

SAIBA MAIS:

Não é objetivo do nosso estudo, mas achamos interessante


pensar em intervenções urbanas. Assista esse vídeo,
não está ligado diretamente à arquitetura escolar, mas
podemos aproveitar algumas das ideias/conceitos falados
pelo Sérgio Caldas: Intervenções Urbanas no Canal Arte 1.
Disponível clicando aqui.

RESUMINDO:

Aqui vimos os problemas da utilização de projetos-


padrão em implantação de escolas. Elencamos algumas
vantagens e algumas desvantagens. Depois foi escolhida
uma área de intervenção para elaborarmos nosso projeto,
com base nos conceitos que vimos e veremos a partir do
próximo capítulo e unidades. Espero que esteja animado.
Projetar é muito bom!
42 Projeto Arquitetônico Escolar

Conceitos de parâmetros urbanísticos e


conceitos de legislação

OBJETIVO:

Mostraremos aqui os parâmetros urbanísticos e a legislação


que rege a implantação de qualquer edificação. Qualquer
que seja ela. Motivado para aprender mais? Então vamos
lá. Avante!

Os  parâmetros urbanísticos  são definidos por lei, o plano diretor


de uma cidade vai conter os parâmetros de parcelamento, de uso,
de ocupação e de incomodidade. Eles têm como objetivo organizar
as cidades, determinar o que é permitido ou não construir e de que
forma deve ser feito. A principal função da definição desses parâmetros
urbanísticos é reduzir as desigualdades, geradas nas cidades o que reflete
na disputa pelos setores mais valorizados.

O parcelamento define as regras que devem ser obedecidas,


quando o intuito for abrir novos lotes a ocupação define a forma que
podemos erguer a construção.

Nos parâmetros urbanísticos são definidos o gabarito de altura


máxima permitida para as edificações, para afastamentos, área
construída, taxa de ocupação, ao coeficiente de aproveitamento e taxa de
permeabilidade.

O plano diretor de uma cidade faz o fracionamento em zonas,


determinando todas as características urbanísticas que devem ser
observadas ao definir um projeto de acordo com a zona em que ele se
localiza.

Parcelamento do solo
Em relação ao parcelamento do solo é determinada a área mínima
que o terreno pode ter, bem como a largura da frente do lote. Esses
parâmetros são importantes para garantir um padrão mínimo para todas as
Projeto Arquitetônico Escolar 43

pessoas da localidade e garantir um acesso adequado à via de circulação


em que o lote se encontra.
Figura 17 - Exemplo de loteamento, seguindo os parâmetros urbanísticos relativos a
parcelamento do solo

Fonte: Pixabay

Ocupação

Os parâmetros de ocupação são definidos pela taxa de ocupação,


pelo coeficiente de aproveitamento (CA), pela taxa de permeabilidade e
gabarito. Definir o quanto de um terreno pode ser ocupado por construção
é função da taxa de ocupação, sempre é definida a área máxima possível.
Já o coeficiente de aproveitamento determina a quantidade de metros
quadrados que podem ser edificados em um terreno. É dividido em
CA mínimo, básico e máximo, no qual o mínimo determina a menor
construção a ser admitida, o básico é a metragem possível de ser edificada
sem desembolso extra e a máxima determina a maior área que pode ser
edificada, se houver o pagamento extra. A taxa de permeabilidade define
a área mínima do lote que deve ser permeável para que seja possível a
infiltração de água no solo. E o gabarito limita a quantidade de pavimentos
máximas que o prédio pode ter.

Uso do solo
O principal objetivo para definir o uso do solo é orientar e ordenar
o crescimento da cidade. Desta forma, é possível controlar a utilização
do espaço ao definir quais atividades são permitidas em cada localidade
44 Projeto Arquitetônico Escolar

e, também, promover um crescimento comprometido com a proteção


ambiental.

Conceitos de legislação
Para entendermos a influência dos parâmetros urbanísticos em
relação à função social da cidade, faz-se necessário analisar a questão
urbana, pós Constituinte de 1988. Após a elaboração da Constituição,
todos os municípios, com mais de 20 mil habitantes, foram responsáveis
pela elaboração dos seus planos diretores, para tal deveriam ser
observados os instrumentos urbanísticos previstos na Lei n° 10.257, de
julho de 2001 – o Estatuto da Cidade. Os artigos 182 e 183 da Constituição
Federal estabelecem diretrizes gerais da política urbana e estabelece
outras providências. Esse fato contribuiu para criação de um planejamento
territorial e urbano, visando beneficiar toda a população ao redistribuir
os benefícios dessa urbanização, definindo uma nova concepção de
planejamento e gestão de recursos.

A expectativa dos setores populares no processo constituinte


1987/1988 era inserir o princípio da função social da propriedade e da
cidade no plano diretor. Muitos avanços foram alcançados e também
houve impasses enfrentados pelas administrações públicas na elaboração
e, principalmente, ao implementar os princípios constitucionais. São
necessários aperfeiçoamento e revisões permanentes nos instrumentos
de regulação do solo urbano.

Contextualização histórica
Para um melhor entendimento, vamos voltar um pouco no tempo
para acompanhar a trajetória dos instrumentos de planejamento no Brasil.
Identifica-se que o debate remonta à década de 1970, em que o país vivia
o chamado “período desenvolvimentista”, iniciado por volta da segunda
metade dos anos 1950, quando se intensificou, significativamente,
a concentração populacional nas áreas urbanas, acumulando
problemas e desigualdades sociais, geradas pela atratividade exercida
pela industrialização, provocando insatisfações da sociedade civil,
principalmente dos movimentos sociais pela moradia, culminando com
Projeto Arquitetônico Escolar 45

a realização, em 1963, do Seminário Nacional de Habitação e Reforma


Urbana (FERREIRA apud DANTAS, 2013).

Em 1985 é criado o Movimento Nacional pela Reforma Urbana


(MNRU), resultado de uma ampla mobilização dos diversos setores da
sociedade civil organizada em apoio ao processo constituinte, tendo um
papel de destaque na elaboração e aprovação do capítulo da Política
Urbana, liderando a proposta de Emenda Popular ao projeto de lei em
discussão e, posteriormente, na elaboração das constituições estaduais,
leis orgânicas municipais e planos diretores (DANTAS, 2013).

Contar com a participação da sociedade civil na gestão pública


permite que, de forma articulada, as pessoas sejam ativas no planejamento
e, reivindiquem, assim seus direitos.

Os planos diretores foram importantes na concretização dos


princípios e objetivos da reforma urbana, assegurados na Constituição
Federal (Art. 182). Em 1987 foi articulado o Fórum Nacional da Reforma
Urbana (FNRU), no qual foram agrupadas várias entidades representativas
dos segmentos dos movimentos sociais, organizações não governamentais
e instituições de pesquisa. O FNRU era defensor de um maior acesso
da população aos bens e serviços e a gestão democrática da cidade,
sendo incluídas na pauta de debates a questão redistributiva dos bens e
serviços públicos, a formulação de instrumentos jurídicos e urbanísticos
que viabilizassem a participação efetiva da população, principalmente, na
construção de uma nova forma de gestão que possibilitasse o exercício
pleno da cidadania (DANTAS,2013).

Desta forma, entende-se que a CF de 1988 e o Estatuto da Cidade


estabelecem as diretrizes para o planejamento e desenvolvimento urbano
no Brasil. E os planos diretores são poderosos instrumentos que visam
solucionar os principais problemas urbanos.

O estatuto da Cidade traz uma série de inovações para a gestão


urbana, especialmente, as relacionadas à ampliação da abrangência dos
Planos Diretores e o alcance dos princípios que norteiam a sua função,
atualmente, mais voltados para fazer cumprir a função social da cidade e
da propriedade (DANTAS, 2013).
46 Projeto Arquitetônico Escolar

Com o intuito de promover a expansão imobiliária, foram instituídos


a Transferência do Direito de Construir e Outorga Onerosa do Direito de
Construir, ambos estabelecidos na Lei n° 10.257/2001 – Estatuto da Cidade.

A transferência do direito de construir confere ao proprietário a


possibilidade de usar o seu potencial construtivo em outro lote ou vendê-
lo a outro proprietário. Deve ser usado em áreas onde o Poder Público
tenha interesse em manter a densidade baixa.

Caso o município considere adequado o uso da Transferência do


Direito de Construir, as áreas precisam estar definidas no Plano Diretor,
determinando para onde os proprietários podem transferir o potencial
construtivo e que áreas estão aptas a receber esse potencial.

Também é importante definir as equivalências entre os setores


da cidade, áreas economicamente menos valorizadas não podem
simplesmente ser transferidas para zonas mais valorizadas, pois haveria
um coeficiente de redução para esta transferência, originando-se assim o
uso inadequado do instrumento.

Já a Outorga Onerosa do Direito de Construir (OODC) é uma


concessão emitida pelo poder público para que o proprietário construa
acima do coeficiente básico, determinado pelo Plano Diretor, mediante o
pagamento de uma contrapartida financeira. Para o cálculo dessa Outorga
é utilizado o Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB). Devido à
utilização do CUB com referência, existe uma falha no quesito conceitual
e social, pois o CUB é o mesmo para todo um município, desconsiderando
assim as situações sociais e o contexto onde a obra pretende se instalar.
Conclui-se então que a utilização do CUB é prática e direta, no entanto,
distorce o mercado, pois faz o nivelamento para baixo, em relação ao
valor aquisitivo do solo.

Com o uso dessas inovações foram criados dispositivos capazes


de atuar sobre a especulação imobiliária e instrumentos que permitem
separar o direito de propriedade da potencialidade construtiva dos
terremos, atribuídos pela legislação urbana por meio de parâmetros
urbanísticos.
Projeto Arquitetônico Escolar 47

SAIBA MAIS:

No site a seguir é possível acessar o CUB de vários estados


brasileiros. Disponível clicando aqui.

Legislação para construção de escolas


O Projeto de Lei nº 2489/2019 estabelece os padrões mínimos
de edificação para escolas do ensino básico. Pela proposta, caberá à
União estabelecer, em colaboração com estados, municípios e o Distrito
Federal, os padrões mínimos das edificações, conforme critérios técnicos,
pedagógicos e de segurança.

A definição dos padrões contará com a participação de órgãos


e entidades do poder público e da sociedade civil, responsáveis pela
elaboração e fiscalização de normas técnicas e de padrões de qualidade
e segurança das edificações, tais como o Conselho Federal de Engenharia
e Agronomia (Confea), a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

Enquanto o projeto de Lei não é aprovado para nortear ainda mais


os projetos escolares, é importante que para reformar, ampliar ou construir
um edifício escolar observe-se criteriosamente o dimensionamento dos
espaços em relação a quantitativo mínimo de sanitários, tamanho mínimo
das salas de aulas, levando em consideração o número de alunos por
sala. Requisito de suma importância também são as questões relacionada
à segurança dos usuários referente à saída de emergência, largura de
escadas e circulações. Também não podemos deixar de citar a NBR
9050/2015 que trata da acessibilidade para garantir o ir e vir de todos,
e que passou recentemente por mudanças, necessitando ser observada
com rigor. Como profissional contratado, você deve estar familiarizado
com todas as exigências legais para executar seu projeto escolar de
modo satisfatório.
48 Projeto Arquitetônico Escolar

Figura 18 - Dimensionamento adequado de corredores de acesso

Fonte: Pixabay

Figura 19 - Acessibilidade garantida em todos os espaços

Fonte: Pixabay
Projeto Arquitetônico Escolar 49

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desse capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
sobre os parâmetros urbanísticos que devemos observar
para desenvolvermos um projeto que são definidos de
acordo com o Plano Diretor da cidade e relativos à zona
em que o terreno se localiza. Também se familiarizou com
a legislação que deve ser observada para implantar um
projeto, no qual a legislação relativa a ele seja plenamente
atendida.
50 Projeto Arquitetônico Escolar

REFERÊNCIAS
DANTAS, J. A. C. Parâmetros urbanísticos na regulação e
uso e ocupação do solo: estudo da densidade e do coeficiente de
aproveitamento nos Planos Diretores de Natal de 1994 e 2007. 2013. 122p.
Dissertação – (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). Programa de pós-
graduação em arquitetura e urbanismo. UFRN, Natal, 2013. Disponível
em: https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/12401/1/
ParametrosUrban%C3%ADsticosRegulacao_Dantas_2013.pdf. Acesso em:
10 jul. 2021.

FERREIRA, A. F.; CORRÊA, M. E. P.; MELLO, M. G. de. Arquitetura


Escolar Paulista: Restauro. São Paulo: FDE, 1998.

FERREIRA, A. de F.; MELLO, M. G. de. Arquitetura escolar paulista:


anos 1950 e 1960. São Paulo: FDE, 2006.

MENEZES, E. T. de. Verbete projeto pedagógico.  Dicionário


Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix
Editora, 2001. Disponível em: https://www.educabrasil.com.br/projeto-
pedagogico/. Acesso em: 7 jul. 2021.

KOWALTOWSKI, D. C. C. Arquitetura escolar: São Paulo: Oficina de


textos, 2011.

ROWE, P. G. Modernity and housing. Cambridge: MIT Press, 1995.

Vieira, A. l. M. Currículo e arquitetura escolar. Curitiba: CRV, 2015.

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