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Fundamentos da

Construção Civil
Unidade 3
Processos Construtivos
Inovadores e Sustentáveis
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
GISELE MEDINA
AUTORIA
Gisele Medina
Olá! Meu nome é Gisele Medina. Sou formada na área de Construção
Civil e pós-graduada nas áreas de Educação e Meio Ambiente, com
experiência técnico-profissional de mais de 13 anos na área de educação.
Atuei em empresas como a Secretária de Educação do Estado do Paraná
e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, entre outras instituições
de ensino. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de se apresentar um
de uma nova novo conceito;
competência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando necessária as observações
observações ou escritas tiveram que
complementações ser priorizadas para
para o seu você;
conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a
bibliográficas necessidade de
e links para chamar a atenção
aprofundamento do sobre algo a ser
seu conhecimento; refletido ou discutido
sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso acessar quando for preciso
um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das
assistir vídeos, ler últimas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando uma
atividade de competência for
autoaprendizagem concluída e questões
for aplicada; forem explicadas;
SUMÁRIO
Processos construtivos globais e inovadores.................................................12

Processo construtivo – Ligth steel framing.................................................................. 12

Histórico............................................................................................................................... 13

Processo construtivo em poliestireno expandido (EPS) – Painéis


monolíticos............................................................................................................................................ 16

Containers.............................................................................................................................................. 18

Tijolo ecológico................................................................................................................................. 19

Materiais alternativos e inovadores da construção civil........................... 23

Análise técnica de produtos inovadores na indústria da construção civil


brasileira..................................................................................................................................................23

A área e os produtos de edificações avançados no Brasil.............24

A análise de produtos inovadores e a legislação de


desempenho....................................................................................................................25

Materiais provenientes da natureza com propriedades de isolamento


térmico.....................................................................................................................................................26

Junco......................................................................................................................................27

Bagaço de cana.............................................................................................................27

Fibra de folhas de abacaxi.....................................................................................27

Casca de arroz.................................................................................................................28

Girassol.................................................................................................................................29

Palha.......................................................................................................................................29
Fibra da palma de óleo............................................................................................ 30

Casca de pinheiro........................................................................................................ 30

Sabugo de milho.......................................................................................................... 30

Fibra de basalto.............................................................................................................. 31

A Sustentabilidade no Canteiro de Obras .......................................................33

Investigação de processos construtivos sustentáveis ........................................33

Desenvolvimento sustentável na construção civil..................................................34

Produtividade mais limpa...........................................................................................................37

Definição..............................................................................................................................37

Parâmetros de favoritismo das viabilidades de Produção mais


Limpa.................................................................................................................................... 39

Plano de sucessão.......................................................................................................42

Processos Construtivos Tradicionais versus Inovadores .......................... 44

Uma comparação entre o sistema construtivo wood frame e a alvenaria


tradicional...............................................................................................................................................44

Sistema construtivo tradicional...........................................................................45

Sistema construtivo wood frame .................................................................... 46


Fundamentos da Construção Civil 9

03
UNIDADE
10 Fundamentos da Construção Civil

INTRODUÇÃO
Aqui você vai compreender um pouco sobre as metodologias
universais e inovadoras da área da construção civil. Apesar da
predominância das construções do nosso Brasil ainda ser de alvenaria
convencional, a própria utilização do concreto armado ainda é a mais
comum nas edificações. A cada dia que passa, as construtoras têm
investido em novos materiais e em processos construtivos que prometem
otimização de tempo nos canteiros de obras. Além disso, as organizações
que disponibilizam inovações tecnológicas, tanto em sua prestação de
serviços como em desenvolvimento de produtos, firmam propósitos de
comprometimento consciente com o meio ambiente. Isso contribui de
forma bastante assertiva no que se refere à concorrência no mercado
nacional e internacional. Não menos importante, parte da população
brasileira demonstra em suas escolhas de consumo uma considerável
relevância nos assuntos relacionados ao cuidado com o meio ambiente.
Sendo assim, a construção civil vem buscando alternativas limpas e
benéficas ao se tratar da exploração dos recursos naturais do nosso
planeta. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva, você vai mergulhar
neste universo!
Fundamentos da Construção Civil 11

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vinda (o). Nosso propósito é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término
desta etapa de estudos:

1. Entender os conceitos de inovação e sustentabilidade aplicados


à construção civil, contextualizando-os em alguns processos
construtivos globais.

2. Identificar os materiais alternativos utilizados nas construções


sustentáveis.

3. Compreender a importância da adoção de processos construtivos


sustentáveis.

4. Comparar os processos construtivos convencionais e os processos


construtivos inovadores e sustentáveis.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
12 Fundamentos da Construção Civil

Processos construtivos globais e


inovadores
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você estará apto em


determinadas metodologias construtivas, que, por sua vez,
possuem real intenção de tornar o canteiro de obras mais
organizado e reduzir o desperdício de materiais. Dessa
maneira sustentável, contribui-se para que as edificações
venham a se tornar interessantes do ponto de vista
ambiental. E, então? Motivado(a) para desenvolver esta
competência? Então vamos lá. Avante!

Processo construtivo – Ligth steel framing


De acordo com Freitas e Crasto (2006), o light steel framing (LSF)
é um processo construtivo oriundo da indústria com conceito racional.
Ele é composto de perfis de aço que receberam tratamento galvânico
associado entre si, constituindo uma armação estrutural que possui o
objetivo de suportar todas as forças que são exigidas pela estrutura e
conferir formato a esta. Atuando em consonância com outros subsistemas,
assegura todas as exigências de funcionalidade da construção.

Segundo Valim (2014), para um melhor entendimento do que é o


sistema ligth steel framing, analisa-se o drywall, que possui aplicação
bem maior dentro do setor da construção no Brasil como paredes internas,
ocupando o lugar das paredes em alvenaria. No entanto, conforme
Jardim e Campos (2005), a similaridade só vai até aí. Mesmo que os dois
procedimentos sejam constituídos por chapas em perfis de baixo peso
de aço galvanizado, os dimensionamentos das espessuras ditas nominais
são maiores no ligth steel framing, quando comparados ao drywall. Ainda,
o acabamento zincado faz com que o LSF, diferentemente do drywall,
tenha a possibilidade de resistir às forças da edificação, criando um
conjunto estrutural.
Fundamentos da Construção Civil 13

Na perspectiva estrutural, Rodrigues (2006) salienta que a definição


primordial do projeto, de acordo com o sistema ligth steel framing, é
segmentar à estrutura de diversos itens estruturais, de forma que cada
um tenha firmeza a uma pequena quantidade do somatório de força
aplicada. Desse modo, existe a possibilidade da utilização de perfis mais
finos e painéis de baixo peso e simples de serem manipulados.

De acordo com Valim (2014), pelo fato de se referir a um sistema


recente no mercado brasileiro, diversos estudiosos creem que, no uso do
ligth steel framing, as construções não retratam uma arquitetura igual às
realizadas a partir do processo tradicional. Para o autor, uma construção em
LSF possui os mesmos traços, na ótica arquitetônica, quando associada a
qualquer outro processo de construção.

Histórico
Segundo Valim (2014), mesmo que seja classificado como um
processo recém-chegado na área da construção civil no Brasil, o ligth steel
framing já é empregado há muito tempo de maneira expressiva em outros
países, como o Japão e os Estados Unidos. O processo originou-se nas
edificações de madeira executadas pelos colonizadores americanos no
começo do Século XIX. Para acolher ao enorme crescimento populacional
daquele momento, foi preciso utilizar o material disponível naquele local,
ou seja, a madeira, para a edificação.

De acordo com Valim (2014), as residências eram compostas por


um esqueleto formado por elementos de madeira serrada de baixo
dimensionamento na seção transversal. Essas edificações em madeira
foram chamadas de wood frame e se tornaram o processo construtivo mais
corriqueiro naquele momento nos Estados Unidos. Esse novo método da
época englobava tanto a facilidade como a rapidez e produção, definições
advindas da Revolução Industrial (CONSULSTEEL, 2002).

Conforme Jardim e Campos (2005), com o considerável


crescimento do setor do aço, as indústrias americanas dessa atividade
foram disponibilizando aço de diferentes dimensionamentos, diminuindo
as espessuras e aumentando a sua resistência à oxidação. Dava-se início à
tecnologia dos aços revestidos com camada de zinco bastante fina.
14 Fundamentos da Construção Civil

Segundo Crastro (2005), no ano de 1933, em um evento, mais


precisamente na Feira Mundial da cidade de Chicago, aconteceu a
exposição do protótipo de uma construção em ligth steel framing, que
permitiu a modificação da estrutura de madeira por perfis de aço. O setor
do aço passou a adquirir espaço no interior dos Estados Unidos. A autora
enfatiza que o desenvolvimento da economia americana e a afluência
na produção do aço à época, depois da Segunda Grande Guerra,
promoveram o crescimento na produtividade de perfis gerados a frio, e
a utilização dos perfis de aço em lugar dos de madeira foi benéfica por
causa da maior resistência e eficácia da estrutura do aço e a eficiência
estrutural de suportar intempéries naturais, como os abalos sísmicos.

De acordo com Jardim e Campos (2005), essa troca passou a ser


ainda maior no começo dos anos de 1990, momento em que se evidenciou
por duas situações importantes para o desenvolvimento das edificações
em ligth steel framing na nação americana: a oscilação no preço e a
qualidade da madeira utilizada na construção civil. Conforme os autores,
a ocorrência do Furacão Andrew, na região da costa leste americana
em 1992, causou estrago em uma enorme quantidade das construções
daquele local, contribuindo bastante para esse desenvolvimento. Isso
porque, após esse acontecimento, as empresas seguradoras elevaram
as taxas nas edificações em wood framing, que apresentam menores
resistências a esse tipo de sinistro, e diminuíram as taxas das construções
de ligth steel framing. Em vista disso, houve um grande incentivo ao
crescimento e à prática dessa tecnologia.

Crasto (2005) relata que, em decorrência dos bombardeamentos


à nação japonesa, diversas edificações precisaram ser construídas
novamente. No entanto, a madeira que servia como o material mais
utilizado na estrutura das residências tinha sido vetada pelas autoridades
japonesas, por causa do agravamento de incêndios no momento dos
ataques. Além disso, existia uma enorme atenção ao meio ambiente a fim
de preservar seus recursos naturais.

De acordo com Valim (2014), visando essas reduções, o setor de aço


japonês passou a fabricar perfis de baixo peso de aço para a construção
civil em lugar da madeira. Atualmente, como decorrência dessa situação,
Fundamentos da Construção Civil 15

o Japão é um mercado significativamente desenvolvido quando se fala


em edificações com esse processo construtivo.

Para Valim (2014), ao se tratar do mercado brasileiro, o ligth steel


framing é uma tecnologia com pouca aplicação. A concepção brasileira
considerada convencional, que ainda prioriza bastante a edificação
artesanal, representada pela execução do concreto armado com paredes
de vedação realizadas em alvenaria, impossibilita um alcance maior
desse processo na área da construção civil. Todavia, ele vem crescendo
acanhado, começando com uma expressiva força no início do Século XXI,
no momento em que as construtoras adotaram esse processo tecnológico
e começaram a realizar construções com esse sistema.

Segundo Valim (2014), o Brasil ainda não tem uma legislação


aprovada para esse tipo de processo construtivo, mas essa situação vem
progredindo significativamente nos últimos tempos. O autor relata que
o Centro Brasileiro de Construção em Aço (CBCA) foi bastante relevante
nesse progresso. De acordo com Jardim e Campos (2005), a partir de julho
de 2003, o CBCA, simbolizando o ramo siderúrgico, ao lado do Sindicato
da indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-
SP), concebeu e validou na Caixa Econômica Federal (CEF) uma cartilha
chamada Steel Framing, com exigências mínimas para subsídios pela CEF
para todo o território nacional, com o propósito de fiscalizar a maneira de
edificação desse sistema.

Para Valim (2014), com a aplicação cada vez maior do ligth steel
framing, esse contexto já não é mais o mesmo. Atualmente, todas as
edificações providas de avanços tecnológicas custeadas pela CEF
precisam respeitar o Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos
Inovadores (SINAT), instaurado em 2007. A intenção é a compatibilização
de metodologias para análise técnica de produtos e procedimentos
inovadores da área da construção civil brasileira, em que produtos
classificados como inovadores são aqueles que não têm norma técnica
no Brasil para investigação de desempenho. O SINAT tem uma diretiva de
análise específica para a edificação em ligth steel framing.

Conforme Valim (2014), sua aplicação na construção civil do Brasil


ainda é prevalecente em edificações de padrão acima de médio, mesmo
16 Fundamentos da Construção Civil

que o sistema ligth steel framing já tenha sido executado em construções


consideradas de baixo padrão, a exemplo das casas populares que
faziam parte do programa de governo Minha Casa Minha Vida. Para o
autor, o processo construtivo tem sido empregado em obras escolares,
hospitalares, comércios e até mesmo em baixos edifícios. Nas palavras
de Santiago (2008), uma utilização para o ligth steel framing corriqueira
em diversos países do planeta, mas ainda pouco disseminada no Brasil, é
como item de vedação vertical de fachadas de edificações com estrutura
tradicional de aço ou então de concreto. Conforme o autor, nosso país
possui total possibilidade de produzir a matéria-prima básica para a
construção com o processo construtivo ligth steel framing. Ainda é preciso
uma melhoria na capacitação dos profissionais atuantes quando o cenário
são construções em aço. E, especialmente, uma adaptação ao jeito
construtivo brasileiro com base em materiais sólidos e não racionalizados.

Processo construtivo em poliestireno


expandido (EPS) – Painéis monolíticos
Segundo Vechiato (2017), esse processo construtivo foi criado pela
Monolite no começo de 1980, na Itália, e veio para o território brasileiro em
1990. É um processo construtivo constituído por painéis de poliestireno
expandido, fortalecido por malha de aço, recebendo acabamento em
concreto e/ou argamassa, e empregado nos canteiros de obras, onde se
finalizam as fases construtivas. A autora diz que é um processo construtivo
conceituado como resistente a abalos sísmicos, com propriedades de
isolamento térmico-acústico e possibilidade de executar construções de
diversos pavimentos, sem a necessidade de determinados elementos,
como vigas, abrangendo projetos de arquitetura dos mais básicos aos
mais luxuosos.

De acordo com Vechiato (2017), a variedades de chapas de EPS produzidas


são disponíveis nos formatos ondulado, retangular ou duplo, conforme os
critérios estabelecidos em projeto. São denominados como painéis:

•• Paredes divisórias.

•• Simples.
Fundamentos da Construção Civil 17

•• Duplo.

•• Piso.

•• Escada.

•• Especial.

Segundo Vechiato (2017), o elemento construtivo denominado


painel parede divisória é uma espécie de chapa básica empregada em
edificações de até quatro pavimentos, composta por estrutura portante
e argamassa estrutural nas duas faces. Conta com a possibilidade de
aplicação em vedação de paredes internas e externas em construções
industriais e comerciais de volumosas dimensões. Já o painel simples é
utilizado em obras já finalizadas, servindo como painel isolante tanto em
paredes internas quanto externas da edificação. Sua aplicação propicia
mais confortabilidade aos usuários e melhoria na função energética e
econômica.

Informa Vechiato (2017) que o painel duplo é composto por duas


chapas simples, soltas uma da outra, conforme a exigência estrutural,
unificadas por acopladores de aço com bastante resistência. Entre estes,
existe ainda a possibilidade da colocação de armadura complementar, se
houver a necessidade, e de enchimento interno com concreto, atingindo,
dessa maneira, uma estrutura que oportuniza realizar construções de
diversos pavimentos.

De acordo com Vechiato (2017), o painel piso possibilita incluir


barras de aço complementares em vãos predispostos por canal pequeno,
aplicadas em cobertura de tetos e lajes. A autora enfatiza que, no painel
escada, são adicionadas armaduras em passagem já presente, com a
possibilidade de serem aplicadas em escadas de no máximo seis metros
de vão independente. Ao se tratar do painel especial:
Há a inserção de materiais isolantes, como cortiça e lã
de rocha, no EPS para aumentar a sua capacidade de
isolamento térmico e acústico, além de também ser
possível a aplicação de armadura dupla eletro soldada em
cada face do EPS, para que o mesmo resista às pressões
horizontais. (VECHIATO, 2017, p. 21)
18 Fundamentos da Construção Civil

Segundo Vechiato (2017), as fases construtivas dessa técnica


inovadora são semelhantes com às da metodologia tradicional. Contudo,
exibem layout do canteiro de obra mais despoluído e arrumado, maior
presteza na realização de cada fase e minimização dos resíduos.

Containers
De acordo com Barbosa et al. (2019), container é um baú de formato
normalmente retangular, constituído por chapas de metal bastante
resistente. São compostas por material não biodegradável, isto é, são
empregados aço, alumínio ou algum tipo de fibra em sua composição.
Segundo os autores, o seu principal objetivo era conduzir carregamentos
em navios e trens, alcançando, dessa maneira, uma grande economia
com a minimização do tempo nas sistematizações.

Enfatizam Barbosa et al. (2019) quem em torno de 10 anos de


utilização desse tipo de material, este precisa ser trocado, devido à
legislação. Portanto, o container deixa de ser utilizado como traslado e seus
componentes são encaminhados para uma destinação apropriada. Dessa
forma, o material que seria descartado passa a ser aplicado em outras
situações. No ramo da construção civil, os containers são reaproveitados
para inserção de novos imóveis, como moradia e comércios, no intuito de
minimizar custos e contribuir para o meio ambiente.

Para Barbosa et al. (2019), é relevante evidenciar que, para


o reaproveitamento desses containers, é preciso que passem por
procedimentos químicos. Assim, o container vai para um processo de
retirada de contaminações para tornar-se adequado à habitação. São
caixas com configuração retangular concebidas em aço, utilizadas
para transportar produtos. Foram elaboradas por Malcom Mclean para
carregar cargas por causa da enorme perda que acontecia pelo modelo
de carregamento da época. Ele avistou a necessidade de conceber algo
que tivesse mais eficiência para minimizar o desperdício de mercadorias
no transporte.

Segundo Barbosa et al. (2019), no decorrer do tempo e do


crescimento em todos os setores por ser um elemento bastante usado e
Fundamentos da Construção Civil 19

com um gasto baixo para fabricar, não era interessante realizar o retorno
desses equipamentos. Logo, era mais viável financeiramente fabricar
novos. Tendo em vista a urgência de se construir novos abrigos nos
cenários de catástrofes naturais, por consequência, iniciaram a utilização
de containers como residências. Atualmente, já estão sendo utilizados
em grandes projetos na construção civil por serem resistente, baratos,
ágeis e, especialmente, por não se fazer uso de recursos provenientes da
natureza, configurando um processo sustentável.

De acordo com Barbosa et al. (2019), a edificação em container


representa um canteiro de obra mais organizado com minimização
de entulho e outros materiais, e agilidade na construção, já que leva
normalmente entre 60 e 90 dias para ser concluído. O autor menciona
que existem diversos tipos de containers, o que irá estabelecer o modelo
a ser usado é a necessidade de utilização. Geralmente, os mais usuais
na construção civil são os de padrão dry de 20 e 40 pés. É de extrema
relevância verificar a placa de identificação do container, na qual se
encontram o tipo, o local que foi produzido, a data de fabricação, entre
outras informações importantes.

Para Barbosa et al. (2019), um dos grandes benefícios do emprego


de container no setor da construção civil, bem como a reutilização desse
material que seria desprezado, prejudicando o ecossistema por se tratar
de um equipamento não biodegradável, é que se trata de um elemento
muito resistente, já que possui uma estrutura bastante forte e segura.
Por isso, existe a possibilidade de ser edificada uma residência de até
nove pavimentos com uma carga de 25 toneladas em cada pavimento.
O autor menciona como uma desvantagem da utilização de container na
construção civil a obrigação da compreensão de todas as legislações para
a realização desse processo construtivo. Sendo assim, faz-se necessário
possuir mão de obra qualificada, além do enquadramento do terreno no
trabalho do guindaste para locomover os containers.

Tijolo ecológico
De acordo com Furukawa e Carvalho (2011), também denominado
como tijolo de solo-cimento, ele tem em sua constituição: aglomerante,
20 Fundamentos da Construção Civil

água e terra. É caracterizado como um produto mais ecológico, já que


a sua fabricação não utiliza queima de madeiramento, como é feito na
produção de blocos cerâmicos. Sua fabricação é executada por meio
de prensa hidráulica. Segundo os autores, o consumo de recursos
provenientes da natureza é nulo, tornando-o assim um produto de mínimo
impacto ambiental. O tijolo ecológico é bastante eficiente na construção
de alvenarias, inclusive as da parte externa mesmo sendo estruturais, já
que após a secagem alcançam uma elevada resistência e significativas
propriedades acústicas.

Segundo Vieira e Tavares (2019), recentemente, os tijolos ecológicos


se tornaram de fácil acesso, sendo disponibilizados no mercado da
construção civil e contando com vários formatos e dimensões. Esses
produtos apresentam ressaltos e rebaixos, possibilitando, dessa maneira,
o adequado encaixe entre eles. O processo de encaixe entre os blocos
precisa somente de uma pequena quantidade de cola branca. Não se faz
necessária a utilização de argamassa. Portanto, minimiza-se em até 50% o
tempo de realização da obra. Os serviços elétricos e hidráulicos em uma
edificação que utiliza esse tipo de produto são beneficiados devido aos
furos nos blocos.

Alguns benefícios do tijolo ecológico para as edificações, de acordo


com Santos et al. (2009), são:

•• Pode ser usado o próprio produto à vista, ficando uma finalização


harmoniosa;

•• Desconsidera a utilização de madeira, já que elementos como


vigas e pilares são executados no interior da própria peça;

•• Em caso de escolha do uso de argamassa para reboco, é


preciso uma quantidade menor de cimento se comparada com
a forma tradicional. Sendo assim, a camada adequada poderá ser
extremamente fina;

•• Os blocos apresentam aberturas em seu interior, locais em que


são geradas câmaras de ar, viabilizando o isolamento acústico;

•• Propriedades que favorecem o isolamento térmico;


Fundamentos da Construção Civil 21

•• Os processos que envolvem a elétrica e a hidráulica são executados


por meio das aberturas dos blocos.

De acordo com Pisani (2005), esse tipo de tijolos está disponível em


diversas medidas e formatos, e sua seleção é realizada conforme o projeto
a ser efetuado. Aparece nos modelos sólidos ou com furos, e é provido ou
desprovido de canaletas. O autor enfatiza que o tijolo ecológico dispõe de
matéria-prima farta no mundo todo, por ser simplesmente de terra crua.

Ao se tratar das desvantagens do tijolo ecológico, Kleindienst (2016)


salienta, referenciando ao seu peso, que:

•• Uma vez que a edificação seja um sobrado, é necessário ter o


cuidado de executar parede sobre parede;

•• Maiores vãos e vigas em balanço não são recomendáveis;

•• O poder de absorção da umidade é maior ao ser comparado com


os tijolos convencionais, por isso, a necessidade de melhorar a
impermeabilização;

.Pelo fato de caracterizar-se como alvenaria estrutural, fica restrita a


retirada de paredes existentes e também a abertura de vão não existente;

•• Evidenciar as particularidades nos serviços que envolvem a


elétrica e a hidráulica é imprescindível. Esse cuidado prevenirá
possíveis modificações no momento da realização da obra, erros
como locais inapropriados de interruptores, impedindo estragos e
consertos futuros;

•• Quando as paredes forem de tijolos à vista, se houver a necessidade


de realizar algum tipo de reparo, é praticamente inevitável não
ficar realçado que foi realizado o conserto. É imprescindível que a
substituição dos tijolos seja com a mesma tonalidade, e isso é um
pouco difícil.
22 Fundamentos da Construção Civil

RESUMINDO

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. A construção civil dentro
do contexto brasileiro, em considerável parte, ainda é
realizada a partir de processos arcaicos, majoritariamente
manuais, o que gera um enorme esbanjamento de material,
originando maior volume de resíduos. Refletindo sobre esse
problema, surgem no mercado da construção civil novas
tecnologias desenvolvidas com o objetivo de melhorar
as edificações atuais. Você deve ter aprendido que esse
é o caso do sistema construtivo ligth steel framing, que,
conforme nossos estudos, possui diversos benefícios, mas
também alguns empecilhos. Outro processo abordado foi a
aplicação de painéis monolíticos, que traz como elemento
principal de sua composição o poliestireno expandido (EPS),
o qual possui características interessantes do ponto de vista
de conforto termoacústico. Vimos, ainda, os containers e
o processo construtivo que realiza seu reaproveitamento,
visto que poderiam prejudicar ainda mais o meio ambiente
ao serem descartados, quando já não considerados
adequados para utilização na área industrial em setores
diferentes da construção civil.
Fundamentos da Construção Civil 23

Materiais alternativos e inovadores da


construção civil
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de identificar


alguns dos materiais de construção considerados singulares
e modernos, que podem ser aplicados em reformas
ou novas construções. Estes possuem características
fundamentais inofensivas em seu processo de produção
ou de extração proveniente da natureza no que se refere
aos impactos ambientais. E, então? Motivado(a) para
desenvolver esta competência? Então, vamos lá. Avante!

Análise técnica de produtos inovadores na


indústria da construção civil brasileira
De acordo com Amâncio et al. (2012), no final da década de 1980 e
em um cenário competitivo, as pessoas ligadas à construção civil no Brasil
verificaram que o desenvolvimento do ramo estava na dependência do
engajamento dos profissionais com atributos e competência para produzir
com rendimento e avanço tecnológico. Assim, determinados conceitos
descrevem uma conjuntura ao progresso no ramo da construção.

Segundo Amâncio et al. (2012), avanço tecnológico representa a


movimentação inovativa que progride por meio de possíveis produções
organizacionais. Em outro panorama, é evidente que o projeto técnico e o
cenário social necessitam de se juntar para criar um avanço de sucesso.
Conforme Franklin e Amaral (2008), são elementos como ambientes,
aplicação prática do entendimento técnico, sistematização e indivíduo,
que viabilizam o crescimento e a atuação de avanços tecnológicos. A
definição de produtos novos empregados na atividade e de organização
e procedimentos construtivos não tem legislações técnicas brasileiras
adequadas, de caráter estabelecido.

Salientam Amâncio et al. (2012), que, no Brasil, a instituição incumbida


pela análise técnica de produtos de construção civil modernos é o
24 Fundamentos da Construção Civil

Sistema Nacional de Avaliação Técnica de Produtos Inovadores (SINAT),


que está ligado ao Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade
do Habitat (PBQP-H), que, por sua vez, está sob controle do Ministério
dos Municípios. Para abordar e colaborar com sugestões de incentivo ao
SINAT, relatam Amâncio et al. (2012), que se encontrava em trânsito um
projeto de investigação constituído por onze organizações do Brasil em
concordância com a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).

Aquele projeto, segundo os autores é arquitetado, por meio da


rede INOVATEC-FINEP, para progressão de sistemas e metodologias
de investigação do funcionamento de avanços tecnológicos na esfera
do SINAT. Sua incumbência é estabelecer parâmetros de performance
e processos de análises referentes à longevidade e à vida útil, à
funcionalidade térmica e acústica, à ação ambiental e ao comportamento
da estrutura do elemento e processos construtivos modernos, assim
como propiciar melhorias na organização de investigação e permissão de
documentação de análise técnicas (DATecs).

Enfatizam Amâncio et al. (2012) que o objetivo do projeto é patrocinar


prováveis diretivas SINAT, incorporado no PBQP-H, colaborando com os
mecanismos do SINAT guiados pela recente Norma de Desempenho
de Edificações Habitacionais, que, conforme os autores, estavam em
reexame e tinham seu prazo de cumprimento para o primeiro trimestre
do ano de 2013.

A área e os produtos de edificações avançados no


Brasil
Para Amâncio et al. (2012), o campo da construção civil é composto
por diversas tarefas que têm diferentes níveis de complexidade, relativas
a elementos variados e com metodologias tecnológicas múltiplas que se
adaptam a diversos tipos de diligência. O ramo abrange desde grandes
polos industriais, como cimenteiras, siderúrgicas e indústria química, até
uma gama de empresas menores responsáveis por atividades de pouco
conteúdo que envolvem tecnologia.
Fundamentos da Construção Civil 25

De acordo com Amâncio et al. (2012), é possível dizer que um dos


atributos significativos da área da construção civil é a disparidade, modo
que acentua a evolução e a inserção de produtos modernos em uma
heterogeneidade de aspectos dentro da área. O início e o prolongamento
do avanço na construção civil se diferenciam de outros setores
industriais, já que é um ramo dependente do meio físico da edificação, da
sistematização da economia, da sociedade e do cenário cultural do qual
faz parte.

Sendo assim, Amâncio et al. (2012) informam que, de modo geral, a


implantação da inovação se dá de maneira demorada, ao ser comparada
a outros ramos. Ainda, junto com o avanço tecnológico, aparecem os
produtos inéditos, que, conforme o SINAT, incluem as organizações,
suborganizações, elementos, materiais e procedimentos construtivos
que não são propósito de legislações brasileiras estabelecidas e não são
habitualmente utilizados no Brasil.

Conforme Amâncio et al. (2012), os produtos inovadores são


relevantes para estimular a competitividade da construção. Porém,
a relutância à sua implantação no mercado é um obstáculo que tem a
possibilidade de ser minimizado, principalmente com o esclarecimento
dos atributos técnicos do produto, adquiridos por meio da análise técnica.

A análise de produtos inovadores e a legislação de


desempenho
De acordo com Amâncio et al. (2012), o produto inovador, como a
própria categoria recomenda, não tem instantaneamente normatizações
técnicas para certificação de desempenho. No Brasil, o estabelecimento
de diretivas e as investigações técnicas para produtos contemporâneos
é embasado na norma de desempenho NBR 15575 – Desempenho de
edificações habitacionais, que determina as condições e medidas para a
edificação residencial no geral e para os seus componentes, considerando
as necessidades dos usuários e imposições de desempenho.

Segundo Amâncio et al. (2012), geralmente as legislações de


desempenho são determinadas com base nos resultados que um produto
26 Fundamentos da Construção Civil

precisa demonstrar, não necessariamente dependente dos materiais


integrantes no momento em que são expostos a algumas condições de
utilização. A definição de desempenho é ampla, já que está relacionada,
sobretudo, às necessidades do usuário. Dessa forma, a interpretação
das exigências dos usuários em condições e parâmetros (segurança,
comodidade, funcionalidade etc.) que tenham a possibilidade de ser
estimados de forma simples é uma situação problemática da norma.

De qualquer maneira, essa espécie de obstáculo pode ser


solucionada por meio do ajustamento dos parâmetros técnicos
antecipadamente estabelecidos por instituições competentes. No
entanto, a NBR 15575, segundo Amâncio et al. (2012), estava passando por
um sistema de reexame, abrangendo não apenas a Comissão de Estudos
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas também
diversas equipes de trabalho, colaborando com segmentos peculiares da
norma, como os relativos à performance acústica. Os autores comentam
que esse reexame adentraria em consulta pública e que, possivelmente
em 2013, os parâmetros recomendados já estariam incluídos.

Materiais provenientes da natureza com


propriedades de isolamento térmico
Segundo Spinelli (2019), uma grande quantidade de materiais
naturais e de constituição remanescente de produção na lavoura vem
sendo investigada em pesquisas, para análise das possibilidades de
emprego na construção civil, especialmente para isolamento térmico e
conforto acústico.

De acordo com Asdrubali et al. (2015), a utilização desses produtos


é um pouco restrita e, em determinadas situações, ocorre somente em
pesquisas laboratoriais. A sustentabilidade verdadeira dos materiais de
isolamento conhecidos está associada à sua acessibilidade, por serem
empregados especialmente onde são cultivados ou confeccionados.
Fundamentos da Construção Civil 27

Junco
Segundo Asdrubali et al. (2015), o junco pode ser apontado como
o material de edificação mais primitivo aplicado para isolamento térmico,
com início na era neolítica para isolar construções em época de frio. No
Leste da Europa, é aplicado em telhados e paredes, não somente como
isolamento no interior das edificações como na parte externa, tendo a
possibilidade de receber acabamento com gesso.

Bagaço de cana
Para Asdrubali et al. (2015), o território nacional é considerado
o produtor mais elementar de cana em nível mundial, o que significa
que é responsável por aproximadamente 30% do cultivo no planeta, o
que corresponde a mais de seis milhões de toneladas colhidas. Após a
produção do açúcar e do etanol provenientes da cana, resta o bagaço,
que é empregado como biomassa na produção de energia. Os autores
salientam que existem estudos recentes indicando a aplicação no setor
da construção civil para a confecção do fibrocimento.

Segundo Spinelli (2019), as investigações citadas por Manohar et


al. (2006) no que se refere à rigidez do bagaço em sua capacidade de
conduzir energia térmica, pesquisaram modelos atribuídos por densidade
média de 100 kg/m³ na qual foi constatado o melhor resultado e uma
condutividade térmica de 0,046 W/m.K. De acordo com PanyakaeW et al.
(2011 apud SPINELLI, 2019), a medida da condutividade térmica aumentou
e chegou a 0,0049 W.k utilizando um composto de densidade igual a 250
kg/m³.

Fibra de folhas de abacaxi


De acordo com Asdrubali et al. (2015), o cultivo de abacaxi é reprodutor
de resíduo, por suas folhas serem consideradas sobras. Recentemente,
estas passaram a contribuir na produção de energia (térmica), mas ainda
podem ser incineradas. Porém, essas práticas impactam negativamente o
meio ambiente, ocasionando a poluição do ar. Os autores salientam que
28 Fundamentos da Construção Civil

uma das possibilidades para a minimização desse problema pode ser a


utilização desse material na área da construção civil.

Conforme dados da Embrapa (2016), o estado do Pará é o maior


produtor de abacaxi. A produção como um todo gira em torno de um
milhão e oitocentas unidades em nosso país. Por isso, nos estudos
de Tangjuank (2011 apud SPINELLI, 2019) foram demonstradas as
características de isolamento térmico produzido por placas constituídas de
folhas de abacaxi moídas e secas. Os modelos verificados demonstraram
os seguintes resultados: em média 205 kg/m³ e condutividade térmica
em média de 0,039 W/m.k.
Em pesquisa desenvolvida por Kumfu et al. (2012), se
investigou a condutividade térmica a partir de uma placa
composta por fibras de abacaxi e borracha natural, com a
utilização da técnica de prensagem a quente: neste caso,
a amostra com densidade de 338 kg/m³ apresentou uma
condutividade térmica de 0,057 W/m.K (KUMFU et al.,
2012, apud ASDRUBALI et al., 2015, p. 17).

Casca de arroz
Conforme Spinelli (2019), a plantação de arroz foi estimada em 400
milhões de toneladas para o período de 2016/2017 e segundo o autor
dados da FAO indicaram que a consumação estaria na casa dos 54 kg/
pessoa. O aumento aconteceu devido ao crescimento da população
asiática e à necessidade confiante do continente africano. O autor informa
que, no Brasil, no cultivo naquele recorte de tempo poderia acontecer
um aumento de aproximadamente 9%, se comparado com a produção
anterior.

Segundo Spinelli (2019), o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro


recordista na produção de arroz, com mais de oito milhões de toneladas.
Sendo assim, a quantidade de geração de resíduos é considerável, o que
viabilizaria a concepção de materiais inovadores com potencial aplicação
na construção civil. Na pesquisa realizada por Yarbrough et al. (2005 apud
SPINELLI, 2019), foi analisada a performance de isolamento térmico de
placas de compostos fabricados com casca de arroz, que demonstraram
condutividade térmica média de 0,0515 W/m.K.
Fundamentos da Construção Civil 29

Girassol
De acordo com a Embrapa (2017), no Brasil, a produtividade de
girassol está em crescimento, especialmente para o cultivo no período da
segunda plantação denominada de safrinha. Àquela época, a expectativa
média era de 1.500 kg/ha, sendo maior quando comparada à média
universal. Investindo na qualidade de plantio, tem-se a possibilidade de
alcançar uma produtividade semelhante à da França.

Evon et al. (2014, apud SPINELLI, 2019) fabricaram um material


com aglomerado de resíduos de girassol provenientes dos processos de
refinamento, empregando-o na fabricação de uma placa de isolamento
térmico. O modelo que demonstrou melhor resultado ficou com uma
constituição muito vulnerável e condutividade térmica maior que o
padrão. E nos estudos realizados por Binici et al. (2014), houve uso de
talos de girassol para a fabricação de dois materiais isolantes, incluindo
resíduos de tecidos, os quais apresentaram condutividade térmica de
0,1642 W/m.K e 0,0728 W/m.K.

Palha
De acordo com Spinelli (2019), a palha pode ser categorizada como
um resíduo do plantio de cereais e encontra-se disponível em considerável
quantidade, a reduzido custo, em uma enorme quantia de países. Tem se
tornado um dos primeiros materiais a serem aplicados universalmente em
construções de propósito sustentável. Geralmente, a palha empregada no
setor da construção civil é proveniente da plantação de trigo.

Spinelli (2019) relatou que, nos estudos realizados por Goodhew et


al. (2005), foi medida a condutividade térmica de 0,067 W/m.K, para um
modelo fabricado com palha, apresentando uma densidade de 60 kg/m³.

Ainda fazendo a utilização de palha, Pruteanu (2010 apud SPINELLI,


2019) realizou investigações em 10 modelos de painéis, que demonstraram
condutividade térmica média de 0,061 W/m.k. Conforme constatação de
Spinelli (2019), o autor ainda abordou as pesquisas de Marcos (2015), que
apontou em seus testes com painéis à base de palha e à base de ramo de
cebola uma condutividade térmica de 0.055 W/m.K.
30 Fundamentos da Construção Civil

Fibra da palma de óleo


Borges et al. (2016 apud SPINELLI, 2019) relatam que a palma
de óleo é uma planta de espécie oleaginosa com bastante relevância
mundial, e a fabricação universal de óleo foi mensurada em mais de 62
milhões de toneladas nos anos de 2014/2015. A palma de óleo se afirma
com máxima produtividade de óleo no planeta, apresentando uma média
de 5 t/ha, ultrapassando as outras oleaginosas produzidas.

Conforme Manohar (2012 apud SPINELLI, 2019), foi mensurada uma


condutividade térmica de 0,055 W/m.K. em modelos produzidos com
fibra de palma de óleo. Enquanto que, nas pesquisas realizadas por Singh
et al. (2003 apud SPINELLI, 2019), a condutividade térmica aferida nas
amostras alcançou um valor de 0,293 W/m.K.

Casca de pinheiro
Para Spinelli (2019), a casca de pinheiro pode tornar uma escolha
interessante para a produção de material isolante. De acordo com
Marcos (2015), a casca de pinheiro da família pinheiros bravos exibiu uma
compacidade de 250 kg/m³ e, ao ser mensurada a condutividade térmica,
apontou o valor de 0,069 W/m.K. A casca foi empregada solta no recheio
do painel de investigação, desprovida de qualquer tipo de aglomerante.

Salienta Spinelli (2019) que as florestas brasileiras ocupam em


torno de sete milhões de hectares e a maior parte com plantio de pinus
e eucalipto. Conforme o autor, o cultivo é dirigido “à indústria de papel,
celulose, carvão vegetal, madeira serrada, produtos de madeira sólida e
processada além da borracha” (SPINELLI, 2019, p. 130).

Para o autor, o recolhimento da casca no instante do corte do


reflorestamento possibilita uma alternativa praticável na fabricação de
material para isolamento térmico.

Sabugo de milho
De acordo com as investigações de Spinelli (2019), a estima do
governo brasileiro para o plantio de milho nos anos 2016/2017 poderia
Fundamentos da Construção Civil 31

ultrapassar 90 milhões de toneladas, o que representou um crescimento


de aproximadamente 38%. Conforme relata o autor, o somatório de milho
e soja retrata praticamente 90% dos grãos cultivados no Brasil. Essa
magnitude de plantio fundamentaria o uso de sabugo de milho, que, em
nossos dias, é considerado um resíduo, para aplicação em isolamento
térmico.

Segundo Pinto et al. (2011 apud SPINELLI, 2019), determinadas


construções de tabiques portuguesas foram realizadas aplicando sabugo
de milho moído e terra como insumos de preenchimento nas alvenarias,
com objetivo de reutilizar esses resíduos camponeses, desprovidos do
viés de aperfeiçoar os atributos de isolamento térmico.

Pinto et al. (2011 apud SPINELLI, 2019) afirmam sobre um painel


composto por sabugo de milho moído com adicionamento de cola
utilizada em madeira, que os testes para condutividade térmica indicaram
um valor de 0,101 W/m.K, superior ao ser equiparado ao retratado por
Asdrubali et al. (2012). No entanto, nos estudos realizados por Marcos
(2015), o painel fabricado sem a inclusão de cola utilizada em madeira
exibiu um resultado de 0,058 W/m.K. no que diz respeito à condutividade
térmica, atestando o produto como possível para aplicação, apresentando
uma densidade de 130 Kg/m³.

Fibra de basalto
De acordo com Spinelli (2019), a metodologia de produção da fibra
de basalto é menos complexa do que a preparação da fibra de vidro,
tendo uma constituição mais simples, na qual o basalto derretido rola no
forno por meio de uma peça platino-ródio com orifícios, e as fibras têm a
possibilidade de serem extraídas da massa derretida sob pressionamento
hidrostático.

Conforme Spinelli (2019), ressalta-se que o procedimento da


produção da fibra de basalto é parecido ao da fibra de vidro, porém,
com baixo consumo de energia e desprovido de aditivos. A rocha de
basalto retirada é triturada e então fundida em um forno a gás, com altas
temperaturas na casa dos 1.400C°. As fibras de basalto não possuem
32 Fundamentos da Construção Civil

qualquer reação toxicológica em contato com o ar, água ou demais


produtos industriais e não possuem propriedades inflamáveis.

Segundo Spinelli (2019), as testagens realizadas retrataram


números baixos de condutividade térmica. No caso de uma compacidade
de 165 kg/m³, a aferição de condutividade térmica registrou 0.0312
W/m.K. Quando a compacidade era de aproximadamente 190 kg/m³,
a condutividade ficou em 0.0320 W/m.K. Os autores investigados por
Spinelli (2019) enfatizam que a fibra de basalto é uma troca relevante para
o amianto, consideravelmente difundido no setor da construção civil, e é
apropriada para edificações que precisam de resistências a temperaturas
elevada, por isso, pode ser utilizada como produto de segurança contra
incêndio.

RESUMINDO

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. A falta de energia ocorrida
nos últimos anos retratou a crescente relevância dos
atributos climáticos de diferentes localidades para a criação
de projetos de construções que usam técnicas construtivas
apropriadas. Aumenta inclusive a discussão quanto ao
processo produtivo dos recentes materiais aplicados
nas edificações, a saber que a área da construção civil é
responsável por grande parte da extração de recursos
naturais. Você deve ter aprendido a importância de se obter
mais conhecimento sobre materiais produzidos, utilizando-
se insumos naturais, renováveis e com avanço tecnológico,
viabilizando a eficácia energética das construções. Você
conheceu alguns materiais com potenciais de isolamento
térmico, que poderão fazer parte da constituição de
produtos para esse fim.
Fundamentos da Construção Civil 33

A Sustentabilidade no Canteiro de Obras

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de compreender


a importância da conscientização dos profissionais do
setor da construção civil quanto a questões relacionadas
aos resíduos gerados nos canteiros de obras. Os desafios
postos à frente das construtoras e a busca destas por
processos construtivos menos impactantes ao nosso
ecossistema é a realidade que perpetua o nosso dia a dia.
E, então? Motivado(a) para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

Investigação de processos construtivos


sustentáveis
Segundo Feijó et al. (2013), a área da construção civil
convencionalmente não retrata significativas transformações no método
construtivo. Nos últimos tempos, novas necessidades legislativas e a
competitividade do ramo correspondem a elementos relevantes para
a transformação nas atividades executadas. A atenção para com os
desperdícios de insumos, custos e o ecossistema se torna vigente na
modelagem da administração das construtoras que procuram manter-se
no mercado.

A definição de desenvolvimento sustentável é incentivada por uma


inédita verdade: a carência de recursos provenientes da natureza e a
incompatibilidade com relação às classes sociais. As tarefas da construção
civil possuem ligação direta com essa inédita verdade. Por esse motivo,
é imprescindível reduzir e vigiar impactos ao ecossistema e ainda aderir a
situações de trabalho apropriadas no canteiro de obra.

Conforme Feijó et al. (2013), para as construtoras permanecerem


no mercado, deve ser evidente a pretensão pelo desenvolvimento
sustentável. As motivações que fundamentam tal afirmação são diversas,
a perceber: a procura pelo bem-estar, recursos financeiros para avanços
34 Fundamentos da Construção Civil

tecnológicos, concorrência, globalização, consumidores mais conscientes,


novas legislações e, especialmente, os desastres ambientais que retratam
marcos para as transformações nas diretivas táticas organizacionais e nas
metodologias da operação.

Desenvolvimento sustentável na
construção civil
Segundo Feijó et al. (2013), uma investigação da UNEP (2010) aponta
que a sustentabilidade na área da construção civil não é somente uma
preocupação regional. Todavia, tem caráter universal, já que diversas
barreiras necessitam ser transpassadas de acordo com as informações
a seguir:

•• 1,8 bilhão de pessoas vão padecer por falta de água até o ano de
2025, especialmente nas regiões da Ásia e África;

•• 1,6 bilhão de indivíduos não têm acesso à energia elétrica;

•• Anualmente, dois milhões de pessoas perdem suas vidas


antecipadamente por causa da poluição do ar;

•• Na época atual, 1 bilhão de indivíduos residem em favelas


desprovidas de saneamento e água;

•• Uma população de milhões de pessoas se encontra em risco


devido às enchentes provocadas pelas mudanças climáticas.

De acordo com Feijó et al. (2013), a construção civil é um dos setores


de grande intervenção nas atuações sociais e econômicas. No entanto,
colabora com relevante parte para a degradação do meio ambiente.
Conforme os autores, uma análise de informações obtidas nos Estados
Unidos, de reconhecimento válido para a área da construção civil nos
outros países desenvolvidos, assinala para as seguintes referências: uso
de 30% dos insumos, aproximadamente 40% do consumo de energia, por
volta de 20% de água e 16% para o de terra.

Segundo Feijó et al. (2013), o setor participa com quase 50% da


emissão atmosférica, aproximadamente 20% dos dejetos líquidos, 5% a
Fundamentos da Construção Civil 35

mais do que estes no que se refere aos sólidos e por volta de 10% de
outras diferentes liberações.

Para os autores, esses dados retratam a importância do tema e a


urgência da procura por atitudes com o intuito de minimizar o impacto
ambiental no setor da construção civil. Florim e Quelhas (2006) discorrem
que a criação e o andamento de empreendimentos residenciais de
maneira inapropriada (projetos mal elaborados, falta de consideração
das condições do ambiente físico, investigação social e econômica
insatisfatória, falta de parâmetros para moderação, entre outras questões)
têm contribuído para casos de prejuízo ao meio ambiente na localidade
de intervenção, provocando inconvenientes à edificação e causando
impactos ambientais que vão além da área do projeto.

Conforme Pinto (1999), isso propicia a baixa na qualidade de vida


da comunidade. Para Feijó et al. (2013), a edificação da cidade rápida
e o aceleramento da saturação de cidades de portes maiores têm
causado situações adversas para a destinação de resíduos de enorme
quantidade. Estes são advindos do ramo da construção civil, de reformas
e demolições de construções e infraestrutura das cidades, adaptando as
administrações públicas a admitirem resultados mais eficientes para a
administração desses resíduos.

Ambrozewicz (2003) enfatiza que o ramo da construção civil exibe


diversas especificidades que o distingue das outras áreas da indústria.
Uma delas é que se evidencia o atributo nômade, com resistência de
estabilidade de insumos e procedimentos, elementos frequentemente
singulares e que não seguem uma série, produto fixado e trabalhadores
dinâmicos, isto é, o oposto da produtividade em série, comprometendo
a sistematização e o controle. É um ramo de atividade bastante
convencional, com muita relutância às modificações, utilização de mão
de obra praticamente sem qualificação, com poucas probabilidades de
ascensão, atividades submetidas às intempéries, empregabilidade de
particularidades complexas, normalmente antagônicas e diversas vezes
desconexas, incumbências alheias e com baixa determinação, nível de
assertividade com relação ao orçamento e prazos e atributos bastante
reduzidos em comparação com diferentes indústrias.
36 Fundamentos da Construção Civil

Segundo Feijó et al. (2013), a falta de eficácia na produção decorre em


impactos negativos ao meio ambiente e à economia, e estes prejudicam
pontualmente a competitividade das empresas e a qualidade de vida das
pessoas. Para o ramo da construção civil, em específico, esboça-se uma
inédita realidade, isto é, a procura pela permanência em um mercado
cada dia mais competitivo e minucioso, no qual a minimização de custos
por meio de uma maior eficácia do processo retrata uma significativa
distinção de mercado. De acordo os autores, a atitude de desperdiçar é
um perfil acentuado do ramo e um dos apontadores de custos de falta de
qualidade dentro das organizações.

Para Feijó et al. (2013), o desperdício se evidencia na organização


das seguintes maneiras:

•• Por causa de erros no decorrer da metodologia de produtividade,


devido à diminuição de materiais que têm possibilidade afastar-se
do canteiro de obras junto aos entulhos ou ainda ficar envolvidos
com eles para qualquer tipo de função (o entulho permanente);
a realização de atividade que já tinha sido finalizada, porém,
houve a necessidade de correção de tarefas em desacordo com
a especificação; tempo improdutivo de mão de obra e máquinas
ou equipamentos por falha no planejamento de obras; e falta de
conservação dos equipamentos.

•• No decorrer de erros nos procedimentos de gestão da organização:

•• Compras realizadas somente com foco no preço mais baixo;

•• Falha nos processos de informação e de comunicação da


construtora;

•• Política de escolha, admissão e treinamento inapropriada;

•• Prejuízos financeiros por deformidade de contrato e atrasos de


serviços na obra;

•• Retrabalho burocrático nos diversos setores da organização


por causa de erros na etapa de pós-ocupação das edificações,
devido a problemas patológicos construtivos com necessidade
de reparos custosos de manutenção, com comprometimento da
reputação da organização perante o mercado.
Fundamentos da Construção Civil 37

Para Feijó et al. (2013), o regime de proteção ao meio ambiente


da área de construção civil, na atualidade, é direcionado para a gestão
de resíduos sólidos provenientes das obras, baseado na Resolução
nº 307/2002 do CONAMA. Este compreende a seleção, mensuração,
acondicionamento e destinação adequada pelos seus constituidores,
estabelecendo o preceito do poluidor-pagador. Porém, entende-se que
o acolhimento dessa resolução não é facilitado rapidamente e, ainda,
fazem-se necessárias tecnologias que impliquem soluções financeiras.

Produtividade mais limpa


Definição
Feijó et al. (2013) informam que, com a meta de minimizar o
impacto ambiental e a utilização dos recursos provenientes da natureza,
a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial
(UNIDO) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP)
produziram um programa para a transmissão das técnicas de Produção
mais Limpa (P+L) no planeta. Em nosso país, em 1995, foi fundado o Centro
Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), com sede na Federação das
Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS).

De acordo com Feijó et al. (2013), no ano de 1999, foi fundada a Rede
Brasileira de Produção mais Limpa, partilhada atualmente em mais de 20
estados, compreendendo órgãos como governo, instituições bancárias,
indústrias e universidades. Essa cadeia tem como meta proporcionar o
crescimento sustentável nas organizações do Brasil, disseminando a ideia
de ecoeficiência e o procedimento da Produção mais Limpa.

Para os autores, conforme o CNTL, a Produção mais Limpa é a


prática de uma tática técnica, econômica e ambiental incorporada aos
métodos e produtos, com o propósito de ampliar a eficácia na utilização
dos insumos, água e energia, por meio da não concepção, redução ou
reutilização dos resíduos e emissões com privilégios ao meio ambiente,
de saúde ocupacional e econômica.
38 Fundamentos da Construção Civil

Segundo Feijó et al. (2013), nesse seguimento, a Produção mais


Limpa não retrata um resultado para uma problemática exclusiva, porém
é um instrumento benéfico para definir uma essência pluridisciplinar
e integralizada. Determinados motivos para a implementação do
procedimento de Produção mais Limpa são:

•• Minimizar os custos da produtividade;

•• Desenvolver a eficácia da metodologia e a qualidade do


produto, viabilizando, dessa maneira, o avanço da indústria e a
competitividade;

•• Minimizar os riscos aos profissionais e a comunidade;

•• Assegurar melhorias na reputação da organização.

De acordo com Feijó et al. (2013), segundo o CNTL, a fixação de


práticas de Produção mais Limpa possibilita a ganho de respostas que
proporcionam uma contribuição para a saída terminante dos impactos
ao meio ambiente, pois a preferência das práticas está embasada no
reconhecimento de escolhas desprovidas de criação de resíduos.

Os autores enfatizam que a Produção mais Limpa é, prioritariamente,


uma atuação econômica, já que se apoia na premissa de que todo resíduo
de qualquer tipo de sistema de produtividade consegue ser originário dos
insumos usados no processo. No entanto, Feijó et al. (2013) comentam que
o CNTL retrata que a Produção mais Limpa não é somente uma temática
ambiental e econômica, mas uma questão social, já que aponta que a
minimização da criação de resíduos advindos da produtividade várias
vezes auxilia a solucionar adversidades referentes à saúde e à segurança
ocupacionais dos profissionais.

Segundo Feijó et al. (2013), praticar a Produção mais Limpa reduz


esses riscos, no momento em que são reconhecidos os elementos
de menores níveis tóxicos, colaborando para o bem-estar no local de
trabalho. Os autores relatam que para o CNTL, na visão convencional, o
primeiro elemento a ser levado em conta é a organização do resíduo e
por derradeiro a sua concepção. Na Produção mais Limpa, esse ciclo se
comporta de forma inversa, pois procura deixar de produzir para dispor,
Fundamentos da Construção Civil 39

no caso de não existir alternativa. Um resíduo não concebido é um resíduo


que não possui a necessidade de separação, transporte, armazenamento
e acomodação. Sendo assim, é evidente que se evitam esses gastos com
a não geração de resíduos.

Parâmetros de favoritismo das viabilidades de


Produção mais Limpa
Para Feijó et al. (2013), com a intenção de colaborar para a
compreensão da prática da P+L no setor da construção civil, existem
entradas (insumos) e saídas (resíduos) do processo construtivo de uma
obra residencial.

•• ENTRADA: bloco cerâmico, pedra britada, areia, cimento,


argamassa industrializada, concreto usinado, aço, madeiramento,
tubulações elétricas e hidráulicas, gesso, revestimentos, tintas,
mão de obra, entre outros.

•• SAÍDA: resíduos de blocos cerâmicos, argamassas, revestimentos,


aditivos, plásticos, concreto, prego, arame, sacos plásticos,
papelão, latas de tintas, PVC, entre outros.

Os autores salientam que o CNTL evidencia três estágios de prática


da P+L de acordo com a abordagem a seguir:

a. Estágio 1 – Minimização na fonte

Sugere-se a preferência de oportunidades que procurem


solucionar a adversidade na fonte. Estas abrangem transformações tanto
no procedimento da produtividade como no próprio produto.

•• Transformações no processo

Atribuem-se à utilização consciente de insumos e dos


procedimentos, abrangendo modificações empresariais, no que diz
respeito à normatização de processos, e o estabelecimento de novos
critérios e indicadores. Em grande parte dos casos, estas são as decisões
economicamente mais assertivas e de simples inserção. Para Feijó et al.
(2013),
40 Fundamentos da Construção Civil

•• Oportunidade de Produção mais Limpa:

•• Mudança do produto/alteração do design do produto;

•• Ampliação da durabilidade;

•• Utilização de materiais recicláveis;

•• Possibilidade do retorno de produtos;

•• Mudança de elementos do produto;

•• Modificações do dimensionamento do produto para um bom


aproveitamento dos insumos.

•• Exemplares de aplicabilidade na construção civil:

•• Estabelecimento da área dos ambientes com relação às dimensões


das cerâmicas e paginação;

•• Estabelecimento de memorial de especificidade levando em


conta a ampliação da durabilidade das matérias-primas usadas
nas tarefas e produtos;

•• Aplicação de resíduos triturados em construções de estradas;

•• Confrontamento da utilização da argamassa usinada com a


produzida no canteiro de obra;

•• Percepção de possibilidade para reutilização das embalagens de


produtos, como cimento e cal;

•• Estabelecimento de um melhor planejamento para reduzir


o desperdício do madeiramento na produção da forma e na
realização do disforme.

De acordo com Feijó et al. (2013), a prevalência das viabilidades de P+L


precisa considerar inicialmente a investigação das atividades operacionais
e procurar resultados de housekeeping, também denominados de Boas
Práticas de Produção mais Limpa. A redução de gastos advindos das boas
práticas operacionais tem oportuniza mais investimento na organização,
como, por exemplo, a aquisição de novas tecnologias.
Fundamentos da Construção Civil 41

Os autores salientam determinadas boas práticas de Produção


mais Limpa (housekeeping), exemplificando sua aplicabilidade na área da
construção civil:

•• Oportunidade de Produção mais Limpa:

•• Modificação na dosagem e na concentração de determinados


produtos;

•• Ampliação do uso da capacitação da metodologia produtiva;

•• Reestruturação dos intervalos de higienização e de manutenção;

•• Extinção de perda relativa à evaporação e a vazamentos;

•• Aperfeiçoamento na logística de compra, armazenamento e


distribuição de produtos em geral;

•• Criação de manuais de boas práticas executivas, investimento no


aperfeiçoamento da capacidade dos trabalhadores que fazem
parte do programa de Produção mais Limpa;

•• .Modificações dos fluxos de material, ajustando adequadamente o


layout;

•• Aprimoramento do sistema de informação;

•• Estabelecimento de um padrão de procedimentos operacionais;

•• Alterações de insumos e/ou matérias-primas e empresas


fornecedoras.

•• Exemplares de aplicabilidade na construção civil:

•• Utilização de material de acordo com as especificações do


fornecedor;

•• Estabelecimento de informativos de resíduos cerâmicos;

•• Cuidados com a organização do canteiro de obra;

•• Estabelecimento de programa de inspeção nas instalações


hidráulicas;
42 Fundamentos da Construção Civil

•• Elaboração de layout do canteiro de obra, com o objetivo de


minimização de desperdícios e minimização do impacto ao
ecossistema;

•• Inserção de oportunidades de Produção mais Limpa nas


metodologias de execução das tarefas do canteiro de obra;

•• Estabelecimento de paginação das paredes para impedir corte de


blocos nos vão das esquadrias;

•• Aquisição de softwares com o intuito de incluir os setores de


planejamento e financeiro junto ao canteiro de obras.

•• Estruturação gráfica dos processos, percebendo as entradas


(insumos) e saídas (resíduos);

•• Constatação de insumos ecoeficientes, como, por exemplo, tintas


à base de água, blocos com acabamento definitivo, entre outros.

Plano de sucessão
Segundo Feijó et al. (2013), a concepção do plano de sucessão
calculado na P+L é um dos diferenciais dessa prática. Para cada chance
de P+L percebida, é preciso estabelecer uma investigação de viabilidade
econômica, de maneira que o setor de projeto determine as atividades
que serão inseridas em curto, médio e longo prazos, de acordo com
parâmetro a seguir, que associa investimento e conveniência ambiental.

Para os autores, nas ações de curto prazo, como prevenir e


minimizar na fonte a criação de resíduos, o investimento é nulo ou
praticamente nenhum. Em ações de médio prazo, como reciclagem
interna e reutilização, o investimento é médio. Por fim, em ações de longo
prazo, como reciclagem externa, o investimento torna-se alto.
Fundamentos da Construção Civil 43

RESUMINDO

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. O esclarecimento
com relação às degradações ambientais vividas na
modernidade tem direcionado a busca de produtos e
serviços que viabilizem a realidade de processos na
indústria, pensados para um consumo limpo dos meios
provenientes da natureza. Você deve ter aprendido que
os processos construtivos sustentáveis para o setor da
construção civil, bem como o método de Produção mais
Limpa, podem ser realizados nas empresas do ramo,
procurando alcançar vantagens econômicas e a redução
de impactos ambientais nos processos construtivos. A
Produção mais Limpa procura definir os motivos e atuar de
maneira prevencionista na formação de resíduos, isto é, um
método para administração de processos, com objetivo na
minimizar o impacto ao ecossistema, que pode ser aplicado
em processo, produtos e serviços.
44 Fundamentos da Construção Civil

Processos Construtivos Tradicionais


versus Inovadores
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de perceber


que existem diferenças significativas ao se comparar
as metodologias construtivas convencionais com as
inovadoras. As investigações comparativas entre esses
sistemas demonstram normalmente que tanto o construtor
como os proprietários de edificações executadas com mais
tendência a inovações representam credibilidade. E, então?
Motivado(a) para desenvolver esta competência? Então,
vamos lá. Avante!

Uma comparação entre o sistema


construtivo wood frame e a alvenaria
tradicional
De acordo com Bortolotto (2015), o setor da construção civil brasileiro
recentemente vive um momento de transformação com relação aos
processos construtivos, haja vista que o concreto armado e as alvenarias
de tijolos são os mais usuais. Para Silvestre e Figueiredo (2018), esse
processo tradicional atribui-se pela baixa produção, e ainda, a enorme
perda de matéria prima, porém, existe uma diversidade de modelos
de construção indicados especificamente a afastar características
inapropriadas do método tradicional e que tem a possibilidade de alcançar
diversos benefícios ao contexto presente na construção civil no Brasil.

Segundo Silvestre e Figueiredo (2018), no meio dos processos


construtivos presentes, ganha evidência um método já fortemente sólido
em países desenvolvidos, Wood framing. Conforme Cardoso (2015), o
importante atributo da tecnologia frame organizada a seco e criada por
uma grande quantia de perfis de baixo peso, finos e dispostos igualmente
por toda a linha da parede.
Fundamentos da Construção Civil 45

De acordo com Amancio, Fabricio e Mitidieri (2012), No Brasil a


preparação de diretivas e as análises técnicas para produtos denominados
inovadores são respaldados na legislação de desempenho chamada NBR
15575/2013 Desempenho de edificações habitacionais, que estabelece as
condições e orientações para a edificação residencial em sua totalidade
e para seus segmentos considerando as necessidades do usuário e
exigências de desempenho.

Conforme a Revista Téchne LGHT Wood Frame (2009), encontram-


se no Brasil algumas organizações localizadas no sul brasileiro motivadas
pela edificação em residências de madeira com a inserção determinante
do processo Wood Frame. No ano de 2010, veio para Curitiba este sistema
alemão para as edificações residenciais de alto padrão. Porém foi no
programa do governo federal intitulado Minha Casa Minha Vida que se
figurou como uma possibilidade de negócio, por causo de custo atrativo
do processo.

Sistema construtivo tradicional


De acordo com Martins, 2009 (apud, SOUZA, 2013) o concreto
armado é o processo construtivo, de vedação ou muro, ou construções
parecidas, realizadas com pedras provenientes da natureza, blocos
cerâmicos ou outros tipos de blocos, ligados entre si adicionada ou não
argamassa de unificação em fileiras horizontais sobrepostas uma em cima
de outra até compor um conjunto inflexível.

Segundo Silvestre e Figueiredo (2018), o processo tradicional


se identifica por apresentar a sua sustentação em concreto armado
constituídos por elementos construtivos denominados de lajes, vigas
e também por pilares, esses que são responsáveis pelo suporte da
edificação. Para as aberturas, se faz o uso de tijolos efetuando a atribuição
de vedação, isto é, ficando isento do recebimento das cargas da edificação.

De acordo com Souza (2013) na execução tantos dos pilares e


vigas, bem como das lajes são aplicados aço estrutural e também formas
normalmente constituídas de madeira. No momento das instalações que
fazem parte do sistema elétrico e dos que formam a rede hidrossanitária
é preciso realizar rasgos nas paredes. A fase seguinte é o revestimento na
46 Fundamentos da Construção Civil

qual basicamente acontece a aplicação de argamassa: chapisco, emboço


e reboco por fim a realização da pintura. Para Silvestre e Figueiredo (2018),
os elementos fundamentais da estrutura de concreto armado:

•• Concreto armado;

•• Armadura;

•• Forma do pilar;

•• Forma de viga;

•• Forma de laje;

•• Suporte de forma.

Sistema construtivo wood frame


Segundo (HILGENBERG 2003, apud TECVERDE 2016), o sistema
wood frame vem sendo significativamente utilizada em países
desenvolvidos, tornando-se um recurso tradicional para residências. A
facilidade do método construtivo é um dos atributos do processo, onde
a chegada do material ao canteiro de obra é feito de maneira gradativa,
isto é, respeitando a sequência em que será utilizado desde etapa da
infraestrutura até a cobertura.

De acordo com Silvestre e Figueiredo (2018), o material fundamental


utilizado na estrutura é o madeiramento que precisa ser proveniente de
florestamento plantado. Os autores discorrem o sistema plataforma, a
sustentação de vedação da parte externa da edificação é composta por:

•• Barras superiores;

•• Verga da janela;

•• Travessa da janela;

•• Montante;

•• Montantes especiais da janela;

•• Barra inferior;

•• Montante de canto.
Fundamentos da Construção Civil 47

Segundo Zenid, (2009) apud Tecverde (2016), o wood frame é


uma metodologia construtiva na qual se faz, de início uma armação de
ripas utilizando-se madeiras procedentes de serrarias mecanizadas, que
possibilitam a aquisição de cortes de madeira esbeltos e com maior
agilidade. As paredes são formadas por montantes de madeira seguindo
um posicionamento vertical organizados em conciliação com chapas
de Oriented Strand Board (OSB), esses que realizam a incumbência de
contraventamento confeccionado para fornecer a força necessária de
propósito estrutural.

Tecverde (2016), a rede hidrossanitária e o sistema elétrico são


encaixados e executados local de fabricação. Como finalização se faz uso
de painéis cimentícios no caso da vedação externa e de painéis de gesso
acartonado na parte interna da edificação. Sobre esses painéis pode ser
utilizada uma grande diversidade de materiais como:

•• Pintura simples ou decorativa;

•• Técnicas de grafiato;

•• Cerâmicas;

•• Porcelanatos;

•• Pastilhamentos de pedras, dentre outros.

Segundo a Tecverde (2016) as constituições dos materiais das


placas de estrutura de parede:

•• Madeira autoclavada;

•• Isolamento com relação a temperatura e também ao som;

•• Oriented Strand Board (OSB);

•• Membrana hidrófuga;

•• Painel cimentícios;

•• Painel de gesso acartonado;

•• Finalização externa.
48 Fundamentos da Construção Civil

De acordo com a revista Téchne LGHT Wood Frame, 2009 (apud


MOLINA e CALIL JUNIOR, 2010) mesmo que o Wood Frame é aplicado em
diferentes países, a vigente norma brasileira NBR 7190:1997 – Projeto de
estrutura de madeira – deixar de retratar parâmetros esclarecidos para o
dimensionamento dessas sustentações de baixo peso, já que julgam em
suas determinações dimensionamento pequeno para peças estruturais
levando em conta a garantia de sustentação isostática e também das
treliças. É fundamental, logo, verificar as legislações dos demais países
para realizar o dimensionamento.

Conforme Silvestre e Figueiredo (2018), suas investigações relativas


a custos, percebeu-se que as relevantes distinções achadas entre o
processo Wood Frame e o Tradicional, encontram-se nas fases de
revestimento, telhado, alicerce, superestrutura e vedação. No tempo em
que as fases de tarefas preliminares, esquadrias, impermeabilizações e
serviços de rede hidrossanitária, e atividades adicionais não demonstram
diferenças consideráveis na orçamentação.

Para Silvestre e Figueiredo (2018), ao mesmo tempo em que,


o processo construtivo Tradicional apresenta-se mais interessante
economicamente para a sustentação, fechamento e cobertura o Wood
Frame expressou mais benéfico nas execuções de fundação, revestimento
da área externa e pintura da edificação. Foi constatado pelos autores
uma diferença de aproximadamente dez por cento de economia com a
utilização do sistema Wood Frame ao ser comparado com o processo
construtivo Tradicional.

Segundo Silvestre e Figueiredo (2018), conforme relatos de alguns


profissionais do ramo da construção civil, confrontando os dois processos
construtivos, existe um custo de aproximadamente dez por cento maior
no Wood Frame quando se trata de materiais. Porém, no que se refere à
mão de obra o abatimento chega a cinquenta por cento em comparação
com a alvenaria. Esse é o significativo ganho do processo. E também
reduz o tempo de obra, em pelo menos um terço.
O custo de mão de obra para executar todas as etapas da
construção de uma casa no sistema convencional é de R$
12.560,57, sendo R$ 251,21 o metro quadrado. Enquanto na
execução da residência em Wood Frame encontrou-se o
Fundamentos da Construção Civil 49

valor de R$ 9.168,94, sendo 183,38 o metro quadrado, que


representa uma porcentagem de 27% com vantagem para
o sistema Wood Frame. (SILVESTRE e FIGUEIREDO, 2018,
p. 8).

A eficiência dos processos é um diagnóstico que pode ser percebida


pela quantidade de atividade fundamental para cada um é o que relatam
(SILVESTRE E FIGUEIREDO, 2018). Para os autores no Wood Frame as fases
mais caras estão condensadas nas atividades de instalação das estruturas
e aplicação dos painéis de vedação, em contrapartida no processo
construtivo Tradicional as tarefas de revestimento e pintura, precisam
primeiramente da execução de camadas com argamassa, sendo assim, o
Wood Frame é vantajoso com menos quantidade de tarefas, tornando-se
uma construção mais ágil.

Segundo Silvestre e Figueiredo (2018), a execução da obra de


residência diariamente para o processo Tradicional é de 0,3. Enquanto que
para a tecnologia Wood Frame avalia-se de 1,4 residências executadas
diariamente. Conforme Tecverde (2016) é relevante salientar inclusive, que
na tecnologia Wood Frame, tem como manifestação positiva a redução do
lançamento de gases prejudiciais ao ecossistema, mais especificamente
o carbono no momento do sistema de produção e montagem das
edificações ao ser comparado com o processo Tradicional. Destaca-se
que o processo proporciona um canteiro de obras de reduzido impacto
ambiental e reaproveitamento de materiais.

Silvestre e Figueiredo (2018), em seus estudos aplicaram um


questionário junto a alguns profissionais da área de construção com
o intuito de analisar alguns questionamentos sobre a tecnologia Wood
Frame. Com relação ao conhecimento e também a confiança no sistema
oitenta por cento deles afirmaram que já estão familiarizados com o
processo e em torno de sessenta e seis por cento relatam que a tecnologia
demostra confiança nos quesitos de isolamento térmico e acústico, e
ainda rapidez do processo Wood Frame.

Porém, os autores verificaram que vinte por cento dos


entrevistados não tinham conhecimento sobre a tecnologia, e que
inclusive aproximadamente trinta e quatro por cento dos participantes
50 Fundamentos da Construção Civil

que responderam ao questionário não acreditam quando se trata da


qualidade do processo construtivo Wood Frame. Ainda que a maioria dos
profissionais conheça e inclusive acreditam no processo questionado
oitenta por cento deles em nenhum momento de sua carreira sugeriu
a tecnologia para seus clientes. Quanto aos profissionais que já tinham
recomendado pelo menos umas três vezes aos seus clientes.

De acordo com Silvestre e Figueiredo (2018), entre os profissionais


que recomendaram a tecnologia, 100% disseram que o consumidor
final não o implementou. No momento da indagação sobre a razão da
recomendação, 66% o estabelecem pela qualidade do processo e o
restante pelo motivo de considerarem a mecanização da construção civil
um futuro promissor da área. Nenhum dos entrevistados relata como
causa da recomendação alguma solicitação dos clientes por metodologias
inovadoras.

Segundo Silvestre e Figueiredo (2018), dos profissionais que


responderam ao questionário da pesquisa não recomendando a
tecnologia, 70% informaram que a razão pela qual chegaram a essa
conclusão foi a falta de conhecimento total do processo. 20% declaram
não confiar nessa tecnologia e o restante menciona que existe uma
escassez de empresas prestadoras desse tipo de serviço.

De acordo com Silvestre e Figueiredo (2018), uma das questões que


os profissionais da área de construção civil precisavam responder era com
relação às justificativas que contribuíam para a recomendação do processo
construtivo Wood Frame. Para os que recomendam, foram solicitadas
as razões pelas quais dariam continuidade em suas recomendações.
As respostas apontaram que 80% dos entrevistados aconselhariam a
tecnologia Wood Frame se estivessem mais inteirados com relação ao
processo e suas qualidades; 10% relataram que o relacionamento com
alguma organização prestadora de serviço possibilitaria a recomendação;
e o restante dos participantes da entrevista respondeu sobre a importância
de os consumidores requisitarem o Wood Frame.

Silvestre e Figueiredo (2018), em seus estudos aplicaram um


questionário aos usuários, ou seja, a pessoas que residem em edificações
com a tecnologia Wood Frame. Em um primeiro momento, questionou-
Fundamentos da Construção Civil 51

se aos proprietários sobre a relevância dada por eles no que diz respeito
aos seus costumes associados à sustentabilidade e à preocupação com
o meio ambiente.

De acordo com os autores, a maioria das respostas conclui que


entre aqueles usuários são predispostos às questões referentes ao
desenvolvimento sustentável, 71% acreditam que, de fato, são de grande
importância os bons hábitos com relação à sustentabilidade, ao mesmo
tempo em que 29% acreditam ser de média relevância. Ao se indagar
sobre qual processo construtivo seria preferido na chance de comprar
ou construir uma residência, 71% das pessoas que foram questionadas
comentaram que fariam uso da alvenaria tradicional, 13% optaram pelo
sistema Wood Frame, 12% escolheram a edificação de tijolos ecológicos e
4% acharam melhor morar em uma casa de madeira convencional.

Para Silvestre e Figueiredo (2018), essa indagação retratou


incongruência por parte das pessoas que responderam à pergunta,
pois, mesmo constatando que todos os participantes enfatizaram sua
relevância significativa para o desenvolvimento sustentável, mais de 50%
deles fariam o uso de processo construtivo de alvenaria tradicional se
tivessem a chance de construir ou até mesmo comprar uma casa, e 25%
fariam a escolha da tecnologia Wood Frame ou tijolo ecológico. Porém,
para os autores não existe a possibilidade de conclusão relacionada a
essa pesquisa, visto que as pessoas que responderam ao questionário
não tinham conhecimento sobre as vantagens desse material.

De acordo com Silvestre e Figueiredo (2018), essa incongruência


se comprova com as respostas de uma determinada questão, em
que se indagaram as razões do parecer admitido da pergunta sobre o
desenvolvimento sustentável. Segundo os autores, 63% dos entrevistados
reconhecem que a razão da utilização do processo optado estaria
associada à segurança, ao passo que 13% deles mencionaram como razão
o conforto térmico. Para 8% dos respondentes, a causa da preferência
seria pelo fato da aplicação de materiais alternativos e ecológicos. Por
fim, para os demais, as razões estabelecidas seriam baixo custo, agilidade
na execução da obra, facilidade para a manutenção, disponibilidade de
empresas prestadoras desses tipos de serviços.
52 Fundamentos da Construção Civil

Segundo Silvestre e Figueiredo (2018), esclareceu-se que


grande parte dos questionados não associa a tecnologia Wood Frame
à conscientização sobre meio ambiente, de maneira com que os que
escolheram essa tecnologia, a instituíram por razão de segurança e
conforto térmico. Conforme os autores, uma das perguntas era se os
proprietários conheciam a tecnologia Wood Frame, verificando-se
que 67% deles tinham conhecimento sobre o processo construtivo em
questão, ao mesmo tempo em que os demais não sabiam que moravam
em uma edificação no padrão do sistema conhecido como Wood Frame.

De acordo com Silvestre e Figueiredo (2018), ao se tratar da


performance acústica, 54% dos participantes do questionário relataram
que a tecnologia Wood Frame possui um coerente isolamento acústico;
21% dos proprietários julgam que a performance é mais ou menos; 13%
deles dizem ser formidável a performance acústica; e os demais enfatizam
um péssimo isolamento acústico na edificação do sistema Wood Frame.

Segundo Silvestre e Figueiredo (2018), no que diz respeito ao


isolamento térmico, 54% dos usuários validaram contentamento quanto
a esse funcionamento. Para 29% dos proprietários, a tecnologia tem
um aceitável isolamento térmico. O restante afirma que o desempenho
térmico é parcialmente bom. Os autores conseguiram estabelecer que
42% dos usuários estão totalmente satisfeitos em residir em uma casa
com tecnologia Wood Frame, enquanto que 33% deles estão satisfeitos, e
o restante dos entrevistados estão razoavelmente satisfeitos.

De acordo com Silvestre e Figueiredo (2018), por meio dessa


investigação de satisfação efetuada, foi possível adquirir dados referentes
ao pós-obra. Verificou-se que, na simplicidade da metodologia de
vedação, ocorreu desconformidade entre as placas e as esquadrias,
provocando trincas constantes em grande parte das residências. A
programação da sucessão de tarefas também pode ser apontada como
determinante que promoveu as trincas das casas, pelo fato de que a
atividade de pavimentação foi executada depois da construção das
residências, conforme relataram os proprietários.

Segundo Silvestre e Figueiredo (2018), com relação às esquadrias,


o predominante problema é a não disponibilidade de uma esquadria
Fundamentos da Construção Civil 53

exclusivamente criada para esse tipo de tecnologia construtiva. Para


Aquino e Barros (2010), não existe no mercado da construção civil
esquadrias que possam ser aplicadas sem que seja necessário algum
tipo de ajustamento, tanto para seu encaixe como para sua configuração.
De acordo com Silvestre e Figueiredo (2018), a exigência de reformas e
retrabalhos acarretou perda de tempo.

RESUMINDO

E, então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que o sistema Wood Frame é uma tecnologia bastante
promissora aqui no Brasil, apesar de ainda pouco utilizada,
provavelmente pela falta de conhecimento das pessoas
envolvidas na área e a própria cultura de resistência
aos processos construtivos ditos inovadores, conforme
retratam alguns estudos neste contexto. O processo
construtivo convencional, isto é, que utiliza o concreto
armado como estrutura para a execução de vigas, pilares e
lajes, e as fiadas de alvenaria em blocos cerâmicos para a
execução de paredes, além de manifestar diversos tipos de
patologias nas construções, também prejudica ainda mais
o meio ambiente, devido à produção de materiais utilizados
nessas construções e à geração de resíduos, que, quando
não destinados de forma correta, agravam ainda mais os
problemas relacionados à sobrevivência do nosso planeta.
54 Fundamentos da Construção Civil

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