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Logística de

Armazenagem

Livro Didático Digital


Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
MÔNICA PATRÍCIA ALCÂNTARA DE MORAIS
AUTORIA
Mônica Patrícia Alcântara de Morais
Olá. Sou formada em Relações Públicas, tenho especialização em
Administração em Marketing e atuo há mais de 10 anos na área de Gestão
da Cadeia de Suprimentos. Passei por empresas como TIM Nordeste,
Ericsson Gestão de Sistemas (EGS), Estaleiro Atlântico Sul e vários outros
empreendimentos, sempre na área de Logística e Supply Chain. Participei
da implantação do sistema SAP-R3 na TIM e de vários outros sistemas
de automação e gestão empresarial. Estruturei projetos logísticos, como
o da Rede Teleport de Educação, com unidades de ensino espalhadas
em 13 estados da federação. Sou apaixonada pelo que faço e adoro
transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Política de Gestão de Estoques............................................................. 12
O que é Gerenciamento de Estoques ............................................................................. 12

Administração de Materiais...................................................................................................... 13

Formas de Controle de Estoques........................................................................................ 15

Controle Permanente................................................................................................. 15

Controle Periódico....................................................................................................... 16

Controle Reativo............................................................................................................ 16

Políticas de Gestão de Estoques ......................................................................................... 16

Gestão por Nível de Serviço................................................................................. 16

Gestão por Giro de Mercadorias........................................................................ 17

Gestão por Cobertura de Estoques................................................................. 18

Inventário de Estoque................................................................................................................... 18

Tipos de Inventários.................................................................................................... 19

Previsão de Demanda................................................................................ 21
Conceitos Fundamentais............................................................................................................ 21

Tempo de Ressuprimento......................................................................................................... 22

Estoque de Segurança................................................................................................................. 22

Método de Grau de Pozo........................................................................................23

Método de Tempo de Ressuprimento...........................................................23

Custos dos Estoques.....................................................................................................................24

Custo de Pedir (CP)......................................................................................................25

Custo de Manter Armazenado (CMA).............................................................25

Custo unitário de Estocagem (M)...................................................27


Custo da Falta de Estoque (CFA).......................................................................28

Custo de Capital (CC).................................................................................................28

Custo de Risco (CR).....................................................................................................28

Técnicas de Gestão de Estoques Baseados no Custo.........................................29

Ponto de Pedido (PP).................................................................................................29

Lote Econômico de Compra (LEC).................................................................. 30

Modelos de Gestão de Estoques........................................................... 32


Classificação ABC.............................................................................................................................32

A Curva ABC......................................................................................................................32

Elaborando uma Curva ABC na Prática...........................................................................35

Gestão por Previsão de Demandas................................................................................... 38

Tipos de Previsão de Demandas...................................................................... 39

Técnicas de Previsão................................................................................................. 39

Fatores Influenciadores das Demandas...................................................... 39

Técnicas Quantitativas de Previsão................................................................ 40

Último Período............................................................................................. 41

Média Móvel.................................................................................................. 41

Média Móvel Ponderada.......................................................................42

Média com Ponderação Exponencial.........................................42

Catalogação e Codificação de Materiais........................................... 45


Classificação de Materiais..........................................................................................................45

Sistema de Codificação...............................................................................................................47

Cadastramento e Requisição................................................................................................. 49

Cadastramento.............................................................................................................. 50

Requisição de Material..............................................................................................52
Logística de Armazenagem 9

03
UNIDADE
10 Logística de Armazenagem

INTRODUÇÃO
Durante a década de 1970, aproximadamente, a Logística passou
de simples distribuidora de produtos a área do conhecimento interessada
em toda a cadeia produtiva. Por essa razão, nas empresas, está presente
desde o momento em que as matérias-primas são recebidas até o
momento em que mercadorias são despachadas para clientes.

Desde então, a estocagem tem sido analisada no âmbito da logística.


Nesse contexto, a previsão de demandas desenvolveu uma importância
ímpar. A depender da empresa, existem demandas de vários tipos, como
são os casos das demandas de consumo, de vendas e de produção.

De toda essa transformação, surgiu o desafio de compreender qual


é o ponto exato em que um processo de ressuprimento de estoques
desse ser acionado. Existem vários modelos que lidam com essa questão,
e explorá-los é o que faremos nesta unidade. Avante!
Logística de Armazenagem 11

OBJETIVOS
Olá! Seja muito bem-vindo à Unidade 3 – Gestão de estoques e
administração de materiais. Nosso objetivo é auxiliá-lo a desenvolver as
seguintes competências até o término desta etapa de estudos:

1. Compreender as diversas políticas de gestão de estoque, tendo


em vista o crescimento da eficácia na cadeia de produção e
abastecimento.

2. Identificar técnicas diferentes para prever as vendas, visando a


garantir os níveis mínimos de estoques para aumentar a eficiência
do estabelecimento.

3. Discernir sobre os variados modelos de gestão de estoques,


sendo capaz de identificar o mais apropriado para cada perfil
organizacional e circunstância.

4. Comunicar-se com os diversos setores da cadeia de suprimento,


especialmente com o de compras, a fim de adequar o fluxo de
abastecimento às necessidades financeiras da organização.

Então? Preparado para adquirir conhecimento sobre um assunto


fascinante e inovador como esse? Vamos lá!
12 Logística de Armazenagem

Política de Gestão de Estoques


OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você terá entendido como as


compras de uma empresa estão relacionadas aos níveis
de seus estoques. Além disso, compreenderá, também,
as políticas de regulação de estoques e conceitos
fundamentais da área..

O que é Gerenciamento de Estoques


De uma maneira geral, a gestão de estoques trata da estocagem de
mercadorias como um todo, observando desde a entrega de insumos até
o despacho de produtos para seus clientes.
Figura 1 – Gerenciamento de estoques

Fonte: Freepik.

Duas funções se destacam, quanto à sua importância, no


gerenciamento de estoques: o suprimento de vendas e a alimentação
de produção. Ambas são essenciais porque, se houver um descontrole
na gestão de estoques, as consequências repercutirão por toda a cadeia
produtiva, na medida em que os estoques fornecem subsídios para o
funcionamento de outros setores das empresas.
Logística de Armazenagem 13

DEFINIÇÃO:

O gerenciamento de estoques cuida da oferta dos subsídios


necessários ao adequado e eficiente funcionamento
dos demais setores de uma empresa, evitando que os
processos produtivos sejam paralisados por carência de
insumos..

Quando gerenciamos um setor de estoques, precisamos ter


consciência de que os manter organizados é algo que demanda custos
consideráveis. Sendo assim, normalmente, o mais acertado é buscar níveis
de estoques que sejam mínimos e, ao mesmo tempo, seguros, garantindo
o desenvolvimento das etapas de produção. Portanto, os objetivos mais
prementes do gestor de estoques são dois:

•• Garantir níveis de estoque seguros.

•• Minimizar, o quanto for possível, a quantidade de mercadorias em


estoque, garantindo, ainda assim, a continuidade das atividades
das empresas.

Administração de Materiais
As atividades de gerenciamento de estoques compõem um grupo
maior, chamado de administração de materiais.

DEFINIÇÃO:

A administração de materiais está atrelada à compra,


à catalogação e ao gerenciamento das mercadorias
estocadas por uma empresa.
14 Logística de Armazenagem

A administração de materiais engloba, dentre outras, as seguintes


atividades.

•• Codificação e cadastramento

•• Padronização das mercadorias.

•• Cadastramento de itens estocados nos sistemas das


empresas.

•• Divisão de mercadorias em grupos.

•• Codificação de mercadorias.

•• Planejamento e programação de estoques

•• Definição da prioridade de cada mercadorias, considerando


os pressupostos da curva ABC.

•• Compreensão de como os níveis de estoque são suscetíveis


às demandas do mercado.

•• Previsão e planejamento de demandas.

•• Planejamento dos níveis de estoque de cada mercadoria.

•• Registro e controle

•• Planejamento da aquisição de insumos.

•• Compras

•• Recebimento

•• Armazenagem e movimentação de materiais

•• Expedição

IMPORTANTE:

Gestão de estoque e gestão de armazenagem são


conceitos distintos. Ao passo que o abastecimento é o
objetivo da gestão de estoque, a gestão de armazenagem
se preocupa com o armazenamento, com o transporte e
com a distribuição de mercadorias.
Logística de Armazenagem 15

Formas de Controle de Estoques


O que devemos fazer para garantir que os estoques de uma
empresa sejam mantidos em níveis ideias? Embora seja uma pergunta
básica, não é fácil de ser respondida. O controle de estoques dependerá
de muitas variáveis, como são os casos de margem de lucratividade, de
demandas do público-alvo e de tipo de produto fabricado.
Figura 2 – Controle de estoques

Fonte: Freepik.

Nas próximas subseções, veremos exemplos dessas alternativas.

Controle Permanente
No decorrer de um processo de controle permanente, as
verificações dos níveis de estoque são diárias. Apesar disso, a elaboração
de inventários não precisará ser diária, caso a empresa adote um sistema
informatizado.
16 Logística de Armazenagem

NOTA:
Estoques de alto giro, cujas demandas de abastecimento
tendem a ser grandes, são bastante compatíveis com o
processo de controle permanente.

Controle Periódico
Trata-se de um processo mais adequado a estoques cujo giro seja
de pequeno a médio. Normalmente, é feito com periodicidade semanal
ou mensal.

Controle Reativo
Quando as empresas têm equipamentos tecnológicos e estatísticos
disponíveis, este método se torna uma boa. Neste caso, haverá
reabastecimento a cada vez que um produto estiver abaixo dos níveis
considerados mínimos em relação às previsões de demanda. Portanto,
não haverá uma periodicidade para o reabastecimento, que seguirá a
flutuação das demandas.

Políticas de Gestão de Estoques


Até aqui, falamos de como níveis mínimos são importantes para as
empresas. Mas, de fato, qual é a principal razão pela qual devemos mantê-
los? Será a ideia de atender bem aos clientes, jamais permitindo que um
produto lhes falte? Será a ideia de manter as margens de lucratividade em
alta? Conversaremos mais a esse respeito a seguir.

Gestão por Nível de Serviço


Na gestão por nível de serviço, o interesse recai, principalmente,
sobre o prazo necessário para o reabastecimento de produtos, com
o intuito de verificar se e como saciam as demandas dos clientes.
Normalmente, é um processo praticado por gestores que desejam evitar
o risco de carência de mercadorias em seus estoques, como são os casos
de gestores de hospitais, por exemplo.
Logística de Armazenagem 17

Figura 3 – Níveis de estocagem de produtos

Fonte: Freepik.

EXPLICANDO MELHOR:

Há certos contextos em que a divisão de produtos por nível


de serviço é a única forma de garantir uma boa margem de
lucro. Dessa forma, as mercadorias são distribuídas em níveis
de serviço, que variarão em conformidade com os tipos de
cliente. Como resultado, as mercadorias terão prioridades
distintas no que tange ao prazo de reabastecimento.

Gestão por Giro de Mercadorias


Na gestão por giro de mercadorias, a maior preocupação é a
ampliação das margens de lucro. Em razão disso, produtos com baia
rotatividade são mantidos em baixos níveis nos estoques, ao passo que
os mais vendidos são reabastecidos com frequência maior. Portanto, é a
demanda de mercado que determina o prazo de reabastecimento das
mercadorias.
18 Logística de Armazenagem

Gestão por Cobertura de Estoques


Na gestão por cobertura de estoques, o maior interesse está
em garantir que os níveis de estoque supram a demanda do mercado,
atentando-se, ainda, ao fator sazonalidade.

NOTA:

É possível que as diferenças entre gestão por cobertura


de estoques e gestão por giro de mercadorias não tenham
sido bem esclarecidas. No primeiro caso, o comportamento
da demanda de mercado é o elemento mais fundamental.
Por outro lado, no segundo caso, os elementos mais
fundamentais são os níveis de estoque e a sazonalidade
das vendas.

IMPORTANTE:

Devemos prestar atenção ao seguinte: podemos escolher


qual processo de gestão de estoques, mas teremos de
saber quais foram e como foram as demandas passadas
do mercado e quais são as previsões de demanda com a
qual teremos de trabalhar.

Inventário de Estoque
Inicialmente, devemos destacar que o fato de uma empresa adotar
um sistema informatizado de gestão de estoque não garante a acurácia
dos dados. Nesse sentido, é possível que as quantidades presentes no
sistema não correspondam às encontradas nos armazéns, tornando os
inventários ferramentas importantes.
Logística de Armazenagem 19

DEFINIÇÃO:

Um inventário é o produto de uma conferência visual


das mercadorias presentes em um estoque. Em outras
palavras, inventariar um estoque é verificar, fisicamente, se
as mercadorias relatadas em um sistema existem.

Figura 4 – Verificação de um inventário

Fonte: Freepik.

Inventariar é uma atividade complexa, custosa e demorada, razões


pelas quais deve ser evitada tanto quanto isso for possível. Mas há casos
em que é indispensável, porque a quantidade de mercadorias em estoque
não poderia ser conferida de outro modo.

Tipos de Inventários
Existem vários tipos de inventários de mercadorias. A seguir,
conheceremos alguns.

•• Inventários periódicos: conferem todos os itens presentes em


estoque e acontecem em períodos regulares.
20 Logística de Armazenagem

•• Inventários rotativos: conferem os itens com maior giro e são


realizados com uma frequência maior.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar no tema desta aula? Assista ao vídeo


Gestão de compras e estoques. Acesse clicando aqui.

RESUMINDO:

Neste capítulo, compreendemos a importância de


uma gestão de estoques para todos os processos que
envolvem o fornecimento de matéria-prima eficiente,
com as finalidades de suprir as vendas e de alimentar a
produção. Por intermédio do gerenciamento de estoques,
é possível garantir os suprimentos que a organização
precisa, sem permitir faltas e paradas nas cadeias de
produção, reduzindo os custos. Entendemos que as formas
de controle de estoque podem ser permanente, periódica
e reativa – cada uma características próprias. Além disso,
vimos as políticas de gestão de estoques, sendo as mais
frequentes a gestão por nível de serviços, a gestão por giro
de mercadorias e a gestão por coberturas de estoques. Por
fim, aprendemos que é importante realizar inventários, para
que as informações sobre os estoques estejam, sempre, de
acordo com a realidade.
Logística de Armazenagem 21

Previsão de Demanda

OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você será capaz de prever demandas


de consumo dos estoques; e de calcular certos indicadores,
como é o caso do estoque mínimo. Pronto? Vamos lá!

Conceitos Fundamentais
Mensurar e controlar a curva de consumo é algo essencial
para a gestão dos níveis de estoque. Isso acontece porque, com um
monitoramento da curva de consumo, saberemos o momento exato de
reabastecer nossas mercadorias. A seguir, há uma ilustração do controle
de curva de consumo.
Figura 5 – Gráfico dente de serra

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

IMPORTANTE:

Geralmente medido em meses, o tempo decorrido, na


representação gráfica anterior, está na abcissa (linha
horizontal), na medida em que a quantidade de mercadorias
está disposta na ordenada (linha vertical).
22 Logística de Armazenagem

Tempo de Ressuprimento
O tempo de ressuprimento ou de reposição, chamado, ainda, de
lead time, corresponde ao período entre a percepção da carência de uma
mercadoria até o seu reabastecimento. Para ser obtido, são somados
quatro tempos parciais:

1. Tempo de preparação do pedido de reposição.

2. Tempo do procedimento de fabricação ou compra.

3. Tempo do prazo de expectativa de entrega.

4. Tempo de translado e recolhimento do produto.

Considerando que o tempo de ressuprimento ou de reposição


é afetado por essas quatro variáveis, teremos uma relação de
proporcionalidade direta: quanto maiores forem as quatro variáveis, maior
será a sua soma, e maior será o tempo de ressuprimento ou de reposição.

Estoque de Segurança
Com o intuito de evitar problemas para as etapas produtivas, os
níveis mínimos de estoque devem avaliar possíveis imprevistos, como
são os casos de atrasos na entrega de matérias-primas e sazonalidade
na oferta de insumos. Sendo assim, surgiu o conceito de estoque de
segurança, denominado, ainda, estoque mínimo.

DEFINIÇÃO:
O estoque de segurança diz respeito à quantidade mínima
a ser armazenada de certo produto, com o fito de que as
etapas produtivas não sejam afetadas negativamente.

Nesse sentido, se desejarmos conhecer o tempo de reabastecimento


de uma mercadoria, precisaremos saber, antes, o seu estoque de
segurança. Basicamente, o estoque de segurança funcionará como uma
caixa de água doméstica, que armazena água para períodos em que o
abastecimento da concessionária não funcionar.
Logística de Armazenagem 23

Figura 6 – Representação gráfica do estoque de segurança

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Mas como, então, conseguiremos calcular o valor de um estoque


de segurança? Veremos isso a seguir.

Método de Grau de Pozo


Um modo prático de calcula o estoque mínimo é o método de
Grau de Risco de Pozo. Basicamente, esse método multiplica o consumo
médio de um produto por certo fator de risco.

ES = CM x GR (1)

•• ES = Estoque de segurança.

•• GR = Grau de risco.

•• CM = Consumo médio.

Método de Tempo de Ressuprimento


Neste caso, somente o tempo de reabastecimento de um estoque
é analisado, ainda que a importância associada aos produtos analisados
possa variar.

ES = CMd x TR (2)

•• ES = Estoque de segurança.
24 Logística de Armazenagem

•• CMd = Consumo médio diário do item.

•• TR = Tempo de ressuprimento do item (em dias).

IMPORTANTE:

Todo gestor deve praticar a prudência. Por isso, ao usar


o método de tempo de ressuprimento, pode ser mais
adequado aplicar certa margem de segurança aos valores
tomados.

Custos dos Estoques


Para que o desempenho de uma empresa seja bom, os gestores
precisam ter atenção ao fator custo, reduzindo, tanto quanto for possível,
a quantidade de mercadorias paradas nos estoques.

Nesse sentido, devemos relembrar a informação de que qualquer


método de gestão de estoques focará a redução dos custos das empresas,
buscando, para isso, queimar todos os estoques existentes. Existem
métodos específicos para atingir esse fim, como é o caso do chamado
Just in time, por exemplo.

Podemos diferenciar os custos associados aos estoques em três


grandes categorias:

•• Custos diretamente proporcionais aos estoques –custos cujo


valor aumenta em proporção com o número de itens estocados.

•• Custos inversamente proporcionais aos estoques – custos cujo


valor diminui em proporção com o número de itens estocados.

•• Custos independentes das quantidades estocadas –custos da


estrutura de armazenamento e existem de maneira independente
da quantidade de mercadorias estocadas, como são os casos de
conta de luz e de aluguel.

Como todo tipo de gestão acarreta custos, a gestão de estoques


não é diferente. Para saber o custo total de uma mercadoria armazenada,
devemos somar o custo de pedir e com o curso de manter armazenado. A
seguir, veremos como fazer isso.
Logística de Armazenagem 25

Custo de Pedir (CP)


O custo de pedir diz respeito à compra de cada mercadoria,
englobando, portanto, toda a matriz de custos da estrutura organizacional
da área de compras. Segundo Gitman (2006), pode ser calculado de
acordo com a seguinte equação.

(3)

•• CP = Custo de pedir.

•• P = Custo de pedir por cada pedido.

•• D = Demanda – consumo do item pedido por unidade de tempo,


que pode ser dia, semana, mês etc. (isto é, uma média estatística).

•• Q = Quantidade de itens do pedido.

REFLITA:

Prestemos atenção que, quando aplicarmos essa equação,


aumentar o valor do seu denominador significará reduzir o
valor do resultado, como acontece com qualquer fração.
Portanto, quanto maior for o número de mercadorias
contido em um pedido, menor será, proporcionalmente, o
seu custo de pedir.

Mas tenha cuidado! Aumentar a quantidade de itens de um pedido


não é algo que pode ser feito sem avaliar outros elementos, como o custo
de manter armazenado.

Custo de Manter Armazenado (CMA)


É fácil perceber que, quanto maior for o número de mercadorias
estocadas, maior será, também, o custo que teremos com armazenamento.
Assim, para calcular o custo de manter armazenado, usaremos a equação
seguinte.

CMA = Q/2 x T x PU x I (4)


26 Logística de Armazenagem

•• CMA = Custo de manter armazenado.

•• Q = Quantidade de itens armazenado em determinado período.

•• T = Tempo decorrido da armazenagem do item.

•• PU = Preço unitário do item.

•• I = Taxa de armazenagem, dada em termos percentuais. Resulta


de duas outras taxas.

IROI - Taxa de retorno do capital investido no produto


IROI = LUCRO / VALEST (5)

•• LUCRO = Lucro obtido sobre o item.

•• VALEST = Valor total dos estoques desse item.

IARM - Taxa de armazenagem física

IARM = A x CA / CM x PU (6)

•• A = Área total ocupada pelo estoque do item.

•• CA = Custo anual da área ocupada por metro quadrado (m2) das


instalações como um todo.

•• CM = Consumo médio anual do item.

•• PU = Preço unitário do item.

ISEG - Taxa de seguro dos estoques


ISEG = (CSE + CSI) / (VALEST + VALINST) (7)

•• CSE = Custo anual da apólice de seguro dos estoques.

•• CSI = Custo anual do seguro das instalações do armazém.

•• VALEST = Valor total dos estoques.

•• VALINST = Valor total das instalações do armazém.

ITM - Taxa de transporte e movimentação


ITM = CDEP / VALEST (8)

•• CDEP = Custo total de depreciação dos equipamentos de


transporte e de movimentação dos materiais.
Logística de Armazenagem 27

•• VALEST = Valor total dos estoques.

IOB - Taxa de obsolescência

IOB = VPO / VALEST (9)

Em que:

•• VPO = Valor total das perdas anuais por obsolescência do item


analisado.

•• VALEST = Valor total dos estoques do item.

IDIV - Taxas diversas

IDIV = VDF / VALEST (10)

Em que:

•• VDF = Valor total das despesas fixas anuais.

•• VALEST = Valor total dos estoques do item.

Considerando as novas informações, podemos reescrever a


equação de custo de manter armazenado.

CMA = Q/2 x T x PU x (IROI + IARM + ISEG + ITM + IOB + IDIV) (11)

NOTA:

De acordo com Gitman (2006), o custo de manter


armazenado não engloba apenas gastos com
armazenagem, mas, também, outros gastos, como são os
casos de custos de seguros, de custos de financiamento
de estoques, de custos de obsolência, de custos de
oportunidade e de custos com deterioração, por exemplo.

Custo unitário de Estocagem (M)


Para obter o custo unitário de estocagem, devemos aplicar o custo
de manter armazenado associado a um produto à seguinte equação.

M = CMA / T / Q (12)
28 Logística de Armazenagem

Custo da Falta de Estoque (CFA)


Trata-se de um custo variável, porque resulta de uma situação em
que a disponibilidade de estoque prejudicou alguma etapa produtiva.
Opõe-se ao custo de pedir e ao custo de manter armazenado, na medida
em que, enquanto esses diminuem, o custo da falta de estoque tende a
aumentar.

Caso os níveis de estoques sejam reduzidos de uma maneira


inadequada, teremos de comprar produtos sem um planejamento prévio,
o que tende a aumentar o custo de pedir – não raramente, produtos
comprados sem planejamento são mais caros.

Custo de Capital (CC)


Por custo de capital, referimo-nos a todo investimento aplicado em
estoques. Quando isso acontece, em vez de render juros, o investimento
integra os estoques e se transforma em custo para as empresas. Portanto,
todo o período durante o qual uma mercadoria permanece em um
estoque é considerado um gasto do tipo custo de capital. Quanto mais
mercadorias tivermos em estoques, maior será nosso custo de capital.

Custo de Risco (CR)


Estocar produtos, devido às características dessa atividade, envolve
riscos. O custo de risco prevê, justamente, quais são e quanto esses riscos
representam para a empresa. Trata-se de um custo probabilístico, porque
prevê valores que não se cumpriram.

Por exemplo, quando fazemos uma simulação de seguro, a corretora


utilizará suas próprias ferramentas de medição e nos informará o valor
de uma apólice com base em seu cálculo do custo de risco. Contudo,
podemos fazer esse cálculo sozinhos, dividindo o custo de cada produto
em estoque pelo número total de mercadorias. A fórmula do custo total
do estoque de uma mercadoria é a seguinte.

CEST = CMA + CP + CFA + CC + CR (13)


Logística de Armazenagem 29

Técnicas de Gestão de Estoques Baseados


no Custo
A seguir, conheceremos técnicas de gestão de estoques que se
valem do acompanhamento de custos e do reabastecimento de estoques.

•• Revisão permanente: é realizada continuamente, indicando se


existe ou não necessidade de reposição de produtos.

•• Método duas gavetas: quando adotamos este método, usamos


o produto da primeira gaveta até esgotá-lo, valendo-nos da
segunda gaveta para atender às demandas enquanto a primeira
gaveta é reposta.

•• Reposição periódica: neste caso, o reabastecimento é feito com


determinada regularidade.

•• Reposição por Ponto de Pedido (PP): define-se um ponto de


pedido, nível que, ao ser atingido, demanda a reposição da
mercadoria em questão.

•• Lote Econômico de Compra (LEC): consiste na busca do valor


mais baio de uma mercadoria, com o intuito de reduzir o seu custo
para as empresas.

Ponto de Pedido (PP)


Para determinar o ponto de pedido, aplicaremos a forma seguinte.

PP = (C x TR) + ES (14)

•• PP = Ponto de pedido.

•• C = Consumo médio do produto.

•• TR = Tempo de ressuprimento.

•• ES = Estoque de segurança.
30 Logística de Armazenagem

Lote Econômico de Compra (LEC)


Trata-se de um método voltado à manutenção de níveis mínimos
de mercadorias em estoque. Conhecido, ainda, como lote de reposição, o
lote econômico de compra determina uma mercadoria para responder às
demandas de uma empresa, sem que isso represente, por outro lado, um
excesso de armazenamento.

NOTA:

O lote econômico de compra deve obedecer às políticas de


administração de estoques das empresas que o adotarem.

Quando desejarmos calcular o lote econômico de compra,


precisamos verificar:

•• Se a demanda de material é constante.

•• Se existe alguma restrição ao transporte das mercadorias em


questão.

•• Se os custos existentes envolvem somente pedido e estocagem.

•• Se o tempo de reposição de mercadorias.

•• Se é viável reunir pedidos de mais de um fornecedor.

Segundo Viana (2000), o cálculo do lote econômico de compra é


realizado com a equação a seguir.

(15)

•• LEC = Lote econômico de compra.

•• D = Demanda, ou seja, a quantidade de unidades consumidas no


período.

•• CP = Custo unitário de cada pedido (custo de pedir).

•• M = Custo unitário de estocagem.


Logística de Armazenagem 31

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar no tema desta aula? Recomendamos a


leitura do artigo Entendendo o lote econômico de compras
(LEC ou EOQ). Acesse clicando aqui.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve
ter aprendido que o gráfico dente de serra serve para
auxiliar a administração de estoques; e que o tempo de
ressuprimento é essencial para a devida reposição de
produtos. É formado pelo tempo de preparação do pedido
de reposição; pelo tempo do procedimento de fabricação
ou compra; pelo tempo do prazo de expectativa de entrega;
e pelo tempo de translado e de recolhimento do produto.
Vimos o que vem a ser um estoque de segurança e que
pode ser calculado de várias formas, como o método de
grau de Pozo e o método de tempo de ressuprimento.
Compreendemos como é fundamental observar os custos
dos estoques e que apresenta categorias diretamente
proporcionais aos estoques, inversamente proporcionais
aos estoques e independentes das quantidades estocadas.
Além disso, vimos as principais características de dois
custos muito relevantes, o custo de pedir e o custo de
manter armazenado. Por fim, conhecemos as técnicas de
gestão de estoques baseadas nos custos, aprendendo o
que são ponto de pedido e lote econômico de compra.
32 Logística de Armazenagem

Modelos de Gestão de Estoques

OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você terá compreendido diversos


modelos de gestão de estoques, sabendo como identificar
o mais adequado aos variados perfis organizacionais.
Pronto? Vamos lá!

Classificação ABC
Este método de classificação foi criado na Itália, em meados do
século XIX, por Walfredo Paretto, com o objetivo de medir a distribuição
de renda da população. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, passou a
ser aplicado como uma ferramenta de gestão de estoque pela empresa
General Electric (G.E.). Atualmente, a curva ABC é uma ferramenta de
controle e de gerenciamento de estoque muito utilizada no âmbito da
gestão de estoques, da definição das políticas de vendas, da programação
de produção e do estabelecimento de prioridades – ou seja, delimita os
pontos básicos aos quais uma empresa deve prestar atenção.

A Curva ABC
Este método assume que grande parte dos investimentos de
uma empresa são feitos com estoques. Por essa razão, as mercadorias
estocadas são divididas em três grupos:

•• Classe A – os itens desta classe englobam 75% do valor investido


e 10% da quantidade estocada.

•• Classe B – os itens desta classe englobam 20% do valor investido


e 25 % da quantidade de itens estocado.

•• Classe C – os itens desta classe englobam 5% do valor investido e


65% da quantidade estocada.
Logística de Armazenagem 33

Figura 7 – Gráfico de Pareto ou Curva ABC

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

As mercadorias em estoque são, portanto, tratadas de acordo com


a classe a que pertencem:

•• Classe A – recebe um controle bastante rigoroso.

•• Classe B – recebe um controle mais moderado.

•• Classe C – recebe um controle leve.

Notemos, principalmente, que a verificação dos elementos


mencionados resulta em um controle mais eficiente de nossos estoques.
Assim, quando usamos a curva ABC, a reposição de estoques é feita com
base na importância relativa de cada mercadoria para as empresas.

NOTA:

Os percentuais associados às faixas A, B e C anteriormente


podem variar em função das características de cada
organização. Por exemplo, para algumas empresas,
mercadorias de classe A podem representar 70% dos
investimentos, não 75%.

Mesmo que a organização dos grupos da curva ABC, montá-los é


uma tarefa que será realizada esporadicamente; em certos casos, será
34 Logística de Armazenagem

realizada uma única vez. As mercadorias são mantidas nos respectivos


grupos durante todo o tempo em que suas variáveis (número de vendas,
preço etc.) se mostrarem estáveis.

Para dividir as mercadorias em grupos, executaremos duas etapas.

•• Etapa 1

•• Listar os insumos utilizados em certo período.

•• Registrar o preço unitário e o consumo de cada item no


período considerado.

•• Calcular o valor do consumo dos itens de estoque (preço


unitário x consumo).

•• Adotar o valor do consumo para determina a classificação


das mercadorias.

•• Etapa 2

•• Usar a classificação obtida na etapa anterior para dividir as


mercadorias.

•• Para cada item de estoque, deverá ser lançado um valor de


consumo acumulado igual ao valor consumido, que será
somado à linha anterior.

•• Para cada item de estoque, deverá ser calculado o


percentual sobre o valor total acumulado, que é o resultado
da divisão do valor do consumo acumulado de cada item
pelo valor total acumulado.

NOTA:

A curva ABC resulta da teoria de Pareto, a qual afirma,


basicamente, que grande parte dos esforços de uma
empresa costuma ser investida em uma quantidade menor
de itens – em geral, na proporção 80/20.
Logística de Armazenagem 35

Elaborando uma Curva ABC na Prática


Nesta subseção, com a classificação ABC de uma empresa fictícia.
Para isso, você usará a planilha eletrônica de sua preferência, desde
que apresente todos os recursos disponíveis no Microsoft Excel. Siga as
instruções seguintes!

1. Abra uma planilha em branco.

2. Atribua o nome CurvaABC.xls à planilha aberta.

3. Na sua planilha, digite os materiais indicados na Figura 8.


Figura 8 – Itens de determinado estoque-exemplo

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

4. À sua planilha, adicione a coluna “D”, que apresenta os totais de


cada item de estoque; e a linha 17, que apresenta os totais gerais.
36 Logística de Armazenagem

5. Confira se os dados digitados por você estão em ordem


descendente de valor total por item (coluna “D”). Se não estiverem,
você precisará fazer isso.

6. À sua planilha, adicione a coluna “E”, com os percentuais de cada


item em função do valor total do estoque. Sua planilha deverá ficar
semelhante à presente na Figura 9.
Figura 9 – Planilha com os itens totalizados e com os seus respectivos percentuais
calculados em relação ao valor total abaixo da planilha

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

7. Agora, você deverá acumular os dados da coluna “E” na coluna “F”.


Para conseguir fazer isso, digite a fórmula presente na Figura 10
nas células de “F4” a “F16”. Na linha 3, repita o valor de E3 em F3.
Logística de Armazenagem 37

Figura 10 – Planilha com os percentuais sendo acumulados

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

8. Como a Figura 11 aponta, poderemos definir a classificação ABC


das mercadorias estocadas, acrescento a coluna “G” à nossa
planilha, coluna essa que contém a fórmula de Pareto.
Figura 11 – Planilha completa, contendo a fórmula de Pareto, que resulta na classificação
ABC. Neste caso, foi utilizado o parâmetro 70-30 para a classificação dos produtos

Fonte: Elaborada pela autora (2022).


38 Logística de Armazenagem

9. Agora, para representar a curva ABC graficamente, use um gráfico,


tal como a Figura 12 indica.
Figura 12 – Gráfico de Pareto representando a Curva ABC dos produtos do estoque-exemplo

Fonte: Elaborada pela autora (2022).

Gestão por Previsão de Demandas


Também conhecido como previsibilidade de demandas, o processo
de gestão por previsão de demandas visa à mensuração de demandas
futuras das mercadorias de uma empresa. O gestor que desejar fazer isso
terá muitas técnicas à sua disposição, como estudaremos mais à frente.

A gestão por previsão de demandas é o início de um planejamento


de estoques. Isso acontece porque um planejamento desse tipo depende
de que nós levantemos informações sobre a demanda de mercadorias
finalizadas ao longo do tempo.
Logística de Armazenagem 39

Tipos de Previsão de Demandas


As informações que usaremos para prever estoques podem ser
quantitativas e qualitativas. Enquanto as informações qualitativas focam
a opinião de agentes internos e externos às instituições, as informações
quantitativas analisam variáveis como evolução de vendas, impacto de
publicidade e de propagandas e Produto Interno Bruto, por exemplo.

Técnicas de Previsão
As técnicas que nos permitem prever vendas, consumo e estoques
são de três diferentes tipos, conforme apresentamos a seguir.

1. Projeção – analisa eventos passados, com o intuito de agir


em eventos futuros. Assume, principalmente, informações
quantitativas.

2. Explicação – analisa demandas históricas com base em variáveis


presentes em eventos passados.

3. Predição – baseia-se na experiência para estimar eventos futuros.

Fatores Influenciadores das Demandas


Caso o comportamento das demandas de mercado não mude de
forma significante, é possível usar fatos históricos para prever eventos
futuros. No entanto, certos fatores, como os seguintes, podem afetar a
nossa interpretação dos fatos históricos:

•• Competitividade frente à dos concorrentes.

•• Sazonalidade das mercadorias.

•• Alterações sociais e econômicas.

•• Evolução tecnológica.

•• Políticas de governo.

•• Comportamentos dos consumidores.

•• Obsolescência de produtos.
40 Logística de Armazenagem

Técnicas Quantitativas de Previsão


A Matemática e a Estatística são muito úteis para quem trabalha
com a previsão de estoques. De acordo com Ballou (2006), as seguintes
são técnicas eficientes e modernas de previsão de estoques:

•• Análise espectral – divide o tempo em componentes


fundamentais, os quais são representados por curvas geométricas
(spectra) de seno e de cosseno. Dessas curvas, são obtidas
expressões matemáticas úteis para as previsões.

•• Delphi – sequência de questionários para realizar entrevistas.

•• Modelo de regressão – associa a demanda a uma série de outras


variáveis causais, que podem ser analisadas por programas de
computador, resultando nas previsões que buscamos.

•• Decomposição clássica da série de tempo – serve, com mais


eficiência, para previsões de médio prazo (até 12 meses). Usa a
decomposição do tempo em séries sazonais.

•• Modelo econométrico – trata-se de um sistema de equações que


submete diferentes variáveis econômicas de atividades de vendas
a uma regressão.

•• Mínimos quadrados – serve para descobrir que linha de ajuste


corresponde melhor aos dados coletados. Portanto, essa linha
reduzirá as diferenças entre uma linha reta e os pontos de
dispersão obtidos durante a análise estatística.

•• Intenções de compra e pesquisas de antecipação – consistem


em pesquisas de intenções com consumidores potenciais.

Outras técnicas e de previsão de estoques são as seguintes:

•• Análise do ciclo de vida.

•• Filtro adaptativo.

•• Simulação dinâmica.

•• Box-jenkins.
Logística de Armazenagem 41

•• Resposta acurada.

•• Redes neurais.

•• Previsão colaborativa.

•• Previsão baseada em regras.

•• Caminhada aleatória.

A seguir, falaremos, ainda, de outras técnicas de previsão de


estoques. Escolhemos algumas que não demandam conhecimentos de
matemática e/ou de estatística que sejam muito complicados.

Último Período
Basicamente, trata de usar o comportamento do último período
como parâmetro para realizar a previsão do período posterior.

Média Móvel
Com base na demanda de n períodos anteriores, calculamos
a previsão para um período posterior. Quando o comportamento
de consumo do público-alvo se mostrar crescente, a previsão será
decrescente, e vice-versa. Além disso, se n for um número grande – ou
seja, se a quantidade de períodos analisados for grande –, a reação da
previsão no que tange aos valores atuais tenderá a ser lenta.

Para calcular a média móvel, usaremos a seguinte equação.

CM = (C1 + C2 + C3 + ... + Cn) / n ............................................................................ (16)

•• CM = Consumo médio.

•• C = Consumo nos períodos anteriores.

•• n = Número de períodos.

Como é uma técnica de simples média aritmética, a média móvel


pode ser realizada manualmente. Porém, existe a desvantagem de o seu
uso desencadear diferenças grosseiras nos resultados, sobretudo se o
comportamento dos consumidores estiver associado a algum desvio-
padrão.
42 Logística de Armazenagem

A média móvel, apresenta, ainda, outras limitações: envolve


um volume de dados considerável, exigindo, por vezes, softwares de
processamento; e assume que ciclos antigos e ciclos atuais têm pesos
iguais.

Média Móvel Ponderada


Pode ser considerada uma evolução da técnica anterior, a média
móvel. De modo geral, analisa períodos anteriores e períodos atuais, mas
considera que têm pesos diferenças, procedendo, então, ao cálculo de
uma média ponderada de seus valores.

A média ponderada pode ser calculada de acordo com a seguinte


fórmula.

(17)

Xt = Previsão de consumo

•• Pi = Peso atribuído ao i-ésimo valor

•• Xt-i = Consumo no período

Prestemos atenção ao fato de que os pesos Pi apresentam valores


descendentes. Isso significa que partem dos valores atuais, até chegar
aos valores mais antigos.

Média com Ponderação Exponencial


Por sua vez, é uma versão evoluída da técnica de média ponderada,
aumentando a acurácia das previsões por intermédio de uma maior
valorização dos ciclos mais recentes (em comparação com os ciclos mais
antigos).

Um ponto positivo da média com ponderação exponencial é o fato


de que, para ser executada, depende somente de três ciclos históricos.

O cálculo da média com ponderação exponencial é feito com base


em três valores:

•• Previsão feita para o último período.

•• Consumo aferido no último período.


Logística de Armazenagem 43

•• Constante numérica que define a ponderação atribuída aos ciclos


mais recentes.

Nesse sentido, obteremos a seguinte equação:

(18)

•• Xt = Média estimada para o próximo período

•• Xt = Consumo real aferido.

•• Xt-1 = Consumo estimado para o período anterior.

•• t = Período.

•• = Constante de ajustamento.

A média com ponderação exponencial apresenta limitações e não


deve ser utilizada nas seguintes situações:

•• Quando o padrão de consumo for cíclico.

•• Quando o padrão de consumo tender, de maneira explícita, ou ao


crescimento ou ao declínio.

•• Quando o padrão de consumo for composto somente por


variações aleatórias em torno de uma média constante.

Portanto, a média com ponderação exponencial deve ser utilizada


se a variação do padrão de consumo for aleatória durante um período
regular.
44 Logística de Armazenagem

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo deste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter
aprendido que A classificação ABC é muito utilizada na
gestão de estoques, havendo uma distinção no controle
de itens separados por classes (A, B e C). Compreendeu,
ainda, que não é difícil fazer a classificação ABC por meio
dos passos detalhados de como realizar a classificação;
e viu, também, como elaborar uma curva ABC na prática.
Entendeu a gestão por previsão de demandas, estimando
futuras demandas dos produtos acabados produzidos; e
percebeu que a previsão de demandas pode ser qualitativa
e quantitativa. Por fim, viu que as técnicas quantitativas de
previsão englobam diversas outras técnicas avançadas
aplicáveis, como, por exemplo, é o caso do Delphi.
Logística de Armazenagem 45

Catalogação e Codificação de Materiais

OBJETIVO:

Ao final deste capítulo, você terá compreendido a


catalogação de mercadorias, facilitando a sua localização
em uma cadeia de suprimentos. Pronto? Vamos lá!.

Classificação de Materiais
A classificação é o primeiro passo em direção à classificação de
mercadorias. Como esse processo é feito? Inicialmente, devemos verificar
que características das mercadorias são mais importantes para nossas
empresas, o que permitirá que todas as decisões tomadas a respeito de
tais mercadorias sejam mais ágeis e mais acuradas.
Figura 13 – Classificação dos materiais

Fonte: Pixabay.

De acordo com Trigueiro (2011), as principais classificações atribuídas


às mercadorias são as seguintes.
46 Logística de Armazenagem

•• Quanto à demanda

•• Materiais não de estoque – como não têm consumo


permanente, seu reabastecimento é realizado com
frequência esporádica.

•• Materiais de estoque – como têm consumo permanente,


seu reabastecimento tende a ser imediato e constante.

•• Quanto à aplicação

•• Materiais produtivos – consistem nas matérias-primas


aplicadas em uma linha de produção e, também, em
materiais semiacabados.

•• Materiais de consumo – como são os casos de materiais


de escritório e de materiais limpeza, são utilizados por
vários setores das empresas, não apenas pelos setores
produtivos.

•• Materiais auxiliares – entram nas linhas de produção de


modo indireto, como acontece com produtos usados na
manutenção de equipamentos.

•• Quanto à criticidade – trata-se de produtos suscetíveis a


condições muito particulares. De modo geral, dividem-se de
acordo com os critérios seguintes:

•• Falhas na previsão.

•• Aumento nos custos de fabricação das mercadorias


e/ou no transporte dos seus insumos.

•• Nível de dificuldade do fornecimento de insumos.

•• Necessidade de equipamentos de em sua


fabricação.

•• Quanto à perecibilidade – em geral, o prazo de validade de


produtos armazenados é curto.
Logística de Armazenagem 47

•• Quanto à decisão de fabricação (própria ou terceirizada) – é


necessário avaliar as vantagens de produzir mercadorias e de
terceirizar essa produção.

•• Quanto ao mercado fornecedor – verifica-se mercadorias e


fornecedores têm origem brasileira.

•• Quanto à movimentação

•• Ativos – são mercadorias com um período de movimentação


específico.

•• Inativos: são mercadorias com um período de inatividade


(de não movimentação) específico.

•• Quanto à condição

•• Produto sem uso prévio (material novo).

•• Produto recuperado (material reparado).

•• Produto sem reparação (material inservível).

•• Produto obsoleto, apesar de funcionar.

•• Material com valor econômico que não é utilizado (material


de sucata).

•• Resíduo sem valor econômico (material imprestável).

Sistema de Codificação
O processo de codificação tem o objetivo de atribuir um número de
identificação a cada mercadoria contida nos estoques de uma empresa.
Para que um sistema de identificação seja eficiente, é necessário que
cada tipo de mercadoria receba um código específico.

Os equívocos mais frequentes em um processo de cadastramento


de códigos são a atribuição de um código a tipos distintos de mercadorias
e a atribuição de códigos diferentes a mercadorias de um único tipo.
O primeiro tipo de erro é considerado mais problemático, porque,
normalmente, sistemas de codificação não são capazes de corrigi-lo,
48 Logística de Armazenagem

embora possam fazer isso com erros do segundo tipo. Na sequência,


conheceremos alguns dos sistemas de codificação mais comuns:

•• Sistema de codificação alfanumérica – adota sequências de


números e de letras, razão pela qual suas combinações são
consideradas de mais difícil memorização. No entanto, apresenta
uma solução para casos em que o aumento do número de
mercadorias é escalar;

•• Sistema de codificação numérica – adota combinações


numéricas, o que possibilita uma quantidade potencialmente
infinita de mercadorias cadastradas. Pode ser escalonado.

•• Sistema de codificação decimal simplificada – dentre os citados,


é o sistema mais utilizado. Cadastra as mercadorias em grupos e
em subgrupos. No Quadro 1, é demonstrado um exemplo.
Quadro 1 – Níveis hierárquicos

Codificação

Grupos

Subgrupos

Descritiva

Dígito verificador

Fonte: Elaborado pela autora (2022).

A: é a etapa em que os maiores grupos são definidos.

B: é a etapa em que os menores grupos (subgrupos) são definidos.

C: na sequência, as mercadorias são identificadas por tipos.


Logística de Armazenagem 49

D: tem a função de evitar possíveis erros nos códigos gerados pelo


sistema. Como é obtido por meio de um cálculo específico, de modo que,
se estiver errado, o sistema não permitirá a sua utilização.

Cadastramento e Requisição
A principal serventia de um cadastro é a identificação das
mercadorias presentes em seus estoques. Assim, qualquer mercadoria
pode ser localizada com relativa facilidade.

Antigamente, quando o cadastramento acontecia de forma manual,


demandava-se uma quantidade considerável de funcionários para
catalogar cada mercadoria. Atualmente, existem muitos softwares de
cadastramento, facilitando esse trabalho.

Com o intuito de garantir a eficiência dos processos de


cadastramento, é importante que estabeleçamos e sigamos regras.
Qualquer problema de cadastramento pode tornar a tarefa de localizar
mercadorias muito complexa e afetar as atividades de produção!

O processo de cadastramento pode ser sumarizado nas seguintes


etapas:

•• Inserção de dados sobre a natureza das mercadorias no sistema.

•• Classificação de mercadorias em grupos e em subgrupos, de


acordo com suas características comuns.

•• Atribuição de um código específico a cada tipo de mercadoria.

Para que o cadastramento do produto ocorra da melhor maneira


que for possível, as orientações mais relevantes que podemos dar são:

•• Descrição ou nome da mercadoria em Língua Portuguesa (nomes


em língua estrangeira devem vir como observações).

•• Denominação da mercadoria no singular (televisor, em vez de


televisores).

•• Prioridade à natureza da mercadoria, em detrimento da sua forma


(“LED televisor”, em vez de “televisor LED”).

•• Denominações iguais para mercadorias de naturezas iguais.

•• Não encurtar artigos, numerais e preposições.


50 Logística de Armazenagem

•• Usar o padrão brasileiro de abreviaturas (kg, l, cm etc.).

•• As informações devem ser dispostas na seguinte ordem:

•• Denominação principal da mercadoria (clara e sucinta).

•• Referência básica para identificar a mercadoria.

•• Forma de apresentação da mercadoria (“haste”, “barra”,


“grão” etc.).

•• Embalagem;

•• Dimensões da mercadoria, de acordo com as especificações


legais.

•• Volume (se for o caso).

•• Outras especificações (por exemplo, dentre outras, cor e


lote).

De acordo com Trigueiro (2001), com uso dos critérios anteriores,


uma descrição detalhada da mercadoria será obtida. Observe o exemplo
(TRIGUEIRO, 2001, p. 27):

•• Denominação principal: tomada.

•• Referência básica: macho bipolar.

•• Forma e/ou apresentação: n/a.

•• Dimensões: diâmetro (DIA) de ¾ de polegadas (POL).

•• Outras especificações: NPT SPTF ou equivalente de plástico.

Assim, teremos a seguinte denominação do produto:

Tomada macho bipolar DIA 3/4 POL NPT SPTF ou equivalente de


plástico.

Cadastramento
Um dos objetivos do cadastramento é assegurar a unicidade de
cada mercadoria – isto é, garantir, com a identificação do produto, que
possa ser diferido dos demais, mesmo que suas características sejam
semelhantes.
Logística de Armazenagem 51

Para que a análise dos estoques seja eficiente e célere, os materiais


devem estar divididos em grupos e em subgrupos. Assim, em vez de
gastar tempo com a conferência de cada produto, um gestor poderá
consultar os grupos e os subgrupos definidos.
EXEMPLO:
Se um gestor quiser avaliar como se dá o consumo de produtos de
limpeza e quais são seus montantes, não precisará analisar item por item,
mas apenas observará o comportamento do grupo ao qual o produto de
limpeza pertence.
De acordo com requisitos predeterminados, os materiais devem,
no processo de cadastramento, ser separados de acordo com as
semelhanças e com os critérios pré-estabelecidos.
Quadro 2 – Cadastro de mercadoria

Fonte: Elaborado pela autora (2022).


52 Logística de Armazenagem

Requisição de Material
A requisição é fundamental para que um material possa sair dos
estoques. Pode ser realizada por qualquer departamento da empresa,
mas, normalmente, é emitida pelo setor de vendas.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter visto que
os produtos precisam ser classificados para que sejam
codificados; e que essa classificação pode ser feita quanto à
demanda, quanto à aplicação, quanto à criticidade, quanto
à perecibilidade, quanto à decisão de fabricação, quanto
ao mercado fornecedor, quanto à movimentação e quanto
à condição. Compreendeu, ainda, o sistema de codificação
e quais são os sistemas mais utilizados no mercado.
Entendeu, por fim, o cadastramento e a requisição, suas
principais particularidades, seus objetivos e sua realização.
Logística de Armazenagem 53

REFERÊNCIAS
CLOSS, D. J.; BOWERSOX, D. J. Logística Empresarial: o processo
de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.

COELHO, L. C. Entendendo o Lote Econômico de Compras (LEC


ou EOQ). Logística Descomplicada, 2010. Disponível em: http://www.
logisticadescomplicada.com/entendendo-o-lote-economico-de-
compras-lec-ou-eoq. Acesso em: 30 mar. 2021.

CORRÊA, H. L. Administração de Produção e Operações. São


Paulo: Atlas, 2001.

CORRÊA, J. Gerência Econômica de Estoques e Compras. Rio de


Janeiro: FGV

GITMAN, L. J. Administração Financeira: uma abordagem gerencial.


São Paulo: Pearson, 2006.

TRIGUEIRO, F. G. Administração de Materiais: um enfoque prático.


Recife: Focus, 2001.

VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São


Paulo: Atlas, 2000.

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