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Sistemas Digitais

Fundamentos de Sistemas Digitais


Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
DANYELLE GARCIA GUEDES
ALAN DE OLIVEIRA SANTANA
AUTORIA
Danyelle Garcia Guedes
Sou Mestranda pela Universidade Federal de Campina Grande em
Ciência e Engenharia de Materiais, Especialista pela Faculdade Campos
Elíseos em Docência do Ensino Superior e Bacharel pela Universidade
Federal de Campina Grande em Ciência e Engenharia de Materiais. Atuo
como membro e pesquisadora, no Laboratório de Desenvolvimento de
Biomateriais do Nordeste (Certbio), na pesquisa e no desenvolvimento
de dispositivos biossensores e biomateriais, bem como no Laboratório
de Tecnologia de Materiais da UFCG no desenvolvimento de materiais
cerâmicos e nanofibras. Atualmente, sou membro do Laboratório de
Materiais Cerâmicos e Avançados. Sou apaixonada pelo que faço e adoro
transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas
profissões. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Alan de Oliveira Santana


Sou Mestre em Sistemas da Computação pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (2017). Possuo graduação em Ciência
da Computação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte,
Natal, RN (2016). Tenho experiência na área de Ciência da Computação,
com ênfase em Ciência da Computação, atuando, principalmente,
nos seguintes temas: Tutores virtuais, Chatbots e Jogos educativos.
Apaixonado pelo que faço, fui convidado pela Editora Telesapiens a
integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Entendendo os Sistemas Digitais, seus Tipos de Sinais e Grandezas..10
Sistemas Digitais....................................................................................................10
Sinais...................................................................................................................................... 12
Propriedades dos Sinais Digitais........................................................................ 15
Grandezas.............................................................................................................................................. 18
O que são Circuitos Digitais e seu Princípio de Funcionamento............ 20
Circuitos Integrados...................................................................................................................... 20
Circuitos Digitais................................................................................................................................ 22
Circuitos Lógicos ..........................................................................................................24
Componentes de um Circuito..............................................................................26
Diodos...................................................................................................................................26
Transistor..........................................................................................................27
Resistor..............................................................................................................28
Capacitor..........................................................................................................29
Indutor................................................................................................................29
Baterias ........................................................................................................... 30
Portas Lógicas............................................................................................. 30
Classificação dos Circuitos Lógicos................................................................ 31
Entendendo os Sistemas Digitais de Numeração: Do Binário ao
Hexadecimal.................................................................................................................33
Sistemas de Numeração............................................................................................................33
Sistema Decimal........................................................................................................... 36
Sistema Binário ..............................................................................................................37
Sistema Octal...................................................................................................................37
Sistema Hexadecimal ...............................................................................................37
Porque o Sistema Binário é tão Importante para Sistemas Digitais?........ 39
Como Funciona a Codificação dos Dados em um Sistema Digital........ 43
Codificação...........................................................................................................................................43
Tipos de Códigos.............................................................................................................................47
Código BCD...................................................................................................................... 48
Código Gray..................................................................................................................... 49
Código Alfanumérico................................................................................................ 50
Sistemas Digitais 7

01
UNIDADE
8 Sistemas Digitais

INTRODUÇÃO
O uso de computadores, notebooks, smartphones e outros
dispositivos computacionais faz parte da vida cotidiana do ser humano atual.
O desenvolvimento das tecnologias computacionais foi imprescindível no
processo de manuseio, uso e propagação da informação. Em sistemas
digitais, a informação é tratada como um dado, o qual, por sua vez, é
armazenado, processado e comunicado entre diversos dispositivos
eletroeletrônicos em formato digital. O computador é, portanto, potencial
exemplo de um sistema digital típico, e, por meio dele, as informações
podem ser manipuladas, mas em um formato digital ou seja com uma
linguagem de máquina. Por meio da linguagem de máquina, o dispositivo
interpreta a informação que o usuário está trabalhando e desenvolve as
operações necessárias de acordo com o contexto da tarefa desenvolvida.
Mas, o que seria esse formato digital? Como uma máquina entende uma
informação e até trabalha com ela? Essas e algumas outras questões que
serão abordadas ao longo deste nosso estudo. Entendeu? Ao longo desta
unidade letiva, você vai mergulhar neste universo!
Sistemas Digitais 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 - Fundamentos de sistema
digitais. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes
competências profissionais até o término desta etapa de estudos:

1. Compreender o uso dos sistemas digitais, identificando os tipos de


sinais digitais e suas grandezas.

2. Entender o que são e para que servem os circuitos digitais.

3. Discernir sobre os vários sistemas de numeração, compreendendo


a importância do sistema binário no contexto dos sistemas digitais.

4. Compreender a forma de codificação dos dados nos sistemas


digitais, com uma visão geral sobre os principais formatos de
códigos.
10 Sistemas Digitais

Entendendo os Sistemas Digitais, seus


Tipos de Sinais e Grandezas

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender o


que são os sistemas digitais, quais seus fundamentos, tipos
e princípios. Além disso, será capaz de distinguir os tipos de
sinais e as grandezas que se relacionam com essa tecnolo-
gia. Esse conhecimento será fundamental para o exercício
de sua profissão. Compreender como os Sistemas Digitais
são fundamentais para a eletrônica, a engenharia de comu-
nicação, a engenharia elétrica, a instrumentação, a tecnolo-
gia da informação e a engenharia de computação.

E então, motivado para desenvolver esta competência?


Vamos lá, avante!

Sistemas Digitais
A tecnologia digital está rotineiramente relacionada com a vida
e o desenvolvimento de atividades da sociedade atual. Hoje, pode-se
encontrar uso de automação, computadores e outros componentes em
transportes, no setor médico, nos meios de comunicação, nos dispositivos
de entretenimento, etc. O entendimento dos fundamentos dos Sistemas
Digitais serve como base e para o desenvolvimento de cada uma dessas
tantas tecnologias digitais.

DEFINIÇÃO:

De acordo com Ferdjallah (2011), entende-se que um sistema


digital consiste em um sistema por meio do qual se recebem,
como entrada, sinais elétricos definidos como sinais digitais,
os quais, por sua vez, são processados nesse sistema e, em
resposta, produzem sinais de saída, também digitais.
Sistemas Digitais 11

Os sistemas digitais podem ser também denominados como


circuitos digitais ou circuitos lógicos, isso porque esses circuitos
obedecem a certo conjunto de regras lógicas. Referem-se a circuitos
eletrônicos que trabalham com duas variações de nível de tensão dos
sinais elétricos, definindo, dessa maneira, um formato de valores binários
para estes sinais.

Assim, de acordo com Kamal (2009), um circuito digital é definido


como um circuito eletrônico no qual um estado muda entre dois estados
distintos quando há uma mudança nos estados ou condições de entrada.

Os sistemas digitais trabalham, pois, com dois estados distintos.


A compreensão mais simples que se pode ter desses dois estados é a
noção de ligado e desligado.

EXEMPLO:

Um interruptor, por exemplo, serve para ligar e desligar uma


lâmpada. Ele apresenta dois estados: um que liga a lâmpada, ou seja,
fecha o circuito e permite a passagem de corrente elétrica para a lâmpada;
e um que abre o circuito, interrompendo a passagem de corrente elétrica
para a lâmpada.
Figura 01-Ilustração comparativa de acionamento de interruptor e liga/desliga lâmpada

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


12 Sistemas Digitais

Os estados de um sistema digital são descritos por meio dos dígitos


numéricos: 0 e 1. Esses dígitos são denominados como binários ou bits
(binary digIT). Assim, uma série de zeros e um’s é utilizada e organizada de
forma sistemática e estratégica para representar um sinal digital e emitir
uma resposta lógica de acordo com o estado lógico visualizado em cada
sistema.

Sinais
Um sinal é tido como um sequenciamento de estados que
codificam uma informação, a qual está sendo transmitida em um sistema
de comunicação. Em termos gerais, o dispositivo emissor codifica a
informação em um tipo de sinal que é transportado por um sistema de
comunicação e recebido por um dispositivo receptor que decodifica e
interpreta a informação.

Os sinais podem ser de dois tipos distintos: o digital e o analógico,


os quais se caracterizam como sendo de tempo discreto e contínuo,
respectivamente.

Os sinais de  digitais, ou de tempo discreto,  são formados por


sequências de valores identificados em instantes de tempo periódicos,
definido com valores inteiros e finitos. Os sinais analógicos, ou de tempo
contínuo, têm seu estado identificado em qualquer instante de tempo,
definidos por qualquer valor numérico real, no qual o sinal se dá por meio
de variações contínuas na amplitude do sinal no decorrer do intervalo de
tempo.

Em sistemas digitais, por sua vez, operam-se com sinais digitais.

DEFINIÇÃO:

Entende-se que um sinal digital compreende um sinal no


qual a informação é representada e modificada por meio
de etapas discretas, ou seja, intervalos de tempo discretos,
fixos. 
Sistemas Digitais 13

A imagem a seguir representa a diferença gráfica entre esses dois


tipos de sinais. Observe como se dá o comportamento de cada sinal!
Figura 02–Diferença entre sinal analógico e sinal digital

SINAL ANALÓGICO SINAL DIGITAL

Fonte: PIXABAY (2021).

Um sistema digital é uma combinação de dispositivos


projetados para manipular informação lógica ou
quantidades físicas representadas no formato digital;
ou seja, as quantidades podem assumir apenas valores
discretos. Esses dispositivos são, na maioria das vezes,
eletrônicos, mas podem ser mecânicos, magnéticos ou
pneumáticos. Alguns dos sistemas digitais mais conhecidos
são os computadores, as calculadoras, os equipamentos
de áudio e vídeo e o sistema de telecomunicações.

Um sistema analógico contém dispositivos que manipulam


quantidades físicas representadas na forma analógica. Em
um sistema analógico, as quantidades físicas podem variar
ao longo de uma faixa contínua de valores. Por exemplo,
a amplitude do sinal de saída de um alto-falante em um
receptor de rádio pode apresentar qualquer valor entre
zero e seu limite máximo. (TOCCI, 2019, p. 17)

Por meio da figura anterior, é possível visualizar que o sinal digital


assume dois estados lógicos. Cada estado lógico diz respeito a uma
região diferente, podendo ser de saídas, tensões de entrada, correntes,
frequências, fases ou condições de um circuito. A representação para
uma das regiões pode se dar por um estado lógico identificado como 1
(dígito 1), como verdadeiro, alto ou sim; já a outra região, por um estado
lógico 0 (dígito 0), falso, baixo ou não (KAMAL, 2009).
14 Sistemas Digitais

Ainda relacionando os sinais digitais e analógicos, tem-se que


algumas vantagens podem ser elencadas:

•• Circuitos digitais são mais facilmente projetados, são mais


confiáveis, flexíveis e de maior robustez, o que acaba agregando
ao custo final, que é inferior aos circuitos analógicos.

•• Um sistema que faz uso de sinais digitais não sofre interferência


de ruídos, assim o ruído na tensão ou corrente é irrelevante para
esse sistema, pois, como a entrada ou a saída do sinal é medida
em termos de seu estado lógico, a variação do valor de tensão,
corrente, frequência ou fase não interfere nem causa distorções
no sinal.

•• A velocidade de propagação do sinal é mais rápida, isso porque o


número de componentes necessários para representar um valor
físico é menor.

Como se sabe, os sistemas digitais estão presentes em diversos


componentes do cotidiano atual do homem, quase todos os sistemas
eletrônicos são compostos parcial ou totalmente por bases digitais.  No
mundo real, todos os sinais são analógicos, com isso, para estabelecer a
interface com o mundo real, é necessário que se estabeleça a conversão
do sinal da informação que está sendo transmitida entre os formatos
digital e analógico (FERDJALLAH, 2011). 

Nesse contexto, tem-se que duas principais desvantagens podem


ser identificadas a respeito do uso de sistemas digitais: o mundo real é
analógico e, no processo de digitalização, erros são sempre iminentes;
além disso, o processamento de sinais digitais demanda tempo.

Assim, de acordo com Tocci (2019), para se alcançar as vantagens


da tecnologia digital, mas trabalhando com sinais de entrada e saída
analógicos, quatro passos devem ser seguidos:

1. Conversão da variável física em sinal elétrico, analógico.

2. Conversão do sinal elétrico em digital.

3. Processamento da informação digital.


Sistemas Digitais 15

4. Conversão das saídas digitais em analógicas, que o demandado


no mundo real.

ACESSE:

Para saber mais detalhes sobre a conversão de sinais,


clique aqui.

Propriedades dos Sinais Digitais


•• Sinais e tempo

Os estados lógicos de um sinal digital, 1 e 0, são representados


por tensões prescritas. Dessa forma, modificações nas tensões podem
resultar em uma variação da tensão de saída, em relação à tensão de
entrada, no sistema. Assim, os estados lógicos precisam ser analisados
em função do tempo. Por meio de diagramas tempo, é que se relacionam
mais de um sinal digital em um circuito digital, tendo em vista o evento
físico que está ocorrendo.

EXEMPLO:

Para exemplificar a relevância dos diagramas de tempo o autor Tocci


(2019) apresenta um circuito de iluminação que detecta o amanhecer/
anoitecer do dia, e desliga/liga a iluminação após um período de 10
minutos em que o fenômeno foi detectado. A relação entre os dois sinais
são relacionados pelo autor no diagrama seguir:
16 Sistemas Digitais

Figura 03–Diagrama de tempo com entrada e saída de sinais digitais

Sensor Drive de
de luz Controle lâmpada

Sensor de luz

Drive de lâmpada

Fonte: Tocci (2019).

Com base no diagrama, observa-se, pela associação dos


comportamentos dos sinais, que, quando o sensor detecta a variação
de luminosidade do ambiente, o sistema aguarda 10 minutos e, então,
exibe a resposta ao que foi detectado, ocasionando o ligamento (estado
1 no drive da lâmpada quando o estado 1 no sensor da luz ocorre) ou
desligamento (estado 0 no drive da lâmpada quando o estado 0 no sensor
da luz ocorre) sinal da lâmpada.

•• Periodicidade

O comportamento do sinal digital pode se caracterizar como


periódico ou não-periódico. Entende-se que um sinal é periódico quando
o seu comportamento é constante em relação ao tempo decorrido, já
o sinal não-periódico exibe um comportamento irregular ao longo do
tempo.

Fazendo uma ponte com o exemplo anterior, pode-se pensar que


um circuito de iluminação se baseia na hora para acionar o sistema de
liga/desliga das lâmpadas urbanas. Observe que, nesse caso, o sinal
terá um comportamento semelhante ao longo dos dias da semana.
No entanto, se o circuito se basear na luminosidade, observe que o
acionamento irá depender das condições de luminosidade do ambiente,
a qual pode variar de acordo com as condições climáticas do tempo,
assim, pode exibir comportamento não-periódico ao longo da semana, já
Sistemas Digitais 17

que a luminosidade não necessariamente será a mesma durante horários


pré-estabelecidos ao longo de uma semana.

No caso de ondas periódicas, em um sinal, em que o tempo para


um ciclo completo é constante, pode-se identificar a frequência dessa
onda, que é uma medida de ciclo em relação ao tempo:

FÓRMULA:

Onde F é a frequência e T o período.

•• Ciclo de trabalho.

Para a medição do ciclo de trabalho de um sinal, ou seja, do tempo


em que o sinal permaneceu no estado ativo, alto, 1, deve-se relacionar o
tempo em que o sinal passou ativado, ou seja, a duração do pulso ativo
com o período:

FÓRMULA:

Onde é a duração do pulso ativo e T o período.

•• Transições

Existe uma faixa no sinal na qual ocorre a transição de um estado


para outro, quando ele sai do 0 e vai para 1, vice-versa. Essa transição
não ocorre instantaneamente, assim certo tempo é demandado para a
mudança de estado lógico.

Essa variação de estado é determinada como sendo um pulso


de sinal e assume a posição positiva, quando o nível do sinal está alto;
e negativa, quando o nível do sinal está baixo. Em modelos reais, a
transição de pulso ocorre com um dado tempo de subida e de descida,
identificados como sendo o tempo que é do nível alto de tensão; a tensão
leva para variar entre 10 e 90%.
18 Sistemas Digitais

No caso de sistemas em que há apenas dois estados, o evento que


se considera é justamente o que ocupa a transição desses estados. A
transição de 0 para 1 e de 1 para 0 é um evento em um sistema digital. Por
meio dos diagramas de tempo, identificamos as transições de estado nas
bordas de subida e descida do pulso. Quando o circuito responde a um
dado nível, ele é chamado de sensível ao nível, porém quando o circuito
responde às bordas de subida/descida, ele é considerado sensível às
bordas.

Grandezas
Como já visualizado, o sinal digital é capaz de se apresentar em dois
estados lógicos. Como dois estados não são suficientes para representar
os diversos e vastos contextos de aplicações dos sistemas digitais. Assim,
inúmeros sinais são utilizados em paralelo para remediar essa limitação e
conseguir, assim, representar uma dada grandeza.

Como também visualizado anteriormente, os estados lógicos são


conhecidos como dígitos binários ou bits. A respeito do bit, algumas
considerações podem ser feitas:

•• Quando um sinal é formado por um bit, apenas, ele é considerado


um sinal binário único.

•• Quando um sinal é formado por 4 Bits, é denominado nibble.

•• Quando um sinal é formado por 8 Bits, é denominado byte.

•• Quando um sinal é formado por 16 Bits, é denominado word.

Todas essas denominações se interrelacionam, observe a seguir:


Figura 04-Relação entre bit, byte, nibble e Word

0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 0 1 1 0 1 1 1 0 0 1 1

Nibble Nibble Nibble Nibble Nibble Nibble Nibble Nibble

Byte Byte Byte Byte

Word

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


Sistemas Digitais 19

Observe que, na ilustração anterior, são apresentadas as relações


entre as grandezas digitais. Um Word apresenta 32 bits, por exemplo, por
sua vez apresenta 4 Bytes ou 8 nibbles.

Normalmente, as informações, quando tratadas digitalmente são


exibidas com uso de grandes quantidades de bits, para simplificar a
identificação do tamanho dos sistemas de armazenamento utilizam-se as
representações dos múltiplos, ou seja:

•• 1 kilobyte (1KB) = 1024 bytes.

•• 1 megabyte (MB) = 1024 kilobytes.

•• 1 gigabyte (GB) = 1024 megabytes.1 terabyte (TB) = 1024 gigabytes .

RESUMINDO:

E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a tecnologia digital está rotineiramente relacionada
com a vida humana. O entendimento dos fundamentos dos
Sistemas Digitais serve como base, o desenvolvimento de
cada uma dessas tantas tecnologias digitais. Os sistemas
digitais fazem uso de sinais digitais. Os sinais digitais são
representados por dígitos binários ou bits e assumem
dois estados lógicos, 0 ou 1. Os sinais digitais apresentam
relações com tempo, período, frequência e outros. Os sinais
digitais são expressam nas seguintes grandezas: bits, bytes,
nibble e Word, onde: 4 Bits é denominado nibble, por 8 Bits
é denominado byte e 16 Bits é denominado Word.
20 Sistemas Digitais

O que são Circuitos Digitais e seu


Princípio de Funcionamento

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender o


que são circuitos digitais e como se dá o princípio básico de
seu funcionamento. Isso será fundamental para o exercício
de sua profissão. Os circuitos digitais compõem parcial
ou completamente a maioria dos dispositivos eletrônicos
atuais. Dessa forma, conhecer o seu conceito básico e
seus princípios é essencial para o desenvolvimento de
tais dispositivos. E então, Motivado para desenvolver essa
competência? Vamos lá, avante!

Circuitos Integrados
Um circuito integrado é um dispositivo elétrico, que também pode
ser denominado como circuito integrado monolítico, CI, chip ou microchip,
o qual é composto basicamente por um conjunto de circuitos eletrônicos
acoplados em uma placa de circuito de material com propriedades de
semicondução (normalmente de silício).
Figura 05-Exemplo de CI

Fonte: Pixabay (2021).


Sistemas Digitais 21

Em outras palavras, um circuito integrado consiste em um pequeno


dispositivo elétrico no qual seus componentes são integrados em um
único pacote, operando, porém, da mesma maneira que a função de
circuito completo. Ele é formado por inúmeros e minúsculos transistores
de efeito de campo, formulados a partir de um óxido metálico e de um
material semicondutor (MOSFETs) que se integram em um chip. Para
Boylestad (2013):
A construção de cada dispositivo eletrônico discreto
(individual) de estado sólido (estrutura de cristal rígido) ou
circuito integrado começa com um material semicondutor
da mais alta qualidade. Os semicondutores são uma classe
especial de elementos cuja condutividade está entre a de
um bom condutor e a de um isolante. (BOYLESTAD, 2013,
p. 13)

Assim, tem-se que todo o circuito eletrônico do circuito integrado,


o qual é composto por transistores, diodos, resistores e capacitores, são
acoplados em apenas um chip de silício.

De acordo com Floyd (2007), os circuitos integrados são classificados


em duas grandes categorias: a primeira é a de funções lógicas fixas, no
qual o fabricante do circuito é quem estabelece as funções do mesmo,
não permitindo, pois, que terceiros às modifiquem, e a segunda é a
de funções lógicas programáveis, estes, por sua vez, são passíveis de
programação tanto pelo fabricante quanto pelo usuário final.

Os circuitos de dispositivos que são projetados com funções lógicas


fixas são construídos a partir do processo de encapsulamento. Existem
variados tipos de encapsulamento, a sua classificação é dada com base
no mecanismo de montagem das placas de circuito impresso:

•• PTH ou pin through-hole, em que pinos paralelamente atravessam


furos da placa.

•• SMD ou surface mouted-device, em que a montagem é realizada


na superfície da placa.

•• SMT ou surface mount tecnology, diz respeiito à tecnologia de


montagem em superfície.
22 Sistemas Digitais

Além disso, esse tipo de circuito (CI de funções lógicas fixas) pode
ser categorizado, tendo em vista o seu grau de complexidade (em ordem
de complexidade: SSI, MSI, LSI, VLSI, ULSI). De acordo com a definição
proposta por Floyd (2007), tem-se:

•• SSI - Tecnologia de integração em pequena escala. Ela se refere


aos circuitos com até 10 circuitos de portas equivalentes, dentre as
quais portas básicas e flip-flops.

•• MSI - Tecnologia de integração em escala média. Ela se refere aos


circuitos com valores entre 10 a 100 portas equivalentes, incluindo
funções lógicas, tais como codificadores, decodificadores,
contadores, registradores, multiplexadores, circuitos aritméticos,
memórias de pequena capacidade entre outros circuitos.

•• LSI - Tecnologia de integração em escala ampla. Refere-se aos


circuitos de 100 a 10.000 portas, dentre as quais as memórias.

•• VLSI - Tecnologia de integração em escala muito ampla. Refere-


se aos circuitos de 10.000 a 100.000 portas equivalentes por chip.

•• ULSI - Tecnologia Integração em escala ultra-ampla. Refere-se


aos circuitos com mais de 100.000 portas equivalentes, como
memórias e microprocessadores.

No caso dos dispositivos que podem ser programáveis ou os


circuitos de função lógica programável, tem-se o PLD - Dispositivo de
Lógica Programável (programmable logic device) e os do tipo FPGA (field
programmable gate array).

Os circuitos integrados podem ser amplamente classificados de


acordo com dois tipos de categorias: os circuitos integrados lineares/
analógicos e os circuitos integrados digitais. Entre os quais, será foco de
discussão nesse tópico os circuitos integrados digitais.

Circuitos Digitais
Os sistemas digitais são compostos por circuitos eletrônicos
integrados denominados circuitos digitais. Os circuitos digitais, dessa
Sistemas Digitais 23

forma, consistem em um circuito eletrônico que possui a capacidade de


assumir um valor finito de estados lógicos.

Tem-se, entretanto, que os circuitos digitais são categorizados


como circuitos lógicos, chips de memória, circuitos de interface, circuitos
de gerenciamento de energia e dispositivos programáveis.

•• Os circuitos lógicos possuem o princípio de operações lógicas,


as quais norteiam o princípio de funcionamento geral do circuito,
distinguindo os diversos tipos de circuitos lógicos de acordo
com o tipo de operação que cada um desempenha. Dentre os
tipos de circuitos lógicos, têm-se os microprocessadores e os
microcontroladores.

•• Os chips de memória, como a memória MOS, metal óxido


semicondutor, (exemplos: memória RAM e SRAM), e a memória de
porta flutuante consistem em dispositivos eletrônicos construídos a
partir de um semicondutor para o armazenamento de dados digitais.

•• Os circuitos de interface que atuam, por exemplo, nas mudanças


de nível lógico do sistema ou na transmissão de dados.

•• Os circuitos de gerenciamento de energia executam várias funções


relacionadas aos requisitos de energia, como conversões DC-DC,
carregamento de baterias, dimensionamento de tensão e outros.

•• Os dispositivos programáveis, por sua vez, são os circuitos que


são desenvolvidos para serem programados pelo usuário, assim
não saem da fábrica com função lógica já definida e fixa, ou seja, o
mesmo pode ser reconfigurado de acordo com a necessidade do
usuário final. Esse tipo de dispositivo é capaz de executar tarefas
semelhantes aos circuitos que se baseiam em portas lógicas, mas
seu princípio não requer a modificação do sistema de fiação do
circuito para tal. Ao contrário, ocorre apenas uma reprogramação
da atividade.
24 Sistemas Digitais

Circuitos Lógicos
Os circuitos digitais do tipo binário ou circuitos lógicos são os
mais comuns, dessa forma, como visualizado, eles se caracterizam por
trabalhar com apenas dois estados lógicos caracterizados como dígitos
binários, ou bits, assim consistem em circuitos eletrônicos que funcionam
baseados na lógica binária, o que indica que as informações que são
tratadas, armazenadas ou processadas no dispositivo, assumem a forma
de valores binários, ou seja, 0 e 1.

Em geral, o sinal digital de um circuito eletrônico digital é


representado por sinais elétricos. Toda a fonte de sinais do mundo real se
apresenta no formato analógico, assim, para o uso dos sistemas digitais.
a informação precisa ser transformada em linguagem de máquina para,
então, ser transmitida e operada ao longo dos circuitos digitais.

IMPORTANTE:

Como já mencionado anteriormente, toda a fonte de sinais


do mundo real se apresenta no formato analógico, o que
acarreta na necessidade de que toda a informação seja
transformada em linguagem de máquina para, então, ser
transmitida e operada ao longo dos circuitos digitais.

Partindo dessa ideia, o processo de inserção de informações


analógicas em circuitos digitais demanda que toda a informação seja
digitalizada, ou seja, convertida de sinal analógico em um sinal digital. 

Para estabelecer o processo de conversão do sinal analógico


em digital e de digital para analógico, posteriormente, faz-se uso de
conversores.

O conversor analógico/digital (A D), nesse contexto, atua na


amostragem do sinal analógico, onde processa o valor em um intervalo
de tempo definido e, em seguida, converte cada leitura executada em um
número binário correspondente.
Sistemas Digitais 25

Um circuito digital é construído, basicamente, a partir da composição


de circuitos eletrônicos denominados como portas lógicas, assim, seu
princípio de operação é baseado em portas lógicas diferentes, as quais
são utilizadas na diferenciação dos diversos sinais de energia aplicados
ao sistema.

Os circuitos digitais têm a capacidade de transmissão dos sinais


de energia para todos os componentes do dispositivo eletrônico a partir
de portões que se abrem e fecham de acordo com a operação lógica.
Assim, o sinal de saída se dá em uma configuração que é diretamente
proporcional ao nível de energia aplicado no sinal de entrada.

Em geral, componentes analógicos compõem os circuitos digitais.


Dessa maneira, para originar a lógica combinatória de um circuito digital,
as portas lógicas, as quais executam suas funções lógicas baseadas na
álgebra boolena, são utilizadas e produzidas mediante a composição
de uma série de interruptores, como os transistores, por exemplo, cujo
controle é baseado na energia fornecida.

O trabalho geral do circuito digital, como o mesmo é baseado no


conjunto de portas lógicas, se dá por meio da combinação lógica das
portas, ou seja, o funcionamento de uma porta é dependente da resposta
de saída da porta anterior. Desse modo, é como se ocorresse uma
resposta em cadeia, onde a resposta da primeira porta influencia na saída
da porta posterior e assim sucessivamente.

Pode-se afirmar, então, que uma proveniente de uma porta lógica é


capaz de controlar ou alimentar mais portas lógicas dentro de um circuito.

Tem-se, dessa forma, que uma série de transistores são dispostos


e interconectados em uma pequena placa de silício, também conhecidos
como chips de silício. Essa interconexão ocorre por meio de componentes
elétricos e conexões de cobre, os quais compõem as placas de circuito
impresso em geral.

Cada um dos componentes que são utilizados no circuito


desempenha um papel específico cuja importância os torna indispensáveis
para o funcionamento geral do sistema.
26 Sistemas Digitais

Componentes de um Circuito
De acordo com a tarefa a ser realizada, pode-se classificar os
componentes como ativos e passivos. De acordo com Gouvea (2020), os
componentes ativos são capazes de gerar energia e exercer uma função de
controle sobre uma energia adicional de outro componente, ou seja, eles
são capazes de interferir no funcionamento de outros elementos. Ainda
segundo o autor, os componentes passivos não aumentam a intensidade
de uma corrente ou tensão, não amplificam nem geram sinais, assim,
esses componentes interagem com a energia do circuito, dissipando-a
em outras formas de energia. Atuando na polarização, acoplamento ou
desacoplamento de circuitos.

Dentre os componentes ativos, têm-se os diodos e transistores, já


dentre os componentes passivos têm-se os capacitores, registradores,
indutores e outros. Além desses componentes, tem-se também uma
fonte de alimentação, que atua na alimentação de corrente contínua, CC,
para o circuito.

A seguir serão detalhados os princípios de alguns dos principais


componentes dos circuitos.

Diodos
Os diodos são elementos construídos a partir de materiais
semicondutores que são utilizados ​​para deixar passar o fluxo de corrente
em apenas uma direção particular, por isso são elementos que atuam na
alimentação do sistema.

É um elemento composto por dois terminais definidos como ânodo


e cátodo, os quais atuam nas variações de polarização do sistema.
O diodo semicondutor comporta-se de maneira
semelhante a uma chave mecânica na medida em que
pode controlar se uma corrente fluirá entre seus dois
terminais. No entanto, também é importante estar ciente
de que: O diodo semicondutor é diferente de uma chave
mecânica porque, quando o chaveamento for fechado,
permitirá somente que a corrente flua em um sentido.
(BOYLESTAD, 2013, p. 19)
Sistemas Digitais 27

Figura 06-Exemplo de diodo semicondutor ideal onde em (a) tem-se a polarização direta e
em (b) a polarização reversa
VD VD

ID IS

Fonte: Boylestad (2013)

Transistor
Os transistores são dispositivos também semicondutores, mas
que apresentam três terminais, um coletor, um emissor e uma base ou,
nas aplicações de chaveamento modernas, a fonte, o dreno e o portão,
e podem ser utilizados de duas formas: como amplificador ou como
dispositivo de comutação, ou seja, servem para amplificar, controlar e
gerar sinais elétricos.
Figura 07-Exemplo de transistor

Fonte: WikimediaCommons (2021)

Em geral, de acordo com Riordan (2021), um sinal elétrico aplicado


à base (ou porta) tem a capacidade de influenciar no desempenho do
28 Sistemas Digitais

material semicondutor de conduzir a corrente de eletricidade, a qual flui


entre o emissor (ou fonte) e o coletor (ou dreno). No caso de uma bateria,
uma comum fonte de tensão, a corrente é impulsionada e a taxa de fluxo
da corrente através do transistor é controlada pelo sinal de entrada na
base, como se fosse uma válvula de torneira que regula o fluxo de água
em uma mangueira de jardim.

Resistor
Um elemento resistor compreende um tipo de componente passivo
que é o que atua se opondo ao fluxo de corrente, é uma resistência,
um obstáculo ao caminho e à passagem da corrente. Assim, atuam no
controle do fluxo de corrente dentro do circuito.
Figura 08-Exemplo de resistor

Fonte: Freepik (2021)

Podem ser de dois tipos: resistor fixo, no qual o valor da resistência


aplicada ao sistema não é modificável, e resistor variável, o qual tem
a flexibilidade de alteração do valor da resistência de acordo com a
exigência do valor da resistência.
Sistemas Digitais 29

Capacitor
Os capacitores são componentes formados por duas placas
condutoras e um elemento isolante, o qual é disposto entre as duas
placas, que são organizadas paralelamente uma em relação à outra.
Figura 09-Exemplo capacitor

Fonte: WikimediaCommons (2021)

Esse elemento é utilizado para o armazenamento de energia


elétrica em um campo elétrico.

Em circuitos digitais, pode-se visualizar, por exemplo, a atuação dos


capacitores quando o computador tem sua fonte de energia interrompida
bruscamente e de forma inesperada, em uma queda de energia, por
exemplo. As informações que estavam sendo manuseadas durante a
operação são armazenadas em grandes memórias, mas para que não
sejam perdidas, a energia elétrica armazenada nos capacitores é capaz
de manter a informação. Além disso, esse componente ainda atua como
filtro e desvia sinais elétricos considerados espúrios, o que evita danos no
sistema elétrico e nos componentes do equipamento.

Indutor
Os indutores são componentes elétricos passivos, também
conhecidos como bobinas, que armazenam energia elétrica em um
campo magnético e resistem a variações na corrente elétrica, assim se
opõem às mudanças repentinas na corrente.
30 Sistemas Digitais

Em geral, um indutor compreende um componente elétrico com


dois terminais passivos que armazenam energia em um campo magnético
quando há fluxo de corrente.
Figura 10-Exemplo indutor

Fonte: WikimediaCommons (2021)

Consiste em um fio isolado enrolado em uma bobina em torno de


um núcleo.

Baterias
Atuam como a fonte de energia e transformam a energia química
em elétrica para ser fornecida ao sistema.

Em uma bateria, têm-se que a unidade básica de energia, ou célula


de energia, consiste em três bits principais, dois  eletrodos  ou terminais
elétricos e um produto químico, o eletrólito, localizado entre os eletrodos.
Cada um dos terminais tem uma polaridade, um é positivo e o outro é
negativo. Quando os dois eletrodos são conectados, o eletrólito entra
em atividade, os componentes químicos são convertidos em outras
substâncias e íons se formam e os elétrons percorrem de um terminal
para outro, gerando uma corrente elétrica, até que o eletrólito esteja
completamente transformado, ponto em que os íons param de se mover,
a corrente cessa e a bateria fica vazia.

Portas Lógicas
As portas lógicas são os componentes lógicos do sistema, que
recebem a informação do sinal elétrico em forma de sinal digital em duas
portas de entrada e produzem uma saída. 
Sistemas Digitais 31

Figura 11- Exemplo de circuito lógico com portas lógicas

Fonte: WikimediaCommons (2021)

Assim, em geral, um circuito digital simples pode ser projetado a


partir do uso de um diodo, um resistor, um indutor, um capacitor e uma
fonte de alimentação, além, é claro, das portas lógicas.

Classificação dos Circuitos Lógicos


Em relação à disposição de portas lógicas, classifica-se o circuito
lógico, dependendo de sua operação, em duas classes: Circuito Lógico
Combinacional e Circuito Lógico Sequencial.

No primeiro tipo, o circuito é formado por portas lógicas, as


quais geram uma saída que é determinada apenas pela entrada
atual.  Geralmente, uma variedade de portas lógicas são combinadas
para formar os circuitos do tipo codificador, decodificador, somador e
multiplexador. São exemplos desta classe: portas lógicas.

No segundo tipo, tem-se que a saída do circuito não é dependente


da entrada atual, somente, ou seja, as saídas anteriores têm influência
na sua saída.  Esses circuitos sequenciais apresentam o potencial de
armazenamento da saída anterior em vários dispositivos de memória,
pois são produzidos a partir de máquinas de estado finito.  Os circuitos
sequenciais de três tipos: circuitos acionados por relógio, circuitos
acionados por eventos e circuitos acionados por pulso. São exemplos
desta classe: flip-flops, multivibrador.
32 Sistemas Digitais

RESUMINDO:
E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que um circuito integrado é um dispositivo elétrico
composto basicamente por um conjunto de circuitos
eletrônicos acoplados em uma placa de circuito de material
com propriedades de semicondução. São classificados em
duas grandes categorias: a primeira é a de funções lógicas
fixas; e a segunda de funções lógicas programáveis. Os
circuitos integrados podem ser amplamente classificados
de acordo com dois tipos de categorias: os circuitos
integrados lineares/analógicos e os circuitos integrados
digitais. Os circuitos digitais, dessa forma, consistem em um
circuito eletrônico que possui a capacidade de assumir um
valor finito de estados lógicos.
Sistemas Digitais 33

Entendendo os Sistemas Digitais de


Numeração: Do Binário ao Hexadecimal

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


os sistemas de numeração e codificação que são
utilizados na linguagem de máquina. Esse conhecimento é
indispensável para o entendimento de como se comporta a
transformação da informação ao longo dos circuitos digitais
e analógicos. Isso será fundamental para o exercício de sua
profissão. Assim como os indivíduos de países diferentes,
normalmente, falam línguas diferentes, e para que possam
se comunicar é necessário existir a tradução do conteúdo,
a mesma ideia acomete nos sistemas digitais, logo, para
que uma informação que é digitada no teclado de um
computador seja coerentemente apresentada na tela
de trabalho, o sistema precisa traduzir a informação em
linguagem de máquina e orientar de forma adequada o
que será apresentado. E então, motivado para desenvolver
esta competência? Vamos lá, Avante!.

Sistemas de Numeração
Os sistemas de numeração estão presentes na civilização desde
os primeiros povos relatados historicamente. Diversos registros históricos
catalogam os variados sistemas de numeração que já foram utilizados
pelo homem ao longo de sua evolução.

Os primeiros rastros de uso de sistemas numéricos pelo homem


surgiram a partir da necessidade visualizada em contabilizar, formular
mecanismos por meio dos quais elementos do dia a dia pudessem
ser mensurados. Atividades cotidianas, por vezes, recaiam na ideia de
reconhecer mais e menos nas quantidades de alguma coisa, por exemplo,
um pastor de ovelhas tinha a noção de quando havia mais ou menos
animais em uma determinada área, mas como ele poderia identificar
precisamente quantos animais ele tinha? E se algum animal se perdesse
dos demais como ele iria perceber sua ausência? Como ele poderia
quantificar seu rebanho?
34 Sistemas Digitais

Foi justamente a necessidade que induziu, pouco a pouco, o


desenvolvimento de mecanismos de medição pelas diversas sociedades
e para diversos fins.

Ao longo da história, na medida em que a contagem foi sendo


utilizada para sistemas cada vez maiores e mais complexos, os sistemas
de numeração foram sendo aprimorados e desenvolvidos até serem
atingidos os modelos mais atuais.

Sabendo disso e sabendo também que os sistemas computacionais


são complexas e potentes calculadoras, observamos o quanto a evolução
dos sistemas numéricos foi importante para a sociedade atual. Todos
os meios digitais hoje existem devido à necessidade mais simples de
contagem já evidenciada pelo homem.

DEFINIÇÃO:
Um sistema é caracterizado como sendo um conjunto de
elementos que se interligam de alguma forma e, juntos,
compõem um elemento maior que apresentam uma
função específica, assim, um sistema é compreendido
por seus elementos estruturais e por seu comportamento
característico.

Os sistemas de numeração, por sua vez, compreendem a


estruturação de elementos numéricos de forma que algo seja
sistematizado, organizado, ordenado de acordo com regras bem definidas.
De acordo com Silva (2021):
Quando mencionamos sistemas de numeração estamos
nos referindo à utilização de um sistema para representar
uma numeração, ou seja, uma quantidade. Sistematizar
algo seria organizar, colocar em ordem, submeter a
determinadas regras. Um sistema de numeração seria
uma forma de organizar a representação de um número.
Exemplo: Quando contamos algo ou expressamos algum
valor, utilizamos no dia a dia um sistema de numeração,
que é o sistema decimal. Para isto seguimos a organização
dos números, pois eles obedecem à uma certa ordem, e
uma das regras é utilizar somente os caracteres 0, 1, 2, 3,
4, 5, 6, 7, 8, 9 combinados, obedecendo à ordenação, para
formar dos números. (SILVA, 2021, p.1)
Sistemas Digitais 35

Assim, tem-se que os sistemas de numeração foram a forma


encontrada pelo homem para representar suas contagens e quantificar
grandezas. No entanto, é importante perceber que não existe um único
e predominante sistema de numeração em uso, ao contrário, existem
inúmeros sistemas de numeração diferentes. Isso porque diversas formas
foram encontradas para que os números fossem representados.
Figura 12- Exemplo de sistemas de numeração distintos

Fonte: WikimediaCommons (2021)

A representação de um número em um sistema de numeração


diferente muda, para um mesmo valor, assim como as operações com
números nestes novos sistemas podem ser readequadas. Estas diferenças
entre os sistemas de numeração são utilizadas como ferramenta de
cálculo e projeto em diversas áreas, como a computação. (SILVA, 2021, p.1)

Mesmo existindo diversos tipos de sistemas de numeração, um


ponto importante a se destacar é que, de acordo com Tocci (2011), o
sistema de numeração binário compreende o tipo de sistema mais
importante para o contexto dos sistemas digitais, porém o sistema decimal
apresenta importante relevância para os demais sistemas de numeração,
pois é esse sistema que é utilizado universalmente para representação de
quantidades fora do sistema digital.

Assim, tendo o sistema de numeração decimal como sendo


considerado universal e o sistema binário como o principal sistema dos
sistemas digitais, visualiza-se a importância dos mesmos.

Quando uma calculadora é utilizada para as resoluções de


equações matemáticas, observam-se, nas teclas do dispositivo, que são
selecionados os números representados no sistema decimal. No entanto,
36 Sistemas Digitais

o equipamento transforma os números de entrada inseridos pelo usuário


em números binários, realiza as operações e, em seguida, retorna uma
saída novamente em números no sistema decimal.

Além desses dois sistemas de numeração, no contexto dos sistemas


digitais, existem outros sistemas de numeração que são também de
importância indispensável, um exemplo disso é o sistema de numeração
hexadecimal, o sistema octal.

Sistema Decimal
Como se sabe, o sistema decimal é, atualmente, o sistema de
numeração mais conhecido e utilizado ao redor do mundo. Em geral,
esse sistema é composto por um conjunto formado por dez caracteres
característicos, daí a denominação decimal, que são utilizados para
a representação dos números. A imagem a seguir apresenta esses
caracteres:
Figura 13-Conjunto de caracteres do sistema decimal

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Assim como os demais sistemas, no sistema decimal, quando um


número que apresenta mais de um caractere é descrito, tem-se que, de
acordo com a posição em que um dígito está localizado, a ele é atribuído
um peso, ou seja, os dígitos são posicionais.

Como forma de estabelecer uma representação posicional no


sistema decimal, observe o exemplo a seguir. Note que essa forma
polinomial expressa um somatório de potências de 10.

EXEMPLO

Imagine o número 2021 = dois mil e vinte e um:

2021 = 2*1000+0*100+2*10+4*1

Ou seja:

2021 = 2*103+0*102+2*101+4*100
Sistemas Digitais 37

Sistema Binário
O sistema de numeração binário é assim definido por apresentar
apenas dois caracteres base.

Da mesma forma como o sistema decimal, esse sistema também


é posicional, assim o processo de contagem segue um pensamento
semelhante ao observado no sistema decimal.
Figura 14- Conjunto de caracteres do sistema binário

0 1
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Sistema Octal
O sistema de numeração octal apresenta a base 8. Esse faz uso,
pois, de oito caracteres, apresentados na imagem a seguir.

O sistema octal já foi amplamente utilizado como simplificação do


sistema binário, nesse caso, três dígitos de binário podiam ser substituídos
por apenas um dígito no sistema octal, no entanto, atualmente esse
sistema não é mais tão utilizado, tendo em vista a completa adoção do
sistema binário nos circuitos e sistemas digitais.
Figura 15-Conjunto de caracteres do sistema octal

0 1 2 3 4 5 6 7
Fonte: Elaborados pelos autores (2021).

Sistema Hexadecimal
O sistema de numeração hexadecimal, por sua vez, possui base
16 e é baseado no uso dos caracteres de 0 a 9 do sistema decimal e,
adicionalmente, também faz uso dos caracteres de A a F do alfabeto para
38 Sistemas Digitais

representar os números de 10 a 15, respectivamente, assim para valores


maiores que 9, letras são utilizadas para a representação de tais.
Figura 16 - Conjunto de caracteres do sistema hexadecimal

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 A B C D E F

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

O sistema hexadecimal é um substituto do sistema octal.


Tanto o sistema octal como o hexadecimal são representações
compactas de números grandes. O sistema hexadecimal está em uso
atualmente devido os computadores normalmente fazerem uso do byte
como unidade básica da memória e como 1 byte é equivalente à 8 bits
tem-se que ele pode ser representado por 8 caracteres do sistema binário
ou por 2 do sistema hexadecimal.
O quadro a seguir apresenta as equivalências entre esses sistemas
apresentados.
Quadro 01- Resumo das equivalências entre os sistemas de numeração decimal,
hexadecimal, octal e binário

Decimal Hexadecimal Octal Binário


0 0 0 0000
1 1 1 0001
2 2 2 0010
3 3 3 0011
4 4 4 0100
5 5 5 0101
6 6 6 0110
7 7 7 0111
8 8 10 1000
9 9 11 1001
10 A 12 1010
11 B 13 1011
12 C 14 1100
13 D 15 1101
14 E 16 1110
15 F 17 1111
Fonte: Elaborado pelos autores com base em Embarcados (2021).
Sistemas Digitais 39

Porque o Sistema Binário é tão Importante


para Sistemas Digitais?
Antes de mais nada vale salientar que mais detalhes a respeito
dos sistemas de numeração, conversões, aritmética e outras operações
serão visualizados em unidades posteriores. O mais importante, nesse
momento, é que você seja capaz de compreender e diferenciar cada um
desses sistemas e de visualizar a relevância que cada um apresenta no
contexto de sistemas digitais.

Como já se sabe, o uso do sistema decimal é universal pelos seres


humanos e isso se dá devido a sua simplicidade tanto de identificação,
interpretação e contagem, bem como de resolução de operações.

Todos os números utilizados no cotidiano, desde os números


pequenos até os grandes, nada mais são do que variações de usos
posicionais de 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.

EXEMPLO

Observe que as grandezas aqui elencadas demonstram o uso


do sistema decimal e como ele é presente na sociedade atual para
representar contagens diversas.

Maria tem 10 anos.

O tempo de vida útil da máquina é de 15 anos.

A temperatura ambiente é 25°C

A altura do prédio é de 178 m.

Porém, você deve se perguntar: mas por qual motivo os sistemas


digitais utilizam de forma tão dominante o sistema binário?

Essa pergunta é bem simples de ser respondida, observe:

Os sistemas digitais, como mostrado na seção anterior, são


formados por circuitos digitais que são circuitos eletrônicos integrados e
que, por sua vez, possuem uma diversidade de elementos eletrônicos
para a recepção, transmissão e manuseio das informações sob a forma
de impulso elétrico.
40 Sistemas Digitais

De forma mais específica, tem-se que um dos componentes do


circuito é o elemento transistor, um componente eletrônico do circuito, e
apresenta três terminais, um que recebe a tensão elétrica, um que envia o
sinal amplificado e o outro terminal que controla a intensidade desse sinal,
ou seja, ele atua com impulsos elétricos, sendo ativado ou desativado de
acordo com a tensão que recebe.

O fato interessante sobre o transistor é que o seu trabalho se associa


justamente com a informação que ele está recebendo. Como se sabe, a
informação chega ao circuito digital sob a forma de sinal elétrico e é a
intensidade desse sinal que vai ativar ou desativar o transistor, isto é, ele
vai assumir um papel semelhante ao dos dígitos binários.

O sistema de numeração binário faz uso apenas, como já visualizado,


de dois caracteres, ou seja, o 1 e o 0.

Sabendo que um computador é formado por milhares de


componentes transistores e que cada transistor vai atuar como um bit,
ou seja, vai assumir apenas dois estados (0 ou 1), observa-se que é muito
mais simples que a linguagem de máquina utilizada seja a do sistema
binário.

Caso optasse por utilizar o sistema decimal como linguagem


de máquina, uma quantidade maior de elementos transistores seria
necessário para representar apenas um número.

Por exemplo, considere que cada transistor é um bit e que quando


o elemento está aceso corresponde a ideia de que ele assumiu o estado 1:
Sistemas Digitais 41

Figura 17-Transistores

Fonte: Pixabay

Observe, por meio da imagem anterior, que é muito simples


representar informação do número 43, cuja conversão, em binário,
corresponde a 101011, por meio das luzes dos transistores.
Os computadores digitais trabalham internamente com dois
níveis de tensão, pelo que o seu sistema de numeração
natural é o sistema binário (aceso, apagado). Com efeito,
num sistema simples como este é possível simplificar o
cálculo, com o auxílio da lógica booleana. Em computação,
chama-se um dígito binário (0 ou 1) de bit, que vem do
inglês Binary Digit. Um agrupamento de 8 bits corresponde
a um byte (Binary Term). O sistema binário é base para a
Álgebra booleana (de George Boole - matemático inglês),
que permite fazer operações lógicas e aritméticas usando-
se apenas dois dígitos ou dois estados (sim e não, falso e
verdadeiro, tudo ou nada, 1 ou 0, ligado e desligado). Toda a
eletrônica digital e computação está baseada nesse sistema
binário e na lógica de Boole, que permite representar por
circuitos eletrônicos digitais (portas lógicas) os números,
caracteres, realizar operações lógicas e aritméticas. Os
programas de computadores são codificados sob forma
binária e armazenados nas mídias (memórias, discos, etc.)
sob esse formato. (SCOTTI, 2021, p. 2)
42 Sistemas Digitais

No caso, se fossem trabalhados 8 transistores apenas, poder-se-


ia trabalhar com até 1 byte de informação. Assim, as possibilidades de
informações a serem processadas seriam mais eficientemente trabalhadas
quando o computador fizesse uso do sistema de numeração binário.

RESUMINDO:

E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a necessidade humana ao longo da história induziu,
pouco a pouco, o desenvolvimento de mecanismos de
medição. Os sistemas de numeração, assim, compreendem
a estruturação de elementos numéricos de forma que algo
seja sistematizado, organizado, ordenado de acordo com
regras bem definidas. No contexto dos sistemas digitais,
existem importantes sistemas de numeração, a saber:
decimal, binário, octal, hexadecimal. Os computadores
digitais trabalham internamente com dois níveis de tensão,
pelo que o seu sistema de numeração natural é o sistema,
assim, num sistema simples como este é possível simplificar
o cálculo, com o auxílio da lógica booleana que chama-se
um dígito binário (0 ou 1) de bit.
Sistemas Digitais 43

Como Funciona a Codificação dos Dados


em um Sistema Digital

OBJETIVO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de entender


como funciona o processo de codificação dos dados em
um sistema digital. Isso será fundamental para o exercício
de sua profissão. O computador trabalha com linguagem
de máquina, com isso, para interpretar informações
externas, é necessário que o conteúdo seja convertido para
a linguagem que o equipamento opera. E então, motivado
para desenvolver essa competência? Vamos lá, avante!

Codificação
A primeira etapa de interação entre a informação e o sistema digital
propriamente dito acontece na codificação. A informação, em formato
analógico, chega até o dispositivo, é transformada para o sistema de
representação mais adequado e, então, é codificada.
A codificação da informação precede o seu armazenamento na
memória e tem o poder de interferir nesse processo, ou seja, a codificação
pode determinar como a informação será armazenada.
O processo de codificação, em termos gerais, se baseia na criação
de padrões, bem como consiste em um processo de organização e
reorganização das informações de maneira ativa e seletiva.
A codificação, em geral, pode ser entendida como um processo
baseado na transformação da representação da informação, em que seu
conteúdo é reduzido em códigos ou símbolos, contribuindo para um mais
eficiente manuseio e transmissão da informação.
No Processamento Digital de Sinais, o processo do fenômeno de
codificação é tido como um modo em que a informação proveniente do sinal
de entrada é modificada, tendo em vista a necessidade de transformar a sua
composição representativa em um formato que é mais eficiente e, dessa
forma, mais apropriado para ser transmitido e armazenado no sistema.
44 Sistemas Digitais

EXEMPLO

Para ilustrar a ideia geral do princípio e benefícios da codificação


da informação, vamos lembrar o filme Titanic. O filme é baseado no
acidente marítimo que aconteceu no ano de 1912. Durante as cenas, é
possível observar que, enquanto estavam em alto mar, para se comunicar
com a guarda-costeira e demais navios, a única forma de envio rápido de
informações era por meio do conhecido Código Morse.

O código Morse nada mais é que uma codificação da informação


para torná-la mais fácil de ser enviada. É um meio de a informação, na forma
de texto escrito, ser transmitida com o uso de dois tons sonoros distintos,
ou seja, cada caractere da palavra (letra ou número) é substituído por sua
representação na forma de uma sequência única de pontos e traços.
Figura 18-Código Morse

Fonte: WikimediaCommons (2021)


Sistemas Digitais 45

Assim, no processamento de informações digitais, a codificação


dos sinais da informação é convertida em sequências de bits, que são a
linguagem de máquina, para, então, serem armazenadas, compartilhadas,
manuseadas e, em seguida, convertidas novamente de bits para
informações no formato mais apropriado para a leitura humana, por
exemplo.

De acordo com Floyd (2007), um código compreende um conjunto


de bits que são dispostos de maneira organizada, seguindo um padrão
único, esse código, por sua vez, é direcionado para representar uma
informação específica.

Em geral, os códigos são usados ​​para a compressão de dados,


para a sua codificação ou criptografia, para a detecção e para correção de
erros, além da transmissão e armazenamento de dados.

Para Johnson (2021), pode-se definir a codificação digital como:


A codificação digital é o processo de usar dígitos binários
para representar letras, caracteres e outros símbolos em
formato digital.  Existem vários tipos de códigos digitais
amplamente usados ​​ hoje, mas eles usam o mesmo
princípio de combinação de números binários para
representar um caractere. (JONHSON, 2021)

Nesse sentido, para as informações externas serem inseridas no


ambiente digital dos computadores, ela, antes, precisa ser codificada.

Mas porque os computadores precisam da informação no formato


binário?

Como se sabe, os computadores e os dispositivos eletrônicos


demandam de um algoritmo sistemático e preciso para interpretar as
informações de entrada. Dessa forma, é demandado por esse que cada
caractere, letra ou símbolo apresente uma representação única e que,
além disso, seja de fácil identificação e distinção dos demais caracteres
por parte do sistema, desse modo o trabalho do computador se torna
preciso e veloz.
46 Sistemas Digitais

A codificação digital da informação é a maneira mais conveniente,


pois, nesse caso, letras ou símbolos são representados por conjuntos
específicos de números binários ou caracteres. 

O código binário não transparece para o ser humano uma forma fácil
e simples de identificação de informações, porém, para os computadores,
se caracteriza como a técnica mais simples de tratamento da informação.

A informação, quando codificada digitalmente, é transformada em


dígitos binários, os quais são facilmente reconhecíveis por equipamentos
lógicos. Como já visto em seções passadas, os dígitos binários consistem
em conjuntos de informações divididos em bits e as técnicas de codificação
digital mais comuns fazem uso de cerca de 8 a 16 bits por caractere, ou
seja, para cada caractere, há, ao menos, oito símbolos alfanuméricos
definidos em uma progressão distinta.

IMPORTANTE:

Diversos tipos de códigos digitais são disponibilizados


para uso ​​em computadores. Os três mais utilizados são
​​ o
American Standard Code Information Interchange (ASCII),
o Extended Binary Coded Decimal Interchange Code e o
Unicode. 

O processo de codificação, por sua vez, ocorre por meio do trabalho


de um elemento conversor de código. O conversor de código atua na
conversão de uma informação de uma forma de codificação para outra
forma de código.

De maneira mais técnica, tem-se que o processo de codificação


de uma informação é executada em um componente codificador, o qual
nada mais é que um circuito lógico que realiza a transformação dos
códigos, convertendo a informação, ou seja, transformando, normalmente
e basicamente, os números decimais e os caracteres alfanuméricos, em
geral, em formatos codificados.

A figura a seguir representa e ilustra o processo de codificação dos


números presentes em um teclado de uma calculadora. Observe que, de
Sistemas Digitais 47

acordo com o acionamento do teclado, ou seja, mediante o número que é


digitado pelo usuário, um tipo de transformação específica é estabelecido
no codificador e o número é transformado em um código equivalente na
forma de dígitos binários, o qual pode ser processado nos circuitos do
dispositivo.
Figura 19-Codificação

Fonte: Floyd (2007), p. 41

Tipos de Códigos
Existem diversos códigos específicos que são utilizados no processo
de codificação em sistemas digitais.
Um codificador é um circuito lógico que realiza
essencialmente a função “inversa” do decodificador. Um
codificador aceita um nível ativo em uma de suas entradas
representando um dígito, tal como um dígito decimal
ou octal, e o converte em uma saída codificada, tal
como binário ou BCD. Codificadores também podem ser
implementados para codificar vários símbolos e caracteres
alfabéticos. O processo de conversão de símbolos
familiares ou números para um formato codificado é
denominado de codificação. (FLOYD, 2007, p. 340)

Serão agora introduzidos os códigos BCD e o Gray.


48 Sistemas Digitais

Código BCD
O código BCD ou decimal codificado em binário compreende uma
das formas de se codificar os caracteres dos sistemas decimais em código
binário.

No BCD, existem dez grupos, apenas, de códigos e é considerado


um meio eficiente de estabelecer a interface entre o sistema binário e
decimal. O código 8421, por exemplo, é um dos tipos de códigos BCD.
Nesse caso, o número decimal é codificado para caracteres binário, em
que cada dígito decimal, que estão entre 0 e 9, pode ser representado por
um número binário com 4 bits.

Define-se esse código como 8421 para indicar pesos para cada um
dos bits equivalentes, ou seja, como um decimal pode ser representado
em binários, por meio de quatro bits, cada um desses bit possui um peso
binário: (23, 22, 21, 20) = (8, 4, 2, 1).

De acordo com Floyd (2007), pode se considerar a conversão entre


números em código 8421 e números decimais um processo muito simples
e fácil; e isso consiste na principal vantagem desse código. De acordo
com o autor, tudo o que é necessário apenas se resume a memorizar as
dez combinações binárias relativas aos dez dígitos. Por meio da tabela a
seguir, podemos visualizar essa representação.
O código 8421 é o código BCD predominante, e quando
nos referirmos a BCD, queremos dizer que o código é o
8421, a menos que seja relatado o contrário. (FLOYD, 2007,
p. 100)
Tabela 01-Associação entre dígitos decimais e BCD

Decimal 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

BCD 0000 0001 0010 0011 0100 0101 0110 0111 1000 1001

Fonte: Floyd (2007), p. 27


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IMPORTANTE:

No código 8421, em teoria, é possível representar dezesseis


números, mas apenas dez são válidos. Essas combinações
do código (1010, 1011, 1100, 1101, 1110 e 1111) são inválidas no
código BCD 8421.

Código Gray
O código Gray é também conhecido como código binário refletido.
Esse código se caracteriza por consistir em uma ordenação do sistema
numérico binário em que dois valores sucessivos diferem em apenas
um bit. É um tipo de código de variável cíclica, assim cada transição de
um valor para o próximo valor envolve apenas uma mudança de bit. No
código gray, os primeiros (n/2) valores são comparados aos dos últimos
(n/2) valores, mas na ordem inversa.

Em outras palavras, o código Gray consiste em um tipo de


codificação de números em que os números adjacentes tenham um único
dígito diferindo por 1.

De forma contrária ao código BCD visualizado anteriormente, no


código Gray, os dígitos não apresentam pesos, nem pode ser considerado
um tipo de código aritmético, ou seja, é um tipo de código que não é
ponderado, não depende do valor posicional do dígito. 

No código Gray, ocorre apenas a modificação de um único bit no


momento em que se tem a modificação de uma palavra do código para
a seguinte sequência. Como apenas um bit é alterado, há redução dos
índices de erros exibidos.
50 Sistemas Digitais

A tabela a seguir apresentará o modelo do código Gray.


Tabela 02-Associação entre dígitos binários e gray

Para 1 bit Para 2 bits Para 3 bits


Binário Gray Binário Gray Binário Gray
0 0 00 00 000 000
1 1 01 01 001 001
10 11 010 011
11 10 011 010
100 110
101 111
110
111 101
100
Fonte: Turorialspoint (2021)

Código Alfanumérico
O tipo de código denominado como sendo alfanumérico é o
mais comum no uso cotidiano dos seres humanos. Para estabelecer a
comunicação entre os indivíduos, o ser humano utiliza números, letras e
outros símbolos.

Os códigos alfanuméricos representam o grupo de códigos


que comporta os números e caracteres alfabéticos, isto é, as letras
do alfabeto, mas também representa outros tipos de caracteres,
como símbolos e várias instruções necessárias para transmissão de
informações (FLOYD, 2007).
Sistemas Digitais 51

Em termos gerais, tem-se que o código alfanumérico representa 10


dígitos decimais e 26 letras do alfabeto.

RESUMINDO:

E então, gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que a primeira etapa de interação entre a informação e o
sistema digital propriamente dito acontece na codificação. A
codificação digital é o processo de usar dígitos binários para
representar letras, caracteres e outros símbolos em formato
digital.  A informação, quando codificada digitalmente, é
transformada em dígitos binários, os quais são facilmente
reconhecíveis por equipamentos lógicos. O processo de
codificação, por sua vez, ocorre por meio do trabalho de
um elemento conversor de código. O conversor de código
atua na conversão de uma informação de uma forma de
codificação para outra forma de código. Existem diversos
códigos específicos que são utilizados no processo de
codificação em sistemas digitais, a saber: códigos BCD,
alfanumérico e o Gray.
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REFERÊNCIAS
BOYLESTAD, R.; L.; NASHELSKY, L.  Dispositivos eletrônicos e
teoria de circuitos. São Paulo: Prentice-Hall do Brasil, 1984.

FERDJALLAH, M.  Introduction to Digital Systems: Modeling,


Synthesis, and Simulation Using VHDL. [s. l.] John Wiley & Sons, 2011.

FLOYD, T.  Sistemas digitais: fundamentos e aplicações. São


Paulo: Bookman Editora, 2007.

GOUVEA, M. O que são componentes ativos, passivos e


eletromecânicos. 2020. Disponível em: https://produza.ind.br/tecnologia/
componentes-passivos/. Acesso em: 20 set. 2021.

JONHSON, S. What is digital code? 2021. Disponível em: https://


www.techwalla.com/articles/how-to-type-a-triangle-character-on-the-
pc-keyboard. Acesso em: 20 set. 2021.

KAMAL, R.  Digital Systems: Principles and Design. Índia: Pearson


Education India, 2009.

RIORDAN, M. Transistors. 2021. Disponível em: https://www.


britannica.com/technology/transistor. Acesso em: 20 set. 2021.

SILVA, L.M.C. Sistemas de Numeração. 2021. Disponível em: https://


docs.ufpr.br/~marianakleina/Material2.pdf. Acesso em: 20 set. 2021.

TOCCI, R. J.; WIDMER, N. S.; MOSS, G. L. Sistemas Digitais: princípios


e aplicações. São Paulo: Editora Pearson, 2019.

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