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Contabilidade

Intermediária e
Societária
Demonstração do
Fluxo de Caixa
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reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia au-
torização, por escrito, da Editora Telesapiens.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Marconi, Márcia Valéria


M321c Contabilidade intermediária [recurso eletrônico] / Márcia
Valéria Marconi, Andréia Cuesta dos Santos - Recife: Telesapiens,
2021.
45 p.: il.; 20cm
ISBN 978-65-86073-99-7
1. Contabilidade. 2. Demonstrações contábeis. I. Santos, Andréia
Cuesta dos. II. Título.
CDD 657 (22.ed)
CDU 657

(Bibliotecária: Maria Isabel Schiavon Kinasz, CRB9 / 626 )


A AUTORA
Andréa Cuesta
Olá. Meu nome é Andréia Cuesta. Sou formada em Ciências
Contábeis, pela Universidade Estadual de Londrina - UEL, e em
Pedagogia pela Faculdade de Paraíso do Norte (FAPAN), especialista
em Controladoria e Finanças (PUC/PR), Logística Empresarial (UNOPAR)
e Docência no Ensino Superior (UNOPAR). Sou estudante especial do
curso de Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas
Tecnologias da UNOPAR, com uma experiência técnico-profissional na
área de docência do ensino superior, presencial e EAD de mais de 12 anos.
Passei por empresas com a Lorenzetti S.A, Elevadores Atlas Schindler e
a Construtora Plaenge, na área Contábil e Fiscal. Hoje integro o quadro
docente do Grupo Kroton Educacional, ao qual faço parte desde 2008.
Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência
de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui
convidada pela Editora TELESAPIENS a integrar seu elenco de autores
independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de
muito estudo e trabalho. Conte comigo!

Márcia Valéria Marconi


Olá. Meu nome é Márcia Valéria Marconi. Sou Mestre em
Administração e graduada em Ciências Contábeis, com uma experiência
técnico-profissional nas áreas de contabilidade, controladoria, custos,
recursos humanos e educação, sendo mais de 20 anos. Passei por
empresas como a Esso Brasileira de Petróleo Ltda., Sadia S.A., Econet
Editora Ltda, Grupo Uninter, Universidade Positivo e FAEC. Tenho
especialização em Controladoria e Finanças, e também em Didática para
Curso Superior. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha
experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões.
Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Fundamentos Contábeis............................................................................10
Objetivos da Contabilidade.......................................................................................................10
Usuários da Contabilidade...................................................................................... 11
Relatórios Contábeis...................................................................................................................... 12
Balanço Patrimonial (BP).......................................................................................... 13
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).................................. 13
Demonstração do Resultado Abrangente (DRA)................................... 14
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL)..... 14
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)................................................. 14
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA)........ 15
E para Algumas Entidades, a Demonstração do Valor Adicionado
(DVA)....................................................................................................................................... 15
Notas Explicativas......................................................................................................... 16
Principais Características da Informação Contábil........................17
Elementos Contábeis................................................................................................. 17
Classificação dos Elementos do Balanço Patrimonial.......................................... 19
Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC).........................................23
CPC 03 – Demonstração de Fluxos de Caixa..............................................................23
Caixa e Equivalentes de Caixa................................................................................................25
Objetivos da Demonstração dos Fluxos de Caixa...................................................26
Benefícios das Informações dos Fluxos de Caixa...................................................27
Classificação dos Elementos do Fluxo de Caixa......................................................27
Casos Especiais............................................................................................................. 30
Parâmetros Gerais do Demonstrativo de Fluxos de Caixa................................32
Formas de Apresentação da DFC.......................................................... 36
DFC versus DOAR........................................................................................................................... 36
Métodos de Divulgação da DFC...........................................................................................37
Fluxos de Caixa das Atividades Operacionais............................................................37
Modelo de Fluxo de Caixa (método direto)................................................................. 38
Modelo de Fluxo de Caixa (método indireto)............................................................. 39
Exemplo Prático............................................................................................................ 40
Contabilidade Intermediária e Societária 7

01
UNIDADE
8 Contabilidade Intermediária e Societária

INTRODUÇÃO
Você sabia que a Contabilidade é um dos instrumentos mais
importantes para o gestor das organizações empresariais, pois ela fornece
dados de forma organizada e de fácil entendimento, para que as decisões
sejam tomadas de forma correta e rápida? Você deve ter notado as diversas
modificações que a contabilidade brasileira vem sofrendo. O primeiro motivo
para estas mudanças é a revolução tecnológica, responsável pela utilização
em larga escala dos ERPs (Enterprise Resource Planning ou Planejamento
dos Recursos da Empresa), que são sistemas integrados de gestão e cuidam
das atividades diárias de uma empresa, desde a aquisição dos estoques,
até a emissão das Demonstrações Contábeis de apresentação obrigatória.
Não importa o tamanho da empresa, seja ela pequena, média ou grande,
estará sujeita a apresentar informações ao Fisco, que atualmente é feita
de forma eletrônica (on-line), nos âmbitos municipal, estadual e federal. O
segundo motivo para as mudanças advém da necessidade de adequar-se
às Normas Internacionais de Contabilidade - IFRS (International Financial
Reporting Standards), que é um conjunto de Pronunciamentos Contábeis
internacionais, publicados e revisados pelo IASB (International Accounting
standards Board). Essa parametrização das normas contábeis surgiu pela
necessidade de as organizações internacionais falarem a mesma língua,
facilitando o entendimento. No Brasil, essas normas estão sendo adaptadas
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) e são regidas pela Lei
11.638 de 28 de dezembro de 2007. Além de fornecer informações ao Fisco,
a Contabilidade também fornece informações a outros interessados, tais
como bancos, sócios, acionistas, fornecedores, clientes e colaboradores,
daí a necessidade de apresentar informações de fácil entendimento para
especialistas ou leigos. Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (2014), de cada dez empresas que são abertas no Brasil, seis
não sobrevivem após 5 anos de atividade. Isso mesmo. Mais da metade das
empresas fecham as portas antes de completar 5 anos! E em grande parte,
o fracasso vem da má administração dos recursos. Entendeu a importância
da contabilidade? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste
universo, e compreender melhor essa ferramenta maravilhosa!
Contabilidade Intermediária e Societária 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Recapitular e consolidar tópicos importantes de Contabilidade


Geral;

2. Conhecer o CPC 03 e os conceitos de Demonstração dos Fluxos


de Caixa e Equivalentes de Caixa;

3. Verificar os aspectos legais da DFC (Demonstração do Fluxo de


Caixa), seus objetivos, alcance e transações que a integram;

4. Identificar as principais diferenças entre DFC (Demonstração do


Fluxo de Caixa) e DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações
de Recursos).

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Contabilidade Intermediária e Societária

Fundamentos Contábeis
INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você terá recapitulado os


fundamentos da contabilidade aprendidos em unidades
anteriores. É fundamental resgatar esses conhecimentos
para dar continuidade aos estudos, e também para o
exercício de sua profissão. Estudar contabilidade é um
processo cumulativo de aprendizado. E então? Motivado
para desenvolver esta competência? Então vamos lá.
Avante!

Objetivos da Contabilidade
Após os processos de convergência que o Brasil vem adotando
desde a promulgação das Leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/2009, permitiram
as mudanças nas normas contábeis brasileira em direção às IFRS, e foram
implantadas em 2010 para todas a empresas. As demonstrações financeiras
elaboradas nesse novo molde apresentam melhores condições para a
tomada de decisão. Dessa forma, o Pronunciamento Conceitual Básico
(R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório
Contábil-financeiro estabelece como objetivo da contabilidade:

OB2. O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito


geral é fornecer informações contábil-financeiras acerca
da entidade que reporta essa informação (reporting entity)
que sejam úteis a investidores existentes e em potencial,
a credores por empréstimos e a outros credores, quando
da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos
para a entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender
ou manter participações em instrumentos patrimoniais e
em instrumentos de dívida, e a oferecer ou disponibilizar
empréstimos ou outras formas de crédito.

Na sequência, o Pronunciamento estabelece quais os tipos de


informações que a contabilidade deve fornecer:
Contabilidade Intermediária e Societária 11

OB12. Relatórios contábil-financeiros de propósito geral


fornecem informação acerca da posição patrimonial e
financeira da entidade que reporta a informação, a qual
representa informação sobre os recursos econômicos da
entidade e reivindicações contra a entidade que reporta a
informação. Relatórios contábil-financeiros também fornecem
informação sobre os efeitos de transações e outros eventos
que alteram os recursos econômicos da entidade que reporta
a informação e reivindicações contra ela. Ambos os tipos de
informação fornecem dados de entrada úteis para decisões
ligadas ao fornecimento de recursos para a entidade.

Usuários da Contabilidade
A contabilidade fornece informações a diversos usuários, tais como
fornecedores, clientes, bancos, investidores, acionistas, colaboradores e
o público em geral. Alguns usuários internos ou externos das informações
contábeis podem necessitar de informações específicas, porém existe
orientação relacionada apenas às informações básicas que atendam ao
maior número de usuários. Acerca dessas informações, o Pronunciamento
Conceitual Básico (R1) orienta:

OB6. Entretanto, relatórios contábil-financeiros de propósito


geral não atendem e não podem atender a todas as
informações de que investidores, credores por empréstimo e
outros credores, existentes e em potencial, necessitam. Esses
usuários precisam considerar informação pertinente de outras
fontes, como, por exemplo, condições econômicas gerais e
expectativas, eventos políticos e clima político, e perspectivas
e panorama para a indústria e para a entidade.

OB8. Usuários primários individuais têm diferentes, e


possivelmente conflitantes, desejos e necessidades de
informação. Este Comitê de Pronunciamentos Contábeis,
ao levar à frente o processo de produção de suas normas,
irá procurar proporcionar um conjunto de informações que
atenda às necessidades do número máximo de usuários
12 Contabilidade Intermediária e Societária

primários. Contudo, a concentração em necessidades comuns


de informação não impede que a entidade que reporta a
informação preste informações adicionais que sejam mais
úteis a um subconjunto particular de usuários primários.

Em outras palavras, a cabe ao usuário das informações, utilizar-se


dos relatórios básicos gerados pela contabilidade, e delas extrair dados
conforme a sua necessidade. Porém, o Pronunciamento não proíbe que
as empresas forneçam dados mais específicos espontaneamente, ou por
imposição de normas de órgãos reguladores externos.

Relatórios Contábeis
A contabilidade utiliza-se de Relatórios produzidos por meio
de suas informações contabilizadas diariamente. Esses relatórios
apresentam os dados de forma organizada e sistematizada (de acordo
com os princípios e as convenções contábeis) para que os usuários da
contabilidade possam compreender a situação real em que a empresa
se encontra, sem necessitar ser expert no assunto. É importante que
todos que tenham acesso a esses relatórios consigam entender o que
está sendo demonstrado. O Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) –
Apresentação das Demonstrações Contábeis – relaciona em seu item 10
quais as demonstrações contábeis que devem ser apresentadas pelas
organizações.
Contabilidade Intermediária e Societária 13

Figura 1 - A Importância da Informação Contábil de Qualidade

Fonte: Pixabay

Balanço Patrimonial (BP)


Apresenta a posição patrimonial e financeira (qualitativa e
quantitativa) da entidade em dado momento (demonstração estática).
O controle dos recursos econômicos efetuado pela apresentação o BP
fornece informações comparadas, que possibilitam prever a capacidade
de gerar caixa no futuro, necessidades de financiamentos, e também
de que forma os lucros futuros serão distribuídos ou reinvestidos. Pelo
BP a empresa terá informações sobre liquidez e a solvência e prever a
capacidade de honrar os compromissos.

Embasamento legal: o artigo 176 da Lei 6.404/76 e alterações Lei


11.638/2007.

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)


Evidencia as operações efetuadas pela empresa durante um
período de tempo (demonstração dinâmica), durante um exercício social,
durante um mês, durante uma quinzena, etc., e detalha a composição
14 Contabilidade Intermediária e Societária

do resultado líquido (lucro ou prejuízo) daquele período. A DRE fornece


informações referente aos fluxos de caixa, e ajuda a avaliar a eficácia
com que os recursos estão sendo utilizados na empresa, possibilitando
mudanças benéficas para o negócio.

Embasamento legal: o artigo 176 da Lei 6.404/76 e alterações Lei


11.638/2007.

Demonstração do Resultado Abrangente (DRA)


A DRA passou a ser exigida no rol de relatórios contábeis obrigatórios
por orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) com o
objetivo de aproximar as normas brasileiras do padrão internacional. Esse
demonstrativo evidencia a soma do resultado do período aos demais
resultados abrangentes.

Embasamento legal: Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) -


Apresentação das demonstrações contábeis

Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido


(DMPL)
Essa demonstração apresenta uma comparação de todas as contas
do grupo do Patrimônio Líquido, com as contas do mesmo grupo do
ano imediatamente anterior, verificando a variação e a consistência das
movimentações sofridas por seus recursos próprios.

Embasamento legal: o artigo 186 da Lei 6.404/76 e alterações Lei


11.638/2007.

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)


A DFC mostra as alterações ocorridas no caixa e equivalentes
de caixa (movimentações monetárias) em determinado período, se
comparadas ao período imediatamente anterior. Evidencia todas as
entradas e saídas de dinheiro da organização (operações, investimentos
Contabilidade Intermediária e Societária 15

e financiamentos). Essas informações são úteis para avaliar futuros


investimentos ou financiamentos.

Embasamento legal: o artigo 188 da Lei 6.404/76 e alterações Lei


11.638/2007.

Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados


(DLPA)
Evidencia as alterações ocorridas no saldo da conta de lucros ou
prejuízos acumulados no grupo do Patrimônio Líquido (deverá conter
saldos do início do período, ajustes dos exercícios anteriores, reversões
de reservas, lucro líquido do exercício, transferências para reserva,
dividendos, parcela dos lucros incorporada ao capital e saldo final).

É obrigatória a apresentação desta demonstração para as empresas


obrigatória para as sociedades limitadas e outros tipos de empresas,
conforme a legislação do Imposto de Renda (art. 274 do RIR/99), podendo
ser substituída pela apresentação da DMPL (artigo 186, § 2º, da Lei nº
6.404/1976).

Embasamento legal: o artigo 186 da Lei 6.404/76.

E para Algumas Entidades, a Demonstração do Valor


Adicionado (DVA)
Essa demonstração tem o objetivo de apresentar a origem e
a evolução da riqueza produzida pela empresa (receita de vendas
menos custos dos recursos de terceiros) e sua distribuição durante o
período analisado, nos elementos de produção, determina a parcela de
contribuição que a entidade tem na formação do PIB (Produto Interno
Bruto) do país. Por meio da DVA é possível verificar quanto é agregado
de valor aos insumos adquiridos de terceiro, que são vendidos ou
consumidos no período e como é distribuído esse valor adicionado entre
governo, investidores, pessoal e financiadores.
16 Contabilidade Intermediária e Societária

A DVA é extraída a partir dos saldos das contas de resultado. É


obrigatória apenas para as companhias abertas, e para outras que a lei
exigir.

Embasamento legal: Item 3 da NBC TG 09, aprovada pela Resolução


CFC n.º 1.138/08 e alterada pela Resolução CFC n.º 1.162/09.

Notas Explicativas
Devem ser apresentadas também, notas explicativas com objetivo
de fornecer maiores detalhes às demonstrações contábeis e financeiras
apresentadas.

Embasamento legal: Art. 176 da Lei 6.404/76 § 5o As notas


explicativas devem: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009).

As Notas Explicativas devem ser elementos que facilitem a


compreensão das demonstrações apresentadas, dando destaque, no
mínimo:

a. Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais,


especialmente estoques, dos cálculos de depreciação,
amortização e exaustão, de constituição de provisões para
encargos ou riscos e dos ajustes para atender às perdas prováveis
na realização de elementos ativos;

b. Os investimentos em outras sociedades, quando estes forem


relevantes;

c. O aumento de valor de elementos do ativo resultantes de novas


avaliações;

d. Os ônus reais constituídos sobre elementos do ativo, as garantias


prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou
contingentes;

e. A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das


obrigações;

f. As opções de compras de ações outorgadas e exercidas no


exercício;
Contabilidade Intermediária e Societária 17

g. O número, as espécies e as classes das ações de capital social;

h. Os ajustes de exercícios anteriores;

i. Eventos subsequentes à data de encerramento do exercício que


tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação
financeira e sobre os resultados futuros da empresa.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento - Comitê de
Pronunciamentos Contábeis – Pronunciamentos, acessível
pelo link: https://bit.ly/2MYcTdO.

Principais Características da Informação


Contábil
O Pronunciamento Conceitual Básico (R1) apresenta, no Capítulo
3, quais são as características imprescindíveis para que uma informação
contábil seja, de fato, útil aos seus usuários:

• Características qualitativas fundamentais: relevância (será relevan-


te se fizer diferença nas decisões tomadas pelo usuário, deve ter
valor preditivo ou confirmatório e materialidade) e representação
fidedigna (será fidedigna se for completa, neutra e livre de erros);

• Características qualitativas de melhoria fundamentais: comparabi-


lidade (se for comparável a informação similar de outra entidade),
verificabilidade (se observadores diversos puderem chegar a um
consenso sobre a mesma informação), tempestividade (se dispo-
nibilizada no momento adequado para a tomada de decisão) e
compreensibilidade (se for clara e concisa).

Elementos Contábeis
a. Conta Contábil é o nome técnico dado a cada um dos componentes
do Patrimônio da empresa (Bens, Direitos, Obrigações e Patrimônio
18 Contabilidade Intermediária e Societária

Líquido) ou um dos componentes dos grupos de Resultado


(Despesas ou Receitas).

b. Plano de Contas é um conjunto de contas que padroniza e


direciona os registros contábeis, dando a eles uniformidade. Cada
empresa elabora seu Plano de Contas observando o que dita a
Lei 6.404/1976. Cada conta deve conter código numérico, título,
função, natureza contábil.

c. Bens e Direitos são representados no Balanço Patrimonial em dois


grupos principais: Ativo Circulante e Ativo não Circulante (Ativo
Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível).

d. Obrigações e Patrimônio Líquido são representados no Passivo nos


três grupos principais: Passivo Circulante, Passivo não Circulante e
Patrimônio Líquido (Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de
Avaliação Patrimonial, Reservas de Lucros, Ações em Tesouraria e
Prejuízos Acumulados).

e. Livros Contábeis são livros utilizados para escrituração contábil


dos fatos administrativos, e atos administrativos relevantes. São
obrigatórios: Livro Diário, Livro Razão, Livro Registro de Inventário
e Livro Registro de Prestação de Serviços.

f. Livros Fiscais são livros exigidos pelo fisco (federal, estadual e


municipal).
Figura 2: Natureza das Coisas Contábeis

Conta Contábil Natureza Aumento Diminuição

Ativo Devedora D C

Passivo Credora C D

Despesa Devedora D C

Receita Credora C D

Patrimônio Líquido Credora C D

Fonte: Lei 6.404/1976 (adaptado)


Contabilidade Intermediária e Societária 19

Classificação dos Elementos do Balanço


Patrimonial
Todos os elementos que compõem o Balanço Patrimonial devem
ser apresentados de acordo com os critérios definidos na Lei nº 6.404/1976
e alterações posteriores. Esses critérios são aplicados a todos os tipos de
empresa, e não apenas às Sociedades por Ações.

a. ATIVO: Representa os recursos controlados pela empresa dos


quais se esperam futuros benefícios, as contas estão dispostas
em ordem decrescente do grau de liquidez (os elementos que
apresentam maior facilidade de conversão em recursos financeiros
são os primeiros).

• Ativo Circulante são os bens e direitos realizados ou utilizados


dentro do ciclo operacional da empresa ou no período de 12
meses da data do balanço, o que for maior (Lei nº 6.404/1976).
Ativo Não Circulante divide-se em:

• Realizável à Longo Prazo (bens e direitos realizáveis após 12


meses da data do balanço ou em período maior do que o ciclo
operacional da empresa ou bens e direitos oriundos de negócios
não operacionais realizados com empresas coligadas ou
controladas, acionistas e diretores);

• Investimentos (participações permanentes em outras sociedades


e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo
circulante e no realizável a longo prazo, e que não destinados à
manutenção da atividade da companhia);

• Imobilizado (bens corpóreos utilizados para a atividades da


empresa ou com essa finalidade, inclusive os benefícios, riscos e
controle desses bens;

• Intangível (bens incorpóreos destinados à manutenção da


companhia ou exercidos com essa finalidade);

Embasamento Legal: O Pronunciamento Conceitual Básico (R1) item 4.4.


20 Contabilidade Intermediária e Societária

b. PASSIVO: E o conjunto das obrigações da entidade, derivadas


de eventos ocorridos no passado, as contas estão dispostas em
ordem decrescente de exigibilidade. São contas originadas de
recursos de terceiros, e tem sua classificação dentro do Plano
de Contas da empresa, tendo como base os seus vencimentos,
ou seja, primeiro aparecem as que têm de ser liquidadas mais
rapidamente.

• Passivo Circulante são obrigações da entidade cujos vencimentos


estão no período de 12 meses contados da data do balanço ou
dentro do ciclo operacional.

• Passivo Não Circulante são obrigações da entidade que são


exigíveis após 12 meses, ou em período que seja maior que o
período do ciclo operacional da empresa.

• Patrimônio Líquido, também denominado Capital de Terceiros,


pode ser entendido como um passivo não exigível imediatamente,
sendo composto pelos recursos dos proprietários, ou seja, capital
próprio. Esse grupo é composto pelas contas Capital Social,
Reservas, Ajustes de avaliação patrimonial, Ações em Tesouraria,
e Prejuízo Acumulado.

Embasamento Legal: O Pronunciamento Conceitual Básico (R1) item 4.4.


Contabilidade Intermediária e Societária 21

Figura 3: Balanço Patrimonial

BALANÇO PATRIMONIAL

Maior Grau de Exibilidade


Maior Grau de Liquidez

ATIVO PASSIVO

Circulante Circulante

Circulante
Razoável a Longo Prazo

Não
Exigível a Longo Prazo
Investimentos
Não Circulante

Imobilizado
Patrimônio Líquido
Intangível

Fonte: Lei 6.404/1976 (adaptado)

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o


acesso à seguinte fonte de consulta e aprofundamento:
Demonstrações Contábeis: Adequação às novas Normas
Contábeis. (CRCRS, s.d.), acessível pelo link: https://bit.
ly/31WgYmQ.
22 Contabilidade Intermediária e Societária

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Relembrou


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente lembrou dos conteúdos que resgatamos
neste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você reviu os Objetivos da Contabilidade, quais são seus
principais usuários e aprendeu sobre o Pronunciamento
Conceitual Básico (R1), Estrutura Conceitual para Elaboração
e Divulgação de Relatório Contábil que direciona os
trabalhos contábeis quanto à estrutura e a forma de
divulgação dos Relatórios Contábeis, de acordo com as
Normas Internacionais de Contabilidade.
Você lembrou quais são os principais Relatórios Contábeis,
seus elementos e a sua obrigatoriedade. Pudemos rever
também, quais são as Características da Informação
Contábil e sobre a importância de apresentar dados
relevantes.
A viagem a nossa memória nos levou através dos
Elementos Contábeis e as suas Classificações dentro do
Balanço Patrimonial. Parece muita informação, não é? Mas
temos muito mais pela frente! Vamos lá? Vamos ao próximo
capítulo?
Contabilidade Intermediária e Societária 23

Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de compreender


e elaborar a Demonstração do Fluxo de Caixa.
Você estará apto a diferenciar elementos de Caixa e de
Equivalentes de Caixa. É fundamental que você conheça o
CPC 03 – DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA, que
regula esta demonstração imprescindível para acompanhar
o resultado financeiro das empresas e auxiliar no controle
de gastos desnecessários ou eventuais desperdícios.
A DFC veio a substituir a antiga Demonstração de Origens
e Aplicações de Recursos - DOAR, cuja apresentação não
é mais obrigatória desde 01 de janeiro de 2008. Dessa
forma é possível manter a saúde econômico-financeira da
entidade. E então? Está curioso para saber mais sobre essa
ferramenta tão importante? Motivado para desenvolver
esta competência? Então vamos lá. Venha comigo!

CPC 03 – Demonstração de Fluxos de Caixa


A DFC é uma demonstração dinâmica que evidencia a geração
de caixa, verificando a qual grupo de classificação ela se originou
(investimentos, financiamento ou operacional) e, de que forma foram
usados recursos originados. O objetivo fundamental é destacar o resultado
financeiro em determinado período.

Apesar de dinâmica, a DFC demonstra os fatos administrativos que


abrangem os fluxos de dinheiro que ocorreram durante determinado
tempo, de forma sintética e que estejam devidamente registrados: as
entradas de dinheiro serão registradas a debito, e as saídas de dinheiro
serão registradas a crédito, da conta Caixa.

A importância deste demonstrativo está na necessidade de os


gestores entenderem a geração do resultado financeiro da companhia,
visto que, nem sempre lucro financeiro e lucro contábil são coincidentes
no final do período após apurados, pois no processo de apuração do
24 Contabilidade Intermediária e Societária

resultado contábil, são considerados também, fatos econômicos, além


dos fatos financeiros.

Essa divergência entre resultado econômico e resultado financeiro


se dá, por exemplo, em caso de fatos acontecidos no final de um período,
e cujo recebimento se dará no decorrer do período financeiro seguinte.

Nesse caso, o regime de competência obriga a contabilidade


a reconhecer a receita no período em que se originou o fato, mas
financeiramente falando, ele só será reconhecido quando houver o
ingresso de dinheiro.

REFLITA:

Supondo que a empresa Vem Que Tem realizou uma venda


em dezembro de 2018, no valor de R$ 200 milhões.
O pagamento deverá se feito da seguinte forma: 50% 2019
e 50% 2020.

O lançamento contábil do reconhecimento dessa venda é em


dezembro 2018:

• Débito: Clientes (não circulante);

• Crédito: Receita com vendas .......................200 milhões.

Agindo desta forma, a Vem Que Tem está aumentando seu lucro
contábil em 200 milhões. Financeiramente, no entanto, não haveria
nenhum lançamento, pois o recebimento dessas vendas se dará apenas
nos períodos financeiros seguintes. Então, para a visão financeira, o lucro
será zero.

A visão financeira fornecida ao usuário é estática e não transmite


a ideia da variação do caixa e dos equivalentes de caixa, trazendo assim
uma divergência entre lucro contábil e lucro financeiro.

Com a utilização da DFC, será possível para o usuário da


informação, enxergar essa movimentação financeira, e entender o porquê
da divergência nos lucros.
Contabilidade Intermediária e Societária 25

O Comitê para Pronunciamentos Contábeis – CPC, no ano de 2008,


emitiu o pronunciamento técnico CPC 03, com o objetivo de inserir na
legislação brasileira o equivalente à norma internacional IAS 7 (Statement
of Cash Flows), que trata da apresentação dos Fluxos de Caixa. Em
2010, esse pronunciamento foi revisado por duas vezes dando origem
ao CPC 03 (R2), e que resultou na Resolução CFC – Conselho Federal
de Contabilidade nº 1.296 de 17 de setembro de 2010 – NBC TG 03 e
na Deliberação CVM – Comissão de Valores Mobiliários nº 641 de 07 de
outubro de 2010.

Companhias de capital fechado cujo Patrimônio Líquido seja algo


inferior a até R$ 2 milhões estão desobrigadas de elaborar e apresentar
a DFC, em conformidade com a Lei das Sociedades por Ações (Lei nº
6.404/1976).

Caixa e Equivalentes de Caixa


DEFINIÇÃO:

Segundo o item 6 do NBC TG 03, aprovada pela Resolução


CFC n. 1296/2010, Caixa são os numerários em espécie e
os depósitos bancários que estiverem disponíveis.
Em outras palavras, seria à soma do Caixa propriamente
dito (recursos mantidos na tesouraria da empresa), assim
como os depósitos bancários em conta corrente (Bancos
Conta Movimento).
Como Equivalentes de Caixa devemos considerar as
aplicações financeiras de curto prazo (com vencimento de
até três meses a contar da data da aquisição), de liquidez
imediata e facilmente transformados em dinheiro em
espécie, sem que sofram modificações consideráveis em
seu valor original. Tanto Caixa, quanto Equivalentes de Caixa
integram o grupo das Disponibilidades no Ativo Circulante,
dentro do Balanço Patrimonial.

Os Equivalentes de Caixa, segundo a NBC TG 03, devem ser


mantidos na empresa, especificamente, com o objetivo de atender aos
compromissos de curto prazo, e não para investimentos ou outros fins.
26 Contabilidade Intermediária e Societária

As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais se estruturam


conforme o exemplo a seguir:

• Geral - NBC PG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade


aplicadas indistintamente a todos os profissionais de Contabilidade;

• Do Auditor Independente - NBC PA - são as Normas Brasileiras


de Contabilidade aplicadas, especificamente, aos contadores que
atuam como auditores independentes;

• Do Auditor Interno - NBC PI - são as Normas Brasileiras de


Contabilidade aplicadas especificamente aos contadores que
atuam como auditores internos;

• Do Perito - NBC PP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade


aplicadas diretamente aos contadores que atuam como peritos
contábeis.

• NBC TG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes


com as normas internacionais emitidas pelo International
Accounting Standards Board (Iasb) e compreendem as normas
editadas pelo CFC a partir dos documentos emitidos pelo CPC
que estão convergentes com as normas do Iasb, numeradas de
00 a 999.

Objetivos da Demonstração dos Fluxos de


Caixa
A DFC tem como objetivo básico disponibilizar as informações de
forma clara, acerca das entradas e saídas de numerários, considerando
um determinado período de tempo.

Essas informações associadas às disponibilizadas por outros


demonstrativos, são capazes de direcionar e balizar as ações tomadas
pelos seus usuários (administradores, investidores, credores e outros).

Por meio da DFC é possível avaliar a geração de caixa destinada


ao pagamento de obrigações (despesas correntes), dividendos, lucros e
outras despesas diárias. Também é possível identificar necessidades de
Contabilidade Intermediária e Societária 27

financiamentos, compreender divergências entre o fluxo de caixa líquido


das operações e o resultado financeiro, com o que foi projetado.

Ao estudar e analisar esse demonstrativo, o administrador será capaz


de elaborar um planejamento eficaz e adequado às suas necessidades,
evitando a falta de recursos em determinado momento.

É pelo conhecimento do que ocorreu no passado, que o gestor é


capaz de fazer uma projeção assertiva do fluxo de caixa para o futuro. E,
por meio de comparação, após os períodos acontecidos, entre o projetado
(orçado) e o ocorrido de fato, poderá aperfeiçoar futuras projeções e
diminuir as margens de erro.

Benefícios das Informações dos Fluxos de


Caixa
A DFC quando apresentada em conjunto com as demais
demonstrações contábeis, proporciona informações que possibilitam aos
usuários a avaliar as mudanças ocorridas nos ativos líquidos, estrutura
financeira (liquidez e solvência), capacidade de alterar valores e prazos
adaptando-os às mudanças, conforme a oportunidade e as circunstâncias.
Em outras palavras, dão aos usuários uma visão global da capacidade
da empresa em gerar recursos, em criar modelos comparativos entre
períodos, e apontar alterações a serem feitas para o futuro.

Classificação dos Elementos do Fluxo de


Caixa
O NBC TG 03 em consonância com o Artigo 188, inciso I da Lei nº
6.404/76, orienta que, as transações relativas às entradas e as saídas de
caixa devem ser segregadas em 3 grupos, que serão demonstrados a
seguir:

a. Atividades Operacionais: constituídas pelas entradas e saídas em


dinheiro, ou equivalentes relacionadas às atividades de produção
e vendados bens e serviços produzidos pela entidade. São as
principais fontes geradoras de receitas;
28 Contabilidade Intermediária e Societária

b. Atividades de Investimentos: decorrentes das compras e vendas


de ativo financeiros de curto prazo, e de bens e direitos que
tenham caráter permanente na sociedade;

Atividades de financiamentos: resultantes da mudança na


composição e no tamanho do capital próprio e capital de terceiros na
entidade.
Figura 4: Fluxo de Caixa e Equivalência de Caixa

Credores
Outras
Estoques
Receitas

Paga-
mentos CAIXA Clientes
(Despesas/Dívidas)

Ativos Fixos Sócios

Fonte: Andréa Cuesta (2019)

É importante enfatizar que cuidados especiais precisam ser tomados


no momento da classificação das transações para os seus respectivos
grupos de atividades.

Alguns pagamentos ou recebimentos de caixa podem ter


particularidades que a enquadre em mais de um dos grupos do Fluxo de
Caixa. Alguns cuidados devem ser tomados, como indica o CPC 03 (R2):

“a. recebimentos de caixa e pagamentos em caixa em favor


ou em nome de clientes, quando os fluxos de caixa refletirem
mais as atividades dos clientes do que as da própria entidade.

EXEMPLOS:(I) movimentação (depósitos e saques) em contas


de depósitos à vista de banco; (II) recursos mantidos para clientes por
entidade de investimento; e (III) aluguéis cobrados em nome de terceiros
e pagos inteiramente aos proprietários dos imóveis. (CPC 03 (R2), item 23.)
Contabilidade Intermediária e Societária 29

“b. recebimentos de caixa e pagamentos em caixa referentes


a itens cujo giro seja rápido, os montantes sejam expressivos
e os vencimentos sejam de curto prazo. (CPC 03 (R2), item 22.)”

EXEMPLOS: (I) pagamentos e recebimentos relativos a cartões de


crédito de clientes; (II) compra e venda de investimentos; e (III) outros
empréstimos tomados a curto prazo, como, por exemplo, os que têm
vencimento em três meses ou menos, contados a partir da respectiva
contratação. (CPC 03 (R2), item 23A.)”

Dessa forma, os desembolsos que forem efetuados para


pagamentos de fornecedores que decorram de financiamentos para
bens destinados à produção ou à venda serão classificados como
atividades operacionais. Desembolsos a fornecedores originários de
aquisições de bens do Ativo não Circulante, serão classificados como
Atividades de Investimento. Desembolsos para pagamentos relacionados
a empréstimos para expansão do negócio serão classificados como
Atividades de Financiamento.
Figura 5: Grupos dos Elementos dos Fluxos de Caixa

Atividades Atividades
Atividades Operacionais
de Investimento de Financiamento

• Recebimentos de ven- • As aquisições ou ven- • Captação de recur-


das ou serviços; das de participações sos dos acionistas ou
• Pagamentos de com- em outras empresas; cotistas;
pras, fornecedores de • Ativos utilizados na pro- • Retorno em forma de
serviços; dução de bens ou na lucros ou dividendos;
• Pagamento de despe- prestação de serviços • Captação de emprésti-
sas (energia elétrica, do objeto social; mos ou outros recursos;
salários, aluguéis etc.); • Debêntures ou outros • Amortização e remune-
• Recebimento de outras títulos emitidas por ração de empréstimos.
receitas (royalties, alu- outras sociedades;
guéis, juros, etc.). • Bens e direitos do Ativo
Imobilizado e do Ativo
Intangível.
Fonte: Andréa Cuesta (2019)
30 Contabilidade Intermediária e Societária

Casos Especiais
a. Juros

O IASB International Accounting Standards Board (quadro


internacional de Normas Contábeis, entidade sem fins lucrativos que
publica e atualiza normas internacionais) orienta que, os juros pagos que
serão contabilizados juntamente ao valor de um ativo, sejam classificados
no mesmo grupo no qual o ativo ao foi classificado. Então, quando os
juros pagos forem capitalizados como parte do custo do imobilizado
ou do intangível, deverão ser classificados no grupo das Atividades de
investimentos, e quando capitalizados como parte do custo dos Estoques,
deverão ser contabilizados como Atividades Operacionais.

b. Dividendos

Para as Instituições Financeiras, dividendos e os juros sobre o


capital próprio recebidos devem ser classificados como fluxos de caixa
operacionais. Para as outras entidades, devem seguir o padrão dos
juros: dividendos e juros sobre o capital próprio recebidos - classificar
como fluxos de caixa das atividades operacionais; dividendos e juros
sobre o capital próprio pagos: classificar como fluxos das atividades de
financiamento.

O Pronunciamento Técnico CPC 03 (R2) determina que, se as


classificações acima não forem seguidas, a empresa deve divulgar nota
explicativa, evidenciando o critério utilizado.

c. Investimento em Coligadas, Controlados ou Empreendimento


Controlado em Conjunto

Empreendimentos que mantenham o critério contábil baseado no


método da equivalência patrimonial ou no método de custo, a empresa
investidora deverá apresentar apenas os Fluxos de Caixa entre ela e a
entidade da qual participe. Quando a apresentação dos Fluxos de Caixa
for efetuada em conjunto (controladas ou coligadas) e que utilizem o
método da equivalência patrimonial, a empresa ao apresentar os Fluxos
de Caixa deve incluir os fluxos que referenciem suas atividades de
Contabilidade Intermediária e Societária 31

seus investimentos, e a distribuições de lucros, outros pagamentos e/


ou recebimentos entre a entidade e o empreendimento controlado em
conjunto.

d. Imposto de Renda (IRPJ) e Contribuição Social


sobre Lucro Líquido (CSLL)

Esses itens devem ser divulgados separadamente. Caso possível


identificar se são impostos referentes a atividades de financiamentos ou
investimentos, divulgar nesses grupos. Do contrário, devem ser divulgadas
separadamente, mas como fluxo das atividades operacionais.

e. Participações em Controladas e em outros Negócios


que sofrerem Alterações

Quando houverem perdas ou obtenção de controle em controladas


e em outros negócios, essas movimentações devem ser apresentadas
separadamente, e classificadas como atividades de investimento. Deve-
se divulgar também, conforme item 40 do CPC 03 (R2): (a) o montante
total pago para obtenção do controle ou o montante total recebido na
perda do controle; (b) a parcela do montante total de compra paga ou
de venda recebida em caixa e em equivalentes de caixa; (c) o montante
de caixa e equivalentes de caixa de controladas ou de outros negócios
sobre o qual o controle foi obtido ou perdido; e (d) o montante dos ativos
e passivos, exceto caixa e equivalentes de caixa, das controladas e de
outros negócios sobre o qual o controle foi obtido ou perdido, resumido
pelas principais classificações.

A entidade de investimento deverá divulgar, conforme exigência


do CPC 36 – Demonstrações Consolidadas, em linhas especificas da
demonstração, os seguintes itens: os efeitos dos fluxos de caixa resultantes
da obtenção ou perda de controle de controladas ou de outros negócios;
os montantes dos ativos e passivos adquiridos ou alienados. Desta forma,
será possível identificar os fluxos de caixa dos fluxos provenientes de
outras atividades.
32 Contabilidade Intermediária e Societária

f. As Transações que não afetem os Fluxos de Caixa


(caixa e equivalentes de caixa)

Essas movimentações que não afetem os Fluxos de Caixa devem


ser excluídas do demonstrativo, mas divulgadas por meio de nota
explicativas, conforme item 44 do CPC 03 (R2). São elas: (a) a aquisição de
ativos, quer seja pela assunção direta do passivo respectivo, quer seja por
meio de arrendamento financeiro; (b) a aquisição de entidade por meio
de emissão de instrumentos patrimoniais; e (c) a conversão de dívida em
instrumentos patrimoniais.

Parâmetros Gerais do Demonstrativo de


Fluxos de Caixa
A Lei 6.404/76, quando versa sobre a Demonstração dos Fluxos de
Caixa, não definiu um modelo fixo que devesse ser seguido por todas as
empresas que estivessem obrigadas a apresentá-la.

Entretanto, em seu artigo 188, inciso I, estabelece como informações


imprescindíveis a serem indicadas quando da sua elaboração as alterações
ocorridas, durante o exercício analisado, no saldo de caixa e equivalentes
de caixa, separando essas alterações em três fluxos:

1. das operações;

2. dos financiamentos;

3. dos investimentos.

Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput


do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: (Redação dada pela Lei no
11.638, de 2007) I – demonstração dos fluxos de caixa, as alterações
ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa,
segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: (Redação
dada pela Lei no 11.638, de 2007) a) das operações; (Redação dada pela
Lei no 11.638, de 2007) b) dos financiamentos; e (Redação dada pela Lei no
11.638, de 2007) c) dos investimentos; (Redação dada pela Lei no 11.638,
de 2007).
Contabilidade Intermediária e Societária 33

Figura 6: Entradas e Saídas dos Fluxos de Caixa

Fonte: RIOS & MARION, 2019 (adaptado)

1. Recebimento de Vendas

• Faturamento Global (demonstração do resultado);

• (+/–) Variação do débito de clientes (ativo circulante).

2. Pagamento de Compras (Empresa Mercantil)

• Custo da Receita Líquida (demonstração do resultado);

• (+/-) Variação dos Estoques (ativo circulante);

• (=) Compras;

• (+/-) Variação do Crédito de Fornecedores (passivo circulante).

3. Pagamento de Despesas

• Despesas Totais* (na demonstração do resultado, itens que possam


mostrar saídas de caixa, imposto de renda e contribuição social);
34 Contabilidade Intermediária e Societária

• (+) Variação de Despesas Antecipadas;

• (-) Provisões Retificativas do Ativo (quando nas despesas totais);

• (+/-) Variações de Despesas a Pagar (passivo circulante →das


provisões para imposto de renda e contribuição social).

*Obs.: Não fazem parte da despesa total, por não afetarem o caixa:
baixa ou doação de valores do ativo (ver item 4 deste quadro), resultado da
equivalência patrimonial (ver item 4 deste quadro) e variações monetárias
de financiamentos (ver item 5 deste quadro).

4. Compra/Venda de Valores do Ativo não Circulante

• Variação da conta representativa do valor (ativo não circulante);

• (+) Valor contábil do bem baixado ou doado (demonstração do


resultado);

• (-) Valor contábil do lucro na venda (demonstração do resultado);

• (+) Valor contábil do prejuízo na venda (demonstração do resultado);

• (-) Resultado da equivalência patrimonial (demonstração do


resultado).

5. Financiamentos (Passíveis de Correção Cambial ou Monetária)

• Variação da conta representativa da dívida (passivo exigível);

• (+) Variação redutora da dívida (receita → demonstração do resultado);

• (-) Variação aumentativa da dívida (despesa → demonstração do


resultado).

6. Depreciação (em caso de baixa ou doação de bem depreciado)

• Variação da Conta Depreciação Acumulada (ativo imobilizado)

• (+) Depreciação Relativa ao Bem Doado ou Baixado


Ajuste dos Itens dos Fluxos de Caixa. | Fonte: RIOS & MARION, 2019 (adaptado)
Contabilidade Intermediária e Societária 35

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Compreendeu


mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que
você realmente absorveu os conteúdos trabalhados neste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você estudou os
conceitos dispostos no CPC 03 (R2) sobre a DFC, aprendeu
os conceitos de Caixa e Equivalentes de Caixa, verificou
quais os objetivos da DFC, e os benefícios de divulgar
essa demonstração. Você verificou como são classificados
os elementos do Fluxo de Caixa, qual o tratamento a ser
aplicado aos casos especiais. Pudemos ver também, quais
são os parâmetros gerais do demonstrativo dos fluxos de
caixa. Quanta informação estudamos nesse capítulo, não
é mesmo? Prepare-se, pois estamos ainda engatinhando.
Mas temos muito mais pela frente! Vamos lá? Vamos
ao próximo capítulo, aprender como elaborar um ótimo
Fluxo de Caixa, trazendo assim, informações gerenciais
importantes para sua empresa?
36 Contabilidade Intermediária e Societária

Formas de Apresentação da DFC


INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo você será capaz de diferenciar as


diferenças básicas entre a DOAR e a DFC.
Vai descobrir as diferenças entre o método direto e o método
indireto de apresentação da DFC, as exigências, permissões
e proibições na apresentação dos demonstrativos, segundo
a legislação brasileira.
Você será capaz de construir para uma apresentação,
usando esta importante ferramenta de gestão que
estudamos nesta unidade do seu livro!
E então? Está pronto para mais este degrau no seu
conhecimento? Então vamos lá. Avante!

DFC versus DOAR


Antes de vermos os tipos de métodos de apresentação da
Demonstração dos Fluxos de Caixa, é necessário fazer uma observação
acerca da DOAR - Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
Esta demonstração era exigida pela Lei Societária até 32/12/2007. Quando
a DFC passou a ser obrigatória, a DOAR deixou de ser.

Várias empresas publicavam ambas as demonstrações, seja para


adequar-se às normas internacionais, ou apenas para complementar a
informação. Embora não seja mais obrigatória a apresentação da DOAR, a
empresa que deseje minuciar as informações das origens e aplicações de
recursos de longo prazo, podem fazê-lo.

A DOAR evidencia alterações sofridas no Capital Circulante Líquido


(incluindo contas como duplicatas a receber, estoques, despesas
antecipadas etc.) o que não representa, exatamente liquidez. Por outro
lado, com a apresentação fluxo de caixa realizado na DFC, é possível
evidenciar que determinada entidade, mesmo apresentando resultados
positivos, não possui liquidez para saldar seus compromissos assumidos
Contabilidade Intermediária e Societária 37

em curto ou em médio prazo, analisando as alterações sofridas no


disponível da sociedade.

Dessa forma, podemos dizer que a DOAR evidencia as origens e as


aplicações de recursos que alteram o Capital Circulante Líquido, e a DFC
evidencia as origens e aplicações de recursos que alteram o Disponível.

Métodos de Divulgação da DFC


Existem dois métodos para estruturar e apresentar a DFC: direto
e indireto. Basicamente os dois métodos diferem apenas em relação à
apresentação dos fluxos de caixas relacionados às atividades operacionais,
sendo o resultado final idêntico. Nas atividades de investimentos e de
financiamentos, as formas de apresentação são efetuadas da mesma
forma, tanto no método direto, quanto no método indireto.

Fluxos de Caixa das Atividades


Operacionais
• Método Direto: as principais classes de recebimentos brutos e
pagamentos brutos são divulgadas, método baseado no regime
de caixa, ou seja, considera os pagamentos e recebimentos
ocorridos no período, sem se preocupar com os seus reflexos
(anteriores ou posteriores). Consiste em apresentar diretamente as
entradas e saídas de caixa ou equivalentes de caixa (disponíveis)
que sejam derivadas das atividades operacionais. Este método é
permitido no Brasil somente se for apresentado juntamente com a
conciliação com o Lucro Contábil.

• Método Indireto: também denominado Método da Reconciliação,


o lucro líquido ou prejuízo (antes da tributação pela CSLL e pelo
IR) é ajustado pelos efeitos das transações que não envolvem
caixa (depreciação, provisões, tributos diferidos, ganhos e perdas
cambiais não realizados e resultado de equivalência patrimonial);
de quaisquer diferimentos ou outras apropriações por competência
sobre recebimentos ou pagamentos operacionais passados ou
38 Contabilidade Intermediária e Societária

futuros; e de itens de receita ou despesa associados com fluxos


de caixa das atividades de investimento ou de financiamento.

SAIBA MAIS:

DFC DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA – Conselho


Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo – CRC-
SP. Acessível pelo link: https://bit.ly/36rRbqi.

Modelo de Fluxo de Caixa (método direto)


Figura 7: Cia VEM QUE TEM (Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto)

Descrição 2018 2017

1. Fluxos de caixa das atividades operacionais


Valores recebidos de clientes
Valores pagos a fornecedores e empregados
Imposto de renda e contribuição social pagos
Pagamentos de contingências
Recebimentos por reembolso de seguros
Recebimentos de lucros e dividendos de subsidiárias
Outros recebimentos (pagamentos) líquidos
(=) Disponibilidades líquidas geradas pelas (aplicadas
nas) atividades operacionais
2. Fluxos de caixa das atividades de investimento
(-) Compras de Investimentos
(-) Compras do Imobilizado
(-) Compras do Intangível
(+) Recebimentos por vendas de Investimentos
(+) Recebimentos por vendas do Imobilizado
(+) Recebimento por vendas do Intangível
(+) Recebimento de dividendos
Contabilidade Intermediária e Societária 39

(=) Disponibilidades líquidas geradas pelas (aplicadas


nas) atividades de investimento
3. Fluxos de caixa das atividades de financiamento
(+) Integralização de capital
(+) Empréstimos tomados
(-) Pagamento de dividendos
(-) Pagamento de empréstimos
(-) Disponibilidades líquidas geradas pelas (aplicadas
nas) atividades de financiamento
Fonte: Ribeiro, 2018 (adaptado). | Exercício Findo em: 2017 e 2018

Figura 8: Cia VEM QUE TEM (Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Direto)

Descrição 2018 2017


4. Aumento (redução) nas disponibilidades (1+/-2+/-3)
5. Disponibilidades no início do período
6. Disponibilidades no final do período (4+/-5)
Fonte: Ribeiro, 2018 (adaptado). | Exercício Findo em: 2017 e 2018

Como vimos, segundo a alínea “a” do item 18 da NBC TG 03, a


apresentação da DFC pelo método direto, no que tangem as atividades
operacionais, será efetuada pelas principais classes de pagamentos e
recebimentos brutos. Caso a empresa opte por divulgar seus dados pelo
método direto, deverá apresentar também uma conciliação entre o lucro
líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais, contendo
uma relação dos itens a serem conciliados, separadamente por categoria.
(Item 20A da NBC TG 03).

Modelo de Fluxo de Caixa (método indireto)


Figura 9: Cia VEM QUE TEM (Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo Método Indireto)

Descrição 2018 2017


1. Fluxos de caixa das atividades operacionais
Valores recebidos de clientes
Valores pagos a fornecedores e empregados
Imposto de renda e contribuição social pagos
40 Contabilidade Intermediária e Societária

Pagamentos de contingências
Recebimentos por reembolso de seguros
Recebimentos de lucros e dividendos de subsidiárias
Outros recebimentos (pagamentos) líquidos
(=) Disponibilidades líquidas geradas pelas (aplicadas
nas) atividades operacionais
2. Fluxos de caixa das atividades de investimento
(-) Compras de Investimentos
(-) Compras do Imobilizado
(-) Compras do Intangível
(+) Recebimentos por vendas de Investimentos
(+) Recebimentos por vendas do Imobilizado

Descrição 2018 2017


(+) Recebimento por vendas do Intangível
(+) Recebimento de dividendos
(=) Disponibilidades líquidas geradas pelas (aplicadas
nas) atividades de investimento
3. Fluxos de caixa das atividades de financiamento
(+) Integralização de capital
(+) Empréstimos tomados
(-) Pagamento de dividendos
Fonte: Ribeiro, 2018 (adaptado). | Exercício Findo em: 2017 e 2018

Exemplo Prático
Vamos praticar, através de um exemplo? A Cia. VEM QUE TEM
realizou suas atividades durante dois períodos. Nossa missão é apresentar
a Demonstração dos Fluxos de Caixa desses períodos, com os respectivos
reflexos.

EXEMPLO: Período 2017.

• Fato 1 (06/03/2017): Constituição da empresa para explorar o ramo


de comércio de mesas de madeira, com capital de $ 150.000
integralizado em dinheiro;
Contabilidade Intermediária e Societária 41

• Fato 2 (17/04/2017): Empréstimo tomado do Banco SICREDI, de $


50.000;

• Fato 3 (24/05/2017): Compra de móveis para uso, no valor de $


160.000, tendo pago em dinheiro.

Demonstração dos Fluxos de Caixa: Período de 2017


1. Fluxos de caixa das atividades operacionais
2. Fluxos de caixa das atividades de investimento
(-) Compras do Imobilizado (160.000)
(=) Disponibilidades líquidas aplicadas nas atividades de (160.000)
3. Fluxos de caixa das atividades de financiamento
(+) Integralização de capital 150.000
(+) Empréstimos tomados 50.000
(=) Disponibilidades líquidas geradas pelas atividades de 200.000
financiamento
4. Aumento (redução) nas disponibilidades (2 - 3) 40.000
5. Disponibilidades no início do período 0
6. Disponibilidades no final do período (4 + 5) 40.000

EXEMPLO: Período 2018

Fato 4 (01/10/2018): compra à vista de um lote de mercadorias no


valor de $ 40.000

Fato 5 (10/10/20180: pagamento de despesas de aluguel, em


dinheiro, no valor de $ 6.000.

Fato 6 (12/10/2018): todo lote de mercadorias, à vista, por $ 59.000.

Fato 7 (15/10/2018): pagamento de parcela do financiamento no


valor de $ 6.000, com juros de $ 750.

Fato 8 (em 20 de dezembro): vendeu parte dos Móveis e Utensílios


por $ 15.000, cujo custo de aquisição foi igual a 14.000.

Antes de preparar o novo período na DFC, vamos elaborar a


Demonstração do Resultado do Exercício do período. Veja:
42 Contabilidade Intermediária e Societária

Demonstração do Resultado do Exercício: Período de 2018.


Receita Bruta de Vendas de Mercadorias 59.000
(-) Custo das mercadorias vendida (40.000)
(-) Lucro Bruto 19.000
(-) Despesas de aluguel (6.000)
(-) Despesas de Juros (750)
(=) Lucro Operacional 12.250
(+) Outras receitas 1.000
(=) Resultado antes dos Tributos sobre o Lucro 13.250

Agora, vamos montar a DFC do segundo período:

Demonstração dos Fluxos de Caixa Método Indireto: Período de 2018.


1. Fluxos de caixa das atividades operacionais
Resultado do exercício do período 13.250
Ajustes a conciliar o resultado às disponibilidades gera-
das das atividades operacionais
(-) Resultado na venda de Ativos Não Circulantes (1.000)
(=) Disponibilidades líquidas geradas pelas atividades 12.250
operacionais
3. Fluxos de caixa das atividades de financiamento
(-) Pagamento de Empréstimos (6.000)
(=) Disponibilidades líquidas aplicadas nas atividades de (6.000)
financiamento
4. Aumento nas disponibilidades (1 + 2 + 3) 21.250
5. Disponibilidades no início do período 40.000
6. Disponibilidades no final do período (4 + 5) 61.250
Contabilidade Intermediária e Societária 43

RESUMINDO:

E então? Está satisfeito com o que pôde estudar? Espero


que tenha conseguido aprender tudo o que foi tratado
neste capítulo? Agora, só para termos certeza de que
você realmente absorveu os conteúdos trabalhados neste
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você estudou
as formas de apresentação da Demonstração dos Fluxos
de Caixa, segundo o CPC 03, aprendeu a diferenças básica
entre a DFC e a DOAR (hoje não mais obrigatória), verificou
cada um dos métodos da DFC (método direto e método
indireto, observando quais as diferenças básicas entre eles,
e finalmente, você pode ver na prática como funciona a
DFC, dentro do nosso exemplo prático. Realmente tivemos
muita informação, mas na contabilidade é assim mesmo!
Temos que estar sempre atentos, nunca parar, pois sempre
temos coisas novas, e quem dorme no ponto perde o
ônibus. Prepare-se, pois na próxima unidade, temos muito
mais para estudar! Entendeu tudo? Comente lá no fórum as
suas dúvidas! Chegamos ao fim desta unidade espero que
você tenha gostado!
44 Contabilidade Intermediária e Societária

REFERÊNCIAS
MISSAGIA, Luiz Roberto. VELTER, Francisco. Contabilidade Avançada. 5ª ed.
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Intermediária. 5ª ed. São Paulo: Saraiva,


2018.

RIOS, Ricardo Pereira. MARION, José Carlos. Contabilidade Avançada: de


acordo com as normas brasileiras de contabilidade (NBC) e normas internacionais
de contabilidade (IFRS). 1º ed. – [ 2. Reimpr.]. – São Paulo: Atlas, 2019.

VICECONTI, Silvério das Neves. 18º ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.

BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as


Sociedades por Ações. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6404compilada.htm | Acesso em: 21 ago. 2019.

BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga


dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de
dezembro de 1976. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm | Acesso em: 21 ago. 2019.

Comissão de Pronunciamentos Contábeis - CPC (2010). Disponível em:


http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos | Acesso
em: 21 ago. 2019.

Demografia das Empresas 2015: taxa de saída recua, mas mercado


empresarial perde 1,6 milhão de ocupados. IBGE, 2017. Disponível em: https://bit.
ly/3cF37dM | Acesso em: 21 ago. 2019.

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