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Gestão Tributária

Tratamento Contábil
dos Tributos
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
LUCIANE ROSA DE OLIVEIRA
AUTORIA
Luciane Rosa de Oliveira
Sou formada em Administração de Empresas e em Ciências
contábeis, além de possuir Mestrado em Administração e formação
pedagógica, o que propicia a licenciatura no curso de Administração, com
uma experiência técnico-profissional na área de Planejamento através de
projetos e ainda conhecimento na área empresarial de mais de 14 anos.
Passei por empresas como Prefeituras, empresas do ramo farmacêutico
e agropecuário, sendo que além da experiência em empresas descobri
uma nova paixão que é a docência, então desde 2012 atuo como docente
trabalhando com ensino técnico e posteriormente com nível superior. Sou
apaixonada pelo o que faço e adoro transmitir minha experiência de vida
àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidada
pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes.
Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e
trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Tratamento Contábil dos Tributos Indiretos e Diretos.................10
Entendendo os Tributos............................................................................................................... 11

Tributos de Incidência Indireta............................................................................................... 12

IPI.............................................................................................................................................. 12

ICMS........................................................................................................................................ 13

ISS............................................................................................................................................. 15

PIS e COFINS.................................................................................................................... 16

Tributos de Incidência Direta................................................................................................... 17

IRPJ.......................................................................................................................................... 18

CSLL........................................................................................................................................ 19

Técnicas de Tratamento Contábil para Tributos Compensáveis


Incidentes de Compras e Vendas..........................................................21
Outros Tributos Compensáveis.............................................................................................. 22

Tratamentos Contábeis Tributários nas Devoluções,


Abatimentos e Descontos........................................................................ 24
Devoluções...........................................................................................................................................24

Abatimentos.........................................................................................................................................24

Descontos..............................................................................................................................................24

Tributos Incidentes na Folha de Pagamento Entendendo os


Custos e as Despesas Operacionais.................................................... 27
Mas para que Serve o INSS?...................................................................................................27

Direitos do Titular..........................................................................................................28

Direito aos Dependentes .......................................................................................28

Contribuições para o Empregador ....................................................................................29

Contribuições do Empregado................................................................................................. 31
Gestão Tributária 7

03
UNIDADE
8 Gestão Tributária

INTRODUÇÃO
Você sabia que a área de contabilidade tributária é uma das maiores
demandas na indústria, e será responsável pela geração de inúmeros
empregos nos próximos cinco anos? Isso mesmo. A área de gestão
tributária é essencial em qualquer empresa, mas principalmente na
indústria brasileira. Sua principal responsabilidade é conhecer os impostos
que são pagos em cada área e alocá-los nos custos dos produtos. Você
sabia que muitas empresas acabam quebrando por não conhecerem os
impostos obrigatórios? Portanto, é essencial o conhecimento dos impostos
na precificação dos produtos, afinal todos pagam impostos. Entendeu? Ao
longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo!
Gestão Tributária 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o
término desta etapa de estudos:

1. Explicar como funciona o tratamento contábil e tributário dos


tributos indiretos: IPI, ICMS, PIS, COFINS e ISS e como funciona a
estimativa dos tributos diretos IRPJ e CSSLL.

2. Analisar as técnicas de tratamento contábil para tributos


compensáveis incidentes de compras e vendas.

3. Identificar os tratamentos contábeis tributários nas devoluções,


abatimentos e descontos.

4. Identificar e solucionar questões sobre tributos incidentes na folha


de pagamento entendendo os custos e as despesas operacionais.

Agora você vai entender como funciona a tributação e como ela


impacta diretamente o gestor, pois como você sabe no Brasil possuímos
uma alta carga tributária!

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Gestão Tributária

Tratamento Contábil dos Tributos


Indiretos e Diretos
OBJETIVO:

Ao término deste capítulo você será capaz de entender


como funciona a gestão tributária, compreendendo como
funcionam a incidência dos tributos indiretos como IPI,
ICMS, PIS COFINS e ISS e como são estimados os imposto
diretos como IRPJ e CSSLL. Isto será fundamental para o
exercício de sua profissão. As pessoas que tentaram fazer a
gestão de uma empresa e que não tinham conhecimento
sobre tributação sem a devida instrução, tiveram problemas
com o fisco, pois lá existe uma equipe altamente qualificada
auditando se a sua empresa esta ou não pagando os tributos.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então vamos lá. Avante!

Figura 1 – Estudos financeiros

Fonte: Freepik
Gestão Tributária 11

Entendendo os Tributos
A carga tributária brasileira é bastante alta. Quando você compra
qualquer coisa você pode não perceber, mas o imposto está ali escondido
e você está pagando por ele. O Imposto está presente na compra de
qualquer produto e no momento da compra e da emissão da nota fiscal é
feita a efetivação da tributação.

A nota fiscal é aquele documento em que é descrito o nome da


empresa, CNPJ, endereço, os produtos vendidos, na figura 2 temos um
exemplo de nota fiscal.
Figura 2- Nota fiscal eletrônica

Fonte: Prefeitura de Tijucas (2021).

Mas com a criação do SPED que é o sistema de escrituração digital


brasileiro, as notas fiscais passaram de manuais àquelas em blocos para
notas fiscais eletrônicas o que tornou o processo mais ágil no que tange a
tributação. Mas afinal quais os impostos que as empresas pagam? Todos
incidem de forma direta ou são de forma indireta?
12 Gestão Tributária

Tributos de Incidência Indireta


A cobrança de tributos depende do fato gerador que ocorre e
de algumas outras peculiaridades. Aqueles em que o sujeito passivo
legalmente definido apenas recolhe o valor que é de fato suportado pelo
consumidor final. Os impostos de incidência indireta são o IPI, ICMS, PIS,
COFINS e ISS.

IPI
O Imposto de produtos industrializados -IPI, é um imposto federal e
tem como fato gerador a importação de um bem ou a operação interna,
ou seja, na saída de produto na indústria.

São obrigados a pagar o IPI o importador, o industrial, a empresa


equiparada à empresa industrial, sendo que a alíquota presente na tabela
própria é cobrada com base de cálculo no valor da operação no caso de
produtos industriais e no valor do despacho de importação nos casos de
produtos importados.
Figura 3 - Impostos

Fonte: Freepik
Gestão Tributária 13

ICMS
Toda circulação de mercadorias cria um fato gerador do ICMS.
A aquisição de um produto, o transporte, a prestação de serviços de
transporte intermunicipal e interestadual e a prestação de serviços de
comunicação em caráter oneroso. Este imposto é de caráter estadual e
pode ser assim definido ICMS como:

DEFINIÇÃO:
O ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual, intermunicipal e de comunicação) é de
competência dos estados e do Distrito Federal.

Este imposto tem como incidência conforme Sousa (2018),


representado na Figura 4:
Nas operações relativas à circulação de mercadorias,
inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas
em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;
ii. prestações de serviços de transporte interestadual
e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens,
mercadorias ou valores; iii.prestações onerosas de
serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive
a geração, a emissão, a recepção, a transmissão,
a retransmissão, a repetição e a ampliação de
comunicação de qualquer natureza; iv.fornecimento
de mercadorias com prestação de serviços não
compreendidos na competência tributária dos
Municípios; v. fornecimento de mercadorias com
prestação de serviços sujeitos ao imposto sobre
serviços, de competência dos Municípios, quando a
lei complementar aplicável expressamente o sujeitar
à incidência do imposto estadual; vi.a entrada de
mercadoria importada do exterior, por pessoa física
ou jurídica, ainda quando se tratar de bem destinado
a consumo ou ativo permanente do estabelecimento;
vii. o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se
tenha iniciado no exterior; viii.a entrada, no território do
Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes
e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados,
14 Gestão Tributária

e de energia elétrica, quando não destinados à


comercialização ou à industrialização, decorrentes
de operações interestaduais, cabendo o imposto ao
Estado onde estiver localizado o adquirente. (SOUSA,
2018, p. 89)
Figura 4- Incidência de ICMS

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).


Gestão Tributária 15

Portanto, o ICMS incide em toda a movimentação de mercadorias


nos processos de envio da matriz para a filial, envio da mercadoria das
filiais para a matriz e envio de mercadoria de uma filial para outra filial.

As alíquotas do ICMS variam de estado para estado e este valor é


considerado um imposto embutido, pois sua base de cálculo, podemos
ver conforme o quadro 1.
Quadro 1- Alíquotas do ICMS

Fonte: Dutra (p.95, 2018)

Note que as alíquotas variam de estado para estado, considerando


qual estado de origem e qual será o destino final do produto. Neste
imposto também poderá ocorrer a diferença tributária de um estado para
outro gerando créditos tributários para a empresa, porém existem algumas
empresas que são vedadas do crédito e os mesmos podem prescrever.

Outro ponto relevante sobre o ICMS é a incidência da substituição


tributária ou antecipação que é a cobrança do vendedor que retém do
comprador o ICMS relativo as operações subsequentes.

ISS
É o imposto de competência municipal e incide sobre os serviços
prestados, sua sigla refere-se a imposto sobre serviços, tendo como
16 Gestão Tributária

alíquota máxima 5% sobre o valor do serviço prestado. Serviços são


aquelas atividades prestadas por profissionais terceirizados. Podemos dar
como exemplo os serviços de limpeza, de contabilidade, de segurança,
de manutenção e de transporte.
Figura 5 – Transporte rodoviário

Fonte: Freepik

IMPORTANTE:

A prestação de serviço de transporte municipal era a


incidência de ISS, mas se o transporte for intermunicipal ou
interestadual a incidência será de ICMS.

PIS e COFINS
Dependendo do regime tributário ocorrerá o recolhimento do PIS/
COFINS de forma cumulativa. É o caso das empresas optantes pelo
regime do lucro presumido. Estes impostos são recolhidos até o dia 25
de cada mês e recebem alíquotas que variam de 0,65% e 3%. Mas afinal o
que é PIS e Cofins? Pela definição veremos que:
Gestão Tributária 17

DEFINIÇÃO:
PIS e Cofins são impostos federais que incidem nas
empresas. O PIS foi criado por lei Complementar número 7
de 7 de setembro de 1970 que no artigo 1º. É instituído, na
forma prevista nessa Lei, o Programa de Integração Social,
destinado a promover a integração do empregado na vida e
no desenvolvimento das empresas. E o Cofins foi criado pela
Lei Complementar nº 70 de 30 de Dezembro de 1991 em
seu Art. 1° sem prejuízo da cobrança das contribuições para
o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa
de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep).
Fica instituída a contribuição social para o financiamento
da Seguridade Social, nos termos do inciso I do art. 195
da Constituição Federal, devida pelas pessoas jurídicas
inclusive aquelas a elas equiparadas pela legislação
do imposto de renda, destinadas exclusivamente às
despesas com atividades das áreas de saúde, previdência
e assistência social.

Tributos de Incidência Direta


Além dos impostos de incidência indireta, temos os impostos que
incidem de forma direta que são aqueles que não podem ser repassados
ao consumidor final, sendo a empresa a responsável pelo pagamento.
São entendidos como aqueles que não são passíveis de compensação
ou repasse do tributo a terceiros, como no caso do preço da mercadoria,
do produto ou do serviço vendido. Podemos citar que os tributos diretos
são o IRPJ- Imposto de renda de pessoa jurídica e CSSLL- Contribuição
social sobre lucro líquido.

Antes de nos aprofundamos sobre os tributos de incidência direta


precisamos relembrar os regimes tributários brasileiros que incidem sobre
as empresas dependendo do seu faturamento e enquadramento, sendo
eles o microempreendedor individual que faz parte do simples nacional,
o simples nacional, o lucro presumido, lucro real e o lucro arbitrado,
conforme podemos resumir no quadro 2.
18 Gestão Tributária

Quadro 2: Regimes tributários brasileiros

REGIME CARACTERÍSTICAS
O MEI é enquadrado no simples nacional e realiza o
MEI pagamento por meio do DAS, sendo assim é isento de
tributos federais pagando, apenas, uma taxa única mensal.
É o regime utilizado por microempreendedores individuais,
Simples
microempresas e empresas de pequeno porte, com
nacional
faturamento até 4,8 milhões por ano.
Lucro Com base no lucro apurado pela empresa, com limites de
presumido faturamento de até R$ 48 milhões por ano.
Qualquer empresa poderá se enquadrar e obrigatoriamente
Lucro real em empresas com faturamento anual superior a R$ 48
milhões.
Com faturamento no ano calendário anterior igual ou menor
Lucro
a R$ 78 milhões ano ou R$ 6,5 milhões em cada mês de
arbitrado
atividade.
Fonte: Elaborado pelo autor com base nas leis especificas (2019).

IRPJ
O imposto de renda pessoa jurídica, é destinado a empresas sendo
um imposto de competência federal o qual tributa com uma alíquota de
15% da renda das empresas. Nos casos em que a empresa obter um lucro
maior que R$: 240.000,00 poderá ser acrescido um aumento na alíquota
no percentual em 10%. O pagamento deste imposto é realizado por meio
de uma DARF que é o documento de arrecadação da receita federal,
sendo que deve respeitar o ano calendário e o ano base.

• Ano calendário: é o ano de fato começando no dia 1 de janeiro e


encerrando no dia 31 de dezembro;

• Ano base: de acordo com Dutra (2018), o ano base poderá ser
trimestral, para lucro real, presumido ou arbitrado ou ainda anual,
para lucro real com pagamento mensal em base estimada, ou
ainda em períodos específicos, em casos específicos como no
início ou encerramento de atividades e de incorporação, fusão ou
cisão de empresas.
Gestão Tributária 19

Atente que as empresas que são optantes pelo simples nacional


pagam apenas uma DARF mensal com todos os impostos ali embutidos
com alíquotas menores.
Figura 6 - Finanças

Fonte: Freepik

CSLL
A contribuição social sobre o lucro líquido é um imposto de
competência federal, a apuração é com base no resultado da empresa,
seu recolhimento deve ocorrer até o último dia útil do mês subsequente
ao encerramento de cada trimestre de acordo com o art. 5º da Lei
9.430/1996. Em casos de não ocorrer expediente bancário nesses dias o
pagamento deverá ser antecipado para o dia útil imediatamente anterior.
A CSLL é apurada por períodos trimestrais, encerrados nos dias 31 de
março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano.
Quadro 3 – Apurações do pagamento do CSLL para empresas do lucro real, arbitrado ou
presumido

MÊS DE APURAÇÃO DA
TRIMESTRE DATA DE RECOLHIMENTO.
RECEITA

Janeiro, fevereiro e março 1º trimestre Até 30 de abril do mesmo


ano.
Abril, maio e junho 2º trimestre Até 31 de julho do mesmo
ano.
20 Gestão Tributária

Julho, agosto e setembro 3º trimestre Até 31 de outubro do


mesmo ano.
Outubro, novembro e 4º trimestre Até 31 de janeiro do ano
dezembro seguinte.
Fonte: Dutra (2018)

Dessa forma, os impostos diretos são aqueles que incidem de


forma direta na empresa, ou seja, que não podem ser repassados sendo
eles: o imposto de renda pessoa jurídica e a contribuição social sobre
lucro líquido

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudo? Agora, só para termos certeza de que você realmente
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir
o que vimos. Você deve ter aprendido que toda a atividade
comercial e de serviços e passível de cobrança de impostos
e que as empresas pagam impostos que podem ser de
forma direta e de forma indireta. Que impostos como ICMS
(imposto sobre circulação de mercadorias e de serviços)
é de competência estadual, IPI (imposto sobre produto
industrializados) é de competência federal e ISS (imposto
sobre serviços) é de competência municipal podem ser
cobrados de forma indireta, pois são repassados aos
contribuintes. Aprendeu também que os impostos como
IRPJ (imposto de renda pessoa jurídica), CSLL são impostos
diretos, ou seja, que a empresa não pode repassar aos
contribuintes sendo ela responsável pelo pagamento..
Gestão Tributária 21

Técnicas de Tratamento Contábil para


Tributos Compensáveis Incidentes de
Compras e Vendas
Toda a compra e venda de mercadoria cria o fato gerador, ou seja,
a incidência da tributação. Existem impostos que são compensáveis/
recuperáveis, ou seja, aqueles que mesmo sendo pagos pelo contribuinte
de direito, podem ser compensados ou deduzidos do que tiver de ser
pago pelo mesmo contribuinte, em uma segunda etapa. Podemos citar
o ICMS que mesmo quando há incidência desse tributo na saída das
mercadorias ou produtos ele poderá ser compensado.

Os impostos que podem ser compensados são: o ICMS e o IPI,


respeitando a natureza do vendedor e a natureza do consumidor.
Quadro 4 - Incidência de impostos compensáveis

INDUSTRIAL COMERCIAL
TIPO DE IMPOSTO IPI ou ICMS ICMS
NA Criação de créditos de
Crédito de ICMS
INDUSTRIALIZAÇÃO IPI e ICMS
NA
Crédito de ICMS Crédito de ICMS
COMERCIALIZAÇÃO

Não incide nenhum Não incide nenhum


NO CONSUMO
crédito crédito
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Note que na tabela 3, no momento do processo de industrialização


e comercialização, é passível da criação de créditos tributários, porém
quando a destinação é o consumo final este não será passível da criação
de créditos para a empresa. Mas atente sobre o que Dutra (2018) corrobora
sobre quem terá direito sobre crédito de ICMS:
A mercadoria ou o serviço recebido, registre o
valor do imposto destacado e tenha sido emitido
contribuinte em situação regular perante o ente
tributário competente. Adicionalmente, à luz da
LC 87/1996, o estabelecimento somente poderá
aproveitar o crédito do ICMS se as mercadorias que
22 Gestão Tributária

deram entrada no estabelecimento sejam destinadas


à revenda tributada pelo ICMS ou se mercadorias ou
serviços forem insumos utilizados na produção de bem
ou na prestação de serviço tributado pelo ICMS. Essa
disposição também é aplicável à entrada de bens para
o ativo permanente. (DUTRA, 2018, p. 106)

Portanto para a criação do crédito tributário do ICMS em produtos


destinados a revenda ou em insumos para a produção de um bem ou
na prestação de um serviço tributado pelo ICMS como o transporte
intermunicipal ou interestadual.

Outro ponto relevante que deve ser analisado é que o regime de


crédito tributário ocorre em empresas do lucro real ou do lucro presumido,
sendo que as empresas optantes pelo simples nacional não possuem
créditos, dessa forma, algumas empresas que poderiam ser optantes
pelo simples nacional não o fazem pela análise dos créditos do ICMS por
entender ser mais vantajoso.

SAIBA MAIS:

Caso queira se aprofundar no assunto, acesse “As micro e


pequenas empresas, o Simples Nacional e o problema dos
créditos de ICMS”, disponível aqui

Outros Tributos Compensáveis


Mas além do ICMS e o IPI outros impostos podem ser compensáveis,
que é o caso das empresas optantes pelo lucro real que após a apuração
do resultado que é demonstrado no livro de apuração do lucro real
(LALUR) tenham demonstrado prejuízo, sendo que esta compensação de
prejuízos é limitada a 30% do lucro real antes da compensação.
Gestão Tributária 23

VOCÊ SABIA?
Que com o sistema de escrituração digital todos os livros
contábeis são feitos de forma eletrônica? Sim o LALUR
que é o livro de apuração do lucro real, já é feito de forma
eletrônica por meio do SPED. O SPED é uma forma de
promover a integração entre os fiscos, racionalizar e
uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes,
tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários,
integra a administração tributária municipal, estadual e
federal e busca a transparência das operações.

Essas compensações fiscais de pessoa jurídica, têm como base


o prejuízo fiscal no todo ou em parte, de resultados negativos não
operacionais, ou seja, a diferença positiva ou negativa entre o valor pelo
qual o bem ou direito do ativo permanente houver sido alienado e o seu
valor contábil.

Nos casos em que os resultados não operacionais são negativos e


também com o prejuízo fiscal ocorrerá:

a. Se o prejuízo fiscal for maior, todo o resultado não operacional


negativo será considerado prejuízo fiscal não operacional e a
parcela excedente será considerada prejuízo fiscal das atividades
operacionais.

b. Se todo o resultado não operacional negativo for maior ou igual


ao prejuízo fiscal, todo o prejuízo fiscal será considerado não
operacional.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade letiva,
vamos resumir tudo o que vimos. Neste capítulo vimos as
técnicas de tratamento contábil para tributos compensáveis
incidentes de compras e vendas.
24 Gestão Tributária

Tratamentos Contábeis Tributários nas


Devoluções, Abatimentos e Descontos
Devoluções
Na aquisição de um produto é passível que o mesmo não atenda as
conformidades e o consumidor cancele a negociação, ou seja, devolver
o produto e contabilmente, esse tipo de conta é chamado de redutores
da receita operacional bruta, pois no momento da evolução de venda,
o valor correspondente a essa devolução deverá ser contabilizado em
conta própria, sendo que esta conta será uma redutora da receita bruta
das vendas.

Mas atente quando a devolução de mercadorias que foram vendidas


no exercício anterior, ou seja, no ano anterior, acarreta um registro contábil
específico para que não haja distorção nas demonstrações do exercício.

A forma correta de lançamento será o registro como cancelamento,


neste exercício, de um lucro bruto apurado no exercício anterior, sendo
tratado com uma despesa operacional e não mais como uma conta
redutora da conta que registra as vendas.

Abatimentos
São transições em vendas que ocorrem.

Descontos
Uma febre nos Estados Unidos que chegou com tudo no Brasil.
Sempre na última semana no mês de novembro as lojas colocam
promoções em seus produtos, estamos falando da Black Friday.
Gestão Tributária 25

Figura 7 – Exemplo de descontos

Fonte: freepik

Os descontos são formas para abater o preço de itens em certas


circunstâncias, como em datas comemorativas, produtos com pouca
validade ou ainda para prospectar clientes, mas em determinadas
circunstâncias, os itens podem ter um abatimento muito grande, resultando
em uma perda líquida para a empresa. Outras vezes, um desconto pode
simplesmente resultar em um lucro reduzido.

Mas contabilmente como os descontos são analisados? Os


descontos de duplicatas é uma operação financeira em que a empresa
entrega determinadas duplicatas para o banco e este lhe antecipa o
valor em conta corrente, cobrando juros antecipadamente. Embora a
propriedade dos títulos negociados seja transferida para a instituição, a
empresa é corresponsável pelo pagamento dos mesmos em caso de não
liquidação pelo devedor.

Neste caso, a instituição financeira leva a débito em conta corrente


da empresa o valor de face do título não liquidado.

Os valores de face das duplicatas descontados, de acordo com


os preceitos contábeis, devem ser registrados numa conta do passivo
circulante. Esta conta passiva recebe o nome de “duplicatas descontadas”,
tendo saldo credor. A conta “duplicatas descontadas” apresenta a seguinte
função na operação de desconto:
26 Gestão Tributária

a. É creditada, pelo valor de face dos títulos, no momento em que


é efetuada a operação de desconto e a instituição financeira faz o
crédito em conta corrente da empresa.

b. É debitada no momento da liquidação do título pelo devedor ou


quando a instituição financeira leva a débito em conta corrente da
empresa por falta de pagamento por parte do devedor.

Os encargos financeiros debitados pela instituição financeira devem


ser contabilizados como “encargos financeiros a transcorrer”, já que se
tratam de despesas antecipadas, sendo debitada por ocasião do desconto
e creditadas no momento em que a despesa é incorrida, observando-se
o regime de competência.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mes-


mo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo desta unidade leti-
va, vamos resumir tudo o que vimos. Neste capítulo vimos
os tratamento contábeis tributários nas devoluções, abati-
mentos e descontos incluindo devoluções, abatimentos e
descontos.
Gestão Tributária 27

Tributos Incidentes na Folha de Pagamento


Entendendo os Custos e as Despesas
Operacionais
Todo empregado que tem carteira assinada possui outros custos ao
empregador na folha de pagamento. O INSS que é o instituto nacional de
seguro social, de forma geral, tem alíquota de 20%, aplicada sobre o total
da folha de pagamento das empresas tendo como exceção as instituições
financeiras e equiparadas têm percentual de 22,5%.
Figura 8 – Empregado com carteira assinada

Fonte: Freepik

Mas para que Serve o INSS?


O pagamento do INSS é essencial para a manutenção de diversos
direito do contribuinte como auxílios doença, pedido de aposentadoria,
auxilio maternidade para trabalhadoras autônomas ou rurais entre outros
benefícios.
28 Gestão Tributária

Direitos do Titular
Portanto o pagamento a previdência social propõe no seu Art. 18
que ficam segurados não apenas o contribuinte tendo o direito a:
Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social
compreende as seguintes prestações, devidas
inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente
do trabalho, expressas em benefícios e serviços:

I - quanto ao segurado:

a) Aposentadoria por invalidez.

b) Aposentadoria por idade.

c) Aposentadoria por tempo de serviço.

d) Aposentadoria por tempo de contribuição.

d) Aposentadoria especial.

e) Auxílio-doença.

f) Salário-família.

g) Salário-maternidade.

h) Auxílio-acidente.

i) Abono de permanência em serviço. (BRASIL, 1991)

Direito aos Dependentes


No caso de morte de contribuinte, o INSS garante ao dependente
alguns direitos que assim ficam determinados conforme a Lei de
Benefícios da Previdência Social - Lei 8213/91 | Lei nº 8.213, de 24 de julho
de 1991, sendo eles:

a. Pensão por morte.

b. Auxílio-reclusão.

Dessa forma, o INSS assegura aos dependentes filhos e cônjuge/


companheira os direitos a receber o valor referente à pensão por morte
nos casos em que o trabalhador vir a óbito e auxílio reclusão caso o
trabalhador com carteira assinada seja preso.
Gestão Tributária 29

Contribuições para o Empregador


Mas para a empresa, além do pagamento do INSS de 20% o
empregador terá as seguintes obrigações:
Quadro 5 - Contribuições para o empregador

Contribuição ao INSS – empregador 20%

Salário-Educação 2,5%

Seguro/Risco de Acidentes do Trabalho (SAT/RAT) 1%, 2% ou 3%

SESI, SESC ou SEST 1,5%

SENAI, SENAC ou SENAT 1%

SEBRAE 0,6%

INCRA 0,2%

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) 8%

TOTAL (com SAT/RAT de 2%) 35,8%


Fonte: Pegas ( 2017).

Em todas as contribuições anteriores destacadas, vale a pena


ressaltar o pagamento do Fundo de Garantia por tempo de serviço o FGTS
que é um direito assegurado pela CLT sendo constituído por meio da Lei
no 5.107, de 13 de setembro de 1966, com objetivo de dar proteção ao
trabalhador, sendo opcional até a Constituição de 1988. O valor recolhido
é depositado em um fundo, sendo que esse valor só poderá ser usado
nas seguintes situações, conforme Pegas (2017) destaca:

a. Demissão sem justa causa.

b. Término do contrato por prazo determinado.

c. Aposentadoria.

d. Suspensão do trabalho avulso.

e. Falecimento do trabalhador.

f. Ter o titular da conta vinculada idade igual ou superior a 70 anos.


30 Gestão Tributária

g. Quando o trabalhador ou seu dependente for portador do vírus


HIV.

h. Quando o trabalhador ou seu dependente for acometido de


neoplasia maligna (câncer).

i. Permanência da conta sem depósito por três anos ininterruptos,


para os contratos rescindidos até 13/JUL/90 e, para os demais,
permanência do trabalhador por igual período fora do regime do
FGTS.

j. Rescisão do contrato por culpa recíproca, força maior, por extinção


total ou parcial da empresa.

k. Rescisão do contrato por decretação de nulidade do contrato de


trabalho nas hipóteses previstas no art. 37 § 2o, da Constituição
Federal, quando mantido o direito ao salário, ocorrida após 28/
JUL/01.

l. Utilização na compra da casa própria.

m. Necessidade pessoal, urgente e grave, decorrente de desastre


natural causado por chuvas ou inundações que tenham atingido
a área de residência do trabalhador, quando a situação de
emergência ou o estado de calamidade pública for assim
reconhecido, por meio de portaria do Governo Federal.

n. Pagamento/prestação/amortização/liquidação de saldo devedor


do SFH.

o. Em estágio terminal decorrente de moléstia grave. (PEGAS, 2017,


p. 305)

VOCÊ SABIA?

Que o fundo de garantia pode ser usado para aquisição da


casa própria. Dessa forma, vários brasileiros participam de
programas de aquisição da casa própria utilizando-se deste
fundo como entrada para a realização deste sonho.
Gestão Tributária 31

Contribuições do Empregado
O empregado também contribuirá para o INSS seguindo as
seguintes alíquotas com base no seu salário mensal:
Quadro 6 - Contribuições para o empregado

SALÁRIO ALÍQUOTA
Até R$ 1.556,94 8%
De R$ 1.556,95 a R$ 2.594,92 9%
De R$ 2.594,93 até R$ 5.189,82 11%

Dessa forma, o empregado e o empregador pagarão ao INSS,


sendo que o empregado ainda pagará sobre o imposto de renda na fonte,
respeitando as alíquotas com base no salário.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu


mesmo tudo? Agora, só para termos certeza de que você
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo,
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido
que toda empresa precisa realizar o pagamento de tributos
que podem ser indiretos, que são aqueles que podem
ser repassados aos contribuintes, por exemplo, e os
diretos como IRPJ e CSSL que a empresa cria a obrigação
do pagamento, sem a possibilidade de repassar ao
consumidor final. Também viu nessa unidade que o ICMS
e o IPI são os impostos que incidem sobre a vendas de
mercadorias e que esses são passiveis de créditos futuros
e que as empresas optantes pelo simples nacional não têm
direito aos créditos tributários, motivo este que faz muitas
empresas que poderiam se enquadrar acabam não se
enquadrando devido aos créditos. Também nesta unidade
compreendeu que os salários dos funcionários recebem
adicionais que são de responsabilidade do empregador
como o salário família.
32 Gestão Tributária

REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei complementar nº 70, de 30 de Dezembro de 1991.
Institui contribuição para financiamento da Seguridade Social, eleva a
alíquota da contribuição social sobre o lucro das instituições financeiras
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp70.htm. Acesso em: 03 de set de 2021.

PESSÔA, L.C.; COSTA, G. da; MACCARI, E. A. As micro e


pequenas empresas, o simples nacional e o problema dos créditos
de ICMS. Artigo Original. Rev. direito GV 12 (2) May-Aug 2016 https://doi.
org/10.1590/2317-6172201614. Disponível em: https://www.scielo.br/j/
rdgv/a/ff5Q9k5Fdr6t653KwvfDHcM/abstract/?lang=pt. Acesso em: 12 jan
2020

SOUSA, E. P. de. Contabilidade tributária: Aspectos práticos e


conceituais. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

PÊGAS, P. H. Manual de contabilidade tributária. 9. ed. São Paulo:


Atlas, 2017.

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