Licitações 03

Licitações Públicas
Unidade 3
Dispensa, Inexigibilidade
e Procedimentos Licitatórios
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
ELAINE CHRISTINE PESSOA DELGADO
MILENA BARBOSA DE MELO
AUTORIA
Elaine Christine Pessoa Delgado
Sou formada em Administração de Empresas pela Universidade
Federal de Campina Grande (2007) e pós-graduada em Direito
Administrativo pela Faculdade Campos Elíseos (SP), com experiência
técnico-profissional na área de gerência de empresas há mais de 10 anos.
Milena Barbosa de Melo

Sou graduada em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba,
mestre e especialista em Direito Comunitário e doutora em Direito
Internacional pela Universidade de Coimbra. Atualmente, sou professora
universitária e conteudista. Como jurista, atuo principalmente nas
seguintes áreas: Direito à Saúde, Direito Internacional Público e Privado,
Jurisdição Internacional, Direito Empresarial, Direito do Desenvolvimento,
Direito da Propriedade Intelectual e Direito Digital.
Desse modo, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar

seu elenco de autores independentes. Estamos muito felizes em poder
ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco.
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:
OBJETIVO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;
NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Contratação direta...................................................................................... 10
Inexigibilidade de licitação......................................................................................................... 11
Produtor, empresa ou representante comercial exclusivo............ 13
Profissional artístico consagrado pela crítica........................................... 15
Serviços técnicos especializados..................................................................... 16
Credenciamento............................................................................................................ 18
Imóvel.................................................................................................................................... 18
Dispensa de licitação ................................................................................20

Licitação dispensada.................................................................................................................... 20
Licitação dispensável....................................................................................................................23
Instrumentos auxiliares e o parcelamento da licitação..............30

Procedimentos auxiliares.......................................................................................................... 30
Credenciamento............................................................................................................ 31
Pré-qualificação............................................................................................................. 31
Procedimento de Manifestação de Interesse..........................................32
Sistema de Registro de Preços...........................................................................33
Registro cadastral.........................................................................................................34
Parcelamento de licitação.........................................................................................................35
Revogação e anulação do procedimento licitatório - recurso -

reconsideração - impugnação e controle das contratações....39
Revogação e anulação do procedimento licitatório............................................. 39
Recurso, reconsideração e impugnação ..................................................................... 40
Controle das contratações........................................................................................................44

Licitações Públicas 7
03
UNIDADE
8 Licitações Públicas
INTRODUÇÃO
A Administração Pública, como regra, deve licitar antes de realizar
a contratação de determinados objetos. Isso é o que a nossa Constituição
Federal determina. Entretanto, você sabia que existem casos em que a
Administração Pública não tem a obrigação de licitar? A regra para toda
Administração é licitar, mas como toda regra, existem exceções. São as
chamadas contratações diretas, que poderão ocorrer através da dispensa
de licitação ou da inexigibilidade, dependendo do caso. A dispensa de
licitação se subdivide em licitação dispensada e dispensável.
Existem também alguns instrumentos auxiliares utilizados no

procedimento licitatório e as licitações podem ocorrer de forma parcelada.
Dos atos da Administração ainda cabe recurso e pedido de reconsideração
e esses atos possuem características e prazos específicos. Além disso,
ainda deve existir o controle das contratações.
Nesta unidade iremos compreender como funciona a licitação

dispensada, dispensável e a inexigibilidade de licitação, assim como o
parcelamento da licitação e os instrumentos auxiliares do procedimento.
Conheceremos também como poderão ser a revogação, a anulação, o
recurso, a reconsideração, a impugnação e o controle das contratações.
Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Vamos
juntos nessa?
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até
o término desta etapa de estudos:
1. Enunciar a contratação direta e a inexigibilidade de licitação.
2. Analisar a dispensa de licitação.
3. Identificar os instrumentos auxiliares da licitação e definir o

parcelamento da licitação.
4. Discutir a revogação e a anulação do procedimento licitatório e

explicar o recurso, a reconsideração, a impugnação e o controle
das contratações.
Então? Vamos juntos para uma viagem sem volta rumo ao

conhecimento?
Contratação direta
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender

como funciona a contratação direta de licitação, como
ela se divide e quais as hipóteses de acordo com a Lei
nº 14.133/2021. E então? Motivado para desenvolver essa
competência? Vamos lá!
Você lembra da obrigatoriedade de licitar? Toda Administração

Pública, em todos os níveis e poderes, deverá realizar o procedimento
licitatório para a escolha da proposta mais vantajosa antes das futuras
contratações.
Mas a essa regra cabe exceção, a própria Constituição Federal

nos afirma isso quando estabelece em seu art. 37, inciso XXI, que:
“ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços,
compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação
que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes [...]”
(BRASIL, 2021). Portanto, quando a Constituição expõe: “ressalvados
os casos especificados na legislação”, ela aceita que em determinadas
situações não seja obrigatório o procedimento licitatório, são os casos de
contratação direta.
Esses casos são situações em que não serão realizados o

procedimento licitatório, pois se trata de uma situação excepcional,
destacam Scatolino e Trindade (2016).
Podemos perceber uma situação na prática em relação a casos de

emergência ou calamidade pública devido a uma pandemia. A população
está sofrendo e precisando de leitos de hospitais urgentemente, e para
isso é preciso de equipamentos hospitalares e todo o aparato necessário
para salvar a vida das pessoas. Imagine se em uma situação dessa o
governador de um estado ou um prefeito dissesse: “Temos que esperar
todos os trâmites do processo licitatório para depois comprar esses
equipamentos”. Assim, podemos perceber que essa é uma hipótese
excepcional, que não pode esperar.
As hipóteses de contratação direta estão descritas na Lei 14.133/2021,

podendo se dar através da inexigibilidade e da dispensa de licitação, e no
seu art. 72 determina que essas contratações devem ser instruídas com
os documentos:
• De formalização de demanda, e a depender do caso, do estudo

técnico preliminar, análise de riscos, termo de referência, projeto
básico ou executivo.
• Estimativa de despesa.
• Parecer jurídico e pareceres técnicos.
• Previsão de recursos orçamentários.
• Comprovação de requisitos de habilitação e qualificação do

contratado.
• Razão de escolha do contratado.
• Justificativa do preço.
• Autorização da autoridade competente.
A lei faz determinadas exigências nessas contratações para evitar

que sejam realizadas indevidamente. E caso aconteçam com dolo, fraude
ou erro grosseiro, o contratado e o agente público responderão de forma
solidária pelo dano causado ao erário, sem prejuízo das sanções penais
cabíveis. Assim, não é apenas quem está contratando que irá sofrer
consequências, mas também a outra parte que também se beneficiou
com a contratação indevida.
Inexigibilidade de licitação
Segundo Meirelles (2013), a inexigibilidade de licitação acontece
quando existe inviabilidade jurídica de competição entre contratantes,
quer seja pela natureza específica do negócio, quer pelos objetivos
sociais visados pela Administração. Nos casos de inexigibilidade (Figura
1), não existe a possibilidade de competição, porque só há um objeto ou
uma pessoa que atenda às necessidades da Administração; a licitação é,
desse modo, inviável (DI PIETRO, 2020).
Figura 1 – Inexigibilidade
Inexigibilidade
Inviabilidade de Casos
competição exemplificativos
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Meirelles (2013) e na Lei 14.133/2021.
“Caracteriza-se inexigibilidade de licitação por haver apenas

um determinado objeto ou pessoa que atenda às necessidades da
Administração” (BRASIL, 2010, p. 618).
Por isso, mesmo que o agente público pretendesse realizar o

procedimento licitatório ele não conseguiria, pois não teria como executá-
la, sendo assim, cabe apenas à contratação direta por inexigibilidade.
A Lei 14.133/2021 cuida das hipóteses de inexigibilidade em seu art.

74, que reúne situações definidas como de “inviabilidade de competição”
de forma exemplificativa.
IMPORTANTE:
Por se tratar de um rol exemplificativo, nem todas as

hipóteses estão expressas na lei, assim, caso o agente
público se encontre em outra situação em que seja inviável
a competição, será possível fazer a contratação direta por
inexigibilidade, citam Scatolino e Trindade (2016).
Consoante Alexandrino e Paulo (2012), a inexigibilidade de licitação

deverá ser motivada de forma expressa, com apontamento das causas
que levaram a Administração a concluir pela impossibilidade jurídica de
competição.
Isso se dá pelo fato de evitar que governantes façam uso de

contratações diretas para driblar o processo licitatório e assim não fazer
cumprir a lei e fazer uso indevido do dinheiro público.
De acordo com a Lei nº 14.133/2021, são casos de inexigibilidade:

• Determinadas aquisições que só possam ser fornecidas por

fornecedores ou representantes exclusivos.
• Contratações de profissionais artísticos consagrados pela crítica

ou pela opinião pública, diretamente ou através de empresário
exclusivo.
• Contratação de determinados serviços técnicos especializados de

natureza predominantemente intelectual.
• Contratações que possam ocorrer por credenciamento.
• Aquisição ou locação de imóvel, que por instalações e localizações

sejam necessárias.
Vejamos cada uma dessas hipóteses detalhadamente a seguir.
Produtor, empresa ou representante comercial

exclusivo
Conforme Scatolino e Trindade (2016), o primeiro caso de
inexigibilidade (Figura 2) se refere à situação de fornecedor exclusivo,
mostrando-se como hipótese de inviabilidade de competição muito
notável, tendo em vista que somente existe um fornecedor do produto.
“Aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou

contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
empresa ou representante comercial exclusivos”. (BRASIL, 2021).
Exemplo: Vamos imaginar o caso da Prefeitura de Pedra dos Anjos

de possuir um sistema de monitoramento de trânsito supermoderno
adquirido através de licitação a apenas um ano e que passou a apresentar
um problema por causa do mal-uso. Por isso, é preciso que alguns
equipamentos sejam trocados. Só que apenas uma empresa japonesa
possui esses equipamentos em todo o mundo. Desse modo, não adianta
fazer uma licitação se apenas aquela empresa irá resolver o meu problema.
A inviabilidade de competição deverá ser demonstrada

nessa situação por meio de atestado de exclusividade, contrato de
exclusividade, declaração do fabricante ou outro documento idôneo que
tenha a capacidade de comprovar que o objeto é fornecido ou prestado

por produtor, empresa ou representante comercial exclusivos, vedada a
preferência por marca específica (BRASIL, 2021).
Figura 2 – Primeiro caso de inexigibilidade
Exclusividade
Produtor, empresa Vedada a demonstrada por
ou representante preferência atestado, contrato,
comercial exclusivo de marca declaração ou outro
meio idôneo
Fonte: Elaborado pelas autoras com base na Lei nº 14.133/2021.
Perceba que essa figura demonstra que para que haja a inviabilidade
de competição, nessa hipótese é necessário que esses três pontos
estejam presentes.
Conforme Scatolino e Trindade (2016), a exclusividade pode ser

absoluta ou relativa. A exclusividade absoluta acontece quando só há um
produtor ou representante comercial exclusivo no país, já a exclusividade
relativa ocorre quando é apenas na praça em que haverá a aquisição
do bem. Na exclusividade relativa, existindo fora da praça mais de um
fornecedor ou representante comercial, a Administração pode escolher
em realizar a licitação.
É vedado pela lei a preferência de marca, porém essa vedação deve

ser compreendida no sentido de evitar a não realização da licitação, pois é
possível em algumas situações dentro de um processo licitatório, afirmam
Scatolino e Trindade (2016). Carvalho Filho (2014) aponta os seguintes
casos possíveis para preferência de marca:
• Continuidade da utilização de marca já adotada no órgão.
• Para a utilização de nova marca mais conveniente.
• Para o fim de padronização de marca no serviço público, todas

evidentemente justificadas pela necessidade da Administração.
Segundo Justen Filho (2012), a marca não pode ser causa que
motive a escolha, mas se aceita a indicação de marca como mero
elemento acessório, consequência de uma decisão que se baseou em
características específicas do objeto selecionado.
Profissional artístico consagrado pela crítica

De acordo com Scatolino e Trindade (2016), a segunda situação que
configura caso de inexigibilidade é a contratação de serviços artísticos,
pois seria inviável a elaboração de um edital com critérios de julgamento
puramente objetivos, com a finalidade de fazer a escolha do melhor
serviço artístico.
“Contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou

por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública” (BRASIL, 2021).
A inexigibilidade é possível para qualquer serviço (Figura 3), seja

ator, cantor, artista plástico, entre outros, desde que o contratado seja
consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
Figura 3 - Serviços artísticos
Diretamente Consagrado pela

Profissional de
ou através de crítica especializada
qualquer setor
empresário ou pela opinião
artístico
exclusivo pública
Na prática, podemos pensar assim: “será preciso contratar o cantor

Roberto Carlos, com a música ‘Como é grande o meu amor por você’
para aquela determinada apresentação”. Logo, existe apenas um Roberto
Carlos que possui essa música e que será específico para a apresentação,
não é mesmo? Ele é consagrado pela crítica especializada, e a contração
deve ser de forma direta ou por meio de empresário exclusivo, para que
seja inexigível.
Entretanto, a Lei nº 14.133/2021 faz uma ressalva quanto ao que vem

a ser o empresário exclusivo, visto que é considerado como empresário
exclusivo a pessoa física ou jurídica que possua contrato, declaração, carta
ou outro documento que ateste a exclusividade permanente e contínua
de representação, no país ou em estado específico, do profissional do
setor artístico. Dessa forma, caso o empresário seja exclusivo apenas para
aquele evento ou local não será admitida a contratação por inexigibilidade.
Serviços técnicos especializados

A terceira hipótese exemplificativa de inexigibilidade se refere a
serviços técnicos (Figura 4) profissionais especializados. Nesse caso,
somente é permitida a contratação direta se preenchidas as condições
previstas em lei, afirmam Scatolino e Trindade (2016).
Figura 4 - Serviços técnicos
Profissionais ou
Serviços técnicos Natureza singular empresas de notória
especialização
Alexandrino e Paulo (2012) explicam que não é o simples fato de

um serviço enquadrar-se como serviço técnico profissional especializado
que ocasiona a inexigibilidade, pois é indispensável que o serviço tenha
natureza singular (não pode ser algo ordinário, usual, corriqueiro) e, por
essa razão, justifique, a fim de garantir a sua satisfatória prestação, a
contratação de um profissional ou de uma notória especialização.
A Lei nº 14.133/2021, em seu art. 74, apresenta os serviços

considerados especializados para fim de inexigibilidade:
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados

de natureza predominantemente intelectual com profissionais
ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade
para serviços de publicidade e divulgação:
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou

projetos executivos;
b) pareceres, perícias e avaliações em geral;
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras

ou tributárias;
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou

serviços;
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas;

f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico;
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes

e ensaios de campo e laboratoriais, instrumentação e
monitoramento de parâmetros específicos de obras e do meio
ambiente e demais serviços de engenharia que se enquadrem
no disposto neste inciso;
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio

de credenciamento;
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de

instalações e de localização tornem necessária sua escolha.
(BRASIL. 2021)
A Lei nº 14.133/2021 traz também o que vem ser considerado como

notória especialização, pois trata-se do profissional ou empresa em que
o conceito no âmbito de sua especialidade, resultante de desempenho
anterior, estudos, experiência, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica ou outros requisitos pertinentes com suas atividades,
permita concluir que o seu trabalho é essencial e reconhecidamente
adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
Aqui podemos enxergar um exemplo bem prático junto ao nosso

estudo, pois imagine que o Tribunal de Contas do Estado do Paraná
precise treinar seus membros para uma nova lei de licitações que acabou
de sair. Assim que a lei foi publicada, apenas um professor com notória
especialização nesse assunto está disponibilizando o devido treinamento.
Como é uma matéria de interesse relevante, não devendo esperar para
que outros mestres se atualizem, pode ser realizada a contratação direta.
IMPORTANTE:
É vedado, expressamente na lei, a inexigibilidade para

serviços de publicidade e divulgação, bem como a
subcontratação de empresas ou a atuação de profissionais
diferentes daqueles que tenha servido de justificativa para
a inexigibilidade.
Alexandrino e Paulo (2012) ainda destacam que a Administração

Pública só pode contratar, pagar, premiar ou receber projeto ou serviço
técnico especializado se o autor ceder os direitos patrimoniais a ele
atinentes e a Administração puder utilizá-lo conforme o previsto no
regulamento do concurso ou no ajuste para a sua elaboração.
Credenciamento
A quarta hipótese que consta na lei trata-se dos objetos que devam
ou possam ser contratados mediante credenciamento, que de acordo com
a Lei nº 14.133/2021 refere-se ao processo administrativo de chamamento
público em que a Administração Pública convoca interessados para
executar serviços ou prover bens para que, preenchidos os requisitos
necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para executar o
objeto quando convocados. Desse modo, todos os interessados que
se enquadrarem nos requisitos necessários serão credenciados, não
existindo assim competição.
IMPORTANTE:
O credenciamento é considerado também um

procedimento auxiliar de contratação.
Um exemplo comum adotado nessa situação é quanto a laboratórios

para exames clínicos, assim, todos da localização são credenciados,
cabendo ao usuário decidir em qual deles quer ser atendido.
Imóvel
A hipótese trata da aquisição ou locação de imóvel em que as
características de instalação e de localização façam com que essa escolha
seja a necessária (BRASIL, 2021). Essas contratações devem ser seguidas
de requisitos constantes na Lei nº 14.133/2021, art. 74, § 5º:
I - avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação,

dos custos de adaptações, quando imprescindíveis às
necessidades de utilização, e do prazo de amortização dos
investimentos;
II - certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e

disponíveis que atendam ao objeto;
III - justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a

ser comprado ou locado pela Administração e que evidenciem
vantagem para ela.
Podemos observar na prática a situação em que a cidade de

Flores do Sul precisa de uma unidade de pronto atendimento em um
determinado bairro, e ele deve ter estacionamento, localização central
e apenas o imóvel que pertence ao Sr. João da Costa atende a essas
condições e preenchem todos os requisitos exigidos na Lei. Dessa forma,
nessa situação pode ser empregada a inexigibilidade de licitação.
Aqui percebemos apenas os casos de contratação direta por

inexigibilidade, quando há a inviabilidade de competição. Importante
também acrescentar que nessa última hipótese, no caso de imóvel, na
antiga lei de licitações ela fazia parte do rol de licitação dispensável. O
legislador trouxe essa modificação significativa, o que faz todo sentido, pois
se analisarmos bem essa é uma nítida situação de competição inviável.
RESUMINDO:
Neste capítulo você deve ter compreendido o que vem

a ser uma contratação direta e os requisitos necessários
para que ela seja enquadrada nessa situação. Que as
contratações diretas podem ser por inexigibilidade ou por
dispensa. A inexigibilidade pode ser utilizada em situações
em que a competição se torna inviável e a Lei nº 14.133/2021
traz apenas hipóteses exemplificativas, mas outras podem
ser consideradas como inexigíveis, sendo nas situações de
determinadas aquisições que só possam ser fornecidos por
fornecedores ou representantes exclusivos; contratações
de profissionais artísticos consagrados pela crítica ou pela
opinião pública, diretamente ou através de empresário
exclusivo; contratação de determinados serviços técnicos
especializados de natureza predominantemente intelectual;
contratações que possam ocorrer por credenciamento;
aquisição ou locação de imóvel, que por instalações e
localizações sejam necessárias.
Dispensa de licitação
OBJETIVO:
Neste capítulo iremos diferenciar a dispensa de licitação,

conhecendo as situações em que o procedimento licitatório
será dispensado e dispensável.
Licitação dispensada
Os casos de dispensa compõem a licitação dispensada e a licitação
dispensável. As possibilidades de dispensa (Figura 5) de licitação são
taxativos/exaustivos, ou seja, somente devem existir nas situações
previstas no art. 75 ou 76 da Lei nº 14.133/2021. Dessa forma, não é
possível ao agente público ampliar as hipóteses de dispensa fora dos
casos legais previstos, visto que são estabelecidos previamente e não
há possibilidade de se dilatar as situações positivadas, a não ser que a
própria lei estabeleça outras situações.
A licitação dispensada trata-se de uma atuação vinculada, em que o

agente público não faz licitação porque a lei estabeleceu previamente, não
possuindo o administrador liberdade de querer licitar. Já na dispensável a
atuação é discricionária, pois o agente público pode decidir em fazer ou
não a licitação, de acordo com critérios de conveniência e oportunidade
(SCATOLINO; TRINDADE, 2016).
Figura 5 - Dispensa
Atuação vinculada
Dispensada
A lei determina que não se
realize a licitação
Dispensa
(Rol taxativo)
Atuação discricionária
Dispensável
A Administração pode decidir
em realizar ou não a licitação
Fonte: Elaborado pelas autoras com base em Scatolino e Trindade (2016).

Consoante Di Pietro (2017), os casos de dispensa de licitação não

devem ser ampliados, pois estabelecem uma exceção à regra que exige
licitação, quando existir possibilidade de competição. Justamente por
constituírem exceção, sua interpretação deve ser feita de forma rigorosa.
Alexandrino e Paulo (2012) ainda explicam que nos casos de dispensa

de licitação é obrigatória a motivação do ato administrativo, e sempre
que a administração deixar de licitar alegando ser caso de dispensa e
for comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano
à fazenda pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o agente
público responsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.
Como falamos anteriormente, na licitação dispensada temos

situações em que a lei estabelece que haverá a contratação direta, não
sendo possível o procedimento licitatório.
As hipóteses estão descritas na Lei nº 14.133/2021, em seu art.

76, e como regra, as ocorrências de licitações dispensadas se referem
à alienação de bens e direitos pela administração pública, explicam
Alexandrino e Paulo (2012).
IMPORTANTE:
A alienação de bens móveis e imóveis dependerão de

licitação na modalidade leilão, cujo critério de julgamento
será o de maior lance. Contudo, existem situações em que
essa contratação será de forma dispensada.
Conforme Scatolino e Trindade (2016), essas hipóteses podem ser

da seguinte forma:
I. Alienação de bens móveis – venda de ações; venda de títulos; venda

de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades
da Administração Pública, em virtude de suas finalidades; venda
de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades
da Administração Pública; doação e permuta entre entidades da
Administração.
IMPORTANTE:
A doação com encargo (aquela na qual o doador impõe,

como contrapartida, alguma obrigação a ser cumprida pelo
donatário a fim de adquirir o direito ao bem que lhe será
doado) será licitada. Será dispensada a doação, permitida
exclusivamente para fins e uso de interesse social,
após avaliação de sua oportunidade socioeconômica,
relativamente à escolha de outra forma de alienação,
destacam Alexandrino e Paulo (2012).
II.Alienação de bens imóveis da administração para outro órgão

ou entidade da administração ou para particulares – dação em
pagamento, doação, permuta, investidura, venda; e para programas
habitacionais ou de regularização fundiária – aforamento,
concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
bens residenciais, legitimação de posse.
Exemplo: Imagine que a prefeitura de Liberdade irá doar um imóvel

para a prefeitura de Saudade para a construção de um hospital. Essa
doação poderá ser realizada por meio da contração direta por dispensa
de licitação.
De acordo com a Lei nº 14.133/2021, art. 76, §5º, a investidura é

definida como:
I – alienação, ao proprietário de imóvel lindeiro, de área

remanescente ou resultante de obra pública que se tornar
inaproveitável isoladamente, por preço que não seja inferior
ao da avaliação nem superior a 50% (cinquenta por cento) do
valor máximo permitido para dispensa de licitação de bens e
serviços previsto nesta Lei;
II – alienação, ao legítimo possuidor direto ou, na falta dele,

ao poder público, de imóvel para fins residenciais construído
em núcleo urbano anexo a usina hidrelétrica, desde que
considerado dispensável na fase de operação da usina e
que não integre a categoria de bens reversíveis ao final da
concessão.
Outro ponto importante é que para que ocorra a alienação de bens

da Administração Pública deve existir o interesse público devidamente
justificado, bem como deverá ser precedida de avaliação do bem.
Licitação dispensável
Na licitação dispensável a administração pode optar por fazer ou
não o procedimento licitatório, por tratar-se de uma atuação discricionária.
São muitas situações, mas vamos juntos com calma e com muita
atenção, pois são importantíssimas. Para uma melhor compreensão,
dividimos as hipóteses em grupos. As hipóteses estão descritas na Lei nº
14.133/2021, em seu art. 75, e são:
I. Em função do valor:
Para obras e serviços de engenharia ou serviços de manutenção

de veículos automotores inferiores a R$ 100.000,00;
Para compras e serviços que não sejam de engenharia

inferiores a R$ 50.000,00. (BRASIL, 2021)
Para consórcios públicos, autarquias ou fundações qualificadas

como Agências Executivas, os valores acima são aplicados em dobro.
II. Licitação deserta e fracassada:
Quando não acudirem interessados ou não surgirem propostas

válidas, e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
prejuízo para a Administração, sendo esta situação conhecida
como licitação deserta. E quando a proposta apresentada
consignar preços manifestamente superiores aos praticados
no mercado, ou forem incompatíveis com os fixados pelos
órgãos oficiais competentes, ou seja, hipótese de licitação
fracassada. (BRASIL, 2021)
As contratações para serem consideradas como dispensáveis

nesses casos devem manter as condições estabelecidas no edital e no
prazo de menos de um ano entre a licitação e a contratação.
III. Em função do objeto:
Para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional

ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos
durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor
original desses equipamentos, quando tal condição de
exclusividade for indispensável para a vigência da garantia.
(BRASIL, 2021)
Exemplo: A Administração Pública comprou alguns carros para a

Secretária de Saúde do Município, depois de seis meses precisara fazer
revisão e trocar algumas peças. Caso a Administração Pública opte por
realizar essas revisões em outra oficina, irá perder a garantia dos carros.
Por isso deverá realizar na especializada da marca dos veículos.
Para a aquisição de bens, alienações, obras ou serviços nos

termos de acordo internacional específico aprovado pelo
Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem
manifestamente vantajosas para o Poder Público;
Para a aquisição ou contratação de produto para pesquisa e

desenvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços de
engenharia, a R$ 300.000,00.
Na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica

- ICT ou por agência de fomento para a transferência de
tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de
exploração de criação protegida, desde que seja vantajoso
para a Administração;
Nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros

perecíveis, no tempo necessário para a realização dos
processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente
com base no preço do dia. (BRASIL, 2021)
O Tribunal de Contas da União (2010) explica que a dispensa de

licitação defendida nesse caso deve prevalecer apenas pelo tempo
necessário à realização do procedimento licitatório correspondente e
com base no preço do dia.
Para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou

prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta
complexidade tecnológica e defesa nacional;
Para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com

exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando
houver necessidade de manter a padronização requerida
pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e
terrestres, mediante autorização por ato do comandante da
força militar. (BRASIL, 2021)
Exemplo: O fardamento do exército é um só, com o mesmo tecido

e as mesmas especificações, existindo assim uma padronização. Nesse
caso, pode ser realizada a licitação dispensável.
Na aquisição de bens e contratação de serviços para

atender aos contingentes militares das forças singulares
brasileiras empregadas em operações de paz no exterior,
necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do
fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da
Força Militar;
Para abastecimento ou suprimento de efetivos militares em

estada eventual de curta duração em portos, aeroportos
ou localidades diferentes de suas redes, por motivo de
movimentação operacional ou de adestramento. (BRASIL, 2021)
Exemplo: Aqui claramente percebemos que não tem como realizar

uma licitação para todos os portos que os militares pararem de forma
eventual para abastecerem, não é mesmo?
Na contratação da coleta, processamento e comercialização

de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por
associações ou cooperativas formadas exclusivamente por
pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder
público como catadores de materiais recicláveis, com o
uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas,
ambientais e de saúde pública;
Para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos

históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis
ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade;
Serviços especializados ou aquisição ou locação de

equipamentos destinados ao rastreamento e à obtenção de
provas, quando houver necessidade justificada de manutenção
de sigilo sobre a investigação;
Aquisição de medicamentos destinados exclusivamente ao

tratamento de doenças raras definidas pelo Ministério da
Saúde. (BRASIL, 2021)
Exemplo: Imagine que uma criança possui uma doença rara que
precisa ser tratada com urgência. É inadmissível que ela precise esperar
todo o processo licitatório para começar seu tratamento.
IV. Em função da situação:
Quando houver possibilidade de comprometimento da

segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro
da Defesa, por meio de demanda dos comandos das Forças
Armadas ou dos demais ministérios;
Nos casos de guerra, estado de defesa, estado de sítio,

intervenção federal ou de grave perturbação da ordem.
(BRASIL, 2021)
Exemplo: Podemos observar aqui que são situações que não

têm como esperar. O Brasil entra em guerra com o Paraguai e precisa de
suprimento para os militares que dependerão de um procedimento licitatório.
Provavelmente a guerra iria acabar e os suprimentos não chegariam.
Nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando

caracterizada urgência de atendimento de situação que
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos
serviços públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares,
e somente para os bens necessários ao atendimento da
situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo

de um ano, contados da ocorrência da emergência ou
calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos
e a recontratação da empresa já contratada.
Quando a união tiver que intervir no domínio econômico para

regular preços ou normalizar o abastecimento; (BRASIL, 2021)
V. Em função da pessoa:
Para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos

arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro
de 2004, observados os princípios gerais de contratação
constantes da referida Lei. (BRASIL, 2021)
A Lei nº 10.973/2004 trata dos incentivos à inovação e à pesquisa

tecnológica no ambiente produtivo.
Para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público

interno (União, estados, DF, municípios, autarquias e
fundações públicas de direito público), de bens produzidos
ou serviços prestados por órgão ou entidade que integrem a
Administração Pública e que tenham sido criados para esse
fim específico, desde que o preço contratado seja compatível
com o praticado no mercado;
Na celebração de contrato de programa com ente da

Federação ou com entidade de sua administração indireta,
para a prestação de serviços públicos de forma associada nos
termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em
convênio de cooperação;
Na contratação em que houver transferência de tecnologia

de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde -
SUS, conforme elencados em ato da direção nacional do SUS,
inclusive por ocasião da aquisição destes produtos durante as
etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis com
aqueles definidos no instrumento firmado para a transferência
de tecnologia;
Na contratação de instituição brasileira que tenha por

finalidade estatutária apoiar, captar e executar atividades de
ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional,
científico e tecnológico e estímulo à inovação, inclusive para
gerir administrativa e financeiramente essas atividades, ou
para contratação de instituição dedicada à recuperação social
da pessoa presa, desde que o contratado tenha inquestionável
reputação ética e profissional e não tenha fins lucrativos
(BRASIL, 2021).
A contratação fundamentada nessa situação obriga o contratado a

executar diretamente o objeto combinado, sendo vedada a subcontratação,
conforme o Tribunal de Contas da União (2010).
Na contratação de associação de portadores de deficiência

física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por
órgãos ou entidades da Administração Pública, para prestação
de serviços, desde que o preço contratado seja compatível
com o praticado no mercado e os serviços contratados sejam
prestados exclusivamente por pessoas com deficiência;
Para contratação de profissionais para compor a comissão

de avaliação de critérios de técnica, quando se tratar de
profissional técnico de notória especialização;
Para a aquisição por pessoa jurídica de direito público interno

de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação
que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade
apoiar órgão da administração pública direta, sua autarquia
ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e
estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e
financeira necessária à execução desses projetos, ou em
parcerias que envolvam transferência de tecnologia de
produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde – SUS,
e que tenha sido criada para esse fim específico em data
anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado
seja compatível com o praticado no mercado. (BRASIL, 2021)
Aqui temos todas as hipóteses de dispensa de licitação. O rol

de licitação dispensável é extenso, sabemos disso. Mas ele é muito
importante, visto que em caso de utilização inadequada, os responsáveis
responderão pelos danos.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Agora, só para

termos certeza de que você realmente entendeu o tema
de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido o que é a dispensa de licitação
e que ela se divide em licitação dispensada, que são os
casos em que a lei não admite a licitação; e dispensável na
qual a administração tem a faculdade de escolher em fazer
ou não a licitação. Você também deve ter compreendido
quais são as hipóteses em que pode ocorrer a licitação
dispensada e a dispensável e que são casos taxativos.
Instrumentos auxiliares e o parcelamento

da licitação
OBJETIVO:
Neste capítulo você irá identificar os instrumentos auxiliares

utilizados no procedimento licitatório e as principais
características de cada um deles, assim como funciona o
parcelamento de licitação. Vamos lá?
Procedimentos auxiliares
Os instrumentos auxiliares (Figura 6) também são chamados de
procedimentos auxiliares pela lei de licitações, são eles: Credenciamento;
Pré-qualificação; Procedimento de manifestação de interesse; Sistema
de registro de preços; Registro cadastral.
Figura 6 - Procedimentos auxiliares
Credenciamento
Procedimento
Procedimentos
de manifestação Pré-qualificação
auxiliares
de interesse
Sistema de
Registro
Registro de
cadastral
Preços

Vejamos as principais características de cada um deles:
Credenciamento
Vimos o credenciamento como uma forma de inexigibilidade de
contratação, você lembra?
A Lei nº 14.133/2021, em seu art. 79, ainda traz mais informações

sobre ele como um tipo de procedimento auxiliar do processo licitatório,
em que poderá ser utilizado:
• De forma paralela e não excludente – situação em que se tornar

viável e vantajosa para a Administração as contratações efetuadas
simultaneamente em condições padronizadas.
• Com seleção a critério de terceiros – situação em que o beneficiário

direto da prestação é que selecionará o contratado.
• Em mercados fluidos – situação em que a inconstância do valor

das prestações e das condições de contratação torna inviável a
seleção através do procedimento licitatório.
SAIBA MAIS:
Aprofunde-se nesse tema lendo o “Boletim de Direito

Administrativo – Nova Lei de Licitações”. Clique aqui.
O edital de chamamento dos interessados deverá ser divulgado e

mantido em sítio eletrônico oficial a fim de possibilitar o cadastramento
permanente de novos interessados.
Pré-qualificação
A pré-qualificação é, de acordo com a Lei nº 14.133/2021, o
procedimento seletivo anterior à licitação, convocado mediante edital,
proposto à análise das condições de habilitação, seja totalmente ou de
forma parcial, dos interessados ou do objeto.
Não confunda a pré-qualificação com a habilitação, pois nesta

apenas participam aqueles que irão fazer parte da licitação em questão
e acontece durante o procedimento licitatório. Já a pré-qualificação é um

instrumento auxiliar que pode ser aberto de forma permanente, no qual
podem participar uma quantidade indeterminada de interessados.
A pré-qualificação trata-se de um procedimento técnico-

administrativo, a fim de selecionar de forma prévia os licitantes que
possuam condições de habilitação para participar de uma futura licitação
ou até mesmo de licitação associada a programas de obras ou de serviços
objetivamente estabelecidos, ou ainda de bens que cumpram as exigências
técnicas ou de qualidade definidas pela Administração (BRASIL, 2021).
Ela pode ser total ou parcial, por grupos ou segmentos, e os bens e

serviços que fizerem parte dela integrarão um catálogo. Pode-se ainda ter
uma licitação que seja restrita aos pré-qualificados.
Os documentos serão apresentados ao órgão ou a uma comissão

que examinará até no máximo dez dias úteis. A validade da pré-qualificação
será de até um ano e não deverá ser superior à validade dos documentos
declarados pelos interessados.
Procedimento de Manifestação de Interesse

O Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) (Figura 7) é
aquele em que a Administração poderá publicar um edital de chamamento
público para que a iniciativa privada possa participar da realização de
estudos, investigações, levantamentos e projetos de soluções inovadoras
que colaborem com questões de relevância pública (BRASIL, 2021).
Figura 7 - Procedimento de Manifestação de Interesse
Realização
de estudos,
Chamamento Colaborar com
investigações,
público para a questões de
levantamentos e
iniciativa privada relevância pública
projetos de soluções
inovadoras
Di Pietro (2020) afirma que esse é um instrumento importante que

a Administração pode utilizar, facultativamente, para sanar a insuficiência
de conhecimento técnico indispensável para a estruturação de grandes
empreendimentos.
A Lei nº 14.133/2021 menciona a possibilidade de restrição para

esse instrumento, como:
§ 4º O procedimento previsto no caput deste artigo

poderá ser restrito a startups, assim considerados os
microempreendedores individuais, as microempresas e
as empresas de pequeno porte, de natureza emergente
e com grande potencial, que se dediquem à pesquisa, ao
desenvolvimento e à implementação de novos produtos ou
serviços baseados em soluções tecnológicas inovadoras
que possam causar alto impacto, exigida, na seleção
definitiva da inovação, validação prévia fundamentada em
métricas objetivas, de modo a demonstrar o atendimento das
necessidades da Administração. (BRASIL, 2021)
Entretanto, é importante ressaltar que aquele que for o vencedor no

PMI não receberá nenhum tipo de remuneração da Administração, pois
caberá ao vencedor da licitação ressarcir os dispêndios equivalentes. E
que não necessariamente o vencedor do PMI será também o da licitação
correspondente, visto que não é atribuído o direito de preferência nesse
caso, assim como a Administração não estará obrigada a realizar a licitação
e nem a ressarcir os valores referentes à sua elaboração.
Assim, caso José participe do PMI e seja o vencedor, a Administração

não pagará nada a ele e nem deverá assinar o contrato de execução do
projeto com ele. Será realizado um procedimento licitatório que José
poderá participar e caso também ganhe, aí sim poderá executar o projeto.
Caso não ganhe, o vencedor que irá pagar a José pelo PMI.
Sistema de Registro de Preços

O Sistema de Registro de Preços é aquele que a Administração
poderá utilizar para realizar contratações futuras, que podem ser
prestações de serviços, obras e aquisição e locação de bens (BRASIL,
2021).
Não nos alongaremos muito no SRP, pois já falamos dele em outro

momento.
Ele conta com uma ata de registro de preços na qual são registradas
as características do objeto, como o preço, fornecedores, órgãos
participantes e condições de acordo com o exigido (BRASIL, 2021).
Registro cadastral
O sistema de Registro Cadastral Unificado está disponível no Portal
Nacional de Contratações Públicas (PNPC) e deverá ser utilizado pelos
órgãos e entidades da Administração Pública. Esse sistema é público e
deverá estar aberto aos interessados de forma permanente, devendo
haver chamamento público por um período mínimo de um ano para
que os registros existentes sejam atualizados ou para novos ingressos
(BRASIL, 2021).
Poderá ser realizada licitação restrita a apenas fornecedores

cadastrados e será emitido um certificado de registro cadastral ao inscrito.
Contudo, caso este deixe de satisfazer as exigências, esse registro poderá
ser cancelado, suspenso ou alterado.
Mas o que vem a ser o Portal Nacional de Contratações Públicas

(PNCP)? Conforme a Lei nº 14.133/21, o Portal Nacional de Contratações
Públicas é um sítio eletrônico oficial que tem como finalidade divulgar
de forma centralizada e obrigatória os atos dos procedimentos licitatórios
que devem ser públicos, e de realizar facultativamente as contratações
pelos órgãos e entidades de todos os poderes e entes federativos. Ainda:
§ 2º O PNCP conterá, entre outras, as seguintes informações

acerca das contratações:
I – planos de contratação anuais;
II – catálogos eletrônicos de padronização;
III – editais de credenciamento e de pré-qualificação, avisos de

contratação direta e editais de licitação e respectivos anexos;
IV – atas de registro de preços;
V – contratos e termos aditivos;
VI – notas fiscais eletrônicas, quando for o caso. (BRASIL, 2021)

O PNCP terá o formato de dados abertos, ou seja, qualquer pessoa

poderá usar, acessar, modificar e compartilhar as informações nele
contidas.
Parcelamento de licitação
A Lei nº 14.133/2021 estabelece que o parcelamento deve ser
adotado quando for tecnicamente viável e economicamente vantajoso
para a administração. No que se refere às compras, o art. 40, § 2º determina
que devem ser considerados para o parcelamento:
I - a viabilidade da divisão do objeto em lotes;
II - o aproveitamento das peculiaridades do mercado local,

com vistas à economicidade, sempre que possível, desde que
atendidos os parâmetros de qualidade; e
III - o dever de buscar a ampliação da competição e de evitar

a concentração de mercado.
§ 3º O parcelamento não será adotado quando:
I - a economia de escala, a redução de custos de gestão de

contratos ou a maior vantagem na contratação recomendar a
compra do item do mesmo fornecedor;
II - o objeto a ser contratado configurar sistema único e

integrado e houver a possibilidade de risco ao conjunto do
objeto pretendido;
III - o processo de padronização ou de escolha de marca levar

a fornecedor exclusivo. (BRASIL, 2021)
Segundo o Tribunal de Contas da União (2010), o parcelamento

(Figura 8) é a divisão do objeto em partes menores e independentes na
qual cada parte, item, etapa ou parcela representa uma licitação avulsa
ou em separado.
Figura 8 - Parcelamento
Parcelamento
Quando
Objeto com
vantajoso para a
natureza divisível
Administração
De acordo com Scatolino e Trindade (2016), o agente público define

o objeto da licitação e verifica se é possível dividir as compras, obras
ou serviços em parcelas, que visam a aproveitar as peculiaridades e os
recursos disponíveis no mercado. Dessa forma, licitação parcelada são
várias licitações em um único procedimento, em que cada parcela, com
suas peculiaridades diferenciadas, é julgada em separado.
IMPORTANTE:
O parcelamento só deverá ser utilizado quando

demonstrado que seja técnica e economicamente viável,
com a finalidade de não violar o princípio da eficiência,
explicam Scatolino e Trindade (2016).
O Tribunal de Contas da União (2010) destaca que o parcelamento

é imposto quando existir parcela de natureza específica que possa ser
executada por empresas com especialidades próprias ou diversas e
for viável técnica e economicamente, devendo em qualquer caso se
apresentar vantajoso para a Administração.
Depois da avaliação técnica e decisão de que o objeto pode ser

dividido e individualizado em partes menores, devem ser realizadas
licitações distintas para cada compra, obra ou serviço, ou conjunto desses
(ou para conjunto de itens, etapas ou parcelas). A critério da Administração,
essas licitações podem ser feitas em procedimentos distintos ou em um
só processo licitatório, afirma o Tribunal de Contas da União (2010).
No caso de serviços em geral, a Lei nº 14.133/2021 determina que

para que ocorra o parcelamento deve observar:
• A responsabilidade técnica.
• A relação entre o custo de vários contratos e as vantagens da

diminuição dos custos com a divisão em itens.
• O dever de ampliar a competição, evitando a concentração de

mercado.
Conforme Scatolino e Trindade (2016), o parcelamento se apresenta

de grande importância, pois possibilita a participação de empresas de
menor porte nas licitações, implicando na redução dos requisitos de
habilitação (que serão proporcionais à dimensão dos lotes), ampliando
dessa forma a competitividade e contribuindo para a obtenção da
proposta mais vantajosa.
IMPORTANTE:
É certo que o parcelamento de objeto divisível poderá

ampliar o universo de fornecedores, porém o gestor
deve atentar-se para que o resultado não traga prejuízo
para o conjunto ou complexo, sendo fundamental que
a Administração fixe no ato convocatório quantitativos
mínimos que conservem a economia de escala, pois a
divisão do objeto que não observe economia de escala
poderá produzir efeito contrário, ou seja, aumento de
preços, determina o Tribunal de Contas da União (2010).
Cabe destacar que o Tribunal de Contas da União (2010) lembra

que em licitações para aquisição de bens e serviços de natureza divisível,
a Administração Pública poderá determinar cota de até 25% do objeto
licitado para a contratação de microempresas e empresas de pequeno
porte, nos termos da Lei Complementar nº 123/2006. Apesar disso, essa
cota apenas poderá ser instituída quando:
• Existir regulamentação especial na esfera legislativa para o ente

no qual se insere o órgão ou entidade contratante.
• For prevista de forma expressa no ato convocatório.
• For vantajosa para a Administração e não representar prejuízo para

o conjunto do objeto a ser contratado.
• Houver, no mínimo, três fornecedores competitivos enquadrados

como microempresas ou empresas de pequeno porte sediados
no local ou na região e com capacidade para desempenhar as
exigências estabelecidas no edital.
• Não exceder o valor licitado a 25% do total efetivado em cada

exercício.
• Não se enquadrar nos casos de dispensa e inexigibilidade de

licitação previstos nos arts. 74 e 75 da Lei nº 14.133/2021. (BRASIL,
2021)
Aqui observamos que além de todas as regras que devem

ser seguidas no procedimento licitatório, também contamos com
procedimentos auxiliares, que como o próprio nome diz, irão auxiliar o
procedimento e poderão ser utilizados em situações específicas, além da
possibilidade de realizar licitações parceladas.
RESUMINDO:
Neste capítulo você deve ter compreendido que os

instrumentos auxiliares da licitação são o credenciamento,
o sistema de registro de preços, a pré-qualificação, o
procedimento de manifestação de interesse e o registro
cadastral. Que o registro cadastral unificado estará
disponível no Portal Nacional de Contratações Públicas,
que se refere a um sítio eletrônico oficial no qual são
divulgados os atos do procedimento licitatório. Por fim,
você deve ter conhecido o parcelamento de licitações,
tanto para compras quanto para serviços, suas vantagens
para a Administração e para a competitividade do processo
licitatório.
Revogação e anulação do procedimento

licitatório - recurso - reconsideração -
impugnação e controle das contratações
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender

como funciona a revogação e a anulação do procedimento
licitatório, em que momentos podem ser realizados o
recurso, a representação e a impugnação, assim como
compreenderá o controle das contratações. Vamos juntos?
Revogação e anulação do procedimento

licitatório
Você sabe como funciona a revogação e a anulação no direito
administrativo? Resumidamente a anulação se dá por vícios na legalidade
ou legitimidade e a revogação por oportunidade ou conveniência
da administração. Vejamos com detalhes como elas funcionam no
procedimento licitatório.
De acordo com Alexandrino e Paulo (2012), se acontecer ilegalidade

insanável na prática de algum ato do procedimento, esse ato deverá ser
anulado e a sua anulação implica nulidade de todas as etapas posteriores
do procedimento, dependentes ou consequentes daquele ato.
A anulação poderá incidir sobre todo o procedimento (anulação

total) ou sobre uma fração da licitação (anulação parcial), situação em que
se concretiza sobre atos específicos do procedimento licitatório.
A Lei nº 14.133/2021 determina que a licitação deverá ser anulada,

de ofício ou através de provocação de terceiros, sempre que existir
ilegalidade insanável. E deverá ser revogada por motivo de conveniência
e oportunidade, devendo os motivos serem decorrentes de fato
superveniente devidamente comprovado. Nos dois casos deverá ser
assegurada a prévia manifestação dos interessados.
Segundo o Tribunal de Contas da União (2010), a anulação é ato

que atinge toda licitação e determina que seja encerrada de forma total. A
nulidade do procedimento licitatório torna nulo o contrato e não exonera
a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este
houver executado até a data em que for declarada e por outros prejuízos
regularmente comprovados. Não cabe dever de indenizar quando o
contratado tiver dado causa ao ato ilegal, devendo a Administração apurar
a responsabilidade de quem lhe deu causa.
A anulação (Figura 9) da licitação pode ser feita mesmo depois

de assinado o contrato e a nulidade da licitação implica a nulidade do
contrato dela decorrente, explicam Alexandrino e Paulo (2012).
Figura 9 - Anulação e revogação
Anulação Revogação
Por razões de
Por razões de
conveniência e
ilegalidade
oportunidade
Pode recair sobre todo Fato superveniente

o procedimento ou devidamente
parte dele comprovado
Os atos com vícios insanáveis deverão ser indicados pela autoridade

no momento do pronunciamento da nulidade, tornando sem efeitos
todos os subsequentes que deles dependam, no qual serão apuradas as
responsabilidades de quem lhe deu causa (BRASIL, 2021).
Recurso, reconsideração e impugnação

Segundo Oliveira (2012), a Constituição Federal garante o direito de
recorrer das decisões, compreendendo os processos administrativos e
mais precisamente as licitações e os contratos. As decisões administrativas
em um procedimento licitatório podem ser reexaminadas através dos
pedidos de reconsideração, das representações ou dos recursos.
Conforme a Lei nº 14.133/2021, cabe recurso, no prazo de 3 dias

úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata, nos seguintes
casos:
• Deferimento ou indeferimento do pedido de pré-qualificação de

interessado ou de inscrição em registro cadastral, sua alteração
ou cancelamento.
• Julgamento das propostas.
• Habilitação ou inabilitação de licitante.
• Anulação ou revogação da licitação.
• Extinção do contrato, quando determinada por ato unilateral da

Administração.
Figura 10 - Recurso
Ato que defira ou indefira o pedido de pré-

qualificação ou de inscrição, alteração ou
cancelamento do registro cadastral
Julgamento das propostas
Cabimento
Atos de habilitação e inabilitação
Recurso Anulação ou revogação da licitação
Extinção unilateral do contrato
Prazo 3 dias úteis
O Tribunal de Contas da União (2010) cita que o recurso se interpõe

por meio de requerimento onde o recorrente apresenta fundamentos
para o pedido de reexame e junta os documentos julgados convenientes,
conforme dispõe o art. 60 da Lei nº 9.784/1999.
O recorrente deverá apresentar os motivos da insatisfação, podendo

acrescentar os documentos que avaliar apropriado.
Para Oliveira (2012), o direito de recorrer das decisões administrativas

depende da observação de alguns requisitos, como prazo, interesse e
legitimidade. O licitante é parte legítima para interpor recurso, mas os
que forem inabilitados ou desclassificados perdem a legitimidade para
recorrer de atos posteriores à sua inabilitação ou desclassificação, assim
como perdem os que não interpuseram o recurso no prazo legal. Também
não possuem legitimidade aqueles que não participem da licitação
ou não estejam inscritos no registro cadastral, quanto às decisões
correspondentes a tal registro.
Em licitações públicas, possui legitimidade para interpor recurso

administrativo o interessado em participar, aquele que participa e o
contratado, segundo o Tribunal de Contas da União (2010).
Os recursos decorrentes de habilitação ou inabilitação do licitante

e do julgamento das propostas deverão ter o seu interesse demonstrado
imediatamente, sob pena de preclusão, e o prazo para manifestação e
os prazos começam a ser contados da data da intimação ou de lavratura
da ata de habilitação ou inabilitação ou, caso seja adotada a inversão de
fases, da ata de julgamento (BRASIL, 2021).
A contagem dos prazos acontece com a exclusão do dia de início e

a inclusão do dia de vencimento.
Insta destacar ainda que o Tribunal de Contas da União (2010)

menciona que é assegurado a todos os licitantes vista imediata dos autos
e fornecimento dos subsídios necessários à formulação das razões de
recorrer e das contrarrazões a serem apresentadas, assim como não se
inicia a contagem dos prazos enquanto os autos não estiverem disponíveis
para vista e consulta dos licitantes.
O conhecimento e julgamento do recurso, para serem possíveis,

é necessário que o ato decisório recorrido tenha gerado prejuízo ao
recorrente, caso contrário, este não terá interesse recursal. Isso porque
não cabe recurso de uma decisão que não tenha lesado de alguma forma,
mesmo que indireta, a parte que interpôs, lembra Oliveira (2012).
Nas situações em que forem aplicadas as sanções de advertência,

multa ou impedimento de licitar e contratar, caberá recurso no prazo de
quinze dias úteis, contado da data da intimação. E será dirigido à autoridade

que tiver proferido a decisão recorrida, e caso não reconsidere no prazo
de cinco dias úteis, este deverá ser encaminhado com sua motivação à
autoridade superior, devendo proferir sua decisão no prazo máximo de
vinte dias úteis, contado do recebimento dos autos.
Na hipótese de sanção de declaração de inidoneidade para licitar

ou contratar, caberá apenas reconsideração no prazo de 15 dias uteis,
contado da data de intimação, e decidido no prazo máximo de vinte dias
úteis, contado do recebimento dos autos.
Figura 11 - Recursos e reconsideração em sanções
Recurso 15 dias úteis.

Advertência, multa,
impedimento de Reconsideração da mesma
licitar e contratar autoridade 5 dias úteis. Autoridade
superior, 20 dias úteis.
Declaração de
Reconsideração em 15 dias úteis e
inidoneidade para
decisão em até 20 dias úteis.
licitar ou contratar
O recurso e a reconsideração do procedimento licitatório terão

efeito suspensivo. De acordo com o tribunal de Contas da União (2010),
o acolhimento do recurso implica a invalidação dos atos que não sejam
passíveis de aproveitamento.
O recurso será dirigido à autoridade que tiver editado o ato ou

proferido a decisão recorrida, que terá o prazo de três dias úteis para
reconsiderar, e caso não o faça, deverá encaminhar o ato com a devida
motivação à autoridade superior que deverá decidir no prazo máximo de
dez dias úteis a contar do recebimento dos autos (BRASIL, 2021).
Recurso não conhecido não impede a Administração de rever

de ofício qualquer ato ilegal, se não ocorrida preclusão administrativa,
conforme proposto no § 2º do art. 63 da Lei nº 9.784/1999 (BRASIL, 2010).
Oliveira (2012) explica que a reconsideração versa em uma solicitação

para que a própria autoridade que decidiu anteriormente refaça o exame
do fato e profira outra decisão.
O edital de licitação poderá ser impugnado por qualquer pessoa,

devendo ser por irregularidade na aplicação da lei de licitações ou para
solicitar esclarecimentos sobre os seus termos. O pedido de impugnação
deve ser protocolado até três dias úteis antes da abertura do certame
(BRASIL, 2021).
Figura 12 - Impugnação
Qualquer pessoa
Irregularidade na aplicação da lei
Impugnação
Solicitar esclarecimentos sobre os termos
Três dias úteis
Importante também compreender que o prazo para apresentação

das contrarrazões será de três dias úteis e se iniciará com a intimação
pessoal ou com a divulgação da interposição do recurso.
Controle das contratações

A Lei nº 14.133/2021 determina que as contratações públicas
deverão se sujeitar a práticas contínuas e permanentes de gestão de risco
e de controle preventivo, assim como as linhas de defesa:
• Primeira linha – servidores e empregados públicos, agentes de

licitação e autoridades de governança.
• Segunda linha – unidades de assessoramento jurídico e unidades

de controle interno.
• Terceira linha – órgão central de controle interno e tribunal de

contas.
Os órgãos de controle deverão possuir acesso a todos os

documentos e informações necessárias à realização dos trabalhos de
forma irrestrita, bem como os documentos considerados como sigilosos
tornando-se corresponsáveis pelo sigilo constante neles. Eles adotarão na
fiscalização critérios de oportunidade, materialidade, relevância e risco e
não irão levar em consideração documentos impertinentes, protelatórios
ou que não sirva para esclarecer os fatos.
IMPORTANTE:
Qualquer pessoa, seja física ou jurídica, licitante ou

contratante, poderá representar contrairregularidades aos
órgãos de controle interno ou ao tribunal de contas.
A Lei nº 14.133/2021 ainda estabelece que caso o procedimento

licitatório seja suspenso (Figura 13) de maneira cautelar, deverá o tribunal
de contas pronunciar-se sobre o mérito da irregularidade que tenha
dado causa à suspensão no prazo de 25 dias úteis, a contar da data de
recebimento das informações, podendo esse prazo ser prorrogável uma
vez por igual período, e indicará objetivamente:
• As causas da ordem de suspensão;
• O modo como será assegurado o atendimento do interesse público,

na hipótese de objetos essenciais ou contratações emergenciais.
Figura 13 - Suspensão do procedimento licitatório cautelarmente
Pronunciar-se
sobre o mérito da 25 dias úteis
irregularidade
Tribunal
de Contas
Causas de suspensão
Indicar
objetivamente
Modo de assegurar
o interesse público
Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

O órgão ou a entidade após receber a intimação referente à

suspensão terá o prazo de dez dias úteis (podendo ser prorrogado), para
comunicar as medidas tomadas para atendimento da decisão, prestar
todas as informações necessárias e apurar a responsabilidade.
RESUMINDO:
Chegamos ao final de mais um capítulo. Vamos ver se

entendemos tudo direitinho? A anulação acontece quando
houver ilegalidade insanável, podendo ser de ofício ou por
provocação de terceiros e recair sobre todo o procedimento
ou apenas parte dele e é admitida após a celebração do
contrato. Já a revogação ocorre por razões de interesse
público superveniente ou quando o adjudicatário não assinar
o contrato, não é admitida após a celebração do contrato
e somente poderá recair sobre todo o procedimento
licitatório. Você também deve ter compreendido que o
recurso é cabível nos atos de habilitação e inabilitação,
no julgamento das propostas, na anulação ou revogação
da licitação, no ato que defira ou indefira o pedido de pré-
qualificação ou de inscrição, alteração ou cancelamento do
registro cadastral, na extinção unilateral do contrato, tendo
um prazo de três dias úteis; que a impugnação pode ser
realizada por qualquer pessoa no prazo de três dias uteis,
e que a reconsideração do recurso pode ter como prazo
três dias úteis para a autoridade que editou o ato ou dez
dias úteis para a autoridade superior. Por fim, você deve
ter entendido como funciona o controle das contratações,
quais as linhas de defesa, as atividades dos órgãos de
controle e os procedimentos a serem adotados em caso
de suspensão cautelar do procedimento.
REFERÊNCIAS
ALEXANDRINO, M.; PAULO, V. Direito Administrativo
Descomplicado. 20. ed. São Paulo: Método, 2012.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Licitações e Contratos.

Orientações e Jurisprudência do TCU. 4. Ed. Brasília: TCU, Secretaria-
Geral da Presidência: Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração
e Publicações, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3pAQ8y6. Acesso em: 13
abr. 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto

constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, compilado
até a Emenda Constitucional nº 105/2019. Brasília: Senado Federal,
Coordenação de Edições Técnicas, 2020.
BRASIL. Lei nº 14.133 de 01 de abril de 2021. Lei de Licitações e

Contratos Administrativos. Disponível em: https://bit.ly/32tgV4G. Acesso
em: 13 abr. 2021.
CAMMAROSANO, M. Inexigibilidade de licitação: conceito e

preconceito. Fórum de Contratação e Gestão Pública – FCGP, Belo
Horizonte, ano 15, n. 170, 2016.
CARVALHO FILHO, J. S. Manual de direito administrativo. 27. ed.

São Paulo: Atlas, 2014.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas,

2014.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 30. ed. São Paulo:

Forense, 2017.
DI PIETRO, M. S. Z. Direito Administrativo. 33. ed. Rio de Janeiro:

Forense, 2020.
JUSTEN FILHO, M. Comentários à lei de licitações e Contratos

Administrativos. 15. ed. São Paulo: Dialética, 2012.
MEIRELLES, H. L.; ALEIXO, D. B.; BURLE FILHO, J. E. Direito

administrativo brasileiro. 39. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2013.
OLIVEIRA. J. C. Licitação: Procedimento, julgamento, impugnação

e recursos. Unesp, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3zaEAWG. Acesso
em: 27 abr. 2020.
SCATOLINO, G.; TRINDADE, J. Manual de Direito Administrativo.

4. ed. Salvador: Ed. Juspodivm, 2016.

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Milena Barbosa de Melo

Desse modo, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar

Produtor, empresa ou representante comercial exclusivo............ 13

Profissional artístico consagrado pela crítica........................................... 15

Serviços técnicos especializados..................................................................... 16

Dispensa de licitação ................................................................................20

Instrumentos auxiliares e o parcelamento da licitação..............30

Procedimento de Manifestação de Interesse..........................................32

Sistema de Registro de Preços...........................................................................33

Revogação e anulação do procedimento licitatório - recurso -

Recurso, reconsideração e impugnação ..................................................................... 40

Controle das contratações........................................................................................................44

Existem também alguns instrumentos auxiliares utilizados no

Nesta unidade iremos compreender como funciona a licitação

1. Enunciar a contratação direta e a inexigibilidade de licitação.

2. Analisar a dispensa de licitação.

3. Identificar os instrumentos auxiliares da licitação e definir o

4. Discutir a revogação e a anulação do procedimento licitatório e

Então? Vamos juntos para uma viagem sem volta rumo ao

Ao término deste capítulo você será capaz de entender

Você lembra da obrigatoriedade de licitar? Toda Administração

Mas a essa regra cabe exceção, a própria Constituição Federal

Esses casos são situações em que não serão realizados o

Podemos perceber uma situação na prática em relação a casos de

As hipóteses de contratação direta estão descritas na Lei 14.133/2021,

• De formalização de demanda, e a depender do caso, do estudo

• Parecer jurídico e pareceres técnicos.

• Previsão de recursos orçamentários.

• Comprovação de requisitos de habilitação e qualificação do

• Razão de escolha do contratado.

• Autorização da autoridade competente.

A lei faz determinadas exigências nessas contratações para evitar

“Caracteriza-se inexigibilidade de licitação por haver apenas

Por isso, mesmo que o agente público pretendesse realizar o

A Lei 14.133/2021 cuida das hipóteses de inexigibilidade em seu art.

Por se tratar de um rol exemplificativo, nem todas as

Consoante Alexandrino e Paulo (2012), a inexigibilidade de licitação

Isso se dá pelo fato de evitar que governantes façam uso de

De acordo com a Lei nº 14.133/2021, são casos de inexigibilidade:

• Determinadas aquisições que só possam ser fornecidas por

• Contratações de profissionais artísticos consagrados pela crítica

• Contratação de determinados serviços técnicos especializados de

• Contratações que possam ocorrer por credenciamento.

• Aquisição ou locação de imóvel, que por instalações e localizações

Vejamos cada uma dessas hipóteses detalhadamente a seguir.

Produtor, empresa ou representante comercial

“Aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou

Exemplo: Vamos imaginar o caso da Prefeitura de Pedra dos Anjos

A inviabilidade de competição deverá ser demonstrada

tenha a capacidade de comprovar que o objeto é fornecido ou prestado

Fonte: Elaborado pelas autoras com base na Lei nº 14.133/2021.

Conforme Scatolino e Trindade (2016), a exclusividade pode ser

É vedado pela lei a preferência de marca, porém essa vedação deve

• Continuidade da utilização de marca já adotada no órgão.

• Para a utilização de nova marca mais conveniente.

• Para o fim de padronização de marca no serviço público, todas

Profissional artístico consagrado pela crítica

“Contratação de profissional do setor artístico, diretamente ou

A inexigibilidade é possível para qualquer serviço (Figura 3), seja

Diretamente Consagrado pela

Fonte: Elaborado pelas autoras com base na Lei nº 14.133/2021.

Na prática, podemos pensar assim: “será preciso contratar o cantor

Entretanto, a Lei nº 14.133/2021 faz uma ressalva quanto ao que vem