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Combate e

Prevenção de
Incêndios e Pânicos
Elaine Christine Pessoa Delgado e Giselly
Santos Mendes

Unidade 4

Livro Didático
Digital
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autor
ELAINE CHRISTINE PESSOA DELGADO
GISELLY SANTOS MENDES
AS AUTORAS
Elaine Christine Pessoa Delgado
Eu, Elaine, sou graduada em Administração de Empresas pela
Universidade Federal de Campina Grande (2007), com uma experiência
técnico-profissional na área de gerência de empresas há mais de 10 anos.

Giselly Santos Mendes


Eu, Giselly, sou Mestra em Qualidade Ambiental, Tecnóloga em
Polímeros, Administradora e Educadora, com uma experiência técnico-
profissional na área de Processos Gerenciais e Educacionais há mais de
12 anos.

Somos apaixonadas pelo que fazemos e gostamos de transmitir


nossas experiências de vidas àqueles que estão iniciando suas profissões.
Por isso, fomos convidadas pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco
de autores independentes. Estamos muito felizes em poder ajudar você
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte conosco!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez
que:

INTRODUÇÃO: DEFINIÇÃO:
para o início do houver necessidade
desenvolvimento de de se apresentar um
uma nova compe- novo conceito;
tência;

NOTA: IMPORTANTE:
quando forem as observações
necessários obser- escritas tiveram que
vações ou comple- ser priorizadas para
mentações para o você;
seu conhecimento;
EXPLICANDO VOCÊ SABIA?
MELHOR: curiosidades e
algo precisa ser indagações lúdicas
melhor explicado ou sobre o tema em
detalhado; estudo, se forem
necessárias;
SAIBA MAIS: REFLITA:
textos, referências se houver a neces-
bibliográficas e links sidade de chamar a
para aprofundamen- atenção sobre algo
to do seu conheci- a ser refletido ou dis-
mento; cutido sobre;
ACESSE: RESUMINDO:
se for preciso aces- quando for preciso
sar um ou mais sites se fazer um resumo
para fazer download, acumulativo das últi-
assistir vídeos, ler mas abordagens;
textos, ouvir podcast;
ATIVIDADES: TESTANDO:
quando alguma quando o desen-
atividade de au- volvimento de uma
toaprendizagem for competência for
aplicada; concluído e questões
forem explicadas;
SUMÁRIO
Trâmite de projetos de prevenção de incêndios e pânicos.......10
Projetos emergenciais de prevenção de incêndios e pânicos .....................10

Instruções e plano de atendimento à emergência ..................... 20


Instruções e plano de atendimento à emergência................................................ 20

Brigada de incêndios e pânicos e as vistorias de segurança... 29


Brigada de incêndios e pânicos............................................................................................29

Vistorias de segurança.................................................................................................................33

Primeiros socorros aplicados a vítimas de incêndios ................. 38


Primeiros socorros aplicados a vítimas de incêndios ......................................... 38

Parada Respiratória......................................................................................................42

Hemorragia........................................................................................................................43

Lesões por inalação de fumaça.........................................................................43

Asfixia.....................................................................................................................................44

Estado de choque........................................................................................................45

Fraturas.................................................................................................................................45

Queimaduras................................................................................................................... 46

Desmaio...............................................................................................................................47
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 7

04
UNIDADE
8 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

INTRODUÇÃO
Você sabia que é obrigatória a elaboração de projetos de prevenção
de incêndios e pânicos? Que a existência de um plano de atendimento à
emergência pode salvar vidas? E que os primeiros socorros podem ser
realizados por qualquer pessoa que possua os devidos conhecimentos?
O projeto de prevenção de incêndios e pânicos é fiscalizado e aprovado
pelo Corpo de Bombeiros, mediante vistorias e concessão de alvarás,
sendo exigido por órgãos públicos para qualquer imóvel, a fim de
proporcionar maior segurança às pessoas. Todas as edificações devem
possuir um projeto de prevenção de incêndios e pânicos, assim como todo
edifício comercial ou residencial deve ter um plano de emergência para o
abandono do prédio em caso de incêndio. Os brigadistas desempenham
funções fundamentais para o auxílio em situações de incêndios e pânicos
incluindo, entre nessas, o abandono do local do sinistro, contudo, os
primeiros socorros não dependem apenas dos brigadistas e não envolve
apenas os danos físicos ou doença, mas também o psicológico da vítima
envolvida. Nesta unidade, iremos compreender como é a tramitação do
projeto de incêndios e pânicos, o plano de abandono e de emergência,
quem são os brigadistas, o que é a vistoria e como proceder com os
primeiros socorros em situações de incêndios e pânicos

Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste


universo!
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 9

OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso propósito é auxiliar
você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o
término desta etapa de estudos:

1. Discutir a tramitação de projetos de prevenção de incêndios e


pânicos;

2. Aplicar as instruções em casos de emergência e plano de


atendimento a emergências;

3. Capacitar a brigada de combate a incêndio e pânicos e compreender


as vistorias de segurança aplicáveis;

4. Aplicar os procedimentos de primeiros socorros a vítimas de


incêndios.

Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento?


Ao trabalho!
10 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Trâmite de projetos de prevenção de


incêndios e pânicos
INTRODUÇÃO:

Ao término deste capítulo, você será capaz de discutir a


tramitação de projetos de prevenção de incêndios e pânicos.
E então? Motivado para desenvolver esta competência?
Então, vamos lá! Avante!

Projetos emergenciais de prevenção de


incêndios e pânicos
De acordo com Seito et al. (2008), os objetivos do projeto de
segurança contra incêndio devem ser estabelecidos de forma clara
nas primeiras etapas do projeto, pois a proteção à vida sempre será o
primeiro objetivo a ser atingido, contudo, as consequências financeiras
de um incêndio sobre o negócio, como decorrência direta das perdas
da propriedade e da produção, também deverão ser levados em
consideração como importantes.

Mas o que vem a ser um projeto, você sabe?

Um projeto é um empreendimento não repetitivo e não rotineiro,


planejado e com início e fim definidos, desenvolvido em etapas que se
propõe a alcançar um objetivo claro e definido.

Dessa forma, em um projeto de prevenção de incêndios e pânicos,


o objetivo definido nada mais é que a prevenção de incêndios e pânicos,
devendo este possuir etapas e prazo predeterminados.

O projeto de prevenção de incêndios deverá ser elaborado por


profissional habilitado, conforme ilustra Fernandes (2010):

O PPCI é o Projeto de Prevenção e Combate a Incêndio e


pode ser elaborado apenas por profissionais habilitados
(Engenheiros Civis e Arquitetos), fiscalizado e aprovado pelo
Corpo de Bombeiros, mediante vistorias e concessão de
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 11

alvarás, sendo exigido por órgãos públicos para qualquer


imóvel, a fim de proporcionar maior segurança às pessoas.
É obrigatório para todas as edificações existentes, mesmo
aquelas que se encontram em situação de construção ou
reforma (naquelas que possuírem ampliação de área superior
a 10% da sua área total) (GOMES, 2014, p. 29).

Carvalho Júnior (2019) afirma que, além de atender às Instruções


Técnicas Estaduais e, em algumas situações, às normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o projeto de segurança contra
incêndio das edificações e áreas de risco deverá ser apresentado ao
Corpo de Bombeiros para a devida análise.

Os objetivos da segurança contra incêndio (Figura 1) que,


caracteristicamente, fazem parte de um estudo de engenharia de
segurança contra incêndio são a segurança da vida, o controle das perdas
e o impacto ambiental, informam Seito et al. (2008).
Figura 1: Segurança contra incêndio

Fonte: Freepik
12 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Fernandes (2010) informa que deverá ser avaliado pelo Corpo de


Bombeiros o projeto arquitetônico, para os casos de construção, reforma
ou ampliação de obras que possuam área igual ou superior a 100 m²,
exceto residências unifamiliares, para que seja atribuído o Alvará de
Construção pela Prefeitura Municipal, logo após a análise prévia, no qual
o Corpo de Bombeiros emitirá:

• informação sobre o tipo de Sistema Preventivo que deverá ser


seguido;

• análise arquitetônica dos projetos quanto às vias de abandono, escadas,


necessidade e localização das centrais de gases combustíveis;

• visto nos projetos, desde que realizadas as exigências do Código de


Prevenção de Incêndios.

Para Carvalho Junior (2019), as medidas de segurança contra


incêndio nas edificações e áreas de risco devem ser apresentadas ao
Corpo de Bombeiros para análise através de: Projeto Técnico (PT); Projeto
Técnico Simplificado (PTS); Projeto Técnico para Instalação Temporária
(PTIOT); e, Projeto Técnico para Ocupação Temporária em Edificação
Permanente (PTOTEP).

O projeto técnico (PT), segundo a Instrução Técnica 01/2019 –


Procedimentos Administrativos, deve ser empregado para apresentação
das medidas de segurança contra incêndio das edificações e áreas de
risco com área de construção acima de 750 m2 ou com altura acima de
três pavimentos, excluindo-se os que estão compreendidos nas regras
para Projeto Técnico Simplificado, Projeto Técnico para Instalação e
Ocupação Temporária e Projeto Técnico para Ocupação Temporária em
Edificação Permanente.

NOTA:

O Projeto Técnico deve ser organizado por um profissional


qualificado, com conhecimento de todas as exigências e
normas vigentes, lembra Carvalho Júnior (2019).

O Projeto Técnico Simplificado abrange as edificações com até 750


m² de área construída com, no máximo, três pavimentos ou até 1.500 m²
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 13

de área construída com, no máximo, 6 m de altura, descreve a Instrução


Técnica nº 42/2020 – Projeto Técnico Simplificado (PTS).

O Projeto Técnico de Instalação e Ocupação Temporária (PTIOT)


são projetos elaborados para instalações temporárias ao ar livre (Figura 2),
como circos, parques de diversão, shows artísticos, entre outros. Devem
ser desmontadas e transferidas para outros locais após o prazo máximo
de 6 meses (prorrogável uma vez pelo mesmo período). Após esse prazo,
a edificação e áreas de risco passam a ser regidas pelas regras do Projeto
Técnico, esclarece Carvalho Júnior (2019).
Figura 2: Instalações temporárias ao ar livre

Fonte: Freepik

NOTA:

Não se aplicam a construções provisórias como galpões


ou depósitos que não sejam locais de eventos (CARVALHO
JUNIOR, 2019).

Já o Projeto Técnico para Ocupação Temporária em Edificação


Permanente é, conforme Carvalho Júnior (2019), o procedimento seguido
14 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

para evento temporário em edificação e área de risco permanente e deve


seguir as exigências descritas abaixo:

• o evento temporário deve ter o prazo máximo de 6 meses (prorrogável


uma vez pelo mesmo período);

• a edificação e áreas de risco permanente devem seguir as medidas


de segurança contra incêndio determinada no Regulamento de
Segurança contra Incêndio para sua ocupação original, junto com as
exigências para a atividade temporária que se almeja nela desenvolver;

• a edificação e áreas de risco permanente devem estar adequadamente


regularizadas junto ao Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, salvo
se o evento for realizado em área externa, atender às condições de
isolamento de risco, conforme a Instrução Técnica correspondente, e
não possuir acesso à edificação permanente;

• se for acrescentada uma instalação temporária em área externa junto


da edificação e áreas de risco permanente, essa instalação deve estar
regularizada conforme o Projeto Técnico;

• se no interior da edificação e áreas de risco permanente for acrescentada


instalação temporária, como boxe, estande, entre outros, prepondera
a proteção da edificação e áreas de risco permanentes, desde que
atenda aos requisitos para a atividade temporária em questão.

Pereira (2015) lembra que analisado o projeto, provido das condições


indispensáveis, e não existindo exigências ou cumpridas as estabelecidas,
faz-se a vistoria do Corpo de Bombeiros (Figura 3) no local, através da
solicitação do proprietário, do responsável pelo uso ou do responsável
técnico.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 15

Figura 3: Vistoria do Corpo de Bombeiros

Fonte: Freepik

Fernandes (2010) explica que o projeto de prevenção de incêndios


deverá estar de acordo com as normas relacionadas da ABNT ou similares,
compreendendo o seguinte:

• Planta de situação na escala adequada com: todas as explicações


necessárias à interpretação inicial da edificação, apontando cotas
e afastamentos; posicionamento das fontes de suprimento d’água;
posicionamento do hidrante de recalque; posicionamento da central
de gases combustíveis (GLP, GN etc.).

• Planta de todos os pavimentos nas escalas 1:50, 1:75 ou 1:100 com:


designação dos compartimentos; demarcação do equipamento
preventivo móvel e fixo; reservatórios d’água; fontes de suprimentos
de água; central de gases combustíveis, com todos os elementos que
demonstrem sua adequação às disposições do CPI/CB; escadas e
vias de abandono com todas as especificações necessárias.

• •.... Planta de implantação geral do sistema de proteção por hidrantes,


quando for indispensável, na escala adequada;
16 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

• Corte esquemático ou isométrico do sistema de proteção por


hidrantes, em escala adequada, com as especificações necessárias;

• Detalhes na escala adequada, especificando: colocação dos


extintores; abrigos para mangueiras; hidrantes; ligação da motobomba
ao reservatório d’água, discriminando todos os aparelhos e conexões
utilizadas; hidrante de recalque.

• Detalhes da construção da central de gases combustíveis (em escala


adequada);

• Deverá existir uma nota junto ao detalhe da casa de bombas


garantindo que a instalação elétrica da bomba é independente da
instalação geral do prédio, sendo que deverá também ser informado
o tipo de acionamento do motor da bomba elétrica (se por botoeira
do tipo liga-desliga ou por sistema automático de fluxo);

• Detalhes do sistema de ventilação forçada das escadas enclausuradas


(se utilizado).

IMPORTANTE:

Em muitos casos, será necessário alterar o projeto


arquitetônico ou fornecer várias medidas de segurança
contra incêndio para se alcançar os objetivos da segurança
contra incêndio, lembram Seito et al. (2008).

De acordo com o tipo de instalação são exigidos outros documentos


complementares, com a finalidade de auxiliar a análise do Projeto Técnico
da edificação ou área de risco.

Como no caso das instalações para fins industriais, que deverão


apresentar, juntamente com o projeto de prevenção de incêndios,
um Memorial Industrial assinado pelo engenheiro responsável e pelo
proprietário da edificação, explicita Fernandes (2010).

Como documentos complementares, a Instrução Técnica 01/2019


ainda traz vários outros documentos, como o memorial de cálculo, que
é um memorial descritivo dos cálculos efetuados para dimensionamento
dos sistemas fixos contra incêndio (Figura 4), tais como hidrantes,
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 17

chuveiros automáticos, pressurização de escada, sistema de espuma e


resfriamento, controle de fumaça, dentre outros.
Figura 4: Sistema fixo

Fonte: Freepik.

A lista é um pouco extensa, mas vamos respirar fundo e verificar


cada um deles juntos.

A IT 01/2019 traz também o memorial descritivo do sistema fixo


de gases para combate a incêndio, o qual deve compreender a norma
seguida, o tipo de sistema fixo, o agente extintor utilizado e a forma de
acionamento (seja manual ou automático), bem como a carga de incêndio
dos materiais existentes na edificação ou área de risco, trazendo o
dimensionamento da Carga de Incêndio nas Edificações e Áreas de Risco.

Além disso, tem os documentos referentes ao comércio de fogos


de artifício; o documento que demonstra a área construída, a ocupação
e a data da edificação ou área de risco existentes; o documento com
a descrição das características estruturais da edificação ou da área de
18 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

risco; os cálculos realizados para dimensionamento de lotação e saídas


de emergência em locais de reunião de público, menciona a IT 01/2019.

Fazem parte desses documentos complementares: o memorial


descritivo dos cálculos efetuados para dimensionamento de lotação
e saídas de emergência em recintos desportivos e de espetáculo
artístico-cultura; o memorial descritivo dos cálculos efetuados para
dimensionamento dos revestimentos das estruturas contra ação do calor
e outros; o memorial demonstrativo dos parâmetros técnicos seguidos
para dimensionamento do sistema de controle de fumaça e a descrição
lógica do funcionamento; o memorial descritivo dos cálculos efetuados
para o dimensionamento da pressurização da escada de segurança; e, o
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 19

memorial descritivo dos cálculos realizados para o dimensionamento do


isolamento de risco entre edificações e áreas de risco.

Fernandes (2010) ainda relata que no projeto deverá constar a


assinatura do Responsável Técnico e do Proprietário em todas as pranchas
e documentos que o integra.

RESUMINDO:

E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo


tudinho? Neste capítulo, você deve ter aprendido que o
projeto de prevenção de incêndios e pânicos tem etapas
e prazos determinados, que só pode ser elaborado por
profissionais habilitados e será fiscalizado pelo Corpo de
Bombeiros, que tem como finalidade a de proporcionar
maior segurança às pessoas e é obrigatório para todas
as edificações. Viu que as medidas de segurança contra
incêndio nas edificações e áreas de risco devem ser
apresentadas ao Corpo de Bombeiros para análise através
de: Projeto Técnico (PT); Projeto Técnico Simplificado
(PTS); Projeto Técnico para Instalação Temporária (PTIOT);
Projeto Técnico para Ocupação Temporária em Edificação
Permanente (PTOTEP); e, que o projeto de prevenção
de incêndios deverá estar de acordo com as normas
relacionadas da ABNT. Por fim, viu que, de acordo com
o tipo de instalação, são exigidos outros documentos
complementares, com a finalidade de auxiliar na análise do
Projeto Técnico da edificação ou área de risco.
20 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Instruções e plano de atendimento à


emergência
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo, você irá aplicar as instruções em caso de


emergência e o plano de atendimento a emergências,
compreendendo sua importância em situações de sinistro.

Instruções e plano de atendimento à


emergência
Durante a ocorrência de um incêndio, consequências mais gravosas
podem ser evitadas com o devido conhecimento de instruções de
emergência e do cumprimento do plano de abandono do local.

Seito et al. (2008) explicam que um dos fatores decisivos em uma


situação de incêndio é a informação disponível associada ao tempo, pelo
recebimento tardio do aviso de incêndio, quando as ocorrências de fogo
e fumaça estão mais rigorosas, para se procurar uma resposta.

O entendimento sobre a gravidade do incêndio, qual a direção a


seguir, muitas vezes em ambiente com fumaça, tende a provocar muita
tensão nervosa. Deste modo, as circunstâncias que podem dificultar o
controle emocional provêm da demora da disponibilidade de informações
sobre o que está acontecendo, qual a severidade do caso, atraso na
divulgação de um incêndio e como agir e utilizar saídas protegidas,
analisam Seito et al. (2008).

NOTA:

Dessa forma, as situações de pânico pela falta de informação


necessária sobre como proceder nessas circunstâncias
acabam aumentando a tragédia.

Segundo a Instrução Técnica nº 16/2018 – Plano de Emergência,


o plano de emergência determina responsabilidades e procedimentos
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 21

para organizações e indivíduos, com a finalidade de cumprirem ações


específicas, de acordo com o local e o tempo em que venha a acontecer
uma emergência ou desastre.

Dentre os procedimentos (Figura 5) a serem executados quando


do acontecimento de um incêndio, compreendem-se a correta visão,
alcance e acionamento do sistema de alarme, o acionamento do Corpo de
Bombeiros, o desligamento de equipamentos e as medidas preliminares
de combate ao incêndio, esclarece Pereira (2015).
Figura 5: Procedimentos

Fonte: Freepik

Uma das maiores preocupações durante um caso de emergência


é a remoção das pessoas, o mais célere possível, sem nenhum tipo de
acidente ou incidente, de dentro do ambiente sinistrado para um lugar
22 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

seguro, sendo esse processo chamado de “abandono de local”, ilustram


Seito et al. (2008).

NOTA:

Todo edifício comercial ou residencial deve possuir um


plano de emergência para abandono do prédio em caso
de incêndio, lembra Godoy (2020).

Camilo Junior (2019) define o plano de abandono como um conjunto


de normas e ações estimulado pela equipe de brigada de abandono,
buscando a retirada rápida, segura, de maneira estruturada e eficiente de
toda a população fixa e flutuante da edificação em caso de uma ocorrência
de incêndio.

Seito et al. (2008) dividem as situações de abandono de local em


abandono orientado e abandono coordenado. O abandono orientado é
aquele em que a brigada é treinada para se colocar em ambientes certos
durante uma ocorrência de emergência, guiando a seus ocupantes
qual o caminho a ser adotado para a saída rápida e segura do prédio,
pois o imóvel tem uma população que desconhece os procedimentos
de abandono da edificação, como locais de reunião pública, lojas de
departamentos, shoppings, entre outros. O abandono coordenado é
aquele em que a brigada é habilitada para atuar conforme um plano
predeterminado, em que cada um de seus membros possui uma função
específica, e a população, em sua maioria fixa, é treinada para as ocasiões
de emergência, sabendo como agir durante um abandono de local.

Mas o que é uma brigada de abandono, você sabe?

Seito et al. (2008) entendem a brigada de abandono como sendo


aquelas designadas para efetuar a remoção da população das edificações
e são formadas por funcionários com treinamento específico para o
abandono de local. Não fazem parte da brigada de incêndio, porque, em
uma ocorrência de emergência, devem abandonar o ambiente junto com
a população do prédio.

O Plano de emergência contra incêndio deve contemplar, no


mínimo, as informações detalhadas da edificação e os procedimentos
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 23

básicos de emergência em caso de incêndio, estabelece a Instrução


Técnica nº 16/2018.

A NBR 15219:2015 regula o plano de emergência contra incêndio


e seus requisitos, estabelecendo condições mínimas para organizar,
implantar, conservar e revisar um Plano de Emergência Contra Incêndio
(PECI). Conforme essa norma, todo e qualquer ambiente em que estão
localizadas uma ou mais edificações ou áreas para serem empregadas
para determinados eventos ou ocupação deverá ter seu Plano de
Emergência Contra Incêndio (Figura 6), informam Seito et al. (2008).
Figura 6: Plano de Emergência Contra Incêndio

Fonte: Freepik

A norma também prevê que este Plano de Emergência contra


Incêndio deve ser preparado por profissional habilitado, isto é, alguém
que tenha produzido planos de emergência nos últimos 5 anos ou por
profissional cuja formação tenha contido as cargas horárias apresentadas
abaixo, dependendo dos níveis (baixo, médio ou alto) de risco da ocupação:

• Prevenção e combate a incêndio e abandono de área: 200, 300 e 400


horas;

• Primeiros socorros de 60, 120 e 240 horas;


24 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

• Análise de risco de 60, 100 e 140 horas. O PECI deve ser auditado
por um profissional a cada 12 meses, preferencialmente antes da sua
revisão.

Para Godoy (2020), um plano de emergência deve conter:


procedimentos do supervisor; procedimentos da brigada de incêndio;
procedimentos dos ocupantes do prédio; planta do edifício; localização
do equipamento de combate a incêndio; localização das vias de fuga; e,
ponto de reunião fora do edifício.

IMPORTANTE:

A maioria das pessoas que sobrevive às ocorrências de


emergência não é a mais jovial e forte, mas a que está mais
consciente e preparada de como agir nesses casos (SEITO
et al., 2008).

Conforme a Instrução Técnica nº 16/2018, o plano de emergência


contra incêndio deverá ser elaborado por escrito, levando em consideração:
a localização; a construção; a ocupação; a população total e por setor ou
área e andar; as características de funcionamento; as pessoas portadoras
de necessidades especiais; os recursos humanos e materiais existentes;
e, os riscos inerentes à atividade.

Os projetos de arquitetura das edificações precisam analisar a


movimentação de fumaça dentro dos ambientes em caso de incêndio e
proporcionar barreiras arquitetônicas e sistemas de saída de gases, além
dos sistemas de proteção e combate. As rotas de fuga devem levar a
saídas de emergência (Figura 7) apropriadas para a população prevista
para o ambiente, explanam Seito et al. (2008).
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 25

Figura 7: Saídas de emergência

Fonte: Freepik.

Seito et al. (2008) ainda lembram que essa adaptação precisa levar
em conta que a propensão do mercado de construção é de prédios
maiores e, também, cada vez mais altos. As saídas de emergência
devem acolher à demanda da população em situações de sinistros, seja
por compartimentação, rotas de fuga, escadas de emergência, áreas
de refúgio, seja por elevadores de emergência totalmente protegidos
da ação de gases e chamas, com sistema de alimentação de energia
independente do geral da edificação.

Godoy (2020) explica que quando o plano estiver pronto deve ser
fornecido:

• a comunicação do conteúdo a todos os ocupantes do edifício;

• a sinalização das instalações (saídas, extintores etc.);

• o treinamento de abandono do edifício.

Um bombeiro poderá ajudá-lo nessa atividade.

De acordo com Barsano e Barbosa (2018), para maior eficiência


na remoção da população local nas situações de incêndio, um plano de
26 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

abandono deve ser inserido e seu treinamento deve ser realizado através
de exercícios simulados, abrangendo todas as pessoas relativas à área
de interesse (setores, pavimentos, edificações etc.). Esses exercícios
devem atender a condições específicas para que constituam um plano de
abandono correto e bem organizado. Além disso, devem ser efetivados
periodicamente, preferencialmente sem aviso prévio, de modo tão realista
quanto possível e sob a orientação de grupos de pessoas adequados de
prepará-los e dirigi-los.

Seito et al. (2008) complementam relatando que, para um perfeito


cumprimento do abandono de local, faz-se indispensável o treinamento
periódico dos membros da brigada, bem como a realização de palestras-
-relâmpago para os demais funcionários, buscando orientá-los com
relação aos procedimentos gerais a serem adotados.

Esses exercícios têm como propósito verificar a eficiência do que


foi planejado e cumprido, como: o tempo gasto do abandono; o tempo
gasto no atendimento de primeiros socorros; a atuação da brigada; o
comportamento da população; o tempo gasto até a chegada do Corpo de
Bombeiros; falhas operacionais e de equipamentos e ponto de encontro,
descrevem Barsano e Barbosa (2018).

Seito et al. (2008) citam algumas orientações que deverão ser


seguidas, tais como: apanhar seus pertences pessoais, desligar os
equipamentos elétricos, dirigir-se ao local predeterminado pelo plano
de abandono, manter a calma evitando tumultos e pânico e, caso esteja
recebendo visitas, deverá levá-las com você e colocá-las à sua frente na
fila, orientando-as a respeito, pois elas serão de sua responsabilidade.

IMPORTANTE:

Para o caso eventual de máquinas e aparelhos elétricos


que não devem ser desligados em caso de incêndio, neles
deverão conter uma placa com aviso referente a este fato,
próxima à chave de interrupção, explica Pereira (2015).

Os elevadores nunca deverão ser usados, não rir nem fumar, não
interromper sua descida por nenhum motivo, nunca retornar ao local
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 27

sinistrado, ao chegar ao andar térreo deverá se encaminhar para o ponto de


reunião predeterminado, manter-se em silêncio e aguardar a conferência
(rápida e visual) do coordenador de andar para iniciar a descida, e,
caso tenha conhecimento de que um funcionário faltou, deve avisar ao
coordenador de andar, obedecer as orientações dos componentes da
brigada de abandono, andar em ordem, permanecer em fila indiana, evitar
flutuação, evitar fazer barulho desnecessário, não tirar as roupas do corpo,
descrevem Seito et al. 2008).
Figura 8: Orientações

Fonte: Freepik.

A Instrução Técnica nº 16/2018 ainda informa que, em casos de


incêndio, os procedimentos básicos de emergência devem considerar:
o abandono da área; o alerta, pois, após identificada a situação de
emergência, qualquer pessoa pode comunicar, através dos meios
disponíveis, os ocupantes, os brigadistas, os bombeiros civis e o apoio
externo; a análise da situação; o apoio externo, sendo o acionamento do
Corpo de Bombeiros ou outros órgãos locais; o combate ao incêndio,
quando possível; o confinamento do incêndio de forma a evitar a sua
propagação e consequências; a eliminação dos riscos através do corte de
28 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

energia e o fechamento de válvulas de tubulações; o isolamento da área;


a investigação; e, os primeiros socorros às possíveis vítimas.

SAIBA MAIS:

Quer se aprofundar neste tema? Recomendamos o acesso


à seguinte fonte de consulta e aprofundamento: “Anexo B e
C da Instrução Técnica 16/2018: Plano de Emergência”, do
Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Disponível
pelo link: https://bit.ly/2HrosJS. (Acesso em: 02 set. 2020).

Seito et al. (2008) ainda explicam que os sistemas de combate a


incêndios devem estar em perfeitas condições de operacionalidade, bem
projetados e instalados, e o pessoal da equipe de emergência bem treinada
para aplicar o plano de abandono desenvolvido para cada edificação,
considerando suas especificidades, atualizando frequentemente a relação
de pessoas com dificuldade de locomoção, buscando a segurança dos
ocupantes, a proteção ao patrimônio e ao meio ambiente

RESUMINDO:

Neste capítulo, você deve ter compreendido que as


instruções em caso de emergências e o plano de
emergência em situações de incêndio são fundamentais
para evitar maiores tragédias, que a Instrução Técnica
16/2018 determina responsabilidades e procedimentos para
organizações e indivíduos, com a finalidade de cumprirem
ações específicas, de acordo com o local e o tempo em
que venha a acontecer uma emergência ou desastre, e
que a NBR 15219:2015 regula o plano de emergência contra
incêndio e seus requisitos, estabelecendo condições
mínimas para organizar, implantar, conservar e revisar um
Plano de Emergência Contra Incêndio. Além disso, viu o
que é o plano de abandono, a brigada de abandono e o
abandono de local orientado e coordenado. Conheceu o
que deve conter em um plano de emergência, como deve
ser elaborado e as orientações que devem ser seguidas.
Por fim, entendeu os procedimentos básicos que devem
ser considerados em casos de incêndio.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 29

Brigada de incêndios e pânicos e as


vistorias de segurança
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo, você irá capacitar a brigada de combate a


incêndio e pânicos, conhecendo quem são, e compreender
as vistorias de segurança aplicáveis e obrigatórias.

Brigada de incêndios e pânicos


Conforme Seito et al. (2008), as brigadas de incêndios são aquelas
com o propósito de combater os princípios de incêndios nas edificações e
são formadas por funcionários treinados de vários setores (ou de diversos
andares) da empresa para a extinção dos focos de incêndio.

Para Godoy (2020), as brigadas de incêndios são grupos de pessoas


que foram treinadas de forma prévia, organizadas e capacitadas dentro de
uma organização, empresa ou estabelecimento para efetuar atendimento
em casos de emergência. Geralmente, estão treinadas para agir na
prevenção e combate de incêndios, prestação de primeiros socorros e
desocupação do ambiente.

As brigadas devem ser estruturadas nas funções de líder, chefe de


brigada, coordenador e brigadistas.

E quem são cada um deles, você sabe?

Os brigadistas são membros da brigada que desempenham


as atribuições comuns; o líder é o responsável pela coordenação e
cumprimento das ações de emergência de um determinado setor e é
selecionado dentre os brigadistas aprovados no processo seletivo; o chefe
da brigada ou da edificação é o brigadista responsável pela coordenação
e cumprimento das ações de emergência de uma determinada
edificação da planta; e, o coordenador geral é o brigadista responsável
pela coordenação e cumprimento das ações de emergência de todas as
30 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

edificações que constituem uma planta, independentemente do número


de turnos, descreve Pereira (2015).

NOTA:

O coordenador deve ser uma pessoa com traços de


liderança e que faça parte da direção ou que possua
assistência dela, menciona Pereira (2015).

Godoy (2020) explica que a capacitação para ser um brigadista


(Figura 9) exige que no seu término seja emitido um certificado, expedido
por profissional habilitado, sendo esse profissional qualquer pessoa
com formação em Higiene, Segurança e Medicina do Trabalho, que seja
registrado os Conselhos Regionais competentes ou no Ministério do
Trabalho, ou ainda por militares das Forças Armadas, das Polícias Militares
e dos Corpos de Bombeiros Militares com 2º grau completo e que tenham
especialização em Prevenção de Combate a Incêndio com carga horária
mínima de 60 horas e técnicas de emergências médicas com carga
horária mínima de 40 horas, como também curso de técnica de ensino
de, no mínimo, 40 horas.
Figura 9: Brigadista

Fonte: Freepik.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 31

Durante o curso, os brigadistas são capacitados sobre como


manipular extintores, mangueiras e outros equipamentos de combate a
incêndios, como também conhecer as diferentes classes de fogo, rotas
de fuga, plano de retirada de moradores e medidas emergenciais, ilustra
Alencastro (2019).

De acordo com Pereira (2015), os candidatos a brigadistas devem


cumprir, de preferência, os seguintes princípios fundamentais:

• conservar-se na edificação durante o seu turno de trabalho;

• possuir experiência prévia como brigadista;

• apresentar boa condição física e boa saúde;

• dispor de bom conhecimento das instalações, devendo ser


selecionados, de preferência, os funcionários da área de utilidades,
elétrica, hidráulica e manutenção geral;

• possuir responsabilidade legal;

• ser alfabetizado.

NOTA:

Na hipótese de nenhum candidato atender aos critérios


básicos requeridos, devem ser escolhidos aqueles que
atendam ao maior número de condições, cita Pereira (2015).

As atribuições da brigada de incêndio, segundo a Instrução Técnica


nº 17/2014, se dividem em ações de prevenção e ações de emergência.

As ações de prevenção são a análise dos riscos existentes durante


as reuniões da brigada de incêndio, a notificação ao setor competente da
empresa ou da edificação das eventuais irregularidades encontradas no
tocante à prevenção e proteção contra incêndios, à orientação à população
fixa e flutuante, à participação nos exercícios simulados e a conhecer o
plano de emergência da edificação, informa a Instrução Técnica 17/2014.

Já as ações de emergência (Figura 10) são: a identificação da


situação, o alarme e abandono de área, o acionamento do Corpo de
Bombeiros e a ajuda externa, o corte de energia, os primeiros socorros, o
32 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

combate ao princípio de incêndio e a recepção e orientação ao Corpo de


Bombeiros, estabelece a Instrução Técnica 17/2014.
Figura 10: Ações de emergência

Fonte: Freepik.

O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (2006) destaca que


o brigadista poderá ajudar a guarnição durante o plano de abandono na
direção da saída de emergência e rotas de fugas, como:

• orientar as pessoas que estão saindo da edificação a manterem-se


calmas;

• caminhar em ordem sem atropelos;

• não deixar que corram ou empurrem, gritaria e algazarras;

• não deixar as pessoas retornarem para buscarem objetos;

• deixar a rua e as entradas livres para ação dos bombeiros e do pessoal


de socorro médico;

• orientar as pessoas para não retirarem as roupas e molhá-las.


Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 33

Pereira (2015) lembra que, conforme o tipo de edificação, a


brigada de incêndio deverá ser formada de maior ou menor número
de pessoas. Portanto, ela será dimensionada de acordo com o tipo de
atividade executada no ambiente e a população fixa ali presente, assim
classificada como aquela que permanece frequentemente na edificação,
considerando-se os turnos de trabalho e a natureza da ocupação, assim
como os terceiros nessas categorias.

As reuniões dos membros da brigada de incêndio podem ser


ordinárias, as quais acontecerão mensalmente, ou extraordinárias que
ocorrerão quando no caso do sinistro ou do risco iminente, e deverão
ser realizados exercícios simulados no ambiente com toda a população,
devendo ser realizada uma reunião extraordinária logo após essa
simulação para avaliação e correção das falhas, esclarece Pereira (2015).

Vistorias de segurança
O auto de vistoria é o documento disponibilizado pelo poder público
estadual, mais precisamente pelo Corpo de Bombeiros da Polícia Militar,
garantindo que na data da vistoria a edificação estava de acordo com as
normas de segurança contra incêndio, explica Godoy (2020).

Essa determinação está contida na Lei nº 13.425/2017:

Art. 3º. Cabe ao Corpo de Bombeiros Militar planejar, analisar,


avaliar, vistoriar, aprovar e fiscalizar as medidas de prevenção e combate
a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de
reunião de público, sem prejuízo das prerrogativas municipais no controle
das edificações e do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano
e das atribuições dos profissionais responsáveis pelos respectivos projetos
(BRASIL, 2017).

Segundo Fernandes (2010), as vistorias serão realizadas:

• através de requerimento do interessado, com o objetivo de concessão


de “Certificado de Vistoria e Conclusão de Obras”, pela Prefeitura
Municipal local, no caso de edificações novas (recém-construídas),
reformadas ou ampliadas (de acordo com o CPI/CB);
34 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

• através de requerimento do interessado com o objetivo de “Alvará


de Funcionamento” ou “Liberação de Uso Comercial”, pela Prefeitura
Municipal local, para estabelecimentos comerciais, industriais,
prestadores de serviços e residenciais multifamiliares;

• através de requerimento do interessado para edificações antigas,


históricas ou de interesse de preservação;

• através de requerimento de qualquer pessoa, quando se tratar de


edificações de risco iminente;

• por decisão do Corpo de Bombeiros;

• regularmente e conforme as leis específicas.

Pereira (2015) lembra que, depois da realização da vistoria na


edificação (Figura 11) e aprovação desta pelo vistoriador, deve ser emitido
pelo Serviço de Segurança Contra Incêndio o respectivo Auto de Vistoria
do Corpo de Bombeiros (AVCB).
Figura 11: Vistoria na edificação

Fonte: Freepik
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 35

Godoy (2020) esclarece que, para cada edificação, há uma pessoa


física legalmente responsável pelo uso do imóvel, com o dever de
conservar as condições de segurança identificadas na vistoria.

IMPORTANTE:

O atraso na renovação do Auto de Vistoria do Corpo de


Bombeiros acarreta ao responsável legal a responsabilização
pelo acontecimento de um desastre que poderia ter sido
evitado com o bom funcionamento das instalações de
segurança (GODOY, 2020).

Em 2014, houve uma alteração significativa na Instrução Técnica


42/2011: a criação do CLCB, que é um mecanismo de otimização para a
conquista do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), tornando-o
mais simplificado e não dependendo de vistoria imediata do Corpo de
Bombeiros aplicado às edificações classificadas como Projeto Técnico
Simplificado, informa Carvalho Junior (2019).

Conforme a Instrução Técnica 42/2019, o Certificado de Licença


do Corpo de Bombeiros (CLCB) é o “documento emitido pelo Corpo de
Bombeiros Militar, após apresentação dos documentos comprobatórios,
certificando que a edificação ou área de risco atende às exigências quanto
às medidas de segurança contra incêndio”.

Pereira (2015) lembra que o funcionamento de estabelecimento ou


a ocupação de edificação sem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros
poderá ocasionar o não licenciamento da obra, multa ou embargo pela
Prefeitura relacionada, pois essa documentação faz parte do processo de
licenciamento do imóvel, como também em situações em que o AVCB
tiver sido revogado ou após expirado seu prazo de validade:

Art. 5º O poder público municipal e o Corpo de Bombeiros Militar


realizarão fiscalizações e vistorias periódicas nos estabelecimentos
comerciais e de serviços e nos edifícios residenciais multifamiliares, tendo
36 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

em vista o controle da observância das determinações decorrentes dos


processos de licenciamento ou autorização sob sua responsabilidade.

Quando apurado pelo Corpo de Bombeiros que aconteceram


modificações prejudiciais às medidas de segurança contra incêndio da
edificação ou áreas de risco que tenham o Auto de Vistoria do Corpo
de Bombeiros com prazo de validade em vigência e demonstrada a
necessidade de adequações, deve ser produzido um relatório de vistoria,
indicando os ajustes a serem efetuados, de acordo com o Regulamento
de Segurança contra Incêndio, esclarece Pereira (2015).

VOCÊ SABIA?

Bombeiros podem interditar prédios que não possuírem


o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Entenda mais
lendo a matéria disponível no link: https://bit.ly/34fkVHK.
(Acesso em: 03 set. 2020).

Pereira (2015) relata que, se constatado que o proprietário ou


responsável pela utilização da edificação ou áreas de risco não aplicou
as determinações essenciais para a correção das irregularidades, o
Comandante da Unidade Operacional do Corpo de Bombeiros deve
enviar ofício ao interessado sobre a cassação do AVCB.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 37

RESUMINDO:

Neste capítulo, você deve ter compreendido que as brigadas


de incêndio são formadas por pessoas com treinamento
prévio, organizadas e capacitadas dentro da organização
com o propósito de combater incêndios, prestar os primeiros
socorros e desocupar o ambiente e são organizadas
nas funções de líder, chefe de brigada, coordenador e
brigadistas. Viu também como os brigadistas devem ser
capacitados, quais os princípios devem ser seguidos, as
atribuições pertinentes e as reuniões que poderão ser
ordinárias ou extraordinárias. Por fim, conheceu a vistoria de
segurança, a qual é realizada pelo Corpo de Bombeiros da
Polícia Militar e garante que a edificação esteja de acordo
com as normas de segurança na data da verificação, e sem
o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, poderá causar
o não licenciamento da obra, multa ou embargo; assim
como entendeu quem poderá solicitar essa vistoria e a
sua importância para o funcionamento da edificação, além
do Certificado de Licença do Corpo de Bombeiros (CLCB),
que é uma forma mais simplificada do auto de vistoria e é
aplicado às edificações classificadas como Projeto Técnico
Simplificado.
38 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Primeiros socorros aplicados a vítimas


de incêndios
INTRODUÇÃO:

Neste capítulo, iremos aplicar os procedimentos dos


primeiros socorros às vítimas de incêndios, compreendendo
a sua importância para salvar vidas.

Primeiros socorros aplicados a vítimas de


incêndios
Em qualquer infortúnio ocorrido de forma repentina e inoportuna
com o corpo humano faz-se imprescindível a utilização de primeiros
socorros com a finalidade de contribuir para uma melhora ou de diminuir
os riscos futuros.

Mas o que vem a ser os primeiros socorros?

Rossete (2014, p. 129) leva em consideração a definição dada pela


Cruz Vermelha Brasileira de que “os primeiros socorros são a prestação de
assistência médica imediata a uma pessoa doente ou ferida até a chegada
de ajuda profissional”. Reúne não só o dano físico ou doença, mas também
o primeiro atendimento, compreendendo o apoio psicológico a pessoas
que sofrem emocionalmente por causa da experiência ou a exposição de
um evento traumático, com o controle da circunstância encontrada.

É o atendimento imediato para quaisquer ocasiões que o corpo


exibir uma alteração, contudo, muitas vezes, não existe a necessidade de
procurar um pronto-socorro, complementa Sousa (2018).

Para Szabó Junior (2018), os primeiros socorros são procedimentos


simples, podendo ser efetivados por qualquer pessoa que tenha os
devidos conhecimentos para oferecer o primeiro atendimento a alguém
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 39

que esteja acidentado ou em crise de saúde até a chegada do atendimento


especializado.

NOTA:

O tipo de acidente e a circunstância que o causou


modificam as condutas necessárias para os primeiros
socorros (ROSSETE, 2014).

Os primeiros passos (Figura 12) e o acompanhamento das ações são


indispensáveis, pois o tempo que se deve ter em mente é de 4 minutos,
dos quais não se pode abrir mão, sendo esse o tempo que o cérebro
de uma pessoa acometida por lesões leva para começar a perder a
estabilidade sistêmica, informa Sousa (2018).
Figura 12: Primeiros passos

Fonte: Freepik

De acordo com Rossete (2014), alguns pontos são importantes para


a eficiência do processo de atendimento apropriado ao acidentado, que
são:

• ligar para o serviço de resgate o mais rápido possível;


40 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

No Brasil, podemos utilizar o 193 para chamar o Corpo de Bombeiros.

• efetuar o atendimento não devendo nunca se pôr em risco, evitando


assim, que o socorrista venha a ser uma nova vítima;

• efetuar o atendimento de maneira calma, eficaz e com certa presteza


e rapidez, assim como deve ser a pessoa que lidera e atua;

• acalmar o acidentado, oferecendo apoio moral o tempo todo;

• buscar pessoas que saibam quem é o acidentado, empregando


técnicas simples como conversar com ele, fazendo perguntas e
observações;

• observar a existência de pulso e de hemorragias visíveis, as alterações


respiratórias, os choques traumáticos, a coloração da pele para
ajudar no trabalho da equipe de resgate através das informações
apresentadas;

• alargar roupas apertadas e conservar o acidentado deitado de costas


com a cabeça ao nível do corpo, lembrando de não sujeitar a vítima a
circunstâncias constrangedoras;

• na hipótese de desmaio, abaixar rapidamente a cabeça;

• quando ocorrer vômitos e hemorragias pela boca, a cabeça deverá


ser voltada para um dos lados;

• em situações de falta de ar, conservar o acidentado sentado ou


semideitado;

• na hipótese de fraturas, o acidentado deverá ser imobilizado antes


de ser movimentado, devendo, neste caso, a atenção ser redobrada
e, em caso de dúvidas, esperar a chegada do socorro especializado;

• nunca incentivar o consumo de algum tipo de líquido ou alimento.

Camilo Junior (2019) descreve como é de suma importância que


o socorrista conheça e saiba pôr em prática o apoio básico da vida, pois
saber fazer o certo na hora certa pode constituir a diferença entre a vida e
diminuir o risco de lesão para um acidentado. Além disso, as informações
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 41

na área podem minimizar os resultados derivados de uma lesão, colocando


a vítima em melhores condições para receber o tratamento definitivo.

IMPORTANTE:

Para o controle do quadro clínico do acidentado até a


chegada do resgate, o socorrista deve prestar atenção para
os estados de respiração, pulso, consciência e temperatura
corporal, menciona Rossete (2014).

O conhecimento dos métodos de suporte básico da vida possibilitará


que o socorrista distinga o que existe de errado com a vítima, sabendo
como levantá-la ou movimentá-la, quando isso for preciso, sem ocasionar
lesões secundárias, e, finalmente, transportá-la e comunicar informações
sobre o seu estado ao médico, que se responsabilizará pela continuação
do seu tratamento, explicita Camilo Junior (2019).

Caso exista necessidade de efetuar o transporte do acidentado


(Figura 13), alguns cuidados devem ser adotados para evitar complicações
ou, até mesmo, lesões resultantes do atendimento inadequado: conter
hemorragias, reanimar o acidentado e imobilizar as partes fraturadas,
relata Rossete (2014).
42 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

Figura 13: Transporte do acidentado

Fonte:Freepik

Várias situações podem acontecer com as pessoas que estão


presentes no local do incêndio, por isso, faz-se imprescindível
compreender como agir nessas circunstâncias com relação aos primeiros
socorros.

Vejamos algumas dessas situações.

Parada Respiratória
Conforme Camilo Junior (2019), a parada da respiração pode
provocar a morte entre 3 a 5 minutos e traz inconsciência, tórax parado
(ausência de movimentos respiratórios), lábios e línguas arroxeados.

IMPORTANTE:

Nesses casos, deve ser realizada a respiração boca a boca


de imediato e, caso exista hemorragia, deve ser controlada
rapidamente, cita Camilo Junior (2019).

Barsano e Barbosa (2018) descrevem que o protocolo para


averiguação da vítima com suspeita de parada respiratória deve seguir os
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 43

procedimentos descritos: realizar a análise primária; verificar a ausência


de respiração e presença de pulso; requisitar a ajuda de equipes de apoio;
fazer a insuflação de ar boca a boca; confirmar se existe ausência de
respiração e presença de pulso, caso confirmados, iniciar a insuflação a
cada 5 segundos em uma série de 15 ciclos.

Hemorragia
O extravasamento de sangue por rompimento de vasos ou
artérias é chamado de hemorragia, podendo ser interna ou externa.
O tipo de conduta seguido para o atendimento depende da gravidade
da hemorragia, medida pela quantidade da perda de sangue, explicam
Barsano e Barbosa (2018).

No caso de hemorragia interna, Camilo Junior (2019) relata que a


vítima deve ser mantida deitada e agasalhada com a cabeça mais baixa
que os pés; deve ser analisada a respiração e os batimentos cardíacos,
efetuando a respiração de socorro e massagem cardíaca, caso seja
preciso; e, deve-se remover a vítima imediatamente para o hospital mais
próximo.

NOTA:

Em casos de hemorragia de pulmões ou digestiva, a vítima


deverá ser colocada em repouso e ser providenciado de
imediato o auxílio do médico e a sua remoção.

Os casos de hemorragia com perda de grande quantidade de


sangue necessitam de cuidados especiais e celeridade para o tratamento
à vítima, seja para o envio ao tratamento médico especializado ou para a
solicitação dessa ajuda, pois a demora pode levar o paciente ao estado de
choque ou, até mesmo, à morte, citam Barsano e Barbosa (2018).

Lesões por inalação de fumaça


Edson (2012) afirma que o principal motivo de morte em incêndios
não está associado às lesões térmicas, mas à inalação de fumaça tóxica,
pois qualquer doente que tenha ficado exposto à fumaça deve ser
44 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

considerado suscetível à lesão por inalação, que envolve queimaduras


internas causadas por gases aquecidos, asfixia e intoxicação por gases
tóxicos, principalmente monóxido de carbono.

Os sintomas vão da alteração do nível de consciência, tontura,


cefaleia e taquicardia. O tratamento indicado é o transporte imediato ao
hospital com a administração do oxigênio a 100% em alto volume/minuto,
relata Edson (2012).

Em casos de intoxicação por inalação de gases tóxicos, é


aconselhado levar a vítima para ambientes arejados, desapertar suas
vestes e chamar o socorro médico, analisa Szabó Junior (2018).

Asfixia
A asfixia pode acontecer tanto por sufocamento quanto por engasgo.
Acontece quando existe um espasmo da tosse e a expectoração causada
pela introdução de líquidos ou sólidos nas vias aéreas. A reação da tosse
eliminará o líquido absorvido da traqueia em 10 a 30 segundos. Após a
obstrução completa, se ela não for eliminada em 1 ou 2 minutos, a pessoa
desmaiará, esclarece Szabó Junior (2018).

O objetivo principal da tosse é limpar a traqueia.

Dessa forma, enquanto a pessoa permanecer respirando e tossindo,


deve-se apenas incentivar a eliminar o material aspirado através da tosse.
Figura 14: Asfixia

Fonte: Freepik.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 45

Não deve ser oferecido nada para beber, pois o líquido poderá
invadir o espaço para o caminho do ar, lembra Szabó Junior (2018).

Estado de choque
Barsano e Barbosa (2018) definem o estado de choque como uma
ocorrência de emergência que acontece quando o sistema nervoso
central sofre uma paralisia parcial ou total, levando a vítima a um aparente
estado de alienação física.

Em todos os casos de lesões graves, hemorragias ou fortes


emoções, pode aparecer o estado de choque, que tem como sintomas:
pele fria e pegajosa; suor na testa e na palma das mãos; face pálida com
expressão de ansiedade; frio, no qual a vítima queixa-se dessa sensação,
chegando às vezes a exibir tremores, informa Camilo Junior (2019).

Em qualquer uma das situações de estado de choque, o


procedimento recomendado é a remoção da vítima o mais depressa
possível, com monitoramento dos sinais vitais, da temperatura e da
evolução do paciente. Caso a vítima exiba excesso de saliva, sangramento
ou outras secreções saindo da boca, ela deve ser colocada deitada de
maneira lateralizada, de preferência do lado esquerdo, para melhorar a
oxigenação, esclarecem Barsano e Barbosa (2018).

Fraturas
Szabó Junior (2018) explica que a fratura é o rompimento parcial ou
total do osso, podendo ser exposta ou fechada. A fraturas fechadas são
aquelas que não possuem rompimento da pele e o osso continua no interior
do corpo, diferente da fratura exposta, em que existe o rompimento da
pele, acontecendo ao mesmo tempo a hemorragia externa e acarretando
o risco de infecção.

Não se deve tentar encaixar as extremidades ou ajustar o osso


fraturado em nenhuma circunstância.

Diante de uma fratura, a primeira coisa que se deve fazer é evidenciar


a zona lesionada, desabotoando as vestes ou cortando a roupa. Depois, é
46 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

necessário imobilizar as articulações anteriores e posteriores ao local da


fratura, através de talas, explana Szabó Junior (2018).

Se a fratura for exposta, deve-se cobrir o ferimento com gaze ou


pano limpo.

Queimaduras
De acordo com Barsano e Barbosa (2018), queimaduras são lesões
em que existe acabamento das camadas da pele e, segundo a sua
expansão, pode alcançar órgãos e outras áreas vitais, podendo levar a
vítima a óbito. Na maioria das vezes, as queimaduras são motivadas pela
ação do calor, mas podem também ter outras origens, como frio, produtos
químicos, eletricidades, raios solares etc.

Se a roupa da vítima estiver impregnada de substância química que


possibilite queimadura, é preciso retirá-la depressa, e, caso encontre-
se em chamas, é preciso envolver a vítima em uma manta ou toalha
umedecida ou cobertor, fazendo, assim, com que o fogo pare através da
técnica de abafamento, elucida Szabó Junior (2018).

IMPORTANTE:

Em situações que o socorrista não possua nenhuma manta


ou coisa idêntica, ele deve fazer com que a vítima role pelo
chão até que o fogo cesse (SZABÓ JUNIOR, 2018).

As queimaduras podem ser de 1º, 2º e 3º graus e, através dessa


escala, é estabelecido o procedimento para um pré-atendimento de
primeiros socorros, mencionam Barsano e Barbosa (2018).

Conforme Camilo Junior (2019), as principais medidas nessas


situações são evitar o estado de choque, controlar a dor e impedir a
contaminação.

Para queimaduras grandes e médias, a vítima deve ser deitada e


colocada sua cabeça e tórax em um plano inferior ao resto do corpo. Suas
pernas serem levantadas, se possível. Caso a vítima esteja consciente,
deverá ingerir bastante líquido, como água, chá, suco etc. Se possível,
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 47

tomar medicamentos para dor que seja da sua ciência. Um plástico ou


pano limpo deverá ser colocado sobre a superfície queimada e recursos
médicos acionados imediatamente, removendo a vítima para o hospital,
se possível em ambulância, sem demora, relata Camilo Junior (2019).

Para pequenas queimaduras, a pequena área queimada deverá ser


lavada com água, e sobre a queimadura colocado gaze ou pano limpo,
ensopados suavemente em água, enfaixando frouxamente, pincelando a
queimadura com uma substância antisséptica (mercurocromo, mertiolate),
cobrindo com gaze ou pano limpo, informa Camilo Junior (2019).

Desmaio
O desmaio (Figura 15) pode apresentar vários motivos e acarretar
um choque psicogênico, que é a falta temporária de oxigênio cerebral. O
melhor método nessa situação é realizar ventilação manual e conversar
com a vítima até o seu reestabelecimento, orientam Barsano e Barbosa
(2018).
Figura 15: Desmaio

Fonte: Freepik.
48 Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos

É imprescindível colocar a cabeça da vítima de lado para impedir


a asfixia em caso de vômito e desapertar suas vestes. E, quando ela
readquirir os sentidos, deve-se oferecer bebidas açucaradas e conduzi-la
ao médico, demonstra Szabó Junior (2018).

RESUMINDO:

Agora, só para termos certeza de que você realmente


entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos
resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que
os primeiros socorros possuem como finalidade contribuir
para uma melhora ou diminuir os riscos futuros em casos
de pessoas feridas e compreendem, além do dano
físico ou doença, o apoio psicológico com o controle da
circunstância encontrada, demonstrando ser indispensável.
Viu, também, alguns pontos importantes para a eficiência
do processo de atendimento apropriado ao acidentado e
a importância de se saber pôr em prática o apoio básico à
vida pelo socorrista. Por fim, compreendeu várias situações
que podem acontecer com as pessoas em um incêndio e
quais as medidas a serem tomadas nessas ocasiões, como
em parada respiratória, hemorragia, lesões por inalação de
fumaça, asfixia, estado de choque, queimaduras, desmaios,
fraturas.
Combate e Prevenção de Incêndios e Pânicos 49

REFERÊNCIAS
ALENCASTRO, A. Manual de A a Z para síndicos e moradores. Rio de
Janeiro: Outras Letras, 2019.

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho: guia prático


e didático. 2. ed. São Paulo: Érica, 2018.

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Controle de Riscos: prevenção de


acidentes no ambiente ocupacional. São Paulo: Érica, 2013.

BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.425, de 30 de março


de 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
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Combate e Prevenção de
Incêndios e Pânicos
Elaine Christine Pessoa Delgado e
Giselly Santos Mendes

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