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Universidade de São Paulo

Faculdade de Direito
Departamento de Direito Internacional
DIN0315 – Direito Internacional Público
Professor Associado- Wagner Menezes
5º Semestre 2023

Guilherme Aquino de Campos – Nº USP: 12431084 – Noturno (Turma 194-22)


Karim Yaqub Ibrahim – Nº USP: 1055960- Noturno (Turma 194- 22)

“Moot Court - CIJ” – Estados Interventores - LETÔNIA

A Letônia é totalmente a favor da soberania ucraniana e não só defende


as sanções impostas para a Rússia quanto alega a necessidade de se impor
mais sanções, segundo o Parlamento da Letônia, o qual também a classificou
como “Estado patrocinador do terrorismo”.

A título introdutório, cumpre ressaltar as raízes históricas que


influenciam no posicionamento da Letônia. Localizada no nordeste europeu, na
região dos países bálticos, foi ocupada pela União Soviética durante a
Segunda Guerra Mundial, na década de 1940, sob o acordo Molotov-
Ribbentrop. Tornou-se independente na década de 1990, ainda com forte
influência soviética. Após a restauração de sua independência, a Letônia
passou por um processo de transição política e econômica, buscando maior
identidade nacional e um afastamento do passado soviético. Em 2004, o país
tornou-se membro da Otan e da União Europeia, acessando o mercado comum
europeu, com a abertura para investimentos estrangeiros. Apesar disto, a
Letônia ainda enfrenta dificuldades quanto à integração de minorias étnicas,
sobretudo russas, que residem no país, as quais compreendem cerca de 25%
da população total do país.

A Letônia reconhece as ações da Rússia na Ucrânia como um


genocídio direcionado contra o povo ucraniano. Além disso, chama as nações
do Ocidente para ampliarem o apoio militar, financeiro, humanitário e
diplomático à Ucrânia que tem sofrido desde fevereiro de 2022, pois milhões de
ucranianos tiveram que deixar suas casas e milhares foram mortos justificando
o porquê da necessidade do apoio às iniciativas que condenem e inibam as
ações russas. 1

Ainda quanto à invasão russa da Ucrânia, a Letônia pensa na


necessidade de haver, no plano internacional, um papel de envolvimento de
outros países e sensibilização para esta guerra global. Existem óbvios pontos
em comum na nossa visão da Europa e do mundo. Primeiro, afirmamos uma
vez mais enfaticamente a nossa condenação da brutal agressão russa da
Ucrânia, e também dos crimes de guerra e violações da lei internacional e da
Carta das Nações Unidas, em particular desde fevereiro de 2022, assim
sacrificando o corajoso povo ucraniano.

No entanto, há países que, pela distância, veem esta guerra como um


conflito europeu e não compreendem quão importante é ter esta visão global.
Principalmente, países africanos, do Próximo e Médio Oriente e outros países,
mas especificamente destas áreas vizinhas em que intervenções russas estão
a tentar enfraquecer os flancos Sul e Sudeste da União Europeia e da
Organização do Tratado Atlântico Norte (OTAN). Quanto à integração na União
Europeia, não pensando apenas na Ucrânia ou Moldova, mas nos Balcãs
Ocidentais deve ser preparada, para ser um verdadeiro sucesso. 2 Esta seria
uma medida que mostra a posição da Letônia na guerra e que é um Estado
que não mede esforços para combater a Rússia.

Para maior noção sobre a geografia e poderio bélico letos, sabe-se, por
dados de 2021, que a população bruta é de aproximadamente de 1,9 de
pessoas. Já quanto às forças militares, estas compreendem o Exército,
Marinha e Forças Áreas, cujo serviço militar, antes voluntário, tornou-se
obrigatório sobretudo pelos temores do expansionismo russo na guerra. A
obrigatoriedade do alistamento militar para homens entre 18 e 27 anos foi
retomada sob alegação do Ministro da Defesa de que “não temos motivo para
pensar que a Rússia mudará seu comportamento”. O país alocou
aproximadamente 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para gastos militares,
alinhando-se à meta estabelecida pelos membros da OTAN. A Letônia, neste
cenário, coopera em exercícios militares conjuntos e missões internacionais,
Quanto ao caso, a petição ucraniana encaminhada à Corte Internacional
de Justiça (CIJ), principal órgão judiciário da Organização das Nações Unidas
(ONU), tem como tese central a justificativa oferecida pela Rússia para sua
intervenção armada, de que um genocídio estaria ocorrendo na região de
Donbass não poderia legitimar o uso da força em seu território, nem justificar o
reconhecimento de novos Estados constituídos a partir de ilícitos – as
Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk. Desse modo, a Ucrânia requereu
à Corte uma declaração de que a Convenção para a Prevenção e a Repressão
do Crime de Genocídio (‘Convenção contra o Genocídio’) não poderia ser
utilizada para justificar o uso da força.3

A região de Dombass citada anteriormente, escassamente povoada até


o século XIX, tornou-se importante centro da industrialização russa, pois é lá
onde estão situados os depósitos de carvão e outros recursos minerais. Região
situada no leste da Ucrânia, abarca as províncias de Luhansk e Donetsk. Com
o fim da União Soviética, em 1991, a região foi incorporada à Ucrânia
independente, após ter sido palco de combates intensos no período da
Segunda Guerra Mundial. Afora as tensões bélicas, a região é palco de
conflitos étnicos entre os diferentes grupos populacionais, os quais incluem os
russos. As tensões sobre a região aumentaram substancialmente a partir de
2014, com a anexação da Crimeia pela Rússia, que já dava sinais de sua
política imperialista. Assim, tendo em vista a herança cultural e étnica,
juntaram-se a grupos separatistas das “repúblicas populares” de Donetsk e
Luhansk, que buscam independência e travam conflito com as forças
ucranianas. Soma-se a isso o fato de a região de Dombass ser estratégica
geopoliticamente, permitindo à Rússia exercer maior influência econômica e
política na região.

A Rússia rebateu o pedido utilizando o artigo 51 da Carta das Nações 4,


argumentando que a Corte Internacional de Justiça não teria jurisdição sobre a
controvérsia, porquanto não se trataria, na realidade, de uma disputa
envolvendo a Convenção contra o Genocídio. Segundo Moscou, o caso seria
apenas uma tentativa indireta de exigir da Corte uma decisão sobre questões
referentes à legitimidade do uso da força pela Rússia na Ucrânia, e sobre a
declaração de independência das províncias de Lugansk e Donetsk. Visto que
a competência da Corte para decidir esse caso se assenta unicamente sobre a
Convenção, o Kremlin acredita não existir base jurisdicional em razão da
matéria, de modo que o caso deveria ser dispensado.

Mas a pretensão ucraniana recai no artigo IX da Convenção que pode


gerar uma interpretação controvérsia em matéria de Genocídio. De acordo com
o artigo 41 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça 5 “A Corte terá a
faculdade de indicar, se julgar que as circunstâncias o exigem, quaisquer
medidas provisórias que devam ser tomadas para preservar os direitos de cada
parte. Antes que a sentença seja proferida, as partes e o Conselho de
Segurança deverão ser informados imediatamente das medidas sugeridas”.

A emissão de medidas cautelares nos termos do artigo 41 do Estatuto


da CIJ é condicionada pelo preenchimento de alguns requisitos desenvolvidos
na própria jurisprudência da Corte, o que rebate o argumento da Rússia.
Dentre os requisitos temos a existência de jurisdição prima facie, em que se
verifica preliminarmente que a Corte tem jurisdição para decidir o mérito do
caso em que se centra no artigo IX da Convenção contra o Genocídio. Com
isso, é possível identificar uma série de declarações russas as quais alegavam
a prática de genocídio em território ucraniano. Assim sendo, existindo a
possibilidade do vínculo jurisdicional baseado no artigo IX da Convenção contra
o Genocídio e uma controvérsia, estaria cumprido o requisito da jurisdição
prima facie. Na presente controvérsia, o raciocínio da Corte deve gravitar em
torno unicamente da obrigação do Artigo I da Convenção contra o Genocídio,
segundo a qual os Estados devem prevenir e punir aquele crime de boa-fé o
que torna as alegações ucranianas plausíveis de avaliação de mérito pela
Corte. Ou seja, é punível a invasão russa com o argumento utilizado de
genocídio das populações do leste da Ucrânia, pois estaria sendo utilizado este
argumento como pano de fundo para outros interesses russos que sempre
ameaçaram seus países vizinhos e/ou os constituintes da ex-União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas.
A Convenção supracitada define o genocídio, em linhas gerais, como o
conjunto de atos cometidos com a intenção de destruir total ou parcialmente
um grupo étnico, racional ou religioso. Tais atos podem compreender o
assassinato de membros do grupo, atentados graves à integridade física e
mental dos membros do grupo, submissão deliberada do grupo a condições de
existência que acarretarão a sua destruição física, total ou parcial, medidas
destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo e a transferência
forçada das crianças de um grupo para outro. Além disso, pune quem pratica o
genocídio propriamente dito, mas também os países que celebram acordo com
vista a cometer genocídio, pratica o incitamento direto e público ao genocídio,
pratica e tentativa de genocídio e atua em cumplicidade no genocídio. Isto
posto, de acordo com relatório da Organização das Nações Unidas,
aproximadamente mil civis foram mortos em decorrência dos ataques russos.
Aponta-se que o número pode ser muito maior, tendo em vista a dificuldade na
realização dos registros. De acordo com o mesmo relatório, mais de dois mil e
quinhentos civis foram afetados diretamente pelas ações militares, sendo
grande parte delas crianças e adolescentes mortos pelos bombardeios russos.

Tirando a Ucrânia, o maior ponto de tensão na Europa pode ser


reconhecido pairando sobre os estados bálticos — Estônia, Letônia e Lituânia,
três ex-repúblicas soviéticas que ingressaram na OTAN em 2004. Os três países
estão protegidos pelo artigo 5 da OTAN, o qual estabelece que um ataque a um
membro representaria um ataque a todos os membros.

O referido artigo 5 é uma cláusula fundamental presente no Tratado do


Atlântico Norte, consagrando o princípio da defesa coletiva entre os membros da
aliança. Deste modo, se um país membro da OTAN for alvo de agressão militar,
os outros membros da aliança obrigam-se a prestar assistência mútua e apoio
econômico e bélico. Não se trata de uma vinculação automática, uma vez que a
resposta da aliança é decidida casuisticamente, levando em consideração
circunstâncias específicas e a natureza do ataque. Utilizado pela primeira vez no
contexto dos ataques terroristas de 11 de setembro, o artigo 5 da OTAN tem
desempenhado papel crucial na promoção da segurança dos países membros,
bem como na garantia de maior estabilidade e coesão à resposta de agressões
externas.

Não havia Letônia e nem Estônia antes da Primeira Guerra Mundial. Na


Letônia, 34% de toda a população é composta por letônios que usam o russo
como seu idioma principal. Por mais que a prosperidade nos estados bálticos
seja maior do que a da Ucrânia, a capacidade de financiamento a determinados
grupos poderia ser suficiente para fomentar um processo de separação. Se
pequenas áreas das fronteiras desses países com a Rússia, com cidadãos locais,
decidirem se rebelar contra seus governos e exigir autonomia, a Rússia ganharia
com essa instabilidade. Mesmo sem enviar soldados formais, a Rússia é um dos
poucos países que podem (e usam) mercenários em outros países para criar
qualquer movimentação de seu interesse, temos como exemplo recente na
guerra contra a Ucrânia o grupo paramilitar chamado Wagner. Sabemos que os
exércitos dos países bálticos são frágeis e dependem inteiramente da OTAN.

Além disso, o grupo paramilitar Wagner, composto por mercenários


russos, atua direta ou indiretamente nos conflitos armados, combatendo ou
fornecendo armamentos e munição. O risco é iminente, uma vez que há registros
de suas atuações em países que passam por conjuntura política delicada, tais
como Síria, Líbia, República Centro-Africana, Sudão e a própria Ucrânia. Forma
não oficial de financiamento do governo russo, atuam violando direitos humanos
e colocando em risco os direitos assegurados pela Carta das Nações Unidas.

Não foi uma nem duas vezes que Putin afirmou que o fim da União
Soviética foi a maior tragédia do Século XX. Resgatando o que ele enxerga como
a grandiosidade soviética, sua visão passa, invariavelmente, pela união de
Ucrânia, Moldávia, Geórgia e também dos estados bálticos. Ali, a atabalhoada
estratégia de Putin não funcionaria (por conta da OTAN), mas o uso de proxies,
estímulo a separatistas e ataques cibernéticos podem ser as fagulhas
necessárias para que uma grande tragédia ocorra. A Rússia atua sorrateiramente
por meio destes ataques cibernéticos atribuídos à hacker russos e agências de
inteligência do país. Por exemplo, diversas foram as alegações de ataques contra
empresas e infraestruturas críticas, como o ransomware “NotPetya”, que causou
grandes interrupções no ano de 2017. Tais posturas demandam dos países
vítima maior controle sobre suas redes e meios de comunicação, em resposta à
ameaça a seus sistemas democráticos promovida pelos órgãos russos.

Um segundo requisito é a plausibilidade dos direitos e sua conexão com


as medidas requeridas, em que a Corte deveria adentrar numa afirmação de que
qualquer ato russo seria contrário aos limites do direito internacional e deve
ressaltar a falta de provas que sustentem as alegações da Rússia sobre o
genocídio no leste ucraniano. Portanto, fica claro que a Ucrânia tem o direito
plausível de não ser submetida a operações militares da Federação Russa com
o objetivo de prevenir e punir um suposto genocídio no seu território.

Como dito no debate pela Ucrânia, e a Letônia ratifica, as medidas


cautelares solicitadas à Corte são também embasadas ao ferimento dos artigos
1 e 4 da Convenção em que tanto a Ucrânia quanto a Rússia são partes da
Convenção e as consequências humanitárias trágicas junto com as perdas
materiais levam à incompatibilidade das atitudes russas com as normas da
Convenção. Por isso, é importante que haja um terceiro requisito que é
direcionado ao risco de dano irreparável e urgente, em que a Corte necessita
comprovar a urgência e possibilidade de dano irreparável aos direitos
plausíveis da Ucrânia. Para tal, pode recorrer à Resolução da Assembleia
Geral de 2 de março de 2022; em especial às considerações da Assembleia
sobre as mortes de civis, a crise humanitária, ataques a alvos não militares
como hospitais e grupos vulneráveis. É particularmente digno de nota que a
Corte use como fundamento da urgência outro documento do sistema ONU
lidando com o conflito. Se ocasionalmente há quem diminua o valor de uma
resolução da Assembleia Geral, no caso em tela a resolução provou-se fonte
importante de legitimidade das ações da Corte, bem como ancoradouro no
requisito da urgência e dano irreparável. Além da demanda ucraniana feita à
Corte Internacional de Justiça, dever-se-ia acrescentar o ordenamento à
Rússia para que ela cesse o uso da força (sob qualquer alegação) e a garantir
a não-promoção das operações militares por grupos armados sob seu controle,
bem como ao exigir de ambas as partes a abstenção de ações passíveis de
agravar o conflito, blindando qualquer desculpa do uso de força não baseado
na Convenção de Genocídio, criando a obrigação de cessação
independentemente do vínculo jurisdicional.

Além disso, é importante apontar que a Letônia vem enfrentando


dificuldades para manter sob controle a disseminação da desinformação
promovida pela Rússia. Neste ínterim, mesmo antes da invasão, as
autoridades letas já haviam começado a proibir a mídia estatal russa no país,
de modo que cerca de 20 meios de comunicação russos foram considerados
ameaça à segurança nacional. A população, de modo geral, não condena tal
proibição, uma vez que 82% declara abertamente apoiar a Ucrânia na Guerra.
As criticas não se restringem apenas aos meios tradicionais de comunicação:
as novas tendências, como o TikTok, também têm sido alvo de críticas pelas
autoridades letas, as quais consideram que o aplicativo possa se tornar um
meio para que blogueiros criem cenários fictícios e contribuam para a
desinformação.

Além disso, em 2022, A Letônia solicitou sua integração no processo da


Ucrânia contra a Rússia no Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH),
alegando flagrantes violações em massa dos direitos humanos pela Rússia
durante o conflito. Neste contexto, em procedimento considerado raro, o
Tribunal registrou pedido formal da Ucrânia contra a Rússia para identificar as
alegadas violações. Caso aceito, tornará a Letônia parte interessada no
processo. Em fala, nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que:
“esta é a primeira vez que a Letônia exerce os seus direitos sob o artigo 36,
parágrafo segundo, da Convenção de Direitos Humanos, para intervir como
terceiro num processo judicial internacional em andamento”, complementando
que “casos internacionais entre países são uma medida legal extraordinária,
instituída em circunstâncias muito raras, geralmente em situações em que há
sérias preocupações sobre violações sistemáticas e contínuas de direitos
humanos, incluindo atrocidades em massa e violação de direitos humanos
durante o conflito armado”. Nesta toada, o serviço de segurança letão já tem
aberto investigações criminais sobre os crimes de guerra russos. Cita-se até
mesmo artigos da legislação interna letã, que consideram não haver limite
territorial para os crimes de guerra, garantindo também o direito dos refugiados
ucranianos de testemunhar sobre fatos e eventos que vivenciaram durante a
invasão russa.

A Letônia também tem sofrido retaliações russas. Em que pese os


argumentos técnicos contrários à invasão russa, sanções econômicas têm sido
claramente observadas, Como exemplo, o consórcio estatal russo de
fornecimento de gás, a Gazprom, suspendeu o abastecimento de gás à
Letônia, sob alegada baixa de entrega de gás russo à Europa através do
gasoduto Nord Stream, supostamente pela necessidade de manutenção das
turbinas, prejudicando a economia letã. Outro ponto crítico foram os recentes
bombardeamentos russos na região de Dombass, que ensejaram a
manifestação conjunta de Letônia, Estônia e Lituânia, através da rede social,
na convocação da Alemanha, com o objetivo de que este país intensificasse
sua liderança e enviasse reforço bélico para o campo de batalha. Além disso,
mais recentemente, a Letônia tem agido diplomaticamente e contribuído para o
combate à fome. Parte das duzentas mil toneladas de fertilizantes russos
apreendidos em março de 2022 está sendo liberada para envio ao Quênia,
através do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações
Unidas. Em postural condenável e tendenciosa, o Ministério das Relações
Exteriores da Rússia fez referência aos fertilizantes presos nos portos do Mar
Báltico serem tidos como um dos grandes obstáculos para a continuidade do
acordo de exportação do Mar Negro, negociado pela ONU e pela Turquia em
2022. Este falso pretexto é condenado pela diplomacia leta, uma vez que é
apenas mais uma justificativa dos russos para impor sanções econômicas e
valerem-se de seus próprios interesses, contrários à busca pela paz mundial.

Por fim, ressalta-se o argumento russo no debate utilizando o artigo 51


da Carta das Nações Unidas – “Artigo 51 Nada na presente Carta prejudicará o
direito inerente de legítima defesa individual ou coletiva no caso de ocorrer um
ataque armado contra um Membro das Nações Unidas, até que o Conselho de
Segurança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e
da segurança internacionais. As medidas tomadas pelos Membros no exercício
desse direito de legítima defesa serão comunicadas imediatamente ao
Conselho de Segurança e não deverão, de modo algum, atingir a autoridade e
a responsabilidade que a presente Carta atribui ao Conselho para levar a
efeito, em qualquer tempo, a ação que julgar necessária à manutenção ou ao
4
restabelecimento da paz e da segurança internacionais.” -, mas o Estado
russo não foi atacado, mas sim o contrário, ele atacou. Cabe ressaltar que ele
é um dos 5 membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e, por
isso, detém o poder de veto, o que dificulta muito qualquer resolução que
possa apresentar um caráter punitivo à Rússia, pois não seria aprovada.

Referências

1. Vilnius. Reuters. Reportagem de Augustas Stankevicius


2. https://www.rtp.pt/noticias/pais/portugal-e-letonia-juntos-no-apoio-
total-a-ucrania-e-condenacao-da-russia_n1478980. Acesso em:
junho de 2023
3. LIMA, Lucas Carlos. As medidas cautelares da Corte Internacional de
Justiça no caso entre Ucrânia e Federação Russa. Revista de Direito
Internacional.19(1), 2022 p.1-11.
4. Carta das Nações Unidas e Estatuto da Corte Internacional de
Justiça. Artigo 51, p.30-31.
5. Carta das Nações Unidas e Estatuto da Corte Internacional de
Justiça. Artigo 41, p.25-26.

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